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Conheça um pouco da minha vida,<br />
percorrendo comigo alguns caminhos<br />
que fiz para chegar onde estou.
Desenho feito por <strong>Arthur</strong> na Escola Miraflores<br />
onde é aluno regular desde outubro de 2011.<br />
Um menino sorrindo envolto pelo arco-íris.<br />
Quem é esse menino?
Agora, um pouco da minha vida atual.
Essa é a minha família!<br />
Vivo cercado de muito amor. Moro com meus avós Célia e José e meu tio Paulo.<br />
Nessa noite, meu tio Mário e meu primo Henrique vieram jantar conosco..
Me divirto muito com meus amigos do meu bairro em Niterói.
Esses são os meus amigos da Escola Miraflores. Estou nela há quase 6 anos.
Sou feliz porque tenho muitos amigos!<br />
Estamos sempre nos divertindos juntos.<br />
Vamos à festas juninas, carnaval,<br />
festas no parque e em muitos aniversários.
Minha família sempre está junto comigo nas terapias. Isso me ajuda muito! Esse é o meu tio Paulo.
Veja como foi minha vida nesses últimos seis anos<br />
e tudo que me proporcionou poder chegar até aqui
Minha casa é alegre<br />
e tem sempre a visita de muita gente da família.<br />
Assistindo ao jogo de futebol com meus primos<br />
Danilo e Henrique, meu avô e meu tio Mário.
Com minha avó Célia, recebo a visita<br />
da minha prima Carmen no meu quarto.<br />
Sempre nos amamos.<br />
Fomos salvos juntos.<br />
Também tenho muitos amigos.
Essa é minha amiga Geovana.<br />
Somos da mesma turma na Escola Miraflores<br />
desde outrobro de 2011.
Minha avó Célia me acompanha no dever de casa.
Essa é minha turma na Escola Miraflores.<br />
São meus amigos há alguns anos.<br />
Estou apreendendo a ler e escrever, como todos os meus colegas.
Aprendi algumas letras e a montar meu nome.<br />
Agora já sei escrever meu<br />
nome e outras palavras.
Minha professora diz que eu estou indo muito bem.
Além de aprender, brinco muito com meus amigos na escola.
E está sempre presente na escola.
Aqui estão minha vovó, meu tio Paulo e meus colegas.<br />
Vejam, nessa época eu ainda usava o andador!
As festas são muito especiais.<br />
Tem carnaval, festa Junina e, claro, os aniversários.
Com meus amigos<br />
fazemos passeios pela cidade.<br />
Vamos ao teatro, jardim zoológico<br />
e muitos outros lugares
Nas olimpíadas da escola, ganhei medalha.<br />
Fiquei orgulhoso.
Que tal ficamos de caipiras;<br />
eu e minha avó?
Já sei dançar quadrilha.
E o melhor é festejar com os amigos.
Amo as pessoas que tem me ajudado a superar muitas dificuldades.<br />
São São pessoas maravilhosas.
Sou acompanhado por muitos<br />
profissionais da área da saúde
Minha dentista diz que sou um<br />
de seus melhores clientes pois<br />
nunca tive nenhuma care.
Gosto de jogar bola na praia. Além disso,<br />
caminhar na areia melhora meu equilíbrio.
Faço várias terapias em casa. É mais confortável e me divirto muito.
Este é o Dr. Rocton. Ele supervisiona minha saúde<br />
e informa minha avó francesa.
Toda semana faço terapia montando a cavalo
Tenho usufruído do sol, das praias e parques de Niterói e do Rio de Janeiro.
Os passeios com minha família<br />
tem sido frequentes.
Tenho usufruído do Campo de São Bento.<br />
Lá é comum eu encontrar amigos<br />
da minha escola. Esta é Maria Clara,<br />
colega de turma.
Tornei-me muito popular em Niterói, onde moro há seis<br />
anos. Até os policiais passaram a me conhecer.
Campo de São Bento.<br />
Gosto de correr atrás dos pombinhos.<br />
Aguardo, com meu tio Paulo, uma chance para essa brincadeira.
