05.09.2017 Views

Anuário Criação Vivi 1-9 cc so miolo teste

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

4 1 º<br />

A N U Á R I O<br />

D<br />

E<br />

C R I A Ç Ã O<br />

2 0 1 6<br />

C R I A Ç Ã O<br />

C L U B E D E C R I A Ç Ã O 2 0 1 6


CONTENTS<br />

Bebidas Alcoólicas 034<br />

Imagem e Comunicação Corporativa 050<br />

Snacks 084<br />

Bancos, Serviços, Investimentos e Seguros 106<br />

Estrela Verde 114<br />

Rede de Concessionárias, Produtos e Serviços Automotivos 128<br />

Transporte, Turismo, Viagens, Entretenimento e Lazer 134<br />

Veículos Automotivos 146<br />

Aparelhos Eletrônicos e Eletrodomésticos 180<br />

Publicidade, Indústria de Comunicação & Marketing 194<br />

Outros 228<br />

C A T E G O R I A<br />

Comércio 236<br />

Educação e Cultura 248<br />

Restaurantes, Fast Foods e Cafeterias 262<br />

Telecomunicações 268<br />

Vestuário 278<br />

Alimentícios 304<br />

Bebidas Não Alcoólicas 318<br />

Comunicação de Governo 330<br />

Cuidados Pes<strong>so</strong>ais 340<br />

Publicações, Veículos de Comunicação & Mídia 352<br />

Estudantes 380<br />

C R I A Ç Ã O<br />

ÍNDICE


Ação de Relações Públicas/Public Relations<br />

Ação Promocional ou de Marketing Direto/Promotions & Direct Marketing<br />

Agência/Agency<br />

Alimentícios/Food<br />

Animação/Animation Designer<br />

Anunciante do Ano/Advertiser of the Year<br />

Anunciante/Advertiser<br />

Aparelhos Eletrônicos e Eletrodomésticos/Electronic Devices & Household Appliances<br />

Aprovado por/Approved by<br />

Arquitetura de Informação/Information Architecture<br />

Art Buyer<br />

Bancos, Serviços, Investimentos e Seguros/Banks, Services, Investments and Insurance<br />

Bebidas Alcoólicas/Alcoholic Beverages<br />

Bebidas não Alcoólicas/Non-Alcoholic Beverages<br />

Branded Content<br />

Carta do Presidente/Letter from the President<br />

Cases Integrados/Integrated Cases<br />

Comércio/Commerce<br />

Comunicação de Governo/Governmental Communications<br />

Créditos/Credits<br />

Criação/Creative Team<br />

Cuidados Pes<strong>so</strong>ais/Per<strong>so</strong>nal Care<br />

Desenvolvedor/Web Developer<br />

Design<br />

Direção/Director<br />

Diretor de Arte de Cena/Stage Art Director<br />

Diretor de Arte/Art Director<br />

Diretor de Cena/Stage Director<br />

Diretor de Criação/Creative Director<br />

Diretor de Fotografia/Director of Photography<br />

Diretor Geral de Criação/General Creative Director<br />

Diretoria/Management<br />

Educação e Cultura/Education and Culture<br />

Estrela Preta/Black Star<br />

Estrela Verde/Green Star<br />

Farmacêuticos/Pharmaceuticals<br />

Fotógrafo/Photographer<br />

Gerente de Projeto/Project Manager<br />

Hall da Fama/Hall of Fame<br />

Ilustrador/Illustrator<br />

Imagem e Comunicação Corporativa/Corporative Image and Communications<br />

Locução/Radio Voice-over<br />

Marketing Direto/Direct Marketing<br />

Material Promocional/Promotional Material<br />

Mídia Exterior/Out of Home<br />

Montagem/Film Editing<br />

O Anuário de Criação/Brazilian Creative Annual<br />

O Clube de Criação/The Creative Club<br />

GLOSSARY<br />

O tema deste Anuário/Theme of This Year’s Creative Annual<br />

Outros/Miscellaneous<br />

Prêmio Anuário Bronze/Bronze Award<br />

Prêmio Anuário Ouro/Gold Award<br />

Prêmio Anuário Prata/Silver Award<br />

Prêmio Anuário/Creative Annual Award<br />

Produtor de RTV/RTV Producer<br />

Produtor Gráfico/Graphic Producer<br />

Produtor Musical/Sound Producer<br />

Produtora 3D/3D Studio<br />

Produtora de Som/Sound Studio<br />

Produtora/Film Studio<br />

Produtos Domésticos e de Limpeza/Home and Cleaning Products<br />

Programação/Programming<br />

Publicações, Veículos de Comunicação & Mídia/Publications, Communication Vehicles & Media<br />

