Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
MOMENTOS<br />
MEMORÁVEIS<br />
DO SEBRAE/<strong>SC</strong><br />
LEMBRANÇAS,<br />
MEMÓRIAS E<br />
VIVÊNCIAS<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 1
Conselho Deliberativo<br />
Sergio Alexandre Medeiros - Presidente do Conselho Deliberativo<br />
Alaor Francisco Tissot - Vice-Presidente do Conselho Deliberativo<br />
Entidades<br />
Federação do Comércio do Estado de Santa Catarina - FECOMÉRCIO<br />
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina - FAE<strong>SC</strong><br />
Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina - FACI<strong>SC</strong><br />
Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina - FCDL<br />
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIE<strong>SC</strong><br />
Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina - FAMPE<strong>SC</strong><br />
Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina - BADE<strong>SC</strong><br />
Banco do Brasil S.A.<br />
Banco Regional do Desenvolvimento do Extremo Sul - BRDE<br />
Caixa Econômica Federal<br />
Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras - CERTI<br />
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Sustentável - SDS<br />
Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE<br />
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI/DR-<strong>SC</strong><br />
Universidade Federal de Santa Catarina - UF<strong>SC</strong><br />
Conselho Fiscal<br />
Titulares<br />
Hamilton Peluso<br />
Lourival Pereira Amorim<br />
Fernando Pisani de Linhares<br />
Suplentes<br />
Gilson Angnes<br />
Erimar de Souza<br />
Marcos José da Silva Arzua<br />
Diretoria Executiva<br />
Carlos Guilherme Zigelli - Diretor Superintendente<br />
Anacleto Angelo Ortigara - Diretor Técnico<br />
Sérgio Fernandes Cardoso - Diretor de Administração e Finanças<br />
Organizadores<br />
Marcondes da Silva Cândido - Gerente<br />
Alessandra Pinheiro - Gestor<br />
Ano 2015<br />
2 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
SUMÁRIO<br />
PREFÁCIO<br />
RELATOS VALIOSOS - INSPIRAÇÕES E LIÇÕES DE VIDA<br />
NADA QUE O TRIATLO NÃO RESOLVA - Adriano Oliveira Alves<br />
FAZER COM DEDICAÇÃO - Ailton Schmidt<br />
OS DESAFIOS FORAM MUITOS - Alcides Cláudio Sgrott Filho<br />
DESAFIOS CONTAGIANTES - Altair Lucínio Fiamoncini<br />
DESAFIOS, ENCARGOS E REALIZAÇÕES - Altenir Agostini<br />
ETERNAS RECORDAÇÕES - Amauri Emílio Pires<br />
SUPERAÇÃO - Ana Lídia de Souza<br />
UMA VIDA PLENA - Anacleto Ângelo Ortigara<br />
A CONVICÇÃO DO EXEMPLO - Antínio Alberto Vieceli<br />
O INESQUECÍVEL PASSEIO DE E<strong>SC</strong>UNA - Antônio Fernando R.Aragão<br />
UM SERRANO NA GERMÂNIA - Antônio Hélio Oliveira de Souza<br />
VIVER A EXPERIÊNCIA E TRANSFORMAR - Arildo Metzger Jacobus<br />
25 ANOS DE SEBRAE - Carlos Armando Carreirão<br />
AO GUILHERME - Os colaboradores<br />
O SEBRAE COMO ENTE TRANSFORMADOR - Carlos José Dias<br />
SEBRAE: NOSSA NAVE MÃE - Carlos Roberto Gomes Meneses<br />
COMPROMETIMENTO - Cláudio Augusto Nienkoetter<br />
UM SINGELO APERTO DE MÃO - Cláudio Ferreira<br />
À CLEIDE COM CARINHO - Cleide Maria Nienkoetter<br />
UMA FAIXA NA RODOVIA?! - Donizete Boger<br />
SOMOS UM AGENTE DE MUDANÇA - Edgar Macedo Júnior<br />
LINHA DE FRENTE - Eliane da Rosa Figueira Costa<br />
EXPERIÊNCIAS E CONQUISTAS - Eliete Maria de Carvalho<br />
07<br />
11<br />
13<br />
17<br />
19<br />
23<br />
25<br />
29<br />
33<br />
37<br />
41<br />
43<br />
47<br />
53<br />
55<br />
59<br />
61<br />
65<br />
71<br />
73<br />
77<br />
81<br />
85<br />
93<br />
93<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 3
LEMBRANÇAS E REFLEXÕES - Eugênio de Souza Martinez<br />
ABRACE O SEBRAE - Fátima Leontina Ferreira<br />
JÁ SINTO SAUDADES - Frederico Mauro Rebhaim<br />
COMPROMETIMENTO E APRENDIZADO - Gilson Alberto do Santos<br />
O SEBRAE É UMA E<strong>SC</strong>OLA - Ionita Rosa Lunelli<br />
GOSTO DE ALEGRAR A VIDA - Iracema Pires Ferreira<br />
UM INTELECTUAL, UM CARIJÓ E UM BAIXINHO - Jaime Arcino Dias Júnior<br />
LIÇÕES DA JÂNIA - Jânia Maria Campos Schmidt<br />
A EXTENSÃO DA NOSSA CASA - Jefferson Paulo Gomes Marchiorato<br />
UM TELEGRAMA GUARDADO COM CARINHO - Jefferson Reis Bueno<br />
POSSO DIZER QUE SOU FÃ DO SEBRAE - Joel Soares Fernandes<br />
DIAS MARCANTES ACONTECEM - Juliana Faria Klann Schmitt<br />
ENCONTROS E REENCONTROS - Kátia Regina Raush<br />
COMPETÊNCIA E RESPONSABILIDADE - Luiz Carlos da Silva<br />
PRÓ-ATIVIDADE PARA ACERTAR - Luiz Roberto Pires<br />
EQUILÍBRIO E PERSEVERANÇA - Márcio Paulo Ribeiro<br />
NOSSAS E<strong>SC</strong>OLHAS - Marcondes da Silva Cândido<br />
O SEGREDO: ACOMPANHAMENTO INTENSIVO - Marcos Regueira<br />
CADA UM DE NÓS COMPÕE A SUA HISTÓRIA - Margarete da S.Becarri de Abreu<br />
VI O SEBRAE/<strong>SC</strong> ACONTECER - Margareth Wendhausen<br />
MUITA EMOÇÃO EM UMA DUPLA FORMATURA - Maria de Lourdes Heidenreich<br />
O BALOEIRO E O NOME FANTASMA - Maria Inês Paludo Gregianin<br />
UMA VEZ SEBRAE, ETERNAMENTE SEBRAE - Mônica Guimarães Fontanella<br />
FAÇA ALGO QUE VALHA A PENA - Murilo Emanoel Gelosa<br />
SEBRAE GRAVADO NO PEITO: LITERALMENTE - Osni RogérioVieira Branco<br />
COMPROMISSO COM RESULTADOS DOURADOUROS - Paulo Roberto Moresco<br />
SEBRAE: UMA PÓS-GRADUAÇÃO - Paulo Teixeira do Valle Pereira<br />
VALORIZE E AGRADEÇA - Renato Rosa Xavier<br />
OS DESAFIOS DA LIDERANÇA - Ricardo Monguilhott de Brito<br />
VIVÊNCIAS E EXPERIÊNCIAS - Roberto Tavares de Albuquerque<br />
MUITOS JÁ DEIXARAM SUA MARCA - Robson Schappo<br />
99<br />
105<br />
109<br />
111<br />
117<br />
119<br />
123<br />
125<br />
131<br />
133<br />
137<br />
143<br />
147<br />
151<br />
153<br />
157<br />
161<br />
165<br />
169<br />
177<br />
181<br />
187<br />
189<br />
193<br />
195<br />
199<br />
203<br />
209<br />
211<br />
217<br />
221<br />
4 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
CARINHO PELAS PESSOAS - Sérgio Fernandes Cardoso<br />
COMECEI JÁ SENDO EMPRESTADO… - Sérgio Henrique Pereira<br />
TODO DIA UM NOVO APRENDIZADO - Soraya Tonelli<br />
CORAGEM, INOVAÇÃO E INICIATIVA - Spyros Achylles Diamantaras<br />
FAZER COM EXCELÊNCIA E DEDICAÇÃO - Sueli Vieira Sarmento Bernardi<br />
MINHA HISTÓRIA - Telma Elita Simon<br />
EM TEMPO DE OPEN INNOVATION - Urandi Flores Boppré<br />
GRANDES AMIZADES - Valmira Maria da Silva<br />
O QUE VIVENCIEI NO SEBRAE - Vera Lúcia Concer Prochnow<br />
GRATIDÃO E RECONHECIMENTO - Wanderley Wilmar de Andrade<br />
COLOCAR A MÃO NA MASSA - Wilson Sanches Rodrigues<br />
227<br />
231<br />
237<br />
241<br />
245<br />
249<br />
251<br />
255<br />
257<br />
261<br />
263<br />
HISTÓRIAS PITORE<strong>SC</strong>AS - PARA LER E RECORDAR<br />
O CORO DE GATO - Sérgio Henrique Pereira<br />
O DELEGADO E A BOMBA - Eugênio de Souza Martinez<br />
O PASSEIO DE E<strong>SC</strong>UNA - Antônio Fernando Rolemberg Aragão<br />
A SOMBRINHA DE PRAIA - Maria de Lourdes Heidenreich<br />
45 REAIS POR UMA SUGESTÃO?! - Alessandra Pinheiro<br />
O ESPECIALISTA INTERNACIONAL - Sérgio Henrique Pereira<br />
LINHA DE FRENTE - Eliane da Rosa Figueira Costa<br />
O TOCA-FITAS - Osni Rogério Vieira Branco<br />
A DE<strong>SC</strong>OBERTA DO PAINTBRUSH - Edgar Macedo Júnior<br />
O PALESTRANTE SHOW - Sérgio Henrique Pereira<br />
A BARBA DO CALISTO - Maria de Loudes Heidenreich<br />
GRUDADA NO FERRO DE PASSAR - Fátima Leontina Ferreira<br />
EMPURRANDO O FU<strong>SC</strong>A LADEIRA ACIMA - Gilson Alberto dos Santos<br />
O BALOEIRO E O NOME FANTASMA - Maria Inês Paludo Gregianin<br />
SEM PARABRISAS, SEM LENÇO E SEM DOCUMENTO… - Paulo Teixeira do<br />
Valle Pereira<br />
APRESENTAÇÕES - Spyros Achylles Diamantaras<br />
AH, OS NOMES... Spyros Achylles Diamantaras<br />
265<br />
269<br />
271<br />
272<br />
274<br />
275<br />
278<br />
280<br />
282<br />
283<br />
284<br />
285<br />
286<br />
287<br />
288<br />
289<br />
290<br />
291<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 5
O DESPERTADOR - Maria de Lourdes Heidenreich<br />
NÃO TEM COMO ADIVINHAR - Spyros Achylles Diamantaras<br />
O CARRO DE SOM - Edgar Macedo Júnior<br />
A KOMBI DA ASSOCIAÇÃO - Maria de Lourdes Heidenreich<br />
A PERUCA - Maria de Lourdes Heidenreich<br />
VENDE-SE PACU - Maria de Lourdes Heidenreich<br />
UM TIJOLO PARA O PAI - Maria de Lourdes Heidenreich<br />
O PAPAI NOEL DE PALHOÇA - Wilson Sanches Rodrigues<br />
A MALA DE DINHEIRO - Marcondes da Silva Cândido<br />
O FUTURO - Wilson Sanches Rodrigues<br />
O BOLETIM DE OCORRÊNCIA - Alcides Cláudio Sgrott Filho<br />
QUEM COMEU O BOLO? - Marcondes da Silva Cândido<br />
LISA’S - Joel Soares Fernandes<br />
292<br />
293<br />
294<br />
295<br />
296<br />
296<br />
297<br />
298<br />
299<br />
300<br />
301<br />
302<br />
304<br />
FICA A SAUDADE...<br />
307<br />
6 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
PREFÁCIO<br />
O<br />
desejo de reunir as histórias do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> sempre foi demonstrado por diversos<br />
empregados nas conversas de corredor, nas viagens à trabalho, nos eventos e ou<br />
confraternizações. O serviço prestado pela nossa instituição e a sua missão, além<br />
de naturalmente gerar o convívio diário entre as pessoas na jornada de trabalho, sempre<br />
demandou deslocamentos aos municípios, diversas reuniões, proporcionando uma maior<br />
interação entre as equipes. São muitos os fatos marcantes, os aprendizados, os momentos<br />
engraçados e pitorescos vividos e juntar num livro com o objetivo de registrar e compartilhar<br />
sempre nos pareceu um desafio distante, diante da infinidade de atividades e objetivos<br />
do dia a dia.<br />
Não há dúvidas de que esta interação gerou bons frutos e muitos, inclusive, estabeleceram<br />
fortes laços que ultrapassam as fronteiras da organização. Surgiram grandes<br />
amizades e até mesmo a oficialização de relações familiares, como casamentos e apadrinhamentos<br />
de matrimônios e de filhos. O <strong>Sebrae</strong> cresceu, e acompanhou o crescimento<br />
de cada um, como pessoa e como profissional em diversos ciclos marcantes e históricos.<br />
Foi o primeiro estágio, o primeiro emprego ou o único trabalho de muitos. E, como todo<br />
ciclo possui o seu início e fim, o ano de 2015 é marcado como um dos fechamentos mais<br />
importantes dessa jornada. O desligamento incentivado de vinte e um colegas, projeto capitaneado<br />
pela Diretoria Executiva e muito aguardado por diversos empregados, tornou-<br />
-se a mola propulsora para que este livro finalmente fosse elaborado e publicado. Todos<br />
aqueles que decidiram partir para novos desafios levam um pouco de cada um de nós, mas<br />
inevitavelmente, deixam muitas saudades, além de conhecimentos, experiências e, acima<br />
de tudo, o exemplo do que é ser um profissional íntegro, verdadeiro e ético.<br />
A história desta instituição é aquilo que foi, é, e seguirá sendo construída pelo seu<br />
time, e todos são parte fundamental: os muitos que já passaram e deixaram as suas mar-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 7
cas, os que partem agora, aqueles que aqui permanecem e os que virão futuramente. Este<br />
livro é um registro em forma de relatos dos empregados que atuam em prol dos pequenos<br />
negócios há mais de quinze anos e representa não a história completa, mas apenas este<br />
momento da história. Resume as narrativas que conseguimos captar, respeitando o tempo<br />
e o desejo individual de cada um de contribuir. Num primeiro momento todos foram<br />
convidados a enviar os seus relatos na forma de pequenos textos e, em seguida, apoiamos<br />
na escrita coletando os conteúdos por meio de entrevistas, transcrevendo em texto para<br />
ajustes e validação dos seus autores. A correria de fim de ano, os compromissos inadiáveis<br />
e as metas a atingir foram os maiores desafios a serem superados por eles para fazer a sua<br />
narrativa. Estimamos que cada um precisaria dedicar poucos minutos para elaborar o seu<br />
relato, e para a nossa surpresa muitos se estenderam no tempo, nas entrevistas a conversa<br />
fluiu, as lembranças de tempos passados voltaram, momentos marcantes foram revividos<br />
e as emoções transbordaram a escrita. A saga dos que escreveram seus textos sem o apoio<br />
das entrevistas diziam: “Estou com o Word aberto”, “Nossa como é difícil escrever”, “Ih!<br />
Esqueci”, “Faço a noite em casa”. Durante as leituras e contatos para ajustes e revisão surgiram<br />
outros momentos de gargalhadas, novas memórias brotaram, desabafos, alegria,<br />
gratidão, angústias, choros, risadas e reflexões.<br />
Cada história conta com uma particularidade especial, a personalidade e desejo<br />
de cada um é que faz deste livro uma rica e diversificada descrição dos tão progressivos e<br />
inovadores anos da nossa empresa. Alguns relatos foram cronológicos, outros demonstram<br />
expertise, outros detalham passagens, fatos marcantes e alguns até pitorescos. A<br />
cultura, a experiência e a infinita alegria de pertencimento de ter contribuído a sua maneira<br />
a esta grande e vitoriosa história do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> é a grande lição, aumentando ainda<br />
mais a responsabilidade dos que ficam em cumprir com alegria e excelência a tão nobre<br />
missão de atender os pequenos negócios, seguindo sempre firme, “lutando com alegria” e<br />
acreditando na possibilidade de fazer, por meio das nossas atitudes, um mundo mais justo<br />
e sustentável.<br />
O agradecimento muito especial a todos os que de alguma forma contribuíram<br />
estimulando, relembrando e se regozijando com o movimento deste livro. Aos autores que<br />
compartilharam seus relatos, o agradecimento maior pela doação de parte de si. Aos cole-<br />
8 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
gas que partem neste ano de 2015 todo o nosso louvor e desejo de sucesso em suas novas<br />
e nobres missões. Na síntese de todos os nossos desafios para a realização deste trabalho,<br />
das alegrias e tristezas evidenciadas, a grande lição que tiramos é o sentimento inabalável<br />
da gratidão que estampa as páginas que seguem. A saudade que fica releva um sentimento<br />
de quem viveu intensamente momentos jamais vividos e que jamais serão esquecidos,<br />
como expressou Casemiro de Abreu no poema meus oito anos::<br />
Oh! que saudades que tenho da aurora da minha vida,<br />
Da minha infância querida que os anos não trazem mais!<br />
Que amor, que sonhos, que flores, ...<br />
Organizadores<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 9
10 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
RELATOS<br />
VALIOSOS<br />
INSPIRAÇÕES E<br />
LIÇÕES DE VIDA<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 11
12 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
NADA QUE O<br />
TRIATLO NÃO<br />
RESOLVA<br />
O SEBRAE EXIGE DEDICAÇÃO E É MUITO<br />
IMPORTANTE ESTAR SEMPRE ATUALIZADO.<br />
Adriano Oliveira Alves<br />
Eu entrei no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> quando tinha 17 anos, comecei como oficce boy, ou<br />
contínuo, como chamavam na época. Depois de um ano, perguntaram se<br />
eu gostaria de trabalhar na representação estadual do Instituto Nacional<br />
de Propriedade Industrial – INPI.<br />
Estavam fazendo uma seleção interna e o gerente, Urandi, tinha uma lista de possíveis<br />
candidatos, que incluía o meu nome. Eu nem imaginava o que era o INPI; estava me<br />
formando no ensino médio, mas aceitei o desafio. Foi assim que me tornei funcionário,<br />
com carteira assinada, com apenas 18 anos de idade.<br />
Nesse período inicial, eu fiquei desenvolvendo atividades de registro de marcas e<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 13
patentes e, quando o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> devolveu a representação para a Junta Comercial, eu fui<br />
deslocado para trabalhar dentro da própria junta, e repassar para as pessoas que iriam<br />
assumir, os procedimentos da função. Fiz essa transição, o que durou em torno de seis<br />
meses, ensinando como fazer os registros de marcas e patentes.<br />
Voltando ao <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, continuei trabalhando na área de registro de marcas e<br />
foi, também, o momento em que iniciei meu curso superior em administração de empresas.<br />
Quando surgiu a Gerência de Projetos Regionais e Setoriais, que tinha o Marcondes<br />
como gerente e reuniu, também. as atividades da Gerência de Tecnologia – que se transformou<br />
em um núcleo de tecnologia – passei a trabalhar com o <strong>Sebrae</strong>tec e o Projeto de<br />
Eficiência Energética. Esses eram os que mais me demandavam, mas havia outros ainda<br />
em que eu auxiliava.<br />
A nossa missão, neste sentido, era apoiar a transferência de tecnologia, ou seja,<br />
aproximar o cliente, e a sua necessidade, da empresa com competência para assessorá-lo<br />
em determinado assunto. São temáticas que a equipe interna do <strong>Sebrae</strong> /<strong>SC</strong> não domina,<br />
mas pode acionar as empresas credenciadas de inovação e tecnologia para suprir a demanda.<br />
Para ter ideia, no ano de 2015, foram realizados, por meio desta solução, 2.000<br />
projetos e, em cada projeto, há várias empresas a ser atendidas.<br />
Nunca trabalhei na ponta, ou seja, no atendimento direto ao cliente. Também<br />
não gosto de falar em público e nem de aparecer muito. Eu gosto do trabalho de gestão<br />
de projetos, dessa área administrativa, e me realizo desenvolvendo essa atividade. Exige<br />
atenção e concentração; afinal, somente via <strong>Sebrae</strong>tec, neste ano, foram investidos aproximadamente<br />
R$ 60 milhões. E, no próximo ano, todas as empresas beneficiadas passarão<br />
por relatórios de auditoria, o que, hoje ocorre apenas com uma amostra delas.<br />
Para aliviar o estresse, nas horas vagas, eu faço triatlo: nado, pedalo e corro. Este<br />
ano, não tenho treinado tanto; pois meu filho está participando da escolinha de futebol, aos<br />
sábados, e eu o acompanho. Antes, este era um dos meus horários de treinamento do triatlo.<br />
Mesmo assim, continuo treinando durante a semana, mas são treinos avulsos: ou<br />
é só natação, ou só corrida, e não o circuito completo. Acordo cedo para treinar natação,<br />
antes de vir para o trabalho. As pessoas falam da falta de tempo para fazer exercícios físicos;<br />
por exemplo, ano passado, às 6h30min da manhã eu já estava nadando. Quem quer,<br />
14 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
encontra tempo. E isso vale para tudo na vida. É força de vontade, desejo de fazer, e incluir<br />
na rotina.<br />
No <strong>Sebrae</strong>, minha rotina, de certa forma, é repetitiva. Exige muita leitura e muita<br />
atenção para fazer a correta liberação dos recursos. Inclusive alguns projetos são reprovados,<br />
ou precisam de revisão, mas nada que o triatlo não resolva (risos). O <strong>Sebrae</strong> exige<br />
dedicação e é muito importante estar sempre atualizado e continuar estudando.<br />
Quanto a histórias pitorescas deste período, não me lembro de muita coisa. Eu<br />
mais faço parte da plateia do que estou entre os envolvidos nas peripécias. Mas lembro de<br />
um fato ocorrido em uma viagem.<br />
No <strong>Sebrae</strong>tec, quando os projetos recebiam apoio financeiro, a gente realizava<br />
auditoria, na empresa beneficiada, para verificar a aplicação desses recursos. Eu nunca<br />
havia feito este tipo de trabalho, mas o Urandi disse:<br />
- Você vai gostar de fazer isso. Vai viajar.<br />
Nessa minha primeira viagem, fomos eu e o Sérgio Pereira, para a cidade de Pinhalzinho,<br />
no Oeste do estado. O nosso gerente nos orientou a nunca entramos os dois na<br />
empresa, pois o empresário não se sentiria confortável. O Sérgio, que já tinha experiência,<br />
disse para eu ficar tranquilo, pois era algo muito rápido; em uns 20 a 30 minutos estaria<br />
tudo resolvido. Chegamos à empresa, eu entrei e o Sérgio ficou na rua, esperando. O empresário,<br />
neste dia, atrasou mais de meia hora para me receber e a atividade de auditoria<br />
também foi muito demorada, durou quase uma hora. Era um dia de verão, muito sol e<br />
muito calor mesmo.<br />
Quando eu saí da empresa, estava o coitado do Sérgio, do lado de fora, na rua,<br />
embaixo de uma árvore, tentando se proteger do sol escaldante, chupando um picolé; e, do<br />
lado dele, um cachorro sentado. Era a cena da desolação. Ele me disse:<br />
- Poxa cara, já é o quarto picolé. Arrumei até um amigo pra me fazer companhia,<br />
de tanto que você estava demorando.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 15
16 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
FAZER COM<br />
DEDICAÇÃO<br />
AS PESSOAS QUE TRABALHAM<br />
NO SEBRAE/<strong>SC</strong> SÃO MUITO<br />
ATENCIOSAS E CARINHOSAS.<br />
Ailton Schmidt<br />
Estou quase completando 37 anos de <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Comecei a trabalhar no<br />
<strong>Sebrae</strong> com 19 anos de idade, na área administrativa. Ao longo desse tempo,<br />
recebi convites de outras unidades e gerências para desenvolver novas<br />
atividades, mas eu sempre gostei de trabalhar nesse setor.<br />
Para mim, é uma satisfação organizar os materiais dos cursos do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Acho<br />
interessantes os materiais que têm dinâmicas, outros trazem tarjetas coloridas, letras diferentes.<br />
Um exemplo é o do curso Lidere sua Equipe de Trabalho, que tem muitas dinâmicas<br />
de grupo e vários materiais adicionais. É preciso ter uma grande atenção para<br />
organizar tudo. Para mim, de certa forma, é uma terapia organizar isso, tanto o material<br />
que vai para os escritórios regionais, quanto o material que retorna. É um momento em<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 17
que minha concentração fica voltada para isso e mais nada. Há quem não gostaria dessa<br />
atividade, mas, para mim, não deixa de ser algo prazeroso.<br />
Há, claro, muitas outras atividades que realizo no setor administrativo. Já fui, também,<br />
motorista substituto, busquei autoridades em aeroporto, organizei muitos materiais.<br />
Hoje, sou responsável pelo almoxarifado em tempo integral. São muito materiais, tanto de<br />
cursos, quanto outros materiais em si – como livros, folders, cartilhas – que ficam lá, organizados,<br />
e são solicitados pelas unidades do estado. Sempre fui proativo e disposto a colaborar<br />
em qualquer atividade que me fosse solicitada, ou na qual meu trabalho fosse necessário.<br />
Lembro de um fato, da época em que entrei no <strong>Sebrae</strong>, nos anos 80. O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong><br />
tinha uma frota de fuscas e um consultor, o Célio Furtado, hoje professor da Universidade<br />
em Itajaí, ligou no <strong>Sebrae</strong>, para o administrativo, e disse:<br />
- Ailton, vem me socorrer. Estou aqui na garagem e furou o pneu. Vem me ajudar,<br />
a chave não entra no parafuso.<br />
Fui até lá, mas o problema era apenas uma capa que revestia o parafuso e ele não<br />
havia se dado conta de tirar. Logo percebi isso e trocamos rapidamente o pneu. Esse é o<br />
meu jeito de ser, sempre ajudando no que for preciso.<br />
As pessoas que trabalham no <strong>Sebrae</strong> são muito atenciosas e carinhosas. Foi muito<br />
bom trabalhar no <strong>Sebrae</strong>. Sinto que sempre fui bem quisto por todos. Tenho um filho<br />
de 20 anos, que faz publicidade e propaganda. Ele trabalha em uma agência e também faz<br />
alguns trabalhos, como freelancer, em horários fora do expediente. Certa vez, ele foi convidado<br />
pelo <strong>Sebrae</strong> para fazer um trabalho de arte, mas como a agenda dele de trabalho<br />
estava lotada, não pôde atender a demanda. Ele até me disse:<br />
- Pai, fiquei triste, mas estou com muito trabalho agora e não consigo atender<br />
mais nada.<br />
Ele tem apenas 20 anos, mas é bem dinâmico e criativo. Tenho orgulho dele. Ele<br />
é simpático igual ao pai (risadas). Ele é resultado da educação que eu e minha esposa passamos<br />
para ele.<br />
Acho que as pessoas devem agarrar, com todas as forças, as possibilidades do<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Desenvolvam seu trabalho corretamente. Aproveitem todos os cursos e capacitações<br />
que o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> oferece, pois são todos muitos bons. Realizando o seu trabalho<br />
com dedicação, é possível progredir. Isso o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> oferece e vale muito a pena.<br />
18 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
OS DESAFIOS<br />
FORAM MUITOS<br />
FORAM GRANDES APRENDIZADOS<br />
QUE ATÉ HOJE NÃO ESQUEÇO<br />
Alcides Cláudio Sgrott Filho<br />
Uma das épocas mais marcantes da minha vida, no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, aconteceu<br />
quando fui convidado para assumir a agência de Brusque, como agente<br />
local. Eu morava em Florianópolis, na Barra da Lagoa e, para assumir<br />
esse desafio, deixei minha esposa e meu filho de apenas dois meses de idade.<br />
Comecei a trabalhar em uma cidade baseada na cultura germânica, foi difícil criar<br />
relacionamento com as pessoas, inicialmente. Além disso, eu não conhecia ninguém e, tanto<br />
na hora do almoço quanto ao final do dia, às 18hs, o comércio todo já fechava as portas.<br />
A empresa nos exige um pouco de doação, mas alguns anos se passaram, e tive<br />
a grata satisfação de ter meu trabalho reconhecido. Fui convidado para assumir, como<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 19
coordenador regional, na Foz do Itajaí. Uma satisfação assumir o novo desafio, colocar a<br />
regional entre as três maiores do estado, nas metas e nos projetos, e ter uma equipe competente<br />
e trabalhadora, na busca dos nossos resultados.<br />
Minha história, no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, começou em setembro de 1989. Fiquei sabendo<br />
que havia vagas para trabalhar no CEAG, uma empresa prestadora de serviço do governo<br />
do estado.<br />
Neste período, o governo estava realizando um programa chamado PIDSE, no<br />
qual cada município recebia um estudo completo dos setores primário, secundário e terciário<br />
e suas oportunidades de desenvolvimento.<br />
Eu estava cursando ciências econômicas na Fepeve, hoje Univali. Minhas atividades<br />
de trabalho, na época, eram fazer as correções e tabulações de dados com vários colegas,<br />
num ambiente muito agradável. Ficávamos nas grandes mesas, trabalhando em grupo.<br />
Depois disso, tivemos um período mais difícil, no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, pela falta de recursos.<br />
Colegas foram cedidos para trabalhar em outros órgãos, alguns trabalharam com menores<br />
salários, outros saíram para tocar suas vidas em empresas privadas, Isso perdurou<br />
até que novos projetos surgiram.<br />
Lembro de um destes projetos, o Padem. Foi montada uma equipe para trabalhar<br />
no interior de São Paulo, abrangendo 25 municípios. Na sede do <strong>Sebrae</strong>/SP, eu e o Spyros<br />
ficávamos fazendo a tabulação dos dados e a montagem dos relatórios.<br />
Dessa etapa da minha vida é que vem à memória um período de grandes desafios.<br />
Fui para São Paulo, realizar os trabalhos de repasse de metodologias e tabulações de dados,<br />
ao mesmo tempo em que produzia o meu trabalho de conclusão do curso de graduação,<br />
também construía a minha casa na Barra da Lagoa e, ainda, realizava os preparativos<br />
para o meu casamento. Ufa! No dia 11 de dezembro foi a minha formatura e, no dia 12, o<br />
meu casamento.<br />
Desses tempos, tenho algumas recordações, como, por exemplo, quando novato,<br />
ter que arrumar as cadeiras dos auditórios, minuciosamente. O saudoso mestre Colombelli<br />
levava a gente para eventos de apresentações de projetos, nos municípios, e ensinava, desde<br />
a arrumação das cadeiras, alinhadas nos mínimos detalhes, até o treinamento da apresentação<br />
para o grande público. Foi um grande aprendizado que, até hoje, não esqueço.<br />
20 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
Outro fato que não esqueço é a realização do Proder, na Serra Catarinense. Fomos,<br />
eu e o Spyros, realizar as atividades do projeto nas cidades de Rio Rufino e Urupema.<br />
Viajávamos com um carro (Gol), dividido entre nós dois. Um dia eu ficava com o carro, em<br />
Urupema, e no outro o Spyros utilizava, em Rio Rufino.<br />
Era um dia chuvoso, fazia muito frio, e o Spyros me deixou na Prefeitura de Urupema<br />
e saiu para seu trabalho em Rio Rufino. Na segunda curva da estrada, a pasta que<br />
estava no carona caiu. O Spyros, dirigindo, se esticou todo para pegá-la, mas perdeu a<br />
direção e acertou um posto de luz. O detalhe é que era o poste que tinha o único transformador<br />
do centro da cidade. Resultado: detonou o carro e a cidade ficou sem energia o dia<br />
todo.<br />
Ele chegou, todo assustado, à prefeitura, relatando o fato. Fomos fazer o boletim<br />
de ocorrência e o delegado, após consultar os seus arquivos, nos disse que era a primeira<br />
ocorrência da cidade.<br />
Estar no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> significa amizade, segurança, honestidade, irmandade, liderança,<br />
educação e respeito. Seja sempre proativo no que você faz. Tenha iniciativa em tudo<br />
que você puder, mas também seja humilde em buscar informações, caso não saiba ou não<br />
tenha segurança.<br />
Por fim, agradeça todos os dias a Deus por ter saúde e um trabalho desafiador e<br />
que proporciona bons momentos e muito aprendizado.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 21
22 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
DESAFIOS<br />
CONTAGIANTES<br />
TRABALHAR NO SEBRAE É CONTRIBUIR<br />
PARA O DESENVOLVIMENTO<br />
SOCIOECONÔMICO<br />
Altair Lucínio Fiamoncini<br />
Sempre era dito, à época da contratação e ainda por muito tempo, que o<br />
CEAG/<strong>Sebrae</strong> “era uma cachaça”. Essa colocação tinha o sentido de que as<br />
pessoas que atuavam na empresa eram “apaixonadas” pelos trabalhos que<br />
desenvolviam. De fato, rememorando a história vivida, o que motiva é saber que, como<br />
consultor ou instrutor, por meio de ações organizadas, temos a capacidade de ajudar muitas<br />
pessoas que, por consequência, melhoram suas empresas e beneficiam outras tantas<br />
pessoas.<br />
Entrei no CEAG em 1987. A oportunidade ocorreu a partir de um colega de aula e<br />
de movimento estudantil na UF<strong>SC</strong>, que já trabalhava na empresa. Esse colega era Sandro<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 23
Afonso Morales, morava na ‘república’ – como era chamada a casa de estudantes – e, um<br />
dia, ele me informou que o CEAG estava recrutando consultores. Eu não estava formado,<br />
mas o Sandro insistiu que eu verificasse se poderia participar, porque estava faltando somente<br />
a entrega do trabalho de conclusão de curso. Com o estímulo dele, fui até o CEAG,<br />
participei do processo seletivo e fui classificado. A partir daquela data, participei do curso<br />
com funcionários do CEAG de Santa Catariana e do Paraná, para aprender a ser consultor<br />
e instrutor.<br />
Uma das memórias mais marcantes foi o primeiro curso APN – Administração<br />
de Pequenos Negócios que ministrei. Isso aconteceu após passar um ano acompanhando<br />
e aprendendo com consultores e instrutores mais experientes. Com a aprovação do supervisor<br />
do Pro-Micro (Programa de Capacitação e Crédito para MPEs, à época), Eugênio<br />
de Souza Martinez, eu realizei, então, a minha primeira capacitação para empresários.<br />
Por falar em capacitação, lembro de uma de que participei, na qual foi realizada<br />
uma dinâmica de grupo. Cada participante da capacitação, entre outras demandas, deveria<br />
se identificar com um animal. Quando da minha apresentação, informei que gostaria<br />
de ser um “cavalo”, porém um cavalo selvagem. A partir daí, passei a ser apelidado de<br />
“cavalo selvagem”. A história se espalhou e o colega de trabalho Gesser, numa oportunidade,<br />
me chamou de “cavalo alado”. Mais recentemente, a colega Vera, de ‘cavalo xucro’.<br />
Brincadeira que, até hoje ocorre entre os colegas.<br />
Outra memória gratificante é do trabalho como agente de articulação na região<br />
da AMUREL – Associação dos Municípios de Região da Laguna. Realizei muitos trabalhos<br />
de desenvolvimento setorial e territorial, e o trabalho mais marcante foi a realização do<br />
Proder Comcenso, em Tubarão, que ocorreu entre 2001 e 2006. Ao final da primeira etapa,<br />
o prefeito municipal à época – Carlos Stupp - foi eleito o Prefeito Empreendedor de<br />
Santa Catarina, como resultado desse trabalho.<br />
Sinto-me gratificado por ter contribuído intensamente para o desenvolvimento<br />
socioeconômico da cidade de Tubarão e região. Aos colegas que chegam, digo que aproveitem<br />
a oportunidade de trabalhar no <strong>Sebrae</strong>. Os desafios que surgem são contagiantes,<br />
empolgantes e emocionantes. Mas lembrem de promover o equilíbrio entre a vida pessoal<br />
e os dias de trabalho.<br />
24 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
DESAFIOS<br />
ENCARGOS E<br />
REALIZAÇÕES<br />
QUEM QUER TRABALHAR POR UM PROPÓSITO,<br />
POR UMA CAUSA, ESTÁ NO LUGAR CERTO.<br />
Altenir Agostini<br />
Os anos de 1999 e 2000 foram um divisor de águas no modo de trabalho<br />
do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, que saía de um modelo pulverizado de pontos de atendimento<br />
– os Balcões SEBRAE – para um modelo de atendimento por<br />
meio de parcerias com entidades empresariais. A implantação deste novo modelo trouxe<br />
consigo diversas dificuldades em alguns municípios, que tiveram os seus balcões fechados,<br />
ou estavam na iminência de tê-los e acabaram perdendo-os.<br />
O tratamento dispensado ao <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> – e por consequência ao seu agente de<br />
articulação – não foi muito bom em alguns municípios. O primeiro prefeito que visitei,<br />
logo após assumir, foi do município que havia sido escolhido para receber o Proder Com-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 25
senso. Audiência marcada para as 9 horas; cheguei com 20 minutos de antecedência e<br />
sentei na antessala do prefeito. A secretária pediu que aguardasse, pois o prefeito já estava<br />
chegando. Duas horas e algumas ligações do prefeito depois, eis que ele chega, com cara de<br />
poucos amigos. Convidou-me para entrar e já foi disparando:<br />
- Deixei você me esperando de propósito e só estou te atendendo porque você não<br />
vai embora e eu preciso usar minha sala!” Atônito, parei o movimento de sentar na cadeira<br />
pela metade e ainda ouvi: “Estou com a pessoa contratada para ser a atendente do Balcão<br />
SEBRAE esperando para ser chamada e agora não vai mais ter Balcão. O que eu digo para<br />
a minha sobrinha?<br />
Em outro município, a secretária do prefeito na época era a filha dele. E era ela<br />
que iria ser a responsável pelo Balcão. Cada vez que eu ligava para marcar uma audiência<br />
com o prefeito, ela dizia: “Ah, é do <strong>Sebrae</strong>... vocês estão vindo montar o Balcão <strong>Sebrae</strong><br />
aqui? Não? Então, liga de novo quando for para trazer o Balcão!! Tive que esperar a nova<br />
eleição e torcer para o prefeito perder para poder voltar à cidade dele.<br />
Essas situações me deixaram preocupado e levei-as ao nosso superintendente<br />
(não época, o Dr. Kieling), que respondeu com uma frase que lembro e uso até hoje: “Não<br />
se preocupe. O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> quer trabalhar com quem quer trabalhar!” Essa frase me deixou<br />
mais animado, e logo depois assinamos parceria com a Associação Comercial e Industrial<br />
de Curitibanos, que foi a segunda entidade empresarial credenciada no Estado.<br />
Em outro cidade, o prefeito eleito foi um político folclórico, bonachão e último<br />
exemplar do coronelismo político local. Gabava-se de conhecer 85% da população pelo<br />
nome. “Se não pelo nome, sei de que família é!” costumava dizer. Alguns dias depois da<br />
posse, marquei uma audiência e fui me apresentar como o representante do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> na<br />
região. Não deu muita bola para a conversa, até perguntar se eu tinha parentes na cidade<br />
e descobrir que eu era sobrinho do parceiro de baralho dele, tio Ângelo Righes, que havia<br />
falecido recentemente. A partir daí, meio que como a reverenciar o amigo falecido, passou<br />
a me “adotar’ em algumas ocasiões. Se eu ficasse duas semanas sem ir à Prefeitura, ele<br />
mandava me ligar para ir lá tomar um cafezinho. Numa dessas vezes ele me chamou, pediu<br />
um cafezinho e continuou a fazer o que estava fazendo, sem dirigir uma palavra a mim.<br />
Apanhei um jornal e comecei a ler. Meia hora depois a secretária entra preocupada na sala,<br />
26 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
me chama num canto e pergunta: “Vocês brigaram?” “Faz trinta minutos que estão aí sem<br />
conversar...”. Voltei até o prefeito, agradeci o café e quando fui me despedir ele disse: “Senta<br />
aí! Tenho que ir no Fórum dar um depoimento, mas vou deixar eles esperando mais um<br />
pouco! Depois digo que foi por tua causa” completou, rindo.<br />
Em outra oportunidade, fui com ele a uma reunião, no carro da Prefeitura. No<br />
banco de trás, dois pacotes de cigarro. Meio que para puxar conversa, falei: Prefeito, o<br />
senhor já tem uma certa idade, deveria parar de fumar! Ele me olhou sério e disse: Você<br />
já me viu fumando alguma vez? Humm... não! Respondi ainda tentando lembrar dele fumando...<br />
Mas então por que esses pacotes de cigarro? E ele, sem cerimônia: “mas tu é<br />
burro, heim! Eu não fumo, mas meus eleitores fumam!!!<br />
Vivências e convivências que fazem parte dos nossos dias de trabalho.<br />
Atualmente, temos na Coordenadoria Regional Serra dois projetos pelos quais<br />
tenho especial carinho: o de Turismo de Experiência na Serra e o de Revitalização de Espaços<br />
Comerciais de Lages, ambos com potencial de modificar a realidade dos territórios<br />
onde estão sendo implementados.<br />
Essa missão de modificar a vida das pessoas e a oportunidade de acompanhar<br />
experiências de sucesso e empreendimentos que se consolidaram, com o apoio do <strong>Sebrae</strong><br />
é única. Destaco todo o trabalho realizado desde 2003, durante a implantação da Usina<br />
Hidrelétrica de Campos Novos – ENERCAN. A criação do Fundo de Desenvolvimento,<br />
que aportou mais de um milhão de dólares em duas dezenas de negócios apoiados desde<br />
o início pelo <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, no âmbito do Projeto ENERCAN, ajudou centenas de famílias<br />
lindeiras e mudou a vocação econômica de municípios como Abdon Batista.<br />
Iniciei no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> em fevereiro de 2000, como agente de articulação em Curitibanos,<br />
após ter experiências profissionais em grandes e pequenas empresas. Logo que<br />
entrei no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, o querido e falecido colega Hercílio me disse: o <strong>Sebrae</strong> é uma cachaça,<br />
você não vai querer largar mais! Após 15 anos nesta casa, a família <strong>Sebrae</strong> me presenteou<br />
com diversos amigos ao longo deste tempo. Alguns alçaram novos vôos, outros permanecem<br />
na instituição. Independentemente da lotação e do cargo, sempre encontramos em<br />
nossos colegas uma palavra amiga, um gesto de carinho e um coleguismo genuíno.<br />
Para as novas gerações eu digo que, mais que um emprego, o <strong>Sebrae</strong> é uma mis-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 27
são. Quem quer trabalhar por um propósito, por uma causa, aceitando os desafios e encargos,<br />
está no lugar certo.<br />
28 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
ETERNAS<br />
RECORDAÇÕES<br />
O COMPROMISSO DE<br />
FAZER SEMPRE O MELHOR.<br />
Amauri Emílio Pires<br />
Eu era motorista de ônibus e diretor do sindicato dos motoristas quando resolvi<br />
ir até o <strong>Sebrae</strong>, buscar informações para me aperfeiçoar na função de<br />
diretor do sindicato. Nesse dia, para minha surpresa, fui convidado pelo<br />
então diretor do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, senhor Paulo Ferreira, para participar de uma seleção para<br />
motorista da empresa. Isso aconteceu no ano de 1991. Eu aceitei o convite e participei do<br />
processo seletivo, que aconteceu na semana seguinte. Participaram dez candidatos e eu fui<br />
o primeiro colocado. A vaga era para motorista e para atender o então superintendente,<br />
senhor Vinicius Lummertz.<br />
Meu maior desafio veio no ano 2000, quando minha esposa, Fátima, começou a<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 29
ficar doente. Eu estava sozinho para cuidá-la, tinha a incumbência de exercer minha função<br />
de motorista e, ao mesmo tempo, fazer o papel que até então era dela, como cuidar<br />
da casa e fazer almoço. Todas as semanas eu a levava e trazia da hemodiálise. Não posso<br />
deixar de relatar que também passei a atender e cuidar dela como enfermeiro. Mesmo<br />
assim, sempre tive a preocupação com a qualidade do meu trabalho, tanto para com o<br />
<strong>Sebrae</strong>, quanto com o superintendente. Graças a Deus, desempenhava as duas funções<br />
com muita dedicação e o carinho, até os últimos dias da vida da minha esposa. Valeu meu<br />
esforço. Sinto-me realizado e com a certeza que fiz o melhor. Hoje eu posso afirmar que<br />
cumpri minha missão.<br />
Uma das minhas lembranças mais marcantes, e que me deixou muito feliz, é da<br />
época em que o senhor Carlos Guilherme Zigelli assumiu como superintendente. Tive a<br />
dignidade de ir até sala dele e colocar meu cargo de motorista à disposição. Então, ele me<br />
respondeu: “vou precisar muito de você e foste muito bem recomendado”. Confesso que<br />
foi gratificante para mim.<br />
Durante tantos anos de trabalho, muitos fatos pitorescos aconteceram. Certa<br />
vez, na cidade de Criciúma, que eu não conhecia muito bem, saí de um evento e estava<br />
conduzindo o senhor Moresco. Era noite e precisávamos nos dirigir ao hotel no qual estávamos<br />
hospedados.<br />
- Sabes o caminho do hotel? - Perguntou o Sr. Moresco.<br />
- Não sei.<br />
- Então, segue aquele carro da frente, que é do senhor Peluso, pois vamos para o<br />
mesmo hotel.<br />
Com essa instrução, eu fui seguindo o carro. Mas, algum tempo depois, nos demos<br />
conta de que aquele carro da frente não tinha nada a ver com o nosso itinerário. De<br />
repente, o motorista que conduzia o outro carro entrou em sua garagem. E só faltou entrarmos<br />
juntos, pois tínhamos perdido de vista o carro do senhor Peluso.<br />
Outro fato, quase trágico, aconteceu quando eu conduzia os senhores Carlos Zigelli<br />
e Sérgio Cardoso, na BR 101, na região de Itajaí. Fui fazer a ultrapassagem de um<br />
caminhão. Estando já quase no meio da ultrapassagem, o motorista joga o veículo “para<br />
cima” do nosso carro, nos pressionando, literalmente, para cima da mureta de concreto<br />
30 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
que divide as pistas da rodovia. Sorte que, em um impulso muito rápido, reduzi a velocidade<br />
e voltei para trás do caminhão, impedindo uma tragédia.<br />
A família <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> foi, para mim, um aprendizado muito bom. Convivi, realmente,<br />
com pessoas legais, seres humanos muito especiais e gentis. Digo que a paz, a<br />
honestidade e a solidariedade reinam em cada um dos seus colaboradores.<br />
Os momentos felizes que vivi foram muitos. Ressalto as festas e as confraternizações<br />
de Natal e fim de ano. São festas memoráveis, que ficarão na minha mente como<br />
uma eterna recordação.<br />
A mensagem àqueles que estão chegando para integrar o quadro de funcionários<br />
do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, que sejam bem-vindos e possam desenvolver atividades com o compromisso<br />
de fazer sempre o melhor para que o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> mantenha-se em primeiro lugar na<br />
qualidade dos seus serviços.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 31
32 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
SUPERAÇÃO<br />
AQUI A GENTE FAZ TUDO E MAIS UM POUCO,<br />
SEMPRE COM MUITA DEDICAÇÃO.<br />
Ana Lídia de Souza<br />
Por informação trazida pelo meu irmão, fiquei sabendo que estava acontecendo<br />
o processo seletivo para datilógrafa, no então CEAG. Era 1984 e eu<br />
tinha 19 anos. Cursava administração na UF<strong>SC</strong> á noite, e fazia estágio na<br />
agência Caixa Econômica Federal da Beira Mar. Mas estava á procura de trabalho integral.<br />
O objetivo era trabalhar em uma empresa na qual eu pudesse ficar após formada.<br />
Participei do processo com mais 12 candidatas; fizemos prova prática e, depois,<br />
fui chamada para entrevista com o diretor, Antônio Alves Filho. Alguns semestres depois,<br />
ele foi meu professor de administração financeira.<br />
Fui aprovada, éramos cinco funcionários no setor. Conheci a Elena Loch, a chefe<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 33
do setor era a Terezinha Blatt, que já havia sido secretária executiva, com ela aprendi muito.<br />
Anos mais tarde, também fui secretária, na Gerência e na Diretoria Executiva, e pude colocar<br />
em prática tudo o que ela me ensinou. Ainda hoje nos falamos, esporadicamente, mas é<br />
uma amizade pura e verdadeira; uma das poucas daquela época, mas muito marcante.<br />
Um ano depois, comecei a namorar um colega da empresa, 13 anos mais velho.<br />
Eu nunca gostei de homens da minha idade. Ele já tinha sido casado e, na época, tinha um<br />
filho de 10 anos.<br />
Tive que enfrentar a família, principalmente minha mãe, que era totalmente contra,<br />
pela diferença de idade e por ele ter um filho e ser extremamente “mulherengo”. Nada<br />
disso era motivo para eu deixá-lo; estava apaixonada e queria viver aquele momento.<br />
No ano seguinte, a empresa abriu uma unidade na cidade de São Bento do Sul. Decidimos<br />
ir e “juntamos as trouxas”. Eu estava com 22 anos. No papel, nunca casamos. Transferi<br />
a faculdade e acabei me formando lá. E o filho dele foi conosco, já me chamando de mãe.<br />
Dois anos depois, fomos convidados a voltar para a sede, em Florianópolis. Ele<br />
foi trabalhar na área de consultoria e eu fui demitida. Por quê? Até hoje não sei. A justificativa<br />
que recebi era de que não tinha lugar para mim; mas sei que foi algo pessoal entre o<br />
meu então marido e um diretor da época.<br />
E a vida seguiu. Arrumei trabalho na Escola de Inglês Yazigi. Estava lá, bem feliz,<br />
quando, um dia, o telefone tocou. Era o diretor administrativo do CEAG, recém- empossado,<br />
Paulo Ferreira. Ele me convidou para voltar e trabalhar na Diretoria Executiva, junto<br />
com ele e o então Superintendente, Vinicius Lummertz.<br />
Meu marido, nesta época, era gerente de consultoria e não iria gostar muito deste<br />
meu retorno ao <strong>Sebrae</strong>. Expus esta situação, mas o Paulo Ferreira me disse:<br />
- Deixa isso comigo. Preciso de alguém de confiança e que conheça os processos<br />
da empresa, não podemos perder tempo.<br />
Sete meses depois de ter sido demitida, fui convidada a voltar e, então, permaneci<br />
até decidir aderir ao Plano de Demissão Incentiva, em 2015.<br />
Eu nunca gostei muito de ser secretária. Esse negócio de ficar chamando doutor<br />
prá cá, doutor prá lá, sem o cara ser mesmo doutor; ficar mentindo, dizendo que o chefe<br />
não está, quando ele está, não era para mim. Na primeira oportunidade, solicitei para tra-<br />
34 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
alhar em outra área, afinal, já estava formada. E, para minha alegria, fui atendida. Passei<br />
para o setor de editoração, onde cuidávamos basicamente das publicações.<br />
Surgiu, então, a oportunidade de trabalhar no setor de gestão de pessoas. Apaixonei-me<br />
pela área e iniciei uma grande amizade com o Cláudio Nienkoetter.<br />
No decorrer destes acontecimentos, estava indo para a segunda gravidez. O mais<br />
velho estava com 9 meses e eu, grávida de novo. Chorei que me acabei. Mas como enfrentar<br />
desafios nunca foi problema para mim, que venha o segundo! Quando o segundo filho<br />
tinha poucos meses, decidi fazer pós-graduação em gestão de pessoas.<br />
E assim vi a área crescer, mudar, entrar gerente, sair gerente. E eu e o Cláudio,<br />
firmes, lá. Eu AMAVA aquela área, adorava ajudar meus colegas, fazer as programações de<br />
capacitações, o LNT - Levantamento de Necessidades de Treinamento, organizar e coordenar<br />
as capacitações, negociar com os hotéis. Enfim, tinha a chance de realizar e aplicar<br />
o que tinha aprendido na pós.<br />
Começa, então, meu envolvimento com a Asebrae. Fui, durante anos, diretora social.<br />
Inicia também meu envolvimento com o Saesc - Sindicato dos Administradores, onde<br />
fui, por mais de 15 anos, delegada sindical; representando meus colegas nas reuniões de<br />
negociação dos acordos coletivos, muitas vezes sendo chamada para conversar, in off, por<br />
gerentes e colegas que não entendiam.<br />
Eu nunca fui contra a empresa, nem contra os colegas; queria apenas ajudar nas<br />
negociações, que tudo fosse feito pelo melhor para ambas as partes. Passei por algumas<br />
situações difíceis, inclusive com ameaça de demissão que nunca deu em nada. Ufa!<br />
Em 2008, eu já estava cansada do setor e a querida Soraya Tonelli, retornando de<br />
Brasília, me chamou para trabalhar com ela, na Unidade de Educação e Empreendedorismo.<br />
De brinde, me deu a missão de fazer a gestão do Prêmio <strong>Sebrae</strong> Mulher de Negócios,<br />
da Junior Achievement, do <strong>Sebrae</strong> In Company, além de muitas outras coisas. No <strong>Sebrae</strong>,<br />
a gente faz tudo e mais um pouco, sempre com muita dedicação e felicidade.<br />
Em 2012, sou premiada (risos), passo a gerenciar também, com muito orgulho,<br />
o Prêmio MPE Brasil. Alguns colegas acharam que eu não ia dar conta, o que para minha<br />
alegria foi um grande desafio. Eita prêmiozinho que deu trabalho, mas o resultado simplesmente<br />
foi maravilhoso.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 35
E assim fiquei com eles até meu desligamento, sendo, inclusive, agraciada pelo<br />
trabalho desenvolvido, nas cerimônias de reconhecimento, em Brasília.<br />
Quando meu marido (ex) virou diretor, foi bom mostrar, para alguns colegas,<br />
que a minha competência, dedicação e amizade não mudou. Eu continuava sendo a Ana<br />
Lídia,do RH; a vida particular e profissional eram distintas. O povo confunde demais.<br />
O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> era, ou foi, em alguns anos, uma empresa bem mais feliz, mais humanizada,<br />
mais pura. O clima organizacional era mais leve, mais amigo, as festas mais<br />
gostosas. Ele significa aprendizado. Quase tudo que sei, as oportunidades, as capacitações,<br />
as viagens, a rede de relacionamento, os melhores amigos, até meus filhos, devo ao<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
São muitas histórias vividas; engraçadas, tristes, felizes. Antes dos anos 90, tínhamos<br />
uma turma da pesada na sede; da bagunça, ninguém entrava na empresa sem<br />
que essa turma aprontasse alguma. Nela estavam: Iracema, Ênio Vieira, Cláudio, Cleide,<br />
Elena, Frederico, Colombelli, Norton, Juscelino, Renato Xavier, Ailton, Renato Lebarbenchon<br />
e tantos outros. Boas bagunças fizemos.<br />
Lembrei-me, agora, de outra passagem interessante, de quando iniciei meu voluntariado<br />
nos programas da Junior Achievement. Um dia, sentei com meus filhos no<br />
almoço e disse:<br />
- Hoje, a mãe vai chegar bem mais tarde, porque vou dar aulinha em um colégio<br />
à noite.<br />
Um deles perguntou:<br />
- E você vai ganhar dinheiro com isso?<br />
- Não, vou ganhar conhecimento e experiência.<br />
O outro respondeu: - Ô mãe, como tu és burra!<br />
Aos que permanecem, digo que aproveitem para aprender, mas com cautela; não<br />
se afobem, tenham paciência A nova geração é muito imediatista, quer retorno muito<br />
rápido e nem sempre obtém.<br />
Aproveite e crie sua rede de relacionamento. Isso não tem preço. Faça tudo para<br />
ser feliz na empresa. Se não estiver sendo, vá embora, como eu fui; mas sem falar mal da<br />
empresa, com muito orgulho e, principalmente, AMOR!<br />
36 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
UMA VIDA PLENA<br />
PRIORIZE O EXERCÍCIO<br />
PLENO DA SUA VOCAÇÃO,<br />
DOS SEUS SONHOS<br />
E VALORES.<br />
Anacleto Ângelo Ortigara<br />
Meu encontro com o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> remete ao ano de 1994, quando tive a<br />
oportunidade trabalhar como consultor, instrutor e palestrante. Naquela<br />
época, estava iniciando o movimento de implantação de conceitos<br />
e processos de qualidade total nas empresas. Esses conceitos tiveram origem na<br />
cultura japonesa, que chegava ao Brasil, e o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> iniciou a difusão às empresas que<br />
demandavam por esses protocolos. Eu trabalhei, com mais ênfase, como instrutor e consultor<br />
do Programa de Qualidade Total do <strong>Sebrae</strong>, por um período de dois anos, mas também<br />
atuei nas áreas de marketing, vendas e recursos humanos.<br />
Em 1995, assumi a direção da UNOE<strong>SC</strong> – Campus de São Miguel do Oeste, que<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 37
exigiu grande dedicação e, por isso, afastei-me das atividades de consultoria. Por outro lado,<br />
todo o aprendizado e vivência que tive no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, levei para o ambiente acadêmico. Permaneci<br />
na universidade até o ano de 2003, quando fui chamado para uma conversa com o<br />
então presidente do Conselho Deliberativo, doutor Pacheco, na qual relatei minha admiração<br />
pelo <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> e minha experiência profissional. Ao final, ele confirmou que o meu nome<br />
seria considerado na composição da nova diretoria, que seria eleita pelo Conselho Deliberativo.<br />
E assim ocorreu, alguns dias depois, o Conselho Deliberativo realizou a assembleia na<br />
qual eu fui eleito para o primeiro mandato, no cargo de diretor técnico do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Porém, até a chegada desse dia importante, aconteceram alguns encontros e reencontros<br />
interessantes, e até mesmo pitorescos. Eu tenho uma amizade muito antiga e<br />
verdadeira com o Sérgio Cardoso, que remonta há mais de 30 anos. Certo dia, eu e minha<br />
esposa nos encontramos com o Sérgio e a sua esposa, ao acaso, no Box 32 do Mercado Público.<br />
Era um sábado, ano de 2002, por volta do meio-dia. Foram muitos assuntos e uma<br />
conversa tão agradável, que se estendeu até o final do dia, quando o pessoal da limpeza já<br />
iniciava as suas atividades, aguardando a nossa partida.<br />
Dentre os assuntos, também falamos sobre o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, quando Sérgio comentou<br />
da possibilidade de composição de uma nova diretoria. Posteriormente, ele me apresentou<br />
ao doutor Zigelli e falou do meu histórico profissional.<br />
Pouco tempo depois, estive na Casa da Agronômica, para uma conversa com o<br />
então Governador, Luiz Henrique da Silveira, o qual considerava o meu nome para ocupar<br />
um cargo na direção da UDE<strong>SC</strong>, devido ao meu histórico na gestão da universidade. Nessa<br />
época, eu ocupava o cargo de vice-prefeito na cidade de São Miguel do Oeste, juntamente<br />
com a direção da universidade, e justifiquei-me ao governador, dizendo que o único motivo<br />
para sair da minha cidade seria atuar junto à Diretoria Técnica do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, dada<br />
à natureza das atividades anteriores, afinidade profissional/ bem como, o interesse em<br />
dar continuidade à formação acadêmica com um doutorado, com tema ligado a área dos<br />
pequenos negócios.<br />
Lembro-me ainda que, pouco antes da eleição do Conselho Deliberativo do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>,<br />
eu recebi um telefonema tratando desse assunto e dizendo que eu assumiria a<br />
Direção Administrativa; o que me levou a informar que, nesse caso, declinaria do convite,<br />
38 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
pois, de acordo com as minhas convicções e experiência de vida, aliadas a vocação e a paixão<br />
de atuar com pequenos negócios, o mais indicado seria a Diretoria Técnica. Acredito<br />
que a pessoa que se afasta de suas convicções, não tem uma vida com desfrute pleno, pois<br />
simplesmente cumprir uma tarefa, é subtrair parte valiosa de uma existência.<br />
Iniciei as atividades contando com apoio e confiança do Dr. Zigelli e do doutor<br />
Alaor, que com e respeito e amizade, consolidaram minhas convicções de exercer a gestão<br />
do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> fundamentado em comprometimento e respeito à minha vocação. Sempre<br />
procurei me expressar de forma harmoniosa e não ofensiva. Mesmo nos pontos divergentes,<br />
procuro apontar a discordância da ideia, mas a preservação da boa relação com seu<br />
portador.<br />
Foi um grande reencontro e uma satisfação poder, em um segundo momento,<br />
conviver novamente com o Sérgio Cardoso, que assumiu a função de diretor administrativo,<br />
nessa nova gestão da Diretoria Executiva. Ao longo desse tempo, mantivemos uma<br />
relação de mútuo respeito, tanto entre os membros da diretoria, sob a liderança do doutor<br />
Zigelli, bem como para com os membros do Conselho Deliberativo. Uma relação decente<br />
e equilibrada, pois todos os que estão em seus cargos os merecem e são dignos do meu<br />
respeito.<br />
Chegamos aos dias atuais e muita coisa aconteceu nesse período. Considero, sobretudo,<br />
que o tempo de <strong>Sebrae</strong> se constituiu no grande tempo de expansão da minha<br />
vida. Expandi as fronteiras do meu conhecimento. Eu estendi o meu saber. Entendi melhor<br />
muitos princípios da vida e, com eles, eu produzi o meu dia a dia para fazer o melhor<br />
a quem depende do meu desempenho, como profissional e ser humano.<br />
O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> tem sua missão e eu procuro estar sempre sintonizado com ela. Todavia,<br />
também tenho a minha missão de vida que é: “contribuir para a emancipação humana”.<br />
Eu faço isso onde quer que eu esteja. Em sala da aula, em palestra, em ambiente<br />
profissional e até mesmo informal, essa é minha missão e eu não me afasto dela. Dessa<br />
forma, não cabe, na minha vida, qualquer dispêndio de tempo para conspirar para o mal,<br />
ou ter conduta que contrarie a melhoria da vida das pessoas que estão ao meu redor. Esse<br />
sempre será o meu princípio de vida.<br />
Também tenho claros os meus valores, que se constituem na modelagem do que<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 39
penso e do que, efetivamente, faço. Sincronizar os meus valores com os valores das organizações<br />
onde atuo, se constitui num imperativo ao bem-estar que postulo em tudo o que<br />
faço. Em última instância, eu busco a paz, que é um ponto de chegada de todas as buscas<br />
na vida. Estar em paz é o desejo derradeiro. Ao exercitar minha missão e viver meus valores<br />
encontro paz, e é isso que, acredito, justifica minha existência.<br />
Ao proferir uma palestra, procuro transmitir conhecimento e, na medida em que<br />
consigo, estou em paz. Estar em paz é um sentimento de saciedade. Vem antes da felicidade,<br />
que é uma consequência. É fazer aquilo que está ao seu alcance, sem furtar-se de usar o seu<br />
conjunto de forças para viver bem. Estar em paz pode, inclusive, ser um momento de total<br />
turbulência, em que existe a entrega do seu melhor para vivê-lo intensamente. Resulta em<br />
uma convicção de que: fiz o meu melhor, lutei dentro dos princípios do bom combate.<br />
Estar no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> é o grande momento da minha vida. A simplicidade de entrar<br />
no prédio do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, subir as escadas, viver no ambiente que vivo e estar cercado de<br />
pessoas que me fortalecem e também me desafiam, em diversos níveis, é algo fantástico.<br />
Estar no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> é um marco da minha vida profissional. Um desafio pessoal de construir<br />
uma conduta que mereça o espaço que estou ocupando e que auxilie as pessoas a<br />
também se desenvolverem. O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> foi, também, uma grande chance de encontrar<br />
meus próprios elementos emancipatórios.<br />
Estar no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> é ser exigente consigo mesmo, antes de qualquer outra coisa.<br />
No dia a dia, é fundamental encontrar convergência entre os seus valores, objetivos e<br />
missão e os do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. A missão do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> é pública, é conhecida e é percebida. A<br />
missão de cada um é definida na individualidade do ser. Segurança, salário e carteira assinada<br />
são uma visão muito reducionista para uma vida.<br />
Descobrir quem sou, como cheguei a esse ponto e quais passos devo dar para me<br />
dirigir ao que ainda pretendo ser, no SEBRAE ou em qualquer outro ambiente da vida, é<br />
um fator chave para viver a plenitude. Ir além da simples realização de tarefas. Fazer a conexão<br />
dessas tarefas com as características pessoais, levará ao fortalecimento da carreira.<br />
Executar tarefas conectadas com um propósito de carreira e de forma prazerosa, é o que<br />
permite o exercício pleno da minha vocação, dos meus sonhos e dos meus valores. Fazer<br />
isso no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> é uma conquista.<br />
40 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
A CONVICÇÃO<br />
DO EXEMPLO<br />
NÃO ADIANTA EXIGIR DOS OUTROS<br />
AQUILO QUE NÃO SE FAZ.<br />
Antônio Alberto Vieceli<br />
Eu não descobri o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Foi o <strong>Sebrae</strong> que me descobriu. Eu trabalhei<br />
em outras empresas, por diversos anos, em cargos também de diretoria.<br />
Acredito que o fato que me trouxe ao <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> foi um trabalho que realizei,<br />
em um banco público, e que acabou extrapolando as fronteiras do próprio banco.<br />
Com isso, o presidente do conselho do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, na época, me convidou a fazer parte da<br />
diretoria, na função administrativa.<br />
Sempre tive uma filosofia própria, penso dinheiro público deve ser administrado<br />
com muito mais austeridade do que se fosse dinheiro da casa da gente, dinheiro próprio.<br />
Tem gente que diz que é economia de palito, como em um restaurante. Para mim econo-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 41
mia de palito existe numa mineradora, numa terraplanagem, e existe em um banco.<br />
Na época que trabalhei no banco, havia um funcionário que conversava frequentemente<br />
comigo sobre as atividades. Em cima da minha mesa, havia um porta-clips. Pois<br />
sempre que ele sentava para conversar, pegava um clips e desdobrava todo. Um dia eu<br />
disse a ele:<br />
- Olha, quando você vier novamente traz uns clips de casa, ou arranje um que não<br />
quebre e possa ser reutilizado. Se cada funcionário desperdiçar um clips por dia, e formos<br />
fazer a conta, imagine a quantidade que isso significa em uma empresa, ao final de um ano.<br />
No <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, foram quinze anos de trabalho em que me senti privilegiado. Só<br />