Minha avó me leva para ajudar a fazer compras.
Também adoro brincar no “play” do meu prédio.
Quem me vê hoje, talvez nem imagine o que essa vida significa,<br />
pois passei por muitas perdas e dores.<br />
Muitos dizem que sou um milagre, os médicos inclusive.<br />
Depois do acidente em que perdi meu pai e minha mãe,<br />
passei três meses no hospital.
Eu fiz sete cirurgias.
Foi muito difícil, mas eu sempre tive o amor e apoio de minha avó Célia,<br />
meu avô, meus tios, primos e muitos amigos.
Passei seis semanas em uma unidade de terapia intensiva.<br />
Minha avó e equipe hospitalar me ajudaram a sentar.
Todo o tempo, eles cuidaram de mim.
No entanto, foi triste perceber o que tinha acontecido. Chorei muito!
Minha avó Celia estava sempre comigo.<br />
Meu avô José Linhares também.
Antes, minha vida era muito feliz.<br />
Vim três vezes ao Brasil em dois anos.
Morar no Brasil era um desejo muito forte do meu pai e da minha mãe.<br />
Em 2011, nós chegamos no Rio para realizar esse sonho.
Minha mãe e meu pai alugaram um apartamento e eu brincava no play e ia para a escola.<br />
Aí, eu estou com meu pai.
Eu festejei meus oito meses no Brasil.
Todo o tempo meus pais e eu nos encontrávamos<br />
com meu avô, minha avó, tios e primos.
Desde que nasci eu convivo com minha avó Célia e meu avô Linhares.
Passei por perdas e sofrimentos.<br />
Estou me recuperando, envolvido por cuidados e amor.<br />
Voltei a ser feliz.<br />
<strong>Arthur</strong>
Por que é do melhor interesse de <strong>Arthur</strong> permanecer no Brasil?<br />
<strong>Arthur</strong> está plenamente integrado no Brasil, mantendo fortes vínculos sócio afetivos com seus colegas de escola, seus<br />
terapeutas e sua família materna. Para qualquer criança, a estabilidade e a proteção de suas relações afetivas são fundamentais.<br />
Em pleno processo de recuperação neurológica e emocional, após a perda de seu pai e de sua mãe, os vínculos de amor e cuidados<br />
são, para <strong>Arthur</strong>, as fundações sobre as quais ele se constitui como ser humano pleno capaz de sonhar, amar e realizar seu<br />
próprio caminho.<br />
<strong>Arthur</strong> reside no Brasil de forma permanente desde antes da tragédia que o atingiu, ceifando a vida de seus pais, de seu<br />
primo preferido, de sua tia madrinha e de sua babá brasileira. Nos dois anos anteriores, ele já havia vindo duas vezes, permanecido<br />
por várias semanas e, inclusive, frequentado a escola. Quando nasceu, seus pais o registraram no consulado brasileiro em<br />
Paris. <strong>Arthur</strong> é brasileiro nato. Assim, os vínculos do <strong>Arthur</strong> com o Brasil, jurídicos e emocionais, são antigos e fortes. Aqui, ele<br />
está “na sua terra” e nela já passou a maior parte de sua vida.<br />
<strong>Arthur</strong> tem oito anos e vive com sua família materna há mais de seis. Ela assumiu, ao longo desse período, TODOS os<br />
custos de sua recuperação. Com ela, <strong>Arthur</strong> enfrentou os limites de sua sobrevivência e superou sete cirurgias, três meses de<br />
hospitalização, a metade deles em coma.<br />
Aqui, no Brasil, está sua prima Carmen. Ambos foram os únicos sobreviventes do acidente e, por essa condição, é a única<br />
pessoa capaz de fazer com que <strong>Arthur</strong> não se sinta completamente só nessa tragédia.<br />
Muitos milagres aconteceram e <strong>Arthur</strong> saiu do Hospital, em 11 de junho de 2011, ainda que sem fala e quase inerte, pois<br />
com poucos movimentos autônomos, e sem capacidade de sequer sentar-se.<br />
Decorridos seis anos, <strong>Arthur</strong> caminha e corre sem auxílio, controla suas necessidades fisiológicas, fala, conversa, narra<br />
acontecimentos e histórias com crescente elaboração cognitiva, dialogando com seus múltiplos interlocutores.<br />
Aprofundou vínculos afetivos intensos com sua família materna, mas também com seus terapeutas, colegas e professores,<br />
além de primos e amigos, com quem convive em diferentes espaços de Niterói e do Rio de Janeiro.<br />
Nesses seis anos de convivência cotidiana e de cuidados incessantes, a família materna zelou, providenciou e organizou<br />
agendas para que o <strong>Arthur</strong> pudesse usufruir de terapias em 8 especialidades de profissionais de saúde. Evitando desgastes<br />
contraproducentes, essa competente equipe atende <strong>Arthur</strong> em sua casa ou na renomada Associação Fluminense de Reabilitação,<br />
a apenas 200 m de distância desta.
