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GAZETA DIARIO 359

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Foz do Iguaçu, quarta-feira, 16 de agosto de 2017<br />

OPERAÇÃO HAMMER-ON<br />

Cidade<br />

03<br />

Ação da PF e Receita combate esquema de<br />

lavagem de dinheiro e evasão de divisas<br />

As investigações tiveram como foco um grupo criminoso que movimentou<br />

R$ 5,7 bilhões ilegalmente utilizando contas bancárias de várias empresas<br />

Da redação com assessorias<br />

Reportagem<br />

Dezenove pessoas<br />

foram presas, na manhã<br />

de ontem (15), durante<br />

uma operação deflagrada<br />

pela Polícia Federal<br />

em conjunto com a<br />

Receita Federal, contra<br />

um esquema de lavagem<br />

de dinheiro e evasão<br />

de divisas que movimentou<br />

ilegalmente<br />

R$ 5,7 bilhões em quatro<br />

anos.<br />

A ação, intitulada<br />

Hammer-on, contou<br />

com a participação de<br />

300 policiais e 45 servidores<br />

da RF. Ao todo<br />

foram cumpridas 153<br />

ordens judiciais expedidas<br />

pela 13ª Vara Federal<br />

de Curitiba, sendo<br />

dois mandados de prisão<br />

preventiva, 17 de<br />

prisão temporária, 53 de<br />

condução coercitiva e<br />

82 de busca e apreensão<br />

em várias cidades do<br />

Paraná, São Paulo, Espírito<br />

Santo, Minas Gerais<br />

e Santa Catarina.<br />

Um dos mandados<br />

de prisão preventiva foi<br />

cumprido em Foz do<br />

Iguaçu contra o proprietário<br />

de uma casa de<br />

câmbio na região central.<br />

Outros dois empresários<br />

foram presos<br />

temporariamente. Em<br />

um dos locais foram<br />

A ação teve como alvo casas de câmbio, postos de combustíveis e<br />

residências de empresários<br />

por meio de CPFs que<br />

eram usados pela organização<br />

para abrir contas<br />

bancárias e movimentar<br />

o dinheiro ilegal.<br />

Alguns documentos<br />

eram, inclusive, de<br />

pessoas que já morreram.<br />

Tudo para enganar<br />

a fiscalização e desviar<br />

a atenção da polícia.<br />

Após ser creditado<br />

nas contas das empresas<br />

envolvidas, o dinheiro<br />

sujo era enviado<br />

para o exterior de duas<br />

maneiras: uma delas<br />

usava o sistema internacional<br />

de compensação<br />

paralelo, sem registro<br />

nos órgãos fiscais,<br />

mais conhecido como<br />

"operações dólar-cabo".<br />

Já a outra acontecia por<br />

meio de ordens de pagamentos<br />

internacionais<br />

emitidas por alguapreendidos<br />

R$ 400<br />

mil, além de vários carros<br />

de luxo. As investigações<br />

começaram em<br />

2015 e tiveram como<br />

foco, além das casas de<br />

câmbio, postos de combustíveis<br />

e residências<br />

de empresários.<br />

A organização criminosa<br />

atuava em cinco<br />

grupos independentes,<br />

que utilizavam contas<br />

bancárias de várias empresas,<br />

muitas delas<br />

fantasmas, para receber<br />

grandes valores de pessoas<br />

físicas e jurídicas<br />

interessadas em adquirir<br />

mercadorias, drogas<br />

e cigarros do exterior,<br />

especialmente do Paraguai.<br />

O Núcleo de Pesquisa<br />

e Investigação da PF<br />

conseguiu desvendar a<br />

atuação desses grupos<br />

mas instituições financeiras<br />

que eram realizadas<br />

com base em contratos<br />

de câmbio fraudulentos,<br />

celebrados<br />

com empresas fantasmas<br />

que não possuíam<br />

habilitação para operar<br />

no comércio exterior.<br />

"Como exemplo desse<br />

esquema, podemos<br />

citar postos de gasolina<br />

que compravam combustível<br />

com ajuda das<br />

organizações criminosas<br />

sem nota fiscal e pagavam<br />

através de máquinas<br />

eletrônicas. O<br />

comprovante do pagamento<br />

saía em nome de<br />

empresas fantasmas",<br />

explicou o auditor da<br />

Receita Federal Silvio<br />

José Henkemeier, responsável<br />

pela análise de<br />

1.382 contas usadas pelas<br />

associações.<br />

A origem do dinheiro ilícito<br />

O esquema envolvia, além de empresários, cigarreiros<br />

e traficantes de drogas espalhados pelo Brasil. Essas<br />

pessoas precisavam enviar dinheiro ao Paraguai a fim<br />

de comprar mercadorias e, para isso, entravam em<br />

contato com fornecedores no país vizinho<br />

questionando de que forma a transferência poderia<br />

ser feita.<br />

Os fornecedores, por sua vez, procuravam casas de<br />

câmbio paraguaias com o objetivo de conseguir os<br />

números de contas brasileiras tituladas pelas<br />

empresas fantasmas para que o trâmite pudesse ser<br />

realizado sem chamar a atenção da fiscalização. Dessa<br />

forma, os criminosos faziam a transferência em reais<br />

e, em seguida, enviavam os comprovantes que eram<br />

apresentados aos proprietários das casas de câmbio.<br />

Por fim, após certificar-se de que o dinheiro havia sido<br />

creditado nas contas brasileiras, a casa de câmbio<br />

disponibilizava, no Paraguai, o equivalente em dólares<br />

para os envolvidos. Assim, em curto prazo, as<br />

empresas paraguaias acumulavam grande quantidade<br />

de recursos financeiros e aproveitavam esse dinheiro<br />

para pagar seus fornecedores chineses e<br />

estadunidenses com o auxílio da organização.<br />

Os investigados responderão pelos crimes de<br />

organização criminosa, lavagem de dinheiro, evasão<br />

de divisas, gestão temerária, operação irregular de<br />

instituição financeira e uso de documento falso.<br />

Nome da operação<br />

A operação, batizada de Hammer-on, é um<br />

desdobramento das operações Sustenido e Bemol,<br />

deflagradas pela Polícia Federal e pela Receita Federal<br />

em Foz do Iguaçu em 2014 e 2015. Hammer-on é uma<br />

técnica usada em instrumentos de corda para ligar<br />

duas notas musicais com uma mesma mão.<br />

Na teoria musical, o sustenido e o bemol são notas<br />

intermediárias entre outras duas notas musicais. As<br />

organizações criminosas desarticuladas<br />

intermediavam as negociações entre criminosos<br />

brasileiros e paraguaios, sendo responsáveis por<br />

garantir o pagamento de fornecedores paraguaios de<br />

drogas, cigarros e mercadorias, bem como<br />

simplesmente ocultar dinheiro de origem criminosa.<br />

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