tive alegrias. Com referência ao <strong>Sebrae</strong>, existe um conceito de unanimidade, quando falamos<br />
com clientes, parceiros, ou até mesmo em eventos. Se você estiver com uma caneta<br />
com o marca do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, não há quem não tenha algo de bom a falar sobre essa empresa.<br />
São 15 anos ouvindo esse tipo de opinião. De como essa empresa contribuiu aqui, ali<br />
e acolá. Isso é realmente um privilégio. Esse sentimento é o que mais me marca, até hoje.<br />
Essa unanimidade em torno da marca <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Tenho orgulho de dizer que trabalho no<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Tenho boas lembranças de todos os colegas que trabalharam comigo. Ao longo<br />
desses anos, algo que gostei muito de ver acontecer foi o surgimento de novas regras para<br />
o crescimento na carreira, as novas formas de avaliar os funcionários; o que permitiu que<br />
muitos progredissem de forma mais justa.<br />
Também muito me emocionou a garra dos colegas que passaram por problemas<br />
de saúde e nunca desistiram. Essas foram grandes lições de vida no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Para quem<br />
fica, minha mensagem é: vá à luta, persista, não desista, você chega lá.<br />
42 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
O INESQUECÍVEL<br />
PASSEIO DE E<strong>SC</strong>UNA<br />
TER PRESIDIDO A ASSOCIAÇÃO FOI UMA<br />
EXPERIÊNCIA MUITO GRATIFICANTE.<br />
Antônio Fernando Rolemberg Aragão<br />
Esse ano, completo 22 anos de <strong>Sebrae</strong>. Apesar de não ser carioca, me mudei do Rio<br />
de Janeiro para cá. Minha vinda para Florianópolis teve um fator motivador que<br />
foi a minha esposa e o meu cunhado, ambos médicos, que estavam vindo trabalhar<br />
aqui na cidade.<br />
Em Florianópolis, trabalhei por três anos em uma empresa privada de telefonia. Foi onde<br />
conheci o colega Sabino, que trabalhou comigo nessa empresa, e estava voltando a trabalhar no<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Foi lá que também conheci um consultor da área de tecnologia da informação e que,<br />
mais tarde, viria a trabalhar no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Eram tempos em que começava-se a falar em sistemas de atendimento e outras tecnologias<br />
muito embrionárias para a época. Ambos esses colegas me avisaram que haveria a abertura<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 43
de um edital de contratação no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Eu aproveitei a oportunidade e enviei o meu currículo.<br />
Inicialmente, não recebi contato; até que fui chamado para fazer uma entrevista. Acabou dando<br />
tudo certo e eu fui selecionado para ingressar no quadro, na área de informática; o gerente era o<br />
Alcionei e, na equipe, também estavam o Luciano Pinheiro, o Alexandre Lino e o Sérgio Vicente.<br />
A questão de informática era muito recente. Para ter ideia, havia um pequeno computador,<br />
que era o servidor, e conectado a ele, estavam apenas alguns terminais espalhados pela casa.<br />
A partir dessa data, começamos o trabalho; estava em crescimento o uso da tecnologia, tanto no<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, como em outras empresas. Muito dependia do que era possível investir na época com<br />
aquisição de equipamentos que eram bem mais dispendiosos do que são hoje. Quando migramos<br />
para a sede da Avenida Rio Branco é que se deu um grande salto no uso da tecnologia.<br />
Depois vieram atividades como o suporte para a informatização das unidades distribuídas<br />
no estado. E quando surgiu a internet, que era algo muito inovador, eu passei a viajar pelas<br />
unidades para explicar o que era, como poderia ser usada, como era o acesso, e tudo mais. Hoje, é<br />
algo tão corriqueiro que nem nos damos conta de como foi esse processo poucos anos atrás.<br />
Ao longo dessa minha trajetória, eu também fui convidado a trabalhar numa área chamada<br />
Gerência de Informação. Estava sendo criada pelo grupo um pequeno programa, um software<br />
de gestão para as pequenas empresas. Esse material ficava armazenado em disquetes que continham<br />
programas básicos como planilhas de custos, de formação de preço, entre outros.<br />
Novamente viajei pelo estado, para explicar o uso do material; fazia a instalação e demonstrava<br />
os programas para a equipe de atendimento que depois repassaria aos clientes. Os empresários<br />
faziam uma inscrição prévia para receber tanto a capacitação sobre o tema, quanto para<br />
aprenderem a usar o sistema que era fornecido em disquetes. Mais tarde, voltei a trabalhar no<br />
setor de informática e continuei as atividades de suporte necessárias ao bom funcionamento da<br />
empresa.<br />
Uma fase diferente foi quando assumi a presidência da Associação dos Funcionários, uma<br />
gestão que se estendeu por seis anos. Tenho boas recordações do trabalho que realizamos naquela<br />
época. Fizemos eventos diferenciados para os colegas, inclusive em locais especiais com o Costão<br />
do Santinho. O meu foco era proporcionar algo diferenciado, sair do corriqueiro, para que as pessoas<br />
pudessem experimentar coisas novas, além de integrar e celebrar com os colegas de trabalho.<br />
Foi uma experiência muito gratificante. Dentre muitas ações, não posso deixar de relatar o nosso<br />
grande e inesquecível passeio de escuna.<br />
A ideia era promover uma confraternização entre as pessoas. Contratamos a melhor es-<br />
44 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
cuna, com espaço para 120 pessoas. Um barco todo equipado com alimentação, bebidas, entretenimento,<br />
música; ou seja, o melhor que pudemos encontrar. O itinerário previa a saída pela Baía Sul,<br />
passando pela Ilha de Anhatomirin, e retornando ao ponto de partida. Um passeio entre amigos,<br />
tanto que não estava prevista nenhuma parada, e nossa rota levaria de 3 a 4 horas, entre ida e volta.<br />
Esse passeio foi realizado no mesmo dia da festa de confraternização de final de ano do <strong>Sebrae</strong>/<br />
<strong>SC</strong>. Muitos colegas vinham, do interior do estado, para participar da reunião e da confraternização,<br />
e aproveitamos a oportunidade para integrar as pessoas, por meio do passeio de barco.<br />
A saída era prevista para o sábado de manhã, do píer do Iate Clube de Florianópolis. Na<br />
véspera, simplesmente, desceu o céu: trovões, trovoadas, relâmpagos e muita chuva. Nós já havíamos<br />
pago o passeio adiantado e perderíamos a oportunidade. Eis que o sábado fez um belo dia,<br />
um pouco de nevoeiro e um expectativa de sol ao longo do dia. Partimos às 9 horas da manhã, com<br />
lotação de umas 90 pessoas, todas muito alegres.<br />
Na escuna, rumo a Enseada dos Golfinhos, comidas, bebidas, boa conversa, e chegamos<br />
ao nosso destino. Na enseada, as pessoas podiam descer um pouco, apreciar a paisagem e até mergulhar<br />
se tivessem vontade. A água estava muito agradável para um banho de mar. Eis que, de<br />
repente, não mais que de repente, o vento muda de rumo. O comandante, no estilo velho lobo do<br />
mar, põe os olhos no horizonte e diz:<br />
- Melhor chamar todos a bordo e partirmos logo. Esse vento vai agitar o mar.<br />
Recolhemos todos os passageiros e partimos. E foi então que tudo aconteceu<br />
Começou uma tormenta e nós todos em alto-mar. Os olhos fixos no horizonte. O caminho<br />
que, antes parecia tão curto, agora era de uma distância aterradora. O mar ensandecido.<br />
Chacoalhava mais que carroça em estrada de chão. A escuna ia lá em cima e descia, ao balanço das<br />
ondas. Balanço é apelido. Estava mais para mar em fúria. Depois, soubemos que foi um dos piores<br />
dias para a navegação naquele ano.<br />
O grupo de pessoas se dividiu em três grandes facções: os “apavorados”, os “enjoados” e<br />
os “alienados”. Da mesma forma que se distribuíram, geograficamente, dentro da embarcação; afinal,<br />
os semelhantes se atraem. Os “apavorados” ficaram no andar térreo, de onde era possível ver<br />
o horizonte e acompanhar cada metro navegado. Uniam-se em orações, em olhares esbugalhados,<br />
em expressões de clemência, para que tudo terminasse logo. Os “enjoados” agruparam-se no porão<br />
da embarcação. Não havia lugar pior para se aglomerarem, pois é onde mais fortemente sente-se<br />
o agito do mar. Nem o melhor argumento os faria sair dali. Igual vespas, mesmo sem vespeiro,<br />
permaneciam no mesmo lugar. Faltam palavras para descrever a cena do porão: náuseas, vômito,<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 45
anger de dentes e comoção pública. Dentre os enjoados, também estavam os “em pânico”, que<br />
vestiram o colete salva-vidas e viraram estátua, não conseguiam sair do lugar.<br />
Já o grupo dos “alienados” escolheu, por território, o ático, a cobertura da embarcação.<br />
O andar mais alto e mais perigoso. Já diz a sabedoria popular que, com um copo de bebida (ou<br />
vários), muito covarde fica corajoso; só pode ser. Eram os mais alegres. Penso até hoje nisso. Continuavam,<br />
alguns, a dançar; outros riam do perigo; outros chegavam bem perto da borda da embarcação,<br />
uma pequena mureta, para dali melhor ver o mar revolto; o que, para eles, devia ser algo<br />
realmente muito bacana de apreciar. Permaneciam com os copos na mão, a fim de não desperdiçar<br />
os gêneros alimentícios e “bebitícios”. Alienados, pois, creio, ou não perceberam a gravidade da<br />
situação, ou perceberam, mas não deram a mínima; como já diz outro ditado: não existe mar feio,<br />
foi você que bebeu pouco.<br />
A escuna ia e voltava. Ia e voltava. Passamos por outra embarcação que estava à deriva,<br />
muito menor do que a nossa. Os apavorados ficaram ainda mais apavorados. Os animados do ático<br />
bradavam em cumprimentos ao pessoal da pequena escuna. Pareciam saudar um time de futebol<br />
que entra em campo. Uivos e gritos. Já os enjoados, não viram nada. Estes só perceberam a situação<br />
quando, pelo rádio, nos foi solicitado retornar para fazer o resgate daquelas pessoas. Aí, eles se<br />
aperceberam que mudamos de rumo e que ficariam ainda por mais tempo enjoados.<br />
Então ocorreu o salvamento. Éramos a embarcação mais próxima que poderia auxiliá-los.<br />
Tratava-se de um pequeno grupo de turistas, da cidade de Maravilha, que viam o mar pela primeira<br />
vez. Quando estes começaram a adentrar em nosso barco, seus semblantes eram pálidos, olhos<br />
arregalados, e agarravam-se a nós, literalmente com todas as forças. Tinham as mãos trêmulas e<br />
geladas. Agarravam-se com as unhas e não queriam soltar, tamanho era o medo. Apavorados. Com<br />
todos salvos, seguimos viagem.<br />
E nossa escuna subia e descia, num balanço interminável. Chegamos todos bem à costa,<br />
são e salvos. Alguns nem tão sãos. Entretanto, a festa de confraternização que aconteceria à noite<br />
ficou prejudicada, muitos passaram mal e acabaram não participando.<br />
Ao longo de 22 anos, foram muitos momentos que vivi.<br />
De um tempo para cá, vivemos dias de coisas mais rápidas, mudanças e novos conhecimentos.<br />
Somos uma empresa de múltiplo conhecimento, temos uma grande capilaridade de atuação<br />
e, para quem chega, digo que aproveite tudo o que for possível, busque sempre estar capacitado<br />
e atualizado, e conheça as demais unidades, além do seu próprio posto de trabalho. Procure fazer o<br />
seu melhor na consolidação da marca <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> junto aos clientes.<br />
46 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
UM SERRANO<br />
NA GERMÂNIA<br />
TRABALHAR NO SEBRAE/<strong>SC</strong> É<br />
FAZER GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO<br />
AO MESMO TEMPO.<br />
Antônio Hélio Oliveira de Souza<br />
Eu comecei como estagiário, no CEAG, logo após ter saído da Varig Brasília.<br />
Na época, eu cursava administração de empresas e um professor me<br />
chamou para um estagio no CEAG, no Distrito Federal. O objetivo do meu<br />
estágio era manualizar uma série de processos em empresas ligadas à administração pública<br />
federal.<br />
A primeira foi a Novacap, que realizava ajardinamento de Brasília. Lá, fiz o manual<br />
de patrimônio e de materiais. Fui para a Caesb (tratamento de águas) e desenvolvi<br />
o manual do setor de compras, além do meu trabalho de conclusão de curso. Meu último<br />
trabalho, em Brasília, foi em uma empresa de transporte coletivo, realizando a mesma<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 47
função de manualização de processos.<br />
Meu retorno a Santa Catarina se deu em função do falecimento do meu pai. Retornei<br />
ao estado e fiz contato com o Senhor Peluso, relatando a minha experiência e meu<br />
desejo de, agora, ficar aqui no estado. Ele disse que poderia me auxiliar e que havia uma<br />
vaga no <strong>Sebrae</strong>. Assim que cheguei de viagem, iniciei meu trabalho e fui enviado, juntamente<br />
com o colega Osmar, à cidade de Maravilha, para desenvolver o Promicro. Foi o<br />
projeto mais bonito do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> que eu vi até hoje.<br />
Durante o dia nós realizávamos consultoria, com orientação dirigida em cada empresa<br />
participante. À noite, era a vez dos cursos e palestras em todas as áreas: gestão, estoque,<br />
custos, vendas. Lembro-me que usávamos slides como forma de ilustrar o conteúdo.<br />
Viajamos de ônibus e permaneceríamos por 15 dias, para depois retornar novamente<br />
de ônibus. Acabamos por alugar uma casa para passar esse período, ficamos apenas<br />
a primeira noite no hotel. Dessa forma, sairia mais em conta. Foi meu primeiro trabalho<br />
e, acho, o primeiro Promicro do Estado. Esta foi a cidade onde aprendi a dirigir e onde<br />
também bati um fusca do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> no carro do delegado. Eu estava indo buscar cartolina<br />
e pincel atômico, para ajudar uma loja a fazer cartazes de promoção, e não vi que outro<br />
veículo se aproximava.<br />
Numa outra viagem de trabalho; retornando da cidade de Caçador, eu e o colega<br />
Eugênio, estávamos passando por Lebon Régis. Era inverno, uma noite fria, muito fria, e<br />
o carro parou de andar. O Eugênio perguntou:<br />
- O que foi, tchê?<br />
Eu disse:<br />
- Não sei.<br />
Saí do carro e abri o capô para ver o que era. Era o cabo do acelerador, que tinha<br />
arrebentado. Sorte que tínhamos barbante. Amarramos no carburador e depois no acelerador<br />
e seguimos viagem.<br />
Depois vim para Lages, minha terra natal, bem na época do inverno. Em seguida,<br />
fui designado para Blumenau, para fazer outro trabalho. Então me apaixonei pela cidade<br />
de Blumenau, aprendi a conviver com as pessoas e seus hábitos. O povo alemão é bastante<br />
desconfiado, principalmente com gente que chega de fora, não tem pele branquinha, nem<br />
48 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
olho azul (risos). Acredito que a minha forma de tratar e respeitar as pessoas foi determinante<br />
para conquistar a confiança deles. Fui muito bem aceito.<br />
Recebi agora, em 27 de novembro de 2015, uma homenagem, na Câmara de Vereadores,<br />
e alguns empresários deram seu depoimento. Foi algo muito especial, depois de<br />
tantos anos de dedicação àquela região.<br />
No final dos anos 90, vivemos uma época muito difícil no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, de falta de<br />
recursos financeiros, salários parcelados e até redução do salário em 30%, também com<br />
redução da jornada de trabalho proporcionalmente. Cada um tinha que se virar em busca<br />
de novas fontes de recursos financeiros. Nesse período, a diretoria disse:<br />
- Não queremos demitir, mas temos que nos virar para manter todos empregados.<br />
A partir disso, pensei em soluções. Como eu já tinha um bom relacionamento na<br />
cidade, negociei, durante um longo tempo um convênio, entre CEAG e a Prefeitura, um<br />
projeto para a cidade, que denominei “Extensionismo Urbano”, já aprovado de antemão<br />
pela diretoria do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. O projeto envolvia a Prefeitura e a FURB. Minha função era<br />
ministrar os treinamentos previstos e auxiliar nas consultorias. A FURB cedeu dois alunos<br />
para ajudar, como estágio curricular. Foi quando o Aloisio iniciou, era um dos alunos cedidos<br />
na época e permanece, até hoje, no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>; agora como funcionário.<br />
No Natal de 99, não tínhamos como receber o pagamento, ou o 13º salário. Nós,<br />
lá em Blumenau, estávamos com um astral horrível. Logo em seguida, veio a notícia de<br />
que receberíamos o pagamento. Todos ficaram felizes, mas não tínhamos planejado nenhuma<br />
viagem de fim de ano. Decidi ir com minha família para São Joaquim. Antes da<br />
viagem, parei em uma banca para comprar o jornal, e, ali, o rapaz me disse:<br />
- Você viu o que aconteceu? Faleceu um senhor do Banco do Brasil, em um acidente<br />
na BR 101, em Balneário Camboriú.<br />
Logo pensei:<br />
- Será que era nosso coordenador?<br />
Fiquei sabendo que sim e posterguei minha viagem para poder ir ao velório.<br />
Como eu era o mais antigo, assumi interinamente o lugar dele, e depois fui efetivado na<br />
coordenadoria regional.<br />
Foi nesta época que decidi criar minha família em Blumenau. Meu filho mais ve-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 49
lho tinha uns seis anos de idade. A pequena tinha três e o último ainda não tinha nascido.<br />
Consegui educar meus filhos nessa cidade, o que é muito gratificante.<br />
Uma das pessoas com quem aprendi muito foi o Eugênio. E não apenas questões<br />
técnicas, mas também humanas, como por exemplo, não fazer diferença entre as pessoas<br />
e tratar todos da mesma maneira. Ele sempre deixou claro, também, que estamos ali para<br />
ensinar quem mais precisa; para repassar conhecimento.<br />
Também me trazem boas recordações as experiências que o <strong>Sebrae</strong> oportunizou,<br />
como a realização da primeira Feira do Empreendedor, em Blumenau; as viagens internacionais<br />
e as missões, na América do Sul e, inclusive, na Alemanha, em Hannover.<br />
Nesta viagem para Hannover, aconteceram muitos fatos inusitados. A começar<br />
pela orientação de que, para entrar na Alemanha, não era necessário o visto. Realmente<br />
não era, mas havia uma escala na França e ficamos todos retidos em uma sala até que o<br />
Celso Lino conseguiu, depois de muito esforço, nos liberar para seguirmos viagem. Dos 12<br />
empresários da comitiva, apenas cinco tinham o visto.<br />
Seguimos para Hannover e a programação tinha um dia livre. Eu queria visitar<br />
Berlin e convidei alguns empresários, que não aceitaram por conta a chuva. Fui sozinho<br />
para Berlim. Visitei os locais que queria e estava liberado às 22 horas; então, percebi que<br />
a minha passagem estava marcada para as 2 horas da manhã. Comprei outra passagem,<br />
para adiantar o horário. Já dentro do trem, acomodado, uma fiscal me abordou e eu não<br />
compreendia o que ela falava em alemão. Ela, nervosa, falava muito rápido:<br />
- Ten demark<br />
Eu não entendia nada. Até que outra pessoa me trouxe um folheto em espanhol,<br />
dizendo que eu tinha que pagar dez marcos (moeda alemã) pela viagem. Só então pude<br />
pagar a diferença e seguir viagem. Outro fato inusitado da viagem foi que fiquei hospedado<br />
no mesmo quarto que o Guido Búrigo, só que tivemos que dormir na mesma cama, era<br />
uma cama de casal.<br />
Para fechar com chave de ouro esta viagem, marcamos de estar todos, no mesmo<br />
horário no aeroporto, para fazer o check-in da volta. Dali a pouco, notamos um movimento<br />
da polícia alemã no aeroporto; uma mala havia sido encontrada embaixo no balcão.<br />
Acharam que era uma bomba deixada ali. O medo do terrorismo pairava no ar. Na verdade,<br />
50 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
um membro do nosso grupo havia esquecido a bagagem embaixo do balcão (risos).<br />
O meu objetivo de criar e educar meus filhos em Blumenau foi atingido. Sou muito<br />
grato ao <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> e tenho muito orgulho deles. Um está em São Paulo e é executivo<br />
em uma grande empresa. Minha filha mora em Salvador, é formada em Direito. Meu filho<br />
mais novo está fazendo faculdade ainda, também em São Paulo; cursa administração e foi<br />
eleito, agora, diretor financeiro da Empresa Júnior da FGV. Estão todos bem e felizes.<br />
Digo que a nossa equipe de Blumenau é uma das mais integradas que conheço.<br />
Não tem distinção entre as pessoas, todos ajudam em todas as atividades e são comprometidos<br />
com o resultado final. Precisa fechar malote, precisa fazer cópias; quem estiver<br />
disponível ajuda. Gosto muito de valorizar quem entra como estagiário. Sempre digo que<br />
a pessoa faz a graduação e a pós-graduação juntas, trabalhando no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>; do tanto<br />
que se aprende ao atender o nosso cliente. Fortalecer essa perspectiva promove integração<br />
e o surgimento de um funcionário comprometido, no futuro.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 51
52 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
VIVER A<br />
EXPERIÊNCIA E<br />
TRANSFORMAR<br />
O RETORNO PARA COM A SOCIEDADE<br />
NOS FAZ DIFERENTES.<br />
Arildo Metzger Jacobus<br />
O<br />
grande desafio de trabalhar com a temática do empreendedorismo é ter<br />
que, rapidamente, transformar tudo em experiência. Pois é essa experiência<br />
que nos deixa preparados para repassar ao empreendedor aquilo que<br />
possa transformar. O retorno para com a sociedade nos faz diferentes. É a certeza do papel<br />
preponderante na formação de uma sociedade justa, acolhedora e vencedora que desejamos.<br />
O poder de atração do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> é surpreendente. Quem trabalha, mesmo que<br />
indiretamente, com o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, tem a nítida percepção do quão instigante é essa empresa<br />
e a sua missão. Com base na minha experiência profissional de mais de 35 anos, sendo<br />
15 anos no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> – com passagens por cidades como São Lourenço do Oeste, Cha-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 53
pecó, Xanxerê, Itajaí e, agora, São Miguel do Oeste – além de ter passado pela iniciativa<br />
privada, governo estadual, multinacional e empresa própria, posso afirmar que a missão<br />
do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> o torna a mais satisfatória emoção da efetividade.<br />
No ano 2000, trabalhando como gerente de Desenvolvimento Regional do Governo<br />
Estadual, atuava em uma parceria com o FORUMCAT, entidade que congregava os<br />
Fóruns Regionais de Desenvolvimento. Nesta governança, dentre outras entidades, o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>,<br />
claro, estava presente. Foi a partir desse trabalho que tive contato mais próximo<br />
com pessoas que, hoje, são meus colegas de trabalho, como o Ênio e o Udo. Na época, o<br />
<strong>Sebrae</strong> estava inaugurando uma agência na cidade de São Lourenço do Oeste. Foi o surgimento<br />
de uma oportunidade e o início da minha carreira nesta empresa.<br />
Antes desta data, destaco um fato pitoresco. Ainda atuando no governo estadual,<br />
fui realizar uma palestra, na cidade de São Miguel do Oeste, sob o tema da Ferrovia do<br />
Corredor Bioceânico. Ao concluir a exposição do assunto aos presentes, um participante<br />
pediu a palavra e disse:<br />
- “Isto, aham, não vai acontecer, duvido.”<br />
Eis que, passados 16 anos, estou hoje trabalhando com ele, na cidade de São Miguel<br />
do Oeste, é o Udo.<br />
Este fato destaca o grande compromisso que temos, quando nos dirigimos ao<br />
nosso público e a repercussão daquilo que falamos. Outro fato do qual me recordo é que<br />
consegui levar o colega e gerente, Urandi, da sede em Florianópolis para uma reunião da<br />
Incubadora Tecnológica de São Lourenço do Oeste. O evento contou com um excelente<br />
público presente e ele, empolgado com o que viu, começou assim o seu discurso:<br />
- Quando cheguei a esta cidade percebi o quão pujante, desenvolvida e acolhedora<br />
ela é. Gostaria de agradecer ao meu colega ‘Aurino’ pelo convite.<br />
De Arildo, fui nomeado Aurino. Bom, fui chamado a falar e comecei falando assim:<br />
- Gostaria muito de agradecer a presença do nosso gerente de Inovação e Tecnologia,<br />
o ‘Jurandir’, pela sua presença.<br />
Desse episódio, podemos retirar o que temos na gênese desta empresa, um “ar”<br />
de espontaneidade que flexibiliza o relacionamento e permite um ótimo clima de convivência<br />
entre nós.<br />
54 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
25 ANOS<br />
DE SEBRAE<br />
SEGUINDO EM FRENTE E<br />
APRENDENDO, CADA UM<br />
CONSTRÓI SUA HISTÓRIA.<br />
Carlos Armando Carreirão<br />
A<br />
cordei cedo hoje. São 5h30min; o céu começa a clarear, vagarosamente.<br />
É mais um dia chuvoso, neste extenso outubro de 2015. Os pássaros<br />
iniciam seu despertar, aos poucos, e vão compondo uma orquestra que<br />
aumenta em número de participantes, na composição musical do alvorecer. O tilintar das<br />
gotas de chuva que batem na janela do meu quarto mistura-se ao canto dos pássaros,<br />
lembrando-me que começa mais um dia, que é necessário despertar e cumprir minha nova<br />
rotina diária. É preciso tratar do meu tempo, dar novos significados e sentidos ao aqui e<br />
agora de minha vida. O futuro chegou.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 55
Hoje, tenho todo o tempo disponível para mim e para os meus familiares. Posso<br />
fazer o que quiser, como quiser e estar onde quiser. Esse contexto que compartilho começou<br />
25 anos atrás e tem como pano de fundo uma interrupção de carreira involuntária.<br />
Iniciava-se o ano de 1990. Comecei a década desempregado e diante do caos no<br />
ambiente institucional. Meus últimos anos haviam sido dedicados ao ramo de comunicação<br />
de massa - 6 anos no grupo RBS e depois no Jornal de Santa Catarina, em Blumenau.<br />
Com a troca de acionistas, fui desligado dessas funções. Quando Collor assumiu a Presidência<br />
da República, o País literalmente parou. Eu estava desempregado, sem dinheiro<br />
(Collor confiscou contas bancárias de empresas e pessoas físicas) e sem perspectivas de<br />
trabalho - não havia ofertas de emprego. Meses se passaram, e eu procurando trabalho<br />
em Blumenau e Florianópolis. Consegui uma promessa de trabalho no governo do estado,<br />
um cargo de destaque por conta do relacionamento com um secretário de estado e seus<br />
interesses nos meios de comunicação. Em fevereiro de 1990, com o falecimento do Governador<br />
do Estado, desfez-se aquela promessa de trabalho.<br />
Em junho de 1990, caminhava na rua Felipe Schimdt, quando encontrei um amigo<br />
que trabalhava no CEAG e conhecia meu histórico profissional. Fez questão de me<br />
apresentar a seus diretores, com vistas a uma oportunidade de trabalho. No segundo dia<br />
de julho, fui contratado com a matrícula 435, após passar por diversas entrevistas que me<br />
deixaram no maior apuro. Questionaram-me se eu sabia ministrar aulas – e isso era algo<br />
de que não gostava - tinha sido professor por seis meses no Colégio Cenecista (CNEC) de<br />
Concórdia e achei a experiência horrível. Precisei afirmar que sim, que tinha sido professor<br />
e coisa e tal. Fui entrevistado pelo Secretário de Estado de Indústria e Comércio, que,<br />
ao avaliar minhas experiências como gerente da RBS e diretor do Jornal de Santa Catarina,<br />
disse: “Você está preparado para começar a faturar para a empresa com consultoria,<br />
por isso autorizo a sua contratação imediata.”<br />
Seis meses de desemprego me fizeram redirecionar toda a minha perspectiva de<br />
carreira e minha visão de futuro. Nesse período, tive a oportunidade de refletir sobre a<br />
carreira construída e entendi ser preciso agregar novas habilidades, que me permitissem<br />
abrir novas oportunidades. Entendia que deveria sair da área administrativa e financeira<br />
e me tornar mais empregável. O CEAG seria uma boa oportunidade, ser consultor e ins-<br />
56 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
trutor poderia ser um belo caminho, pensei. Precisava estudar e entender o papel desses<br />
dois novos personagens a desempenhar dali para frente. Por meses e meses me tornei um<br />
“rato de biblioteca” para entender esses novos papéis. O de consultor foi mais fácil; pois<br />
fui gestor de duas empresas e havia convergência de conhecimentos. Como instrutor, levei<br />
até onde pude, até deixar de praticar essa atividade.<br />
Precisei ser muito resiliente para lidar com os novos desafios. Falar em público<br />
nunca foi algo que dominasse e gostasse, mas tive que dar palestras inesperadas e com<br />
públicos grandes, por vezes com um grande orador político ao lado. Não foi fácil para mim,<br />
possivelmente nem para a plateia. Precisei aprender a dar entrevistas ao vivo a veículos de<br />
comunicação - que sufoco, nas primeiras vezes! Tinha que levar conversas, por horas, sem<br />
qualquer interesse em estar ali, mas era parte de minhas atividades. Éramos muito bem<br />
recebidos em todo o estado. Percebia que nossa presença fazia diferença para as comunidades<br />
em que intervínhamos.<br />
Noutros períodos, a empresa exigia que fôssemos bons vendedores de serviços<br />
- eram épocas nas quais tínhamos que agregar rapidamente novas habilidades. Noutros<br />
momentos, precisávamos ser bons articuladores; habilidade que exigia saber negociar<br />
com líderes empresariais e com o setor público. Enfim, foram inúmeras as situações que<br />
me levaram a agregar novas habilidades e a me aperfeiçoar como cidadão e profissional.<br />
Sei que muitos colegas de trabalho aproveitaram bem esse período de aprendizado e levam<br />
consigo, até hoje, as lições e muitas histórias.<br />
A nova carreira estava indo muito bem. As primeiras promoções aconteceram<br />
de forma natural, de acordo com os desafios a que eu me expunha. Tive oportunidade<br />
de percorrer todos os degraus de promoções, até o último grau da carreira de consultor.<br />
Passei por funções bastantes distintas, enquanto os aprendizados eram assimilados e me<br />
transformavam em alguém melhor. Consultor, instrutor, coordenador, gerente, diretor e<br />
representante do <strong>Sebrae</strong> em Portugal.<br />
O <strong>Sebrae</strong> me proporcionou muitas oportunidades de adquirir conhecimento técnico.<br />
Participei de inúmeros eventos, interagi com personalidades nacionais e internacionais,<br />
conheci alguns países que me permitiram ter melhor compreensão do mundo e de<br />
mim mesmo. Os anos se passaram e a maturidade se instalou. Era hora de pensar melhor<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 57
o meu futuro. Em 2005, comecei a planejar o momento de minha saída da empresa. Passei<br />
a estudar assuntos ligados a planejamento pessoal e familiar. Enquanto prosseguia com<br />
minha careira, fui construindo planos para o futuro.<br />
Meus últimos anos no <strong>Sebrae</strong> repetiram os melhores momentos de minha carreira.<br />
Entre 1992 e 1996, fui gerente do Balcão <strong>Sebrae</strong> e depois, diretor. De 2010 a 2015, sem<br />
função de chefia, pude engendrar um projeto que havia tempo estava em segundo plano<br />
em nosso território. Com o apoio efetivo da diretoria, consegui dar vazão ao potencial da<br />
área de acesso a serviços financeiros no <strong>Sebrae</strong>-<strong>SC</strong>. Conseguimos interagir e movimentar<br />
o sistema financeiro nacional aqui em Santa Catarina. Operadoras de microcrédito passaram<br />
a ter projetos estruturantes, em parceria com o <strong>Sebrae</strong>. Mais de 50 cooperativas<br />
de crédito reforçaram suas relações com as MPEs e com o <strong>Sebrae</strong>-<strong>SC</strong>; bancos públicos e<br />
privados percorreram o estado em nossas caravanas. O Banco Central do Brasil e o BNDES<br />
passaram a frequentar eventos em <strong>SC</strong>. Entendo que levei, até meus últimos dias de <strong>Sebrae</strong>,<br />
um toque daquilo a que me propus em 1990: seguir um caminho que abrisse novas<br />
oportunidades.<br />
Agora, é preciso tratar do meu tempo, dar novos significados e sentidos a este<br />
momento de minha vida. O futuro chegou.<br />
A história que começou com uma interrupção involuntária de carreira agora tem<br />
uma interrupção voluntária, fruto de planejamento pessoal e de uma visão de futuro que<br />
os anos de <strong>Sebrae</strong>-<strong>SC</strong> me ajudaram a lapidar.<br />
58 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
AO<br />
GUILHERME<br />
UM ESPECIAL RECONHECIMENTO<br />
Carlos Guilherme Zegelli<br />
Dentre os inúmeros momentos importantes da gestão do superintendente,<br />
Carlos Guilherme Zigelli, a decisão de construir a moderna e atual<br />
sede própria do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, constituiu-se na realização de um sonho há<br />
muito pretendido pelos clientes, empregados e dirigentes da nossa instituição.<br />
A decisão de construir uma nova sede sintetiza e materializa um pouco dos resultados<br />
e conquistas alcançados ao longo da história. Na verdade, o sonho de uma sede própria<br />
remonta à origem do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, que passou pelas denominações de Ibagesc e CEAG/<br />
<strong>SC</strong>, e esteve, anteriormente, localizado em vários endereços.<br />
A primeira sede, em 1972, foi um antigo casarão, localizado na Praça Pereira Oli-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 59
veira, próximo ao Teatro Álvaro de Carvalho, no centro da capital. Outra sede, já por volta<br />
de 1974, foi um casarão rosa localizado na esquina das ruas Nereu Ramos e Marechal Guilherme.<br />
Os dois casarões deram lugar a novos edifícios. Na sequencia, no final da década<br />
de 70, a entidade muda-se para a rua Esteves Junior, depois para a avenida Rio Branco (ao<br />
lado da Junta Comercial), e de lá, para a esquina da rua Trajano com a Conselheiro Mafra<br />
(antigo prédio do IPE<strong>SC</strong>), bem no centro da capital.<br />
Em seguida, transfere-se para a rua Tenente Silveira, ocupando três andares do<br />
Edifício Apolo. Em 1994, depois de muitas andanças, o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> consegue adquirir sua<br />
primeira sede própria, localizada na avenida Rio Branco. Um prédio novo, que precisou de<br />
adaptações para atender às necessidades e que, diante da crescente demanda dos empreendedores<br />
catarinenses, tornou-se, rapidamente, pequeno e insuficiente.<br />
Finalmente, em agosto de 2013, conseguimos inaugurar a nova e atual sede do<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, localizada no Parque Tecnológico Alfa. É o tão sonhado Edifício Antonio Edmundo<br />
Pacheco (in memoriam), assim denominado em homenagem ao ex-presidente do<br />
Conselho Deliberativo. Uma sede ampla, moderna e funcional, que conta com salas de<br />
reuniões e treinamento, além de auditórios modeláveis. Há, também, espaço qualificado<br />
para prestação de serviço e o prédio conta com infraestrutura de comunicação de última<br />
geração. São mais de 6,2 mil metros quadrados de área a serviço da comunidade empreendedora<br />
catarinense.<br />
Esta nova sede representa não só a capacidade de articulação e o processo exemplar<br />
de construção de uma grande obra, mas, também, uma visão de futuro calcada numa<br />
cultura inovadora, que coloca o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> na vanguarda das suas ações e atividades. Isso<br />
é o que permite à instituição realizar, com dignidade, a nobre missão de atender os pequenos<br />
negócios.<br />
Várias iniciativas foram levadas a efeito para a tão sonhada construção, contudo,<br />
como repete com frequência o nosso superintendente: “as palavras convencem, mas os<br />
exemplos é que arrastam” e nos permitem construir um espaço melhor.<br />
Assim, um <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, inicialmente itinerante, finalmente encontra o seu próprio<br />
e merecido lugar.<br />
Os empregados do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong><br />
60 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
O SEBRAE<br />
COMO ENTE<br />
TRANSFORMADOR<br />
UM PROTAGONISTA CAPAZ DE EMPREENDER<br />
MELHORES POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS EMPRESAS.<br />
Carlos José Dias<br />
P<br />
ara acentuar sua contribuição no desenvolvimento dos pequenos negócios,<br />
é fundamental para o <strong>Sebrae</strong> atuar de forma integrada, transversal e<br />
sistêmica buscando alavancar, aprimorar e aperfeiçoar permanentemente<br />
parcerias, soluções e ferramentas capazes de transformar o seguimento mais inovador e<br />
competitivo.<br />
Lembro-me ao chegar ao <strong>Sebrae</strong>, em junho, de 1998. Naquele momento o país<br />
atravessava certa incerteza e instabilidade econômica, em Santa Catarina, para se ter uma<br />
idéia, o funcionalismo público estadual chegava a estar com três meses de salários atrasados.<br />
No início de junho eu fiz uma entrevista com um gerente, o qual me respondeu que eu<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 61
não tinha o perfil para trabalhar no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Alguns dias depois voltei a fazer uma nova<br />
entrevista com o Enio Gentil Vieira, o qual me disse que eu tinha o perfil exatamente da<br />
pessoa que ele necessitava para trabalhar, pois precisa de uma pessoa para contribuir nos<br />
controles dos contratos e serviços, devido ao aumento do volume imposto pela execução<br />
do PRODER 126. Na época ele coordenava a Gerência de Administração e Planejamento.<br />
E foi assim, que iniciei a minha vida profissional no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Esse cenário percebido em 1998, vai ter um reflexo maior no <strong>Sebrae</strong> no final do<br />
ano de 99 início de 2000 onde foi necessário realizar um ajuste orçamentário, implicando<br />
num realinhamento e uma adequação no modelo de atuação do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Na ocasião,<br />
mudou toda a diretoria executiva e assumiram o Senhor Antonio Carlos Kieling, Ubiratan<br />
Rezende e o Viecelli. Essa é a composição da diretoria que realizou a reengenharia e reformulação<br />
no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
No final de 1999 fui convidado a assumir a extinta Gerência de Apoio Administrativo,<br />
onde passei a me envolver com toda a organização e montagem de infraestrutura<br />
da feira do Empreendedor daquele ano. Nesta época o <strong>Sebrae</strong> tinha uma capilaridade de<br />
138 pontos de atendimento espalhados em várias cidades do Estado. Devido aos ajustes<br />
a serem feitos, acabei assumindo a responsabilidade de fechar ou desativar muitos destes<br />
pontos de atendimentos que eram chamados de: agentes <strong>Sebrae</strong>, balcão <strong>Sebrae</strong> e posto<br />
avançado a maioria operavam em parceria com as Prefeituras Municipais ou Entidades<br />
Empresariais.<br />
A desativação destas estruturas foi um período bastante doloroso para todos.<br />
Muitos prefeitos e entidades estavam resistentes em fechar alguns pontos. Era uma situação<br />
conflituosa que precisava ser resolvida. Para que o ajuste orçamentário do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong><br />
pudesse ser realizado, com o fechamento das unidades alguns funcionários foram transferidos<br />
de local de trabalho e outros também demitidos de suas funções. Foi algo que gerou<br />
muito descontentamento e desgaste junto ao corpo funcional, envolveu muitas pessoas,<br />
funcionários antigos que já tinham uma história com o <strong>Sebrae</strong>. E, também, por essas pessoas<br />
atenderem de forma muito costumizada os empresários da região onde elas prestavam<br />
serviço, e possuírem um vinculo com a comunidade, pois tinham envolvimento com<br />
as lideranças empresariais e representantes da comunidade. Eu escutei muitas histórias<br />
62 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
em vários cantos do Estado. Tudo isso foi me marcando muito. Eu tinha apenas dois<br />
anos de <strong>Sebrae</strong> e estava na linha de frente convivendo diretamente com tudo isso, e não<br />
conhecendo com muita clareza o histórico da organização.<br />
Passada essa reformulação, pelo que me lembro bem, em meados de 2001, no<br />
segundo semestre o Carlos Guilherme Zigelli chega ao <strong>Sebrae</strong>. Essa é até uma passagem<br />
interessante, eu era o Gerente Administrativo e o Luiz Sabino era o Gerente de Recursos<br />
Humanos. O Guilherme estava na sala sentado com o Ubiratan, quando fui chamado<br />
e recebi a incumbência de apresentar o Zigelli para a casa, para todos os funcionários.<br />
Eu disse a ele – Mas isso é atribuição do Sabino, não minha. Ao que ele me respondeu<br />
– Quero que você faça isso, pois o pessoal tem uma grande simpatia com você. Foi um<br />
momento que me marcou, essa declaração do diretor.<br />
Quando o Zigelli chegou, ele iniciou um processo de pensar a empresa diferente.<br />
Já estávamos com as finanças reorganizadas, com um bom ponto de equilíbrio, uma<br />
boa saúde financeira. Passou-se a uma filosofia de aumentar o orçamento todos os anos,<br />
prospectar novas fontes de receita, cuidar rigorosamente da gestão financeira, investir<br />
na execução de novos projetos priorizando atender o segmento das micro e pequenas<br />
empresas e melhorando a infraestrutura das nossas agencias de atendimento.<br />
Recordo-me de que em 2002 iniciamos um processo de implantação das agências<br />
de atendimento e de articulação, foram 25 agências de articulação criadas em todo<br />
o Estado. Então o <strong>Sebrae</strong> percebeu uma demanda reprimida, no estado, de pessoas que<br />
buscavam o atendimento e os conhecimentos do <strong>Sebrae</strong> e não tinham um local como referência.<br />
Nessa época, as agências de articulação das 10 principais cidades foram transformadas<br />
em agências de atendimento e articulação. Foi onde vimos a diferença que o<br />
<strong>Sebrae</strong> faz. Anteriormente, o atendimento era prestado via entidades credenciadas. Por<br />
mais que a entidade estivesse comprometida e seus funcionários capacitados, não era a<br />
mesma coisa que um atendimento direto do <strong>Sebrae</strong>. Feito por pessoas com a expertise<br />
do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
As agências de atendimento foram ganhando melhores estruturas, onde era<br />
possível rodar todo o ciclo de atendimento com cursos, palestras, reuniões e atendimento<br />
direto aos empresários. Foi um investimento e um fortalecimento da marca <strong>Sebrae</strong>,<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 63
gerando maior visibilidade, com uma melhor infraestrutura, despertamos o interesse<br />
de novos parceiros que permitiu a consecução de novos projetos, contribuindo para alcançar<br />
nosso objetivo, relativo a evolução orçamentária, e expandindo nossa área de<br />
atuação nos diversos segmentos da economia do nosso Estado.<br />
O que me deixa marcado ao longo desses anos de <strong>Sebrae</strong>, é que ele está a mercê<br />
do ambiente macroeconômico no seu propósito, como organização, da busca do desenvolvimento<br />
sustentável das micro e pequenas empresas. O <strong>Sebrae</strong> empreende um esforço<br />
de atuar como protagonista nas políticas públicas, mas existe uma grande dificuldade,<br />
considerando os interesses envolvidos, como por exemplo, de governo e de agentes<br />
financeiros, o que dificulta que o <strong>Sebrae</strong> seja atuante tanto quanto sua capacidade e<br />
conhecimento o permitiriam ser. É perceptível que a massa de empresários reconhece<br />
o <strong>Sebrae</strong> como seu grande defensor, mesmo eles tendo alguma filiação em entidades de<br />
classe, eles o percebem assim, um grande defensor dos direitos e do atendimentos das<br />
suas necessidades. Eu gostaria de ver o <strong>Sebrae</strong> no futuro tendo um maior poder decisório<br />
para transformar o ambiente de desenvolvimento das micro e pequenas empresas.<br />
Não digo o <strong>Sebrae</strong> construindo uma política de Estado, não seria isso. Mas sim sendo<br />
mais ouvido pelos entes públicos, trabalhando em sintonia com estes na busca de soluções<br />
para que o empresário possa focar o seu esforço no negócio e na agregação de valor<br />
em produtos e não em burocracias que dificultam o seu desenvolvimento.<br />
Podem até dizer que isso é utopia, sei que é difícil, mas essa sintonia fina permitiria<br />
um ambiente mais propício para o desenvolvimento das empresas. Isso iria solidificar<br />
ainda mais a marca do <strong>Sebrae</strong> e a sua missão.<br />
64 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
SEBRAE:<br />
NOSSA NAVE MÃE<br />
ELA É UM ORGANISMO VIVO, QUE SENTE,<br />
QUE PENSA E QUE AMA O SEU TRABALHO.<br />
Carlos Roberto Gomes Meneses<br />
C<br />
heguei ao <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> por que Deus me ama, só pode ser. A minha vida foi<br />
pontilhada de coisas boas. Eu sempre fui em frente, ouvia um rangido, era<br />
uma porta se abrindo. Cheguei aqui em 1987, foi difícil conseguir um emprego<br />
e, naquela época, o pessoal era um pouco avesso a pessoas de fora. Tentei algumas<br />
colocações, mas quando sabiam que eu era de fora, as portas se fechavam. A partir disso,<br />
fui dar aula no IBEU. Um amigo meu sabia que eu falava inglês e me falou de uma vaga<br />
temporária; então, fui dar aulas de inglês.<br />
Um dos meus alunos era o gerente de vendas do Hotel Diplomata e, por intermédio<br />
do superintendente desse mesmo hotel, eu fui fazer um curso. Neste curso, eu conheci<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 65
o Wilson Sanches, que era gerente do Hotel Porto do Sol, localizado no Morro das Pedras.<br />
Ao longo de sete dias de curso, criamos uma afinidade e fizemos alguns trabalhos juntos.<br />
Depois disso, um dia, o Wilson me ligou dizendo que havia uma oportunidade no CEAG/<br />
<strong>SC</strong>. Estavam montando um departamento de hotelaria e procuravam técnicos da área, o<br />
que fez o Wilson lembrar de mim. Eu vivi a minha vida toda em hotel, nasci em um hotel<br />
e trabalhei em hotel. Conheço relativamente bem essa área.<br />
Marcamos uma entrevista no Edifício Apolo, o casal de consultores já estava à<br />
espera. Quando cheguei ao local, pensei:<br />
- Eles gostaram de mim.<br />
A gente conhece as pessoas pelo olhar. Eu estava de terno. Trabalhava de terno.<br />
Ou seja, 80% do caminho cumpri com minha apresentação pessoal. Conversei com eles e<br />
me fizeram uma proposta, cujo trabalho seria desenvolver apostilas; pois não havia nada<br />
formatado para a hotelaria. Iniciamos o trabalho eu, o Wilson, o Wando, do Hotel Faial,<br />
e o João Pinheiro, do Hotel Castelmar. Estava formada a nossa equipe de trabalho com<br />
o objetivo de criar apostilas, cursos e consultorias nessa área. Foram seis meses de um<br />
trabalho maravilhoso.<br />
Depois disso, soubemos que os diretores do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> estavam pensando em nos<br />
efetivar, mas com uma condição: primeiro lançariam o novo produto no mercado e, quando<br />
houvesse demanda, fariam uma aplicação piloto em campo. Tivemos, em seguida, uma<br />
demanda da Rede Ataliba e eu fui chamado para executar, já que o tema predominante era<br />
gestão de pessoas. O Wilson pediu para ir junto, queria saber como seria o processo e eu<br />
achei ótimo fazer um trabalho em dupla; pois tinha muito material para carregar e tudo<br />
mais. Além disso, dividíamos a apresentação do conteúdo. A avaliação foi fantástica, o<br />
cliente gostou muito da capacitação.<br />
A diretoria, então, nos chamou para conversar. O diretor, Vinícius Lummertz,<br />
nos apresentou a avaliação e afirmou que estava nos contratando. Eu olhei para o Wilson,<br />
o Wilson me olhou, olhamos para os diretores, e eu disse:<br />
- Podemos ir lá fora conversar um pouco?<br />
Nós saímos, os dois, e eu disse:<br />
- Olha Wilson! Estamos há seis meses trabalhando em quatro consultores: eu e<br />
66 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
você, no tema recepção e governança, o João, em manutenção, e o Wando, em controles.<br />
Nós quatro nos completamos. Eu não vou ficar à vontade de ser admitido sozinho, sendo<br />
que todos trabalharam até agora.<br />
Sugeri ao Wilson dizermos aos diretores que a gente iria aguardar o teste de campo<br />
dos outros colegas para, então, entrarmos todos juntos. O Wilson concordou em falarmos<br />
isso. Voltamos à sala e expressamos aos diretores nosso pensamento. Os dois se<br />
entreolharam e o Paulo Ferreira disse:<br />
- Agora vou pedir, então, que vocês saiam novamente porque nós vamos conversar.<br />
Saímos. O Wilson perguntou:<br />
- E agora, o que será?<br />
Eu disse:<br />
- É coisa boa.<br />
Vi, na cara deles, que eles tinham gostado. Chamaram-nos novamente e disseram:<br />
– Estamos muito satisfeitos com o caráter de vocês, com a ética, com o senso de<br />
equipe.<br />
Então, eles decidiram admitir os quatro. Isso me emociona até hoje. Foi assim<br />
que eu entrei no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>; com o pé direito, fazendo a coisa certa, da melhor forma,<br />
como o meu pai e a minha mãe me ensinaram. A maneira correta sempre dá certo. Fomos<br />
considerados profissionais de alta qualidade, não só técnica, mas também ética.<br />
O turismo sempre foi minha paixão. Criei, com uma equipe, o Programa Estadual<br />
de Turismo aqui de Santa Catarina. Uma visão sociológica do turismo, do impacto da atividade<br />
que ele gera em uma sociedade; e minha pós-graduação foi nesta área. Assim, no<br />
ano de 1992, por demanda do Vinícius Lummertz, iniciamos a criação de um projeto de<br />
turismo, com enfoque em três regiões definidas pela diretoria.<br />
O turismo é um setor econômico importantíssimo, depende de produtos, de serviços,<br />
de pessoas vocacionadas e preparadas, de divulgação correta e tantas outras coisas<br />
mais. As regiões selecionadas foram Tijucas, Tabuleiro e Criciúma. O objetivo foi fazer um<br />
levantamento socioeconômico voltado ao turismo.<br />
Em Tijucas, a população estava abalada com a desativação da indústria de açúcar<br />
na região. Muito desemprego. Uma cidade à mercê, procurando alternativas. Mas, na<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 67
época, já havia a provável beata Paulina, hoje santificada; portanto, havia algumas possibilidades<br />
de turismo religioso. No caso da região do Tabuleiro, uma paisagem lindíssima;<br />
mas 70% dentro de um parque de preservação onde nada podia ser explorado. E a região<br />
de Criciúma, dominada pela extração de carvão, pelas carboníferas e mineradoras. Com o<br />
fechamento dessas empresas, houve uma favelização à beira da rodovia.<br />
Depois desse levantamento, era preciso criar uma metodologia de intervenção<br />
com foco no turismo. Aproveitei o conhecimento da universidade, na qual era professor,<br />
para desenvolver o projeto. Na região Sul, era perceptível um potencial ligado à cultura<br />
italiana, ao cultivo da uva e à fabricação do vinho, além da proximidade com a praia e a<br />
exuberância da paisagem. Foram 16 municípios envolvidos, ativamos muitos potenciais<br />
e, hoje, a região já se tornou bem conhecida como destino.<br />
Percebemos que o trabalho sério tem uma força tão grande que não é necessário<br />
pedir para as pessoas divulgarem. Isso acontece naturalmente. O trabalho vocacionado,<br />
feito com o coração, expande como luz, clareia tudo. Muita gente foi agregando, chegando<br />
e participando.<br />
Certo dia, o pessoal do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> me perguntou qual o nome, a sigla do projeto.<br />
Lembro de estar em um hotel, no sul do estado, no banho, quando me ocorreu a ideia. Saí<br />
do banho, peguei um papel e anotei o nome PRESTO – Projeto Regional de Serviços de<br />
Turismo Organizado. Nesse mesmo dia, o projeto foi lançado oficialmente.<br />
Dentre tantas recordações, lembrei, agora, de uma viagem. Fui lançar um guia de<br />
hospedagem alternativa, que apresentava muitos estabelecimentos ainda não conhecidos<br />
e que, até então, não tinha apoio para divulgação. Lançamos esse guia com a parceria da<br />
Federação Catarinense dos Municípios – FECAM, com informações de todas as cidades<br />
do estado. Participei das reuniões das 21 regiões de associações de municípios para falar<br />
sobre esse projeto.<br />
Fiz um lançamento, à noite, na cidade de Caçador e tinha outra apresentação no<br />
dia seguinte, às 10 horas, em Lages. Eu estava adoentado, já no terceiro dia com febre;<br />
estava quase pra morrer, terrível. Eu pensei:<br />
- Se eu deitar nesse hotel para dormir, amanhã eu não acordo,<br />
Decidi, então, viajar na mesma noite. Eram quase dez horas da noite. Peguei o<br />
68 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
carro e saí direto para Lages. Foi muita chuva pelo caminho. Era muita água, chuva forte.<br />
O limpador de para-brisa não dava conta e eu quase não via a estrada. Parei o carro no<br />
acostamento, tinha muita febre. A vontade era deitar no carro e dormir. Minha esperança<br />
era enxergar alguma luz de outro carro para me guiar. Debrucei-me sobre volante e comecei<br />
a chorar. O que eu estava fazendo ali, uma hora dessas. O que fazer? Só pensava no<br />
compromisso do dia seguinte.<br />
O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> não coloca supervisores atrás da gente, nem pergunta o que a gente<br />
fez ou não fez. Mas a empresa sabe que a gente faz, pelo resultado que aparece depois. Era<br />
uma paixão, uma grande vontade de fazer acontecer. Eu cumpri a minha meta e estava no<br />
evento, no dia seguinte, para fazer a apresentação.<br />
Estou com 70 anos e 25 anos deles no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Foi o melhor período da minha<br />
vida, o mais produtivo, em que eu mais aprendi. Lidei com pessoas fantásticas e inteligentes.<br />
Em uma reunião de meia hora, no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, a gente resolve coisas que, em reuniões<br />
intermináveis com pessoas de fora, não se resolve. A gente discorda, numa reunião, e parece<br />
que está brigando, mas não é, são todos tentando acertar. A gente sabe disso. Acabou<br />
a reunião, não fica mágoa. Sabemos que não é nada pessoal, pois estamos sempre tentando<br />
achar o melhor caminho para fazer aquilo funcionar. É um presente de Deus.<br />
Por falar em pessoas, trabalhei um tempo na área de gestão de pessoas e há duas<br />
ações das quais me orgulho muito em ter batalhado junto com os colegas. Primeiro, a possibilidade<br />
de fazer, primeiro, a seleção interna para os cargos, antes de abrir vaga externa,<br />
para dar oportunidade às pessoas da casa.<br />
Depois, o incentivo à graduação. O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, na época, apoiava financeiramente<br />
a pós-graduação, mas não a graduação. Os mais antigos não haviam cursado o ensino superior<br />
e tinham dificuldade em se formar. Consegui, depois de construir um bom parecer<br />
técnico justificando esse apoio, que colegas pudessem, então, cursar a graduação. Muito<br />
me emocionou poder participar do evento de graduação dos colegas beneficiados por esse<br />
incentivo da empresa.<br />
O que eu estou relatando aqui vem do tempo da emoção. Do tempo em que trabalhávamos<br />
com emoção, e o saber técnico era a nossa razão. O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> sempre foi a nave<br />
mãe para onde a gente vem, todos os dias, com nossas cápsulas de conhecimento pessoal<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 69
que, acopladas às trazidas pelos demais, nos permitem realizar nossa missão especial. Não<br />
olhe o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> como um prédio, ou uma máquina de trabalho. Ela é um organismo vivo,<br />
que sente, que pensa e que ama o seu trabalho. Ele é único no que faz.<br />
70 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
COMPROMETIMENTO<br />
UM SEBRAE QUE ME MARCOU<br />
PELO COLEGUISMO.<br />
Cláudio Augusto Nienkoetter<br />
Eu saí da cidade de São Bonifácio aos 18 anos para estudar em Florianópolis<br />
onde havia sido selecionado para estudar no Instituto Estadual de Educação.<br />
Estava procurando emprego há um mês e meio e surgiu a oportunidade<br />
de trabalhar no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, antigamente chamado de Ibagesc, através do contato de<br />
um conhecido do meu pai. Essa pessoa era o Celso Lino que ligou para o meu pai em São<br />
Bonifácio e pediu que eu fizesse uma entrevista para a vaga de office boy. Fiz a entrevista<br />
com o Paulo Ferreira, que na época, trabalhava na área de pessoal, e passei.<br />
Fui admitido em 07/04/1975. Trabalhei em quase todas as áreas administrativas<br />
do <strong>Sebrae</strong>, contabilidade, tesouraria, almoxarifado, gestão da frota de veículos e serviços<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 71
gerais, e depois de alguns anos fui para o setor de pessoal onde estou até hoje. Sou gestor<br />
do <strong>Sebrae</strong> Previdência há mais de 10 anos, respondo por esse plano desde a sua implantação<br />
em 2005.<br />
O <strong>Sebrae</strong> de anos atrás me marcou pelo coleguismo, todos eram muito amigos,<br />
as festas de confraternização eram muito divertidas, tínhamos o nosso futebol, as brincadeiras<br />
e momentos de descontração eram frequentes. Também tiveram momentos difíceis<br />
quando passamos por uma redução de salários e de carga horária de trabalho. Nessa época<br />
meu sogro tinha táxi e caminhão e cheguei a fazer alguns “bicos” para ter uma renda<br />
extra. O trabalho que o <strong>Sebrae</strong> fazia antes era diferenciado mais de muito competência e<br />
reconhecimento.<br />
Fiz 40 anos nessa empresa agora em abril. Sempre trabalhando comprometido<br />
para dar à minha família todo o necessário. Os empregados da época mais antiga não<br />
tinha auxílio-creche, mas sempre consegui priorizar o colégio das crianças. Hoje vejo os<br />
meus filhos criados. Agora já tenho netos e posso acompanhar o crescimento deles de perto.<br />
Sou muito grato por todos esses anos bem vividos.<br />
72 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
UM SINGELO<br />
APERTO DE MÃO<br />
VALORIZAR A VISÃO DE COLETIVIDADE,<br />
A COERÊNCIA, A DEDICAÇÃO E O EXEMPLO:<br />
UMA LIÇÃO DE HOJE E SEMPRE.<br />
Cláudio Ferreira<br />
Comecei a trabalhar no <strong>Sebrae</strong> em 1993. Naquele tempo, ainda cursava administração,<br />
na UF<strong>SC</strong>, na sétima fase. Lembro que comentava com minha<br />
mãe do interesse em trabalhar no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, influenciado pelos estudos<br />
de administração e disciplinas como administração de pequenos negócios. Dizia sem saber<br />
que um dia estaria aqui.<br />
Por sinal, os professores falavam muito bem da instituição e de sua capacidade<br />
em contribuir na nossa formação. Para completar, tive oportunidade de assistir uma palestra<br />
do consultor Sandro Morales, na UF<strong>SC</strong>. Até então, um perfil de profissional que não<br />
conhecia. Ele mostrava dinamismo, otimismo e profissionalismo, sob a ótica do empreen-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 73
dedorismo e dos pequenos negócios como alavancadores de uma transformação individual<br />
e coletiva, orientado pela atuação de uma instituição chamada <strong>Sebrae</strong>.<br />
Nesta época, surgiu a oportunidade e não desperdicei. Fui ao <strong>Sebrae</strong>, me apresentei<br />
ao trabalho e aos desafios. Cheguei a uma sala e encontrei um japonês, com uma<br />
cara muito séria e propositadamente carrancuda (Seizo), ao lado de outro colega, que<br />
também fez o mesmo estilo (Tonolli). Pensei:<br />
- Essa turma deve ser bem exigente pelo jeito, ou não foram com a minha cara.<br />
Mas que nada, era mesmo para chamar a atenção. Depois, começaram uma conversa<br />
mais descontraída e apresentaram um pouco do PRODER e o Cadastro Industrial de<br />
Santa Catarina, nos quais eu iria auxiliar com o meu trabalho.<br />
Algum tempo depois, recebi meu primeiro grande desafio no <strong>Sebrae</strong>: trabalhar com<br />
atendimento ao público, no chamado Balcão <strong>Sebrae</strong>. Lembro que o gerente da época falou:<br />
- Estamos precisando de alguém com seu perfil (se soubesse do meu grau de timidez,<br />
com cerca de 22 anos) para atuar no balcão de Florianópolis. É uma grande oportunidade,<br />
você vai aprender muito lá.<br />
Respondi:<br />
- Sim, eu gosto de novos desafios. Só preciso me preparar receber alguns treinamentos,<br />
preciso de cerca de uma semana. Quando começo?<br />
- Amanhã.<br />
- Ahhhn?! Certo.<br />
Naquela época, a internet mal estava em gestação nas empresas. Para ter informação,<br />
íamos até a biblioteca às pressas, consultávamos alguns manuais ou conversávamos<br />
com os profissionais mais experientes para poder atender os clientes. No Balcão<br />
<strong>Sebrae</strong>, tive grandes professores, como Lamark, Osni e Paulo Voltolini.<br />
Eis que estou instalado na mesa, depois de uma hora falando com os professores,<br />
e vem a pergunta básica.<br />
- Já podes atender? Tem cliente esperando.<br />
- Simmmm... (nem um pouco convencido). Pode chamar.<br />
Chega meu primeiro cliente a ser atendido pelo <strong>Sebrae</strong>. (Que momento histórico).<br />
Pensei:<br />
74 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
- Tomara que seja um desses casos de linhas de empréstimos (naquela época era<br />
muito demandado), que disseram que era bem fácil.<br />
- (Clientes) Olá somos jornalistas e gostaríamos de abrir uma assessoria de imprensa,<br />
quais os procedimentos de abertura desse tipo de atividade? Como o <strong>Sebrae</strong> poderá<br />
nos ajudar?<br />
Poxa, comecei bem. Acho que vou virar notícia. Sabe lá como... mas sobrevivi.<br />
Essa foi minha primeira prova de fogo no atendimento, e depois viriam muitas<br />
outras. Em vários momentos, o trabalho se tornava muito gratificante, mediante o agradecimento<br />
e reconhecimento dos clientes pelos serviços prestados. Até presentes chegavam<br />
a trazer, mesmo comigo afirmando que fazia parte do meu trabalho ajudar e que não<br />
havia porquê fazerem isso.<br />
Depois foram surgindo outros convites, ou mesmo a procura por outras atividades.<br />
Dessa forma, atuei, até hoje, em cinco unidades diferentes, no <strong>Sebrae</strong>: Gerência de<br />
Estudos e Pesquisas, Regional Grande Florianópolis, Gerência de Informação, Unidade de<br />
Apoio Logístico e Unidade de Gestão Estratégica.<br />
A passagem pela área de estudos e pesquisas foi a que mais me absorveu, nesses<br />
anos. São idas e vindas, nessa área, até hoje. É nessa atividade que tive a maior oportunidade<br />
de atingir o reconhecimento profissional. O que mais gostei de fazer foi o estudo<br />
Santa Catarina em Números, um desafio que muitos não entendem como vencemos. Nele,<br />
é possível mostrar, com clareza, as características socioeconômicas de cada município de<br />
Santa Catarina, informações reconhecidas pelo seu valor.<br />
Mas, nesses anos todos, depois do desafio de dar entrevista ao vivo, na CBN, e<br />
fazer apresentação para o conselho deliberativo, nada me marcou mais do que um singelo<br />
aperto de mão.<br />
O fato aconteceu em Anitápolis, quando fui a campo entrevistar produtores de<br />
fumo, depois de um verdadeiro rally para chegar à propriedade rural. Fui recebido pelo<br />
casal de agricultores que, com um olhar de desconfiança, se apresentou e, com boa a educação<br />
