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Arthur-2017-TOTAL-3

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Conheça um pouco da minha vida,<br />

percorrendo comigo alguns caminhos<br />

que fiz para chegar onde estou.


Desenho feito por <strong>Arthur</strong> na Escola Miraflores<br />

onde é aluno regular desde outubro de 2011.<br />

Um menino sorrindo envolto pelo arco-íris.<br />

Quem é esse menino?


Agora, um pouco da minha vida atual.


Essa é a minha casa!<br />

Vivo cercado de muito amor. Moro com meus avós Célia e José e meu tio Paulo.<br />

Nessa noite, meu tio Mário e meu primo Henrique vieram jantar conosco..


Me divirto muito com meus amigos do meu bairro em Niterói.


Esses são os meus amigos da Escola Miraflores. Estou nela há quase 6 anos.


Sou feliz porque tenho muitos amigos!<br />

Estamos sempre nos divertindos juntos.<br />

Vamos à festas juninas, carnaval,<br />

festas no parque e em muitos aniversários.


Faço muitas terapias.


Minha família sempre está junto comigo. Isso me ajuda muito! Esse é o meu tio Paulo.


Veja como foi minha vida nesses últimos seis anos<br />

e tudo que me proporcionou poder chegar até aqui


Tenho usufruído do sol, das praias e parques de Niterói e do Rio de Janeiro.


Eu brinco muito no Campo de São Bento.<br />

Aqui, encontro com meus amigos.<br />

Esta é a Maria Clara, minha colega de<br />

Escola.


Eu, meus avós e meus tios<br />

adoramos passear.


Tornei-me muito popular em Niterói, onde moro há seis<br />

anos. Até os policiais passaram a me conhecer.


Gosto de correr atrás dos pombinhos com meu tio Paulo.


Também adoro brincar no “play” do meu prédio.


Minha casa é sempre alegre e movimentada.<br />

A família é grande e unida.<br />

Assistindo ao jogo de futebol com meus primos<br />

Danilo e Henrique, meu avô José e meu tio Mário.


“Gosto de brincar de aviãozinho com meu tio Ni”


Quando meu tio Paulo chega do trabalho eu derrubo ele e a gente rola no chão


Minha avó Célia me leva para ajudar a fazer compras.


Com minha avó Célia, recebo a visita<br />

da minha prima Carmen no meu quarto.<br />

Sempre nos amamos.<br />

Fomos salvos juntos.<br />

Meu amigo Zayon me ensinando<br />

a fazer bolinhas de sabão.


Essa é a minha amiga Geovana.<br />

Somos amigos desde 2011. Ela está com a<br />

fita métrica para saber o quanto eu já cresci.


Amo as pessoas que têm me ajudado a superar as minhas dificuldades.<br />

São São pessoas maravilhosas.


Sou acompanhado por vários<br />

profissionais da área da saúde


Minha dentista diz que sou um<br />

de seus melhores clientes, pois<br />

nunca tive nenhuma care.


Gosto de jogar bola na praia. Além disso,<br />

caminhar na areia melhora meu equilíbrio.


Faço várias terapias em casa. É mais confortável e me divirto muito.


Este é o Dr. Stéphane Rocton. Ele supervisiona<br />

minha saúde e informa minha avó francesa.


Montar a cavalo me ajudou a desenvolver<br />

o equilíbrio e a auto-confiança


Essa é minha turma na Escola Miraflores.<br />

Estamos juntos desde 2011


Aprendi algumas letras e a montar meu nome.<br />

Agora já sei escrever meu<br />

nome e outras palavras.


Minha professora diz que eu estou indo muito bem.


Além de aprender, brinco muito com meus amigos na escola.


Minha avó Célia me acompanha no dever de casa da escola e das aulas de francês.


E está sempre presente na escola.


Aqui estão minha vovó, meu tio Paulo e meus colegas.<br />

Vejam, nessa época eu ainda usava o andador!


As festas são muito especiais.<br />

Tem carnaval, festa Junina e, claro, os aniversários.