Publicidade nos Ambientes Digitais/Digital Environment Advertising<br />

Publicidade, Indústria de Comunicação e Marketing/Advertising,<br />

Communications Industry & Marketing<br />

Rádio/Radio<br />

Redator/Copywriter<br />

Rede de Concessionárias, Varejo de Automóveis, Produtos e Serviços Automotivos/Dealership Network,<br />

Car Retail, Automotive Products & Services<br />

Restaurantes, Fast-Foods e Cafeterias/Restaurants, Fast-Food & Coffee Shops<br />

Revista e Jornal/Print Media<br />

Serviços Públicos Comerciais/Public Utilities and Commercial Industry Services<br />

Snacks<br />

Sócios/Members<br />

Telecomunicações/Telecommunications<br />

Tipografia/Typesetting<br />

Título/Title<br />

Transporte, Turismo, Viagens, Entretenimento e Lazer/Transport, Tourism,<br />

Travel, Entertainment and Leisure<br />

TV, Cinema e Outras Telas/TV, Cinema & Other Screens<br />

Veículos Automotivos/Motor Vehicles<br />

Vestuário/Apparel & A<strong>cc</strong>es<strong>so</strong>ries<br />

G L O S S Á R I O


O Clube de Criação é uma as<strong>so</strong>ciação cultural, sem fins lucrativos. É uma entidade que prima<br />

pela memória da propaganda brasileira. Nos<strong>so</strong> objetivo, ao lançar o Anuário de Criação a cada ano,<br />

é mostrar o que de melhor foi criado e produzido por profissionais de todo o Brasil. É um prêmio<br />

para o trabalho criativo e para todos os que contribuem para colocá-lo nas ruas. Um importante<br />

documento histórico e fonte de consulta para profissionais e estudantes ligados aos setores da<br />

comunicação, e para todos aqueles que se interessem pela cultura em geral.<br />

Júri – O júri foi formado por 73 profissionais – redatores, diretores de arte, designers, diretores<br />

de cena, produtores de <strong>so</strong>m, produtores digitais e fotógrafos – convidados pela diretoria<br />

do Clube de Criação. Os jurados estavam impedidos de votar em peças de sua própria agência<br />

ou produtora e de sua autoria.<br />

Prêmio Anuário – É o prêmio simbólico conferido a todas as peças selecionadas para compor<br />

o Anuário de Criação. A critério do júri, essa premiação pode ser classificada em quatro níveis:<br />

Prêmio Anuário Ouro, Prêmio Anuário Prata, Prêmio Anuário Bronze e Prêmio Anuário.<br />

Estrela Verde – Recebe este prêmio a melhor peça inscrita na categoria com o mesmo nome.<br />

A critério do júri, outras peças inscritas nesta categoria poderão receber o “Prêmio Anuário”.<br />

Estrela Preta – Este prêmio será disputado apenas entre as peças ganhadoras<br />

do Prêmio Anuário Ouro, sem distinção de categoria. E poderá ser concedido pelo júri,<br />

baseado em um nível de indiscutível excelência.<br />

The Creative Club is a cultural, non-profit as<strong>so</strong>ciation. It is an organization that stands out for its role in<br />

celebrating the Brazilian advertising memory. Our goal in putting out the Creative Annual each year is<br />

to show the best of what was created and produced by professionals from the field throughout Brazil.<br />

It is an award for creative work and to all those who contributed to putting this work out on the streets.<br />