que é comum no meio rural, cada um me cumprimentou. Mas não foi um cumprimento<br />
qualquer. Tive a oportunidade de perceber, em cada calo das suas mãos e, em<br />
especial, na mão extremamente inchada e com resquícios de terra da esposa, o quanto<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 75
significamos para aquelas pessoas: uma oportunidade de mudança para uma vida menos<br />
sofrida e de mais oportunidades. Creio que eles perceberam minha identificação com os<br />
problemas deles, motivo que os fez, depois, ofereceram os agrados de um bolo caseiro e<br />
um café. Nesse encontro, pude conhecer um pouco mais para quem realmente existimos<br />
e nos justificamos.<br />
Para mim, que valorizo a visão de coletividade, de coerência, de dedicação e o<br />
exemplo, esse singelo ato é uma lição de hoje e sempre. E salve o empreendedorismo e as<br />
instituições e pessoas que o apoiam. Junto com a educação, é o caminho mais curto para<br />
romper a fronteira da injustiça social e permitir a prosperidade de pessoas, territórios e<br />
nações.<br />
Falando em educação, agradeço a minha mãe (Iracema) que contribuiu muito<br />
para eu estar aqui, gostar de me dedicar as boas causas e saber valorizar as coisas mais<br />
simples da vida e que, depois desses anos todos, vai nos deixar. Obrigado por tudo e aproveite<br />
seu merecido descanso.<br />
76 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
À CLEIDE<br />
COM CARINHO<br />
UM HOMENAGEM SINGELA<br />
DAS COLEGAS DENISE E KÁTIA.<br />
Cleide Maria Nienkoetter<br />
Conheci a minha querida amiga Cleide – ou Keity Marrone, para os íntimos<br />
– assim que fui chamada, no processo seletivo em 2003. Na época, ela<br />
trabalhava com o Projeto de Marcas do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, na antiga GIAT – Gerência<br />
de Inovação e Acesso à Tecnologia. Lá, conheci toda a história dessa grande mulher<br />
guerreira e pensava:<br />
- Essa deve ter um cromossomo extra!<br />
Ela era daquelas supermulheres: além de trabalhadora, muito dedicada ao <strong>Sebrae</strong>,<br />
continuava sendo supermãe, superamiga, e sempre dedicada ao próximo, até mais do que<br />
a si mesma.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 77
A Cleide entrou no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, há 37 anos, em 05 de janeiro de 1978. Ingressou<br />
na empresa como telefonista, foi galgando o seu espaço e tornou-se auxiliar administrativa<br />
nos anos 90. Quando a conheci, já atuava como procuradora do INPI no Projeto de<br />
Marcas do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Uma das passagens mais marcantes, para mim, na antiga GIAT, foi perceber a<br />
gratidão do empresário dono da marca “Da Magrinha”, quando conquistou o seu certificado<br />
de registro da marca. Ele veio até o <strong>Sebrae</strong> celebrar a conquista e ofereceu, para toda a<br />
equipe da GIAT, um “lanche degustação”, com produtos da marca. A granola era uma delícia<br />
e, na época, fazia o maior sucesso. Está certo que alguns produtos estavam em fase de<br />
teste e nem tudo caia tão bem quanto à famosa granola. Não vou citar nomes, mas vi uns<br />
colegas saírem correndo, quase fechando a glote, porque tinham comido um biscoitinho<br />
que “fervia” de tanta pimenta. São os ossos do ofício.<br />
Foram muitas boas histórias que marcaram a sua linda e íntegra trajetória. Sempre<br />
prestativa, bem-humorada e humana, apoiava tudo e a todos: na GIAT eram workshops<br />
de inovação, incubadoras, crédito, SST, PAS, Design, 5S, prefeito empreendedor, projetos<br />
internos de excelência em gestão; na UAC era o grande projeto PREC; e na UAI, finalizou<br />
sua passagem, auxiliando principalmente no Prêmio Mulher de Negócios.<br />
Este prêmio é um reconhecimento estadual e nacional às mulheres que transformaram<br />
seus sonhos em realidade. Mulheres cuja vida é exemplo para tantas outras que<br />
sonham ser empreendedoras. Acho que os objetivos do prêmio refletem aquilo que percebemos<br />
na Cleide, um exemplo de pessoa, como profissional, colega e mulher.<br />
Cleide, obrigada por fazer parte dessa história e da nossa história.<br />
Por Denise Stuart<br />
78 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
Mudar a Cleide de lugar era algo muito complicado.<br />
Conheci a Cleide alguns anos depois de entrar no <strong>Sebrae</strong>, mais especificamente<br />
quando ainda tínhamos o INPI funcionando no terceiro andar do Edifício Apolo, na Rua<br />
Tenente Silveira. Havia muitos arquivos e muitos documentos, era uma papelada danada.<br />
Era uma área em que quase não entrávamos. Como se fosse outro <strong>Sebrae</strong>, o tal Departamento<br />
para Registro de Marca.<br />
Após algumas modificações de estrutura, conheci e comecei a trabalhar com a<br />
Cleide; nesse tempo, já estávamos na Avenida Rio Branco. Mudar a Cleide de área e de<br />
andar era sempre muito complicado, devido aos vários arquivos de INPI que sempre a<br />
acompanhavam (risos). Num determinado momento, o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> descontinuou o registro<br />
de marcas e a Cleide passou a ser apoio a todos nós, que trabalhávamos na Unidade de<br />
Tecnologia, com o Urandi.<br />
Acompanhei a Cleide em muitos momentos da vida, temos filhos de idades bem<br />
próximas e assim vivemos muitas coisas em momentos parecidos. Temos várias passagens<br />
alegres e tristes juntas. Não gosto muito de lembrar de algumas, mas, sem dúvida, a que<br />
sempre me faz rir sozinha é a “sugestão de 45 reais”! Rindo alto aqui.<br />
Por Kátia Regina Raush<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 79
80 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
UMA FAIXA<br />
NA RODOVIA?!<br />
UM APRENDIZADO:<br />
LIDAR COM AS ADVERSIDADES.<br />
Donizete Boger<br />
Houve uma época em que o ator Lima Duarte, reconhecido nacionalmente,<br />
participou de um comercial de televisão criado pelo <strong>Sebrae</strong>. Ele convidava<br />
as pessoas a irem ao <strong>Sebrae</strong>. Foi justamente nos três primeiros<br />
meses de existência do Balcão <strong>Sebrae</strong> em Jaraguá do Sul, no qual eu atuava sozinho, tendo<br />
que atender a duas linhas telefônicas e ao público, que chegava a todo instante. Não<br />
parava um minuto de atender as pessoas. O burocrático ficava para depois do horário do<br />
expediente.<br />
Mas meu início no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> se deu da seguinte maneira. Depois de um ano<br />
residindo na Inglaterra (eu morava em Joinville antes disso), em janeiro de 1993, voltei<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 81
ao Brasil, mais especificamente para Jaraguá do Sul; pois minha esposa já havia voltado<br />
de Londres, com trabalho naquela cidade. Iniciei minhas atividades dando aulas de inglês<br />
para um grupo de alunos da Escolinha da WEG e, depois, fui trabalhar numa fábrica de<br />
instrumentos de madeira usados na construção civil. Em julho, surgiu a oportunidade de<br />
atuar como consultor de Núcleos Setoriais na Associação Comercial e Industrial de Jaraguá<br />
do Sul – ACIJS. Nessa época, iniciava-se, em Santa Catarina, a parceira da Fundação<br />
Empreender com a Câmara da Baviera na Alemanha, que, mais tarde, se tornaria o Projeto<br />
Empreender.<br />
Informaram-me, na época, que eventualmente eu poderia até trabalhar no <strong>Sebrae</strong>.<br />
Nunca tinha ouvido essa sigla antes e nem fazia ideia do que poderia ser. No fim das<br />
contas, acabei mesmo entrando no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, em primeiro de julho de 1993; atuando no<br />
Balcão <strong>Sebrae</strong>, como funcionário da ACIJS. Cumpri essa atividade por três meses, quando<br />
mudamos para Joinville e fui contratado pelo <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> para atuar na Gerência Regional<br />
de Joinville, que acabara de iniciar suas atividades.<br />
O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> tem um grande significado. Houve vezes, é claro, em que até cogitei<br />
sair da instituição, mas foi a qualidade do relacionamento com as pessoas dessa casa que<br />
me fez pensar melhor e permanecer. E também o tipo de atividade que desempenhamos:<br />
AJUDA! Esse sentimento de poder contribuir um pouco com o desenvolvimento de pessoas<br />
e regiões é muito gratificante.<br />
Dentre as coisas que recordo está um período, mais no começo da minha atividade,<br />
em que participávamos de uma grande quantidade de capacitações em Florianópolis.<br />
Era impressionante o número de vezes que íamos para a capital para nos capacitar!<br />
Pensando em deslocamento e reuniões, um momento marcante foi a ocasião em<br />
que eu e o gerente regional de Joinville fomos até a cidade de Itapoá para uma reunião<br />
com lideranças e o empresariado em geral. Eis que, no caminho, quando estávamos entrando<br />
pela rodovia de acesso da cidade, nos deparamos com uma faixa, bem chamativa,<br />
pendurada de poste a poste, sobre a estrada. Nela, os dizeres garrafais: VOCÊ PRECISA DE<br />
DINHEIRO? NÃO PERCA: REUNIÃO SEBRAE, eram seguidos da indicação de data e local.<br />
Isso sim foi uma grande loucura. Ficamos pasmos, sem saber se devíamos rir ou chorar.<br />
Aos que hoje chegam ao <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, digo que nunca parem de se preparar. E, se<br />
82 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
em alguns meses, não estiverem certos de que isso é mesmo o que vocês querem, melhor<br />
buscarem outra coisa para fazer. Aqui é preto no branco! Ou gostou e é isso que desejam<br />
fazer, ou terão dificuldades em lidar com as adversidades que surgem, diariamente, na<br />
nossa atividade.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 83
84 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
SOMOS UM AGENTE<br />
DE MUDANÇA<br />
AQUI É UM LUGAR EM QUE SE<br />
TRABALHA MESMO. E SE TRABALHA<br />
COM PRAZER E COM SATISFAÇÃO.<br />
Edgar Macedo Júnior<br />
Uma coisa que eu quero deixar clara aqui é que eu tive muita sorte de<br />
trabalhar no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Na verdade não acredito em sorte, acredito em<br />
Deus. Por que, na minha área que é a economia, é um dos melhores lugares<br />
para um profissional que se forma, poder exercer todos os seus conhecimentos na<br />
prática. Foi uma grande escola. Aqui aprendi tanto a realizar os trabalhos técnicos, como<br />
também a apresentá-los, a negociar, a me relacionar, tanto com parceiros, com empresários,<br />
com prefeitos e até mesmo com governador. Sou muito grato por tudo que aprendi.<br />
Meu primeiro e único emprego até hoje. E pretendo me aposentar aqui, mas ainda falta<br />
um tempinho...<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 85
Eu estava cursando economia e surgiu uma vaga de estágio no CEAG. Entrei na<br />
área de desenvolvimento regional. Eram tempos em que fazíamos tudo a mão, escrevendo<br />
a lápis e a caneta. Tem um fato interessante dessa época. Eu trabalhava meio período e<br />
estávamos fazendo um trabalho que era uma tabulação de dados. Lembro de estarmos<br />
todos juntos fazendo o trabalho, volta meia ocorria uma brincadeira, umas risadas. Até<br />
que o gerente chegou e disse, “O que vocês estão fazendo, deixa eu dar uma olhada nisso.<br />
Poxa Edgar, você produziu só a metade em relação ao outros. Ficam aí dando risada”. Eu<br />
respondi, mas eu trabalho a metade do tempo que os outros, só meio período. (risos). Era<br />
um tempo em que o cafezinho ainda era servido por uma copeira. Cada um tinha direito<br />
a pegar um copinho só, era um copinho pequeno de café. Quem era mais amigo dela até<br />
conseguia pegar dois.<br />
No ano de 1988, em me formei e ingressei como funcionário, na atividade de<br />
consultoria. Deixaram-me um mês ‘cozinhando’ em uma sala fechada, cheia de livros e me<br />
diziam, vai lendo, vai estudando isso daí... Minha primeira atividade foi fazer o centro de<br />
custos do CPD, computador era conhecido por CPD – Centro de Processamento de Dados.<br />
Era uma sala com computadores e impressoras matriciais e ali apenas duas ou três pessoas<br />
que eram os especialistas podiam entrar. Um grupo realmente seleto e á parte do resto da<br />
casa. Para entrar na sala do CPD, só batendo na porta e pedindo licença. O objetivo do meu<br />
trabalho era levantar os custos do CPD para o qual montei uma bela planilha.<br />
Depois disso, comecei a acompanhar algumas consultorias em campo com o Dagoberto,<br />
o Hercílio, o Celso Lino, o Laerte... mais tarde, aconteceu o PIDSE (1989) naquela<br />
época, onde fizemos um diagnóstico econômico para todos os município de Santa Catarina.<br />
Foi um trabalho gigantesco, escrito a mão e uma equipe de suporte que fazia tabelas e<br />
datilografava tudo. Depois de tudo pronto chegou a hora de apresentar os resultados nas<br />
comunidades. Nunca gostei disso, nem mesmo em sala de aula.<br />
Fizemos um mutirão para apresentar os resultados, várias equipes, cada uma foi<br />
para uma região do Estado. Eu lembro que acompanhava e assistia. Um dia o consultor Norton<br />
(já falecido), me disse, vais acompanhando e prestando atenção, vou fazer várias e daqui<br />
a pouco você começa a me ajudar, fazendo uma parte comigo para treinar. Até aí tudo bem.<br />
Até que chegou o dia em que eu iria fazer a apresentação sozinho. Moral da his-<br />
86 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
tória: não consegui dormir na noite anterior, não almocei, não conseguia me alimentar,<br />
muito ansioso e preocupado. Chegou a noite e eu consegui fazer, deu tudo certo. Entretanto,<br />
fomos jantar depois do evento e eu não consegui comer nada ainda. Cheguei ao hotel,<br />
passei mal. Parei em frente ao espelho e me encarei. Isso foi algo muito marcante para<br />
mim. Eu disse a mim mesmo “Vamos ter uma conversa séria. Você está trabalhando numa<br />
empresa em que esse tipo de atividade é comum. Aqui é isso. Sempre tem trabalhos para<br />
apresentar. Você precisa aprender a trabalhar em público. Ou você se acostuma, ou você<br />
pede demissão.” E daí por diante segui em frente.<br />
O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> foi pioneiro na realização de projetos de apoio ao desenvolvimento local/regional.<br />
Tudo começou em 1984, no Município de Pinhalzinho, cidade essencialmente<br />
agrícola na época. Estavam perdendo os seus jovens por falta de alternativas de emprego e<br />
renda, quando foi feito um trabalho de diagnóstico. A situação era muito clara, ou eles esperariam<br />
a chegada de um investimento de fora, ou criariam um movimento próprio, de dentro<br />
para fora. Desse pensamento surgiu um grupo de pessoas da cidade que dispunham de certo<br />
capital e juntos começaram a montar alguns negócios aproveitando as potencialidades locais.<br />
Nascia a atuação do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> na área de desenvolvimento local. Para se ter uma idéia, os<br />
resultados desse tipo de projeto, extrapolaram as fronteiras, chegando, em 1991, aos ouvidos<br />
da Vale do Rio Doce, por meio da ONU. Eles nos procuraram para poder conhecer o tipo de<br />
metodologia que havíamos desenvolvido. Ou seja, promoção do desenvolvimento regional a<br />
partir de um diagnóstico. O objetivo deles era replicar a ação em regiões de mineração que<br />
congregam comunidades carentes que precisam de auxílio.O próprio <strong>Sebrae</strong>/SP nos acionou<br />
nesse sentido (1992/1993). Ficamos lá por dois anos aplicando a metodologia, qualificando a<br />
equipe deles e repassando a nossa experiência.<br />
Algo que me recordo é do tempo que fomos para São Paulo fazer o repasse da<br />
metodologia de desenvolvimento regional. Para começar fomos de avião. Eu nunca tinha<br />
andado e já foi algo muito legal. Chegando lá fomos ao <strong>Sebrae</strong>/SP para uma reunião onde<br />
discutimos como o projeto iria acontecer e ficou definido qual região do Estado cada um<br />
iria atuar. Pensamos ok, tudo organizado, a equipe deles vai acompanhar. Na realidade a<br />
equipe deles não estava preparada para acompanhar. Não tinham selecionado as pessoas.<br />
Simplesmente terminou a reunião e disseram “nós locamos alguns carros, vocês passam<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 87
na locadora e vão para o interior, nas regiões designadas.” Não havia equipe para nos<br />
acompanhar, não havia negociação com as cidades, nem com prefeitos ou parceiros. Absolutamente<br />
nada. Fomos jogados aos leões. A única coisa que realmente existia era um<br />
contrato assinado entre o <strong>Sebrae</strong>/SP e o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Tivemos que fazer tudo do zero. Imagina não conhecer a cidade, pegar um carro e<br />
ter que chegar em um destino. Comprei um mapa, na época não tinha GPS, para me localizar<br />
e saber por onde começar. Foi muito doido. Cada um de nós foi sozinho para um lugar<br />
diferente. Eu cheguei em Pirassununga me instalei em um hotel e pensei “O que vou fazer<br />
agora”. Procurei Sindicato do comércio Varejista, parceiro do projeto, que não sabia nada<br />
sobre o trabalho, além do que, o povo de lá desconfiava muito, alguns achavam até que a<br />
gente era ‘enganador’, vendedor de mentiras. Para eles todos os sulistas eram gaúchos...<br />
daí eu dizia não ofendam. Depois de uns dois meses chegaram os reforços da equipe do<br />
<strong>Sebrae</strong>/SP para ajudar. Mas o início foi difícil, na cara e na coragem.<br />
Na época dos projetos regionais e setoriais trabalhei com uma turma ‘boa’ (risos).<br />
Com atividades como passear dentro do carrinho de supermercado que tínhamos<br />
na gerência para carregar caixas e publicação. Ou colar fita adesiva em toda a porta do<br />
banheiro, como se não bastasse, ainda escorar um móvel, só para ver a estagiária sair de<br />
lá derrubando tudo. Ou então, fugir da Margareth que ficava cobrando os relatórios, ela<br />
ficava igual um cão de guarda atrás da gente. Um dia ela estava atrás de mim, escutei a voz<br />
dela de longe e no nosso andar o miolo do andar era os elevadores e dava para correr em<br />
volta. Ela vinha por um lado e eu corri para o outro lado, para fugir dela, nisso eu passei<br />
correndo e tinha um grupo fazendo reunião... O Marcondes baixou a cabeça e balançou-a<br />
em sinal de reprovação como quem diz: “Isso não tem mais jeito mesmo”...<br />
Mas com a experiência desses anos o que eu recomendo é: aqui é um lugar em que<br />
se trabalha mesmo. E se trabalha com prazer e com satisfação. Essa satisfação está em ver<br />
os resultados que acontecem junto aos clientes. O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> é um agente de mudança,<br />
principalmente em um contexto de uma sociedade como a nossa. Nesse momento agora<br />
de crise, por exemplo, todo mundo pode até parar, mas a gente tem que trabalhar dobrado.<br />
Agora muito mais do que antes as micro e pequenas empresas precisam da gente.<br />
88 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
LINHA<br />
DE FRENTE<br />
DE ONDE VEIO O “PANO DE CHÃO”...?<br />
Eliane da Rosa Figueira Costa<br />
O<br />
ano de 1999 foi muito importante para mim. Costumo dizer que iniciei<br />
e fechei o ano com chave de outro. No dia 11 de janeiro de 1999,<br />
assinava a minha portaria de admissão no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> e, no dia 11 de<br />
dezembro de 1999, casava, em Florianópolis. Ambos os eventos, até aquele ano, eram os<br />
mais importantes da vida.<br />
Em 2002, mantinha firme o fato de que 1999 foi único; porém, como estava vivendo<br />
um processo de separação, o segundo fato marcante foi ficando para trás.<br />
Hoje, posso garantir que iniciei o ano de 1999 com chave de ouro e ainda não fechei<br />
essa porta. Então, espero poder fazer parte da história do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> por mais alguns<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 89
anos. E a chave de ouro? Sigo com ela guardada em caixa especial, construída e solidificada,<br />
dia após dia, mantida em lugar de destaque na minha vida.<br />
Foram muitos os fatos marcantes ao longo de 16 anos, perto dos 17, de dedicação<br />
quase exclusiva a essa empresa viciante, no melhor dos sentidos.<br />
Achei interessante contar sobre fato ocorrido, quando do meu retorno da minha<br />
segunda licença-maternidade, depois da gestação de Pietra, ocorrida no período de julho<br />
de 2013 a fevereiro de 2014.<br />
Na semana em que retornei de licença, fui informada de que havia uma reunião<br />
com a rede de credenciados da Grande Florianópolis, na sede do <strong>Sebrae</strong>, e que eu deveria<br />
fazer uma apresentação.<br />
Logo que soube, fiquei muito preocupada. As mulheres que já tiveram filhos sabem<br />
bem o motivo, assim como os homens que também já viram suas esposas passarem<br />
por isso. Depois de um período em que a mulher não sai de casa para nada, assiste televisão<br />
no mudo para não acordar o bebê, tem como metas únicas e vitais trocar fraldas, amamentar,<br />
dar banho e ninar uma criança; sendo “mãe em tempo integral”, o vocabulário, o<br />
encadeamento lógico, o simples diálogo, do início ao fim, sem esquecer de alguma palavra<br />
importante, no meio da fala, são coisas quase impossíveis de serem conseguidas, depois<br />
de 7 meses de foco no bebê.<br />
E foi com isso que me deparei no meu retorno da licença-maternidade. Sabia que<br />
seria um grande desafio, pois já tinha passado por isso quando do retorno da licença da<br />
minha primeira filha, Valentina, em 2012.<br />
E assim ocorreu. Comecei a minha fala com um nível de concentração de 150%.<br />
Nada me tirava o foco em cada palavra que eu dizia. Não podia, em hipótese alguma, perder<br />
meu raciocínio; pois se isso ocorresse, sem dúvida, não saberia nem mais dizer quem<br />
eu era.<br />
Enquanto falava e percebia todos aqueles olhos atentos em mim, queria dizer que<br />
nossos consultores e instrutores eram a linha de frente da nossa atuação junto ao cliente.<br />
Quanto mais próxima eu chegava dessa conclusão, mais eu me distanciava de<br />
dizer “linha de frente”. Não conseguia lembrar da expressão e a única coisa que me vinha<br />
em mente era “pano de fundo”. Eu falava, chegando cada vez mais próxima da conclusão:<br />
90 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
vocês são a linha de frente do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>; mas insistia em aparecer, na minha cabeça, a<br />
expressão “pano de fundo”.<br />
Tentei manter a respiração, não perder a concentração, não pressionar meu cérebro<br />
recém- desligado do modo “mãe em tempo integral” e concluir. E concluí. Respirei<br />
fundo, realizada, enfim, feliz por ter conseguido.<br />
Tudo estava ótimo. Missão cumprida. Foi quando eu me sentei e ao meu lado<br />
estava meu amigo Spyros. Não hesitei e fui logo perguntando: Falei certo? Deu para entender?<br />
Não me perdi, não é?<br />
E ele, sorriu, consentiu com a cabeça, mas continuou me olhando. Senti que tinha<br />
algo mais, algo além da expressão que foi tudo bem. Algo do tipo:<br />
- Falo ou não falo para essa pobre criatura.<br />
Continuei olhando para ele, até que me disse:<br />
- Foi bem. Só a expressão “pano de chão” é que não caiu muito bem para os credenciados.<br />
E foi aí que o meu chão caiu, com pano e tudo. Meus braços chegaram a ficar dormentes.<br />
Só conseguia repetir:<br />
- Não! Não! Não!<br />
Olhei para o Paulo Teixeira. Ele haveria de desmanchar aquela brincadeira; me<br />
tranquilizar dizendo ser uma pegadinha do Spyros. E, nesse momento, ele me respondeu<br />
que eu realmente havia dito “pano de chão”.<br />
Imagino o que tenha sido para os credenciados ouvir que eles são o “pano de<br />
chão” da nossa atuação? Passei meses me torturando e torcendo para que não tivessem<br />
ouvido. Era uma conclusão... tempo acabando... ninguém ouviu.<br />
Em maio de 2016, realizamos reuniões com a rede de credenciados em todas as<br />
regiões do estado e iniciamos pela Grande Florianópolis. Eu estava bem, sem histórico de<br />
licença-maternidade, cérebro funcionando bem. Pensei: agora é hora! Vou me redimir.<br />
E assim o fiz, nas duas turmas. Fiz questão de relembrar o fato, contar o que<br />
ocorreu e me desculpar com todos. Foi a melhor coisa que fiz; pois, no almoço, veio ao meu<br />
encontro um credenciado que disse:<br />
- Oi Eliane! Quero te cumprimentar e te dizer que estás desculpada. Eu estava na<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 91
eunião e falei com o Spyros, logo após a tua fala. Perguntei a ele por que disseste “pano<br />
de chão”. Se eu soubesse que estavas retornando de licença-maternidade, teria entendido<br />
perfeitamente, pois vi minha esposa passar por isso três vezes.<br />
Enfim, pude me desculpar. Todos riram muito do fato. Numa das turmas, após<br />
pedir desculpas, os credenciados bateram palmas e eu fiquei aliviada, liberta do erro.<br />
Achei uma história legal de ser contada. Já fica a dica às minhas colegas, gestantes<br />
ou que serão mães um dia, para que, em licença-maternidade, acionem o modo “mãe<br />
em tempo integral com direito a leitura”. Assim, terão a certeza de retornar às atividades<br />
com o cérebro “mais aberto”, digamos assim.<br />
92 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
EXPERIÊNCIAS<br />
E CONQUISTAS<br />
O VALOR DAS PARCERIAS EM UM<br />
NOVO MODELO DE ATUAÇÃO<br />
Eliete Maria De Carvalho<br />
Foram muitas as experiências e conquistas vividas no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Ao longo desses<br />
40anos em que aqui trabalhei, pude realizar meus projetos e sonhos profissionais<br />
e pessoais. Mas uma das experiências mais marcantes, e que considero importante<br />
relatar, foi o processo de mudança do <strong>Sebrae</strong>, em Santa Catarina, no final de 1999.<br />
Por decisão do Conselho Deliberativo, foram fechadas as unidades de atendimento, conhecidas<br />
como Balcão <strong>Sebrae</strong>, e foi adotado um modelo operacional absolutamente inovador, com ações<br />
integradas às entidades empresariais mais representativas: Associações Comerciais e Industriais,<br />
Associações de Micro e Pequenas Empresas, Câmaras de Dirigentes Lojistas e Sindicatos Patronais.<br />
A instituição deixava de trabalhar no varejo e transferia, para as entidades empresariais,<br />
o ponto de atendimento e venda dos seus produtos e serviços. A interação entre os envolvidos, a<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 93
celebração das parcerias, e quantos instrumentos, ferramentas e competências foram desenvolvidas<br />
para que esse modelo se tornasse viável. Foi uma experiência de trabalho em equipe muito intensa,<br />
de muito aprendizado individual e organizacional.<br />
O Balcão <strong>Sebrae</strong> era um sistema de atendimento presente em todo o território nacional,<br />
com uma mesma concepção visual, característica e padrão de atendimento. O <strong>Sebrae</strong>, em Santa Catarina,<br />
possuía 70 unidades de Balcão <strong>Sebrae</strong>, distribuídas por todo o estado, que atendiam uma média<br />
de 10.000 clientes mês; dos quais 70% eram potenciais empresários e 30% empresários de micro e<br />
pequenas empresas.<br />
O foco do trabalho era orienta-los nas suas dificuldades para abertura e gestão de um negócio.<br />
A cada oportunidade de orientação empresarial, a equipe técnica ampliava seu conhecimento<br />
sobre as micro e pequenas empresas.<br />
No entanto, essas lições aprendidas e esses conhecimentos adquiridos nunca foram registrados<br />
e compartilhados. Neste período, as soluções de atendimento eram dos técnicos; cada um<br />
criava seu jeito de fazer, tinha seus arquivos individuais com seu acervo de informações. Quando o<br />
profissional saía do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, ou da área de atendimento, levava tudo consigo. Muito pouco, ou<br />
quase nada, havia sobre metodologia de atendimento.<br />
A liderança desse trabalho coube a Gerência de Comunicação e Mercado, que reuniu alguns<br />
dos profissionais que atendiam no Balcão <strong>Sebrae</strong> e, pela primeira vez, passou a desenvolver um<br />
modelo de atendimento ao potencial empresário e ao empresário de pequenos negócios. A equipe<br />
técnica do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> deixou de atender ao cliente e passou a desenvolver metodologias, identificar<br />
tecnologias, normas e procedimentos para viabilização da parceria.<br />
Robert M. Tomasco (1992, p.176) diz que, segundo a “sabedoria popular” num processo<br />
de reestruturação organizacional em que é necessária a redução de pessoal, é melhor “fazer tudo imediatamente,<br />
o mais rápido possível”, de modo que o moral dos empregados seja restaurado, eles não<br />
fiquem chocados com ondas sucessivas de demissões e sintam-se seguros e confiantes na liderança e<br />
direção da empresa. Em um processo de reestruturação organizacional ideal, a seleção daqueles que<br />
ficam deve ser baseada no desempenho individual, até aquela data, e na consideração do seu potencial<br />
de contribuição para a nova estrutura.<br />
Diz ainda (1992, p.206) que promover enxugamento significa “virar de cabeça para baixo”<br />
algumas organizações. Fazer as coisas acontecerem dependerá, fundamentalmente, da habilidade<br />
em fazer surgir o apoio e a cooperação entre as equipes. Os talentos na negociação se tornarão pontos-chave.<br />
94 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
Este foi o modelo adotado, pela diretoria do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, para sua reestruturação, em 1999.<br />
As decisões e ações foram rápidas e precisas. Foram dispensados em torno de 30 profissionais, com<br />
experiência, no sistema, que ia de 05 a 20 anos. Pode-se dizer que a entidade “virou de cabeça para<br />
baixo”. Toda a estrutura vigente deixou de existir, de um dia para o outro, sem aviso prévio. Foi um<br />
grande desafio para aqueles que ficaram e que tinham a tarefa de construir o novo modelo.<br />
Para iniciar este processo, o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> contou com o apoio das federações e empresariais,<br />
o que contribuiu para a condução e apresentação da proposta às suas filiadas. Como base para o novo<br />
modelo, o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> criou 25 Agências de Articulação espalhadas pelo estado que, juntamente com<br />
a diretoria e os novos gerentes operacionais, foram responsáveis por um intenso trabalho de articulação<br />
e arregimentação das parcerias.<br />
Naquela oportunidade, foram celebrados convênios com 230 entidades empresariais. A<br />
assinatura do convênio credenciava a entidade empresarial para o atendimento aos clientes <strong>Sebrae</strong>/<br />
<strong>SC</strong> e venda de seus produtos e serviços, recebendo, para tanto, comissão e ajuda de custo. Ao credenciar-se,<br />
a entidade passava a usar um selo que a identificava como “Entidade Credenciada”<br />
Foi um período de muito trabalho, muita criatividade, de estruturação e tangibilização dos<br />
conhecimentos. Foi o momento de a equipe técnica utilizar o conhecimento adquirido, até então,<br />
sobre as questões fundamentais dos pequenos negócios, e transformar em produtos, ferramentas e<br />
instrumentos capazes de viabilizar o novo modelo de atuação, dentre os quais:<br />
1. Instruções Normativas:<br />
Para regulamentar o processo de credenciamento, estabelecendo as condições mínimas<br />
e atribuindo responsabilidades e direitos aos envolvidos, foi criada a Instrução Normativa de Credenciamento<br />
e, para normatizar o processo e descrever o fluxo de comercialização de cada produto,<br />
foram criadas instruções normativas de cada um dos produtos do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
2 . Teleatendimento <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> (atual Central de Relacionamento):<br />
O serviço de teleatendimento (0800483300 – ligação gratuita) foi implantado, logo nos<br />
primeiros dias da mudança, para realizar o atendimento ao público nesse momento de transição.<br />
O cliente que se dirigia às unidades do Balcão SEBRAE, então com as portas fechadas, encontrava<br />
uma indicação para ligar para o 0800. Esse teleatendimento era realizado pelos consultores internos,<br />
atendentes do extinto Balcão, que explicavam ao cliente o que estava acontecendo e respondiam às<br />
suas demandas.<br />
Esse serviço foi sendo construído e estruturado durante sua execução. Após nove meses<br />
de sua implantação, os consultores internos construíram o modelo de teleatendimento, treinaram e<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 95
epassaram o trabalho para uma equipe terceirizada.<br />
3. A Extranet:<br />
Site, com usuário e senha de acesso, criado especialmente para as entidades empresariais<br />
credenciadas. Na extranet, elas têm acesso às ferramentas de trabalho, sistemas e serviços que auxiliam<br />
no relacionamento com o cliente.<br />
4 Linha Comercial:<br />
Sistema personalizado, desenvolvido para internet, com foco na realização de comércio<br />
eletrônico – ou seja, venda e registro das vendas de eventos, produtos e serviços do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> – pelas<br />
entidades empresariais, com acesso por meio de usuário e senha. Além de todo o processo de venda<br />
ao cliente final, permite o acompanhamento financeiro pela própria entidade credenciada, ou Agência<br />
<strong>Sebrae</strong>, de todas as operações comerciais realizadas pelas mesmas.<br />
5 Programa de Atendimento Segmentado – PAS:<br />
Proposta inovadora e diferenciada de atendimento ao cliente <strong>Sebrae</strong>, por segmentos, e seguindo<br />
o conceito de educação continuada, no qual as soluções são oferecidas por meio das capacitações:<br />
o Caminho do Candidato a Empresário e o Caminho do Empresário. Desaparece a figura do<br />
atendente, que precisa entender de tudo, e se fazia necessária no Balcão <strong>Sebrae</strong>. O atendente precisa<br />
ser bom no atendimento e na venda de ideias, pois seu trabalho é sensibilizar o cliente a participar<br />
de um dos eventos de capacitação, que faz parte dos respectivos caminhos.<br />
O Caminho do Empresário – Programa Crescer, possibilita analisar alguns indicadores de<br />
resultados empresariais e perceber dificuldades individuais e sua interferência nas principais causas<br />
dos problemas empresariais. Identificar seus pontos fracos e fortes e fazer o seu Plano Individual de<br />
Capacitação. Os produtos do Programa Crescer são dirigidos a cada necessidade específica.<br />
6. Manual Eletrônico do Programa de Atendimento Segmentado – PAS:<br />
Omanual eletrônico do PAS foi desenvolvido para proporcionar uma fonte de consulta permanente<br />
sobre todas as questões relacionadas à parceria, com vistas à padronização no atendimento<br />
e em função das dificuldades das entidades credenciadas. no acesso a internet e equipamentos de<br />
informática, e, portanto, ao Sistema Integrado de Informações do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Foram descritas todas<br />
as regras, direitos e deveres que regem a parceria, todos os produtos e serviços do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, a<br />
forma de atendimento, procedimentos e orientações. para que o atendente da entidade credenciada<br />
pudesse realizar o atendimento e a venda trabalhando offline. Escrito em linguagem HTML, era instalado<br />
no computador da entidade e as atualizações, baixadas via internet.<br />
O manual orienta, desde a divulgação dos produtos e serviços, a preparação necessária do<br />
96 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
local e do atendente, orientações de venda, organização e prestação de contas ao <strong>Sebrae</strong> e, principalmente,<br />
sobre a melhor tática de atendimento e venda que deve ser usada para cada tipo de cliente.<br />
Com interface bastante amigável, autoexplicativo, o manual eletrônico do PAS possibilita que um<br />
atendente recém-contratado, que ainda não recebeu treinamento do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, consiga atender um<br />
cliente sem grandes dificuldades, após consultá-lo.<br />
7. Manual do Facilitador:<br />
Focado em todos os eventos (cursos, palestras e consultoria), permite padronização e manualização<br />
do conteúdo técnico e da metodologia de ensino-aprendizagem para adultos.<br />
8. Treinamento e Capacitação dos Consultores e Atendentes:<br />
Foram desenvolvidos e realizados seminários, com os consultores terceirizados, para comunicação<br />
do novo modelo de atuação do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. O momento também serviu para o repasse da<br />
nova forma de execução dos eventos e treinamentos de 16 horas, para os atendentes das entidades<br />
credenciadas, tendo como base o manual eletrônico do PAS. Para monitorar o processo de atendimento,<br />
de acordo com o modelo proposto, tirar dúvidas e ajudar de acordo com as dificuldades dos<br />
atendentes, promovendo o treinamento no próprio posto de trabalho. No primeiro ano de implantação<br />
do PAS, foram criadas monitorias regionais.<br />
9. Sistema Integrado de Atendimento - S.I.A.:<br />
O Sistema Integrado de Atendimento - S.I.A., foi fundamental na implantação do novo<br />
modelo. Para tanto, passou a receber incrementos e melhorias, tanto na parte de textos, quanto de<br />
sistema; possibilitando a utilização, cada vez maior, de todos os seus recursos.<br />
10. Página do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> na Internet – Home Page:<br />
Foi incrementada a oferta de informações, via home page que, na época, tinha em torno de<br />
10.000 (dez mil) acessos mensalmente. Também foi implantado processo de acesso especial com o<br />
uso de senha, gerando atendimento personalizado.<br />
11 Ouvidoria Extranet:<br />
Canal de comunicação permanente, da entidade credenciada, com a sede do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, via<br />
telefone 0800 (ligação gratuita) ou correio eletrônico.<br />
12. Programa Melhores Práticas:<br />
Levantamento e consolidação de indicadores de desempenho relacionados aos serviços<br />
prestados pelas entidades empresariais credenciadas, possibilitando destacar e premiar os melhores<br />
modelos de gestão, para compartilhamento e geração de aprendizado.<br />
Analisando o processo, conclui-se que a parceria gerou alguns bons resultados. Para as<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 97
entidades, pode-se destacar o incremento de recursos financeiros, capacitação da equipe, aumento<br />
do número de associados e melhoria da imagem institucional e presença na mídia.<br />
Pode-se dizer que um dos resultados alcançados, com a parceria, tenha sido a drástica redução<br />
de custos em atividade meio após o fechamento das quase 70 unidades do Balcão <strong>Sebrae</strong>, no<br />
entanto, não foi possível um estudo conclusivo dessa questão.<br />
Cabe registrar, no entanto, que um dos objetivos do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, nessa parceria, era proporcionar<br />
o maior número possível de pontos de atendimento; ou seja, fornecimento de informação e<br />
orientação empresarial aos seus clientes. O que aconteceu foi ausência total, em alguns municípios,<br />
e queda na qualidade; principalmente nas maiores cidades. Fatores devidos a pouca formação, qualificação<br />
e alta rotatividade da mão de obra das entidades. A entidade empresarial não demonstra<br />
interesse em fazer atendimento, principalmente para o candidato a empresário. Seu foco é a venda<br />
de produtos e eventos <strong>Sebrae</strong>, que proporcionam melhores receitas, em comissão e ajuda de custo.<br />
Por essa razão, após um ano de parceria, o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> decidiu retomar o atendimento individual<br />
e transformar 10, das 25 Agências de Articulação, em Agências de Atendimento. Do ponto<br />
de vista institucional, a parceria foi considerada um sucesso para ambos os lados. Embora o <strong>Sebrae</strong>/<br />
<strong>SC</strong> já tivesse trabalhado em parceria com algumas entidades empresariais, anteriormente a esta experiência,<br />
e vários de seus representantes façam parte do seu Conselho Deliberativo, ele sempre foi<br />
visto como um concorrente. Com a parceria, passaram a trabalhar unidos, na missão de prestar os<br />
melhores serviços, para atender as necessidades dos empresários e empreendedores.<br />
Do ponto de vista técnico, a parceria foi e tem sido uma alavanca na geração deconhecimento<br />
para a equipe envolvida com a área de atendimento. Além das soluções já concluídas e implementadas<br />
citadas nesse trabalho, outras ferramentas e metodologias estão sendo discutidas e produzidas<br />
com o objetivo específico de buscar a excelência no atendimento e proporcionar o acesso do<br />
empreendedor a informações e orientações para o planejamento e gestão de pequenos negócios. Do<br />
ponto de vista do cliente houve perda de qualidade no atendimento e na efetividade das respostas as<br />
suas demandas, que vem sendo recuperado. Atualmente é um modelo misto, as entidades vendem<br />
as soluções, mas o atendimento ao cliente é realizado pela equipe do <strong>Sebrae</strong>.<br />
Pode-se dizer que o modelo de atuação do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> é um processo em construção e um<br />
desafio para sua equipe. Muito já se fez, avaliou, melhorou e sempre haverá muito por fazer, já que<br />
nenhum modelo de atuação empresarial poderá ser considerado completo e terminado. Ao contrário,<br />
deve estar constantemente submetido à análise, crítica e avaliação daqueles que são responsáveis<br />
por sua elaboração e de seu público-alvo.<br />
98 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
LEMBRANÇAS<br />
E REFLEXÕES<br />
MINHA TRAJETÓRIA NO SEBRAE/<strong>SC</strong><br />
VIABILIZOU A MINHA MISSÃO DE VIDA<br />
Eugênio Souza Martinez<br />
Iniciei a minha vida profissional, na empresa, há 38 anos, de uma forma muito<br />
peculiar. Se alguém acredita no destino, podemos dizer que foi coisa do destino.<br />
Dia primeiro de Janeiro de 1976, cheguei a Florianópolis, vindo do Rio<br />
Grande do Sul, da cidade de Pelotas. Eu acabara de me formar em administração de empresas;<br />
na primeira turma regular do curso que, neste ano, completa 50 anos de regularização,<br />
curso concluído na Universidade Católica de Pelotas.<br />
O meu objetivo, em Florianópolis, era cursar o Mestrado em Engenharia Industrial<br />
e, para isso, precisava participar de um curso de nivelamento, nos meses de janeiro<br />
e fevereiro. Com isso, poderia acessar uma bolsa de estudos para um pequeno número de<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 99
selecionados.<br />
Nesse período em que estive em Florianópolis, realizando o nivelamento para o<br />
Mestrado em Engenharia Industrial, visitei várias instituições, entre elas o Ibagesc - Instituto<br />
Brasileiro de Assistência Gerencial de Santa Catarina. O instituto tinha sido criado,<br />
sob a liderança do BRDE, para servir de apoio na consultoria em gestão empresarial para os<br />
estaleiros navais de Itajaí que recebiam financiamentos e, na hora de sua aplicação, apresentavam<br />
problemas de gestão. Nessa época, era diretor do Ibagesc o doutor João Zanatta,<br />
técnico do BRDE.<br />
Não tendo conseguido uma bolsa de estudos para realizar o mestrado e, com data<br />
marcada para voltar para a minha cidade natal, decidi ir até ao Ibagesc, me despedir do doutor<br />
João Zanatta. Me impressionara a maneira como ele tinha nos recebido, na época em<br />
que fomos conhecer a instituição, no início de fevereiro de 1976. Não imaginava que, com<br />
aquela visita, se iniciaria um relacionamento de trabalho que duraria 38 anos.<br />
Convidado pelo doutor João Zanatta, participei de um teste, na USP, em São Paulo,<br />
na tentativa de uma vaga no Curso de Especialização em Consultoria Comercial (CONPEC),<br />
que era patrocinado, na época, pelo Cebrae – Centro Brasileiro de Apoio a Pequena Empresa.<br />
O centro foi criado em 1972, como instituição ligada ao Ministério do Planejamento, tendo<br />
como objetivo apoiar várias entidades, nos estados, que desenvolvessem ações de apoio às<br />
pequenas e médias empresas.<br />
Passei no teste e fiquei, de março a julho de 1976, participando deste curso de<br />
especialização em tempo integral. Essa época foi muito intensa, pois vivi um longo tempo<br />
longe da minha família e convivi com colegas de várias partes do Brasil, além de ter tido a<br />
oportunidade de estar numa Universidade do porte da USP.<br />
Em 26 de julho de 1976, eu assino a minha carteira de trabalho como empregado,<br />
não mais do Ibagesc, mas sim do CEAG-<strong>SC</strong> – Centro de Assistência Gerencial do Estado de<br />
Santa. A instituição descendia do Ibagesc e passava, juntamente com outras instituições de<br />
outros estados da federação, a fazer parte de um sistema nacional de apoio às pequenas e<br />
médias empresas; todas elas adotando a sigla CEAG. O CEAG foi sucedido pelo <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>,<br />
com a criação por lei do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro Pequenas Empresas.<br />
Ao CEAG, devo minha mais importante formação profissional, pois ali convivi e<br />
100 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
trabalhei com grandes profissionais que pertenciam ao corpo de consultores do CEAG. Também,<br />
nesta época, partipei de vários treinamentos, em nível nacional, voltados à formação<br />
de consultores para atuação nas pequenas e médias empresas.<br />
Nesse período, eu fazia parte do corpo de analistas que iam para as empresas contratantes<br />
dos serviços do CEAG. Realizava-se o diagnóstico empresarial, que era discutido<br />
com os empresários e, na oportunidade, nós vendíamos os trabalhos de consultoria para<br />
a equipe de consultores realizarem. Vale ressaltar que grande parte da receita necessária à<br />
manutenção da instituição, tinha origem nestes trabalhos.<br />
Foi uma época muito marcante, pois viajamos durante a semana para realizarmos<br />
os trabalhos, que eram, em 95%, no interior do Estado. Sexta-feira chegávamos na sede em<br />
Florianópolis, prestávamos conta das nossas despesas, realizávamos uma reunião geral com<br />
todo o corpo técnico, no auditório. Lá, cada um relatava a sua experiência e suas dificuldades<br />
da semana para o nosso gerente operacional, o engenheiro Amilcar Mência, e para os<br />
supervisores; na época, o Hamilton Peluso, Valdemiro e o Théo. Essas reuniões nos proporcionavam<br />
uma intensa troca de experiências, obtendo um grande apreendizado.<br />
Após a reunião geral, tínhamos uma individual com o supervisor, na qual apresentávamos<br />
o relatório de diagnóstico e o que tínhamos negociado com o empresário. Na<br />
oportunidade, também recebíamos orientação referente ao trabalho da próxima semana.<br />
Às 18 horas de sexta-feira, parte do grupo de consultores tinham um encontro<br />
marcado com o Bar da Katicips, na praça do fim da rua Esteves Junior. Ali, a confraternização<br />
durava até por volta das 22 horas. As histórias da semana corriam soltas, regadas<br />
a muita cerveja e aperitivos. Ressaltamos os grandes líderes dessa confraternização, que<br />
eram: Hamilton Peluso, Celso Lino, Luis Carlos Salenave, Luiz Carlos Brasil, Galego Lima e<br />
Januário Corte.<br />
Em meados de setembro, ocorreu um fato importante. A direção do CEAG, sob<br />
a orientação do agora Cebrae, começava a implantar, no estado, a primeira experiência na<br />
capacitação de microempresários. Nesta época, foi a primeira vez que ouvia falar em microempresa.<br />
O CEAG Santa Catarina foi ao CEAG-RS buscar a experiência de treinamento e<br />
consultoria para esse segmento.<br />
Foi constituído um grupo de consultores, do qual fiz parte, para estudarem esse<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 101
material e formatarem um programa de apoio às microempresas para Santa Catarina. Do<br />
trabalho, resultou numa metodologia que contemplava, durante cinco semanas, reuniões,<br />
três noites por semana, nas quais se discutia temas da gestão empresarial, abrangendo todas<br />
as áreas da empresa; e mais uma noite sobre noções de economia.<br />
Durante o dia, visitávamos as empresas participantes, a partir do agendamento<br />
realizado nas noites dos encontros, com o objetivo de ajudar os empresários a implantar os<br />
conteúdos vistos nos treinamentos da noite.<br />
No ano seguinte, 1979, a nossa equipe contava com três consultores e um coordenador.<br />
Éramos eu, o Sergio Oliveira (Carioca) e o Dilceu Colombelli, com a supervisão do<br />
programa a cargo do Hamilton Peluso.<br />
Depois de alguns anos trabalhando neste sistema, o nosso coordenador foi trabalhar<br />
no PROCAPE; instituição crida pelo governo do estado para capitalizar as empresas,<br />
utilizando recursos do ICMS. Na oportunidade, fui convidado para substituir o Sergio Oliveira,<br />
assumindo, então, a coordenação do programa.<br />
Em função dos bons resultados do programa, a equipe foi aumentada, para atender<br />
à crescente demanda. O programa, nos anos 80, já era realizado em vários estados do Brasil.<br />
Em Santa Catarina, agregou valor, com a transformação para Programa Gerencial e Creditícios<br />
às Micro e Pequenas Empresas.<br />
Inicialmente, esse programa teve como parceiro o BADE<strong>SC</strong> e, depois, o BE<strong>SC</strong>, com<br />
a linha de crédito Pequeno Patrão. Tive o privilégio de ser o responsável pela implantação do<br />
projeto, em nível de estado; bem como fui a pessoa que representava o CEAG no relacionamento<br />
com as instituições, quando o assunto era de natureza técnica do programa.<br />
Com esse projeto, tive a oportunidade de ajudar a criar a Associação Comercial de<br />
Pomerode, juntamente com o colega, na época, Rogério Meirelles dos Reis, e os empresários<br />
de Pomerode, Cid Lang e Salvador Rabake.<br />
Com a criação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, em<br />
1990, que incorporou o CEBRAE, em nível federal e nos estados, as instituições CEAG passaram<br />
a contar com uma receita, vinda de uma contribuição social, para realizar as ações de<br />
apoio às micro e pequenas empresas. Esse fato trouxe ao <strong>Sebrae</strong> uma nova fase de transformação<br />
e desenvolvimento de ações, que iriam contribuir para a nossa consolidação.<br />
102 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
Na era <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> várias ações de que tive oportunidade de participar, marcaram<br />
muito a minha vida profissional tais como:<br />
- Estruturar o setor de feiras e eventos do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, para ser um instrumento de<br />
apoio ao acesso das MPE’s ao mercado nacional e internacional;<br />
- Desenvolver o projeto e coordenar a execução da primeira Feira do Empreendedor<br />
no Sul do Brasil, realizada em julho de 1994 na cidade de Blumenau, tendo sido a segunda<br />
feira, desta natureza, realizada no Brasil.<br />
A Feira do Empreendedor, a partir da edição de Blumenau, se transformaria num<br />
dos maiores projetos do <strong>Sebrae</strong> Nacional, com a implantação do Circuito Nacional da Feira<br />
do Empreendedor;<br />
- Participar, pela primeira vez, de uma feira internacional; a Feira de Hannover, na<br />
Alemanha;<br />
- Coordenar, juntamente com o Henry Quaresma, da FIE<strong>SC</strong>, durante duas edições,<br />
a participação de empresários catarinense na Feira Internacional do Chile;<br />
- Coordenar a participação das MPE’s em feiras nacionais; como Couro Moda, FE-<br />
NIT, FENAC, entre tantas outras.<br />
- Desenvolver o projeto, implantar e, inicialmente, coordenar, juntamente com o<br />
colega, na época, Julio Moser, a realização do Salão de Negócios de Informática. Nossa equipe<br />
realizava eventos em ginásios e clubes sociais das cidades de Santa Catarina, propiciando,<br />
aos pequenos empresários do setor de informática, apresentarem às empresas e usuários às<br />
tecnologias existentes e proporcionando a realização de negócios.<br />
Tenho convicção de que esta ação foi um forte instrumento para o desenvolvimento<br />
deste setor, para as MPE’s; tanto as que participavam como ofertantes de produtos e<br />
serviços, como para os usuários, pelo acesso a novas tecnologias.<br />
Ser designado para estruturar a Coordenadoria Regional Sul, em Criciúma, e depois<br />
ser nomeado para ser seu coordenador, proporcionou-me grandes momentos de realização<br />
profissional, tais como:<br />
- Inauguração da Coordenadoria Regional Sul, junto à sede da Associação Comercial<br />
de Criciúma, que daria início a uma grande parceria por um longo período. Na mesma<br />
época, ter tido a oportunidade de participar das reuniões de diretoria da ACIC me propor-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 103
cionou uma convivência com grandes empresários da região, com os quais obtive um grande<br />
aprendizado, que pude levar para meus trabalhos com as MPE’s.<br />
- Participar da Comissão Provisória que realizou os estudos de viabilidade e constituiu<br />
a organização de microcrédito, Credisol, em Criciúma, e depois ser eleito, por essa comissão,<br />
de forma unânime, para ser o primeiro presidente do Conselho Deliberativo. O conselho<br />
esse teve a responsabilidade de viabilizar e operacionalizar essa instituição financeira.<br />
Essa vivência foi muito gratificante e, em 17 de dezembro de 2001, ainda fui reconhecido<br />
pelo trabalho voluntário realizado, nesta instituição, pelo governo do estado, na<br />
gestão do Governador Esperidião Amim. Foi um momento singular.<br />
- Participar de uma ação, em conjunto com a Associação Comercial de Criciúma<br />
(ACIC), à região do Vêneto, na Itália, onde articulamos a assinatura de um convenio de<br />
cooperação técnica com a instituição Centero Stero del Venetto. Posteriormente, retorno à<br />
Italía, na localidade de Mestre, junto com a Diretoria do <strong>Sebrae</strong> e da ACIC, na época, para<br />
a assinatura do termo de cooperação, que muito contribuiu muito para o meu crescimento<br />
profissional.<br />
- Ajudar a desenvolver o polo da moda do extremo sul, juntamente com o consultor<br />
credenciado, Marcelo do Santos, foi um dos trabalhos mais gratificantes na minha carreira,<br />
dentro do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Graças à intervenção do SEBRAE/ <strong>SC</strong>, por meio do projeto em que eu<br />
era o gestor, tivemos a oportunidade de contribuir para o desenvolvimento de toda aquela<br />
região, que se consolidou como um dos mais importantes polos de confecção. Esse trabalho<br />
é reconhecido por autoridades públicas e empresariais da região.<br />
Ter vívido e conquistado amigos, em todos esses anos de contato com colegas do<br />
sistema <strong>Sebrae</strong>, líderes de entidades de classe, empresários de todos os portes e gestores<br />
públicos, só foi possível porque o <strong>Sebrae</strong> me proporcionou esta oportunidade. É, com certeza,<br />
um legado que vou carregar para o resto de minha vida.<br />
Ter vívido a emoção do reconhecimento do trabalho feito, por aqueles que, de alguma<br />
forma, foram beneficiados, fazendo com que eu me sentisse útil na comunidade em que<br />
estou inserido, também só foi possível porque o <strong>Sebrae</strong> me proporcionou essa oportunidade.<br />
Posso declarar, com convicção, que o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, até esse momento, viabilizou a minha<br />
missão de vida que foi, é, e sempre será ajudar ao próximo.<br />
104 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
ABRACE<br />
O SEBRAE<br />
O DIA EM QUE EU SAIR,<br />
VOU FICAR MUITO EMOCIONADA.<br />
JÁ ESTOU MUITO EMOCIONADA...<br />
Fátima Leontina Ferreira<br />
Meus filhos tinham entre seis e sete anos quando comecei a trabalhar<br />
no <strong>Sebrae</strong>. Hoje, a minha filha também trabalha no <strong>Sebrae</strong>. Eu incentivei<br />
muito para ela estudar e trabalhar aqui e, hoje, ela sempre me<br />
agradece por isso.<br />
Sempre fui muito trabalhadora. Limpava tudo com esponja. Na hora do almoço<br />
do pessoal, eu retirava o lixo, as sobras de café e tudo mais. Rapidamente, limpava todas as<br />
mesas, passava álcool onde podia , para ficar tudo pronto para quando o pessoal voltasse<br />
do almoço.<br />
Carreguei malotes com documentos para banco, para correio, tudo a pé; às vezes,<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 105
os malotes eram muito pesados. Foram tempos de muita economia. No prédio que ficava<br />
na Rua Tenente Silveira, eu e a colega de trabalho, Iracema, limpamos tudinho quando o<br />
<strong>Sebrae</strong> se mudou para lá. Faxina geral.<br />
Comecei a cozinhar no bar da associação dos funcionários, fazia o almoço e o<br />
lanche para os colegas de trabalho. Um dos pratos mais apreciados era o bolo nega maluca.<br />
Houve uma época em que havia pouco leite e, nos supermercados, cada cliente podia<br />
comprar apenas um litro.<br />
Fomos, eu e a Iracema, comprar o leite, cada uma comprou uma caixa de leite.<br />
Saímos do mercado e depois, na rua, trocamos de blusa. Enquanto uma ficou na rua<br />
aguardando, a outra retornou ao mercado para comprar mais uma caixa de leite. Depois<br />
revezamos e assim, conseguimos levar para o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> quatro caixas de leite. A gente se<br />
dedicava muito, parece apenas uma história engraçada, e é; mas também eram tempos<br />
difíceis. A gente fazia cada coisa.<br />
Eu tenho um filho que digo que é filho do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Eu tenho a certeza do dia<br />
em que ele foi concebido. Foi um dia depois de uma festa da associação. Eu e meu marido<br />
estávamos alegres, tínhamos bebido um pouco durante a festa; e não deu outra, nove<br />
meses depois, nasceu o meu filho. Até nisso, o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> tem participação na minha vida.<br />
Durante a gravidez, lembro bem de um dia em que fui fazer serviço de banco e,<br />
por causa de uma chuva muito intensa, acabei ficando totalmente molhada. De volta ao<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, com a roupa toda molhada, acabei tendo que vestir uma das roupas do time de<br />
futebol da associação: calção e camisa de jogo. Acredita!<br />
Já trabalhei em tantas funções, como copeira, cozinheira, almoxarife, fazendo<br />
faxina e até mesmo passando roupa. Aliás, dessa tarefa, também restou uma história interessante.<br />
Um dia, passando roupa, escutei alguém chegando, ouvi passos na escada e,<br />
assustada, me joguei no chão, segurando o ferro de passar na mão. Era a Lurdinha que<br />
vinha subindo, me viu e gritou espantada:<br />
– A Fátima tá grudada no ferro!<br />
E saiu correndo.<br />
Ela achou que eu tinha sido eletrocutada. Eu levantei e continuei a passar a roupa.<br />
Em seguida, chega um bando de gente trazido pela Lurdinha. Todos querendo saber o<br />
106 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
que tinha acontecido A Lurdinha disse:<br />
– Não estavas grudada no ferro? Pensei que estavas morta?<br />
– Se estivesse morta, eu ia estar com o ferro na mão?<br />
Trabalhei, por muito tempo, na central de cópias, tirando cópias e montando as<br />
apostilas para os cursos. Dava muito trabalho e precisava muita atenção. Eu fazia devagar,<br />
para ficar tudo certinho. Sempre procuro prestar muita atenção em tudo o que faço, além<br />
de fazer com muita dedicação.<br />
Para quem chega agora, digo para agradecer e abraçar, abertamente, o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Tem que estudar e melhorar. Eu acabei não conseguindo estudar. O dia em que sair, vou<br />
ficar muito emocionada. Já estou muito emocionada por causa de todas as pessoas que<br />
estão saindo pelo Plano de Demissão Incentiva - PDI.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 107
108 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
JÁ SINTO<br />
SAUDADES<br />
JAMAIS VOU ESQUECER ESTA<br />
TÃO GRATIFICANTE CONVIVÊNCIA<br />
Frederico Mauro Rebhaim<br />
Eu já tinha trabalhado na Epagri (Acaresc) quando recebi um convite do<br />
colega Paulo Ferreira; éramos vizinhos, no bairro Trindade, em Florianópolis.<br />
Nessa época, eu era muito jovem, mexeu comigo. Ainda mais que se<br />
tratava de uma nova atividade, no tal Ibagesc. Morava com meus avós e uma tia, e pedi a<br />
opinião deles. Acabei aceitando o desafio de trabalhar no Ibagesc, além do mais, a remuneração<br />
também era convidativa.<br />
Foi então que começou minha trajetória nos <strong>Sebrae</strong>’s, com S e com C, e as transferências<br />
de prédio, desde a casa velhinha na Rua Esteves Junior, até este novo prédio, na<br />
Rodovia <strong>SC</strong> 401. Um fato marcante foi o confisco implantado pela Zélia, Ministra da Eco-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 109
nomia na época. Certa manhã, quando era tesoureiro Cebrae/<strong>SC</strong>, fui fazer o fechamento<br />
dos saldos dos bancos e, para meu espanto, tudo estava zerado. Mais tarde, recebi a notícia<br />
do confisco, tivemos que colocar trancas e muita chave para não atender os fornecedores<br />
que chegavam para as cobranças.<br />
Neste longo tempo, só tive bons momentos no ambiente <strong>Sebrae</strong>. Nestes quatro<br />
meses aposentado, sinto saudades do convívio com os colegas do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Mas agora é<br />
hora de viver a segunda parte da minha vida, que é aposentadoria. Na minha vida familiar,<br />
foi tudo muito bom. Tive duas filhas e, até os dias de hoje, temos uma ótima convivência,<br />
O <strong>Sebrae</strong> sempre deu apoio nas horas mais difíceis, como tratamento de saúde por conta<br />
do qual tive que ausentar-me do trabalho.<br />
Trabalhei, ao todo, 44 anos da minha vida. Foram seis anos em outros locais<br />
e 40 anos no Ibagesc/Cebrae/<strong>Sebrae</strong>, e foi muito gratificante. Agradeço aos diretores e<br />
gerentes, pela atenção que deram ao programa do PDI – Plano de Demissão Incentivada.<br />
Sou grato, também, pela convivência com pessoas como o Moresco, o Schappo, o Jefferson<br />
Marchioratto e os demais colegas do setor. Jamais vou esquecer esta tão gratificante<br />
convivência.<br />
Já estou chorando, só de escrever estas linhas.<br />
O homem não chora, mas tenho que ir embora...<br />
110 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
COMPROMETIMENTO<br />
E APRENDIZADO<br />
UMA SATISFAÇÃO:<br />
FAZER PARTE DESSA HISTÓRIA.<br />
Gilson Alberto dos Santos<br />
Ao longo deste tempo, foram vários estágios, várias situações vividas desde<br />
a época do CEAG, até a instituição tornar-se <strong>Sebrae</strong>. Penso que a minha<br />
maior satisfação é poder fazer parte dessa história, é ter vivido e<br />
contribuído para esse processo de transformação da empresa. É ter, em algum momento,<br />
deixado uma marca, uma referência do nosso trabalho enquanto agentes de desenvolvimento,<br />
por menor que ela tenha sido.<br />
Em 1979, estabeleci o propósito de vida de ter uma formação superior. Com o<br />
apoio de um primo, hoje Juiz de Direito, saí de Lages, antes de concluir o 2º grau (na época<br />
o curso ginasial), e vim para Florianópolis tentar a vida. Morei com meu primo durante<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 111
cerca de três anos, na época ele ainda não estava formado, mas já tinha família constituída.<br />
Nesse período, ele conseguiu uma vaga para que eu estudasse no Instituto Catarinense,<br />
onde fiz o curso cientifico e conclui o 2º Grau. No ano seguinte, conciliando trabalho e<br />