Com meus amigos<br />

fazemos passeios pela cidade.<br />

Vamos ao teatro, jardim zoológico<br />

e muitos outros lugares


Que tal ficamos de caipiras;<br />

eu e minha avó?


Já sei dançar quadrilha.


E o melhor é festejar com os amigos.


Nas olimpíadas da escola, ganhei medalha.<br />

Fiquei orgulhoso.


Sou um espetáculo!


Quem me vê hoje, talvez nem imagine o que essa vida significa,<br />

pois passei por muitas perdas e dores.<br />

Muitos dizem que sou um milagre, os médicos inclusive.<br />

Depois do acidente em que perdi meu pai e minha mãe,<br />

passei três meses no hospital.


Eu fiz sete cirurgias.


Foi muito difícil, mas eu sempre tive o amor e apoio de minha avó Célia,<br />

meu avô, meus tios, primos e muitos amigos.


Passei seis semanas em uma unidade de terapia intensiva.<br />

Minha avó e equipe hospitalar me ajudaram a sentar.


Todo o tempo, eles cuidaram de mim.


No entanto, foi triste perceber o que tinha acontecido. Chorei muito!


Minha avó Celia estava sempre comigo.<br />

Meu avô José Linhares também.


Antes, minha vida era muito feliz.<br />

Vim três vezes ao Brasil em dois anos.


Morar no Brasil era um desejo muito forte do meu pai e da minha mãe.<br />

Em 2011, nós chegamos no Rio para realizar esse sonho.


Minha mãe e meu pai alugaram um apartamento e eu brincava no play e ia para a escola.<br />

Aí, eu estou com meu pai.


Eu festejei meus oito meses no Brasil.


Todo o tempo meus pais e eu nos encontrávamos<br />

com meu avô, minha avó, tios e primos.


Desde que nasci eu convivo com minha avó Célia e meu avô Linhares.


Passei por perdas e sofrimentos.<br />

Estou me recuperando, envolvido por cuidados e amor.<br />

Voltei a ser feliz.<br />

<strong>Arthur</strong>


Por que é do melhor interesse de <strong>Arthur</strong> permanecer no Brasil?<br />

<strong>Arthur</strong> está plenamente integrado no Brasil, mantendo fortes vínculos sócio afetivos com seus colegas de escola, seus<br />

terapeutas e sua família materna. Para qualquer criança, a estabilidade e a proteção de suas relações afetivas são fundamentais.<br />

Em pleno processo de recuperação neurológica e emocional, após a perda de seu pai e de sua mãe, os vínculos de amor e cuidados<br />

são, para <strong>Arthur</strong>, as fundações sobre as quais ele se constitui como ser humano pleno capaz de sonhar, amar e realizar seu<br />

próprio caminho.<br />

<strong>Arthur</strong> reside no Brasil de forma permanente desde antes da tragédia que o atingiu, ceifando a vida de seus pais, de seu<br />

primo preferido, de sua tia madrinha e de sua babá brasileira. Nos dois anos anteriores, ele já havia vindo duas vezes, permanecido<br />

por várias semanas e, inclusive, frequentado a escola. Quando nasceu, seus pais o registraram no consulado brasileiro em<br />

Paris. <strong>Arthur</strong> é brasileiro nato. Assim, os vínculos do <strong>Arthur</strong> com o Brasil, jurídicos e emocionais, são antigos e fortes. Aqui, ele<br />

está “na sua terra” e nela já passou a maior parte de sua vida.<br />

<strong>Arthur</strong> tem oito anos e vive com sua família materna há mais de seis. Ela assumiu, ao longo desse período, TODOS os<br />

custos de sua recuperação. Com ela, <strong>Arthur</strong> enfrentou os limites de sua sobrevivência e superou sete cirurgias, três meses de<br />

hospitalização, a metade deles em coma.<br />

Aqui, no Brasil, está sua prima Carmen. Ambos foram os únicos sobreviventes do acidente e, por essa condição, é a única<br />

pessoa capaz de fazer com que <strong>Arthur</strong> não se sinta completamente só nessa tragédia.<br />