It is an important historical document and a <strong>so</strong>urce of reference for professionals and students of the<br />

various segments of communications, and for all those interested in culture, in general.<br />

Jury – This year’s jury was made up of 73 professionals – copywriters, art directors, designers,<br />

stage directors, <strong>so</strong>und producers, digital producers and photographers – invited by the management<br />

of the Creative Club. Jury members were not allowed to vote either for any copy submitted<br />

by the ad agencies or film studios where they work, or for their own copy.<br />

Creative Annual Award — This is a symbolic award given to all pieces selected to make up the Creative<br />

Annual. The awards are ranked a<strong>cc</strong>ording to the following four categories: Creative Annual Gold,<br />

Creative Annual Silver, Creative Annual Bronze and Creative Annual Award, given at the discretion<br />

of the jury.<br />

Green Star – Awarded to the best piece entered in the category with the same name. Other pieces<br />

enrolled in this category may receive the “Annual Award,” as judged by the jury.<br />

Black Star – This award is vied for only among Gold Annual Award winners, without distinguishing<br />

among the categories. It may al<strong>so</strong> be awarded by the jury, based on an indisputable level of excellence.<br />

C L U B E<br />

D<br />

E<br />

C R I A Ç Ã O<br />

THE CREATIVE CLUB


N A D A<br />

N A S C E<br />

P R O N T O<br />

THEME OF<br />

THIS YEAR’S<br />

CREATIVE ANNUAL<br />

N O T H I N G<br />

O<br />

TEMA<br />

DESTE<br />

ANUÁRIO<br />

I S B O R N<br />

R E A D Y<br />

- M A D E


Presidente/President<br />

Fernando Campos<br />

Vice-Presidente/Vice President<br />

Fernando Nobre<br />

Diretores Administrativos/<br />

Administrative Directors<br />

André Kassu<br />

Dulcidio Caldeira<br />

Diretores Culturais/Cultural Directors<br />

Guilherme Jahara<br />

Joanna Monteiro Soares<br />

Diretores de Divulgação/<br />

Promotional Directors<br />

Leo Macias<br />

Márcio Ribas<br />

Diretor Editorial/Editorial Director<br />

Marco Aurélio Giannelli (Pernil)<br />

Pedro Becker<br />

Diretores de Relações Sociais/<br />

Social Relations Directors<br />

Pedro Prado<br />

Rejane Bi<strong>cc</strong>a<br />

Diretores-Secretários/<br />

Secretarial Directors<br />

Ricardo John<br />

Vico Benevides<br />

Administração/Administration<br />

Dirce Yasuda<br />

Coordenação de Eventos/<br />

Events Coordinator<br />

Ciça R. Bernardet<br />

Assistente de Eventos/<br />

Events Assistant<br />

Fernanda Negri<br />

Gerência Comercial/Commercial Manager<br />

Mara Baptistini<br />

Secretária/Secretary<br />

Patricia Nhoncanse da Silva<br />

MANAGEMENT<br />

DIRETORIA


Está na raiz da cultura judaico-cristã a resistência ao ato de nascer. Não faltam leituras – e pra<br />

mim sempre fez muito sentido – do mito do Éden como uma alegoria do útero. Pense bem: ali você<br />

simplesmente existe, num lugar onde tudo é natural, sem pecado, sem dor, sem culpa, rodeado<br />

de amor, alimentado pelo próprio ambiente em que vive, em simbiose com seu Criador. E aí, um belo<br />

dia você é arrancado de lá e conhece dor, frio, fome, sede, tudo ao mesmo tempo acompanhado<br />

de uma humilhante palmada na bunda. Ah, e no dia seguinte ainda tem o <strong>teste</strong> do pezinho.<br />

Como se não bastasse, ao nascer você adquire instantaneamente a única precondição infalível<br />

para a morte, que é estar vivo. E ainda assim todo ano comemoramos aniversários. Vai entender<br />

o ser humano.<br />

Este livro é dedicado ao <strong>so</strong>frimento inerente ao ato de nascer.<br />

E aí vem a pergunta: parir uma ideia dói tanto assim? Há controvérsias, mas uma certeza<br />