estudo, comecei a me preparar para o concurso do vestibular da UF<strong>SC</strong>. Nessa época, havia dois<br />
cursinhos renomados em Florianópolis: Bardal e Barriga Verde. Como a grana era curta, fiz o<br />
Barriga Verde. Meu objetivo era o curso de administração de empresas, como primeira opção,<br />
e engenharia civil como segunda. Passei na primeira opção, em 1982, segundo semestre.<br />
Iniciei o curso de graduação na Universidade Federal de Santa Catarina e foi durante<br />
o curso que tomei conhecimento da existência do <strong>Sebrae</strong>, na época CEAG – Centro de<br />
Assistência Gerencial às Micro e Pequenas Empresas. Ao conversar com um colega de curso,<br />
Bruno Proschnov, ele mencionou que trabalhava no CEAG/<strong>SC</strong>. Pedi, então, que ele contasse<br />
mais sobre a instituição, o que ele fazia lá, quais eram as atividades desenvolvidas pela empresa,<br />
etc. Fiquei interessado em conseguir uma vaga e perguntei como era o processo de<br />
seleção, como eu poderia me candidatar ao emprego. Foi então que o Bruno prontamente<br />
marcou uma entrevista para mim com o Luiz Carlos Brasil que, na época, creio, era o gerente<br />
de RH do CEAG/<strong>SC</strong>.<br />
Lembro que, no dia marcado para a entrevista, o senhor Brasil, como era chamado,<br />
também aplicou um teste de conhecimentos com cerca de cinco questões, abordando a parte<br />
contábil e financeira de uma empresa. Ainda na mesma semana, recebi o retorno dizendo que<br />
eu tinha passado na entrevista e no teste e que poderia iniciar no trabalho tão logo possível.<br />
Foi então que pedi demissão no Banco Bamerindus, onde trabalhava no setor de compensação,<br />
no período da madrugada, para entrar no CEAG/<strong>SC</strong>. Isso foi em janeiro de 1987. Logo<br />
que fui contratado, participei do curso de formação de consultores, juntamente com o grupo<br />
de recém-contratados de CEAG/PR. Ficamos em imersão durante sessenta dias, no Centro<br />
de Treinamento e Desenvolvimento de Recursos Humanos – CEDRHA, em Canasvieiras.<br />
Assim que terminou o treinamento, fui trabalhar no escritório regional de Lages,<br />
onde atuei por doze meses, antes de conseguir transferência para Florianópolis, em 1988.<br />
Meu maior desafio foi iniciar a atividade de consultoria gerencial individual. Nessa<br />
época, não havia consultores terceirizados. Toda atividade de instrutoria e consultoria era<br />
112 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
ealizada pelos empregados do CEAG/<strong>SC</strong>. Para tanto, fui um aprendiz de alguns técnicos-<br />
-sêniores do CEAG/<strong>SC</strong>, tais como o Brasil, Costa, Colombeli, Dagoberto; com os quais tive<br />
a grata satisfação de apreender a atividade na prática.<br />
Porém, antes de iniciar nessa nova atividade de consultoria individual, durante<br />
alguns anos, atuei como instrutor do Promicro, que era um programa de apoio gerencial às<br />
micro e pequenas empresas, o qual consistia basicamente em capacitação, que era realizada<br />
no período da noite, durante três horas. Na consultoria individual, trabalhava durante<br />
o dia, mediante visitas às empresas, para implantação dos controles financeiros.<br />
São muitas as lembranças, até mesmo porque os recursos, de modo geral, naquela<br />
época, eram muito difíceis. Isso desde o processo de elaboração das apostilas, o transporte<br />
dos equipamentos utilizados para realização dos cursos, o fechamento dos grupos, etc.<br />
Neste contexto, um fato muito marcante se deu durante uma atividade de comercialização<br />
de um curso de custos, que fui fazer em Caçador. Foi num período de frio muito intenso.<br />
Lembro que, na semana que fiquei em Caçador, dormi uma noite na casa de um colega da<br />
época de república. No dia seguinte, depois de me aprontar para iniciar as visitas às empresas,<br />
me deparei com o carro coberto de geada, após uma madrugada gelada.<br />
Quando vi aquilo, logo fiquei preocupado, porque o carro era movido a etanol e<br />
corria o risco de não dar partida. Nessa época, não existia o reservatório de gasolina, eu<br />
acho... Dito e feito, depois de três tentativas, o fuscão afogou e quase arriou a bateria em<br />
função da insistência. Decidimos, então, eu e o meu amigo, empurrar o danado ladeira<br />
acima, até que tivéssemos forças, para descer com ele na bangela e tentar fazer pegar no<br />
tranco. Foram várias tentativas que não deram certo.<br />
O último recurso foi encostar o fuscão (verde piscina) na frente da casa, abrir<br />
a tampa do motor, esperar o sol aparecer e aquecer as turbinas do possante. Feito isso,<br />
depois de certo tempo, já por volta de umas dez horas da manhã, fiz uma nova tentativa,<br />
girei a chave da ignição e, para minha felicidade, o motor do fuscão deu sinal de vida. Foi<br />
só o tempo de me recompor e ir à luta. Afinal, o grupo de participantes do curso precisava<br />
ser fechado e o Relatório 21A me aguardava, assim que retornasse a Florianópolis.<br />
Eu costumo dizer que tenho memória autolimpante, geralmente, tenho dificuldades<br />
para lembrar algo que tenha acontecido há muito tempo. Contudo, após um esfor-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 113
ço, lembrei de um fato que aconteceu enquanto eu ainda estava no escritório regional de<br />
Lages, na época do CEAG/<strong>SC</strong>.<br />
O acontecido foi protagonizado pelo nosso gerente, na época o senhor Pedro Furtado,<br />
irmão do então deputado estadual Juarez Furtado, lá na década de 80. Contam os<br />
colegas que, certa vez, o doutor Pedro foi, ou veio, a Florianópolis para participar de uma<br />
reunião de rotina dos gerentes com a Diretoria Técnica. Era comum, nas reuniões, haver<br />
um debate a respeito das atividades em andamento nas regionais, das dificuldades e propostas<br />
de atuação. O doutor Pedro era uma pessoa simples e de bom coração e conhecia<br />
muito pouco, ou quase nada, a atividade do CEAG/<strong>SC</strong>; mas era uma pessoa bem relacionada,<br />
a profissão lhe favorecia neste aspecto. Tinha um relacionamento muito forte com<br />
os fazendeiros da região e talvez isso tenha influenciado no seu posicionamento durante<br />
aquela reunião.<br />
Contam os colegas que, no calor do debate, naquela velha busca por receita financeira<br />
(vejam que isso já é antigo no <strong>Sebrae</strong>), lá pela tantas – durante o “tóro de parpite”,<br />
conhecido também como brainstorming ou tempestade de ideias – o doutor Pedro<br />
se empolgou e sugeriu, para o grupo de gerentes e diretores, o desenvolvimento de um<br />
curso com foco no agronegócio lageano, algo que seria inédito na região. Perguntado pelos<br />
colegas sobre o que seria, ele falou com muita propriedade de quem entendia do assunto:<br />
- Ora essa .... um curso de doma para cavalos.<br />
Foi o fim da reunião.<br />
Posso dizer que, ao longo dessa jornada, foram muitas trocas de experiências e<br />
muito aprendizado. Tenho fortes lembranças da época em que trabalhei em Lages. Aprendi<br />
muito com o colega Leônidas Arruda, um velho amigo da época que eventualmente encontro<br />
por aí. Ele me ensinou muita coisa no tocante à atividade de instrutoria e também<br />
de consultoria.<br />
Outra pessoa que deixou grandes lembranças foi meu amigo Norton Luiz Savi.<br />
Nos conhecemos durante o curso de imersão no CEDRHA e nossa amizade se fortaleceu,<br />
anos depois, no período em que atuei como coordenador estadual do workshop Empretec.<br />
Outras amizades se somaram ao longo dos anos, tornando a família <strong>Sebrae</strong> um<br />
elemento muito importante no meu processo de desenvolvimento pessoal e profissional,<br />
114 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
ao longo da carreira na instituição. Não há dúvidas quanto a isso! São inúmeras as lembranças<br />
que nos remetem a essa situação de amizade e convivência, aliada a questão do<br />
aprendizado e troca de experiências.<br />
Para aqueles que estão entrando agora e desejam seguir uma carreira na empresa,<br />
penso que o comprometimento e o constante aprendizado é a chave para o sucesso. Neste<br />
sentido, certa vez, li uma frase estampada em uma camiseta, que dizia “não basta mais<br />
vestir a camisa, temos que ter a marca cravada no peito”.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 115
116 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
O SEBRAE<br />
É UMA E<strong>SC</strong>OLA<br />
ENFRENTAR ALGUNS DESAFIOS<br />
NOS TORNA PESSOAS MAIS FORTES.<br />
Ionita Rosa Lunelli<br />
O<br />
que nos instiga, no <strong>Sebrae</strong>, é a diversidade de conhecimentos, as oportunidades<br />
de conhecer novos assuntos, a falta de rotina, o acesso às<br />
inúmeras informações. São portas que se abrem, em qualquer lugar, e<br />
oferecem oportunidade de crescer como profissional e como pessoa. Amizades são geradas<br />
e desafios constantes são superados.<br />
Iniciei minhas atividades pelo sistema na cidade de São Carlos, fazendo parte<br />
de uma equipe que auxiliava o consultor do PRODER, na época Balcão CEAG. Após esta<br />
pequena experiência, iniciei no <strong>Sebrae</strong>, via entidade empresarial, na cidade de Palmitos,<br />
logo após ter me graduado em administração. Após alguns anos trabalhando concomitan-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 117
temente em Palmitos e São Carlos, surgiu a oportunidade de ser contratada pelo <strong>Sebrae</strong>,<br />
como colaboradora. Nesta época, fui trabalhar na coordenadoria de São Miguel do Oeste.<br />
Permaneci cinco anos naquela cidade; depois trabalhei, por um ano, no Planalto Serrano,<br />
na Coordenadoria de Lages; em seguida, retornei a São Miguel do Oeste. Após este<br />
período, em um processo seletivo interno, pedi transferência para Blumenau, onde me<br />
encontro até hoje.<br />
O maior desafio que vivi foi a transferência de São Miguel do Oeste para Lages,<br />
quando do fechamento da coordenadoria de São Miguel do Oeste. Naquele momento,<br />
toda a minha estrutura profissional e pessoal estava baseada naquela cidade. Saí de um<br />
lugar onde tudo estava aparentemente organizado e parti para o novo. Um sentimento<br />
constante foi a saudade dos familiares. No entanto, fui muito bem recebida e acolhida<br />
naquela coordenadoria e surgiram muitas oportunidades profissionais de aprendizado e<br />
desenvolvimento, o que culminou com o fortalecimento da minha estrutura profissional<br />
e me ajudou a desenvolver e amadurecer como pessoa também.<br />
Enfrentar alguns desafios individuais nos torna pessoas mais fortes para novos e<br />
outros desafios e traz amadurecimento à nossa estrutura emocional.<br />
O <strong>Sebrae</strong> é a minha segunda família, tenho amigos verdadeiros, muitas pessoas<br />
com as quais tive e tenho eterno aprendizado e gratidão; não apenas como profissional,<br />
mas como ser humano. O <strong>Sebrae</strong> é uma escola. Para usufruir de tudo o que ele oferece, é<br />
preciso saber aproveitar o conhecimento, as informações, os contatos; gerando aprendizado,<br />
negócios e troca de experiências. E ter humildade para aprender sempre.<br />
De aprendizado são muitas as recordações. Mas vou falar da mais recente, em<br />
2014, quando tive a oportunidade de fazer uma viagem para Orlando, como prêmio do Concurso<br />
Encantar - Atendimento Individual. Fomos conhecer e estudar no Instituto Disney.<br />
Aprendizado incomensurável e uma experiência única em termos de conhecimento, troca<br />
de experiências com empresários, compartilhamento com a equipe e vivência pessoal.<br />
118 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
GOSTO DE<br />
ALEGRAR A VIDA<br />
CRIEI MEUS FILHOS AQUI.<br />
DEI ESTUDOS PARA ELES AQUI.<br />
A MINHA VIDA FOI AQUI.<br />
Iracema Pires Ferreira<br />
N<br />
a época em que comecei, éramos uma grande família. Um ajudava o outro,<br />
havia uma grande solidariedade. Hoje é um pouco diferente. Até<br />
entendo que os tempos mudaram, mudou a forma de trabalhar, de se<br />
relacionar, e fica mais cada um no seu canto.<br />
No início, tinha muita brincadeira entre as pessoas. Tinha até trote para quem<br />
chegava. A gente pedia para os novatos comprarem carbono com pauta, pedrinha de amolar<br />
pincel. Eles corriam o comércio todo e não encontravam. Outra brincadeira corriqueira<br />
era quando a gente deixava um bilhete na mesa da pessoa com o recado:<br />
- Dona Alminha que falar com você, favor retornar neste número.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 119
A pessoa pegava o recado para retornar e a ligação caía lá no cemitério. Era uma<br />
brincadeira muito comum, não apenas no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, mas em outras empresas. Quem já<br />
estava cansado disso era o pessoal do cemitério, de tanta gente que ligava para lá procurando<br />
a dona Alminha.<br />
Sempre tive um espírito muito alegre, de brincar com as pessoas e de fazer o bem,<br />
o mal nunca. Eu tinha uma amigona e trabalhávamos juntas na lanchonete da associação.<br />
Um dia, juntamente com outros colegas, inventamos para ela uma história de que o estagiário<br />
era o diretor e o diretor era o estagiário.<br />
Ela não conhecia nenhum dos dois. Sendo que os dois envolvidos já sabiam da<br />
brincadeira de antemão, tudo já combinado. Então, eles chegavam até a lanchonete e a<br />
minha amiga ficava nervosa com a chegada do estagiário, que para ela era diretor, e assim<br />
por diante. Até que um dia ela descobriu a verdade e nos divertimos muito.<br />
Depois disso, chegou a época de eleição da diretoria da nossa associação. Em um<br />
dia de votação, eu disse para essa mesma amiga:<br />
– Esse evento é tão chato, tão chato. Vem todo mundo muito chique, de vestido<br />
longo, cabelo e maquiagem. Os homens todos engravatados.<br />
Na verdade, era algo bem simples e isso era tudo mentira minha. E todos os colegas<br />
entraram na brincadeira. Quando ela passava nos corredores e andares,o pessoal<br />
comentava:<br />
– E aí, já escolheu o vestido?<br />
- Com qual roupa você vai?<br />
- Já marcou horário no salão de beleza?<br />
Pois ela andava tão nervosa com o tal evento chique. Ansiosa com a data e preocupada<br />
com tudo. Até que, no dia da votação, ela percebeu que não era nada daquilo, e que<br />
tinha caído em mais uma brincadeira do pessoal. Sempre tive uma amizade muito bonita<br />
com ela, a Anita, que esse ano completou 80 anos. Eu estava lá para comemorar com ela.<br />
Infelizmente, hoje em dia, já não existe mais essa facilidade de brincar.<br />
Comecei como copeira e, hoje, sou telefonista. Quando entrei no <strong>Sebrae</strong>, éramos<br />
cinco candidatas e lembro bem de uma pergunta que fizeram para a gente, na entrevista.<br />
Se alguém lhe desse um tapa no rosto, o que você faria?<br />
120 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
Eu falei que não iria reagir, pois não era da minha natureza. Outras candidatas<br />
responderam que bateriam de volta. Depois, eu soube que ganhei pontos pela resposta<br />
que dei. É assim que sou, não sei discutir e nem brigar com as pessoas. Acho até que eu<br />
sofro mais, por que levo comigo as situações mais difíceis. Por outro lado, adoro brincar e<br />
me divertir com os colegas. Isso sim, sempre.<br />
É muito difícil alguém me ver mal-humorada, muito difícil. Digo que dá para saber<br />
o humor da pessoa só pela voz ao telefone. Teve uma vez que o Murilo, de Criciúma,<br />
me ligou, já era final do dia. Ele sempre me chamava de garotinha e eu a ele de garotinho.<br />
Nesse dia, eu percebi que o “garotinha” não foi o mesmo e perguntei:<br />
– Murilo, está tudo bem com você<br />
Então ele respondeu;<br />
– Dona Iracema, hoje não estou bem. Fui há vários lugares, encontrei várias pessoas<br />
e a senhora, de tão longe, foi a única que me perguntou se estava tudo bem.<br />
Senti-me feliz em poder ter essa proximidade com ele. Sempre gostei de fazer o<br />
bem para todos.<br />
Para os jovens, digo que devem aproveitar muito a oportunidade que o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong><br />
oferece. Aproveitar ao máximo, tudo o que puderem, porque vale a pena.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 121
122 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
UM INTELECTUAL,<br />
UM CARIJÓ E<br />
UM BAIXINHO.<br />
O TRABALHO NOS FAZ BEM E NOS DEIXA FELIZES PELA<br />
CAUSA E SATISFAÇÃO QUE TEMOS TODOS OS DIAS.<br />
Jaime Arcino Dias<br />
Trabalhando há 20 anos numa empresa, com certeza, passei a fazer parte<br />
de uma grande família, formei grandes amizades e relacionamentos que<br />
levarei para o resto da minha vida. Esse convívio e satisfação tornaram a<br />
missão mais fácil e prazerosa, caso contrário, não acredito que as pessoas ficariam tanto<br />
tempo numa mesma empresa.<br />
Meu início no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> aconteceu no ano de 1995, após ter trabalhado 10 anos<br />
em uma empresa privada. Eu participei de duas entrevistas de trabalho, que aconteceram<br />
em um sábado, com o gerente que me contratou na época. Num primeiro momento, achei<br />
que não tinha dado certo; mas, na semana seguinte, fui chamado para iniciar os trabalhos.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 123
Ao chegar ao <strong>Sebrae</strong> para o primeiro dia de trabalho, fui apresentado à sala. Nela,<br />
havia quatro mesas, sendo que uma delas a que abrigava o cafezinho. Já entrei tendo que<br />
tirar a mesa do café de lugar. Numa mesa, tinha um japonês com cara de intelectual; na<br />
outra, um carijó mais brincalhão e, na terceira; um baixinho mais bravo.<br />
Na semana seguinte, já me deram um carro para ir a Lages, num treinamento de<br />
uma semana. O ritmo <strong>Sebrae</strong> de ser e trabalhar. E por aí foi....<br />
Ao longo desses anos, percebi que, desafios, nós enfrentamos todos os dias. Os<br />
desafios marcantes sempre são aqueles que nos trazem oportunidades. Acredito que os<br />
maiores foram as oportunidades de assumir a Agência de Articulação de Joinville e, posteriormente,<br />
a Coordenadoria Regional Norte.<br />
A satisfação que tenho é a certeza de que estamos fazendo um bom trabalho, vencendo<br />
os desafios, contribuindo com a missão da empresa e, principalmente, contribuindo<br />
com as pessoas.<br />
Ao relembrar essa trajetória, um grande aprendizado que o <strong>Sebrae</strong> me proporcionou<br />
foi o trabalho de campo, em que vamos até o cliente, esteja ele onde estiver. Várias ações<br />
e projetos nos levaram a lugares dos mais inusitados, para realizar eventos e reuniões.<br />
Uma passagem marcante foi a época em que participei do PRODER 126. Esse<br />
projeto foi realizado, na maioria dos municípios da região, com reuniões em tudo quanto<br />
é canto: igrejas, escolas, entidades, associações. As atividades envolviam a comunidade e,<br />
junto com as pessoas, realizávamos o nosso trabalho. Outro fato que ainda é lembrado,<br />
até os dias de hoje, foi a ação “O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> vai às praias”, na qual, com o suporte de uma<br />
unidade móvel, realizamos muitos atendimentos nos municípios litorâneos.<br />
A mensagem que posso deixar, para quem passa a fazer parte do <strong>Sebrae</strong> agora, é<br />
que saibam aproveitar as oportunidades. Fiquem atentos ao grande nível de informações<br />
que nos é apresentado e aproveitem a grande vitrine em que estão expostos. Uma marca<br />
como o <strong>Sebrae</strong> engrandece o currículo profissional de cada um de nós.<br />
Ao final de tudo, o principal é que o trabalho faz bem e nos deixa felizes. Por meio<br />
dele, construí relações de confiança e também grandes amizades. O trabalho nos enobrece<br />
pela sua causa e pela satisfação que temos todos os dias com as transformações que promovemos<br />
nas empresas e nas pessoas.<br />
124 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
LIÇÕES<br />
DA JÂNIA<br />
TRABALHAR COM EDUCAÇÃO PARA O<br />
EMPREENDEDORISMO É UM PRIVILÉGIO.<br />
Jânia Maria Campos Schmidt<br />
Quando temos humildade geramos um comprometimento e uma franca<br />
parceria com os colegas. O trabalho integrado é altamente benéfico<br />
para a empresa, pois é por meio dele que se disseminam as informações.<br />
Quem executa suas atividades com o coração é por que tem admiração pela empresa na<br />
qual trabalha. Ser humilde e trabalhar de maneira correta são qualidades importantes<br />
para fortalecer a marca do <strong>Sebrae</strong>. Precisamos fidelizar nosso cliente externo.<br />
O <strong>Sebrae</strong> é verdadeiramente um sistema de informações, são ações desenvolvidas<br />
em muitas atividades econômicas. Todos precisam estar conscientes na relação de ajuda<br />
para chegar aos resultados positivos. Quem chega agora, com o perfil mais atual, vem de<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 125
certa forma mais isolado, vive mais no mundo online do que no real. Para estas pessoas reforço<br />
que sem a interação com os colegas de trabalho, muitas vezes não é possível prover aos<br />
clientes as soluções mais adequadas. Só a troca e a parceria permitem fazer isso com excelência.<br />
O conhecimento tácito surge do convívio com os colegas e por meio do relacionamento<br />
profissional e assim é possível resolver os problemas, atualizar e inovar. Precisamos ter em<br />
mente que somos especialistas em pequenos negócios de múltiplo conhecimento.<br />
Outra questão que considero como relevante, tanto para a empresa, como para o<br />
colaborador, é o estímulo de harmonia e alegria. As pessoas que procuram ser honestas<br />
consigo mesmas e buscam ser felizes naquilo que fazem, trabalham melhor. O equilíbrio<br />
entre campo espiritual e profissional é fundamental para um bom ambiente de convivência.<br />
Havendo essa harmonia o trabalho flui melhor, gerando melhores resultados. Para<br />
isso precisamos ter uma ótima saúde mental e física e uma situação econômico/financeira<br />
também equilibrada.<br />
Somos comprometidos no resultado final com os clientes, apesar de não termos<br />
um compromisso de gerar lucros. Quanto melhor nos relacionarmos entre colegas, mais<br />
facilmente alcançaremos o propósito final. Claro que existem momentos em que as pessoas<br />
não estão tão bem, o que é compreensível. Mas o mau humor ou a má vontade acabam<br />
por contaminar um ambiente e afetam outras pessoas. O melhor é procurar sempre cultivar<br />
um equilíbrio nas relações. Trabalhar com ética e com humildade é o segredo chave<br />
para se chegar à gestão de excelência da qualidade.<br />
Um dos benefícios que o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> proporciona é a capacitação da sua própria<br />
equipe. Eu tive a oportunidade de fazer muitos cursos o que contribuiu muito para o meu<br />
aperfeiçoamento, tanto profissional, como pessoal. Os colaboradores devem abraçar essa<br />
oportunidade e nunca deixar para depois. É um momento chave para cada um na busca de<br />
seu crescimento dentro do sistema. Deve ser colocado no topo da lista de prioridades do<br />
seu dia a dia.<br />
No <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> passamos por muitos processos de avaliação e eu acredito que muitas<br />
pessoas poderiam colaborar mais. Falo isso no sentido de haver mais abertura e oportunidade<br />
para que todos manifestem suas ideias, que realmente colaborem para tornar as<br />
atividades em melhores práticas. Vale destacar que considero extremamente moderna e<br />
126 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
positiva a prática da liberdade de expressão e de autonomia, pois proporcionam subsídios<br />
para estimular o processo criativo e de inovação. Autonomia com maturidade é lógico.<br />
Eu, quando criança, sonhava em ser professora, acabei não sendo na maneira<br />
tradicional, mas o foco de meu trabalho é na educação, considero um privilégio ter aqui<br />
contribuído desta forma.<br />
Ao longo destes anos de trabalho, o período mais importante foi contribuir para<br />
o empreendedorismo de Santa Catarina. Trabalhei 11 anos no Empretec, posso dizer que<br />
valeram por 30. Acredito que o Empretec transformou e continua transformando a vida<br />
de muitos empresários catarinenses, tanto na vida pessoal, como profissional. Eu e o Gilson,<br />
com nosso pequeno grão de areia, que foi atuar com o Empretec, ao longo desse<br />
tempo, contribuímos para o desenvolvimento do Estado, hoje considerado como altamente<br />
empreendedor. O progresso de nossa atuação, ano após ano, foi crescente, em 2000<br />
realizamos 11 seminários, no segundo ano dobrou, e no final foram 57. Esses grãos são<br />
também méritos dos instrutores e selecionadores credenciados e dos colegas de trabalho<br />
que continuam lutando por melhores resultados. Neste período, também trabalhei com o<br />
Roberto Tavares com o Programa <strong>Sebrae</strong> Gestão da Qualidade, onde conseguimos alavancar<br />
ótimos resultados em excelência da qualidade em um expressivo número de empresas,<br />
com a importante ação das equipes regionais.<br />
Outro fator que tenho admiração, junto com os colegas do meu tempo é de que<br />
juntos fizemos um grande trabalho para fidelizar a marca <strong>Sebrae</strong> em Santa Catarina. Nós<br />
fomos e somos, junto aos demais, as pessoas responsáveis por esse processo. O <strong>Sebrae</strong><br />
realmente existe por causa das pessoas e do trabalho que estamos fazendo com lealdade,<br />
amor e carinho para com nosso objetivo principal, atender as empresas de pequeno porte.<br />
Aos novos, apenas que entendam que essa é a maneira adequada para a fidelização de uma<br />
marca.<br />
Agradeço a diretoria e colegas que fizeram parte de minha história dentro do<br />
Sistema <strong>Sebrae</strong>. Como todo encontro tem uma despedida, eu vou, mais levarei todos em<br />
meu coração, já estou vendendo espaço, foi assim que aprendi, estimulando o empreendedorismo...<br />
Grande abraço e beijos a todos!<br />
O homem jamais é uma ameaça, sempre uma promessa...<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 127
128 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
A EXTENSÃO<br />
DA NOSSA CASA<br />
NADA MAIS JUSTO QUE RETRIBUIR<br />
DANDO O MELHOR DE SI.<br />
Jefferson Paulo Gomes Marchiorato<br />
Minha história no SEBRAE começa no ano de 1995. Eu tinha apenas 19<br />
anos e acabara de sair de minha cidade natal, Curitiba, para estudar e<br />
trabalhar em Florianópolis. A necessidade de honrar a minha escolha<br />
fez com que minha rotina fosse muito difícil, no início. Eu estagiava pela manhã em uma<br />
empresa de representações comerciais, na parte da tarde trabalhava em uma empresa de<br />
comércio exterior e estudava à noite, na Unisul, no campus de Palhoça. Em um determinado<br />
momento, não estava satisfeito com o estágio na empresa de comércio exterior. Foi<br />
quando surgiu a oportunidade de estagiar no SEBRAE.<br />
Meu primeiro contrato de estágio foi de seis meses no CDI – Centro de Documen-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 129
tação e Informação, sob supervisão da querida Mônica Guimarães Fontanella. Ali, comecei<br />
a beber da cachaça que é o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. No momento da renovação do meu contrato de<br />
estágio, fui agraciado com a oportunidade de estagiar na minha área de conhecimento,<br />
que é ciências contábeis. Na contabilidade do <strong>Sebrae</strong>, tive a oportunidade de crescer, como<br />
profissional e pessoa, além de construir um excelente relacionamento com as pessoas que<br />
por ali passaram e aquelas que até hoje permanecem.<br />
No primeiro momento, meu contrato estava sob a supervisão do competente<br />
Ênio Gentil Vieira que, com todo o seu jeito “delicado” (risos), me ensinou boa parte do<br />
que sei hoje. Na então Gerência de Orçamento e Contabilidade, pude conhecer pessoas<br />
fantásticas que me ensinaram muito; algumas delas já não fazem parte do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, mas<br />
continuam em minha memória, com outras cultivo uma grande amizade e consideração<br />
até hoje.<br />
A minha contratação se deu em 1997, após dois anos de estágio. O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong><br />
passava por transformações. Os programas nacionais faziam o orçamento crescer em alta<br />
escala e se fazia, então, necessária a contratação de pessoas. Lembro-me que, nesse ano,<br />
foram contratadas diversas pessoas, a grande maioria delas, desconhecidas até então, hoje<br />
ocupam posições de destaque na instituição.<br />
A oportunidade de conviver com pessoas tão queridas, no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> ,fez com que<br />
meu início em Florianópolis fosse mais ameno. Vinha de um berço em que era cercado do<br />
amor de minha mãe, irmãos, e de muitos amigos que tinha construído até então, e aqui<br />
podia contar tão somente com a minha, até então namorada e hoje esposa Patrícia, e sua<br />
família. Sempre fui de fazer muitos amigos e valorizar as amizades e, no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, pude<br />
botar em prática esse meu jeito de ser. Aqui, encontrei pessoas que vieram a se tornar<br />
grandes amigos, em especial meu amigo e compadre Robson Schappo, o qual hoje tenho a<br />
felicidade de ter como gerente. muitos dirão que estou “puxando o saco”(risos), mas ele é<br />
conhecedor de minha admiração por ele e sinto que a recíproca é verdadeira.<br />
No ano de 2008, surgiu meu maior desafio no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Em mais um momento<br />
de mudanças, o senhor Carlos Câmara, que era auditor interno se aposentou e o até então<br />
contador Robson Schappo o substituiu, deixando a vaga de contador em aberto; cargo<br />
para o qual eu tive a felicidade de ser escolhido. Aceitei o desafio e pude contar com a ajuda<br />
130 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
dos colegas no meu amadurecimento profissional. Nesse período difícil, pude contar com<br />
a parceria do Robson e do Frederico.<br />
Como lembrança marcante desse período, levo a crise financeira que o <strong>Sebrae</strong>/<br />
<strong>SC</strong> enfrentou, em 1999, e todo aprendizado que ela me oportunizou. Naquele momento,<br />
trabalhei diretamente com o Ênio Gentil Vieira e com o Robson Schappo, na projeção dos<br />
cenários para nos tirar daquela situação, e pude aprender muito. Depois de passar por<br />
um período como esse, me senti mais seguro e preparado para o desempenho de minhas<br />
funções.<br />
Um relato engraçado, dessa situação, foi o dia em que o gerente apresentou à<br />
diretoria executiva o trabalho que havíamos desenvolvido. Passados trinta minutos, meu<br />
telefone toca. Era o Ênio. pedindo para eu deixar o plano “b” pronto, porque ele teria que<br />
apresentar em uma hora. Eu, sem entender nada, respondi:<br />
- Que plano “b”?<br />
Ele disse que estava descendo. Não havia plano “b” nenhum, era apenas o Ênio,<br />
no alto de sua experiência, ganhando tempo para realizar alguns ajustes.<br />
Os momentos que me recordo, com alegria, do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, como não podia ser<br />
diferente, são as confraternizações. Gosto de estar reunido com os colegas e poder trocar<br />
experiências, beber um “suco” e me divertir. Lembro, com grande alegria e saudosismo, do<br />
tempo do “Coro de Gato”; a banda mais popular do universo <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Não foram poucas as vezes que nos reuníamos na casa onde funcionava a Coordenadoria<br />
de Florianópolis, cujo porão tinha um espaço todo estilizado, para que pudéssemos<br />
demonstrar todos os nossos talentos. Local de festas memoráveis e de muita<br />
diversão, onde não havia hierarquia e tratávamos todos como se fossem amigos há anos.<br />
O amigo Sérgio Pereira que o diga. Lembro-me quando um diretor chegou, na portam e o<br />
Sérgio, sem enxergar muito bem, foi logo convidando para entrar:<br />
- Chega aí Po#*% (num tom de amizade e intimidade).<br />
Fiquei atônito no momento, mas rimos muito quando disse a ele de quem se<br />
tratava (risos).<br />
Recentemente, tive a grande alegria de fazer parte do grupo que desenvolveu o<br />
trabalho relacionado ao PDI. Saber que, de alguma forma, participei desse programa que<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 131
proporcionou felicidade a muitos colegas que participaram ativamente de meu desenvolvimento<br />
profissional me deixou realmente muito satisfeito. Um dos agraciados com o PDI<br />
foi meu colega, em toda essa caminhada, o Frederico Rebhaim. No momento da aprovação<br />
do plano, ele foi a primeira pessoa a quem tive o prazer de comunicar. E pude perceber<br />
sua alegria, ao receber a notícia, bem como perceber a alegria dos demais, ao aderirem ao<br />
plano. Essa satisfação e alegria devo a diretoria executiva, que confiou a mim parte desse<br />
projeto histórico para o <strong>Sebrae</strong>.<br />
Este foi meu primeiro emprego com carteira assinada, somando o tempo de estágio,<br />
lá se vão 20 anos; o que hoje, para mim, é motivo de orgulho. Fico muito feliz<br />
trabalhando aqui e me identifico com a missão. Considero a família <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> a minha<br />
segunda família. Graças ao <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, pude realizar meus sonhos, construir minha família,<br />
me tornar homem de verdade. Serei eternamente agradecido a isso e a melhor forma<br />
de retribuir tudo isso é realizar o meu trabalho com a maior competência possível.<br />
Como mensagem para aqueles chegam, só posso dizer que a melhor forma de<br />
realizar um bom trabalho e ser feliz na atividade, é se doando de corpo e alma. O <strong>Sebrae</strong>/<br />
<strong>SC</strong> deve ser a extensão de nossa casa e devemos zelar por ele como tal. É daqui que tiramos<br />
nosso sustento e realizamos nossos sonhos. Então, nada mais justo do que retribuir,<br />
dando o melhor de si.<br />
132 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
UM TELEGRAMA<br />
GUARDADO COM<br />
CARINHO<br />
TRABALHAR NO SEBRAE É CUMPRIR<br />
UMA GRANDE MISSÃO DE VIDA.<br />
Jefferson Reis Bueno<br />
Um fato que marcou minha trajetória no <strong>Sebrae</strong> foi a transferência recebida,<br />
de Tijucas para Caçador, onde assumi a função de agente de articulação.<br />
Ao chegar na cidade, as pessoas me diziam que alguém que viesse<br />
do litoral não acompanharia o ritmo de trabalho dos serranos. Esse tipo de conversa se<br />
dava até mesmo pela forma como se deu a saída do colega que me antecedeu na função, e<br />
talvez, porque, de alguma forma, a comunidade tivesse essa crença.<br />
No primeiro mês de trabalho, realmente tive muita dificuldade de me aproximar<br />
das entidades de representação, prefeituras, entre outros. Me perguntava se o motivo<br />
estava relacionado ao fato de eu vir do litoral, ou se a região era mesmo difícil. Passados<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 133
esses primeiros trinta dias, pensei:<br />
- Preciso fazer algo que seja impactante para toda a região, assim eles abrirão as<br />
portas e poderei cumprir o trabalho para o qual fui designado, como agente articulador.<br />
Todos os dias, a caminho do trabalho, eu passava sobre aquela estrada férrea e<br />
tinha a curiosidade de saber por que estava desativada. Quem sabe poderia criar um projeto<br />
de turismo, tendo a reativação da ferrovia como principal atrativo, ou até mesmo para<br />
transporte de cargas. Quanto a região não ganharia com isso?<br />
Resumindo, comecei a bater nas portas das entidades, das prefeituras, universidade,<br />
levantando essa bandeira de reativar o trecho. Passados dois meses, estava criado<br />
um grande movimento, que ultrapassou as fronteiras da agência de articulação da região,<br />
chegando até mesmo à cidade de Chapecó no oeste do estado.<br />
Com o movimento em ascensão, consegui, por intermédio da minha rede de relacionamentos,<br />
um contato com o Ministro dos Transportes, na época, senhor Eliseu Padilha.<br />
O mesmo atendeu ao convite de receber uma comitiva de líderes da região. Essa<br />
comitiva foi reunida e nossa audiência com o ministro aconteceu em Florianópolis, onde<br />
entregamos os estudos de demanda reprimida de cargas da região que, posteriormente,<br />
também foram enviados ao Ministério dos Transportes. Estes estudos fizeram parte do<br />
embasamento técnico para o projeto de reativação da Ferrovia do Frango, que ligará Dionísio<br />
Cerqueira a Itajaí, e que representa uma obra de infraestrutura importante do atual<br />
governo Raimundo Colombo.<br />
Finalmente havia alcançado o que desejava, ser conhecido e ter as portas da minha<br />
região abertas para o trabalho de articulação. Depois de três meses da minha chegada,<br />
era atendido nas prefeituras da região e por todos os lugares que passava. Na Perdigão,<br />
principal empresa local, era atendido com distinção pelo diretor de operações da época,<br />
senhor Wladimir Paravisi. Com isso, acabei vencendo aquela barreira que inicialmente havia.<br />
Nos principais eventos e reuniões da região, quando o assunto era desenvolvimento,<br />
a presença do <strong>Sebrae</strong> era indispensável. Essa penetração na sociedade organizada, me permitiu<br />
o fechamento de vários grandes projetos; como exemplo cito o 1º Proder Consenso<br />
pago do estado, na cidade de Caçador.<br />
Minha história, no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, iniciou no ano de 1993. Eu trabalhava na prefei-<br />
134 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
tura do município de São José quando o prefeito, na época, me chamou à sua sala, dizendo<br />
que havia assinado um convênio com o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> para abertura de um escritório de<br />
atendimento. Ele afirmou que o meu perfil atendia aos requisitos para o preenchimento<br />
da vaga, pois a contrapartida da prefeitura municipal era a cessão de um profissional, na<br />
época com 18 anos.<br />
Para que tomasse uma decisão coerente, caso aceitasse o convite, fui até a sede da<br />
empresa, na área de atendimento, conversar com quem trabalhava. Na semana seguinte,<br />
dentro do prazo que o prefeito havia me dado, disse sim à proposta e afirmei a ele que, um<br />
dia, eu me tornaria funcionário do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> e teria meu trabalho reconhecido a nível de<br />
País. Havia me encantado com a missão de ajudar pessoas e comunidades.<br />
A cada troca de prefeito meu salário diminuía; diziam que aumentariam meus<br />
proventos se eu voltasse à prefeitura. Era uma forma de me pressionar a retornar, mas eu<br />
tinha um sonho, ser funcionário do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Cinco anos se passaram, a primeira parte<br />
do sonho foi realizada, fui contratado pelo <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Passaram-se, desde então, 22 anos, durante os quais tive privilégio de me destacar<br />
nacionalmente em vários projetos que gerenciei a ainda gerencio, pois faço parte de<br />
comitês nacionais do <strong>Sebrae</strong> Nacional. Tive a felicidade de realizar a segunda parte do meu<br />
sonho, ao tornar-me referência no País, quando da concepção da metodologia de Centrais<br />
de Negócios. Esta foi nacionalizada para o Sistema <strong>Sebrae</strong> e tive a oportunidade de falar<br />
sobre o tema em vários fóruns nacionais sobre o assunto.<br />
O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> tem a capacidade de realizar sonhos e nos fazer úteis para as comunidades<br />
nas quais estamos inseridos. Significa muito estar aqui, pois passo mais tempo<br />
com a família <strong>Sebrae</strong> do que com a família de sangue; por isso, essa escolha deve ter motivos<br />
maiores que somente o financeiro. O meu desafio individual é permanente, me cobro<br />
muito. Sinto a obrigação de ser um profissional melhor do que eu fui no mês passado, e<br />
essa chama não apagou. O dia que este sentimento não existir mais, acredito não estarei<br />
mais à altura da missão do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Essa escolha e a dedicação pelo <strong>Sebrae</strong> foi retribuída por algo de imenso significado:<br />
ter recebido um telegrama da Diretoria do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, por ocasião do nascimento<br />
da filha. Foi a primeira manifestação de carinho que recebi depois de tê-la pego em meus<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 135
aços. Guardo o telegrama até hoje, e olha que já se passaram 14 anos. E quer saber: o<br />
guardarei pelo resto de minha vida.<br />
136 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
POSSO DIZER QUE<br />
SOU FÃ DO SEBRAE<br />
NESSES ANOS CONTRIBUI UM POUCO E APRENDI MUITO.<br />
Joel Soares Fernandes<br />
Caros colegas, faz 20 anos que trabalho no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Se fôssemos aplicar o<br />
índice NPS (Net Promoter Score), que é uma métrica criada para medir a satisfação<br />
e a lealdade dos clientes das empresas, e que prevê uma nota. de zero<br />
a dez, para indicação da mesma, eu daria nota 9 . Isso significa que eu me enquadraria como um<br />
fã do <strong>Sebrae</strong>, o que é absolutamente verdade. Nesses anos, contribui um pouco e aprendi muito.<br />
Uma das coisas mais impressionantes de trabalhar no <strong>Sebrae</strong>, além da causa nobre,<br />
e de colegas sensacionais, é que nossa empresa propicia a seus colaboradores relacionarem-se,<br />
tanto com pipoqueiros (empresários MEI), quanto com prefeitos, governadores e presidentes de<br />
grandes empresas. Tanto com a praça local, quanto estadual, nacional e internacional.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 137
Isso é algo singular e que propicia uma percepção rica de todo o sistema econômico e<br />
social de nosso estado e do País. Raras empresas oferecem algo semelhante, por isso, há uma vantagem<br />
importante em trabalhar em nosso <strong>Sebrae</strong>; incluindo os que vão sair, pois a experiência<br />
vivenciada fica para sempre no currículo de cada um.<br />
Para esse momento de final de ano, dando um descanso às questões técnicas e, como<br />
esse texto foi escrito numa sexta-feira, dia que batizamos de velocidade mínima e criatividade<br />
máxima, escrevemos um texto leve, que vai muito além das metas, e mostra o lado bem-humorado<br />
de nosso time de colaboradores.<br />
Essa é uma história baseada em fatos reais. Aconteceu em nosso <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Eu testemunhei!<br />
CUIDADO COM O ESTAGIÁRIO QUE VOCÊ CONTRATA<br />
Henrique, gestor de uma importante área de nosso <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, apaixonado por<br />
mulheres bonitas, estava num grande dilema. Escolher, para estagiária, uma dentre três<br />
candidatas: uma morena, outra loira e a terceira, mulata. Quando tinha decidido pela Gisele,<br />
que não era Bündchen, mas era tão sensacional quanto, apareceu, em sua mesa, um<br />
quarto currículo. Era de um homem. E ele, mentalmente, o excluiu como opção. Decidiu<br />
tão somente cumprir a formalidade de entrevistá-lo.<br />
No dia marcado, lá estava o candidato a estagiário, um jovem alto e magro, corpo<br />
atlético, cabelos cacheados e óculos de aros finos e redondos, de intelectual. Estava vestido<br />
à caráter, de terno preto completo e gravata amarela. O Henrique pensou:<br />
- Que cara estranho.<br />
E fez logo a pergunta que ninguém sabia responder:<br />
O que você sabe sobre o SEBRAE?<br />
O candidato disse, na ponta da língua, a missão da empresa, a visão, os objetivos<br />
estratégicos, e sabia muito mais que o Henrique. Disse que, há meses, estudava o <strong>Sebrae</strong>,<br />
pois admirava muito sua causa nobre, e seu sonho maior era fazer parte daquela instituição.<br />
Dominava o Word, o Excel, e falava inglês e espanhol. O Henrique ficou embasbacado,<br />
com tamanha competência e dedicação. Pela primeira vez na vida, a custo de muito pesar<br />
e já com uma ponta de arrependimento, permitiu a razão ser maior que o coração e con-<br />
138 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
tratou o candidato homem.<br />
Como era de costume, ele e sua equipe apelidaram o novo estagiário e o batizaram<br />
de “D”, chocados por tamanha dedicação. O tempo passou e, à medida que tarefas<br />
eram dadas ao “D”, o Henrique perguntava:<br />
- Tudo certo ‘D’?.<br />
Ele respondia:<br />
- Tudo certo.<br />
Mas, quando o Henrique lhe virava as costas para cuidar de outro assunto, o ‘D’<br />
emendava:<br />
- Mas nada resolvido.<br />
As tarefas demoravam a ser cumpridas e muitas ficavam inacabadas. ‘D’ chegava<br />
atrasado e, boa parte das vezes, com muito sono. O Henrique, desconfiado, investigou e<br />
descobriu que o ‘D’ tinha uma vida dupla, e também tripla. Sabia inglês e espanhol e dominava<br />
o Word e o Exccel porque seu projeto pessoal era cruzar as Américas de bicicleta e,<br />
para sobreviver, precisava destes instrumentos. Também imaginou que, trabalhando no<br />
<strong>Sebrae</strong>, teria facilidade em atrair patrocínio para o seu projeto. Trabalhava à noite, como<br />
garçom, para acumular dinheiro para sua viagem.<br />
Henrique decidiu dar uma lição no estagiário ‘D’ e programou uma viagem, levando-o<br />
para um encontro regional do <strong>Sebrae</strong>, com a presença do superintendente da<br />
empresa. ‘D’ ficou impressionado com o discurso do superintendente, que dizia:<br />
- Nas empresas, existem três tipos de empregados: os burros dinâmicos, que<br />
saem fazendo tudo sem pensar; os sábios estáticos, que tudo sabem, mas nada fazem; e<br />
os sábios dinâmicos, que sabem pensar e agir de maneira certa. Vocês, gerentes e gestores,<br />
vão classificar cada um de suas equipes, incluindo os estagiários, e trazer uma lista para<br />
mim. Na viagem de volta à sede, enquanto Henrique dirigia, ‘D’ estava calado, pensativo<br />
e de braços cruzados. Aquela cena irritou Henrique que disparou “Fala alguma coisa ‘D’.<br />
O que você quer ficando assim, calado? Parecer inteligente?”. “Não, Henrique, eu estava<br />
pensando: como você vai me classificar?...Sábio...” O Henrique não deixou o estagiário<br />
completar e com um grande sabor de vingança em seu coração sentenciou “Isto é fácil,<br />
vou colocar você numa categoria que o Superintendente pensa que não existe em nossa<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 139
empresa: pessoa burra e estática, aquela que não sabe pensar e nem fazer”. Sentiu-se vingado.<br />
‘D’ certamente aprendera a lição, pensou.<br />
Na volta à sede, o gerente de Henrique, Renato, tinha uma surpresa para ele;<br />
convidou-o para ir à São Paulo, num Encontro Nacional de Inovação, no qual ele, Renato,<br />
daria uma palestra. O Henrique levou junto o estagiário, como um agrado, antes de<br />
demiti-lo, na volta da viagem, pois o Henrique tem uma alma gigante. No dia do evento,<br />
lá estavam os três, o Renato, o Henrique e o ‘D’. O auditório estava apinhado, com mais<br />
de mil pessoas de todo o Brasil, incluindo empresários, empregados do <strong>Sebrae</strong>, diretores,<br />
e até autoridades políticas.<br />
O evento começou e as palestras iam se sucedendo, quando chegou vez do Renato.<br />
De repente, o Henrique olhou para o lado e viu que ele desaparecera. Pensou:<br />
- Já deve estar se preparando para se apresentar.<br />
Tranquilo, aguardou a palestra do chefe. O cerimonialista entra e anuncia:<br />
- Senhoras e senhores, o Doutor Renato, nosso próximo palestrante, teve um<br />
imprevisto e teve que se ausentar às pressas. No entanto, deixou sua palestra para ser<br />
proferida pelo gestor de sua equipe, o senhor Henrique, que chamamos, neste momento,<br />
ao palco.<br />
O Henrique sentiu uma vertigem e o chão sugar o seu corpo. Tudo rodava em sua<br />
cabeça. Mas ‘D’ ajudou-o a se recuperar e, finalmente, ele se dirigiu ao palco, com passos<br />
lentos, muito lentos. Enquanto caminhava, as únicas palavras que lhe vinham à mente<br />
eram:<br />
- Maçã, macieira, macieiral<br />
O pensamento era fruto de um recente curso de oratória que fizera e prometera<br />
serem, estas palavras, a salvação de qualquer apresentação em público. Ao chegar ao centro<br />
do palco e ver mais de mil pessoas, em silêncio, esperando seu pronunciamento, ele<br />
teve um acesso de tremedeira. E tudo que o público teve foi a imagem de um microfone<br />
cilíndrico, com uma bola na ponta, num vai e vem frenético, para baixo e pra cima, em<br />
frente à boca do Henrique, que só conseguiu balbuciar o seguinte:<br />
- Calma pessoal! Calma, que o microfone não vai gozar.<br />
Diante da explosão de gargalhada da plateia, o cerimonial convidou todos para<br />
140 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
um coffee break, e dispensou o Henrique da apresentação. Neste dia, o Henrique aprendeu<br />
que “D” nem sempre significa o dia “D” de vitória, nem “D” de dedicação. “D” também<br />
pode significar o dia “D”, de desmoronamento. Naquele dia, o Henrique desmoronou.<br />
Na volta, sentados lado a lado no avião, o Henrique ensaiou um diálogo com o<br />
estagiário:<br />
- “D”, não precisa espalhar prá todo mundo o que aconteceu, não é? Especialmente<br />
para o Renato. Isto não pode chegar ao superintendente.<br />
- Não sei, Henrique, sabe? Eu não lembro, como você disse que ia me classificar<br />
naquela lista do superintendente?<br />
- Você não sabe, ‘D’? Eu coloquei, e grifei, que você é um sábio dinâmico!<br />
O Henrique teve que engolir o estagiário, e ‘D’ ficou até o último dia do estágio.<br />
Mas esperto como é, o Henrique tirou uma lição: contratar um estagiário não é<br />
uma tarefa trivial e todo cuidado é pouco. Acima de tudo, ficou super desconfiado de estagiários<br />
homens e inteligentes. Assim, o Henrique tornou-se um gestor sábio e dinâmico,<br />
como queria o superintendente. E está feliz, rodeado de belas estagiárias. Sempre estampando,<br />
em seu rosto, um sorriso um pouco mais aberto que o da Mona Lisa del Giocondo.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 141
142 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
DIAS MARCANTES<br />
ACONTECEM<br />
QUE AS BOAS LEMBRANÇAS SEJAM SEMPRE<br />
INFINITAMENTE MAIORES DO QUE AS<br />
DIFICULDADES QUE TIVEMOS QUE SUPERAR.<br />
Juliana Faria Klann Schmitt<br />
Entrei no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> em 1997, como estagiária da Diretoria Executiva. Estava<br />
cursando o último ano da Escola Superior de Administração e Gerência<br />
(ESAG), na Udesc, quando surgiu essa oportunidade de estágio. Num<br />
primeiro momento, até pela falta de experiência profissional, não vi uma ligação direta do<br />
curso que estava fazendo com as atividades realizadas naquele setor. Mas não demorou<br />
muito tempo para que eu me habituasse com as funções de um gabinete.<br />
Aprendi, no dia a dia, algumas técnicas de secretariado, utilizei os conhecimentos<br />
de organização e métodos (esses absorvidos na faculdade de administração) e, obviamente,<br />
exercitei (e exercito) diariamente as habilidades da comunicação oral e escrita (estas<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 143
aprendidas no curso de jornalismo). Depois de um ano de estágio, fui contratada como<br />
terceirizada. Em mais um ano, fui então efetivada no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, entrando para o quadro<br />
de colaboradores em 1999. Desde janeiro daquele ano, me tornei responsável pela secretaria<br />
da Diretoria Executiva. E, em setembro de 2007, fui designada secretária executiva,<br />
função que exerço até hoje.<br />
No ano de 2011, a Diretoria Executiva me deu a oportunidade de gerenciar interinamente<br />
a Unidade de Gestão de Pessoas por um período de cinco meses. Sem dúvida,<br />
um grande desafio, mas também um período de muito aprendizado e que me trouxe<br />
crescimento profissional, maior segurança, maior interação com os colaboradores e muita<br />
satisfação pessoal e profissional, pelos retornos positivos que tive de vários colegas de<br />
trabalho. Foi um período curto, em termos de tempo, mas intenso em amadurecimento<br />
profissional. E só tenho a agradecer por esse desafio que me foi dado pela diretoria, em<br />
especial ao superintendente, Guilherme Zigelli, pela confiança e por acreditar no meu<br />
potencial.<br />
Neste mesmo ano, tive a missão de coordenar a reunião de encerramento junto<br />
com a equipe da UGP e colegas da Secretaria Executiva. Na palavra dos colegas com mais<br />
tempo de casa, “foi um dia marcante”. Muitos disseram que, há anos, não havia um encerramento<br />
tão bonito. Enquanto os colegas mais novos, que haviam entrado há pouco na<br />
instituição, disseram ter sido “a festa”.<br />
Foi nesse dia, também, que o colega Amauri Emílio Pires entrou de surpresa no<br />
salão, nos momentos finais, vestido de Papai Noel, saudando a todos e deixando a sua mensagem<br />
de Feliz Natal. Recordo, também, que o presidente do Conselho Deliberativo na época,<br />
o saudoso doutor Alcantaro Corrêa, se emocionou com tudo o que viu e fez questão de<br />
relatar, no Conselho Deliberativo, o clima que contagiou a todos no referido evento.<br />
Deste curto período na UGP, vivi mais uma situação de grande aprendizado quando<br />
apresentei uma pauta da unidade na reunião do conselho. Fiquei treinando a apresentação<br />
exaustivamente em casa, especialmente no dia anterior. Tive que pedir à minha<br />
família (meu marido e dois filhos) que saísse de casa naquele dia. para que eu pudesse<br />
ficar treinando, falando sozinha; enfim, repassando toda a apresentação, para não ter o<br />
famigerado “branco” na hora. Quando chegou o dia da reunião, fiz a apresentação e deu<br />
144 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
tudo certo! Assunto aprovado. Quando o profissional se prepara bem e sabe o que está<br />
apresentando, não há o que temer.<br />
Vivia um dilema, quando jovem, entre escolher o jornalismo ou a administração.<br />
Tive a experiência de trabalhar como repórter, antes de ingressar no <strong>Sebrae</strong>. Foi uma<br />
experiência válida, com certeza, mas sinto-me muito feliz com o trabalho que realizo no<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. O mais interessante de tudo isso, é que aplico, no meu dia a dia, os conhecimentos<br />
e práticas de ambos os cursos. Não tive que “abandonar” um em detrimento de<br />
outro. São duas áreas que se complementam e me ajudam, todos os dias, a desempenhar<br />
minha função com qualidade e responsabilidade.<br />
A satisfação e alegria vêm do retorno positivo que recebo das pessoas, ou de algum<br />
colega me solicitando revisar um texto, ou me consultando sobre algum procedimento<br />
interno, pedindo uma opinião. Além disso, atuar na Diretoria Executiva permite que<br />
eu me relacione com todas as equipes das unidades, e posso dizer que essa convivência é<br />
muito boa.<br />
Aos que estão entrando agora, meu “recado” é que aproveitem cada dia de trabalho<br />
no <strong>Sebrae</strong>, pois todo dia aprendemos algo novo, que pode melhorar nosso desempenho<br />
profissional. Aproveitem todas as oportunidades. Tratem a todos com cordialidade,<br />
seja cliente interno ou externo. O tempo que passamos na empresa é bem maior do que o<br />
dedicado a familiares ou amigos. Por isso, é importante fazer um bom uso dele: trabalhar<br />
com seriedade e responsabilidade, relacionar-se bem com os colegas de trabalho e utilizar<br />
o diálogo construtivo. O tempo que vivermos no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> deve agregar coisas boas em<br />
nossas vidas, para que as boas lembranças sejam sempre infinitamente maiores do que as<br />
dificuldades que tivemos que superar.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 145
146 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
ENCONTROS E<br />
REENCONTROS<br />
A VIDA NO SEBRAE É CÍCLICA E DINÂMICA.<br />
Kátia Regina Rausch<br />
Eu entrei na época do Ibagesc, não para trabalhar diretamente no <strong>Sebrae</strong>,<br />
mas na Junta Comercial, como analista de processos de registros de empresas.<br />
Eles precisavam de uma advogada lá.<br />
Algum tempo depois, o governo do estado rescindiu o contrato com o <strong>Sebrae</strong>.<br />
Então, todos os funcionários retornaram ao <strong>Sebrae</strong> e eu fui designada para trabalhar na<br />
Secretaria de Educação do Estado de Santa Catarina, para fazer análise da prestação de<br />
contas de obras e projetos.<br />
Antes de lá chegar, fui instruída a procurar um rapaz, que era engenheiro e que<br />
trabalhava com projetos, pois havia uma prestação de contas de uma contração. O mesmo<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 147
também era do <strong>Sebrae</strong>, foi então que conheci o Sérgio Pereira. Éramos, no total, cinco pessoa<br />
trabalhando na Secretaria.<br />
Neste período, em que trabalhei na Secretaria de Educação, nosso chefe imediato<br />
era o Senhor Aldo da Rosa, que é o pai da Eliane, hoje também nossa colega de trabalho,<br />
atuando na Unidade Gestão de Pessoas.<br />
Depois dessa atividade na secretaria, retornamos todos para o <strong>Sebrae</strong>. Nessa ocasião,<br />
fui designada na primeira equipe do Balcão <strong>Sebrae</strong>: eu, a Telma, o Osni, o Lasmark, a<br />
Margarete, e mais outros colegas.<br />
O que me marcou é que aprendi muito com o Osni sobre contabilidade e, hoje,<br />
depois de ter passado por muitos setores, estou novamente trabalhando com ele.<br />
Mais uma vez, reencontro profissionalmente também a Telma, que me ensinou<br />
a fazer pesquisa. Não havia computador. Fazíamos pesquisas de mercado em listas telefônicas.<br />
Copiávamos e colávamos. Tinha uma funcionária que datilografava tudo e nós<br />
arquivávamos. Dessa forma, quando da solicitação de outro cliente, já estava pronto.<br />
Era muito papel para organizar, todos os dias. Como eu já havia trabalhado na<br />
Junta Comercial e conhecia o processo de registro da empresa, ao vir trabalhar no balcão e<br />
aprender com o Osni e com o Lamarck, conheci o outro lado. Era uma equipe muito bacana.<br />
Os Balcões <strong>Sebrae</strong> foram sendo abertos em várias cidades de Santa Catarina.<br />
Como nós fomos os pioneiros no atendimento ao público, viajamos por todo o estado,<br />
capacitando as pessoas que iriam assumir a atividade nas cidades.<br />
Além de tudo, prestávamos atendimento ao público até que a equipe local estivesse<br />
formada. Ficávamos uma semana, até quinze dias longe de casa, fazendo este trabalho.<br />
Todos os colegas sempre muito parceiros e comprometidos, muitos permanecem até hoje<br />
no <strong>Sebrae</strong>.<br />
Depois de alguns anos, passei a trabalhar na unidade do Urandi, reencontrei o<br />
Sérgio e conheci muitas das suas histórias.<br />
Tínhamos o “panquecário” do Gesser na unidade, uma espécie de mural de pérolas.<br />
Ali, colocávamos todas as situações inusitadas, frases e manifestações pitorescas que<br />
aconteciam ao longo dos dias de trabalho. Um exemplo foi o dia em que um diretor chegou<br />
à unidade e o Gesser estava dormindo. O Sérgio, comentando a situação, diz:<br />
148 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
- Melhor fazer silêncio que ele está pensando.<br />
Essa foi um das pérolas que foi para o “panquecário”. Ali, aprendi sobre marcas,<br />
licitações, convênios, e foi um aprendizado muito grande.<br />
Também atuei na área administrativa, justamente na época da reforma do edifício<br />
da Avenida Rio Branco. Uma grande obra, por conta da qual, inclusive, um dia acabei<br />
quebrando o meu pé.<br />
Acompanhar uma obra dá muito trabalho. Percebi que não é uma tarefa para<br />
mim, lidar com cimento, tinta. Eu nunca fiz uma reforma no meu apartamento tamanho<br />
o trauma que que me rendeu ssa obra do <strong>Sebrae</strong>. Pouco prazo para ficar tudo pronto.<br />
Hoje, estou na coordenadoria, que, em breve, vai retornar para o prédio da Avenida<br />
Rio Branco. Meu receio é ter obra novamente.<br />
A gente percebe que a vida, no <strong>Sebrae</strong>, é muito cíclica. Hora trabalhamos em um<br />
setor, hora em outro; mas sempre em prol da micro e pequena empresa.<br />
Quando atuei na área de políticas públicas, tema que amo de paixão, conheci muitos<br />
municípios, viajei por todo o estado; visitando prefeituras, entidades, órgãos e outros<br />
parceiros para promover a implantação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Percebi<br />
o que o empresários passam em cada um destes órgãos.<br />
É muito interessante voltar a trabalhar com atendimento, tendo esta bagagem<br />
de informação para ajudar as empresas. É muito bom atender e ver o empresário sair feliz<br />
com as informações. Essa é a minha missão atual. É gratificante receber um muito obrigado<br />
e saber que pude fazer a diferença para alguém.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 149
150 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
COMPETÊNCIA E<br />
RESPONSABILIDADE<br />
SOMOS UMA EMPRESA QUE FAZ A DIFERENÇA<br />
Luiz Carlos da Silva<br />
Dentre as recordações que têm grande significado, na minha trajetória no<br />
<strong>Sebrae</strong>, destaco as várias empresas que nasceram pelo atendimento do<br />
Balcão <strong>Sebrae</strong>, na década de 90, e mais de 20 anos depois, ainda são nossos<br />
clientes, buscando soluções para suas necessidades. Isso demonstra a competência, a<br />
responsabilidade, o comprometimento e a seriedade que o <strong>Sebrae</strong> carrega na sua essência.<br />
Iniciei minhas atividades no antigo Balcão <strong>Sebrae</strong>, no ano de 1993. Passei por um<br />
processo de seleção e fui aprovado. Na época, o <strong>Sebrae</strong> apareceu como um empresa altamente<br />
inovadora e provedora de soluções para as empresas, em todos os sentidos. Uma<br />
missão manifestada desde uma simples informação sobre como conseguir um código de<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 151
arras, até a implantação de instrumentos e métodos administrativos.<br />
O <strong>Sebrae</strong> sempre dispôs de várias iniciativas e disponibilizou diversos produtos<br />
inovadores que auxiliavam as empresas a serem mais competitivas, bem como elaborava<br />
e implementava projetos de desenvolvimento econômico que impactavam na transformação<br />
das empresas e regiões no estado. Tenho certeza de que éramos a empresa brasileira<br />
que mais investia na capacitação dos atendentes do Balcão <strong>Sebrae</strong>. Um fato que permitia<br />
termos qualidade e condições de atender os empresários e empreendedores.<br />
Uma preocupação constante foi conseguir atender os clientes com soluções práticas<br />
e que permitissem resolver os problemas de maneira customizada. O que implica a<br />
mim o desafio, também constante, de manter-me atualizado e sempre um passo a frente<br />
das necessidades dos clientes. Por outro lado, ao poder fazer a diferença para as empresas<br />
e empreendedores, é muito gratificante ser reconhecido por isso.<br />
O dinamismo do <strong>Sebrae</strong> é o seu diferencial. É uma empresa excelente, com uma<br />
missão nobre e que faz a diferença na vida das pessoas. Entendo o <strong>Sebrae</strong> não apenas<br />
como mais uma empresa. Reforço que é uma instituição que faz a diferença e contribui<br />
para melhorarmos a nossa sociedade. Valorize o <strong>Sebrae</strong>. Ele abre portas que nem imaginamos<br />
e permite sermos seres humanos melhores.<br />
152 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
PRÓ-ATIVIDADE<br />
PARA ACERTAR<br />
DEDICAÇÃO, COMPROMETIMENTO E<br />
MUITO ORGULHO.<br />
Luiz Roberto Pires<br />
Eu estava há sete meses desempregado, então passei no <strong>Sebrae</strong> e deixei um<br />
currículo na diretoria; se não me engano a pessoa que me atendeu foi a<br />
Margarete. Havia uma vaga de motorista e fui questionado sobre o interesse<br />