Muitos milagres aconteceram e <strong>Arthur</strong> saiu do Hospital, em 11 de junho de 2011, ainda que sem fala e quase inerte, pois<br />

com poucos movimentos autônomos, e sem capacidade de sequer sentar-se.<br />

Decorridos seis anos, <strong>Arthur</strong> caminha e corre sem auxílio, controla suas necessidades fisiológicas, fala, conversa, narra<br />

acontecimentos e histórias com crescente elaboração cognitiva, dialogando com seus múltiplos interlocutores.<br />

Aprofundou vínculos afetivos intensos com sua família materna, mas também com seus terapeutas, colegas e professores,<br />

além de primos e amigos, com quem convive em diferentes espaços de Niterói e do Rio de Janeiro.<br />

Nesses seis anos de convivência cotidiana e de cuidados incessantes, a família materna zelou, providenciou e organizou<br />

agendas para que o <strong>Arthur</strong> pudesse usufruir de terapias em 8 especialidades de profissionais de saúde. Evitando desgastes<br />

contraproducentes, essa competente equipe atende <strong>Arthur</strong> em sua casa ou na renomada Associação Fluminense de Reabilitação,<br />

a apenas 200 m de distância desta.


Ir para a França de forma definitiva, nesse momento, seria arrancar as bases que dão ao <strong>Arthur</strong> sustentação e confiança<br />

nele mesmo e na vida, tornando possível seu investimento e participação ativa em todas as terapias; seria desfazer o que ele<br />

vem construindo, dia-a-dia, com determinação e coragem.<br />

Lembremos que nestes seis anos que o <strong>Arthur</strong> vive com sua família materna, desenvolvendo tratamentos caríssimos,<br />

não lhe foi creditado pela sua avó paterna nenhuma quantia, nem mesmo aquela correspondente à herança que seus pais lhe<br />

legaram, que, atualmente, seu tio paterno administra. Somente no último mês de julho de <strong>2017</strong>, em cumprimento parcial da<br />

decisão da justiça francesa de 30 de dezembro de 2016 – que determinou a remessa ao Brasil de um orçamento mensal de 2000<br />

euros a ser retirado do patrimônio de <strong>Arthur</strong>, a partir do mês de outubro de 2016, em benefício da própria criança –, a família<br />

paterna encaminhou uma única parcela no valor de 2000 euros.<br />

Ir para a França de modo definitivo, sem que isto represente um reencontro com seus pais, seria levá-lo a um espaço<br />

físico desconhecido e não ao lar em que viveu com seus pais em Paris.<br />

A avó paterna de <strong>Arthur</strong> vive em um vilarejo no interior da França, há mais de 700km de Paris. Lá <strong>Arthur</strong> nunca morou.<br />

A decisão francesa cassada por iniciativa da família Linhares, mas que sempre foi defendida perante o poder judiciário<br />

francês pela família Bataille, determinava a internação de <strong>Arthur</strong> em uma instituição hospitalar.<br />

É oportuno lembrar que apesar da avó paterna ter direito de conviver com o <strong>Arthur</strong> celebrando o Natal com ele nos<br />

anos pares, e o ano novo nos impares, em nenhuma vez ela usufruiu desta possibilidade. Nas poucas vezes que veio ao Brasil,<br />

conviveu poucas horas com <strong>Arthur</strong>.<br />

Foi no Brasil que <strong>Arthur</strong> aprendeu a falar com desenvoltura; é no Brasil que já está aprendendo a ler e a escrever e,<br />

portanto, a elaborar seus pensamentos, expressar seus sentimentos, exercitar o diálogo. Tanto é assim que a própria justiça<br />

francesa decidiu, em 20 de janeiro de 2016, que a tutora da pessoa de <strong>Arthur</strong> é a sua avó materna brasileira e que o seu domicílio<br />

e residência habitual são no Brasil.<br />

Ser enviado para a França de modo definitivo, nesse momento, representaria para <strong>Arthur</strong> o desaparecimento do chão<br />

costumeiro, um recomeço do ponto zero, com nova e abrupta ruptura de fortes vínculos sócio afetivos construídos ao longo<br />

desses mais de seis anos.

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