é a da ausência do anestesista.<br />

Ao admirar as melhores crias do ano, fica aqui o convite para se lembrar de que cada uma delas<br />

foi trazida até nós por cesáreas abruptas, fórceps, contrações, suor em profusão, alguma depressão<br />

pós-parto e no final o orgulho e uma sensação de dever cumprido. Como já disse, vai entender<br />

o ser humano.<br />

Fernando Campos<br />

Presidente<br />

Resistance to being born is at the root of the Judeo-Christian culture. There are plenty of readings –<br />

and it has always made plenty of sense to me – about the myth of Eden as an allegory of the uterus.<br />

Think about it. It’s a place where you simply exist, a place where everything is natural, sinless, painless,<br />

surrounded by love, where abundant food can be obtained from your very environment, and where you<br />

live in symbiotic harmony with your Creator. Then, one fine day, you are torn from this place and come<br />

to know pain, cold, hunger and thirst all at once, together with a humiliating slap on the butt. Oh, and<br />

the heel prick comes the next day.<br />

As though this weren’t enough, when you’re born you instantly acquire the only infallible precondition<br />

for death, which is being alive in the first place. Despite it all, we keep on celebrating birthdays every<br />

year. Go figure human beings.<br />

This book was dedicated to the inherent suffering of being born.<br />

And now comes the question: Is giving birth to an idea this painful? It’s controversial, but what’s<br />

certain is that there’s no anesthetist.<br />

While admiring the best creative births of the year, may I invite you to remember that each one of<br />

these were the result of abrupt C-sections, forceps, contractions, profuse sweating, <strong>so</strong>me postpartum<br />

depression, and, at the end, the proud feeling of a job well done. As I said before, go figure.<br />

Fernando Campos<br />

President<br />

C A R T A<br />

D O<br />

P R E S I D E N T E<br />

LETTER FROM THE PRESIDENT


21º - 1996<br />

Duailibi, Petit e Zaragoza<br />

32º - 2007<br />

Carlos Wagner, Eric Nice, Magy Imoberdorf<br />

22º - 1997<br />

Alex Periscinoto<br />

23º - 1998<br />

Sérgio Graciotti<br />

24º - 1999<br />

Neil Ferreira<br />

25º - 2000<br />

Sylvio Lima<br />

27º - 2002<br />

Ercílio Tranjan, Washington Olivetto<br />

28º - 2003<br />

Sérgio Toni, Hans Dammann<br />

Armando Mihanovich<br />

29º - 2004<br />

Joaquim Gustavo Pereira Leite (Joca),<br />

Jarbas José de Souza, Carlito Maia<br />

30º - 2005<br />

Laerte Agnelli, Sergino A. O. Souza,<br />

Helga Miethke<br />

31º - 2006<br />

Jaques Lewkowicz, José Fontoura da Costa,<br />

Roberto Pereira<br />

33º - 2008<br />

Gabriel Zellmeister, Luiz Toledo,<br />

Murilo Felisberto<br />

34º - 2009<br />

Gilberto dos Reis,<br />

João Augusto Palhares Neto, Zé Rodrix<br />

35º - 2010<br />

Julio Ribeiro, Ruy Lindenberg,<br />

Tomás Lorente<br />

36º - 2011<br />

Mauro Perez<br />

37º - 2012<br />

Roberto Cipolla<br />

38º - 2013<br />

Marcelo Aragão, Ricardo Freire<br />

39º - 2014<br />

Ana Carmen Longobardi, Camila Franco,<br />

Julio Cosi Jr.<br />

40º - 2015<br />

Marcello Serpa, José Luiz Madeira<br />

HALL OF FAME


O Julinho é o maior!<br />

Julio César Xavier da Silveira, o Julinho, é o maior publicitário do Brasil de todos os tempos.<br />

Ouvi essa frase diariamente repetida por Francesc Petit, o Paco, durante mais de 14 anos.<br />

O raciocínio de Petit, surpreendente e brilhante como tudo que ele pensava, dizia ou fazia, baseava-se no<br />