em ocupar esta vaga. Eu dirigia, mas nunca tinha exercido a atividade profissionalmente,<br />
para um diretor. Como tinha minha família para sustentar, aceitei o desafio de<br />
imediato.<br />
Nas viagens, meu receio era errar, não encontrar o local indicado no roteiro preparado<br />
pela secretária. Antes de cada viagem, eu me preparava. Se tivesse que ir para<br />
Criciúma, por exemplo, eu ligava lá, para um colega de trabalho, na época o Ademar, e<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 153
pedia todas as informações sobre como chegar. Ao chegar ao <strong>Sebrae</strong>, que funcionava junto<br />
com a ACIC, deixava o diretor e já ia buscar informações sobre próximo local. Sempre que<br />
possível, eu fazia o roteiro antes sozinho, para depois levar o diretor; já sabendo onde ir<br />
e como chegar. Nunca fui motorista profissional, mas agradeço pela oportunidade que<br />
abriu as portas do <strong>Sebrae</strong>.<br />
Em uma das viagens, estávamos retornando de Blumenau ou Brusque, e um dos<br />
diretores me perguntou se eu gostaria de assumir uma vaga no setor administrativo, pois<br />
havia surgido uma oportunidade. Com alegria, disse imediatamente que aceitava; após<br />
oito meses viajando, era uma forma de ficar mais perto da minha família e atuar realmente<br />
na minha área.<br />
Comecei, assim, a trabalhar na área administrativa e financeira. Mais adiante,<br />
as áreas se separaram e acabei ficando no setor financeiro, no departamento de contas a<br />
pagar. Por um curto período de tempo, tive a oportunidade de trabalhar na área de educação.<br />
Foi uma experiência interessante. Mas a minha vocação sempre foi a área financeira e<br />
retornei para este setor que, hoje, é chamado de Unidade de Orçamento e Contabilidade.<br />
Tudo que eu fiz, ao longo de 19 anos, sempre teve dedicação, comprometimento,<br />
pontualidade, assiduidade e muito orgulho. As amizades também são algo especial. Uma<br />
vez, jogando futebol, eu e o Ademar brigamos por algo sem muito sentido, coisa boba.<br />
Chegando em casa, minha esposa perguntou:<br />
– O que você tem?<br />
Então, contei para ela que havia brigado com o Ademar, um grande amigo. No<br />
outro dia, ao chegar ao trabalho, pensei:<br />
- Vou ligar para o Ademar. Não posso ficar com essa sensação ruim.<br />
Liguei, para o <strong>Sebrae</strong> de Palhoça e quem atendeu foi o Betão. Eu disse:<br />
- É o Pires, quero falar com o Ademar.<br />
Quando ele atendeu e comecei a falar, ele nem deixou, disse logo:<br />
- Deixa isso pra lá.<br />
Isso é amizade que existe até hoje.<br />
Neste ano, fiz a opção pelo Plano de Demissão Voluntária – PDI, apesar de já estar<br />
aposentado pelo INSS há uns cinco anos. Alguns dizem que ainda sou jovem e realmente<br />
154 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
me sinto assim. Justamente por isso, tomei a decisão de aproveitar esta oportunidade, enquanto<br />
ainda me sinto motivado e com energia para fazer cosias novas, além de descansar.<br />
O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, para mim, representa uma empresa séria, a partir da qual criei a<br />
minha família. Comparado a outras empresas de grande porte, é diferenciada; oferece salários<br />
e benefícios muito bons, além de uma visão de mundo ampliada e da abertura de<br />
campos de trabalho para quem sabe aproveitar.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 155
156 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
EQUILÍBRIO E<br />
PERSEVERANÇA<br />
BUSQUE EQUILIBRAR REALIZAÇÃO PESSOAL<br />
E OS GANHOS FINANCEIROS.<br />
Márcio Paulo Ribeiro<br />
Lá na década de 70, eu já almejava entrar no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Fiz um curso de<br />
dinâmicas de grupo, com um consultor renomado, que atuava pelo <strong>Sebrae</strong>/<br />
<strong>SC</strong>. Na época, eu trabalhava no BE<strong>SC</strong>, do qual eu saí no ano de 1987, e<br />
decidi entregar um currículo no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Não fui contratado de imediato, mas, algum<br />
tempo depois, fui convidado, pelo <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, a fazer parte de um grupo de consultores,<br />
para desenvolver um projeto em parceria com o governo do estado.<br />
Era o Programa Integrado do Desenvolvimento Socioeconômico de Santa Catarina.<br />
Comecei trabalhando, na região de Mafra, realizando o levantamento de dados sócio<br />
econômicos, juntamente com outros consultores que foram para várias regiões do estado.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 157
O trabalho era uma radiografia econômica dos municípios. Além do levantamento dos<br />
dados, elaboramos uma publicação e cada município recebeu um exemplar, no qual era<br />
possível ver os dados, as oportunidades e as dificuldades. Era um subsídio para as administrações<br />
municipais atuarem no desenvolvimento dos municípios.<br />
Essa forma de trabalho serviu de modelo para outras unidades do <strong>Sebrae</strong>, inclusive<br />
colegas nossos foram convidados a desenvolver a metodologia em outros estados. Eu<br />
retornei ao <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> e trabalhei na Unidade de Administração e Finanças. Nesta unidade,<br />
realizei um trabalho em relação ao mapeamento do patrimônio da organização. Viajei<br />
por todo o estado para fazer esse levantamento e registrar os itens do patrimônio.<br />
Depois, trabalhei cedido ao governo do estado, em um projeto ligado ao Banco<br />
Mundial. Essa atividade durou cerca de cinco anos; iniciou no governo e passou para os<br />
cuidados do Badesc. A atividade que desenvolvi, nesse período, consistia em gerenciar<br />
um recurso 50% originário do Banco Mundial, e 50% do vindo do governo do estado. O<br />
principal objetivo era fornecer subsídio financeiro para ajudar os municípios que tinham<br />
sofrido com as enchentes dos anos de 82 e 83. Minha função era desenvolver os estudos<br />
de viabilidade econômica e financeira àqueles que solicitavam o recurso para aplicar em<br />
projetos nas cidades. Além disso, viajávamos pelo estado, para conferir a aplicação dos<br />
recursos solicitados e fazer os monitoramentos necessários.<br />
Foi na época desse projeto que o Badesc foi transformado em agência de fomento.<br />
Até hoje, a instituição financia projetos com este enfoque. Dos 500 milhões de reais<br />
iniciais colocados à disposição, creio que, hoje, devam estar circulando, para este objetivo,<br />
em torno de 350 milhões de reais. Esse recurso alimenta o Fundo de Desenvolvimento<br />
Municipal – FDM.<br />
Em 1995, retornei ao <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> e passei a atuar com análise de projetos de liberação<br />
de crédito para os empresários junto aos bancos. Na época do crédito, sofri muita<br />
pressão por parte dos empresários; tanto para pular etapas, quanto para obter acesso ao<br />
crédito de forma incorreta. Foram desde ameaças até ofertas de propina. Nunca deixei me<br />
abater e nunca coloquei em risco o nome da instituição, ou o meu próprio, com esse tipo<br />
de situação.<br />
Tive a oportunidade de trabalhar em diversos setores, inclusive em uma unidade<br />
158 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
localizada no município de São José e depois, por algum tempo, na cidade de Itajaí. O<br />
setor mais diferente que trabalhei foi o teleatendimento do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, no qual prestava<br />
informação via telefone aos clientes que entravam em contato.<br />
No início do ano 2000, eu já trabalhava na unidade de tecnologia, na qual permaneço<br />
até hoje; passando pela área de marcas, que deixou de existir no ano de 2004. Mesmo<br />
assim, dei continuidade aos processos que já estavam em andamento. Em outubro de<br />
2015 fiz o acompanhamento da última marca, cujo processo estava em andamento pelo<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> desde aquela época. Me orgulha que, em todos estes processos de registro de<br />
marca, e olha que foram mais de 4.000 que acompanhamos, nenhum dos clientes <strong>Sebrae</strong>/<br />
<strong>SC</strong> foi lesado ou teve seu prazo perdido.<br />
Atuo, hoje em dia, com os processos de certificação de denominação de origem de<br />
alguns projetos ligados ao <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, junto ao INPI, e no Programa de Alimentos Seguros<br />
– PAS.<br />
Aos jovens que anseiam trabalhar no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, ou aos que já trabalham, digo<br />
que é preciso retomar conceitos como perseverança e fazer aquilo que gostam. Hoje em<br />
dia, muitos jovens focam apenas no financeiro, mas é preciso equilibrar as duas coisas. O<br />
meu sonho era ser engenheiro agrônomo na área do campo, da agricultura. Hoje, tenho<br />
em casa um pequeno viveiro para criar um pomar.<br />
Eu não concebo a gente viver aqui nesse planeta da maneira como tem sido. O<br />
meu pensamento é de que precisamos fazer a nossa parte, tanto na vida em sociedade,<br />
quanto no ambiente de trabalho. Fica a dica: viva mais a vida real, menos a virtual. Sei que<br />
a tecnologia é importante e trabalho nessa área, mas, muitas vezes, deixamos virar uma<br />
distração ao invés de uma contribuição.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 159
160 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
NOSSAS<br />
E<strong>SC</strong>OLHAS<br />
UM REFLEXO DAQUILO QUE<br />
SOMOS COMO PESSOA.<br />
Marcondes da Silva Cândido<br />
Quando eu olho para trás, para a minha entrada no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, eu penso:<br />
- Como eu consegui decidir daquela forma e fazer tal escolha?<br />
Eu trabalhava na WEG, uma empresa espetacular, base sólida<br />
da minha formação profissional. Muitos disseram que fiz uma grande besteira, quando<br />
decidi sair. Ao longo de dois anos que lá estive, construí boas relações e fiz muitos projetos<br />
em engenharia da qualidade, que era a minha área.<br />
A fábrica daqui fechou e levou, para Jaraguá do Sul, 40 dos 140 funcionários. Eu<br />
estava entre esse grupo de selecionados. Na última hora, decidi sair, na esperança de conseguir<br />
uma bolsa de mestrado. Quando tomei essa decisão, minha mulher estava grávida<br />
da nossa primeira filha. Naquele momento, eu trocava a WEG pela promessa de bolsa de<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 161
mestrado, acreditando mesmo naquilo que somos.<br />
Durante algum tempo, me questionei sobre esta decisão; porém, seis meses depois,<br />
eu estava trabalhando no <strong>Sebrae</strong>. Comecei prestando um serviço como terceirizado e, depois,<br />
fui convidado a fazer parte do quadro de funcionários. Mas a efetivação levou 40 dias para<br />
acontecer; período em fiquei no limbo, aguardando uma confirmação. O gerente que me contratou<br />
disse:<br />
- Estou te contratando porque precisamos muito de alguém com o teu perfil, embora<br />
acredite que você não ficará mais do que dois anos aqui.<br />
Pois bem. Estou aqui há estou a 22 anos!<br />
Nossa empresa mudou muito neste período. Aliás, só sobrevive quem se adapta e<br />
inova para os novos tempos. Tem uma frase que um colega me disse, certa vez, e que, para<br />
mim, representa um pouco desta mudança:<br />
- O <strong>Sebrae</strong> das antigas tomava chá de rodoviária. O novo toma chá de aeroporto.<br />
Eu não vivi a época mais critica do <strong>Sebrae</strong>, de atrasos de pagamento e da falta de<br />
recursos. Do meu tempo. eu não sei o que é atrasar, um dia sequer, o pagamento. Atuei em<br />
diversas áreas, e sempre com muita responsabilidade. Sempre procurei fazer o melhor, em<br />
todas elas, e me dedicar ao máximo à nossa missão; tendo ciência de que os recursos sempre<br />
devem ser tratados com muita atenção e cuidado.<br />
Certa vez, até mesmo fui questionado sobre de que lado eu estaria em uma determinada<br />
situação de conflito, e eu respondi:<br />
- Se tem algum lado eu não sei. Mas, se tiver algum, definitivamente, eu estou do<br />
lado do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Eu imagino que é por esse lado, o lado do <strong>Sebrae</strong>, que estamos aqui para<br />
dar o melhor de nós e trabalhar.<br />
Essa frase, esse pensamento pautou muito a minha carreira. Trabalhei em diversas<br />
áreas e diversos projetos, sempre com a convicção de que sou um empregado DO SEBRAE.<br />
Aquele que promove o desenvolvimento e leva conhecimento e informação aos pequenos<br />
negócios, tanto os mais simples quanto os mais sofisticados; e com um mundo de variantes,<br />
de necessidades e expectativas.<br />
Atendemos, de atividades muito simples, a negócios que envolvem alta tecnologia.<br />
Esse é o nosso desafio, atender a todos, indistintamente, e com qualidade. E conseguimos<br />
162 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
fazer isso, porque ao longo do tempo nossa empresa priorizou a qualificação do seu corpo<br />
técnico, que é o caminho pelo qual as coisas realmente acontecem.<br />
Hoje, vivemos um processo de desligamento de 21 colegas que aderiram ao PDI.<br />
Mais um marco, que considero fantástico, graças à liderança da Diretoria Executiva. Um momento<br />
que me emocionou muito, aconteceu quando fui entregar a exoneração para um dos<br />
caras mais espetaculares que conheci no nosso <strong>Sebrae</strong>, o Urandi. Eu disse a ele:<br />
- Vim aqui trazer a sua exoneração, como gerente.<br />
Ele pegou o papel, olhou e disse:<br />
- Putz, logo você, que é meu amigo, está me fazendo isso?<br />
Então, respondi:<br />
- Pois eu estou fazendo com a maior alegria do mundo! Você não pode imaginar<br />
como eu estou feliz de fazer isso contigo.<br />
Estou perdendo um grande amigo de convivência diária, no meu trabalho. Mas estava<br />
alegre por ele ter a oportunidade de fechar sua longa jornada, de tantas contribuições aos<br />
pequenos negócios, com muita dignidade e no momento em que ele mesmo decidiu.<br />
A gente fica feliz quando os amigos têm esse tipo de oportunidade. Ele chegou ao final<br />
da sua jornada, no <strong>Sebrae</strong>, íntegro. E que é o mais importante, pôde dizer, missão cumprida.<br />
O que fica é a eterna amizade e uma mistura de sentimentos que, acredito, seja nostalgia.<br />
Situação muito diferente da vivida em 99, quando andei pelo estado, juntamente<br />
com o Sérgio Cardoso, realizando o fechamento das unidades de Balcão <strong>Sebrae</strong>. Muitas vezes,<br />
tinha que entregar uma carta de desligamento involuntário a um colega que eu sabia que era<br />
pai de família e iria passar dificuldades.<br />
Nestas andanças de encolhimento da estrutura física do <strong>Sebrae</strong>, um prefeito, grandalhão,<br />
com mais de um metro e noventa de altura, parou em nossa frente, bateu no peito e<br />
disse, muito rispidamente:<br />
- Daqui ninguém tira o <strong>Sebrae</strong>! Foi então que respondemos:<br />
- Jamais sairemos daqui, prefeito. Vamos apenas retirar os móveis e nos organizar<br />
melhor, para estar cada vez mais presentes e sermos mais efetivos.<br />
Esta ideia deu origem ao PCDRS, (Programa de Desenvolvimento Regional), o qual<br />
tive o prazer de coordenar. Quando eu fiz mestrado, isso não era muito bem valorizado, mas<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 163
contei com o apoio de colegas que me ajudaram e até me deram cobertura para eu poder<br />
estudar. O tema do meu mestrado foi a engenharia da qualidade e, em paralelo, fazendo<br />
o trabalho no <strong>Sebrae</strong>, tive a oportunidade de selecionar o Anacleto para trabalhar nesse<br />
projeto, que durou em torno de cinco anos.<br />
Depois, ele partiu para atuar na Universidade de São Miguel do Oeste e também<br />
na vida política. A vida nos surpreende e tive a grata satisfação de reencontrá-lo, alguns<br />
anos depois, aqui no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, onde ele veio a somar na função de diretor técnico. Algo<br />
que me faz rememorar algo que eu falei, quando assumi a função de gerente, e que um<br />
colega me disse nunca ter esquecido:<br />
- Eu só assumirei o cargo porque existe uma equipe muito capaz. na qual eu posso<br />
confiar e com a qual eu posso compartilhar as minhas dificuldades.<br />
Isso o marcou. Algo simples, que fez uma grande diferença. Era um grupo muito<br />
experiente, não caberia a mim, enquanto gerente, direcionar os passos de cada um. mas<br />
sim coordenar o trabalho. E isso incorporou no grupo. Eu estou aqui para apoiar e abrir<br />
portas, para que as pessoas tenham condições de progredir, tanto do ponto de vista técnico,<br />
quanto do pessoal e intelectual.<br />
O <strong>Sebrae</strong> também me permitiu realizar um doutorado. Não foi fácil. Foi de forma<br />
muito intensa. Ocupou minhas noites, meus finais de semana e ainda um pouco mais.<br />
Sempre incentivei as pessoas a estudarem e se aperfeiçoarem. Isso ajuda, também, na nossa<br />
missão; mas exige muita determinação. Hoje, vivemos uma instituição de conhecimento<br />
em um ambiente muito dinâmico, onde, efetivamente, não materializamos produtos.<br />
Por meio da nossa ação, nós levamos esperança e os clientes, por meio disso, materializam<br />
seu esforço em um produto ou serviço.<br />
Para finalizar, lembro de um fato que aconteceu quando, terminado o mestrado,<br />
eu trouxe o meu diploma e apresentei, orgulhosamente, para a gerente da área de gestão<br />
de pessoas da época; ao que ela respondeu:<br />
- Muito bom! Pena que o <strong>Sebrae</strong> não é um fábrica de especialistas.<br />
O que eu ia dizer...<br />
Eu pedi licença, tirei uma cópia do diploma e fiz questão de, eu mesmo, colocá-lo<br />
na minha pasta de funcionário. Muitos anos se passaram de lá para cá, mudanças aconteceram,<br />
tanto que o slogan atual do <strong>Sebrae</strong> é: Especialistas em Pequenos Negócios.<br />
164 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
O SEGREDO:<br />
ACOMPANHAMENTO<br />
INTENSIVO<br />
O DIA A DIA É TODO DEDICADO À<br />
INOVAÇÃO E À TECNOLOGIA<br />
Marcos Regueira<br />
Eu passei a fazer parte do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> quando o mesmo decidiu apoiar a implantação<br />
da Incubadora MIDI Tecnológico. A ideia de criar a incubadora<br />
nasceu fora do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Foi um projeto desenvolvido pela Associação<br />
Catarinense de Apoio a Tecnologia – ACATE. Esse projeto foi trazido ao <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> pelo<br />
presidente do conselho, na época o senhor Faraco. O assunto foi debatido pelo Conselho<br />
Deliberativo, que concordou com a iniciativa e, então, eu fui contratado. Passei 8 anos trabalhando<br />
dentro da incubadora; era funcionário do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, mas meu local de trabalho<br />
era a incubadora.<br />
Minha função era acompanhar a gestão da Incubadora, todos os processos de se-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 165
leção de empresas incubadas e, depois da seleção, fazer o acompanhamento dessas empresas<br />
até a sua graduação, momento em que estão aptas a “andar com suas próprias pernas”.<br />
O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> sempre apoiou a incubadora do MIDI, tanto com recursos financeiros,<br />
quanto com equipe técnica, cursos e capacitações. Há uns 7 ou 8 anos, eu fui chamado a trabalhar<br />
novamente dentro do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Hoje, essa mesma incubadora é gerida pela ACATE<br />
e eu continuo fazendo o acompanhamento. A equipe de gestão da incubadora desenvolve<br />
relatórios, repassando a mim as informações sobre o andamento das atividades.<br />
É um trabalho interessante. Neste relatório, inclusive, são repassados dados do desempenho<br />
das empresas incubadas; como está o andamento dos processos, das vendas dos<br />
produtos e serviços e do desenvolvimento. São várias questões analisadas para que ocorra<br />
a liberação mensal dos recursos que lá são aplicados. Trata-se de um compromisso com os<br />
resultados das empresas.<br />
Florianópolis, hoje, é referência na área de tecnologia. Eu acompanho esse setor há<br />
mais de 25 anos e pude ver como ele cresceu na cidade e na região. A ACATE, por sinal, foi<br />
fundada há 27 anos, por apenas seis empresas e, hoje, tem mais de 500 empresas associadas.<br />
Isso dá uma pequena noção da importância desse trabalho e dessa evolução.<br />
A gente acompanha tudo, desde o início do trabalho de um incubado. Alguns jovens<br />
chegam com uma ideia na cabeça e acham que está tudo resolvido Pensam que é só encontrar<br />
um espaço para se instalar e, logo, precisarão distribuir senha na porta para atender os<br />
clientes interessados no seu produto. Na verdade, não é bem assim. A experiência mostra<br />
que um bom plano de negócio é fundamental e nada acontece por mágica. É preciso colocar o<br />
pé no chão e refletir. Precisa muita consultoria, muito treinamento, para fazer uma boa ideia<br />
realmente se tornar realizável e lucrativa.<br />
Esse era o trabalho e minha função era fazer a ponte e prover as soluções que o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong><br />
oferece às empresas que estavam nascendo. Na incubadora, existe um diferencial; o<br />
atendimento é intensivo e concentrado, o que faz com que a atuação do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> seja mais<br />
efetiva.<br />
O processo de incubação já começa com uma seleção, como forma de filtrar as melhores<br />
ideias. A gestão da incubadora acontece por meio de uma política de portas abertas. É<br />
166 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
preciso que os empreendedores sintam-se acolhidos, possam apresentar suas agruras, suas<br />
dificuldades. Há quem chore, outros desabafam, outros expõem suas necessidades. Trata-se<br />
de um ambiente e de uma equipe preparada para compreender e auxiliar nesse processo de<br />
criação de um novo produto ou serviço.<br />
Quando internet e telefonia eram serviços caríssimos, ainda havia mais vantagens.<br />
Além do ambiente compartilhado, era um grande benefício ter acesso cooperado a esse tipo<br />
de serviço. Comprar uma linha de telefone era algo muito caro quando foi lançada a incubadora.<br />
Hoje é tudo mais acessível.<br />
Um fato marcante ocorreu quando o MIDI Tecnológico ainda estava na rua Lauro Linhares,<br />
no bairro Trindade. No piso térreo, havia um supermercado e ele pegou fogo durante<br />
a noite. Lembro bem dessa ocasião. Muitas pessoas se mobilizaram para apagar o incêndio.<br />
O grande medo dos incubados era perder todo o trabalho realizado. Hoje, a informação está<br />
na “nuvem”; os projetos podem ser salvos em outros servidores e depois retomados. Naquela<br />
época não tinha isso. Nem os computadores eram como os de hoje.<br />
Lá estavam localizadas umas 30 empresas de inovação e tecnologia. As pessoas ajudavam<br />
os bombeiros. Carregavam mangueiras. Faziam o possível para evitar que o fogo avançasse,<br />
pois poderiam perder o trabalho de meses de muita dedicação.<br />
Hoje, minha atuação é acompanhar os projetos que apoiam dez incubadoras em todo<br />
o estado. Temos projetos focados na gestão das incubadoras, nos quais elas podem demandar<br />
cursos e consultorias para a melhoria do ambiente da incubadora e melhoria de gestão do<br />
processo de incubação.<br />
Além disso, atuo no projeto Sinapse da Inovação, em parceria com a FAPESP, cujo<br />
objetivo é apoiar ideias inovadoras. São 100 projetos selecionados, este ano, para desenvolver<br />
suas ideias com apoio financeiro e apoio do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, a partir de consultorias técnicas.<br />
Realizo a gestão de uma linha <strong>Sebrae</strong>tec específica para empresas das incubadoras.<br />
O meu dia a dia é todo dedicado às empresas do setor de inovação e tecnologia. Essas<br />
empresas não têm fronteiras geográficas. Muitas delas não estão sentindo tanto a crise deste<br />
ano, pois vendem para outros países. Creio que o setor contribui para que Florianópolis ainda<br />
não sinta tanto essa crise, quanto outras cidades que vivem na dependência de um setor<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 167
industrial. Faz com que se mantenham os empregos e que a região passe mais tranquilamente<br />
por esse momento atual.<br />
168 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
CADA UM DE NÓS<br />
COMPÕE A SUA<br />
HISTÓRIA<br />
UMA PREMISSA: NÃO ADIANTA SABER QUE A<br />
INFORMAÇÃO EXISTE É PRECISO DISSEMINÁ-LA.<br />
Margarete da Silva Becari de Abreu<br />
Quando em sala de aula, no ano de 1977, a coordenadora de estágio, professora<br />
Jesus, falou que o CEAG – Centro de Assistência Gerencial de<br />
Santa Catarina – abrira abriu uma vaga para estágio em biblioteconomia,<br />
imediatamente, me manifestei interessada.<br />
Vim para a entrevista e fui atendida pela secretária executiva, que me pediu que<br />
aguardasse, enquanto ela anunciava minha chegada. Eu nem imaginava quem seria meu<br />
entrevistador. Enquanto aguardava, apareceu na sala um homem e perguntou:<br />
- O que estás fazendo aí?<br />
Respondi:<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 169
- Aguardando entrevista para estágio.<br />
Ele retrucou:<br />
- É o Zanatão que vai te entrevistar.<br />
Respondi:<br />
- Não sei se é ele, mas acho que sim.<br />
Ele falou:<br />
- Vou dar uma espiada, para ver o que está acontecendo, e disse:<br />
- Minha filha! Vais esperar muito. Está rolando alguma coisa ali.<br />
Achei graça, mas fiquei na minha. Logo, a secretária me pediu para entrar e disse:<br />
- É o doutor João Zanata, diretor-executivo do CEAG, quem vai te entrevistar.<br />
Tímida do jeito que eu era, tremi nas bases. Mas logo na entrevista, percebi que<br />
era um homem exigente, prático e sem muitos rodeios, que logo foi testando meus conhecimentos.<br />
Disse que, além da estruturação e organização da biblioteca do CEAG, necessitavam<br />
também organizar diversos materiais que estavam nas gerências como, por exemplo, os projetos<br />
de consultoria caso a caso. De pronto, falei de sistemas de arquivamento que facilitariam<br />
acesso aos materiais, por meio de controles. Acredito que também tenha sido prática<br />
nas respostas.<br />
Fui chamada para o estágio e, novamente, me aparece aquele homem que disse as<br />
“gracinhas” enquanto eu aguardava a entrevista. Ele falou:<br />
- Muito prazer. Meu nome é Celso Lino e, a partir de hoje, vou ser seu chefe. Mas,<br />
por mim, podes ficar o resto da vida no CEAG.<br />
Em seguida, deu-me orientações bem pontuais e, desta forma, iniciei o estágio. Formei-me<br />
em 15 de dezembro de 1977 e fui admitida em 02 de janeiro de1978. Comecei, então,<br />
a estruturação e organização da biblioteca do CEAG, além da disseminação da informação<br />
nas gerências. Devido à falta de espaço, no início, não foi possível organizar os projetos de<br />
consultoria caso a caso. Nas muitas mudanças, foi no prédio da Tenente Silveira que conseguimos<br />
espaço para receber o material e organizar os projetos de consultoria, que foram<br />
muito utilizados pelos consultores da época.<br />
Grávida de seis meses do meu segundo filho, em outubro de 1984, participei do<br />
170 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
Primeiro Encontro de Bibliotecários do Sistema Cebrae. Foi bem interessante conhecer as<br />
colegas dos outros estados, bem como também as propostas de trabalhos coletivos, como<br />
tratamento técnico e memória Cebrae, que efetivamente estão se concretizando, agora, com<br />
o Chronus e o Projeto Memória <strong>Sebrae</strong>.<br />
Passei por muitos gerentes, com perfis bem diferenciados. Alguns não entendiam<br />
o trabalho, e outros valorizavam e nos desafiavam. Sendo, que neste período, nas gerências,<br />
tivemos muitos momentos marcantes e deixo como exemplo:<br />
- Contratação de mais uma bibliotecária para o CDI – Centro de Documentação e Informação.<br />
Com o aumento das atividades, a gerência informou que iria ocorrer processo seletivo<br />
para contratação de uma nova bibliotecária, com análise de currículo e entrevista, e deliberou<br />
que eu fizesse a entrevista, analisasse o currículo e definisse quem deveria ser contratada.<br />
Fiz o que o gerente pediu, porém ele, que também fez as entrevistas, não concordou<br />
com a minha seleção. Alegou que eu não soube avaliar bem as candidatas e pediu para eu<br />
mudar a minha decisão. Porém, seus argumentos não me convenceram e eu disse que não<br />
mudaria de opinião. Me arrisquei, é claro.<br />
Então, ele mandou contratar a bibliotecária que ele selecionou e a que eu selecionei,<br />
e passou para nós um projeto com definições que exigiam conhecimentos mais aprofundados<br />
de tecnologia da informação. Como não conseguimos fazer o projeto, um pouco antes do término<br />
do período de experiência, ele mandou demitir as duas bibliotecárias.<br />
A bibliotecária que eu havia selecionado era a Mônica Guimarães Fontanella. Uns<br />
dois anos depois, com a saída deste gerente, que se tornou diretor, fui chamada pelo novo<br />
diretor, que me perguntou sobre o ocorrido. Expliquei os fatos e ele me perguntou, no caso da<br />
contratação de mais uma bibliotecária, se eu chamaria a mesma pessoa. Eu afirmei que sim,<br />
e a Mônica foi novamente contratada para o CDI.<br />
- Atender as demandas da Rede Balcão <strong>Sebrae</strong><br />
Devido a mídia nacional, com o lançamento do Projeto Rede Balcão <strong>Sebrae</strong>, recebíamos<br />
demandas de todo estado de Santa Catarina; seja dos Balcões <strong>Sebrae</strong>, ou das cartas dos<br />
clientes. Estruturamos o Serviço de Resposta Técnica, e contratamos, na época, se não me<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 171
engano, seis estagiárias que nos auxiliavam na busca de informação e resposta aos clientes.<br />
- Descarte dos projetos de consultoria caso a caso – Como íamos mudar para o prédio<br />
próprio, na Avenida Rio Branco, o gerente me informou que, por decisão da diretoria, os projetos<br />
de consultoria deveriam ser descartados. Conversamos, então, sobre microfilmagem e<br />
digitalização; mas, como não tínhamos orçamento, selecionamos os projetos mais consultados<br />
para deixar de modelo, no CDI. Do restante, providenciamos o descarte, já que, nessa<br />
época, o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> não atuava mais com consultoria caso a caso.<br />
- Premiação nacional do Painel de Oportunidades de Negócios na Feira do Empreendedor<br />
Colegas que participaram, em Brasília, do evento de premiação da Feira do Empreendedor<br />
de 2010, de Joinville, me informaram que o stand foi premiado.<br />
Fiquei feliz, pois estruturei as informações das Ideias de Negócios e Classificados de<br />
Negócios, além de receber muitas solicitações do nosso modelo, de outros <strong>Sebrae</strong>/UF.<br />
Apesar de ser tímida e não gostar de falar em público, em 1998, aceitei o desafio e<br />
assumi a Gerência de Informação, que tinha os seguintes projetos: Rede Balcão <strong>Sebrae</strong>; Estudos<br />
e Pesquisas; Editoração e Centro de Documentação e Informação – CDI. O maior projeto,<br />
é claro, era a Rede Balcão <strong>Sebrae</strong> que, se não me engano, tinha mais de 60 unidades no estado,<br />
fruto de parceria com prefeituras e entidades.<br />
E apesar da mídia nacional feita por Lima Duarte, a Rede Balcão <strong>Sebrae</strong> de Santa<br />
Catarina não tinha acesso a internet. Como novata, deliberei junto aos gerentes, para assinarmos<br />
serviços de acesso discado à internet. Isso sem falar com o diretor técnico. Acabei<br />
ganhando uma bronca, pois o responsável pela TI disse que já havia solicitado e tinha sido<br />
aprovado. Argumentei que, com a mídia nacional dizendo que tínhamos acesso à internet e<br />
nossa atuação como rede, era de vital importância o acesso à internet em todos os balcões<br />
<strong>Sebrae</strong> de Santa Catarina. E aí, ficou tudo bem.<br />
Na época, o diretor solicitou que fizéssemos um projeto, com a UF<strong>SC</strong>, para implantação<br />
de um sistema de atendimento online. Em reunião com a UF<strong>SC</strong>, verificamos que não<br />
teríamos recursos para o desenvolvimento do sistema.<br />
Tomamos conhecimento que o <strong>Sebrae</strong>/PR tinha desenvolvido um sistema similar<br />
ao que estávamos pensando. Conversamos com a gestora do projeto no <strong>Sebrae</strong>/PR, Mirela<br />
172 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
Malvestiti, que hoje é gerente da UCE no <strong>Sebrae</strong>/NA e, prontamente, fizemos um acordo de<br />
cooperação técnica com o Paraná.<br />
Assim, trouxemos a Santa Catarina o Sistema Integrado de Atendimento – SAI, e<br />
todos os colaboradores da sede e Rede Balcão <strong>Sebrae</strong> foram capacitados a utilizá-lo. Apesar<br />
do tempo, as adequações com novos módulos e versão web feitas, permitem que o sistema<br />
ainda continue ativo e atenda todo o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Neste ano e meio que estive à frente da Gerência de Informação, outras ações que<br />
considero interessantes foram o lançamento do livro História do <strong>Sebrae</strong> Catarinense, muito<br />
pesquisado até hoje, e também os lançamentos do Balcão Móvel e da versão Balcão Móvel Vai<br />
às Praias. Lembro que, na minha despedida, o diretor técnico, doutor Paulo Ferreira. me falou:<br />
- Obrigado, Margarete, pelo pouco tempo de gerência e o bom trabalho que você fez<br />
pelo <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> sempre zelou pela capacitação de seus colaboradores e, neste período<br />
que estive no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, fiz três pós-graduações e muitos cursos. Um dos cursos que, para<br />
mim, foi marcante foi o de neurolinguística, com o professor George. Auxiliou-me muito,<br />
para o atendimento ao cliente, o conceito de ‘rapport’; ou seja, se manter no nível do cliente.<br />
Voltei a atuar no CDI e passei a trabalhar mais com a disseminação da informação,<br />
com a estruturação de informações para o atendimento – soluções <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, legislação e<br />
ideias de negócios. Além do SAI, essas informações eram também acessadas no site do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
As ideias de negócios eram organizadas por investimento e disseminadas pela internet;<br />
tivemos, inclusive, matérias jornalísticas publicadas em outros estados.<br />
Pelas estatísticas apresentadas pelo Alexandre, do Setor de Tecnologia da Informação,<br />
tínhamos uma média de 60 mil acessos mensais ao site do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. E para o atendimento<br />
presencial, nas Oficinas <strong>Sebrae</strong> e em todas as Feiras do Empreendedor, até 2014,<br />
estruturamos as ideias, por investimento, em painéis, que sempre tiveram uma ótima demanda<br />
de público, durante o evento.<br />
Auxiliei, também, no Projeto de Desenvolvimento de Ideias de Negócios, em nível<br />
nacional. Selecionamos e aprovamos os conteúdos de várias de ideias que estão hoje disponíveis<br />
no Portal do <strong>Sebrae</strong> Nacional. A ação gerou uma matéria na Revista Pequenas Empresas.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 173
Grandes Negócios, em novembro de 2009, intitulada: “Celeiro de boas Ideias”.<br />
A reportagem destacou as ideias de Santa Catarina: agência de emprego; borracharia;<br />
centro de estética; comercialização de agua mineral; criação de ostras; empresa<br />
de reciclagem; encadernação; fabricação caseira de chocolate; fábrica de gelo; floricultura<br />
home office; Lan house; loja de calçados; loja virtual; microcervejaria; pizzaria; representação<br />
comercial; salão de beleza, serviço para idosos e spa urbano.<br />
Enquanto estive no CDI, a tônica de meu trabalho foi a disseminação da informação.<br />
Como bibliotecária, sei que não adianta saber que a informação existe é preciso<br />
disseminá-la. Sempre pautei meu trabalho por essa premissa, desde que iniciei meus trabalhos<br />
na biblioteca do CEAG, de forma manual; datilografando os boletins e divulgando<br />
nas gerências Nos últimos anos, participei dos Programas de Ensino a Distância - Programa<br />
Faça e Aconteça, Varejo Fácil, Portal <strong>Sebrae</strong>, Portal de Atendimento e outros.<br />
No início de 2015, sabendo que o PDI estava para ser aprovado, fiz o repasse de<br />
conteúdos para os colegas Mônica e Leandro, que estão dando continuidade e, com certeza,<br />
aprimorando as soluções. Na minha despedida do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, encaminhei, a todos os<br />
colegas, a mensagem a seguir:<br />
Queridos,<br />
Me aposentar no <strong>Sebrae</strong> é mais um dos meus sonhos realizados. E a palavra que me<br />
vem à mente, neste meu momento de despedida, é agradecimento.<br />
Agradeço a Deus pela oportunidade da vida, pela família, que sempre me apoiou, e pelo<br />
trabalho no <strong>Sebrae</strong> em Santa Catarina.<br />
Se me perguntarem quando comecei a trabalhar, não vou saber dizer. Lembro que trabalho<br />
desde criança. Comecei aqui, como estagiária, aos 20 anos, e fui contratada aos 21, agora<br />
com 58 anos de idade e 37 anos no <strong>Sebrae</strong> em Santa Catarina, sem contar o período de estágio,<br />
sei que tenho mais tempo de casa do que a idade de muitos que estão iniciando nesta empresa que<br />
aprendi amar e admirar, principalmente pela sua nobre missão.<br />
Jamais esquecerei os colegas e amigos que aqui vou deixar e sou grata, também, por<br />
todos os colegas e amigos do Sistema <strong>Sebrae</strong> que tive o prazer de conhecer. Além de todas as vivências<br />
e oportunidades de troca, aprendizado e acolhimento, sempre fui compreendida em todas<br />
174 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
as situações, o que, com certeza, me tornou uma pessoa melhor.<br />
Com relação à aprovação do PDI – Plano de Demissão Incentivada – agradeço à diretoria<br />
do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, a equipe do projeto, e fica um agradecimento especial ao empenho do diretor<br />
Sérgio Cardoso, pelo seu otimismo. Ele muito lutou pelo PDI e, sempre que nos encontrávamos,<br />
me dizia:<br />
- Pode aguardar que o PDI vai ser aprovado.<br />
Em homenagem aos colegas e amigos, deixo esta música, “Tocando em frente” cuja letra,<br />
para mim, soa como poesia.<br />
Ando devagar<br />
Porque já tive pressa<br />
E levo esse sorriso<br />
Porque já chorei demais<br />
Hoje me sinto mais forte<br />
Mais feliz, quem sabe<br />
Só levo a certeza<br />
De que muito pouco sei<br />
Ou nada sei<br />
Conhecer as manhas<br />
E as manhãs<br />
O sabor das massas<br />
E das maçãs<br />
É preciso amor<br />
Pra poder pulsar<br />
É preciso paz pra poder sorrir<br />
É preciso a chuva para florir<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 175
Penso que cumprir a vida<br />
Seja simplesmente<br />
Compreender a marcha<br />
E ir tocando em frente<br />
Como um velho boiadeiro<br />
Levando a boiada<br />
Eu vou tocando os dias<br />
Pela longa estrada, eu vou<br />
Estrada eu sou<br />
Todo mundo ama um dia<br />
Todo mundo chora<br />
Um dia a gente chega<br />
E no outro vai embora<br />
Cada um de nós compõe a sua história<br />
Cada ser em si<br />
Carrega o dom de ser capaz<br />
E ser feliz<br />
Abraços a todos e podem continuar contando comigo.<br />
176 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
VI O SEBRAE/<strong>SC</strong><br />
ACONTECER<br />
DA MÁQUINA DE E<strong>SC</strong>REVER, PASSANDO<br />
PELO TELEX, PELA MÁQUINA ELÉTRICA,<br />
ATÉ A ERA DOS COMPUTADORES.<br />
Margareth Wendhausen<br />
Havia uma conhecida que trabalhava no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Ela era da cidade de<br />
Tubarão e alugava a casa da minha mãe. Ela estava para casar e disse<br />
que iria sair do CEAG. Na época, eu já trabalhava, há mais de um ano,<br />
na Sul América Seguros. Como o diretor era meu tio, decidi procurar outra empresa, e me<br />
interessei pelo CEAG. Achei que seria um bom emprego e queria fazer algo diferente. Ela<br />
me passou o telefone do CEAG e eu liguei, mas disseram que não havia nenhuma vaga.<br />
Minha colega insistiu para eu marcar um horário com a secretária e consegui.<br />
No dia marcado, fui atendida pelo diretor, na época era João Zanatta. Fui com<br />
a cara e a coragem. Conversei com ele e expus a situação. Ele viu meu nome e disse que<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 177
conhecia o meu tio, que era o Diretor da Sul América Seguros, e me perguntou por que eu<br />
estava saindo de lá. Eu falei que gostaria de fazer algo diferente. Fiz a prova de seleção e um<br />
teste de datilografia. Lembro bem desse dia. Era uma turma de rapazes – entre eles estavam<br />
Claudio Nienkoetter, Renato Rosa Xavier, Frederico Rebhaim, e mais outros colegas – e eu,<br />
ali, no meio deles, fazendo uma prova de datilografia.<br />
Um mês depois, me chamaram. Foram, inicialmente, três meses de experiência e<br />
depois fui admitida. Comecei como datilógrafa, passei para a função de secretária, e em seguida<br />
secretária executiva. Ao longo deste tempo, trabalhei em todas as áreas do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>:<br />
Gerência de Operações, Gerência de Treinamento Empresarial, Promicro, Pronagro; e muitas<br />
outras gerências que já não recordo o nome. Trabalhei com muitas pessoas, vi o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong><br />
acontecer. Desde a máquina de escrever tradicional, passando pela máquina elétrica e, depois,<br />
a era dos computadores.<br />
Lembro bem da época do projeto PIDSE - Programa Integrado de Desenvolvimento<br />
Socioeconômico – um convênio com governo do estado de <strong>SC</strong>. Foram 103 municípios com<br />
projetos a digitalizar. Na época, estavam começando a surgir os computadores. Tivemos que<br />
aprender muito rapidamente, pois todos os projetos precisavam estar prontos em seis meses.<br />
O CEAG, inclusive, não tinha computadores. Fomos fazer esse trabalho na Secretaria<br />
de Planejamento, utilizando os computadores da secretaria que, na época, ainda estavam<br />
encaixotados.<br />
Uma professora nos ensinou a utilizar a ferramenta, mas o primeiro programa que<br />
aprendemos, não funcionou, porque os relatórios do PIDSE tinham muitos gráficos. Trocamos<br />
de programa, aprendemos tudo de novo; para, então, fazer o trabalho. Digitávamos o dia<br />
inteirinho, de manhã à noite. Foi em tempo integral.<br />
Durante anos, trabalhei com diversas áreas de projetos; depois, fui trabalhar na Gerência<br />
de Administração e Finanças, no setor jurídico, com o objetivo de organizar todos os<br />
documentos de projetos: contratos, convênios, prestações de contas para atendimento às<br />
auditorias internas e externas. Até aí, não existia organização neste setor e eu me envolvi<br />
com todas estas documentações. Fui buscar, nas empresas atendidas, todas as prestações de<br />
contas, organizando todos os processos em pastas coloridas, e também cadastrando tudo no<br />
178 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
computador, para atendimento da auditoria.<br />
Junto com os advogados, organizamos toda a papelada; relatórios, contratos. Foi<br />
um estresse; espalhei documentos por todo o chão e fui organizando tudo, passo a passo. Foi<br />
um trabalho exaustivo, mas muito necessário e gratificante. Sempre gostei de leis e contratos,<br />
meu desejo inicial era cursar direito, mas devido à falta de oportunidade, na época, não<br />
consegui chegar lá. A área jurídica, e também a área de feiras e eventos, foram aquelas em que<br />
tive maior satisfação em trabalhar.<br />
Depois da área jurídica, fui convidada para coordenar o Balcão <strong>Sebrae</strong> da sede, no<br />
atendimento ao público. Foi também uma atividade maravilhosa, que exigiu muita dedicação<br />
aos nossos principais clientes: o micro e pequeno empresário. Foi muito gratificante. Passávamos<br />
o dia todo conversando com as pessoas e esclarecendo dúvidas, oferecendo produtos<br />
e serviços do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Muitas vezes, eu chegava exausta em casa e não queria falar com<br />
ninguém, pois tinha passado o dia todo conversando com os clientes, prestando atendimento.<br />
Foi um período muito bom, conheci muitos empresários, muitas pessoas em busca de<br />
uma oportunidade de negócio. Também nesta época, tive a oportunidade de conhecer nossos<br />
consultores e instrutores credenciados.<br />
Passada a época do Balcão <strong>Sebrae</strong>, fui para a Gerência de Projetos desenvolvidos por<br />
todo o estado. Auxiliava todos os gestores da área em seus projetos, fazia acompanhamento<br />
das metas, acompanhamento financeiro, pagamentos, organização de feiras e eventos, contratos,<br />
convênios, missões empresariais, e tudo mais. Nesta época, perdi a função de secretária<br />
executiva e rebaixei para assistente, devido ao novo plano de cargos e salários.<br />
Como não tinha formação superior, fui correr atrás e voltei a estudar. Fiz o vestibular.<br />
Meu sonho era fazer direito, mas não consegui; passei para pedagogia e resolvi cursar<br />
pois no plano de recursos humanos estava prevista esta área de atuação. Viajava todas as<br />
noites para estudar na cidade de Itajaí, mas, mesmo assim, nunca me atrasei para o trabalho.<br />
Sempre fui muito exigente comigo mesma, no sentido de cumprir horário e minhas obrigações.<br />
Faz parte do meu perfil<br />
Tanto que, na área em que eu trabalhava, era até conhecida como chata. Afinal, eu<br />
pegava no pé do pessoal, acompanhava a gerência no cumprimento de metas, na entrega<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 179
dos relatórios, das notas, dos pagamentos, e tudo mais. Foram 20 anos trabalhando com<br />
projetos. Sei que, neste tempo, todos confiavam muito no meu trabalho, mas eu tinha<br />
vontade de fazer algo novo; até mesmo de voltar a trabalhar com feiras e eventos, e não<br />
tive a oportunidade.<br />
Destaco a Gerência de Projetos Regionais Setoriais. Trabalhei com um pessoal<br />
maravilhoso, mas não tive muita oportunidade de viajar e fazer diferente. Ficava mais na<br />
sede, com a parte burocrática, o que me fez solicitar para mudar de área.<br />
Antes de irmos para a nova sede, passei para o Setor de Compras do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>,<br />
pois tinha experiência em orçamentos e contratos, em processos licitatórios; permaneci<br />
por pouco tempo e solicitei a saída para outro setor.<br />
O último setor em que atuei foi a área de Gestão de Pessoas, mais especificamente<br />
na qualidade de vida das pessoas. Era uma área muito diferente de tudo o que eu tinha<br />
feito até então, mas foi gratificante.<br />
Finalizando, digo que tudo valeu a pena. Eu realmente aprendi muito no <strong>Sebrae</strong>/<br />
<strong>SC</strong>; foi maravilhoso, fiz grandes amigos, que vão ficar guardados no coração. Amigos para<br />
sempre é o que nós iremos ser, na primavera ou em qualquer das estações, nas horas tristes,<br />
nos momentos de prazer. Amigos para sempre.<br />
E você colega, que está chegando ao SEBRAE; seja sempre gentil, prestativo, amigo.<br />
E não esqueça de que nosso principal cliente é aquele pequeno empresário, aquele<br />
cliente que vem ao SEBRAE buscar uma nova oportunidade de negócio e precisa contar<br />
com você!<br />
Sintam-se abraçados por mim.<br />
180 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
MUITA EMOÇÃO<br />
EM UMA DUPLA<br />
FORMATURA<br />
QUANTA COISA VIVI E COMPARTILHEI<br />
COM OS AMIGOS QUE AQUI FIZ.<br />
Maria de Lourdes Heidenreich<br />
A<br />
dedicação ao <strong>Sebrae</strong>, para mim, significa 38 anos de vida. É muita coisa!<br />
Casei, tive três filhos, separei, fiz faculdade, tive doença grave, perdi irmão,<br />
pai. Tudo isso vivendo e compartilhando com os colegas e amigos<br />
que aqui fiz. A família <strong>Sebrae</strong> é parte fundamental na minha vida. Foi meu primeiro e<br />
único emprego. Tenho orgulho de fazer parte dessa minha segunda família.<br />
Um dos fatos marcantes e positivos foi o incentivo que tive para fazer um curso<br />
superior. Era a minha vontade desde que casei, porém, meu marido não apoiava. Mas, um<br />
ano após a separação conjugal, eu fiz o vestibular para pedagogia, no formato de ensino à<br />
distância; uma modalidade que estava começando na época. Mesmo sem estudar e fora da<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 181
escola há 18 anos, passei em quinto lugar no meu curso.<br />
Isso me fez acreditar novamente em mim mesma e realizar meu sonho de jovem.<br />
Contudo, não gostei muito do curso e, como ainda estava trabalhando na área financeira, os<br />
colegas me incentivaram a solicitar transferência para o curso de contabilidade. Então, no<br />
segundo semestre, pedi transferência e comecei a cursar o referido curso. Fiz um semestre<br />
desse curso e também não gostei.<br />
Na realidade, meu sonho sempre foi fazer administração e já tinha cursado o segundo<br />
grau técnico em administração. Tentei, mais uma vez, transferência para esse curso, e<br />
consegui. Para minha surpresa, minha filha mais velha fez vestibular neste ano, também para<br />
o curso de administração, e passou.<br />
Nunca esquecerei do dia em que nos formamos juntas. Encaminhamos um ofício<br />
para o reitor da universidade, solicitando receber o certificado juntas, e deu certo. Foi um<br />
momento que me deixa sem palavras para expressar minha felicidade. Sei que todos os pais<br />
e familiares sentem-se felizes e orgulhosos na formatura dos filhos, mas eu tive uma dupla<br />
felicidade: a formatura da filha e a concretização do meu sonho. Minha filha também teve<br />
muito orgulho em passar anos estudando comigo e nos formarmos juntas.<br />
Minha história no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> começou muito antes. Eu estava noiva e fazia estágio<br />
na Secretaria de Finanças da Prefeitura Municipal de Florianópolis, porém, queria ter um<br />
emprego fixo. Foi quando soube de uma vaga no CEAG/<strong>SC</strong>, por meio de um colega do meu<br />
noivo. Fui ao CEAG/<strong>SC</strong>, me apresentei a Etel, que era secretária da diretoria, na época, e fazia<br />
os testes admissionais; fiz um teste escrito e de datilografia.<br />
Dois dias depois, me ligaram dizendo que eu havia sido aprovada nos testes e escolhida<br />
para assumir a vaga na área de exportação, que tinha o sogro do Eugênio Martinez<br />
(agora já falecido), como “chefe”. Fiquei bastante tempo nessa área. Após dois anos, entrei<br />
para um curso intensivo de inglês, devido à necessidade de atender ligações internacionais,<br />
ler e redigir cartas em inglês (naquela época usava-se muita correspondência, principalmente,<br />
para o exterior).<br />
Meu maior desafio aconteceu bem na época da minha separação conjugal, quando a<br />
diretoria instituiu uma política de rodízio entre funcionários nas diversas atividades e cargos<br />
182 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
da empresa. Para minha surpresa, um dos diretores, o senhor Aldo Bez, me fez um convite.<br />
Fui chamada a assumir a tesouraria do <strong>Sebrae</strong>, no lugar do colega Frederico, que já estava<br />
nessa função há muitos anos.<br />
Confesso que na hora fiquei apavorada com o convite, pois nunca tinha trabalhado<br />
na contabilidade, não entendia nada dessa área; enfim, sem qualquer experiência. E foi nesses<br />
termos que respondi ao diretor:<br />
- Me sinto feliz e lisonjeada por ter sido escolhida para assumir uma área tão importante<br />
da empresa e de tanta responsabilidade.<br />
Na época, praticamente todos os pagamentos do <strong>Sebrae</strong> eram feitos na boca do caixa<br />
da tesouraria, com dinheiro ou cheque; quase não se fazia depósito em banco. Então, era<br />
muita responsabilidade lidar com tanto dinheiro que não era meu.<br />
O diretor, calmamente, me respondeu:<br />
- Lurdinha, sabemos do teu perfil e que você não possui experiência na área; porém,<br />
você tem qualidades que são essenciais para a diretoria e também acreditamos que você fará<br />
jus ao convite. Ou seja, você é uma pessoa confiável para nós, responsável e disposta sempre<br />
a aprender novas atividades. Por isso, acreditamos que você vai “tirar de letra”.<br />
Diante disso, aceitei o desafio e me esmerei para não decepcioná-los. Foi complicado,<br />
pois minha vida estava em turbulência naquele momento, mas consegui e fiquei ali por<br />
dois anos consecutivos.<br />
Ao logo deste tempo, muitas histórias aconteceram e algumas memoráveis brincadeiras<br />
das quais sempre me lembro. Um fato que não esqueço aconteceu quando foi criado o<br />
CEDEH – Centro de Desenvolvimento Hoteleiro – e veio uma equipe de pessoas trabalhar no<br />
<strong>Sebrae</strong>, sob a coordenação de uma senhora chamada Guerda e de um jovem chamado Marco<br />
Aurélio.<br />
Eu fui designada para secretariar esse centro e dois dos participantes eram nossos<br />
colegas, Wilson Sanches e Roberto Meneses. Era um “casal” diferente, que não devo relatar<br />
detalhes aqui, mas quem conheceu saberá o que estou dizendo (risos).<br />
Eles faziam muita coisa engraçada “por trás dessa senhora”, ou seja, pelas costas.<br />
Ela costumava trazer rosca para seu lanchinho. Quando ela saía da sala, eles sentavam em<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 183
cima da rosca, amassavam, jogavam na parede e depois colocavam o pacote da rosca bem<br />
direitinho, no mesmo lugar que ela tinha deixado. Na hora do lanche, quando ela pegava a<br />
rosquinha para comer, primeiro oferecia um pedaço para todos, mas ninguém aceitava, é<br />
claro; e depois degustava com bastante vontade a sua deliciosa rosquinha (risos).<br />
Outra situação que lembro aconteceu no prédio da Trajano. Eu estava subindo<br />
para a copa, que ficava no último andar; onde a Fátima, a Iracema e a Anita trabalhavam. A<br />
Iracema e a Fátima queriam “pregar uma peça” na colega Anita, quando ela subisse para a<br />
copa, depois de servir o café para os funcionários. A Fátima estaria deitada, com um ferro<br />
de passar na mão, encenando que tinha tomado um choque e caído, eletrocutada.<br />
E assim concretizaram a cena, quando escutaram passos na escada. Mas, para<br />
azar delas, não era a Anita, e sim eu. Quando vi aquela cena, comecei a gritar, a chorar e<br />
pedir socorro. Então, elas “desmancharam” a cena e disseram para eu me acalmar, pois<br />
tudo não passava de uma brincadeira. Depois do susto e de me darem muita água, caímos<br />
todas na gargalhada.<br />
Para finalizar, outro fato inusitado aconteceu com um “faxineiro” chamado Calisto.<br />
As copeiras, faxineiras, eram todos funcionários naquela época, hoje são terceirizados.<br />
Ele tinha uma barba comprida e contava à Iracema que o sonho da mãe dele era que ele<br />
cortasse aquela barba. Num certo dia, haveria eleição da associação e a Iracema, muito<br />
esperta e com toda a sua a criatividade, resolveu ajudar a mãe do Calisto. Falou pra ele que<br />
todos tinham que estar presentes na reunião de eleição; todo o corpo funcional, inclusive<br />
os diretores, pois viria a televisão para gravar. E por esse motivo, todos teriam que vir de<br />
terno e de vestido longo, e que ele teria que fazer a barba; afinal,não ia ficar bem pra ele<br />
aparecer assim na televisão.<br />
A Iracema, em seguida, ainda falou a todos os funcionários da peripécia dela com<br />
o Calisto, para todos confirmarem a mesma versão. E, assim chegou o grande dia. O Calisto<br />
chegou para trabalhar na faxina, de terno branco e de barba totalmente cortada! Depois<br />
que ele descobriu a verdade, contou para sua mãe e ela mandou agradecer a Iracema.<br />
A mensagem que deixo para as novas gerações é que o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> pode ser considerado<br />
uma das melhores empresas para se trabalhar. A causa é nobre, é prazeroso ver os<br />
resultados acontecendo para as Micro e Pequenas Empresas, o ambiente é agradável, as<br />
184 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
pessoas, na sua maioria, são solidárias, amigas, e companheiras. Contudo, é preciso “vestir<br />
a camisa”. É preciso ser ético, responsável, criativo e comprometido,<br />
Aproveitem para aprender tudo o que puderem. O conteúdo é importante e a bagagem<br />
que ganharão será imensa. Levarão para sempre os conhecimentos e muitas lições<br />
de vida.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 185
186 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
O BALOEIRO E<br />
O NOME FANTASMA<br />
ESTAR NO SEBRAE É CONHECER<br />
PESSOAS DIFERENTES A CADA DIA.<br />
Maria Inês Paludo Gregianin<br />
Viver é fazer parte de uma caminhada que é uma legítima aventura. A cada<br />
início de uma jornada de trabalho, temos a oportunidade de incorporar,<br />
na maneira de pensar e na vida das pessoas, nossas ideias e orientações.<br />
Todos os dias, temos a prova prática do quanto podemos fazer a diferença.<br />
Muito providencialmente, justo no dia de hoje, quando parei para escrever este<br />
relato, atendi um cliente que me fez refletir sobre essa jornada. Ele veio em busca de informações<br />
para o irmão, que reside em Florianópolis, e o diálogo foi mais ou menos o<br />
seguinte:<br />
- Olá, bom dia! Em que posso ajudá-lo?<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 187
- Então é o seguinte: eu gostaria de saber o que é preciso para abrir um “baloeiro”?<br />
Por vezes, os clientes nos pegam de surpresa. Mesmo com experiência acumulada,<br />
nos trazem situações nas quais nos perguntamos se entendemos bem ou, se por acaso,<br />
esse negócio é novo e eu ainda não tivemos chance de conhecer. Perguntei novamente,<br />
tentando entender melhor a situação.<br />
-O que o senhor quer iniciar? Com o que o senhor vai trabalhar?<br />
- Vou trabalhar com “balas”!<br />
Ou seja, ele queria ser “baleiro”.<br />
Outro fato ocorrido, neste mesmo dia, e que chama a atenção. Ao fazer o cadastro,<br />
durante o atendimento, perguntei qual era o nome fantasia. O cliente respondeu que não<br />
tinha. Terminei de preencher o restante das informações, como é de praxe, realizei o atendimento<br />
e, já finalizando as informações, o cliente resolveu fazer uma última pergunta:<br />
- E esse nome “fantasma”, como faço para conseguir?<br />
Estar no <strong>Sebrae</strong> é conviver com pessoas diferentes, de visões diferentes; mas lembrando<br />
sempre dos valores, do respeito ao ser humano e à natureza. É também ter espírito<br />
de equipe, transparência, inovação e comprometimento com todos aqueles que nos procuram<br />
em busca de auxílio.<br />
Lembro-me de outro fato. Fui representar a instituição em um evento de 40 anos<br />
de uma entidade empresarial. Apesar de ter me apresentado na recepção, no momento do<br />
cerimonial o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> não fora citado como entidade ali presente. Qual não foi a minha<br />
surpresa e alegria, quando um empresário, em seu depoimento no palco, faz um agradecimento<br />
emocionado ao <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Percebi o quanto somos importantes e como nossa<br />
marca é um referiência para muitos. Foi gratificante presenciar aquele momento.<br />
Viver, fazer parte desta caminhada, é um grande aprendizado e nos mostra sempre<br />
uma nova forma de ver a “qualidade de vida”, nos apresenta um novo olhar de “consumidor”<br />
ou de cliente. Obrigada ao <strong>Sebrae</strong> pela oportunidade de viver esta experiência<br />
gratificante!<br />
188 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
UMA VEZ SEBRAE,<br />
ETERNAMENTE<br />
SEBRAE<br />
É UMA ENTREGA PESSOAL POR UM BEM MAIOR.<br />
Mônica Guimarães Fontanella<br />
Havia me formado há mais ou menos um ano, já tinha estagiado durante<br />
os quatro anos da faculdade e estava trabalhando em outra área. Mas<br />
o meu desejo era trabalhar na minha área, como bibliotecária. Conversando<br />
com uma amiga, fiquei sabendo de uma vaga existente, para essa função, no <strong>Sebrae</strong>/<br />
<strong>SC</strong>. Eu busquei informações sobre isso e fui chamada para participar de uma entrevista.<br />
Recordo-me, até hoje, das pessoas que me entrevistaram, foram a Ana Lídia e a Margarete<br />
Beccari.<br />
Durante a entrevista, conversamos, apresentei meu currículo ,e fui informada<br />
de que mais pessoas participariam do processo de seleção. Ao final, eu fui selecionada,<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 189
juntamente com outra pessoa, a Carmen, e iniciamos o nosso trabalho. Pouco tempo depois,<br />
mais ou menos três meses, um gerente me convidou para trabalhar com ele, em outra área.<br />
Como meu objetivo era trabalhar na biblioteca, eu declinei da proposta. Dias depois, tanto<br />
eu, quanto a Carmen, fomos demitidas.<br />
Alguns dias depois, o meu anjo da guarda, que era a Margarete, me indicou para um<br />
trabalho. A função era para ser bolsista do CNPQ, em uma Secretaria do Estado. Foram nove<br />
meses de muito aprendizado, de convívio e muita experiência com uma senhora, a Sônia,<br />
que chamávamos de Soninha, hoje já falecida, e da qual tenho recordações muito carinhosas.<br />
Um dia, a Margarete liga para a referida secretaria, me convidando, novamente,<br />
para trabalhar no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. A experiência exigida era justamente o programa de computador<br />
com o qual eu havia aprendido a trabalhar na secretaria. Isso aconteceu no ano de 1992.<br />
Digo que foi ali que a minha vida tomou um novo rumo de aprendizado profissional, segurança<br />
financeira e evolução como ser humano. Acredito que as pessoas com as quais passei a<br />
conviver, dali para adiante, foram, para mim, um reencontro de olhares e de vivências.<br />
O Centro de Documentação e Informação, como era chamado o nosso setor, tinha<br />
o objetivo de atender o público interno da organização e, indiretamente, o público externo.<br />
Claro que os clientes externos, em caso de necessidade, podiam entrar neste espaço e eram<br />
atendidos por nós. Comparando com o que temos hoje, podemos dizer que vivemos outro<br />
tempo. Com o apoio da internet, da tecnologia e das redes sociais, o conhecimento é mais<br />
facilmente disseminado. A biblioteca de hoje toma outra proporção, é interativa e acessível<br />
para qualquer pessoa.<br />
É um misto de emoções esses 23 anos vividos. Metade da minha vida foi dentro do<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Quando eu paro para pensar nisso, até me emociono. Foram muitas conquistas.<br />
Quanto eu pude crescer e quanto eu vi outras pessoas crescerem. Eu vi minha família surgir,<br />
meus dois filhos nascerem, hoje um tem 21 anos e outro está com 16 anos de idade.<br />
O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> propicia isso para a gente, criar a nossa família, dar segurança a ela.<br />
Mas, mais que isso, ensinar os meus filhos; pois eu aprendi e aprendo muito no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Hoje, quando um filho meu faz uma apresentação, no trabalho dele, por exemplo, e me pergunta<br />
o que eu acho, eu sempre repasso o que aprendi aqui, e digo:<br />
190 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
- Faz assim, melhora aqui, faz assado.<br />
Eu vejo o <strong>Sebrae</strong> em toda a minha vida. É muito mais do que apenas essas paredes.<br />
Conseguimos levar tudo o que aprendemos aqui e disseminar para as pessoas que convivem<br />
com a gente. Se as pessoas realmente soubessem a importância que isso tem, o valor que se<br />
deve dar para uma organização como essa, com certeza, muita coisa poderia ser melhor ainda.<br />