Ir para a França de forma definitiva, nesse momento, seria arrancar as bases que dão ao <strong>Arthur</strong> sustentação e confiança<br />
nele mesmo e na vida, tornando possível seu investimento e participação ativa em todas as terapias; seria desfazer o que ele<br />
vem construindo, dia-a-dia, com determinação e coragem.<br />
Lembremos que nestes seis anos que o <strong>Arthur</strong> vive com sua família materna, desenvolvendo tratamentos caríssimos,<br />
não lhe foi creditado pela sua avó paterna nenhuma quantia, nem mesmo aquela correspondente à herança que seus pais lhe<br />
legaram, que, atualmente, seu tio paterno administra. Somente no último mês de julho de <strong>2017</strong>, em cumprimento parcial da<br />
decisão da justiça francesa de 30 de dezembro de 2016 – que determinou a remessa ao Brasil de um orçamento mensal de 2000<br />
euros a ser retirado do patrimônio de <strong>Arthur</strong>, a partir do mês de outubro de 2016, em benefício da própria criança –, a família<br />
paterna encaminhou uma única parcela no valor de 2000 euros.<br />
Ir para a França de modo definitivo, sem que isto represente um reencontro com seus pais, seria levá-lo a um espaço<br />
físico desconhecido e não ao lar em que viveu com seus pais em Paris.<br />
A avó paterna de <strong>Arthur</strong> vive em um vilarejo no interior da França, há mais de 700km de Paris. Lá <strong>Arthur</strong> nunca morou.<br />
A decisão francesa cassada por iniciativa da família Linhares, mas que sempre foi defendida perante o poder judiciário<br />
francês pela família Bataille, determinava a internação de <strong>Arthur</strong> em uma instituição hospitalar.<br />
É oportuno lembrar que apesar da avó paterna ter direito de conviver com o <strong>Arthur</strong> celebrando o Natal com ele nos<br />
anos pares, e o ano novo nos impares, em nenhuma vez ela usufruiu desta possibilidade. Nas poucas vezes que veio ao Brasil,<br />
conviveu poucas horas com <strong>Arthur</strong>.<br />
Foi no Brasil que <strong>Arthur</strong> aprendeu a falar com desenvoltura; é no Brasil que já está aprendendo a ler e a escrever e,<br />
portanto, a elaborar seus pensamentos, expressar seus sentimentos, exercitar o diálogo. Tanto é assim que a própria justiça<br />
francesa decidiu, em 20 de janeiro de 2016, que a tutora da pessoa de <strong>Arthur</strong> é a sua avó materna brasileira e que o seu domicílio<br />
e residência habitual são no Brasil.<br />
Ser enviado para a França de modo definitivo, nesse momento, representaria para <strong>Arthur</strong> o desaparecimento do chão<br />
costumeiro, um recomeço do ponto zero, com nova e abrupta ruptura de fortes vínculos sócio afetivos construídos ao longo<br />
desses mais de seis anos.