A organização, sem dúvida, tem alma. Também é um lugar onde muitas almas trabalham<br />
juntas, num dimensionamento que vai além da nossa percepção. Tudo o que aprendo<br />
aqui, eu levo para todos os lugares. Tem um sentimento que é unânime entre os colegas: uma<br />
vez <strong>Sebrae</strong>, eternamente <strong>Sebrae</strong>.<br />
É final de semana, evento, até em casamento, quando se fala em ideia, em negócio,<br />
em sonho de vida; a gente sempre pensa logo no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. A maior missão dessa instituição<br />
é se preocupar com a pessoa. O empreendimento que ela vier a montar pode levá-la ao sucesso<br />
financeiro e à segurança, à realização; bem como pode acontecer o contrário, um fracasso<br />
pessoal e econômico que vai impactar em toda a família dela.<br />
A missão do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> é muito maior do que simplesmente colaborar para o crescimento<br />
econômico de uma comunidade, porque esse “econômico” vai muito além. Interfere<br />
demais na vida de um indivíduo. Essa essência do <strong>Sebrae</strong> acaba por impregnar a gente. É corrido,<br />
é puxado, é exigente, mas é necessário. O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> nos exige isso por um bem maior.<br />
É uma escola. É uma entrega pessoal. E a gente leva isso para sempre.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 191
192 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
FAÇA ALGO QUE<br />
VALHA A PENA<br />
A MISSÃO DESTA EMPRESA É UM LEGADO<br />
DE VIDA QUE VOCÊ PODERÁ DEIXAR.<br />
Murilo Emanuel Gelosa<br />
Fiz meu TCC no <strong>Sebrae</strong>, no final da graduação em administração. A Ana<br />
Lídia (Recursos Humanos do <strong>Sebrae</strong> na epoca), era minha coordenadora<br />
do TCC e, sem pretensões, deixei um currículo na instituição. Na época, eu<br />
era empresário de uma pequena empresa de materiais de segurança, juntamente com meu<br />
irmão, em Florianópolis, e buscava muitas informações no <strong>Sebrae</strong>. Isso no ano de 1990. A<br />
empresa ficou com meu irmão, devido a incompatibilidade de ideias e administração, e fui<br />
morar na minha cidade natal, Tubarão, onde fui convidado, em 1992, a integrar a equipe<br />
de atendimento do Balcão <strong>Sebrae</strong>, recém- inaugurado naquela cidade. Dois anos, depois<br />
fui transferido para Criciúma, na época Gerência Regional, onde resido até hoje.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 193
O maior desafio veio com a mudança de diretoria, em 1999, quando assumi a<br />
Agência de Articulação da região de Criciúma. Tive que realizar um trabalho de aproximação<br />
com todas as entidades em 11 municípios, e fazer com que a imagem do <strong>Sebrae</strong> fosse<br />
reafirmada na região, como uma empresa parceira destas entidades para o atendimento<br />
às MPE’s. A imagem que os empresários tinham do <strong>Sebrae</strong>, na época, era de empresa que<br />
emprestava dinheiro.<br />
Minha lembrança mais marcante foi fazer todo o trabalho de alianças com estas<br />
entidades, proferir palestras e participar de intermináveis reuniões. Um trabalho solitário,<br />
pois quando houve esta modificação, o <strong>Sebrae</strong>, de uma gerência com 20 colaboradores<br />
na região, passou a ter um quadro que se resumia a mim e a uma estagiária para realizar<br />
o que seria uma nova forma de atuação. Foi um trabalho bastante intenso e sob muita<br />
pressão, tanto da sociedade quanto da nova diretoria.<br />
Estou aqui há 23 anos, uma vida aqui dentro; um tempo em que construí muitas<br />
amizades. O que mais me atraí neste trabalho, durante todos estes anos, é o reconhecimento<br />
da sociedade empresarial pelo trabalho que realizo. Já ajudei milhares de empresas,<br />
e sou reconhecido, por onde passo, como o “homem do <strong>Sebrae</strong>”; aquele que traz<br />
soluções, que ajuda pessoas a realizarem seus sonhos. E isto não tem dinheiro que pague.<br />
Teve um ano em que eu e meu colega, Joel Fernandes, realizamos um projeto-piloto<br />
dentro de 12 empresas familiares. O projeto colocava-nos como sócios-proprietários<br />
por um período de tempo, e discutíamos com os proprietários os rumos de cada uma<br />
destas empresas; tendo acesso, para isso, a todas as informações financeiras e estratégicas<br />
de cada uma. Foi um aprendizado sem precedentes, pois vimos como pensava e atuava a<br />
mente destes empresários. O Joel chegou a escrever um livro sobre isto, foi algo inédito.<br />
Para quem está chegando a essa instituição, eu digo:<br />
- Faça da passagem pelo <strong>Sebrae</strong> algo que valha a pena, pois a missão desta empresa<br />
é um legado de vida que você poderá deixar.<br />
194 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
SEBRAE<br />
GRAVADO NO PEITO:<br />
LITERALMENTE<br />
ALÉM DO CONHECIMENTO ACADÊMICO, NÃO HÁ O QUE<br />
SUBSTITUA A EXPERIÊNCIA NO CHÃO DE FÁBRICA.<br />
Osni Rogério Vieira Branco<br />
Eu saí de casa com 13 anos de idade. Sou da cidade de Cerro Negro, a 80 km<br />
de distância da cidade de Lages. Acho que ainda é, até hoje, o primeiro ou<br />
o segundo município de Santa Catarina com menor Índice de Desenvolvimento<br />
Humano – IDH. Primeiro, fui para Anita Garibaldi e depois, para Abdon Batista,<br />
cursar o ginásio, como era chamado na época.<br />
Depois, mudei para Lages, para cursar o científico, que hoje equivaleria ao ensino<br />
médio. Minha vida foi sempre estudar durante a noite e trabalhar de dia, para poder me<br />
manter. Ao concluir o ensino médio, vim para Florianópolis prestar vestibular, consegui<br />
passar na ESAG, para o curso de administração. Mas as aulas eram durante o dia e fui<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 195
obrigado a trancar a matrícula, pois precisava trabalhar. Passado algum tempo, consegui<br />
transferir para o período da noite.<br />
Era um curso com duração de quatro anos e acabei concluindo em cinco. Eu sempre<br />
trabalhei, paguei meus estudos e consegui me manter. Tudo com muito esforço. Eu<br />
vim do sítio, mas graças a isso, aprendi a ser econômico e a investir bem o meu dinheiro.<br />
Casei, tive dois filhos e hoje já tenho uma neta.<br />
Em Florianópolis, eu trabalhava no BRDE e tinha recém-iniciado o curso de administração.<br />
Certo dia, um professor me falou que o melhor lugar para eu trabalhar seria<br />
no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Ele me informou que havia um diretor, o Itagibe, que era da minha terra,<br />
era serrano. Ele me incentivou a procurá-lo para conversar, dizendo que o meu perfil seria<br />
muito adequado para trabalhar no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Eu fui até o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, conversei com o Itagibe e deu certo. Ele gostou do meu<br />
perfil e me convidou para trabalhar no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Isso aconteceu em 1978 e estou aqui<br />
até hoje. São quase 37 anos de dedicação a esta empresa.<br />
Iniciei, lembro bem, na área administrativa, mais especificamente na área de gestão<br />
de pessoal. Ao longo do tempo, fui conhecendo a área técnica e de atendimento direto<br />
ao cliente. Comecei acompanhando alguns consultores mais experientes, para aprender<br />
como era o trabalho e depois, já tendo essa experiência, passei a sair sozinho em campo,<br />
atender as empresas. Foi, mais ou menos, na mesma época em que concluí a graduação.<br />
Foi assim que tudo começou. Trabalhei por mais de dez anos em campo, como consultor,<br />
visitando empresas e prestando atendimento.<br />
Lembro bem de um programa que desenvolvemos nas cidades e que, mais tarde,<br />
deu origem ao que temos hoje, que se chama Administração de Pequenos Negócios - APN.<br />
Deslocávamos-nos até as cidades, realizávamos capacitação durante a noite em escolas,<br />
até mesmo em salões de igrejas, para o pessoal da indústria, do comércio e serviços e, ao<br />
longo dia, fazíamos consultoria individual nas empresas. Esses programas duravam aproximadamente<br />
um mês. Em média, ficávamos quinze dias longe da família, pois muitas<br />
cidades eram distantes. Usávamos um fusca para o deslocamento, era um dia de viagem<br />
de ida, e outro dia de volta.<br />
Depois deste período, surgiram os Balcões <strong>Sebrae</strong> e a nossa equipe de consultores<br />
196 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
passou a organizar o atendimento nestes locais. E continuamos viajando com esse propósito.<br />
A partir do ano 2000, passei a ficar mais aqui, em Florianópolis, trabalhava na área<br />
de Crédito Orientado. Foi uma área de atuação bem destacada do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Foi, inclusive,<br />
formado um grupo nacional de gestores desse programa e nos reuníamosm com frequência,<br />
em vários locais do Brasil. Como gestor dessa área, tive a oportunidade de viajar;<br />
trocávamos experiência e compartilhávamos o que cada um fazia no seu estado.<br />
No ano de 2010, com a experiência que acumulei ao longo do tempo, voltei a<br />
trabalhar no atendimento ao cliente. Além disso, também me formei em contabilidade. O<br />
que contribuiu para fortalecimento do meu perfil técnico. Dos clientes que são atendidos,<br />
posso dizer que 60% têm dúvidas contábeis e financeiras.<br />
O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> é grande parte da minha vida, desde aquele início da universidade,<br />
e, por meio dele ,criei meus filhos e consegui minha estabilidade. Reforço que não é o fato<br />
de uma pessoa fazer faculdade que a faz apta a atender um cliente <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, tirar suas<br />
dúvidas e conseguir ajudá-lo. Além de ler muito e se especializar, não há o que substitua a<br />
experiência prática.<br />
Quem nunca esteve em um chão de fábrica, ou dentro de uma pequena empresa,<br />
vai ter dificuldade de entender o que o cliente precisa. É necessário saber conversar a mesma<br />
linguagem e dar as sugestões que ele aceite e concorde em colocar em prática. A formação<br />
universitária e a realidade vivenciada são mundos diferentes. Lógico que a faculdade é<br />
importante, mas a prática é fundamental.<br />
Tem uma história engraçada, daquele tempo das viagens pelo estado, que envolveu<br />
eu, o Volpato e o Antônio Hélio. Naquela época, a gente não tinha equipamentos de<br />
audiovisual como os que existem hoje. O que a gente tinha era um rádio gravador, chamado<br />
toca-fitas, e algumas fitas cassete, com mensagens que a gente ligava, no cliente, para<br />
que ele pudesse ouvir algumas mensagens gravadas apenas em áudio.<br />
O Volpato estava no banco da frente e andava sempre com aquele gravador na<br />
mão escutando música em fitas cassete. Estávamos atuando na região de Brusque e quem<br />
estava conduzindo o fusca era o Antônio Hélio, que ainda não tinha muita experiência.<br />
Lá pelas tantas, ele perdeu a direção do veículo em uma curva e bateu em um barranco. O<br />
Volpato era um pouco gordo e, com o solavanco do carro, os botões do toca-fitas cravaram<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 197
no peito dele, bem na altura dos ‘peitinhos’ (risos). Essas marcas ficaram por muito tempo<br />
no peito dele. Ele gostava tanto do gravador, que ficou gravado no peito dele.<br />
198 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
COMPROMISSO<br />
COM RESULTADOS<br />
DURADOUROS<br />
HOJE SOMOS UMA ORGANIZAÇÃO MAIS<br />
CRITERIOSA EM SUAS TOMADAS DE DECISÃO.<br />
Paulo Roberto Moresco<br />
Minha história no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> começou assim, trabalhei um período em<br />
uma rádio, achei o ambiente muito ‘louco’ e pedi demissão. Alguns<br />
dias depois encontrei um amigo, conversamos e ele me falou de uma<br />
possibilidade no <strong>Sebrae</strong>. Vim, fiz uma entrevista, um processo seletivo e fui contratado.<br />
O trabalho era para fazer análise para concessão de crédito no programa Promicro. Os<br />
consultores do programa indicavam quais empresas necessitavam de financiamento e eu,<br />
inicialmente junto com o Colombelli, fazíamos a análise.<br />
Depois desse período trabalhei em campo, no programa Promicro. Permanecíamos<br />
às vezes em uma cidade por três meses, trabalhando as área de comércio, serviço e<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 199
indústria. Geralmente íamos em dois consultores, lembro do Antônio Hélio, do Ricardo<br />
Guedes, do Geraldo, do Eugênio e por aí vai. Era naquela época dos Fuscas e das Belinas,<br />
se furasse pneu a ordem era colocar outro usado. Ficávamos por até quinze dias na cidade,<br />
era mais barato do que voltar. Lembro de trabalhar em Pinhalzinho e retornar de lá em um<br />
dia 22 de dezembro, partindo às 7 horas da manhã e chegando aqui no final do dia. Trabalhamos<br />
nesse dia por que era assim que nos comportávamos e só paramos de trabalhar<br />
por que dia 23 era um sábado, senão, teríamos trabalhado ainda mais. Era assim. Havia o<br />
compromisso com o resultado e com um resultado duradouro.<br />
Isso tinha uma vantagem. Nós tínhamos um nível de conhecimento muito grande<br />
que eu acho que hoje se perdeu um pouco. Conhecíamos de tudo um pouco, desde<br />
processo produtivo, finanças, vendas, máquinas, equipamentos até gestão de pessoas,<br />
trocávamos muita experiência e estávamos no chamado chão de fábrica dos mais variados<br />
tipos de negócios. Hoje a equipe direta está muito mais ligada ao processo de coordenar<br />
projetos, do que de efetivamente fazer. Acredito que deveríamos retomar esse contato<br />
com o cliente final, não na forma de atuar em campo em tempo integral, mas na forma<br />
de exercitar as nossas capacidades e conhecimento sobre as micro e pequenas empresas.<br />
Para estar na frente do empresário ou outro interlocutor e ter a capacidade de discutir o<br />
negócio dele no mesmo nível de entendimento.<br />
Eu fui da área técnica até o ano de 1988. Depois passei um tempo prestando<br />
serviço para o Governo do Estado, junto a CAM – Coordenadoria de Administração de Materiais,<br />
estruturando todo um novo sistema de controle de estoques. Nessa época, começava<br />
o período de maiores dificuldades do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, de salários atrasados, entre outras<br />
coisas... Lembro bem de uma funcionária a Etel, que trabalhava cedida para a Secretaria<br />
de Administração do Estado e muitas vezes recorríamos (<strong>Sebrae</strong>) a ela, pedindo sua intervenção<br />
na liberação de recursos para cobrir despesas com a folha de pagamento e assim<br />
podermos pagar os salários das pessoas. Dependíamos do repasse do Estado para custear<br />
algumas despesas.<br />
Um grande ponto crítico para mim foi o ano de 99 para 2000, quando passamos<br />
por uma grande crise e medidas drásticas foram necessárias. Ocorreu a redução das Unidades<br />
de Balcão <strong>Sebrae</strong> e demissão de pessoas, isso foi muito, muito difícil. Conversar<br />
200 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
com pessoas com grande tempo de casa e dizer para elas que estava encerrando um ciclo.<br />
Essa relação foi a parte mais dolorida dessa minha vivência no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. O remédio foi<br />
muito amargo. Era algo que me fazia chegar em casa muito mal.<br />
A equipe do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> não é tão grande assim, a gente conhece a todos, inclusive<br />
a família e isso torna tudo ainda mais difícil. Lá se plantou muito do que está se colhendo<br />
agora, uma organização muito mais criteriosa e sólida em suas tomadas de decisão.<br />
Apesar da dimensão do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> e seu volume de atividades, nos comportamos<br />
como um pequena empresa em alguns aspectos, como o contato pessoal, a relação de confiança,<br />
do contato estreito entre as pessoas. E isso se reflete em momentos nos quais é<br />
necessário tomar alguma decisão não tão simpática, o que torna essa tarefa mais penosa.<br />
Quando eu entrei no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> pensei, vou ficar quatro anos, achei legal e vi<br />
muita coisa com as quais eu poderia aprender. E aprendi mesmo. Digo para todos serem<br />
francos consigo mesmos, e, partindo da idéia de que uma organização não é nada mais do<br />
que um conjunto de pessoas e, da intereção delas que se gera todo o resto, é isso que acaba<br />
transformando a empresa naquilo que ela é.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 201
202 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
SEBRAE:<br />
UMA PÓS-GRADUAÇÃO<br />
UMA OPORTUNIDADE DE APRENDER,<br />
NA PRÁTICA, O QUE NÃO SE APRENDE<br />
NA UNIVERSIDADE<br />
Paulo Teixeira do Valle Pereira<br />
Minha história no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> vem de muito tempo, quando ainda se<br />
chamava CEAG. Entrei no CEAG em 1985, portanto, lá se vão 30<br />
anos. Houve um intervalo, quando saí do CEAG, a convite de uma<br />
empresa, numa fase não muito boa para o sistema, em 1990. Retornei em 1998, convidado<br />
por um diretor na época, e já se vão mais 17 anos. Somados os dois períodos, são 22<br />
anos dedicados a causa da pequena empresa.<br />
Entrei no <strong>Sebrae</strong>, como já relatei, em 1985, por meio de concurso que realizei em<br />
1984. Na época, não sabia o que era a empresa, o que fazia; apenas soube do concurso por<br />
um amigo, avisei outros e prestamos concurso. Ainda em 1984 foram contratadas três<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 203
pessoas, eu estava na quinta colocação e, portanto, não fui chamado. Após um ano, se<br />
não me engano, li num jornal que estava sendo aberto novo concurso para o CEAG. Como<br />
tinha ficado em lista de espera e o concurso valia para dois anos, fui até o CEAG perguntar<br />
por que eles não chamavam os remanescentes do concurso anterior. Então, percebeu-se<br />
que havia pessoas em lista de espera e eu fui contratado. Se não me engano, apenas eu<br />
fui chamado, pois quarto colocado já estava empregado. Naquela época, a instituição era<br />
muito pequena, eram poucas pessoas trabalhando e ainda muito amadoramente.<br />
Comecei, então, a trabalhar num dos programas da época, o Promicro, que era<br />
um trabalho direcionado aos pequenos negócios; aliava curso, consultoria e análise da<br />
situação da empresa para concessão de crédito com juros subsidiados. O trabalho envolvia<br />
um grupo de empresas, por aproximadamente 3 meses, numa única cidade; ministrando<br />
curso sobre gestão em todas as áreas da empresa, realizando consultoria e aprovando linhas<br />
de crédito que eram liberadas pelo Banco do Brasil. Era um trabalho muito interessante,<br />
com uma carga forte de consultoria, em que tínhamos a oportunidade de melhorar<br />
muitas empresas.<br />
Esse começo também foi uma mudança muito grande em minha vida pessoal,<br />
pois, o ano em que entrei no CEAG também foi o do meu casamento. Foi complicado,<br />
estava recém-casado e passava muito tempo fora de casa, viajando por todo o estado;<br />
retornava somente nos finais de semana. De certa forma, atrapalhou um pouco no que<br />
diz respeito a ver crescerem meus filhos, principalmente o primeiro. O que amainava um<br />
pouco a situação era a oportunidade de conhecer todo o estado, muitas pessoas, empresas<br />
diferentes; ver realmente como as empresas trabalhavam. Essa experiência é ímpar.<br />
Entre 1985 e 1990 permaneci no CEAG e passamos muitas situações; algumas<br />
boas, outras nem tanto. Viajávamos com os carros que dispúnhamos, na época, fuscas<br />
velhos, em estradas não muito boas. Era sempre uma aventura. Nem todas as cidades<br />
ofereciam boas opções de hotéis e restaurantes. Mas valia o trabalho e as amizades que<br />
fazíamos. E principalmente o aprendizado. Não dá para negar que foram esses anos que<br />
me proporcionaram um grande aprendizado sobre o funcionamento de uma empresa, as<br />
dificuldades que elas passam, saber como calcular o custo de um produto, quais os controles<br />
são fundamentais para elas, enfim, conhecer a realidade da micro e pequena empresa.<br />
204 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
Esses anos foram a oportunidade de aprender aquilo que não aprendi na faculdade, foi<br />
minha pós-graduação.<br />
Pois bem, em 1990, a situação não era muito boa e, nessa época, muitos colegas<br />
saíram em busca de novas oportunidades. Eu fui um deles, pois havia sido convidado por<br />
uma empresa relativamente grande para gerenciar a área administrativa. Foi a oportunidade<br />
de conhecer uma nova realidade, abrir novos horizontes. Depois me transferi para<br />
outra empresa, um hotel, no qual voltei a falar com colegas do, agora, <strong>Sebrae</strong>.<br />
Numa das vezes em que o <strong>Sebrae</strong> fez um evento nesse hotel que eu gerenciava, fui<br />
convidado por um dos diretores a retornar. Nessa época, isso ainda era possível, mas achei<br />
que não era o momento de sair do meu emprego. De qualquer forma, nesse mesmo período,<br />
passei a ministrar cursos para o <strong>Sebrae</strong>. Passado mais algum tempo, talvez uns dois<br />
anos, voltei a ser convidado e, então, resolvi aceitar. Muitas coisas estavam acontecendo,<br />
na época, e eu achei que seria uma oportunidade interessante. Em abril de 1998, retornei<br />
ao <strong>Sebrae</strong>, onde estou até hoje; e já se passaram 17 anos.<br />
O retorno não foi fácil, pois foi como entrar numa nova empresa. Muitas pessoas<br />
eram as mesmas, mas havia mais gente, a estrutura estava maior; era tudo diferente. Os<br />
recursos eram maiores, mais gerências, a forma de atuação havia mudado, os processos<br />
eram diferentes; enfim, me senti perdido, como devem se sentir todos as pessoas que entram<br />
no <strong>Sebrae</strong> hoje em dia. E não é fácil mesmo entender o <strong>Sebrae</strong>, uma empresa diferente<br />
de todas as outras. Mas seu grande diferencial, e eu posso afirmar pela experiência de<br />
outras empresas por onde passei, é sua equipe. O comprometimento das pessoas, naquela<br />
época, era muito grande. Aliás, continua sendo.<br />
Nesse sentido, o que diferencia a instituição, hoje em dia, daquele período, é que<br />
eram menos pessoas, com muitos anos de casa. Agora, é mais complicado, pois o quadro<br />
de colaboradores é muito maior, as nossas entregas devem ser maiores pelos recursos<br />
envolvidos. Tudo isso nos impossibilita, infelizmente, de uma maior aproximação com<br />
nossos colegas. São outros tempos, e precisamos continuar seguindo, as demandas são<br />
outras, as entregas são diferentes, as exigências são maiores. Mas o prazer de trabalhar na<br />
instituição ainda é o mesmo. A missão nos estimula a continuar nesse ritmo.<br />
Nesses anos todos, fizemos muitas amizades no sistema. Alguns amigos, infe-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 205
lizmente, já não estão mais trabalhando conosco, outros passaram para outro plano. No<br />
entanto, sei que, se um dia precisar de algum apoio em qualquer parte do Brasil, poderei<br />
contar com alguém. Isso o <strong>Sebrae</strong> possibilita.<br />
Fatos ocorridos, nesses anos todos, são muitos. Vou me ater a dois: um na minha<br />
primeira passagem, no CEAG, e outro, na segunda etapa, no <strong>Sebrae</strong>. Pois bem, numa das<br />
minhas idas ao interior, para uma cidade do Oeste, eu, o colega Osni – com quem viajei<br />
muito nos tempos do Promicro – e o colega Geraldo – que já saiu faz muito tempo – estávamos<br />
dividindo um carro, o melhor daquela época, uma Parati usada que o CEAG tinha<br />
ganho do estado. Deixaríamos o Geraldo em Videira e seguiríamos para nosso destino.<br />
Fomos pela rodovia recém-aberta, a BR 282. Naquela época, ela era asfaltada apenas<br />
até Alfredo Wagner, depois era estrada de terra até Lages. Bem, no meio do caminho,<br />
estávamos atrás de um caminhão e, dele, veio uma pedra que quebrou o vidro da frente do<br />
carro. Não podíamos voltar, pois o Geraldo tinha reunião marcada para o início da tarde.<br />
Então, precisamos tirar todo o vidro e seguir viagem. Não imaginam a quantidade de pó<br />
que enfrentamos. Passamos por muitos caminhões que estavam carregando troncos de<br />
árvores para as empresas de papel da região. A quantidade de poeira que levantavam não<br />
permitia a visão a mais de 5 metros.<br />
Só sei que quando chegamos a Lages, onde paramos para colocar um vidro novo,<br />
estávamos completamente cobertos de poeira. Não havia nada sem poeira, inclusive dentro<br />
de nossas bagagens. Foi uma viagem muito emocionante, para não dizer outra coisa.<br />
Já naquela época, vivíamos na correria.<br />
O segundo fato que relato ocorreu assim que retornei ao <strong>Sebrae</strong>. Devia ser 1998<br />
ou 1999, eu coordenava o Projeto de Artesanato e fui fazer uma palestra para artesãos na<br />
cidade de Entre Rios, próximo a Xanxerê. Naquela época, a estrada ainda não estava asfaltada,<br />
eram aproximadamente 40 quilômetros. Pois bem, a palestra seguia; eram umas 30<br />
pessoas, a maioria mulheres, quando, perto do horário do almoço, observei uma senhora<br />
saindo. Achei que não estava gostado, sei lá. Terminada a palestra fomos almoçar no único<br />
restaurante da cidade, e quem encontro lá? A senhora que tinha saído da palestra. Ela<br />
a proprietária/cozinheira/ garçonete/lavadeira, enfim, tudo do único restaurante. Tinha<br />
saído, portanto, para preparar nosso almoço; pois sabia que iríamos para lá depois da pa-<br />
206 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
lestra. E ainda ediu desculpas por ter saído antes. Coisas da vida! A comida era simples,<br />
caseira, mas muito boa.<br />
Não posso também deixar de relatar sobre meu primeiro chefe, quando entrei<br />
no CEAG, o Eugênio. Grande pessoa, colega, parceiro, mas que gostava de colocar os mais<br />
novos nas cidades mais distantes. Enquanto os mais experientes pegavam as cidades mais<br />
próximas ou maiores, com mais estrutura, os mais novos eram deslocados para as cidades<br />
menores, sem tanta estrutura, e mais distantes. Embora tenha passado por essa situação<br />
como recém-casado, não reclamava e não reclamo; sei que a intenção era boa, e o aprendizado<br />
que tive valeu a pena.<br />
Essa é uma parte da minha história no <strong>Sebrae</strong>. Claro que muitas outras coisas<br />
poderia contar, muitas outras situações passei; boas e não tão boas. Quero aproveitar para<br />
deixar registrado, para aqueles que estão começando: aproveitem a oportunidade de estar<br />
numa empresa diferente de muitas outras. É muito bom trabalhar numa empresa que te<br />
proporciona situações diferentes a cada momento, que te possibilita conhecer pessoas em<br />
todo o Brasil, que te oportuniza ajudar tantas e tantas empresas e futuros empreendedores;<br />
uma empresa que te permite ser o diferencial de muitas pessoas, às vezes, a última<br />
oportunidade.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 207
208 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
VALORIZE E<br />
AGRADEÇA<br />
FOI O MEU PRIMEIRO E ÚNICO<br />
EMPREGO COM CARTEIRA ASSINADA.<br />
Renato Rosa Xavier<br />
A<br />
minha história com o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> vem, na realidade, do Ibagesc, onde<br />
tudo começou; na rua Esteves Júnior, numa casa. Comecei em 4 de maio<br />
de 1976, como office boy. Tinha estudado com o Cláudio Ninkoetter, e<br />
ele me falou que havia uma vaga. Fui ao local, o gerente era o Paulo Ferreira, pediu que eu<br />
fizesse um teste, e eu fui aprovado.<br />
O trabalho era passar pela mesa de cada pessoa e perguntar se queria algo do<br />
centro, do banco. Outras atividades eram passar na caixa postal do correio, na banca para<br />
pegar o jornal, nas caixas postais do BE<strong>SC</strong> e do Banco do Brasil. Todo o dia, eu ia também<br />
ao BRDE, cujo presidente era quem assinava e despachava todos os documentos, na época.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 209
Algum tempo passou e fui promovido a mecanógrafo; gravava e imprimia, à tinta,<br />
todos os formulários. Depois, fui promovido a assistente e trabalhei na contabilidade.<br />
O gerente era o Ênio Gentil Vieira. Aprendi muito, atendia auditores, trabalhei na tesouraria,<br />
fiz faculdade de ciências contábeis e estava me preparando para substituir o Ênio,<br />
como contador, quando, sem esperar, selecionaram outra pessoa e eu fui trabalhar no<br />
Balcão <strong>Sebrae</strong>, recém-criado, no térreo da Avenida Rio Branco.<br />
A princípio, tive que aprender de tudo para atender os empresários com os quais<br />
sentava e que buscavam informações sobre crédito, abertura de empresas e por aí vai.<br />
Precisei aprender muito, mas foi um período também muito bom. Alguns empresários,<br />
hoje reconhecidos e que eu tive o privilégio de atender, começaram seus negócios com<br />
financiamentos liberados pelo projeto. Dentre eles estão, por exemplo: Ótica Quevedo,<br />
Sorveteria Costeira, Escola Estimoarte, entre outros. Depois fui trabalhar no balcão, no<br />
bairro Kobrasol, junto com a Elena. Era um dos primeiros no ranking do Sistema <strong>Sebrae</strong>.<br />
Trabalhei também na Gerência de Barreiros, com o gerente João Pinheiro. O diretor<br />
me deu um carro para fazer cobrança de receitas de treinamento e consultoria. E,<br />
então, passei a trabalhar na Gerência Administrativa, com o Carlos Dias, onde estou até<br />
os dias de hoje. Durante muito tempo, eu pegava um cheque na secretaria de administração,<br />
juntava com outros, de órgãos que tinham colegas trabalhando cedidos, e levava o<br />
valor arrecadado ao BE<strong>SC</strong>, para pagarmos a folha.<br />
Sempre gostei de trabalhar no <strong>Sebrae</strong>. Uma vez fui convidado para trabalhar<br />
numa secretaria de governo e não quis sair. Foi o meu primeiro e único emprego com carteira<br />
assinada. Agradeço muito a Deus, por tudo que o <strong>Sebrae</strong> me proporcionou. Agradeço<br />
a muitos diretores, gerentes e colegas de trabalho. Dos colegas, teria muitos para citar, dos<br />
chefes gostaria de citar o último e melhor deles, o Carlos José Dias.<br />
A mensagem que gostaria de deixar para os novos é: vistam a camisa do <strong>Sebrae</strong>,<br />
agradeçam a Deus. Daqui, resulta o nosso sustento. Não foquem no que há de ruim; isso<br />
existe em todo lugar, onde existir o ser humano, vai haver. Pensem no ambiente de trabalho<br />
como um todo. Valorizem a remuneração, as folgas, o plano médico e muitas coisas<br />
boas que a empresa oferece.<br />
Tem muita gente que só da valor às coisas boas quando perde. Valorize o traba-<br />
210 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
lho, mas não esqueça de que, um dia, o <strong>Sebrae</strong> vai sair da sua vida. Então, lembre-se que<br />
também existe a família e um Deus Todo-Poderoso, que nos dá saúde, que nos dá a vida.<br />
E saiba que, das 24 horas diárias que Deus dá para todos nós, é preciso ter o tempo do<br />
<strong>Sebrae</strong>, o tempo da família, e o principal, o tempo para Deus. É bom ter crédito, pois um<br />
dia ele cobrará.<br />
Abraços a todos!<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 211
212 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
OS DESAFIOS<br />
DA LIDERANÇA<br />
LIDERAR ENVOLVE MUITA<br />
RESPONSABILIDADE E ABNEGAÇÃO<br />
Ricardo Monguillhott de Brito<br />
Eu acredito que os desafios são diários. Mas o maior deles é o relacionamento<br />
interpessoal, porque os resultados de uma instituição não dependem de<br />
uma única pessoa, mas de uma equipe composta de pessoas de diferentes<br />
personalidades, formação, experiências, culturas e motivações.<br />
Entretanto, há coisas na vida e no trabalho que só em equipe é possível realizar.<br />
Um bom exemplo foi o Projeto Nova Economia, realizado em uma parceria inédita com<br />
o Governo do Estado de Santa Catarina, com investimento de valores expressivos e objetivos<br />
bem delianeados. Como entrega final: melhorar a realidade econômica e social dos<br />
catarinenses.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 213
Neste projeto chamado Nova Economia, atuamos diretamente com 2.500 pequenas<br />
indústrias; contribuímos para o aumento do faturamento delas, bem como para o aumento<br />
de produtividade e ampliação de mercado. Atuamos, também, no desenvolvimento<br />
de 90 municípios de menor índice de desenvolvimento humano, realizando planejamentos<br />
e atendimentos empresariais.<br />
No <strong>Sebrae</strong>, temos a sorte de reunir pessoas que nos proporcionam muito aprendizado,<br />
motivação, ambiente fraterno e bom astral, é possível realizar projetos com essa<br />
dimensão.<br />
Sobre o meu início do <strong>Sebrae</strong>, recordo de um fato inusitado. Foi quando o superintendente<br />
recebeu um convite para uma palestra no Encontro Nacional de Empresas Juniores,<br />
em Florianópolis. Este convite foi repassado ao seu assessor, que repassou ao gerente,<br />
o qual repassou a mim; dizendo tratar-se apenas de uma mera presença no evento. Qual<br />
a minha surpresa quando fui chamado para palestrar sobre empreendedorismo, tema que<br />
ainda não dominava, por ter menos de 30 dias de empresa e formação em agronomia.<br />
A palestra era a principal atração do evento para 500 estudantes, que usavam<br />
terno e gravata; e eu, de calça jeans e camisa. Afinal, até então, bastava apenas a presença<br />
num encontro de estudantes universitários. Após ser chamado para a mesa e cantar o<br />
Hino Nacional em pé, fiz um discurso de intermináveis dois minutos, agradeci a todos e<br />
sentei-me à mesa. O constrangimento era maior da plateia que me assistia, do que o meu<br />
próprio. Essa, sem dúvida, foi a grande lição de como o processo de comunicação é primordial<br />
em todas as formas de relação.<br />
Em se tratando de experiências únicas que o <strong>Sebrae</strong> nos proporciona, destaco a<br />
minha participação na Missão Internacional Empresarial para a China, em 2009, onde conheci<br />
a força econômica da Ásia. De certa maneira, foi um choque cultural participar de<br />
uma viagem como esta. Penso que viagens assim proporcionam aprendizado e mudança de<br />
paradigma, com importante influência no desempenho profissional e pessoal de cada um.<br />
Sobre a minha história no <strong>Sebrae</strong>, descrevo aqui brevemente. Estava retornado<br />
de Porto Alegre, onde morei por três anos, fazendo mestrado na UFRGS, quando surgiu<br />
a oportunidade de uma entrevista no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, com o então superintendente, Vinicius<br />
Lummertz. Naquela época se fazia muito projetos de desenvolvimento municipal, justa-<br />
214 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
mente a área onde eu fui trabalhar.<br />
Estávamos no ano de 1998. Quase um ano depois, fui chamado para assessorar<br />
o novo superintendente da instituição, Antonio Carlos Kieling, para o qual eu já havia<br />
trabalhado em outra atividade. Fiquei nesta função por dois anos e, então, retornei para<br />
a área técnica; desta vez formatando um Núcleo de Agronegócios, já que sou graduado<br />
em Agronomia. Fiquei nesta função até 2007, quando, então, fui convidado pelo superintendente,<br />
Guilherme Zigelli a gerenciar a Unidade de Projetos Regionais e Setoriais, hoje<br />
Unidade de Atendimento Coletivo.<br />
Aos novos líderes, digo que a liderança é uma conquista! Ela não é alcançada<br />
individualmente. Até porque envolve histórias, envolve exemplos e atitudes. Envolve doação,<br />
reciprocidade e, acima de tudo, humildade. Não é você que chega até ela, é ela que<br />
chega a você. Todos exercemos a liderança em algum momento; na família, no trabalho,<br />
entre amigos. Ela não está atrelada a cargos. Junto com ela, vem muita responsabilidade<br />
e abnegação. Portanto, a liderança é essencial para qualquer um de nós que deseja evoluir.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 215
216 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
VIVÊNCIAS E<br />
EXPERIÊNCIAS<br />
UMA VISÃO AMPLIADA DAS ATIVIDADES<br />
DA EMPRESA, NA PRÁTICA.<br />
Roberto Tavares de Albuquerque<br />
Meu primeiro contato com o <strong>Sebrae</strong> foi quando fiz um curso, no ano de<br />
1993, no qual o Paulo Teixeira era o instrutor. Era o curso Administração<br />
de Pequenos Negócios e, na época, eu trabalhava numa empresa<br />
de consultoria com foco em projetos de viabilidade econômica e financeira. Gostei muito<br />
do curso e comecei a prestar atenção no trabalho do <strong>Sebrae</strong>, já que estava cursando administração<br />
na Universidade Federal de Santa Catarina. As atividades do <strong>Sebrae</strong> me atraíram<br />
e, um dia, pensei:<br />
- Quero trabalhar nesta empresa.<br />
E assim aconteceu porque eu corri atrás desse sonho. Após muito tentar um es-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 217
tágio no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, em 94, consegui entrar. De forma paralela, trabalhava na empresa<br />
de consultoria. Comecei como estagiário da área de tecnologia; meu chefe era o Gesser e<br />
meu supervisor de estágio, o Sérgio Pereira. Duas figuras e excelentes profissionais, que<br />
me ajudaram e deram espaço para mostrar o meu trabalho. Fiquei dois anos como estagiário,<br />
já com promessa de que seria contratado. Isso porque ajudei a criar a área de crédito<br />
orientado, que acabou se tornando uma gerência, composta pela gerente e por mim, como<br />
estagiário.<br />
Mas ainda não era o momento e permaneci, por mais um ano e meio, como terceirizado,<br />
conduzindo a operação da unidade de crédito orientado, junto com a gerente. A<br />
minha grande felicidade veio em agosto de 1998, quanto fui chamado pelo superintendente<br />
da época, que me deu a notícia da contratação definitiva.<br />
Tive grandes experiências e passagens por várias unidades no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Algo<br />
que indico a todos os iniciantes, pois acho que agregou muito à minha carreira como analista<br />
técnico; pude ter uma visão ampliada das atividades da empresa, na prática. Como<br />
já comentei, comecei como estagiário da tecnologia, depois crédito orientado, ajudei na<br />
criação da gerência de novos produtos e, logo em seguida, fui chamado a compor a Gerência<br />
Regional da Capital.<br />
Ali, acabei virando um consultor de atendimento do antigo Balcão <strong>Sebrae</strong> na sede,<br />
numa época em que tínhamos filas e utilizávamos senhas para atender o cliente. Fiquei<br />
um ano no atendimento do Balcão <strong>Sebrae</strong>, até que passei pela primeira “crise” na empresa,<br />
em 1999, quando os balcões foram fechados e várias mudanças aconteceram.<br />
Como estava finalizando uma pós-graduação em orçamento e finanças, tive a grata<br />
satisfação de ser chamado a compor a Gerência de Orçamento, na época gerenciada pelo<br />
excelente profissional Moresco, que me ensinou muitas coisas. Ali, pude, mais uma vez,<br />
conhecer novas atividades da empresa.<br />
Em seguida, fui convidado a ajudar na Gerência de Educação, na qual criamos<br />
diversas soluções que até hoje são executadas, como é o caso da Gestão da Qualidade, Faça<br />
e Aconteça. Também ajudei a criar o Movimento Catarinense para Excelência e fui diretor<br />
administrativo do MCE, como voluntário pelo <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Em 2007, além de coordenar soluções de educação, fui desafiado a fazer a coorde-<br />
218 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
nação estadual de projetos de Arranjos Produtivos Locais - APL´s nos setores metalmecânico<br />
e móveis; aceitei imediatamente. A experiência foi muito boa e, logo, tive interesse<br />
em fazer parte da Gerência de Projetos Regionais e Setoriais, que recém tinha mudado de<br />
gerente, com a nomeação do Ricardo Brito.<br />
Foi então que veio o convite para fazer parte da nova composição da gerência, na<br />
qual estou até hoje. Apenas o nome é diferente, Unidade de Atendimento Coletivo. Além<br />
disso, várias passagens por comitês marcam a minha trajetória no <strong>Sebrae</strong>, tais como: comitê<br />
de licitação, comitê de ética, comitê do SGP, comitê do PREC, comitê do inventário,<br />
comitê de recomposição das gerências, entre outros. A passagem por estes comitês também<br />
agregam conhecimento e trazem muito aprendizado para nossa carreira.<br />
Nestes 16 anos de casa, considero os último como sendo os melhores, já que, no<br />
início, tive dificuldades para o reconhecimento do trabalho, pela falta de um sistema padronizado<br />
de reconhecimento e remuneração; tendo ficado estacionado um bom tempo<br />
na carreira. Tenho orgulho de minha carreira e, aqui, desejo fazer um reconhecimento<br />
público para atual diretoria, que tem nos dado espaço para mostrar todo nosso potencial<br />
e tem valorizado nosso trabalho de forma profissional, com o devido reconhecimento e<br />
avanços na carreira.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 219
220 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
MUITOS JÁ<br />
DEIXARAM SUA<br />
MARCA<br />
TENHA MUITO ORGULHO EM<br />
INGRESSAR NESTA INSTITUIÇÃO.<br />
Robson Schappo<br />
Vou relatar uma história particular, que demonstra a importância que o<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> tem em minha vida; não só profissional, mas sobretudo pessoal.<br />
Estava no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, como funcionário, há quatro meses, ainda no ano de 1998.<br />
No dia 08 de setembro, teria apenas as duas últimas aulas na Universidade Federal de<br />
Santa Catarina. Lá pelas 19 horas, decidi entrar numa sala de bate-papo do UOL e troquei<br />
algumas palavras com uma mulher, cujo apelido adotado foi Isabela. Fiquei sabendo que<br />
ela era de Videira, tinha a minha idade; na época 23 anos, estudava direito e se formaria<br />
na mesma época que eu. Trocamos nosso endereço de e-mail e ficamos de nos falar mais.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 221
Neste dia, eu não tinha a menor condição de saber do que estaria surgindo naqueles<br />
vinte minutos de conversa: um namoro de três anos, um casamento com 14 anos,<br />
atualmente; um filho de 9 anos, outro de 4. Uma família que é minha fonte de recarga para o<br />
dia a dia corrido, meu porto seguro para enfrentar as dificuldades que a vida nos apresenta.<br />
Costumo dizer que o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> me deu praticamente tudo, a partir dos 23 anos,<br />
tudo que consegui adquirir. A família; pois foi aqui que tive o primeiro contato com minha<br />
esposa, aqui fiz grandes amigos e outros tantos colegas de trabalho, aqui passei praticamente<br />
metade de minha vida, considerando o tempo que fico acordado, produtivo. Olhando para<br />
trás, tenho muito orgulho de tudo que fiz nesta instituição, de minha caminhada aqui, do<br />
crescimento profissional, dos amigos feitos, da entrega realizada no decorrer destes 17 anos.<br />
Mas a minha história no <strong>Sebrae</strong> começou da seguinte maneira. Sou amigo do Heverton<br />
Luiz Vieira, gestor financeiro do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, da época do 2º grau, na Escola Técnica<br />
Federal de Santa Catarina. Fizemos também o mesmo curso na Universidade Federal de<br />
Santa Catarina; Ciências Contábeis, porém ele no período da manhã, eu no período da noite.<br />
No ano de 1996, meu estágio na Imprensa Oficial de Santa Catarina estava se encerrando.<br />
O pai do Heverton, senhor Enio Gentil Vieira, era o gerente da Área Contábil do<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> e, ao saber que meu estágio estava vencendo, me convidou para ser estagiário<br />
no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, uma vez que estava perdendo dois funcionários do setor.<br />
Durante um ano e meio, fui estagiário do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, sendo convidado, após este<br />
período, a ser terceirizado do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, por meio da empresa Gelre Recursos Humanos.<br />
Ao final de mais três meses como terceirizado, fui convidado a ser funcionário do <strong>Sebrae</strong>/<br />
<strong>SC</strong>, para me tornar parte da equipe desta importante instituição.<br />
No dia 04 de maio de 1998, fui contratado pelo <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Nesse ano, também<br />
foram contratados os funcionários Ricardo Brito, Paulo Teixeira, Marcos Regueira, Luiz<br />
Carlos da Silva, Jefferson Paulo Gomes Marchiorato, Jefferson Reis Bueno e Roberto Tavares<br />
de Albuquerque; ou seja, uma equipe de muita qualidade para a instituição, o que<br />
me deixa orgulhoso.<br />
Foram vários os desafios enfrentados, no decorrer destes anos. Mas foram momentos<br />
que me fizeram crescer como profissional. O primeiro deles foi o primeiro emprego,<br />
assumir a responsabilidade por processos dentro de uma instituição. Logo ao entrar<br />
222 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, ainda como estagiário, tive a tarefa de entender sua contabilidade, seu orçamento,<br />
e conseguir fechar o balanço da instituição; uma vez que a área havia perdido os<br />
funcionários que executavam esta função.<br />
No ano de 1999, o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> teve uma séria crise financeira, que culminou com a<br />
demissão de muitos funcionários, um momento difícil na minha carreira; com pouco mais<br />
de um ano como profissional, ver vários funcionários perderem seus empregos não é uma<br />
situação fácil. Um dos funcionários que passou por isso, em decorrência desta crise, foi o<br />
senhor Enio Gentil Vieira, principal responsável por minha contratação, o que me deixou<br />
ainda mais triste com a situação ocorrida.<br />
Uma das justificativas para a crise financeira que aconteceu foi a falta de informações<br />
financeiras para a Diretoria Executiva, que fez com que as decisões não fossem tomadas<br />
da maneira mais correta. Com base nesta informação, iniciei o relatório de análise dos resultados<br />
do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, me dedicando a fornecer informações sempre atualizadas e corretas à<br />
diretoria, procurando evitar a repetição de tal evento tão traumático para a instituição.<br />
A partir da saída de um grande número de funcionários, passei a ser o responsável<br />
pela assinatura das demonstrações contábeis da instituição, sendo oficialmente seu<br />
contador. No ano de 2000, fui indicado como auditor interno do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, exercendo as<br />
funções de contador e auditor interno. Nos anos seguintes, acumulei, também, a função<br />
de responsável pelo orçamento da instituição. Com a formatura do funcionário Jefferson<br />
Paulo Gomes Marchiorato, no ano de 2004, este passou a ser o contador do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Outro desafio foi estruturar a área de auditoria interna da entidade, uma vez que<br />
não existia nenhum processo estruturado; aprender o que fazer, como fazer. Como participei<br />
dos grupos técnicos de auditoria interna do Sistema <strong>Sebrae</strong>, de 2011 a 2014, sempre<br />
sendo o auditor mais votado por seus pares, e como Santa Catarina sempre foi uma das<br />
referências no sistema, em termos de auditoria interna, julgo ter feito um bom trabalho.<br />
Por fim, no ano de 2015, fui convidado a ser o novo gerente de contabilidade e<br />
finanças do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, o que está sendo um novo tempo de desafios e crescimento, como<br />
pessoa e como profissional. Os principais conhecimentos agregados vêm da área de gestão<br />
de pessoas. Ter funcionários que dependem de sua liderança, de seu apoio, de suas observações<br />
e, até mesmo das “chamadas de atenção”, é uma tarefa das mais importantes para<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 223
um profissional. Como falar, quando falar, como motivar, como “chamar a atenção” sem<br />
desmotivar, tudo é um importante aprendizado.<br />
Algumas lembranças marcantes, do período em que sou funcionário do <strong>Sebrae</strong>/<br />
<strong>SC</strong>, são a do momento de minha contratação, quando fui chamado pelo doutor Paulo Ferreira,<br />
para ser comunicado de minha contratação; o momento da demissão do senhor Enio<br />
Gentil Vieira, talvez o momento mais triste em minha vida profissional; o momento de<br />
minha primeira eleição, como auditor mais votado, para compor o grupo técnico de auditores<br />
do Sistema <strong>Sebrae</strong>; e o convite para assumir a Unidade de Contabilidade e Finanças.<br />
A família <strong>Sebrae</strong> significa muito para mim, aliás, acho que para todos os funcionários.<br />
Não que esta família substitua nossas verdadeiras famílias de sangue, nossos filhos,<br />
esposa; mas as duas têm sua importância em nossas vidas. A família de casa, de sangue,<br />
é aquela que recarrega nossas energias. Costumo dizer que é em casa que buscamos<br />
novas forças para voltar no dia seguinte, cheios de alegria e vontade; pois, sem sombra<br />
de dúvida, o trabalho, muitas vezes, nos suga estas energias e precisamos estar sempre<br />
muito bem preparados.<br />
A família <strong>Sebrae</strong> é aquela com a qual passamos nosso dia, aquela com quem, em<br />
primeiro lugar, dividimos nossos sucessos e insucessos. Outra coisa que costumo dizer<br />
à minha equipe é que, como gerente, quero ver todos felizes, satisfeitos, trabalhando de<br />
maneira leve. Acredito que, sempre que fazemos as coisas de maneira feliz, fazemos bem<br />
feito, fazemos as coisas de modo a espalhar alegria, e conectamos uma corrente do bem;<br />
pois, se espalhamos alegria, recebemos alegria de volta.<br />
O trabalho de maneira leve é o primeiro passo para o trabalho com sucesso, para<br />
a vida profissional feliz. Uma equipe que trabalha com alegria, com vontade, é uma equipe<br />
que tem como destino o sucesso profissional.<br />
Em tudo isto, estamos falando do lado profissional. Mas a família <strong>Sebrae</strong> também<br />
tem seu significado pessoal, de amizade. A família <strong>Sebrae</strong> me lembra sorrisos, as<br />
brincadeiras, e a alegria em conversar, também, sobre assuntos banais. Nada representa<br />
melhor isto do que as viagens de auditoria pelo interior do estado, sempre acompanhadas<br />
de algum outro funcionário da unidade, como o Luiz Roberto Pires, O Frederico Rebhaim<br />
e o Pedro Grudtner.<br />
224 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
As viagens de auditoria são sempre momentos cansativos fisicamente, afinal de<br />
contas, viajar longas distâncias de carro, visitar clientes no interior do interior das cidades,<br />
encontrar estes clientes; são sempre momentos cansativos. Mas tudo se tornava<br />
sempre muito mais leve com as brincadeiras, com os sorrisos em cada trecho da viagem.<br />
Lembrar de fatos passados, de cada trapalhada de um companheiro de trabalho,<br />
dos momentos de sorriso na sede, de cada caminho errado na estrada; tudo isto fazia<br />
a viagem ficar menos estressante. O sorriso sempre era nosso companheiro e este, sem<br />
dúvida, é um momento que representa, para o Robson Schappo, o que é a família <strong>Sebrae</strong>.<br />
A família <strong>Sebrae</strong> é aquela que faz seu dia ser mais leve, aquela com quem você<br />
divide alegrias, que leva você várias vezes ao sorriso durante o dia. É aquela com que você<br />
pode contar nos momentos em que existe uma tarefa urgente; é aquela com quem você<br />
pode conversar assuntos em alto padrão; é aquela que sabe interpretar fatos. Com ela,<br />
podemos crescer ,a cada dia, como ser humano, como profissional, como cidadão.<br />
Várias coisas trazem satisfação em trabalhar no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. A primeira delas é o ambiente<br />
da empresa, sua cultura. Quando se trata essa instituição como uma grande família,<br />
é porque aqui temos grandes amigos, o ambiente de trabalho é leve, informal; o que proporciona<br />
espaço para brincadeiras, amizades e torna os desafios mais leves e as metas mais atingíveis.<br />
O ambiente não é de disputa e concorrência, mas de amizade e trabalho em equipe.<br />
A possibilidade de crescimento, na carreira que o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> proporciona, é outro<br />
ponto positivo. As pessoas possuem um ambiente propício para adquirir conhecimento,<br />
para aplicar este conhecimento na empresa e, com isto, avançar em suas carreiras.<br />
Outra grande satisfação, em trabalhar no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, é sua missão. Saber que você<br />
está trabalhando pelo sucesso dos empresários de micro e pequenas empresas é uma grande<br />
fonte de inspiração e motivação para o trabalho do dia a dia. Ter conhecimento de que seu<br />
trabalho reflete na sociedade, na geração de empregos, na economia do estado e do Brasil;<br />
tudo isto inspira, dá confiança para fazer cada melhor que o anterior, pois muita gente depende,<br />
mesmo sem ter conhecimento disto, dos serviços prestados por você no seu dia a dia.<br />
Esta soma de bom ambiente para trabalhar, oportunidade de crescimento profissional,<br />
desafios como pessoa e finalidade institucional da sua organização é o que mais me<br />
traz satisfação em trabalhar no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 225
Para finalizar, vou relatar algo que me deixa com muito orgulho, sempre que tenho<br />
lembrança. No ano de 2011, obtive minha certificação internacional como auditor interno,<br />
momento de grande alegria pelo alcance de mais um desafio profissional e pessoal. No encerramento<br />
do ano, os funcionários que concluíram cursos de graduação e pós-graduação<br />
receberam uma lembrança do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, por conta desta conquista. Neste momento, fiquei<br />
sabendo que eu também iria receber uma homenagem, mais seria muito especial.<br />
No momento da entrega da homenagem, a Juliana Faria Klan Schmidt, que estava,<br />
interinamente, como gerente da UGP, disse que esta homenagem, ela gostaria de<br />
entregar pessoalmente. Em seu discurso, ao elencar as qualidades do homenageado, foi<br />
as lágrimas; momento em que todos se emocionaram e aplaudiram com entusiasmo. As<br />
palavras da Juliana, suas lágrimas, os aplausos; tudo isto fez com que eu visse um filme,<br />
em minha memória, que me emociona até hoje.<br />
Ser homenageado pela pessoa da Juliana, um ser humano fantástico, ver a emoção<br />
da mesma, sentir o carinho transformado em aplausos. São aspectos que me fazem<br />
observar não apenas o meu lugar nesta organização, mas, sobretudo, me levam a conclusão<br />
de que meu trabalho deve ser sempre melhor, levando em conta o lado humano de<br />
cada pessoa, o lado humano de cada processo. Foi um momento de alegria, de emoção e de<br />
aumento de responsabilidade, uma lembrança, sem sombra de dúvida, muito marcante.<br />
Aos que chegam, eu digo: tenham muito orgulho em ingressar nesta instituição.<br />
Aqui, você terá oportunidade de crescimento, tanto profissional, quanto pessoal, tenha<br />
coragem e vontade de alcançar seus objetivos, pois o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> permite isso.<br />
Lembre-se sempre de quantas pessoas já passaram por aqui e deixaram sua marca,<br />
deram grande parte de sua vida para engrandecer esta instituição. Nossa responsabilidade<br />
é honrar cada uma destas pessoas, fazendo com que o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> se torne cada vez melhor.<br />
Tenha sempre consigo a lembrança da missão da instituição, quando se questionar<br />
a razão de estar aqui. Lembre-se que seu trabalho tem um objetivo, tem uma finalidade<br />
social. Você trabalha para gerar empregos para seus amigos e parentes, para ajudar<br />
os empresários de micro e pequenos negócios de seu bairro, de sua região. Você trabalha<br />
para promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos pequenos negócios<br />
e fomentar o empreendedorismo, para fortalecer a economia de Santa Catarina.<br />
226 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
CARINHO<br />
PELAS PESSOAS<br />
VIVEMOS UM BELÍSSIMO MOMENTO DE IMAGEM<br />
PERANTE O EMPRESÁRIO, O QUE É RESULTADO<br />
DO TRABALHO DE TODA A NOSSA EQUIPE.<br />
Sérgio Fernandes Cardoso<br />
Eu entrei no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> no dia 17 de agosto de 1999, numa época em que eu<br />
precisava encontrar um emprego. Eu tinha uma empresa que não estava<br />
muito bem, e por isso, precisava de outra atividade. Inicialmente, fui convidado<br />
para ser diretor técnico do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, mas um dos dirigentes veio a falecer, o que<br />
mudou um pouco a configuração de funções, e acabei por iniciar minhas atividades como<br />
assessor da diretoria.<br />
Foi o pior tempo que eu vi e vivi.<br />
Era um período de grande dificuldade na Instituição, tanto financeira quanto de<br />
gestão. Para enfrentar essa crise, instalou-se um processo que foi denominado de reenge-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 227
nharia do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Foram fechados mais de 100 Balcões <strong>Sebrae</strong> no estado, além da demissão<br />
muitas pessoas que trabalhavam na empresa. Foi a época mais escura do <strong>Sebrae</strong>/<br />
<strong>SC</strong>, que precisa ser esquecida; ou não, para lembrarmos da nossa responsabilidade em que<br />
isso não aconteça mais.<br />
Essa reengenharia prejudicou muitas pessoas. Alguns entraram em depressão,<br />
outros até se separam; afinal, onde falta dinheiro, falta amor. Talvez, para minha sorte,<br />
muitas pessoas desligadas eu ainda não conhecia. Mesmo assim, foi um processo extremamente<br />
doloroso e, de qualquer maneira, eu participei do grupo de trabalho que conduziu<br />
todas essas mudanças.<br />
Eu entrei e, imediatamente, esse processo foi iniciado. Não houve participação<br />
minha na designação do que deveria ser feito, ou de quem seria demitido. Como assessor<br />
da diretoria, coube a mim assessorar e dar prosseguimento as decisões ali tomadas. Foi<br />
muito difícil fazer tudo isso.<br />
Digo até que eu entrei no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> com o pé esquerdo. Era necessário fazer<br />
alguma coisa, pois não havia sequer caixa para pagar as despesas. Foi um passo para trás,<br />
doloroso, mas importante, para chegarmos ao ponto em que estamos hoje. Todos os dias,<br />
quando eu entro no <strong>Sebrae</strong>, eu relembro tudo o que aconteceu. E mantém em alerta o<br />
nosso compromisso para com as pessoas e a responsabilidade que temos para evitar que<br />
algo assim se repita.<br />
Apesar desse início turbulento, eu digo que sou muito feliz em trabalhar no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Comecei sendo assessor e, quando apareceu uma vaga na minha cidade, Tijucas,<br />
eu pedi para retornar para lá. Alguns até me questionaram dizendo:<br />
- Você está aqui, na diretoria, e quer voltar a trabalhar em campo?<br />
E eu digo que a gente deve trabalhar onde está bem, onde sente-se feliz. Não interessa<br />
o cargo, nem a função e nem quanto ganha. Isso é um pré-requisito para o trabalho<br />
e para a vida.<br />
Assim, fiquei em Tijucas, conheci toda a região e me orgulho de ter feito um bom<br />
trabalho, tanto no Vale do Rio Tijucas, quanto na Costa Esmeralda. Foram muito projetos<br />
como, por exemplo, o Arranjo Produtivo de Calçados, que virou referência nacional, mudou<br />
a região e, até hoje, é reconhecido pela sua transformação.<br />
228 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
Depois de algum tempo, fui novamente convidado para ser assessor, desta vez do<br />
superintendente Carlos Guilherme Zigelli. Aceitei, com a condição de continuar atendendo<br />
dos projetos na região de Tijucas e dividir meu tempo entre as duas cidades.<br />
Depois deste tempo como assessor, lembro bem de um jantar que aconteceu na<br />
cidade de Joinville, em que o Zigelli me convidou para ser diretor administrativo e financeiro.<br />
Aceitei. Estou agora no segundo mandato e feliz, por que faço o que gosto e tenho<br />
participado ativamente da vida das pessoas.<br />
Sempre acordo cedo, procuro resolver todos os compromissos do dia, deixando<br />
muito pouca coisa para o dia seguinte. Eu acredito que o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> vive um belíssimo momento<br />
de imagem perante o empresário, o que é resultado de toda a sua equipe.<br />
Entretanto, sou um homem que trabalha por ciclos. Eu tenho um ciclo no <strong>Sebrae</strong>/<br />
<strong>SC</strong> e, esse ciclo, eu vou cumprir. A minha vida é como uma bateria, quando ela vence,<br />
precisa ser trocada (risos). Eu sempre vivi assim, em trabalhos anteriores, na função de<br />
professor, gerente no SENAI, e na minha empresa, que hoje as minhas filhas gerenciam.<br />
Ao longo desse tempo, eu me identifiquei muito com o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. A nossa causa é uma<br />
das mais nobres que existem. Ela muda a vida das pessoas e das suas famílias, por meio<br />
do trabalho.<br />
Ao falar da equipe, lembrei-me agora do Plano de Demissão Incentivada, pelo<br />
qual batalhei muito e que foi reconhecido como o melhor do Brasil. Ele tem duas funções,<br />
valorizar quem sai e uma demonstração clara da valorização de quem fica e sabe que trabalha<br />
em uma empresa que tem essa postura ética. Sem comentar que muitos continuarão<br />
trabalhando conosco, como credenciados; afinal, não podemos abandonar e nem nos privar<br />
dos conhecimentos acumulados por estas pessoas. Elas têm o DNA do <strong>Sebrae</strong>.<br />
Essa diretoria valoriza as pessoas, tanto por meio do Sistema de Gestão de Pessoas<br />
– SGP, bem como pelas novas diretrizes destinadas aos credenciados. Nós não construímos<br />
nada físico. Nossa função é repassar conhecimento, e isso só é possível por meio<br />
de pessoas qualificadas, felizes e motivadas. Se vejo alguém com algum problema, sempre<br />
penso em resolver.<br />
O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> não é uma ilha. Também vivemos, aqui, tudo que as outras empresas<br />
vivem. Se houver dificuldades no mercado, nós também sentiremos, da mesma forma<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 229
de que, quando tudo vai bem, nós também iremos. Fazemos parte de uma sociedade viva,<br />
não somos um organismo isolado.<br />
Depois que passou aquele tempo da nuvem negra, no final dos anos 90, veio a bonança.<br />
O <strong>Sebrae</strong> foi se acertando, resgatando sua imagem, inclusive com os empresários.<br />
Novas pessoas foram contratadas e, as que aqui já estavam, foram estudar, se aprimorar;<br />
formando um quadro técnico de alta qualidade.<br />
A nova sede também tem um grande significado, tanto como reforço de marca<br />
pela imponência que o prédio físico tem, quanto e muito mais pelo conforto e pelo ambiente<br />
com melhores condições que foram oferecidas às pessoas. O <strong>Sebrae</strong>PREV é uma<br />
outra grande conquista. Eu considero o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> uma grife, um orgulho para quem veste<br />
essa camisa.<br />
Como diretor, eu sei o nome de toda nossa equipe do <strong>Sebrae</strong>; inclusive de grande<br />
parte dos credenciados. Faz parte do meu jeito de ser, cumprimentar e saber das pessoas,<br />
inclusive das realidades regionais das coordenadorias. Muitas vezes, um cumprimento ou<br />
um sorriso faz muito bem como fator de motivação e felicidade.<br />
Pensando nisso, me recordei de um momento marcante, por ocasião do meu aniversário,<br />
ainda na antiga sede da Avenida Rio Branco. Lá, o quinto andar, o da diretoria<br />
executiva, era meio intocado. E, nesse meu aniversário, as pessoas preparam, com carinho,<br />
uma surpresa, com cartazes, vídeos e mensagens que invadiram o tal do quinto<br />
andar. Senti-me muito bem acolhido e, de certa forma, foi uma quebra de paradigma. As<br />
pessoas estiveram à vontade e se sentiram mais próximas, até mesmo do ambiente da diretoria.<br />
Eu tenho muito carinho pelos outros, e percebo que isso é recíproco.<br />
Tenha a certeza absoluta de que o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> quer ter um bom ambiente de trabalho,<br />
valoriza a todos e favorece o crescimento. Somos hoje, uma empresa segura, bem regida,<br />
com coerência e assertividade. Uma empresa que pensa nas pessoas, pois elas são o mais<br />
importante patrimônio que temos. Lembre-se: seja feliz naquilo que você faz. Eu sou!<br />
230 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
COMECEI JÁ SENDO<br />
EMPRESTADO...<br />
LEVE A VIDA COM MAIS LEVEZA, RESPEITE AS<br />
DIFERENÇAS QUE SÃO INERENTES ÀS PESSOAS E<br />
NÃO ABRA MÃO DA SUA IDENTIDADE.<br />
Sérgio Henrique Pereira<br />
O<br />
início de minha trajetória no <strong>Sebrae</strong> não teve nada de histórias emocionantes<br />
ou de superação de dificuldades. Simplesmente fui convidado<br />
para vir trabalhar aqui, numa empresa que eu nem sabia o que fazia.<br />
Estava empregado, trabalhando como engenheiro calculista e havia passado num concurso<br />
para ser funcionário público federal. Três opções de emprego, sendo que, em duas, eu<br />
sabia exatamente o que iria fazer. Optei pela terceira, verdadeiro tiro no escuro. E ai dei<br />
início a uma sucessão de situações daquelas que fazem os autores de livro de autoajuda<br />
buscarem novas soluções.<br />
Comecei já foi sendo emprestado para outra empresa, a Secretaria de Estado dos<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 231
Transportes. Era o engenheiro responsável pela construção de pequenas pontes (pinguelas)<br />
nos municípios. Como não havia muito trabalho, especializei-me em construir aquários<br />
para os colegas, até o dia em que um prefeito me viu fazendo isso e foi fazer queixa<br />
pro secretário. Fiquei sete meses nessa situação. Pensei:<br />
- Isso não é futuro.<br />
Pedi para sair.<br />
Transferiram-me para a Secretaria da Educação, onde fui da equipe de engenharia<br />
responsável por reformas de escolas. Realizei alguns bons trabalhos, mas a parte mais<br />
marcante foi uma reunião onde estavam o diretor da secretaria, vários deputados, um<br />
desenhista e eu; para tratar das condições precárias das escolas públicas. No meio da reunião,<br />
tive um “bode de riso”, impossível de parar. Tive que enfiar a cabeça debaixo da<br />
mesa, como se estivesse amarrando o sapato, e ali fiquei. Só saí quando o diretor parou a<br />
reunião e disse:<br />
- Acho que esse guri é meio tolo.<br />
Nesse momento o riso cessou e adquiri uma cor de siri cozido. Poucas semanas<br />
depois, saí dessa secretaria. Finalmente, depois de um ano e meio emprestado, vim trabalhar,<br />
de fato, nesta empresa (CEAG) e, com duas semanas, lancei-me ao primeiro desafio<br />
profissional.<br />
Meu gerente me chamou, me deu uma folha com algumas poucas linhas sobre o<br />
que era incubadora de empresas. Disse ser um tema moderno e que eu iria participar de<br />
uma reunião em São Miguel do Oeste sobre esse assunto. Orientou-me, também, a anotar<br />
tudo que fosse falado.<br />
Tranquilamente fiz a minha programação de viagem. Entretanto, achei estranho<br />
quando me mandaram de avião, numa época que todo mundo viajava apenas de carro.<br />
Mais estranho ainda foi ter uma pessoa me esperando no aeroporto de Chapecó, para me<br />
levar até São Miguel do Oeste. Apresentamos-nos rapidamente e seguimos viagem, conversando<br />
sobre amenidades, tipo vida de caserna.<br />
Não foi uma viagem tranquila. O cidadão chamava carro de viatura e pessoas de<br />
elemento. Ele também não dirigia, voava. Já tive um pré-enjoo antes da reunião. Depois<br />
de 200 quilômetros de emoção, chegamos ao local. Acho que era um clube, estava cheio de<br />
232 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
carros, muitos prefeitos e secretários municipais. Entramos no auditório e eu, rapidamente,<br />
me instalei na última fileira de cadeiras, como fazia na época de estudante, tranquilão.<br />
Ao meu lado, coincidentemente, conheci um outro colega do CEAG. Fiquei ali, relaxado.<br />
Aquela folhinha sobre incubadoras, um bloquinho e caneta para anotar tudo. De repente,<br />
meu amigo “motorista” dirigiu-se à frente do auditório, pegou o microfone, pediu silêncio,<br />
e fez a abertura do evento. Pensei:<br />
- Pô, esse cara deve ser influente aqui. Todo mundo em silêncio ouvindo-o.<br />
E ele, garboso, fez toda aquela solenidade:<br />
- Senhoras e Senhores, muito boa noite, trago aqui um abraço da nossa diretoria<br />
... blá, blá, blá,.. Este é momento ímpar, de suma importância, um marco para a nossa<br />
região. Por isso, neste instante, e sem muitas delongas, convido-os a ouvirem a palestra<br />
do especialista internacional em incubadora de empresas, o engenheiro Sérgio Henrique<br />
Pereira. Sérgio, por favor, dirija-se aqui à frente!<br />
Meu mundo desabou. Por ínfimas frações de segundo, pensei que pudesse ter um<br />
homônimo naquele recinto, mas, quando vi todos os olhares para o fundo da sala, senti<br />
aquela morte súbita. Instantaneamente parecia que tinham jogado água de cachaça com<br />
areia de praia nos meus olhos. Tudo ficou embaçado. A temperatura corporal despencou,<br />
como se eu tivesse entrado num freezer. Adquiri uma cor verde defunto Levantei-me, com<br />
fraqueza, e me dirigi à frente do auditório, com aquele papelzinho na mão.<br />
Nesse momento, além da visão turva, corpo gelado, começou uma tremedeira nas<br />
mãos, o papelzinho chegava a fazer barulho, de tanto que chacoalhava. As primeiras palavras<br />
balbuciadas foram “incubadora de empresas” com uma voz fraca, tipo hiena hardy.<br />
Depois dessas duas palavras, a minha boca, como num movimento involuntário de fugir<br />
do meu corpo e daquela situação, foi secando e diminuindo, até ficar do tamanho de uma<br />
moeda de cinquenta centavos. Falei por intermináveis 3 minutos e meio, com uma voz<br />
cada vez mais fraca, tudo o que eu sabia sobre o tema, ou seja, quase nada.<br />
Agradeci a todos pela atenção e dei por encerrada a minha “palestra”. A visão<br />
turva deveria ter me poupado de ver a reação do público, que era um misto de piedade e<br />
deboche. Dirigi-me à minha cadeira no fundo da sala, com camisa, cueca e meias suadas,<br />
frio e tremedeira. Enquanto caminhava, as pessoas me olhavam como se eu fosse uma<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 233
aberração. Até hoje me pergunto: por que não fugi pela porta dos fundos quando fui chamado?<br />
Acho que porque minha sina é ser o anti-herói.<br />
Depois dessa traumática experiência, pensei:<br />
- Nunca mais me mandarão para falar em público.<br />
Que nada. Colocaram-me para fazer cursos de oratória e essa praga de falar em<br />
público, volta e meia. me atormenta.<br />
Em determinada situação, fui chamado para fazer uma apresentação na Federação<br />
das Indústrias do Estado de Santa Catarina, com a participação do presidente e tudo<br />
mais. Preparei-me, olhei como se comportavam os palestrantes show e tentei imitá-los.<br />
Passei gel nos cabelos, coloquei uma calça bag (devia ter umas 8 pregas de cada lado), e um<br />
paletó com ombreira, com as mangas dobradas. Fiquei meio estranho, parecia a cabeça do<br />
Dunga, o tronco do Roberto Carlos e as pernas do Getúlio Vargas, mas como era moda,<br />
tudo bem. Preparei as transparências, com canetas coloridas, e levei um dedinho de plástico,<br />
que se colocava em cima das transparências para apontar o que estava falando. Na<br />
época, já existiam as canetinhas laser, mas eu não ousava usá-las, porque tremia tanto que<br />
o pontinho vermelho parecia descrever a trajetória de uma mosca envenenada.<br />
Para minha alegria, quando cheguei ao local, o microfone que usaria era aquele<br />
estilo Sandy & Júnior o que seria perfeito para compor o meu visual. Mas, neste instante,<br />
começou a ruir a minha apresentação show. A bateria e o fiozinho do microfone deveriam<br />
ficar no bolso do paletó, que era novo e tinha os bolsos ainda costurados. Na ânsia de<br />
abri-los discretamente, arrebentei a linha e rasguei um pedaço do forro. Nisso, alguém da<br />
plateia gritou:<br />
- Paletó novo hein?<br />
O resto nem preciso contar.<br />
Noutra ocasião, numa apresentação em São Paulo, tremia muito para segurar o<br />
microfone. Passava o microfone de uma mão para a outra, e nada. Foi quando pedi para<br />
me arrumarem um pedestal, dizendo:<br />
- Porque, se eu continuar segurando o microfone dessa forma, ele vai gozar.<br />
A partir dai ganhei o público e pude falar qualquer coisa que ninguém mais prestava<br />
atenção. Pelo menos saí feliz.<br />
234 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
Como, profissionalmente, nada dava certo, nada era sucesso; passei, juntamente<br />
com outros parceiros, a investir na carreira artística. Lá pelo ano de 2000 e pouco, criamos,<br />
numa noite nada sóbria, a banda Coro de Gato, que era mais do que uma banda, era<br />
um verdadeiro estado de espírito. Sua composição inicial era Joel Fernandes (mentor e doador<br />
de vários instrumentos musicais), Ricardo Brito (voz & violão e pandeiro), Adriano<br />
Cabelo (percussionista de balde de lixo), Denise (voz), Rubens Cunha (backstage - preparador<br />
das bebidas). Depois, juntaram-se, Jefferson Grandão (tantan), Luiz (afoxé) e Fred<br />
(triangulo).<br />
A noite de estreia foi carinhosamente preparada com um churrasco. Muitos comeram<br />
o churrasco e foram embora antes do show, que começou sob pressão e protestos<br />
do tipo “vocês vão tocar ou não?”. Na realidade ainda não estávamos emotivamente preparados,<br />
faltava alguma coisa pra dar o brilho inicial. Para ser sincero, faltava um pouquinho<br />
mais de cachaça. Entretanto, num ato de coragem extrema, puxei o primeiro acorde de<br />
“Tarde em Itapoã” e, na sequência, começou uma batucada desconectada que, junto com<br />
umas vozes trôpegas, materializaram nossa primeira apresentação.<br />
Não demorou para, logo, se formar um backing vocal , destacado pelas vozes agudas<br />
da Margarete e da Vera (era um misto de falsete com lamúria). A partir dai a coisa<br />
deslanchou. Íamos da “Tonga da Mironga do Kabuletê” à “Hotel Califórnia”, passando por<br />
sambas clássicos como “Foi um Rio que Passou em Minha Vida”. Depois, foi só administrar<br />
o sucesso, enraizado no pub “Caverna Del Diablo”, com palco e luzes carinhosamente<br />
construídos pelo Carlos Dias. A apresentação do Coro de Gato era garantia de boas bebedeiras<br />
e, invariavelmente, terminava com uma versão alternativa da Tonga da Mironga e<br />
com o Blues Suicida do Urandi. Foi uma experiência em que a amizade, a confraternização<br />
se sobrepunham a qualidade musical.<br />
E por ai segue essa história de 25 anos de casa que, apesar de registrar fatos pitorescos,<br />
não só comigo, mas com tantos outros colegas (embora muitos não revelem),<br />
considero ter sido uma trajetória de crescimento humano, dedicada a apoiar e ajudar muitas<br />
pessoas e empresas que um dia precisaram de todo o apoio que tive possibilidade e<br />
competência para oferecer. Sugiro a todos que levem a vida com mais leveza, respeitando<br />
as diferenças que são inerentes às pessoas, sem abrir mão da sua identidade.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 235
236 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
TODO DIA UM NOVO<br />
APRENDIZADO<br />
O SEBRAE É UM MARCO NA<br />
VIDA DE QUALQUER PESSOA.<br />
Soraya Tonelli<br />
Comecei minha vida profissional muito cedo. Aos 16 anos, já trabalhava<br />
como vendedora em uma surf shop. Aos 17 anos, passei no vestibular<br />
para administração, na UF<strong>SC</strong>, e fui trabalhar, como estagiária, na então<br />
Secretaria de Indústria e Comércio de Santa Catarina, órgão ao qual o CEAG, na época,<br />
estava vinculado. Trabalhei como estagiária no Prodec, um programa de apoio ao desenvolvimento<br />
de empresas. Isso foi em 1989.<br />
Em março de 1990, tive informação de que o CEAG estava contratando estagiários<br />
para um programa em parceria com o governo do estado – o PIDSE (Programa Integrado<br />
de Desenvolvimento Socioeconômico Municipal) – e me inscrevi. Minha experiência<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 237
na secretaria e com o Prodec ajudaram, e fui selecionada para trabalhar no CEAG, como<br />
estagiária, em março de 1990. Em junho de 1990, surgiu uma vaga para assistente técnica<br />
na área na qual eu estava trabalhando. O PIDSE estava em expansão e havia necessidade<br />
de pessoal para apoio técnico em pesquisas, tabulação de dados; bem como finalização<br />
e correção dos diagnósticos municipais. Fui, então, contratada. Estava, nesta época, na<br />
quinta para a sexta fase da faculdade.<br />
Foi um divisor de águas trabalhar no CEAG. Aquilo que eu aprendia, na teoria,<br />
nas aulas na universidade; eu via aplicado, na prática, por meio das conversas com os colegas<br />
que, na época, já eram consultores. Lia atentamente os relatórios e, a cada dia, gostava<br />
mais deste trabalho e do sentido de ali trabalhar.<br />
Terminei minha faculdade em dezembro de 1992. Minha banca de conclusão de<br />
curso foi em 13 de dezembro e meu casamento, no dia 18 do mesmo mês. Logo depois, entrei<br />
em férias e, para minha surpresa, ao retornar, no fim de janeiro de 1993, fui recebida,<br />
na porta, pelo diretor técnico da época, com a notícia:<br />
- Seja bem-vinda, você foi promovida e é a mais nova consultora da equipe.<br />
Na época, os analistas técnicos eram chamados de consultores. Foi uma alegria<br />
muito grande. Foi um período de muito aprendizado e, logo depois, foi criado o Sistema<br />
S, o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Em 1994, assumi a coordenação estadual de estudos e pesquisas do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> e<br />
passei a interagir, fortemente, com a área no <strong>Sebrae</strong> Nacional, compartilhando conhecimentos<br />
e experiências com colegas de outros <strong>Sebrae</strong>/UF. Foi um momento muito bom, de<br />
aprendizado e capacitação. Nesse ano, em dezembro de 1994, nasceu a minha Gabi. Os<br />
anos passam muito rápido.<br />
Em 2007, eu estava trabalhando como analista técnica, na gerência de comunicação<br />
e mercado, e comecei a sentir a necessidade de novos desafios. Sabia que podia<br />
contribuir mais com o <strong>Sebrae</strong>. Surgiu a oportunidade de um concurso para analista técnico<br />
do <strong>Sebrae</strong> Nacional, para trabalhar num projeto internacional, em parceria com o<br />
BID, que envolvia decasséguis, no Japão. Me inscrevi, me preparei muito e, ao final, fiquei<br />
em segundo lugar, com excelente desempenho; apenas alguns décimos atrás do primeiro<br />
colocado.<br />
238 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
Mas havia apenas uma vaga. Decidi me apresentar ao diretor técnico do <strong>Sebrae</strong>/<br />
NA, mostrar meu desempenho no concurso e descrever rapidamente minha trajetória de<br />
carreira no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> e os resultados de tudo que havia participado. Nesta conversa, fui<br />
convidada a ir para o <strong>Sebrae</strong>/NA, como coordenadora nacional de inteligência competitiva<br />
para MPE. Seriam dois anos em Brasília.<br />
Fui em abril de 2007, de “mala e cuia” e filha. Em julho de 2007, um dos gerentes<br />
do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> solicitou afastamento e a diretoria do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, que apoiara minha ida,<br />
me convidou a retornar, como gerente de educação. Foi sensacional, mas pedi dois meses<br />
para concluir a entrega do Termo de Referência para Atuação do Sistema <strong>Sebrae</strong> em Inteligência<br />
Competitiva para MPE. Em outubro de 2007, eu estava de volta e assumindo<br />
a gerência. Nos dois meses anteriores à minha volta, o Urandi assumiu interinamente e<br />
acumulou a gerência. Brinco que ele guardou o lugar pra mim. Grande amigo e profissional,<br />
meu conselheiro de sempre.<br />
Para os novos colegas, digo que vir trabalhar no <strong>Sebrae</strong> é um marco na vida de<br />
qualquer pessoa, uma oportunidade incrível de aprendizado e de fazer a diferença na vida<br />
de muitas pessoas.<br />
É isso! Orgulho de fazer parte desta empresa.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 239
240 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
CORAGEM,<br />
INOVAÇÃO E<br />
INICIATIVA<br />
TODOS SEMPRE VERÃO EM NÓS<br />
UMA ESPERANÇA DE ALGO MELHOR.<br />
Spyros Achylles Diamantaras<br />
Entrei no <strong>Sebrae</strong> aos 20 anos, com a inexperiência que nossos 20 anos podem<br />
nos dar. Passei por um processo de seleção via entrevista, para então iniciar os<br />
trabalhos. O curioso foi que, em minha apresentação para a equipe, o gerente<br />
me colocou como sendo um economista que iria trazer experiência e inovações à área de treinamento.<br />
Hoje, percebo que fiz mais perguntas que afirmações nesse início, pois, na época, apenas<br />
procurava respostas e conhecer esse novo mundo que iria desbravar.<br />
Em relação aos desafios enfrentados nesse período, é quase impossível mencionar um<br />
único. A natureza e o estilo da nossa empresa faz com que nos confrontemos com situações inusitadas<br />
e complexas a todo o momento. Mas destaco pelo menos duas situações distintas: uma<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 241
delas, quando o <strong>Sebrae</strong> ainda não tinha os recursos, tampouco a visibilidade atual. Eu devia ter<br />
uns 25 anos e era responsável, aqui na região da Grande Florianópolis, por um projeto denominado<br />
PRODER, que tinha como bandeira o desenvolvimento municipal, porém, muito focado<br />
em pesquisa e diagnóstico.<br />
Logo nas primeiras reuniões com a comunidade local, principalmente com empresários,<br />
ficou explícita a necessidade de algo mais prático, que trouxesse resultados tangíveis no<br />
curto prazo e, com base nesse diagnóstico, decidi, então, que tínhamos que fazer algo diferente<br />
e prático. Inspirado em experiências passadas, que se perderam no tempo, pois não havia nada<br />
documentado a respeito, apenas relatos, trabalhei na criação e/ou reconstrução e implantação<br />
da Promoção Coletiva do Comércio Local.<br />
A ação tinha como objetivo estimular a venda dos lojistas dos bairros Picadas do Sul<br />
e Forquilhinhas, em São José. Nessa época, era um técnico, sozinho em campo, frente a frente<br />
com uma comunidade inteira. Em 30 dias, sensibilizamos os 46 lojistas, compramos os prêmios,<br />
preparamos e distribuímos os cartazes, confeccionamos os tíquetes a serem entregues nas lojas<br />
aos consumidores, para, na sequência, fazermos panfletagem e carro de som. Passado o período<br />
de vendas e distribuição dos tíquetes, chegava o dia do sorteio.<br />
Estava quase tudo pronto, faltando apenas três itens do nosso check list: um caminhão<br />
com caçamba aberta, que seria o palco do evento; o globo, para o sorteio; e o “animador”, que iria<br />
cantar os números e levantar o público presente à praça principal do bairro, ansioso pelo sorteio.<br />
Na véspera do evento, conseguimos o caminhão e o globo; faltando apenas o tal “animador”.<br />
Mas todos diziam que o “cidadão” da igreja faria isso, pois já estava acostumado. Chegou<br />
o grande dia, o tal “cidadão” achou 1.800 pessoas amontoadas na praça muita gente e disse que<br />
não iria fazer. Foi aí que sobrou para o rapaz do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, no caso. eu. Enfim, subi naquele caminhão,<br />
peguei orientações de como funcionavam os sorteios tipo loteria e soltei o gogó. Saí de<br />
lá com uma sensação fantástica de euforia e de ter feito a coisa perfeita.<br />
Talvez essa história tenha me marcado, pois estava em início de carreira e sem nenhuma<br />
estrutura de suporte; o que exigiu de mim algo que o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> sempre exigirá e necessitará<br />
de todos nós. Coragem, inovação e iniciativa sempre.<br />
Sobre um episódio marcante é quase impossível escolher um ou outro ao longo desses<br />
anos, foram tantos: a primeira apresentação em público, a primeira viagem ao <strong>Sebrae</strong> Nacional,<br />
242 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
a primeira entrevista ao vivo, a primeira apresentação para o conselho, a primeira função de<br />
liderança como agente articulador, o convite para ser gerente, a primeira metodologia desenvolvida<br />
sendo nacionalizada. Enfim, tudo aquilo que significou, de forma explícita, que eu estava<br />
evoluindo na empresa. Esses degraus representavam um indicador de que minha carreira estava<br />
crescendo. Todos nós temos que saber identificar quais são esses marcos.<br />
Sobre o principal legado que o <strong>Sebrae</strong> me deu, entendo que recebemos uma educação<br />
de nossos pais e um conhecimento no colégio e faculdade. Mas não tenho dúvidas de que minha<br />
maneira de pensar, agir e entender o mundo, devo ao <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Existe algo intangível que nos<br />
torna muito parecidos e, de certa forma, representa o que somos no nosso dia a dia. O curioso é<br />
que encontramos isso de norte a sul do País.<br />
Se eu fosse me perguntar o que mais me trouxe felicidade na empresa, eu responderia,<br />
sem dúvida nenhuma, que é a missão <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>; pois, em todas as situações que interagimos<br />
com a sociedade, sempre levamos o bem e a construção de algo melhor. Isso não tem preço. Você<br />
pode atender um analfabeto, um empresário iniciante, um agricultor, um intelectual, um empresário<br />
bem-sucedido e todos verão em nós uma esperança de algo melhor, que irá incrementar<br />
suas vidas e empresas.<br />
Sobre fatos inusitados que vivi, poderiam compor um livro, mas destaco algumas histórias<br />
hilárias que merecem ser divididas com todos.<br />
Em uma de minhas primeiras apresentações em público, na cidade de Rancho Queimado,<br />
tínhamos que relatar o resultado de uma pesquisa sobre desenvolvimento municipal baseado<br />
nos principais setores. Após intermináveis 45 minutos de abertura e falas do prefeito e<br />
diretor do <strong>Sebrae</strong>, passaram a palavra a mim. Preparei-me, respirei e dei boa noite.<br />
No mesmo segundo em que terminei de falar a palavra noite faltou luz, ou seja, as tais<br />
lâminas que serviriam de referência para eu me basear se foram. Na mesma hora, sussurrei ao<br />
diretor: “E agora?” E ele disse: “Continua.”<br />
Lá fui eu fazer a primeira, e espero, última apresentação no breu. Imaginem apresentar<br />
algo sem um roteiro, e o pior, sem ver a feição das pessoas, do prefeito e do diretor. Para encurtar<br />
a história, fiz os primeiros 20 minutos no escuro, com a certeza de que iria entrar em um curso<br />
de braile no dia seguinte.<br />
Certa vez, estava numa roda de autoridades, juntamente com um diretor do <strong>Sebrae</strong>,<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 243
quando fomos apresentados às demais pessoas. Num determinado momento, um deles se apresentou<br />
ao diretor e a mim. Se não me engano, foi mais ou menos assim. Eu disse:<br />
- Prazer, Spyros.<br />
Em seguida, o diretor do <strong>Sebrae</strong> a esta pessoa:<br />
- Prazer, Lauro.<br />
- Ilseu.<br />
Após dois segundos de silêncio, eu e o diretor, falamos:<br />
- Spyros, Lauro... E ele:<br />
- Ilseu, Spyros, Lauro, Ilseu, Spyros, Lauro, Ilseu.<br />
Lá pelas tantas, nos olhamos e percebemos que o nome do cidadão era Ilseu e que ele<br />
não estava perguntando: e o seu?<br />
Falando, certa vez, em uma reunião institucional, com um ex-diretor do SENAI; após<br />
o término da reunião, já no campo das amenidades, perguntei há quanto tempo ele estava no<br />
CIATE, que eu imagina ser um departamento dentro do SENAI, pois todo mundo o chamava de<br />
Marcos do CIATE. Afinal, eu também sou conhecido como o Spyros do <strong>Sebrae</strong>, como todos nós<br />
somos chamados. Moral da história: o nome dele era Marcos Dociate mesmo!! Putz!!!<br />
Para encerrar, narro o seguinte fato que passei com o Denilson, depois de uma missão<br />
para o município de São Bonifácio, em busca de levar agricultores para conhecer as vantagens de<br />
montar uma usina de leite em forma de cooperativa. Na volta, após deixá-los em suas propriedades<br />
já à noite, vínhamos conversando sobre a tal missão quando, na descida na BR 282, ficamos<br />
sem gasolina. Assim que o carro parou, bem em frente a um cruzamento, decidimos quem<br />
ficaria no carro e quem iria atrás de um posto de gasolina. Por sorte, na sequência, passou um<br />
ônibus e o colega Denílson embarcou reta à frente. Acompanhei, no horizonte, o ônibus sumir<br />
na estrada e lá fiquei eu, por intermináveis 60 minutos.<br />
Já impaciente, resolvi sair do carro e olhar se via, na penumbra da noite, indícios dele<br />
voltando. Eu nada via à frente quando, de repente, alguém bate no meu ombro. Era o Denilson,<br />
chegando a pé, com um sorriso amarelo no rosto, dizendo que havia percorrido uns 8 km em<br />
busca de gasolina e, após seguir reto e virar aqui e ali, o tal posto em que ele havia ido buscar<br />
gasolina estava, na verdade, a poucos metros de onde estávamos com o carro. E como iríamos<br />
saber, se não existia waze?<br />
244 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
FAZER COM<br />
EXCELÊNCIA E<br />
DEDICAÇÃO<br />
QUANDO SE FAZ O BEM ÀS PESSOAS, O RETORNO SERÁ<br />
TAMBÉM COISAS BOAS: É A LEI DA NATUREZA.<br />
Sueli Vieira Sarmento Bernardi<br />
O<br />
meu início no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> foi muito interessante. Na época, eu trabalhava<br />
na ACIOC e, na sala ao lado, funcionava o CEAG, numa salinha muito<br />
pequena. Na época, trabalhavam, no CEAG, o coordenador regional,<br />
senhor Apolônio, e um técnico. No entanto, ambos atuavam muito em campo e não havia<br />
ninguém para, por exemplo, atender ao telefone.<br />
Ficava angustiada em ouvir o telefone tocando, pois sabia que alguém precisava<br />
falar com o CEAG. Então, eu atendia ao telefone e registrava os recados. O senhor Apolônio,<br />
percebendo ser fundamental que alguém atendesse o escritório nas suas ausências,<br />
começou a me recompensar por esse trabalho, com alguns vales-alimentação. Mais tarde,<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 245
me convidou para trabalhar no <strong>Sebrae</strong>. Aí, começa a minha história no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, na época<br />
ainda CEAG, como secretária, contratada dia 05 de março de1990.<br />
O meu maior desafio aconteceu em 1999, quando houve a reestruturação do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Fiquei sozinha para executar todas as tarefas dessa grande mudança: fechar as<br />
unidades de Balcão <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> existentes nos municípios da região e instituir um novo<br />
modelo de gestão e operação. Foram muitas reuniões com lideranças empresariais e políticas<br />
que não entendiam o fechamento dos balcões e a retirada de equipamentos dos<br />
escritórios.<br />
Dois fatos, dentre muitos, me marcaram na época. O primeiro deles ocorreu enquanto<br />
eu fazia a retirada de computadores de uma unidade balcão que havia sido fechada<br />
e o secretário da indústria e comércio municipal chegou, solicitando, veementemente,<br />
para deixar os referidos equipamentos. Parecia uma queda de braço interminável. Outro<br />
fato foi ter enfrentado, inclusive, uma sabatina na Câmara de Vereadores, respondendo a<br />
perguntas sobre o fechamento dos balcões.<br />
Realmente, não foi fácil. Porém, tudo isso me fortaleceu e, quando fui convidada<br />
a assumir interinamente a região, como agente de articulação, me senti preparada para o<br />
desafio. Tendo sido, logo após, efetivada no cargo.<br />
Há uns 17 anos, em um sábado à noite, fui apresentar o Programa de Qualidade<br />
Total Rural para um grupo de produtores, no interior de Campos Novos. No retorno,<br />
sozinha, quase meia-noite, o carro do <strong>Sebrae</strong>, um Escort, deu “pane” total. Para minha<br />
sorte, o carro apagou em frente a um posto de combustível e pedi ajuda a um senhor, que<br />
me emprestou uma bateria. Assim, consegui chegar em casa. No outro dia, domingo pela<br />
manhã, eu, meu marido e meu filho mais velho, na época com quatro aninhos, fomos devolver<br />
a bateria. Eu acredito que, quando se procura fazer o bem às pessoas, o retorno será<br />
também coisas boas. É a lei da natureza.<br />
Com muito trabalho e parcerias conquistadas ao longo do tempo, em 2003, inaugurávamos<br />
a Agência de Atendimento e Articulação, com uma abrangência de 16 municípios.<br />
Em 21 de dezembro de 2009, inaugurávamos a Coordenaria Regional <strong>Sebrae</strong> Meio<br />
Oeste, com 32 municípios. Hoje, são 07 funcionárias, todas mulheres, e atendemos um<br />
território com 34 municípios.<br />
246 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
O <strong>Sebrae</strong> significa, para mim, as conquistas pessoais, materiais e profissionais.<br />
Significa também a convivência com pessoas maravilhosas, algumas com mais afinidade,<br />
outras menos; porém, não menos importantes, pois aprendemos mais com quem divergimos.<br />
A satisfação do dever cumprido, fazer sempre o melhor e dar o meu melhor em<br />
prol das pessoas. É trabalhar para aqueles que procuram o <strong>Sebrae</strong> para abrir um negócio,<br />
ou que apresentam um problema que precisa de solução. É gratificante participar de projetos<br />
nas comunidades, que ajudam tantas pessoas. E deixar algo que ninguém pode tirar:<br />
o conhecimento, a oportunidade de ser melhor e melhorar vidas.<br />
Em especial, gostaria de agradecer e mencionar três pessoas:<br />
Senhor Apolônio Spadini que acreditou no meu trabalho e me convidou para trabalhar<br />
no então CEAG, em 1990;<br />
Meu marido, Josmar Bernardi, pelo companheirismo e apoio incondicional ao<br />
desenvolvimento a minha carreira no <strong>Sebrae</strong>; e<br />
O Senhor Carlos Guilherme Zigelli, pelo exemplo de liderança inspiradora.<br />
Para encerrar, digo a quem chega a essa instituição, que faça tudo com muito<br />
amor e dedicação, sem esperar algo em troca. A recompensa é o resultado desse trabalho<br />
feito para as pessoas e para o <strong>Sebrae</strong>. O resultado profissional pode demorar, mas vai ser<br />
alcançado e, quando construído com essa premissa, é duradouro e muito mais gratificante.<br />
Busque sempre a perfeição, mesmo que digam que ser perfeito é impossível. Até pode<br />
ser, mas acredito que a perfeição é o caminho para a excelência.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 247
248 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
MINHA<br />
HISTÓRIA<br />
FUI APRESENTADA AO ACERVO ESPETACULAR<br />
GERADO PELOS ANOS DE TRABALHO DE CONSULTORIA.<br />
Telma Elita Simon<br />
O<br />
ano era 1991. Eu cursava minha segunda faculdade, administração, na<br />
UF<strong>SC</strong> e nosso grupo de alunos discutia a criação de uma Empresa Júnior.<br />
Viajamos para São Paulo e conhecemos a FGV Jr. e a FAAP Jr. Voltamos e<br />
criamos a UF<strong>SC</strong> Jr, a primeira Empresa Júnior de Santa Catarina, hoje Ação Júnior.<br />
Queríamos prestar consultoria, mas como fazer, se o curso de administração, até<br />
o momento, ainda não tinha nos dado esta experiência prática? Foi então que surgiu o<br />
CEAG e eu, a gerente de projetos da UF<strong>SC</strong> Jr., fui me candidatar a uma vaga de estágio no<br />
CEAG. Consegui, com a ajuda da colega Silvia Carvalho. Iniciei minhas atividades no Setor<br />
de Marcas, com a Sandra Márcia Gomes de Andrade e a Cleide Nienkoetter, trabalhando<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 249
na organização das fichas de clientes e arquivos.<br />
Naquele ano, o CEAG passou a ser um serviço social autônomo, o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>; agora<br />
com mais orçamento para executar seus projetos e ações. Em função do novo momento,<br />
no final do meu estágio, fui contratada.<br />
E surgiu um recurso para o CDI, o Centro de Documentação e Informação: dois<br />
computadores. Um ficou no CDI e outro foi para o financeiro, mas ninguém sabia utilizar<br />
o computador do CDI, com exceção de mim. Eu tinha acabado de cursar “Micro Isis versão<br />
2.3”, pela Associação Catarinense de Bibliotecários. Era um software distribuído pela<br />
UNE<strong>SC</strong>O para organização de bibliotecas, e fui ajudar a Margarete Beccari, a bibliotecária,<br />
a organizar o acervo da biblioteca no computador.<br />
Foi quando aconteceu um momento lindo, na minha história no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Fui<br />
apresentada ao acervo espetacular gerado pelos anos de trabalho de consultoria de campo<br />
do antigo Ibagesc, e depois CEAG. Cataloguei todos aqueles relatórios de consultoria,<br />
folheei com cuidado e atenção cada um deles. Conheci todos os consultores pelos nomes,<br />
todos os que passaram pelo Ibagesc e pelo CEAG e, a partir daquele momento, eles passaram<br />
a ser meus colegas de trabalho; deste trabalho lindo, a consultoria.<br />
A aluna da UF<strong>SC</strong>, que tinha recém-fundado a UF<strong>SC</strong> Jr., foi apresentada para a<br />
história da instituição que era referência em consultoria, naquele momento.<br />
Entrei no dia 5 de Agosto de 1991, fui contratada como assistente administrativo<br />
e concluo minha história como analista técnica. Nestes 24 anos e quatro meses, passei pelas<br />
mais diferentes funções, sendo o atendimento empresarial a principal atividade.<br />
Trabalhei no Balcão <strong>Sebrae</strong>; na Coordenadoria Regional Sul de Criciúma; no início<br />
do Teleatendimento; na Biblioteca do Empreendedor; na Agência de Atendimento de<br />
Florianópolis; na Gerência de Recursos Humanos, sendo responsável pelo credenciamento<br />
de instrutores e consultores e depois pela qualidade de vida no trabalho; e meu último<br />
posto está sendo na Coordenadoria Regional da Grande Florianópolis, na qual trabalhei<br />
como recepcionista, no atendimento presencial e, por fim, no setor administrativo.<br />
Finalizo aqui minha história, agradecendo a todos, à diretoria do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> e a<br />
todos os colegas de trabalho, pelo apoio e carinho com que sempre me trataram.<br />
Um grande abraço para todos!<br />
250 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
EM TEMPOS DE<br />
OPEN INNOVATION<br />
NAS PALAVRAS DE UM EMPREENDEDOR,<br />
PERCEBO O QUANTO FAZEMOS A DIFERENÇA.<br />
Urandi Flores Boppré<br />
Há alguns anos, a tecnologia era um mito, um tabu. Era coisa da NASA,<br />
de grandes empresas, grandes laboratórios; algo distante e intangível<br />
para as e micro e pequenas empresas. Quando comecei a atuar na área<br />
da tecnologia, tudo era muito embrionário. Nem no estado havia nada neste sentido, como<br />
órgãos, unidades, secretaria ou comitês sobre o tema. Imagina falar a palavra tecnologia,<br />
hoje tão corriqueira, para um pequeno empreendedor, no final dos anos 90 e início de 2000.<br />
Uma das nossas primeiras incumbências era sensibilizar os empresários. Precisávamos<br />
desmitificar, explicando que o simples ato de lavar as mãos é uma tecnologia<br />
para não contaminar processos produtivos. Uma melhoria de layout no local de trabalho é<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 251
uma tecnologia. Aos poucos, começaram a entender o conceito por trás dessa palavra tão<br />
temida.<br />
As primeiras palestras que realizamos, nesse sentido, eram em retroprojetor. Fizemos<br />
cartilhas fáceis de compreender. Falamos de patentes de invenção e de formas de<br />
aperfeiçoamento. De que tecnologia é também melhoria de embalagem e investimento<br />
em design. “Design”, outra palavra a ser compreendida e vivida no dia a dia. As linguagens<br />
acadêmicas, para estes temas, eram dificílimas. O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> levou a tecnologia, o design e<br />
a inovação para dentro da micro e pequena empresa. Isso é fantástico.<br />
Não faz muito tempo, visitei uma empresa na cidade de Caçador. Uma pequena<br />
empresa produtora de puxadores de plástico. Em conversa informal com o empresário, o<br />
mesmo me disse que tinha uma passagem comprada para o final do ano, para participar de<br />
uma feira de inovação na Alemanha. Além disso, falou que estava trabalhando com open<br />
innovation. Ele disse:<br />
- Não sou mais eu que penso sozinho a inovação, eu peço aos meus clientes por<br />
e-mail e telefone que me sugiram inovação. São eles que me ajudam.<br />
Com isso percebi que o objetivo de levar a inovação para todo canto foi cumprido.<br />
Sempre vibrei muito com esses casos de clientes. É emocionante ver marcas que foram<br />
registradas no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> crescerem e se tornarem referência nacional. Sinto-me completo<br />
e realizado ao ajudar as pessoas e seus negócios. É gratificante ter a oportunidade de reencontrar<br />
essas pessoas e perceber que estão crescendo e progredindo.<br />
Mas minha história no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> começou muito antes. Trabalhei por nove anos<br />
na Embrafilme, viajando para fiscalizar os cinemas no estado de Santa Catarina. Eu era<br />
fiscal da Embrafilme. Viajava de ônibus pelas cidades, visitando e fiscalizando os cinemas.<br />
Passados alguns anos, aconteceram cortes de verbas e foram sendo fechadas unidades em<br />
todo o País, inclusive aqui, e acabei perdendo o emprego.<br />
Nesta época, minha esposa estava grávida do primeiro filho. Para não dar a notícia<br />
a ela, pois estava no oitavo mês de gravidez, eu me arrumava, de manhã cedo, fazia a<br />
barba, me vestia e saía de casa; retornando apenas ao final do expediente. Fazia de conta<br />
que ainda estava trabalhando. Mas já havia falado com alguns conhecidos, inclusive com<br />
meu pai, na busca de uma nova colocação. Esta situação durou uns 10 dias; então, fui cha-<br />
252 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
mado para uma colocação no Unibanco e pude contar a verdade a ela.<br />
No decorrer desta situação, outros amigos meus, em uma conversa, falaram a<br />
meu respeito. Nessa época, eu fazia faculdade de direito em Itajaí. Foram cinco anos intensos<br />
e de muita dedicação. Além do deslocamento diário, éramos a primeira turma e,<br />
pode-se dizer, uma turma cobaia da universidade.<br />
Encontrei um desses amigos, que me falou sobre o CEAG e da oportunidade de<br />
uma vaga. Fui fazer uma prova e quem também fez o teste foi o Paulo Ferreira, que viria<br />
a ser diretor do <strong>Sebrae</strong> mais tarde. Não fui muito bem nessa prova, que era bem extensa e<br />
complexa, voltada para cálculos. Três dias depois, recebi a notícia de que, para o departamento<br />
de pessoal, eu não havia realmente ido bem na prova. Por outro lado, sinalizou-se<br />
uma possibilidade em outro setor, notícia que me deixou muito feliz. Após apenas 40 dias<br />
trabalhando no Unibanco, comuniquei ao gerente que iria sair para iniciar minhas atividades<br />
no então CEAG.<br />
Fui trabalhar no setor administrativo e financeiro do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Eu lançava as<br />
horas técnicas dos consultores e dos atendimentos do <strong>Sebrae</strong>. Era uma folha gigante, do<br />
tamanho de uma mesa. Nela, constavam os nomes dos profissionais que estavam em campo.<br />
Eu recebia os canhotos de atendimento e lançava as horas de cada um deles, para<br />
depois cobrar os valores do serviço prestado para cada empresa. Na época, não havia dinheiro<br />
do governo para pagar as contas do CEAG; eram as próprias empresas que pagavam<br />
pelas consultorias e atendimentos que recebiam. Essa era a fonte de recursos.<br />
Ao falar dos recursos, os mesmos eram muito escassos. O trabalho de campo, de<br />
atendimento às empresas, era realizado utilizando, para o deslocamento, três fuscas velhos.<br />
Já eram comprados usados por causa da falta de recursos. Era com eles que fazíamos<br />
as viagens e prestávamos atendimento os clientes em todo o estado. Caso furasse um pneu<br />
pelo caminho, ou era remendar, ou era comprar outro pneu usado, e olha lá. Houve dias<br />
em que andei com prego e martelo na maleta, para consertar mesas, dias de salários em<br />
atraso ou parcelados. Um cenário bem diferente do que vemos hoje.<br />
Quando me formei em direito fui trabalhar na assessoria jurídica, como assistente<br />
técnico. Permaneci por três anos atuando nessa área, assinando como advogado.<br />
Em seguida, recebi o convite para trabalhar no escritório estadual do INPI – Instituto<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 253
Nacional de Propriedade Industrial, dentro da secretaria do governo, onde permaneci e<br />
gostei muito de trabalhar. Durante este período, auxiliei a implantação do setor de marcas<br />
dentro do <strong>Sebrae</strong>, com o objetivo de gerar receita própria. Algum tempo depois, retornei<br />
ao <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, trazendo junto o INPI. O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> fazia os processos de registro que eram<br />
recebidos pela representação do INPI onde eu trabalhava. O empresário conseguia fazer<br />
tudo dentro do próprio <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Em 1995, o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> decidiu permanecer apenas com o setor de marcas, devolvendo<br />
o escritório do INPI para a Junta Comercial do Estado. No <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> chegamos a<br />
ter uma carteira de 4 mil clientes com processos de registro. Já trabalhei como assessor da<br />
diretoria, gerente e, inclusive, novamente no jurídico, atuando sozinho nesta função por<br />
algum tempo.<br />
Em torno do ano de 2003, reassumi a gerência de tecnologia, na qual estou até<br />
hoje; ou seja, até meu último dia, com a adesão ao PDI, esse ano. Digo que foi uma experiência<br />
muito gratificante, principalmente, quando percebo, pelas palavras de um empreendedor,<br />
o quanto fazemos a diferença.<br />
254 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
GRANDES<br />
AMIZADES<br />
O PRAZER DE ESTAR UM POUCO JUNTO DOS OUTROS.<br />
Valmira Maria da Silva<br />
Eu era gerente de um restaurante, localizado no Bairro Estreito. Além de participar<br />
de cursos e capacitações que o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> realizou no meu local de<br />
trabalho, também fornecíamos alimentação para eles, sob demanda. Com o<br />
tempo, fui fazendo amizade com as pessoas.<br />
Um dia, um gerente do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, que era cliente do restaurante, veio falar comigo e<br />
disse que precisavam de uma cozinheira para a Associação dos Funcionários do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Eu<br />
aceitei a proposta de trabalho, pois via a possibilidade de uma estabilidade, e fiquei nove meses<br />
como cozinheira da associação. Depois, o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> mudou-se para o prédio da Avenida<br />
Rio Branco e eu passei a trabalhar como recepcionista. Mais tarde, passei a atuar na função de<br />
telefonista, atividade que desenvolvo até hoje. Neste meio tempo, terminei os estudos do en-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 255
sino médio e estou concluindo minha faculdade, agora, no final deste ano. Pretendo continuar<br />
estudando, mas ainda não sei qual o próximo curso que vou escolher.<br />
Atuando como telefonista, conheço todas as pessoas e procuro estar sempre bem-<br />
-humorada. O meu trabalho é o meu foco. Digo para as outras pessoas que queiram trabalhar<br />
no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> que estudem, conheçam os produtos e estejam focados no seu trabalho. Pois é<br />
preciso conhecer o cliente, conhecer os empresários, seus problemas e o que eles pretendem,<br />
para poder dar um bom resultado ao <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> e ao próprio cliente. Esse é o ponto principal.<br />
É importante gostar de trabalhar aqui e conhecer bem a empresa.<br />
Quando vim trabalhar no <strong>Sebrae</strong> um dos meus objetivos era a estabilidade; coisa que<br />
eu conquistei, tanto adquirindo bens materiais, como imóvel próprio e carro, quanto fazendo<br />
viagens e podendo investir nos estudos. Posso dizer que o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> me proporcionou coisas<br />
muito boas. Posso, inclusive, auxiliar meus pais, que são idosos e precisam de um cuidado<br />
especial, dividindo despesas com os irmãos.<br />
Estou concluindo o curso superior de processos gerenciais e penso em fazer mais<br />
dois anos e concluir o curso de administração. Sempre gostei de estudar, antes da faculdade,<br />
aproveitava os cursos oferecidos pelo <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> e chegava a fazer três ou quatro por ano. Já<br />
estou com 56 anos, sei que nem parece (risos), mas nem penso em parar; quero fazer mais um<br />
curso depois, mas ainda não escolhi a área.<br />
Gosto de sempre estar fazendo alguma coisa, não gosto de ficar em redes sociais e tal,<br />
mas gosto de fazer cursos e ler artigos ou livros pela internet. Estou sempre me atualizado,<br />
acho isso muito bom. Meu filho, hoje com 33 anos, está empreendendo e tudo o que aprendo<br />
no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, procuro compartilhar com ele; apesar de ele já estar bem encaminhado. Sempre<br />
tem algo que vejo, acho interessante e passo para ele.<br />
Do pouco tempo que trabalhei na associação, tenho lembranças muito boas. As pessoas<br />
cultivavam muito a amizade. Havia a turma de cerveja da quarta-feira, após o expediente. A<br />
gente se reunia, tomava uma cervejinha e conversava sobre muito assuntos. Falávamos que éramos<br />
a “nata” do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Era algo muito salutar, de amizade mesmo. Lá pelas 8 ou 9 horas da<br />
noite, já íamos para casa. Era questão de tirar um tempo para estar um pouco junto dos outros.<br />
Hoje percebo que isso é um pouco mais difícil; a vida anda mais corrida. Até por mim mesma,<br />
já não faço mais isso com tanta frequência. Mas acho que deveríamos resgatar um pouco esse<br />
tipo de convivência com as pessoas.<br />
256 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
O QUE VIVENCIEI<br />
NO SEBRAE<br />
UM PERÍODO AGITADO, DESAFIADOR E DE PLENA<br />
REALIZAÇÃO QUE GUARDO COM MUITO CARINHO.<br />
Vera Lúcia Concer Prochnow<br />
Sempre gostei de viajar, conhecer pessoas e seu jeito de lidar com seus recursos,<br />
problemas e potencialidades, como uma forma de “criar pontes”.<br />
Desde muito jovem, ficava imaginando o que e como fazer para conhecer<br />
outros estados e países, seus povos, histórias e culturas. Sonhos bastante distantes para a<br />
realidade dos meus 15, 18 anos.<br />
Na universidade, busquei as possibilidades para realizar meu desejo. Conheci e<br />
participei de diversas operações do Projeto Rondon, como integrante e monitora. Oportunidades<br />
que me proporcionaram conhecer os mais recônditos cantos do nosso Brasil,<br />
principalmente do centro-oeste e nordeste, onde pude conviver com as limitações causa-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 257
das pelo clima e solo adversos.<br />
Entrei para o time do <strong>Sebrae</strong> em março de 1980. Até então, conhecia algumas cidades<br />
de nosso estado, de algumas regiões com as quais tivera contato por questões familiares<br />
e também profissionais; especialmente no sul, de onde sou originária (Urussanga),<br />
serra, oeste e norte.<br />
Nessa época, o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> mantinha o seu próprio quadro de consultores e instrutores.<br />
Todo trabalho era desenvolvido por esse corpo técnico, que ia sendo alocado segundo<br />
suas aptidões e disponibilidades. Em sua grande maioria, fora da sede – Florianópolis<br />
– centro administrativo.<br />
O <strong>Sebrae</strong>, nessa época, vivia praticamente de recursos gerados, ou por receita<br />
própria – com a grande maioria dos trabalhos sendo demandados por grandes empresas<br />
ou entidades empresariais, em qualquer ponto do estado de Santa Catarina – ou por algumas<br />
poucas parcerias com as Secretarias de Estado, que eram captadas a cada “novo sopro<br />
de vento” e cuidadosamente alimentadas.<br />
Por ofício do novo trabalho a realizar, aquilo que antes era um desejo, passou a<br />
ser o meio de executá-lo: a rotina de viajar, ou seja, não havia rotina. A cada tempo, mudava<br />
o município onde executar um projeto, o grupo, o curso. Por meio desse trabalho,<br />
conheci empreendedores – rurais e urbanos – dos mais variados quilates.<br />
Um dos trabalhos mais desafiadores de que participei, chamava-se Programa Integrado<br />
de Desenvolvimento Socioeconômico. Esse programa fora concebido por colegas,<br />
que eram também professores universitários, e tinha por objetivo identificar as razões<br />
pelas quais um município apresentava baixos índices de desenvolvimento social e econômico.<br />
E era realizado normalmente de forma solitária. Cada consultor/a era responsável<br />
pelo seu município.<br />
O trabalho consistia em levantar todo tipo de dados existentes em entidades públicas,<br />
privadas e bancárias, e que fossem relevantes para a pesquisa em curso. Esses dados<br />
eram tratados e compunham uma parte importante do que se denominava “Diagnóstico<br />
Socioeconômico”. Outra parte, muito esperada, dizia respeito à indicação de oportunidades<br />
de negócios; fruto dos levantamentos dos recursos disponíveis e possibilidades de<br />
usos inexplorados até então, além das necessidades indicadas pela comunidade, local ou<br />
258 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
egional, nem sempre conhecidas por seus moradores. Esses eventos despertavam novas<br />
discussões e interesses, que resultavam em novos relacionamentos, novos investimentos<br />
e novas demandas para o <strong>Sebrae</strong> ajudar a suprir.<br />
Contávamos com um ou dois estagiários e uma equipe de hábeis datilógrafas a<br />
quem os rascunhos, depois de conferidos, eram entregues para serem datilografados. Na<br />
época, não contávamos com a tecnologia dos microcomputadores e internet de hoje. Então,<br />
tudo era minuciosamente pesquisado, compilado, escrito e datilografado.<br />
Se realizar um trabalho desses já era difícil, imaginemos realizá-lo na totalidade<br />
dos municípios de um estado. Pois foi o que aconteceu conosco. O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, atravessando<br />
uma considerável crise financeira, em 1990, negociou com o governo do estado, a<br />
realização do Diagnóstico Socioeconômico nos 193 municípios de então.<br />
O estado fora subdividido em macrorregiões e todos os consultores foram proporcionalmente<br />
agrupados. O tempo de execução era exíguo. Mas fomos desafiados e<br />
tínhamos que dar conta da demanda. Eu e outra colega ficamos responsáveis por duas<br />
regiões – Vale de Tijucas e Grande Florianópolis. Houve um dia em que percorremos 549<br />
quilômetros, tal era a corrida para colhermos as informações e depois processá-las.<br />
Participei ativamente da estruturação desse programa estadual como um todo,<br />
pesando muito a favor a minha experiência de execuções anteriores; o que me possibilitou<br />
contribuir significativamente para o repasse da metodologia, implantação dos trabalhos<br />
em campo e auxílio aos colegas não familiarizados com sua execução. Por isso, fui incumbida<br />
de coordenar os trabalhos de toda a equipe técnica e de – agora – digitadores.<br />
Com o tempo apertando, contratamos serviços temporários de digitação, pois<br />
não tínhamos equipamentos e pessoas suficientes para realizar a tarefa dentro do cronograma<br />
previsto. Nossa equipe, a de técnicos da secretaria, outros contratados e eu, passou<br />
a trabalhar na própria secretaria. Eu passei a ser interlocutora entre as duas entidades. Todos<br />
os trabalhos foram por mim revisados, técnica e gramaticalmente, objetivando apresentarem<br />
uniformidade no tratamento das informações a serem prestadas.<br />
Esse trabalho rendeu-me excelentes relacionamentos e reconhecimento; embora<br />
temporários. No <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, assumi interinamente a gerência em que o programa estava<br />
alocado. Na secretaria, reconhecendo o trabalho realizado, ofereceram-me uma bolsa de<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 259
estudos no Japão, da qual tive que abdicar, por coincidir com dois outros grandes e inadiáveis<br />
compromisso já assumidos: a entrega de minha monografia do curso de especialização<br />
em marketing, na Udesc; e a data de meu casamento. Foi um período muito agitado,<br />
desafiador, de plena realização e que guardo com muito carinho.<br />
260 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
GRATIDÃO E<br />
RECONHECIMENTO<br />
VIVA O SEBRAE/<strong>SC</strong> INTENSAMENTE.<br />
Wanderley Wilmar de Andrade<br />
Este ano, completei 18 anos de casa; motivo de muita emoção. Dentre as<br />
vivências que me foram proporcionadas, neste período, estão o agradecimento<br />
e o reconhecimento a algumas pessoas especiais, que fizeram a<br />
diferença em minha vida.<br />
Iniciei minhas atividades, como parceiro, em agosto de 1995; ficando responsável<br />
pelo atendimento prestado no Balcão <strong>Sebrae</strong>, localizado da Federação das Indústrias do<br />
Estado de Santa Catarina – FIE<strong>SC</strong>. Nesse período, era funcionário do IEL/<strong>SC</strong> e estava à<br />
disposição do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Em 1997, me tornei funcionário do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> e passei a realizar atendimento no<br />
Balcão <strong>Sebrae</strong> localizado na Avenida Rio Branco, em Florianópolis. Um período de apren-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 261
dizado no qual tive alguns professores: Ademir Luiz Bento (in memória) e Paulo Voltolini,<br />
ao qual rendo todos meus elogios. Deste mesmo período, rendo meu respeito para alguns<br />
colegas que foram chefes e parceiros de trabalho: João Pinheiro (meu primeiro gerente),<br />
Elizabete Baesso, Heverton Luiz Vieira, Luciano Silva, Ademar Martins, Januário Raimundo<br />
Serpa Filho e Urandi Flores Boppré<br />
Ao longo deste tempo no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, existem duas experiências desafiadoras e<br />
gratificantes que gostei muito de ter vivido. Primeiramente, assumir a Agência de Articulação<br />
de Rio do Sul, uma fase significa, para mim, satisfação e respeito profissional. Foi<br />
realmente o meu maior desafio. Eram 28 cidades vinculadas à agência e foram cinco anos<br />
de atividades, com excelente desempenho e várias atividades desenvolvidas para fortalecer,<br />
ainda mais, os empresários da região.<br />
A lembrança mais marcante foram as enchentes que vi de perto em Rio do Sul.<br />
Uma experiência incrível e uma demonstração da força de vontade de um povo que perde<br />
muitas coisas materiais, mas jamais desiste.<br />
A segunda experiência que me marcou foi ser convidado pelo gerente, Urandi Flores<br />
Boppré, para ser coordenador do Núcleo de Educação Unidade de Empreendedorismo<br />
e Inovação – UEI. Isso aconteceu no ano de 2011.<br />
Nesse momento, gostaria de render minha homenagem ao amigo e colega de<br />
trabalho, Urandi. Um ser humano fantástico com quem aprendi a conviver e cujos ensinamentos<br />
me permitiram aprender muito. Ele sempre nos leva a refletir e pensar no<br />
próximo. Com muita paciência e carinho pelas pessoas, nunca se furtou a repassar seus<br />
conhecimentos profissionais e, principalmente, de vida. Agradeço esse carinho e respeito<br />
pelos quase cinco anos de convivência.<br />
Aos demais colegas, digo que tenho todo respeito pelas pessoas que aqui estão<br />
e pelos amigos que estão saindo no Plano de Demissão Incentivada - PDI. O <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> é<br />
uma empresa com um clima fantástico de trabalho e com profissionais diferenciados.<br />
262 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
COLOCAR A<br />
MÃO NA MASSA<br />
ESSE É O ESPÍRITO QUE PREVALECE NO SEBRAE/<strong>SC</strong>.<br />
Wilson Sanches Rodrigues<br />
A<br />
minha história no <strong>Sebrae</strong> teve um início muito bacana. Eu e minha esposa<br />
viemos, de São Paulo para Florianópolis, em busca de qualidade<br />
de vida. A família dela já era daqui. Eu iniciei como gerente de um hotel<br />
na beira da praia. Ali conheci uma senhora, a Dona Guerda, que tinha muita experiência<br />
em turismo e estava desenvolvendo um projeto, neste sentido, para o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Ela me<br />
propôs um teste, para participar da equipe desse projeto, e fui aprovado, junto com mais<br />
três colegas.<br />
Neste projeto, num período entre seis meses e um ano, capacitamos, aproximadamente,<br />
quatro mil pessoas no estado. Foi uma área totalmente nova para o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 263
Tendo vivido esse início, e olhando o que somos hoje, uma referência que agrega parceiros<br />
em prol do turismo, vemos que construímos algo forte. Trabalhamos com muita sinergia<br />
e somos uma equipe técnica de alto padrão.<br />
Quando passamos a ser <strong>Sebrae</strong> com ‘S”, começaram a chegar novos recursos vindos<br />
do governo federal. O que permitiu o desenvolvimento de muito projetos pelo estado,<br />
em parceria com prefeituras, associações e outros parceiros ligados ao trade turístico. Foi<br />
um marco na história. Nosso projetos também sempre tiverem muita qualidade e muitos<br />
serviram de referência para outros estados do Brasil.<br />
Acredito que colaboramos para que Santa Catarina desse um salto de competitividade<br />
no turismo. Nem imaginávamos que, hoje, atuaríamos com turismo náutico, turismo<br />
de experiência, gastronômico, e tantas outras formas de turismo segmentado que existem<br />
hoje. Nos últimos anos, falou em turismo no estado, o <strong>Sebrae</strong> sempre está unto. Inclusive<br />
conquistamos um selo da UNE<strong>SC</strong>O, como cidade gastronômica, nos últimos dois anos.<br />
Isso muito se deve ao perfil do profissional que temos no <strong>Sebrae</strong>. Quando da<br />
participação em feiras, para divulgar nossos destinos e nossos produtos turísticos como<br />
um todo, nunca poupamos esforços. A gente fazia literalmente de tudo; carregava caixas,<br />
materiais e folders, montava o estande, organizava o ambiente todo. Colocava a mão na<br />
massa, como se fossemos os próprios donos da empresa.<br />
A gente sabe da dificuldade do empresário de sair do seu negócio, deixar a sua<br />
cidade, seu processo de trabalho, e ir para uma feira. Muitos não podiam despender esse<br />
tempo, tampouco dinheiro. Assumíamos toda a divulgação, como se o negócio fosse nosso.<br />
Até vender produtos a gente vendia. A satisfação é fantástica, ao ver o resultado de<br />
alguém comprar um produto que foi transformado por um projeto do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Era muito gratificante ligar para o empresário, em Santa Catarina, e dizer:<br />
- Envia mais trinta ou quarenta peças, que está vendendo fácil.<br />
Quando estávamos em um Salão de Turismo, em São Paulo, por exemplo, vendo<br />
o produto ser comercializado e o estoque diminuir naquele ritmo. Lembro do exemplo das<br />
casinhas da cidade de Pomerode, que indicam o clima; se vai fazer chuva ou sol. O artesão<br />
acreditou no nosso aconselhamento e mandou 60 peças para o evento. No segundo dia,<br />
já tínhamos vendido tudo. E a feira durava dez ou quinze dias. Ele começou a produzir<br />
264 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
mais peças e todas estavam já com venda garantida. É algo que materializa todo o nosso<br />
trabalho. Tem dedo da gente, ou no produto, ou na produção.<br />
Lembro também da Denusa Demarchi. Lembro dela, lá no início, quando esticava<br />
o couro do peixe manualmente, de forma bem precária. Tenho fotos desse início, e<br />
ver no que ela se transformou, num processo em que orientamos a mudança do nome, o<br />
desenho da marca, o investimento em design, o apoio para o acesso ao mercado. Hoje, ela<br />
está em grandes lojas em São Paulo. Ver isso se realizar é algo que não tem explicação.<br />
Passei por algumas áreas, no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, como a área de educação, que me permitiu<br />
conhecer o que é capacitar as pessoas. Também atuei na unidade de São José, depois na<br />
cidade de Palhoça, com projetos aplicados diretamente em campo. Aprendi a questão da<br />
busca de parcerias e as metas de geração de receita própria. Depois, quando da instalação<br />
das Agências de Desenvolvimento Regional, percebemos o quanto poderíamos contribuir<br />
para o desenvolvimento dos municípios. Esses processos serviram de referência em âmbito<br />
nacional. Juntamente com as informações geradas pelo Proder Comcenso, as agências<br />
criaram projetos de desenvolvimento e retornavam ao <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> para utilizar nossas soluções<br />
na concretização desses projetos.<br />
Depois atuei como gestor de projetos, no setor de comércio e serviços; envolvendo<br />
varejo, moda, serviços, redes de empresas, entre muitos outros. Elaborava projetos<br />
para buscar recursos nacionais a investir no estado, o que fez crescer muito a carteira de<br />
projetos em andamento. Atuei novamente direto na ponta, na Coordenaria Regional de<br />
Florianópolis e, recentemente, assumi a Gerência de Comunicação e Mercado.<br />
Nessa gerência, muitas coisas foram novidade, como conhecer os grupos de redes<br />
de comunicação, as assessorias de imprensa, o desenvolvimento de materiais de comunicação.<br />
Para isso tudo, de certa forma, me favoreceu ter atuado em campo anteriormente,<br />
pela visão das necessidades que os gestores regionais têm para se comunicarem com o seu<br />
público-alvo.<br />
Para vender cursos, por exemplo, é preciso construir uma comunicação eficaz.<br />
Envolver essas pessoas, construir essa comunicação, ouvir as demandas e entender as<br />
suas necessidades foi fundamental. É um trabalho conjunto, em parceria. Uma via de mão<br />
dupla. Além disso, a gerência tem outras atividades, como acesso a mercado, acesso a cré-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 265
dito, fidelização de entidades de classe, entre muito outras que precisam de atenção.<br />
Uma passagem interessante de qual me recordo é lá da minha chegada aqui;<br />
quando os tempos eram mais difíceis e faltavam recursos financeiros, inclusive para pagar<br />
os salários. Naquela fase, o diretor, Vinícius Lummertz, reuniu os funcionários e disse:<br />
- Ou nós demitimos 30% dos colaboradores, ou reduzimos a jornada e 30% do<br />
salário.<br />
Por unanimidade, todos optaram por reduzir os seus salários, para que ninguém<br />
fosse demitido.<br />
Fomos incorporando a questão da busca de receita, e lembro que eu e o Spyros,<br />
decidimos sair para vender. Fizemos uma programação de visita a clientes e, diariamente,<br />
saímos de porta em porta, realmente como os vendedores que vemos por aí. Os empresários<br />
nos recebiam, acreditavam naquilo que estávamos propondo e voltávamos com<br />
dinheiro, cheques, cheques pré-datados, nominais ao CEAG, e entregávamos ao caixa da<br />
empresa.<br />
Os diretores diziam:<br />
- Esses caras estão vendendo. Estão trazendo recurso para dentro de casa.<br />
E aquilo começou a entrar no dia a dia da gente, até hoje, continuamos com essa<br />
filosofia e acreditamos que temos o perfil e a capacidade de buscar isso no mercado. Cada<br />
dia é uma conquista. Estou há 26 anos do <strong>Sebrae</strong>, já recebi alguns prêmios e reconhecimentos,<br />
que se devem ao esforço coletivo empreendido no <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>.<br />
Lembro, também, de uma feira em Rancho Queimado, em um final de semana.<br />
Lá, tínhamos que montar o espaço do <strong>Sebrae</strong> do Artesanato. Fomos com a Ducato, um<br />
carro maior, para poder transportar todo o material. Como não tinha hotel na cidade,<br />
a gente dormiu dentro do carro por duas noites. Tomamos banho na casa de algumas<br />
pessoas. Mas o principal era não deixar a peteca cair. Esse é o espírito que prevalece no<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>. Essa é a nossa vida nessa empresa.<br />
266 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
HISTÓRIAS<br />
PITORE<strong>SC</strong>AS<br />
PARA LER E RECORDAR<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 267
268 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
O CORO DE GATO<br />
Sérgio Henrique Pereira<br />
OCoro de Gato foi uma das maiores jogadas de marketing que já vi. Também<br />
não poderia ter sido diferente, pois teve como um dos mentores<br />
o nosso marqueteiro Joel Fernandes. Esse grupo musical conquistou a<br />
fama e manteve-a mesmo entre aqueles que nunca a ouviram tocar, felizmente.<br />
A filosofia implícita inicial do Coro de Gato era “mostre o seu talento”. Entretanto,<br />
percebemos quase que de imediato que não era bem talento o que nos movia. A nova<br />
filosofia implícita então passou a ser “se mostre ao público”. Mas, analisando bem o perfil<br />
do grupo, estava claro que mais da metade era do tipo “forro de guarda-roupa”, ou seja,<br />
que não gostava de aparecer, e nesse grupo incluo eu (Sérgio), Adriano (Cabelo), Rubinho,<br />
Luiz e Fred. A dedução final foi de que não existia filosofia, apenas um estado de espírito,<br />
próprio de cada um, mesmo que esse estado espiritual viesse duma garrafa e um copo.<br />
Dessa democracia espiritual, nasceu a democracia do estilo musical, que tinha<br />
uma variada matiz, indo do reggae do Cabelo, passando pelo rock carioca do Brito, a bossa<br />
nova contida e escondida do Sérgio, os pagodes mela calcinha do Rubinho, e os sambões<br />
de morro do nosso Jamelão Branco, Sr. Carlos Dias. Joel dava o toque intelectual.<br />
A noite de estreia foi carinhosamente preparada com um churrasco. Muitos comeram<br />
o churrasco e foram embora antes do show, que começou sob pressão e protestos<br />
do tipo “vocês vão tocar ou não?”. Na realidade ainda não estávamos emotivamente preparados,<br />
faltava alguma coisa para dar o brilho inicial. Para ser sincero, faltava um pouquinho<br />
mais de cachaça. Entretanto, num ato de coragem extrema puxei o primeiro acorde<br />
de “Tarde em Itapoã” e na sequência começou uma batucada desconectada que junto com<br />
umas vozes trôpegas materializaram nossa primeira apresentação.<br />
Não demorou para logo se formar um backing vocal, destacado pelas vozes agu-<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 269
das da Margarete e da Vera (era um misto de falsete com lamúria). A partir daí a coisa<br />
deslanchou. Íamos da “Tonga da Mironga do Kabuletê” à “Hotel Califórnia”, passando por<br />
sambas clássicos como “Foi um Rio que Passou em Minha Vida”. Depois foi só administrar<br />
o sucesso, enraizado no Pub Caverna Del Diablo, com palco e luzes, carinhosamente construído<br />
pelo Carlos Dias.<br />
Os fãs eram o nosso combustível e, por insistência deles, muitos outros shows<br />
foram realizados. Nosso princípio era ter um público de qualidade e não de quantidade.<br />
Acho que já chegamos a ter umas 30 almas nos ouvindo.<br />
Lembro que numa apresentação tivemos um público de umas cinco estagiárias e<br />
mais três amigas delas, além dos mais ou menos 15 integrantes da banda. Sucesso total.<br />
Outra apresentação memorável foi quando começamos o show apenas com os<br />
próprios integrantes, sabendo que o povo (umas cinco amigas da nossa vocal Denise) inevitavelmente<br />
chegaria depois. Começamos a tocar as 18h30. Lá pelas 21h45 elas ainda<br />
não haviam chegado, mas não perdemos a esperança. Instalamos o Rubinho na janela do<br />
pub Caverna Del Diablo, tal qual um olheiro de cardume de peixe, para que este nos informasse<br />
o momento exato da chegada do público. Eis que, as 22h50, Rubinho avisa com<br />
alegria: “estão chegando”.<br />
Neste momento nossa alma se encheu de energia e passamos a cantar com um<br />
entusiasmo contagiante. Contudo, era um alarme falso. O carro que havia chegado não<br />
era das colegas da Denise, mas sim alguém chegando de viagem e colocando o carro na<br />
garagem que ficava anexa ao pub. A esperança não morreu. Fizemos uma parada técnica<br />
para descansar a voz e molhar a garganta. Era aproximadamente 1h20 do dia seguinte,<br />
quando o olheiro Rubinho anunciou, desta vez com mais alegria e entusiasmo, “agora<br />
são elas!!! Não é o carro do <strong>Sebrae</strong> que está entrando na garagem!”. Foi uma correria para<br />
pegar os instrumentos e voltar a tocar com todo o brilho e energia que ainda tínhamos.<br />
Mas a esperança se transformou em decepção. Desta vez era um carro que havia entrado<br />
no estacionamento apenas para manobrar e fazer um retorno. Esperança perdida, fomos<br />
tratar de combater a larica que já se abatia há muito tempo em todos nós, raspando os<br />
farelos das caixas de pizza que havíamos comido às 20h.<br />
Nessa curta trajetória, o Coro de Gato, que não tinha repertório próprio, fez algumas<br />
versões impublicáveis como o “Blues da Ni” e a “#onga da #ironga do Kabu#ete.<br />
270 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
O DELEGADO<br />
E A BOMBA<br />
Eugênio de Souza Martinez<br />
Certa vez fomos realizar um trabalho em Mondaí, eu, o Álvaro e o Colombelli.<br />
Estávamos andando pelo Centro da cidade em torno da praça da<br />
igreja matriz. Iríamos começar um treinamento lá. Na época era ainda<br />
um distrito, uma cidade muito pequena, nem município era. A gente caminhando por<br />
ali para conhecer a cidade antes de iniciar o nosso trabalho e dali a pouco avistamos um<br />
senhor. Sisudo, sentado no banco da praça, ele olhou para gente e fez um sinal para nos<br />
aproximarmos.<br />
Era inverno e o Álvaro estava com uma jaqueta enrolada carregando dentro alguns<br />
materiais.<br />
Chegamos em frente a ele que com cara de poucos amigos perguntou:<br />
- Quem são vocês?<br />
- Sim, mas por que o senhor que saber?<br />
- Quero saber porque eu sou o delegado!<br />
O Álvaro mais do que rápido responde:<br />
- Opa, opa, já vou largar a bomba!<br />
Nunca vi um senhor se jogar no chão tão rápido. O delegado simplesmente pulou<br />
do banco, se jogando para trás. Ela achava que éramos assaltantes de banco. E como a cidade<br />
era pequena e nós, estranhos, em um ambiente em que todos se conheciam, ele havia<br />
ficado desconfiado com a nossa presença.<br />
Mais do que depressa nos explicamos, que foi uma brincadeira, que éramos do<br />
CEAG e que estávamos lá para realizar um trabalho com as empresas.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 271
O PASSEIO<br />
DE E<strong>SC</strong>UNA<br />
Antônio Fernando Rolemberg Aragão<br />
Dentre muitas ações não posso deixar de relatar o nosso grande e inesquecível<br />
passeio de escuna. A ideia era promover uma confraternização.<br />
Contratamos a melhor escuna, com espaço para 120 pessoas, um barco<br />
todo equipado com alimentação, bebidas, entretenimento e música - o melhor que pudemos<br />
encontrar. No itinerário, saída da Baía Sul, passando por um passeio pela Ilha de<br />
Anhatomirin e o retornando ao ponto de partida. Um passeio entre amigos, tanto que<br />
não estava previsto nenhuma parada e nossa rota levaria em torno de três a quatro horas,<br />
entre ida e volta. Esse passeio foi realizado no mesmo dia da festa de confraternização de<br />
fim de ano do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, pois muitos colegas vinham do interior do Estado para participar<br />
da reunião e da confraternização, então aproveitamos a oportunidade para integrar as<br />
pessoas no passeio de barco.<br />
A saída prevista para o sábado de manhã, do píer do Iate Clube de Florianópolis.<br />
Na véspera, simplesmente, desceu o céu, trovões, trovoadas, relâmpagos e muita chuva.<br />
Nós já havíamos pagado todo o passeio adiantado e perderíamos a oportunidade. Eis que<br />
o sábado amanhece com um belo dia, um pouco de nevoeiro e um expectativa de termos<br />
sol ao longo do dia. Partimos às 9 horas da manhã, com lotação de umas 90 pessoas, todas<br />
muito alegres.<br />
Nossa escuna rumo à Enseada dos Golfinhos, com comidas, bebidas, papo vai,<br />
papo vem e chegamos ao nosso destino. Na Enseada as pessoas poderiam descer um pouco,<br />
apreciar a paisagem, até mergulhar para quem tivesse vontade. A água estava muito<br />
agradável para um banho de mar. Eis que, de repente, não mais que de repente, o vento<br />
muda de rumo. O comandante, estilo velho lobo do mar, põe os olhos no horizonte e diz:<br />
272 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
melhor chamar todos a bordo e partirmos logo, pois esse vento vai agitar o mar. Recolhemos<br />
todos e partimos. Foi então que tudo aconteceu.<br />
Começou uma tormenta e nós todos em alto mar. Os olhos fixos no horizonte. O<br />
caminho que antes parecia tão perto agora era de uma distância aterradora. O mar ensandecido.<br />
Chacoalhava mais que carroça em estrada de chão. A escuna ia lá em cima e descia<br />
ao balanço das ondas. Balanço é apelido. Estava mais para mar em fúria. Depois soubemos<br />
que foi um dos piores dias para a navegação naquele ano.<br />
O grupo de pessoas se dividiu em três grandes facções: os apavorados, os enjoados<br />
e os alienados. Da mesma forma se distribuíram geograficamente dentro da embarcação.Os<br />
apavorados ficaram no andar térreo, de onde era possível ver o horizonte e<br />
acompanhar cada metro navegado. Uniam-se em orações, em olhares esbugalhados, em<br />
expressões de clemência para que tudo terminasse logo.<br />
Os enjoados, agruparam-se no porão da embarcação. Não havia lugar pior para<br />
se aglomerarem, pois é onde mais fortemente se sente o agito do mar. Nem o melhor<br />
argumento os faria sair dali. Igual vespas mesmo sem vespeiro, permaneciam no mesmo<br />
lugar. Faltam palavras para descrever a cena do porão. Náuseas, vômitos, ranger de dentes<br />
e comoção pública. Dentre os enjoados também estava o subgrupo dos em pânico, que<br />
vestiram o colete salva-vidas e viram estátua. Não conseguiam sair do lugar.<br />
Já o grupo dos alienados escolheu por território o ático. A cobertura da embarcação.<br />
O andar mais alto e mais perigoso. Já diz a sabedoria popular que com um copo de<br />
bebida (ou vários), muito covarde fica corajoso, só pode ser. Eram os mais alegres. Penso até<br />
hoje nisso. Continuavam alguns a dançar, outros riam do perigo, outros chegavam bem perto<br />
da borda da embarcação, uma pequena mureta, para dali melhor ver o mar revolto, o que<br />
para eles devia ser algo realmente muito bacana para apreciar. Permaneciam com os copos<br />
na mão a fim de não desperdiçar os gêneros alimentícios e “bebitícios”. Alienados, pois creio<br />
que não perceberam a gravidade da situação, ou então, que perceberam, mas não deram a<br />
mínima, pois como já diz outro ditado: não existe mar feio, foi você que bebeu pouco.<br />
A escuna ia e voltava. Ia e voltava. Passamos por outra embarcação que estava à<br />
deriva, muito menor do que a nossa. Os apavorados ficaram ainda mais apavorados. Os<br />
animados do ático bradavam em cumprimentos ao pessoal da pequena escuna. Pareciam<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 273
saudar um time de futebol que entra em campo. Uivos o gritos. Já os enjoados, não viram<br />
nada. Estes só perceberam a situação, quando pelo rádio nos foi solicitado retornar para<br />
fazer o resgate daquelas pessoas. Aí eles se perceberam que mudamos de rumo e que ficariam<br />
ainda por mais tempo enjoados.<br />
Foi então que se sucedeu o salvamento. Éramos a embarcação mais próxima que<br />
poderia auxiliá-los. Tratava-se de um pequeno grupo de turistas, da cidade de Maravilha,<br />
que viam o mar pela primeira vez. Quando estes começaram a adentrar o nosso barco,<br />
seus semblantes eram pálidos, olhos arregalados e agarravam-se a nós, literalmente com<br />
todas as forças. Tinham as mãos trêmulas e geladas. Agarravam-se com as unhas e não<br />
queriam soltar, tamanho era o medo. Apavorados. Com todos salvos, seguimos viagem.<br />
E nossa escuna continuava a subir e descer, num balanço interminável. Chegamos<br />
todos bem à costa, são e salvos. Alguns nem tão sãos. Entretanto, a festa de confraternização<br />
que aconteceria à noite ficou prejudicada, muitos passaram mal e acabaram<br />
não participando.<br />
A SOMBRINHA<br />
DE PRAIA<br />
Maria de Lourdes Heidenreich<br />
Um dos funcionários costumava usar sempre uma “sombrinha de praia”<br />
como guarda-chuva quando estava chovendo. Chique né. Ou diferente.<br />
Assim, num dia muito chuvoso, seus colegas picaram um monte de papel<br />
e jogaram dentro da sombrinha de praia dele. Ao sair para o almoço, em plena rua Tenente<br />
Silveira (o <strong>Sebrae</strong> localizava-se nessa rua), ele abriu a “sombrinha” e caiu um “mar de papel<br />
picado” em cima dele. Passou o maior mico.<br />
274 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
45 REAIS POR<br />
UMA SUGESTÃO?!<br />
Alessandra Pinheiro<br />
Em 2012 a Feira do Empreendedor ocorreu na cidade de Blumenau. Todos<br />
os empregados do Estado escalados para trabalhar ficaram hospedados no<br />
hotel Viena. No domingo, último dia de funcionamento da feira, faltando<br />
alguns minutos para o encerramento do evento, os colegas já começaram a combinar o<br />
deslocamento até o local onde ocorreria o jantar de confraternização, promovido para<br />
aqueles que trabalharam na feira. Para os que não residiam na cidade, a programação era<br />
dormir em Blumenau e retornar para a sua cidade na segunda-feira pela manhã. Como eu<br />
precisava estar em Florianópolis na segunda bem cedo, aproveitei o momento para procurar<br />
carona entre os colegas que retornariam naquela mesma noite para a cidade. Logo<br />
fechamos um carro eu, a Cleide, a Denise e a Kátia. O combinado era ir rapidamente ao<br />
hotel após o encerramento da Feira, arrumar as coisas, fazer check-out e nos encontrarmos<br />
em frente ao Viena.<br />
Corri para o hotel, arrumei minha mala e fui para a recepção fazer o meu check-<br />
-out. Olhei para a rua e a Denise já nos esperava dentro do carro, na frente do hotel e a<br />
Kátia caminhava ao encontro dela. Poucos segundos após iniciar o meu check-out a Cleide<br />
apareceu ao meu lado. E ali ficou aguardando o seu atendimento, enquanto acompanhava<br />
atenta a minha conversa com o atendente. Ele foi até a impressora, pegou a folha com o<br />
descritivo da minha despesa e falou:<br />
- Senhora, favor conferir no papel o valor total. É o valor das diárias acrescido de<br />
cinco reais da taxa de informação.<br />
Surpresa, perguntei:<br />
- Taxa de informação? O que seria isso?<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 275
E ele respondeu:<br />
- Senhora, taxa de informação é cobrada sempre que um cliente solicita a um dos<br />
atendentes do hotel uma informação adicional da cidade.<br />
Espantada, pensei por alguns segundos qual informação eu havia solicitado e<br />
lembrei:<br />
- Vocês estão me cobrando cinco reais porque ontem eu perguntei onde ficava a<br />
fábrica da Hering?<br />
A Cleide me olhou com o mesmo ar de surpresa e espanto, e percebi que ela já estava<br />
pronta para argumentar em minha defesa se fosse necessário. Porém imediatamente<br />
o atendente disse:<br />
- Calma senhora, mas essa taxa é opcional. Posso retirar da conta se preferir.<br />
Respondi aliviada:<br />
- Ótimo, por favor, retire.<br />
O atendente imediatamente corrigiu a minha conta, reimprimiu e eu efetuei o<br />
pagamento. Decidi aguardar a Cleide no balcão para irmos juntas até o carro. O atendente<br />
então se dirigiu a ela, perguntou o número do quarto e da mesma forma imprimiu o<br />
demonstrativo de despesa para conferência. Silêncio. A cada segundo que ela olhava os<br />
números no papel, que estavam ao lado do descritivo “sugestão”, mais vermelha ficava. A<br />
Cleide estava indignada. Ela não se conteve e perguntou ao atendente:<br />
- O quê? Que sugestão é essa? Como assim, vocês estão me cobrando 45 reais por<br />
uma sugestão? Mas, que absurdo. Nunca vi isso. Já cobraram 5 reais da menina porque<br />
perguntou onde ficava a Hering e agora esses 45 reais na minha conta? O que é isso?<br />
Nesse momento eu e o atendente olhávamos para a Cleide tentando entender. E<br />
ela continuava argumentando, indignada:<br />
- Eu não pedi sugestão nenhuma, se vocês me deram sugestão foi porque quiseram!<br />
Eu não vou pagar 45 reais por uma sugestão, o que é isso gente?<br />
O atendente tentava explicar a origem da despesa, assim como fez comigo:<br />
- Senhora, constam em nossos registros um pedido de sugestão em seu nome na<br />
quinta-feira.<br />
E a Cleide indignada interrompia:<br />
276 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
- É um absurdo. Eu não vou pagar nada. Por favor, chame o gerente. Eu não pedi<br />
sugestão, se me deram foi porque quiseram (ela repetia).<br />
O atendente sem conseguir ser ouvido e um pouco assustado, foi aos fundos da<br />
recepção e trouxe o gerente. E ela repetia:<br />
- Eu não vou pagar nada. Que sugestão é essa? Eu não pedi sugestão nenhuma, se<br />
me deram foi porque quiseram. Não vou pagar esses 45 reais. Absurdo!<br />
Enquanto ela argumentava, o atendente explicava para o gerente a situação. Então<br />
o gerente calmamente parou na frente dela e perguntou:<br />
- Então a senhora não pediu uma Sugestão do Chef, prato do nosso cardápio, em<br />
seu quarto na quinta-feira?<br />
A Cleide calou. Agora tudo estava mais claro. Todos nós olhamos para ela. E então<br />
veio a resposta:<br />
- Ah, aquele macarrão? Pedi, pedi sim. Pode passar o cartão, é no crédito.<br />
Viemos chorando de tanto rir a viagem toda, de Blumenau até Florianópolis. A<br />
Kátia e a Denise não acreditavam o que tinham perdido. Eu contava e recontava a história<br />
e cada vez riamos mais. A Cleide no maior clima de descontração me ajudava a lembrar da<br />
frase mais cômica que ecoava na recepção do hotel Viena:<br />
- Eu não vou pagar nada. Que sugestão é essa? Eu não pedi sugestão nenhuma, se<br />
me deram foi porque quiseram!<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 277
O ESPECIALISTA<br />
INTERNACIONAL<br />
Sérgio Henrique Pereira<br />
Meu gerente me chamou e me deu uma folha com algumas poucas linhas<br />
sobre o que era Incubadora de Empresas. Disse que era um tema<br />
moderno e que eu iria participar de uma reunião em São Miguel do<br />
Oeste sobre o assunto, e orientou-me a anotar tudo que fosse falado. Tranquilamente fiz<br />
a minha programação de viagem. Entretanto, achei estranho quando me mandaram de<br />
avião, numa época que todo mundo viajava apenas de carro. Mais estranho ainda foi ter<br />
uma pessoa me esperando no aeroporto de Chapecó, para me levar até São Miguel do Oeste.<br />
Apresentamo-nos rapidamente e seguimos viagem, conversando sobre amenidades,<br />
tipo vida de caserna.<br />
Não foi uma viagem tranquila, esse cidadão chamava carro de viatura e pessoas<br />
de elemento. Ele também não dirigia, voava. Já tive um enjoo antes da reunião. Depois<br />
de 200 quilômetros de emoção, chegamos ao local. Acho que era um clube, o local estava<br />
cheio de carros, muitos prefeitos e secretários municipais. Entramos no auditório e eu, rapidamente,<br />
acomodei-me na última fileira de cadeiras (como fazia na época de estudante),<br />
tranquilão. Ao meu lado, coincidentemente, conheci um outro colega do CEAG. Fiquei ali<br />
relaxado. Aquela folhinha sobre incubadoras, um bloquinho e caneta para anotar tudo.<br />
De repente, meu amigo “motorista” dirige-se à frente do auditório, pega o microfone,<br />
pede silêncio e faz a abertura do evento. Pensei: pô, esse cara deve ser influente aqui.<br />
Todo mundo em silêncio ouvindo-o. E ele, garboso, fez toda aquela solenidade: “Senhoras<br />
e senhores, muito boa noite, trago aqui um abraço da nossa diretoria, blá, blá, blá, este<br />
é momento ímpar, de suma importância, um marco para a nossa região. Por isso, neste<br />
278 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
instante, e sem muitas delongas, convido-os ao ouvirem a palestra do Especialista Internacional<br />
em Incubadora de Empresas, o engenheiro Sérgio Henrique Pereira. Sérgio, por<br />
favor dirija-se aqui à frente!”.<br />
Meu mundo desabou. Por ínfimas frações de segundo pensei que pudesse ter um<br />
homônimo naquele recinto, mas quando vi todos os olhares para o fundo da sala, senti<br />
aquela morte súbita. Instantaneamente parecia que tinham jogado água de cachaça com<br />
areia de praia nos meus olhos. Tudo ficou embaçado. A temperatura corporal despencou,<br />
como se eu tivesse entrado num freezer. Adquiri uma cor verde defunto Levantei-me com<br />
fraqueza e me dirigi à frente do auditório com aquele papelzinho na mão. Nesse momento,<br />
além da visão turva, corpo gelado, começou uma tremedeira nas mãos, o papelzinho chegava<br />
a fazer barulho de tanto que chacoalhava. As primeiras palavras balbuciadas foram<br />
“incubadora de empresas” com uma voz fraca, tipo Hiena Hardy.<br />
Depois dessas duas palavras, a minha boca, como num movimento involuntário<br />
de fugir do meu corpo e daquela situação, foi secando e diminuindo até ficar do tamanho<br />
de uma moeda de 50 centavos. Falei por intermináveis três minutos e meio, com uma voz<br />
cada vez mais fraca, tudo o que eu sabia sobre o tema: quase nada. Agradeci a todos pela<br />
atenção e dei por encerrada a minha “palestra”. A visão turva deveria ter me poupado de<br />
ver a reação do público, que era um misto de piedade e deboche. Dirigi-me à minha cadeira<br />
no fundo da sala, com camisa, cueca e meias suadas, frio e tremedeira. Enquanto caminhava,<br />
as pessoas me olhavam como se eu fosse uma aberração. Até hoje me pergunto: por<br />
que não fugi pela porta dos fundos quando fui chamado? Acho que porque minha sina é<br />
ser o anti-herói.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 279
LINHA DE FRENTE<br />
Eliane da Rosa Figueira Costa<br />
Achei interessante contar sobre um fato ocorrido quando retornei da minha<br />
segunda licença maternidade, depois do nascimento da Pietra. Na<br />
semana em que retornei de licença, fui informada que haveria uma reunião<br />
com a Rede de Credenciados da Grande Florianópolis, aqui na Sede, e que eu deveria<br />
fazer uma apresentação.<br />
Logo quando soube, fiquei muito preocupada. As mulheres que já tiveram filhos<br />
sabem bem o motivo, assim como os homens que também já viram suas esposas passarem<br />
por isso. Depois de um período onde a mulher não sai de casa para nada, assiste televisão<br />
no mudo para não acordar o bebê, tem como metas únicas e vitais: trocar fraldas, amamentar,<br />
dar banho e ninar uma criança, ou seja, momento em que o modo “mãe-tempo-<br />
-integral” é o único selecionado, o vocabulário, o encadeamento lógico, o simples diálogo,<br />
do início ao fim, sem esquecer de alguma palavra importante no meio da fala são coisas<br />
quase que inexistentes, depois de sete meses onde o foco era um bebê.<br />
E foi com isso que me deparei no meu retorno da licença maternidade. Sabia que<br />
seria um grande desafio, pois já tinha passado por isso quando retornei da licença da minha<br />
primeira filha, Valentina, em 2012.<br />
E assim ocorreu: Comecei a minha fala com um nível de concentração de 150%.<br />
Nada me tirava o foco de cada palavra que eu dizia. Não podia, em hipótese alguma, perder<br />
meu raciocínio, pois se isso ocorresse, sem dúvida, não saberia nem mais dizer quem eu era.<br />
Enquanto falava e percebia todos aqueles olhos atentos em mim, queria dizer que<br />
nossos consultores e instrutores eram a linha de frente da nossa atuação, junto ao cliente.<br />
Quanto mais próxima eu chegava dessa conclusão, mais eu me distanciava da expressão<br />
“linha de frente”. Não conseguia me lembrar da expressão e a única coisa que me vinha<br />
em mente era “pano de fundo”. Eu falava, chegando cada vez mais próxima da conclusão:<br />
280 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
vocês são a linha de frente do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, mas insistia em aparecer na minha cabeça a expressão<br />
“pano de fundo”. Tentei manter a respiração, não perder a concentração, não pressionar<br />
meu cérebro recém desligado do modo “mãe-tempo-integral” e concluir. E concluí.<br />
Respirei fundo, realizada, enfim, feliz por ter conseguido.<br />
Tudo estava ótimo. Missão cumprida. Foi quando eu me sentei e ao meu lado<br />
estava meu amigo Spyros. Não hesitei e fui logo perguntando: Falei certo? Deu para entender?<br />
Não me perdi, não é?<br />
E ele, sorriu, consentiu com a cabeça, mas continuou me olhando. Senti que tinha<br />
algo mais, algo além da expressão que foi tudo bem. Algo do tipo: “falo ou não falo para<br />
essa pobre criatura?”. Continuei olhando para ele, até que me disse:<br />
- Foi bem. Só a expressão “pano de chão” é que não caiu muito bem.<br />
E foi aí que o meu chão caiu, com pano e tudo. Meus braços chegaram a ficar dormentes.<br />
Só conseguia repetir: Não! Não! Não!<br />
Olhei para o Paulo Teixeira, ele haveria de desmanchar aquela brincadeira e me<br />
tranquilizar dizendo ser uma pegadinha do Spyros. E nesse momento ele me respondeu<br />
que eu realmente falei “pano de chão”.<br />
Imagino o que tenha sido para os credenciados ouvirem que eles são o “pano de<br />
chão” da nossa atuação? Pano de chão...passei meses me torturando e torcendo para que<br />
não tivessem ouvido...Era uma conclusão...tempo acabando... ninguém ouviu.<br />
Em maio de 2016, realizamos reuniões com a Rede de Credenciados em todas as<br />
regiões do Estado e iniciamos pela Grande Florianópolis. Eu estava bem, sem histórico de<br />
licença maternidade, cérebro funcionando bem. Pensei: agora é a hora! Vou me redimir.<br />
E assim o fiz, nas duas turmas. Fiz questão de relembrar o fato, contar o que<br />
ocorreu e me desculpar com todos. Foi a melhor coisa que fiz, pois no almoço, veio ao meu<br />
encontro um credenciado que disse:<br />
- Oi Eliane! Quero te cumprimentar e te dizer que estás desculpada. Eu estava na<br />
reunião e falei com o Spyros logo após a tua fala. Perguntei a ele por que disseste “pano<br />
de chão”. Se eu soubesse que estavas retornando de licença maternidade teria entendido<br />
perfeitamente, pois vi minha esposa passar por isso três vezes.<br />
Enfim, pude me desculpar. Todos riram muito do ocorrido. Numa das turmas,<br />
após pedir desculpas, os credenciados bateram palmas e eu fiquei aliviada, liberta do erro.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 281
O TOCA-FITAS<br />
Osni Rogério Vieira Branco<br />
Tem uma história engraçada, daquele tempo das viagens pelo Estado, que<br />
envolveu eu, o Volpato e o Antônio Hélio. Naquela época a gente não tinha<br />
equipamentos de audiovisual como os que existem hoje. O que a gente<br />
tinha era um rádio gravador, chamado toca fitas e algumas fitas K7, com mensagens,<br />
que a gente ligava no cliente.<br />
Assim seguíamos os três em viagem. O Volpato estava no banco da frente e andava<br />
sempre com aquele gravador na mão escutando música em fitas K7. Ele adorava aquilo.<br />
Estávamos atuando na região de Brusque e quem estava conduzindo o fusca era<br />
o Antônio Hélio, que ainda não tinha muita experiência e, lá pelas tantas, ele perdeu a<br />
direção do veículo em uma curva e bateu em um barranco.<br />
O Volpato era um pouco gordo e com o solavanco do carro, o toca-fitas cravou no<br />
peito dele, bem na altura dos “peitinhos” (risadas). A marca dos botões ficou por muito<br />
tempo nele. Gostava tanto do gravador, que ficou gravado no peito.<br />
282 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
A DE<strong>SC</strong>OBERTA<br />
DO PAINTBRUSH<br />
Edgar Macedo Júnior<br />
Quando chegou um dos primeiros computadores, ainda quando o <strong>Sebrae</strong>/<br />
<strong>SC</strong> ficava na rua Tenente Silveira, o diretor mandou instalar na biblioteca,<br />
que ficava em frente a sala dele e era toda envidraçada. Foi o primeiro<br />
equipamento de uso das pessoas. Ninguém tinha computador na mesa. Claro, tinha uns<br />
computadores no Centro de Processamento de Dados - CPD, mas ninguém tinha acesso.<br />
Esse foi o primeiro computador da casa onde as pessoas podiam mexer.<br />
Nesse mesmo dia, o diretor fez um discurso a todos, com algumas recomendações<br />
para aproveitarmos o horário de almoço ou o horário de intervalo para irmos nos familiarizando<br />
com o equipamento. “Vão treinar. A evolução vai ser por aí e daqui a pouco todos<br />
terão que saber como utilizar um computador. Num futuro próximo cada um terá o seu<br />
computador para trabalhar e tal”, disse na época.<br />
Eu lembro bem que o Sérgio Pereira terminou de almoçar naquele dia e disse:“Vamos<br />
lá mexer naquele troço”. Lá fomos nós cheios de curiosidade. Demoramos um pouco para<br />
descobrir como é que ligava e também como mexer com o mouse. Logo descobrimos o Paintbrush<br />
- espero que alguém lembre desse programa, que existe até hoje.<br />
Começamos a desenhar um monte de palhaçada no computador. Dávamos risada,<br />
imagina moleque com brinquedo novo. Dali a pouco escutamos uns barulhos, era o diretor.<br />
Achamos que ele estava almoçando, mas que nada, estava na sala dele. Então eu disse:<br />
- Sérgio, desliga esse troço ligeiro, olha o diretor aí.<br />
Que sufoco! A gente não sabia como desligar, muito menos como minimizava uma<br />
tela e tudo mais. Suamos frio, aperta daqui, aperta dali e nada. Só restava mesmo puxar da<br />
tomada.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 283
O PALESTRANTE<br />
SHOW<br />
Sérgio Henrique Pereira<br />
Determinada situação fui chamado para fazer uma apresentação na Federação<br />
das Indústrias, onde teria a participação do presidente e tudo<br />
mais. Preparei-me, olhei como se comportavam os palestrantes shows e<br />
tentei imitá-los. Passei gel nos cabelos, coloquei uma calça bag (devia ter umas oito pregas<br />
de cada lado) e um paletó com ombreira, com as mangas dobradas. Fiquei meio estranho,<br />
parecia a cabeça do Dunga, o tronco do Roberto Carlos e as pernas do Getúlio Vargas, mas<br />
como era moda, tudo bem.<br />
Preparei as transparências, com canetas coloridas, e levei um dedinho de plástico<br />
que se colocava em cima das transparências para apontar o que estava falando. Na época<br />
já existiam as canetinhas laser, mas eu não ousava usá-las, porque eu tremia tanto que o<br />
pontinho vermelho parecia descrever a trajetória de uma mosca envenenada.<br />
Para minha alegria, quando cheguei no local, o microfone que eu usaria era aquele<br />
estilo Sandy & Júnior, o que seria perfeito para compor o meu visual. Mas, neste instante,<br />
começou a ruir a minha apresentação show. A bateria e o filzinho do microfone deveriam<br />
ficar no bolso do paletó, que era novo e tinha os bolsos costurados ainda. Na ânsia de<br />
abri-los discretamente, arrebentei a linha e rasguei um pedaço do forro. Nisso alguém da<br />
plateia gritou: “paletó novo hein?”. O resto nem preciso contar.<br />
Noutra ocasião, numa apresentação em São Paulo, tremia muito para segurar o<br />
microfone. Passava o microfone de uma mão para a outra e nada. Foi quando pedi para<br />
me arrumarem um pedestal, porque, disse eu, se eu continuar segurando o microfone<br />
dessa forma ele vai gozar.... A partir daí ganhei o público e pude falar qualquer coisa que<br />
ninguém mais prestava atenção. Pelo menos sai feliz.<br />
284 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
A BARBA<br />
DO CALISTO<br />
Maria de Lourdes Heidenreich<br />
Um fato inusitado aconteceu com um “faxineiro” da casa chamado Calisto<br />
(as copeiras e os faxineiros eram todos funcionários naquela época, hoje<br />
são terceirizados).<br />
Ele tinha uma barba comprida e contava para a Iracema que o sonho da mãe dele<br />
era que ele cortasse aquela barba. Foi contar logo para quem.<br />
Num certo dia, ia ter eleição da Associação e a Iracema, muito esperta e com toda<br />
a sua a criatividade, resolveu ajudar a mãe do Calisto. Falou para ele que todos tinham que<br />
estar presentes na reunião de eleição, todo o corpo funcional, inclusive os diretores,pois<br />
viria a equipe de televisão para gravar.E,por esse motivo, todos teriam que vir arrumados,<br />
os homens de terno e as mulheres de vestido longo e que ele teria que fazer a barba, pois<br />
não ia ficar bem pra ele aparecer assim na televisão.<br />
A Iracema, em seguida, ainda contou para todos os funcionários a peripécia dela<br />
sobre o Calisto para todos confirmarem a mesma versão. E assim chegou o grande dia: o<br />
Calisto chegou para trabalhar na faxina, de terno branco e de barba totalmente cortada!<br />
Depois que ele descobriu a verdade contou para sua mãe e ela mandou agradecer a Iracema.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 285
GRUDADA NO<br />
FERRO DE PASSAR<br />
Fátima Leontina Ferreira<br />
Já trabalhei em tantas funções, como copeira, cozinheira, no almoxarifado,<br />
fazendo faxina e até mesmo passando roupa.Desta tarefa tem uma história<br />
interessante.<br />
Eu tinha combinado com algumas pessoas do meu setor, de fazer uma pegadinha<br />
com a minha colega de trabalho, a Anita. Iria fingir ter sido eletrocutada pelo ferro de<br />
passar. E assim começamos a montar a cena. Deitei no chão com o ferro na mão como se<br />
tivesse caído com um choque elétrico.<br />
Escutei alguém chegando pela escadae fingi estar morta. Mas não era a Anita, era<br />
a Lurdinha de um outro setor que não tinha nada a ver com a história. Ela me viu e gritou:<br />
– Ai Meu Deus, a Fátima está grudada no ferro! E saiu correndo.<br />
Ela achou que eu tinha sido eletrocutada.<br />
Começou a chegar um bando de gente trazido pela Lurdinha, que estava apavorada.<br />
Todos querendo saber o que tinha acontecido.<br />
Mas eu já estava de pé passando roupa como se nada tivesse acontecido.<br />
A Lurdinha ainda atordoada disse:<br />
– Não estavas grudada no ferro? Pensei que estavas morta.<br />
Eu respondi:<br />
– Se estivesse morta eu estaria deitada com o ferro na mão!?<br />
Demos muitas risadas. Mas a Lurdinha precisou de um pouco de água com açúcar<br />
para se acalmar depois do susto.<br />
286 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
EMPURRANDO<br />
O FU<strong>SC</strong>A LADEIRA<br />
ACIMA<br />
Gilson Alberto dos Santos<br />
Um fato que marcou muito foi durante uma atividade de comercialização<br />
de um curso de custos que fui fazer em Caçador. Foi num período de frio<br />
muito intenso. Lembro que na semana que fiquei em Caçador, um dos<br />
dias dormi na casa de um colega da época de república.<br />
No dia seguinte, depois de me aprontar para iniciar as visitas às empresas, deparei-me<br />
com o carro coberto de geada, após uma madrugada gelada. Quando vi aquilo, logo<br />
fiquei preocupado, pois o carro era movido a etanol e corria o risco de não dar partida.<br />
Nessa época não tinha o reservatório de gasolina, eu acho...Dito e feito: depois de três<br />
tentativas, o fuscão afogou e quase arriou a bateria em função da insistência. Decidimos<br />
então, eu e o meu amigo, empurrar o danado ladeira acima, até onde tínhamos força para<br />
descer com ele na banguela e tentar fazer pegar no tranco. Foram várias tentativas que<br />
não deram certo. O último recurso foi encostar o fuscão (verde piscina) em frente à casa,<br />
abrir a tampa do motor, esperar o sol aparecer e aquecer as turbinas do possante.<br />
Feito isso, depois de certo tempo, já por volta de umas dez horas da manhã fiz<br />
uma nova tentativa, girei a chave da ignição e para minha felicidade o motor do fuscão<br />
deu sinal de vida. Foi só o tempo de me recompor e ir à luta,afinal, o grupo para participar<br />
do curso precisava ser fechado e o Relatório 21A me aguardava assim que retornasse a<br />
Florianópolis.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 287
O BALOEIRO E O<br />
NOME FANTASMA<br />
Maria Inês Paludo Gregianin<br />
Muito providencialmente, justo no dia de hoje que parei para escrever<br />
este relato, atendi um cliente que me fez refletir sobre essa jornada.<br />
Ele veio em busca de informações para o irmão que reside em Florianópolis<br />
e o diálogo foi mais ou menos o seguinte:<br />
- Olá, bom dia! Em que posso ajudá-lo?<br />
- Então, é o seguinte, eu gostaria de saber o que é preciso para abrir um baloeiro?<br />
Por vezes os clientes nos pegam de surpresa, mesmo com experiência, nos levam<br />
a pensar se não entendemos bem ou se por acaso esse negócio era novo e eu ainda não<br />
conhecia. Perguntei novamente tentando entender melhor a situação.<br />
-O que o senhor quer iniciar? Com o quê o senhor vai trabalhar?<br />
- Vou trabalhar com balas!<br />
Ou seja, ele queria ser baleiro.<br />
Outro fato ocorrido neste mesmo dia, ao fazer o cadastro de um atendimento eu<br />
perguntei qual era o nome fantasia. O cliente respondeu que não tinha. Então terminei<br />
de preencher o restante das informações como é de praxe, realizei o atendimento e, já<br />
finalizando as informações, o cliente resolveu fazer uma última pergunta: e esse nome<br />
“fantasma”, como faço para conseguir?<br />
288 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
SEM PARABRISAS,<br />
SEM LENÇO E SEM<br />
DOCUMENTO...<br />
Paulo Teixeira do Valle Pereira<br />
Numa das minhas idas ao interior, fomos para uma cidade do Oeste, eu<br />
e o colega Osni, com quem viajei muito nos tempos do Promicro e o<br />
colega Geraldo, que já saiu faz muito tempo.Estávamos dividindo um<br />
carro, o melhor daquela época, uma Parati usada que o CEAG tinha ganhado do Estado.<br />
Deixaríamos o Geraldo em Videira e seguiríamos para nosso destino. Fomos pela rodovia<br />
recém-aberta, a BR-282. Naquela época ela era asfaltada apenas até Alfredo Wagner, depois<br />
era estrada de terra até Lages.<br />
Bem no meio do caminho, estávamos atrás de um caminhão e dele veio uma pedra<br />
que quebrou o vidro da frente do carro. Não podíamos voltar, pois o Geraldo tinha reunião<br />
marcada para o início da tarde. Então precisamos tirar todo o vidro e seguir viagem.<br />
Não imaginam a quantidade de pó que enfrentamos.<br />
Passamos por muitos caminhões que estavam carregando troncos de árvores<br />
para as empresas de papel da região. A quantidade de poeira que levantava não permitia a<br />
visão a mais de cinco metros. Só sei que quando chegamos em Lages, paramos para colocar<br />
um vidro novo, completamente cobertos de poeira. Imundos. Não havia poros sem poeira,<br />
inclusive dentro de nossas bagagens. Foi uma viagem muito emocionante, para não dizer<br />
outra coisa.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 289
APRESENTAÇÕES<br />
Spyros Achylles Diamantaras<br />
Certa vez estava numa roda de autoridades, juntamente com um diretor do<br />
<strong>Sebrae</strong> e fomos apresentados às pessoas.Havia o burburinho do evento,<br />
pessoas conversando, música ao fundo. O que por vezes nos atrapalha<br />
de ouvir com clareza. Em determinado momento um senhor se apresentou ao diretor e a<br />
mim. Se não me engano foi mais ou menos assim:<br />
- Prazer, Spyros.<br />
Em seguida o diretor do <strong>Sebrae</strong>:<br />
- Prazer, Lauro.<br />
E este senhor diz:<br />
- E o seu?Ao qual prontamente respondemos novamente:<br />
- Spyros.<br />
- Lauro, prazer.<br />
E ele tornou a dizer “Ilseu” e mais uma vez repetimos tudo novamente achando<br />
que ele não havia compreendido.<br />
Foi então que calmamente ele falou, como quem faz um contato alienígena, apontando<br />
com os dedos: “Spyros”, “Lauro” e “Ilseu”.<br />
Então olhamo-nos e percebemos que o nome do cidadão era Ilseu eque ele não<br />
estava perguntando “e o seu”?<br />
290 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
AH,<br />
OS NOMES...<br />
Spyros Achylles Diamantaras<br />
Falando em nome, certa vez em reunião institucional com um antigo<br />
diretor do Senai e, após o término, já no campo das amenidades, perguntei:<br />
- Há quanto tempo o senhor está no CIATE?<br />
Eu imaginava ser um departamento dentro do Senai, pois todo mundo o chamava<br />
de Marcos do CIATE, afinal eu também sou conhecido como o Spyros do <strong>Sebrae</strong>. O que<br />
é muito comum nesse meio.<br />
Moral da história: o nome dele era Marcos Dociate mesmo!!!<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 291
O DESPERTADOR<br />
Maria de Lourdes Heidenreich<br />
Uma colega comprou um despertador novo e estava toda garbosa mostrando<br />
o bem adquirido. Para quê. Todos sabiam o horário em que ela<br />
embarcava no ônibus para ir para casa, que ficava no Sul da Ilha. Os horários<br />
desse itinerário eram restritos e fixos, todo mundo sabia exatamente o horário do<br />
ônibus que ela pegava para ir embora.<br />
Em um momento que ela se distraiu trabalhando, um colega pegou o relógio despertador<br />
e programou para que o mesmo despertasse exatamente quando ela já estivesse<br />
dentro do ônibus, a caminho de casa.<br />
Dito e feito. Na hora exata o relógio começou a despertar.<br />
Todos se agitaram e começaram os burburinhos dentro do veículo para saber de<br />
quem era o tal despertador. Inclusive a própria colega achou estranho um relógio estar<br />
despertando dentro do ônibus. Só depois de algum tempo, que ela percebeu que o relógio<br />
era o dela, que estava dentro da sua bolsa. Apressou-se em abri-la e desligar o “maldito<br />
despertador”.<br />
292 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
NÃO TEM<br />
COMO ADIVINHAR<br />
Spyros Achylles Diamantaras<br />
Esse fato passei com o Denilson, após uma missão para o município de São<br />
Bonifácio, em que levamos os agricultores para conhecer as vantagens de<br />
montar uma usina de leite em forma de cooperativa. Na volta, após deixá-<br />
-los em suas propriedades já à noite, vínhamos conversando sobre a tal missão quando,<br />
na descida na BR-282, ficamos sem gasolina em nossa Tonner. Assim que o carro parou,<br />
bem em frente a um cruzamento, nos pusemos a discutir quem ficaria no carro e quem iria<br />
atrás de um posto de gasolina.<br />
Por sorte, na sequência passou um ônibus e o colega Denílson embarcou reta a<br />
frente. Acompanhei no horizonte o ônibus sumir na estrada. Lá fiquei esperando, na beira<br />
da estrada, por intermináveis 60 minutos. Impaciente, saí algumas vezes do carro para ver<br />
se na penumbra da noite havia indícios dele voltando.<br />
Eu nada via à frente quando de repente alguém bate no meu ombro. Era o Denilson<br />
chegando a pé com um sorriso amarelo no rosto dizendo que ele havia percorrido uns<br />
oito quilômetros em busca de gasolina e após seguir reto e virar aqui e ali o tal posto que<br />
ele havia ido buscar gasolina estava, na verdade, a poucos metros de onde estávamos com<br />
o carro.<br />
Mas como iríamos saber se não existia waze??<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 293
O CARRO<br />
DE SOM<br />
Edgar Macedo Júnior<br />
Um dia aprontaram uma para mim que não esqueço até hoje. Era meu<br />
aniversário e a minha esposa teve a brilhante ideia de mandar um carro<br />
de som para me homenagear. Ela estava um pouco insegura, por ser um<br />
ambiente de trabalho e decidiu ligar para meus colegas para pedir a opinião. E, claro, colocaram<br />
a maior pilha nela. Aquela raça toda se uniu contra mim e diziam: ele vai adorar! Já<br />
fizeram isso aqui para outras pessoas! É muito legal! E por aí foram os incentivos...<br />
Imagina aquele prédio da avenida Rio Branco, 11 horas da manhã, época de inverno.<br />
De repente para aquele carro todo colorido com o som a mil por hora. Eu pensei<br />
comigo: Não pode ser, não comigo.<br />
Dali a pouco o cara chama no microfone:<br />
- Edgar! Parabéns pelo seu aniversário etc. e tal.<br />
Eu não sabia o que fazer, se descia, se não descia. E o pessoal falando: Desce logo!<br />
Anda! Vai lá e cancela esse som logo para a gente trabalhar! E davam risada.<br />
Cheguei lá em baixo com cara de trouxa, sem saber o que fazer. Muito envergonhado.<br />
Olhei para cima no prédio e havia um monte de gente abanando nas janelas.<br />
Era inverno e eu suava. Comecei a tentar dissuadir o cara a desligar o som. Então ele me<br />
disse que não havia acabado ainda e que era obrigado a fazer até o final. E seguia tocando<br />
aquelas músicas bregas. Estavam presentes minha filha (4 anos), minha irmã e minha<br />
cunhada, que dançavam e se divertiam. Era inverno e eu suava frio. Tive que esperar aquilo<br />
acabar. Por fim, acabou, a música cessara, o indivíduo confirmou que não tocaria mais.<br />
Agradeci e como era quase meio dia voltei para pegar as minhas coisas e ir almo-<br />
294 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
çar, para ninguém ficar me zoando. Quando abre a porta automática de vidro do <strong>Sebrae</strong>/<br />
<strong>SC</strong> já tinha um bando querendo me cumprimentar. Nisso o infeliz salta do carro e começa<br />
a soltar um monte de foguetes, pensei comigo, justa causa, estou na rua, isso não acaba<br />
nunca!<br />
Fui para casa querendo ficar bravo com a sacanagem, quer dizer homenagem,<br />
mas então minha filha de mãos dadas comigo e toda empolgada perguntou: gostou papai,<br />
ao que respondi: o papai adorou, nunca esquecerei desse dia.<br />
A KOMBI<br />
DA ASSOCIAÇÃO<br />
Maria de Lourdes Heidenreich<br />
AAssociação dos Funcionários programou, num sábado, um jogo de futebol<br />
(não lembro exatamente em que local), mas era um pouco longe e<br />
naquela época nem todos tinham veículo particular. Avisaram o Edgar,<br />
já que ele era novo no <strong>Sebrae</strong>, que a “Kombi da Associação”, ia passar em alguns locais para<br />
pegar os “jogadores associados”.<br />
Ele combinou com o pessoal que iria esperar a carona da Kombi em frente do<br />
próprio <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, no Centro de Florianópolis. Acordou no sábado bem cedinho e às 8h<br />
da manhã já estava a postos. Pois bem, ficou esperando a manhã toda a Kombi que nunca<br />
apareceu. Na verdade, foi uma grande mentira dos colegas. A Associação nem tinha veículo<br />
próprio na época. Mas como ele iria adivinhar?<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 295
A PERUCA<br />
Maria de Lourdes Heidenreich<br />
Houve no <strong>Sebrae</strong>, em certo tempo, um diretor alemão de Blumenau, que<br />
usava peruca, mas “ninguém sabia”. Ele tinha uma cadeira grande em<br />
sua sala, que era reclinável. Costumava sempre ficar se balançando e<br />
reclinando bem para trás.<br />
Certo dia, conversando com um funcionário em sua sala e se balançando na cadeira,<br />
ela vira completamente e cai de pernas para o ar. A peruca voa de sua cabeça e o<br />
funcionário não sabia se ria, se acudia o diretor ou se juntava a peruca (risos). Mas, pior<br />
para o diretor, que era careca e não queria que ninguém soubesse.<br />
VENDE-SE PACU<br />
Maria de Lourdes Heidenreich<br />
Uma certa funcionária trouxe uma caixa toda furada e em volta estavam os<br />
dizeres garrafais: “VENDE-SE PACU”. A tal caixa foi posicionada na recepção<br />
do principal andar, onde todos passavam, funcionários e visitantes.<br />
As pessoas, como são muito curiosas, não se contentavam apenas em ler e imaginar<br />
o que tinha lá dentro da caixa para vender. Assim, quando abriam a tampa para ver<br />
os “peixinhos”, deparavam-se com dois rolos de papel higiênico: um rolo grande com os<br />
dizeres: PACU GRANDE e um rolinho bem pequeno, com os dizeres: PACU PEQUENO.<br />
Até um diretor da época abriu a caixa para ver os tais “peixinhos”.<br />
296 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
UM TIJOLO<br />
PARA O PAI<br />
Maria de Lourdes Heidenreich<br />
Havia um funcionário, chamado Edimar, que era de São Bonifácio. Morava<br />
em Florianópolis, mas nos finais de semana ia para a casa dos pais.<br />
Certo dia, o pai dele fez uma encomenda para ele comprar “na cidade”<br />
(não lembro exatamente o produto, mas parece que era algum produto elétrico), pois o pai<br />
estava fazendo uma construção. O Edimar comprou o produto solicitado em seu horário<br />
de almoço e deixou o pacote em cima da sua mesa.<br />
Um dos “queridos colegas de trabalho”, esperou ele sair da sala, pegou o tal pacote,<br />
tirou o produto de dentro e o substituiu por um tijolo. Isso com outros colegas incentivando<br />
a façanha. Fecharam bem direitinho o pacote novamente e colocaram no mesmo<br />
lugar. Ao sair na sexta-feira, às 18h para ir para São Bonifácio, Edimar pegou o pacote,<br />
achou-o mais pesado do que parecia quando tinha comprado, porém de nada desconfiou.<br />
Quando chegou em casa, a primeira pergunta que o pai fez foi se ele tinha comprado<br />
o produto, pois ele queria terminar a obra. Edimar, bem feliz por ter atendido o<br />
pedido do pai, entregou o pacote e foi aí que ele percebeu a bela sacanagem que os colegas<br />
tinham feito.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 297
O PAPAI NOEL<br />
DE PALHOÇA<br />
Wilson Sanches Rodrigues<br />
Fomos acionados para organizar o primeiro Natal Luz em Palhoça. Coube<br />
ao <strong>Sebrae</strong> organizar toda a parte do artesanato na praça, exposição de produtos<br />
e contratar o Papai Noel que faria a abertura do evento. O objetivo<br />
era fortalecer o comércio local naquele período de véspera de Natal em que as lojas ficam<br />
abertas até mais tarde. Havia músicas natalinas rodando na praça, uma decoração e iluminação<br />
toda especial montadas pelos empresários e Associação Comercial em parceria com<br />
a Prefeitura Municipal. O Papai Noel era o grande dilema e no fim das contas a contratação<br />
do mesmo ficou sob responsabilidade da Associação Comercial.<br />
Chegada a dita noite todos estavam a espera e se perguntavam quem era o Papai<br />
Noel e se ele já havia chegado? Era uma grande ansiedade, perceptível nos rostinhos das<br />
crianças e também nos organizadores de toda a ação.<br />
De repente, o mestre de cerimônias faz aquela onda toda, para deixar a plateia<br />
ainda mais cheia de expectativa. Eis que a cadeira do Papai Noel vira e o que vemos - um<br />
Papai Noel negro - nunca tinha visto. Todos ficamos espantados. Pois tínhamos aquela<br />
visão clássica do velhinho de barba branca. As crianças deram uma lição de moral e brincaram<br />
muito com ele. Depois fomos descobrir que o senhor que fez o papel do Papai Noel, já<br />
era uma pessoa conhecida na cidade e que fazia ação social nas comunidades, entregando<br />
doces e presentes.<br />
298 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
A MALA DE<br />
DINHEIRO<br />
Marcondes da Silva Cândido<br />
Naquele tempo, bem como ainda acontece hoje, muitos clientes procuram<br />
o <strong>Sebrae</strong> em busca de ajuda e de ideias para abrirem o próprio negócio. Eu<br />
atendi certa vez um senhor com esse mesmo interesse. Nos preâmbulos<br />
do atendimento, o mesmo me relatou ter vendido um bem imóvel com o objetivo de investir<br />
em um negócio lucrativo e que ele tinha ouvido falar que o <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> poderia ajudá-lo.<br />
Papo vai, papo vem, ele foi se sentindo mais à vontade até que puxou uma mala<br />
que trazia consigo e havia depositado aos seus pés, abaixo da mesa onde estávamos sentados,<br />
e disse:<br />
- Pois então, eu vim aqui investir em um negócio. Me disseram que o <strong>Sebrae</strong> é o<br />
lugar certo.<br />
Prontamente eu confirmei.<br />
- Sim, essa é nossa missão, é isso que fazemos.<br />
- Vendi um terreno e quero aplicar o dinheiro, disse ele.<br />
Nisso ele puxa a tal mala, põe em cima da mesa e abre o zíper. Ao meu total espanto<br />
a mala estava cheia de dinheiro. Dentro dela tinha 60 mil reais! Ele queria investir no negócio,<br />
como quem compra um carro ou um produto. Estava vindo do banco onde tinha sacado<br />
o dinheiro para trazer ao <strong>Sebrae</strong> com esse propósito. Mais que depressa eu gritei:<br />
- Fecha isso daí!<br />
Minha preocupação era que não lidávamos assim com dinheiro, nem tínhamos<br />
segurança para proteger esse tipo de coisa. Feitas as devidas explicações, recomendei que<br />
ele depositasse o dinheiro de volta no banco, o mais depressa possível.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 299
O FUTURO<br />
Wilson Sanches Rodrigues<br />
Certa vez fomos lançar o Proder ComCenso, na cidade de Águas Mornas. A<br />
consultora da casa, Marta, proferiu nesta data uma palestra cujo enfoque<br />
era motivação. Falou sobre questões de como estar motivado, trabalhar<br />
com alegria, ter metas e planos, sobre realização de sonhos, conquistas, elevou a plateia a<br />
um patamar de alegria e motivação.<br />
Lá pelas tantas, já finalizando a sua palestra ela fez uma pergunta aos presentes:<br />
- Então o que vocês visualizam para o futuro?!<br />
Eis que um cidadão sentado na primeira fileira, parecia ser um desses andarilhos<br />
de estrada que a gente encontra mundo afora, responde:<br />
- Eu quero saber que horas será o coquetel, pois o meu futuro imediato é esse:<br />
matar a minha fome!<br />
Silêncio geral no recinto. Não preciso nem comentar que todo o espírito que ela<br />
tentou criar no grupo se desfez naquele momento.<br />
300 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
O BOLETIM<br />
DE OCORRÊNCIA<br />
Alcides Cláudio Sgrott Filho<br />
Eram dias de inverno. Fazia muito frio na nossa Serra Catarinense. Eu e<br />
o colega Spyros nos deslocamos para a cidade de Urupema, para realizar<br />
atividades do Proder ComCenso.<br />
Viajávamos com um carro (Gol), dividindo o tempo com o veículo entre nós dois.<br />
Em um dia eu ficava com o carro em Urupema e no outro o Spyros utilizava ele em Rio<br />
Rufino. Era um dia chuvoso e o Spyros me deixou na Prefeitura de Urupema e saiu para<br />
seu trabalho em Rio Rufino.<br />
Na segunda curva da estrada a pasta com papéis e documentos que estava no<br />
carona cai. O Spyros dirigindo se estica todo para pegá-la, mas com isso perde a direção e<br />
acerta um poste de luz. Era o poste que tinha o único transformador de energia elétrica da<br />
cidade. Resultado: detonou o carro e a cidade ficou sem luz o dia todo.<br />
Ele chegou todo assustado na prefeitura relatando o fato. Fomos fazer o boletim<br />
de ocorrência e o delegado, após consultar os seus arquivos nos disse que era a primeira<br />
ocorrência na cidade.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 301
QUEM COMEU<br />
O BOLO?<br />
Marcondes da Silva Cândido<br />
Certa feita quando eu trabalhava na Gerência de Educação o Peluso, meu<br />
gerente à época, recebeu uma chamada da portaria dizendo que alguém<br />
tinha um bolo para lhe entregar.<br />
- Não pedi bolo algum!! Respondeu ele.<br />
A insistência foi grande e após consulta ao entregador veio a confirmação: é para<br />
o senhor sim. Mandaram lhe entregar o bolo e estou aqui para isso.<br />
- Insisto que não pedi bolo para ninguém e este bolo não é meu. Deve ser de outra<br />
pessoa.<br />
Não satisfeito o entregador subiu até o segundo andar procurando o Sr. Peluso.<br />
- Vim entregar o seu bolo, onde o coloco.<br />
- Já que insiste coloque ali na sala do café. Embora eu não esteja esperando bolo<br />
algum.<br />
Poucos minutos depois, não mais que cinco, alguém pergunta:<br />
- De quem é este bolo? Podemos comer um pedaço?<br />
- Acho que pode. Deixaram o bolo ali mas não é meu.<br />
Não precisa dizer que de pedaço em pedaço o maravilhoso e delicioso bolo de laranja<br />
desapareceu muito rapidamente, como num passe de mágica, restando apenas uma<br />
travessa linda de vidro todo trabalhada.<br />
Foi o bolo desaparecer e chega ao nosso andar um colega muito tradicional e das<br />
antigas, chamado Gilberto, perguntando:<br />
- Peluso, onde está o meu bolo que deixaram contigo?<br />
302 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
- Comigo? Eu disse que o bolo não era meu e deixaram então na sala de café.<br />
- Peluso!!! gritou ele. - O bolo não está lá! Só tem uma travessa vazia. Onde está<br />
meu bolo?<br />
- Não sei. Ele estava naquela travessa. Acho que comeram.<br />
- Não é possível! Parem de brincadeira?!? Insisto em saber onde colocaram o meu<br />
bolo?<br />
- Olha Gilberto! Comeram mesmo o bolo.<br />
Foi então que o colega bradou rispidamente e, espumando de raiva, teve um ataque<br />
de fúria.<br />
Neste momento, todo o segundo andar do prédio da avenida Rio Branco ficou<br />
vazio. Todos os colegas que ali trabalhavam tiveram uma repentina fuga de manada.<br />
Enquanto isto se ouvia gritos dizendo:<br />
- Quero saber quem autorizou a comerem meu bolo? Quero saber quem teve a<br />
coragem de comer o meu bolo? Um bolo especial feito pela minha sogra. Só ela que faz este<br />
bolo. Um bolo que eu adoro e é o meu preferido, meu presente de 50 anos de aniversário<br />
de casamento. Que sacanagem! Falta de consideração! Eu arrebento quem fez isto!<br />
Conta-se ainda que o colega Gilberto foi avistado saindo do prédio aos berros e<br />
com a linda travessa vazia.<br />
Mas, quem comeu mesmo o bolo?<br />
Até hoje, passados 20 anos do ocorrido, permanece a incógnita. Nem a polícia federal<br />
e um detetive especialmente contratado para desvendar os fatos conseguiu elucidar.<br />
Quem participou da divisão do bolo sabe do que estou falando e fez parte de um<br />
momento inocente e hilário da história da nossa empresa.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 303
LISA`S<br />
Joel Soares Fernandes<br />
LLisa, quantos anos você me dá ?” perguntou a tia entusiasmada à sua sobrinha<br />
de 6 anos de idade. “Sei lá tia, tu já tens tanto, prá que queres mais ?”.<br />
Tão novinha e já exposta à neura dos adultos pela idade.<br />
Isso me faz lembrar, que quando o Fitipaldi saiu da fórmula 1 e foi para a Indy,<br />
desabafou dizendo que na Europa já o estavam considerando velho. Nos Estados Unidos,<br />
entretanto, o velho, foi campeão. Na MTV a apresentadora Astrid comandava um dos<br />
programas mais inteligentes da tv brasileira. Era o Barraco MTV. Ela e um bando de uns 15<br />
adolescentes, falavam abertamente de tudo. Sexo, droga, violência, climas de pais e filhos,<br />
desemprego. Era bonito de ver a garotada emitindo opiniões próprias e boas. E a Astrid,<br />
mulher experiente, com conteúdo, fazia tudo fluir com humor e charme. Mas como diria a<br />
canção cantada por Elis Regina “Não confio em ninguém com mais de trinta anos...” . “Elis<br />
o quê, Tio ?”. Pois é. A Astrid saiu. O programa definhou. E acabou.<br />
Nas empresas então, o que contava era a experiência. A partir dos 5 anos de casa<br />
o empregado já era homenageado em festas de final de ano. Entregavam-lhe medalhas. E<br />
quanto mais antigos eram os empregados, mais largos eram os seus sorrisos. Suas auras<br />
brilhavam tanto, que ofuscavam os olhos dos recém-chegados à empresa. Aqueles sábios e<br />
experimentados colegas pareciam lendas inalcançáveis, aos neófitos.<br />
Já nos tempos modernos, pós-terremoto de reengenharias e outras reinvenções<br />
mais, a ruga da experiência, virou sinal de evidente obsolescência. O que era orgulho, virou<br />
preocupação. Feito mulher velha, os mais antigos, escondem suas idades. Perguntar às<br />
Lisa’s de poucos meses de empresa “quantos anos você me dá ?”, nem pensar.<br />
E o assunto é mesmo quente. Ontem vi pela TV um cientista com mais de 96<br />
anos, tentando salvar nosso planeta do aquecimento, sugerir que se fizesse uma corrente<br />
304 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
de espelhos no espaço, ao redor da terra. Assim os raios solares seriam desviados e o aquecimento<br />
se reduziria em uns 2%. Perguntaram a um jovem cientista o que ele achava desta<br />
idéia. De pronto, esnobou: não funciona. Instigado a testá-la, simulou, e descobriu que de<br />
fato a solução proposta baixava a temperatura da terra. Perguntaram-lhe de quanto? E ele:<br />
em 2%.<br />
Ops! Para salvar o mundo, não dá para descartar o velhinho cientista. E quanto<br />
às empresas, sobreviverão só com as jovens Lisa’s ?<br />
Observação: este texto foi escrito pelo Joel Soares Fernades no ano de 2001 e faz parte da série Contos do Joel.<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 305
306 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
FICA A<br />
SAUDADE...<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 307
Em 1972, com o objetivo de organizar e sistematizar o fomento ao desenvolvimento<br />
da pequena e média empresa brasileira, foi instalado o Centro Brasileiro de Assistência<br />
Gerencial à Pequena e Média Empresa - CEBRAE. Como primeiro instituto executivo<br />
deste sistema foi criado, no dia 6 de julho de 1972, o Instituto Brasileiro de Assistência<br />
Gerencial à Pequena e Média Empresa de Santa Catarina – IBAGE<strong>SC</strong>, que iniciou as suas<br />
operações em 1º de agosto de 1972, após ter celebrado o 1º Convênio de Colaboração Financeira<br />
concedido pelo CEBRAE.<br />
Foto tirada durante curso de formação de consultores do IBAGE<strong>SC</strong> -1973<br />
308 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
Foto do Seminário “Como o gerente deve treinar os seus vendedores”, um dos cursos oferecidos<br />
pelo IBAGE<strong>SC</strong> - 1974<br />
Equipe <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong><br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 309
Equipe do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> na escadaria da antiga sede do <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> na Rua Tenente Silveira, e ao<br />
lado: foto da fachada do prédio sede do CEAG, na Av. Rio Branco - 1975.<br />
Transcorridos quase 20 anos o IBAGE<strong>SC</strong>, já sob a denominação de Centro de<br />
Assistência Gerencial de Santa Catarina - CEAG, por meio da Lei 8.029 de 12 de abril de<br />
1990 e do Decreto 99.570 de 09 de outubro de 1990, foi transformado no atual Serviço<br />
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Santa Catarina – <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong>, integrante do<br />
Sistema <strong>Sebrae</strong>.<br />
310 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong> I 311
EXPEDIENTE:<br />
Entrevistas, redação, organização do conteúdo, projeto gráfico e diagramação:<br />
Premier Vip Eventos e Publicações Ltda - Rosana Majolo<br />
Revisão ortográfica dos relatos:<br />
Beconn Produção de Conteúdo - Daniela Risson - DF 4422/JP<br />
Revisão ortográfica das histórias pitorescas: Cristini Moritz - JP 4245/<strong>SC</strong><br />
Revisão final e aprovação:<br />
<strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> - Marcondes da Silva Cândido e Alessandra Pinheiro<br />
312 I <strong>Sebrae</strong>/<strong>SC</strong> I <strong>Momentos</strong> <strong>Memoráveis</strong>