óbvio. Segundo ele, só o Julinho escrevia textos quase tão bons quanto os do Neil Ferreira e roteiros quase<br />

tão brilhantes quanto os do Ercílio Tranjan, pensava em visuais quase tão imaginativos quanto os do José<br />

Zaragoza, planejava e apresentava quase tão bem quanto o Julio Ribeiro e, mais do que is<strong>so</strong>: só o Julinho<br />

dirigia filmes como o Julinho.<br />

Sem se preocupar em demonstrar um estilo, seguir uma tendência ou moda, apenas transferindo<br />

para a câmera a ideia que os criadores tinham na cabeça, normalmente melhorada<br />

pelo seu incrível talento de diretor.<br />

Eu, particularmente, fui beneficiário desse talento inúmeras vezes. Os filmes “Chambinho, o queijinho do<br />

coração”, “Doceira”, do Banco Itaú, “Atari Reagan & Chernenko”, “Primeiro beijo”, do Guaraná Taí, “Drury’s,<br />

o whisky bebe quieto”, “Casais”, do Unibanco, “Dr. Antonio Ermirio”, para Fiat, “Maluf, Vicente Matheus e<br />

Brizola”, da Vulcabras, “Sonhos” e “Portas”, da Garoto, “Cachorro”, da Cofap, “Gordinhos do DDD”, “Classe<br />

A, você de Mercedes” e “O primeiro sutiã”, da Valisere, são apenas alguns dos trabalhos da minha vida<br />

profissional que, sem o Julinho, certamente não teriam feito o suces<strong>so</strong> que fizeram, ganhado os prêmios<br />

que ganharam e entrado para a cultura popular brasileira como entraram.<br />

Mais do que is<strong>so</strong>: não tenho dúvida nenhuma de que, sem o Julinho, as minhas pes<strong>so</strong>as<br />

– tanto a física quanto as jurídicas – não teriam sido tão bem-sucedidas.<br />

Essa é a verdade, e a verdade deve ser dita, rapazes.<br />

Neste momento em que o Julinho, tardiamente na minha opinião (ainda bem que corrigiram o erro), entra<br />

para o Hall da Fama do Clube de Criação de São Paulo, eu, com enorme saudades do Petit, aproveito para<br />

Descaradamente imitá-lo mais uma vez, sem inventar nada, apenas ampliando o seu pensamento original.<br />

Na minha opinião, Julio César Xavier da Silveira, o Julinho, é um dos maiores publicitários do mundo<br />

de todos os tempos.<br />

Porque só o Julinho é capaz de escrever textos como o Ed McCabe e roteiros como o John Webster,<br />

pensar visuais como o George Lois, planejar e apresentar como o Jay Chiat e dirigir comerciais como<br />

o Joe Pytka, que diga-se de passagem é o outro diretor de comerciais do mundo sem estilo, datas,<br />

tendências ou modas, sempre capaz de melhorar as ideias dos criadores.<br />

Ou seja: o Julinho deles.<br />

Julinho is the greatest!<br />

Julio César Xavier da Silveira—Julinho—is Brazil’s greatest adman of all times.<br />

I heard this line repeated daily by Francesc Petit—Paco—for over 14 years.<br />

Petit’s surprising and brilliant rea<strong>so</strong>ning, like everything he would think of, say or do, was based on the<br />

obvious. A<strong>cc</strong>ording to him, only Julinho wrote texts almost as good as Neil Ferreira’s and scripts almost<br />

as brilliant as Ercílio Tranjan’s, thought of visuals almost as imaginative as José Zaragoza’s, planned and<br />

presented almost as well as Julio Ribeiro, and, what’s more, only Julinho directed films like Julinho, not<br />

concerned about showing a certain style, or following a trend or fashion, but only transferring to the camera<br />

the idea that the creators had in mind, normally improved on by his incredible talent as a director.<br />

I per<strong>so</strong>nally benefitted from this talent a great many times – films like: “Chambinho, the Little Cheese<br />

from the Heart,” “Confectionary,” for Itaú Bank, “Atari Reagan & Chernenko” and “First Kiss,” for Guarana<br />

Taí, “Drury’s, Whiskey Drinks Quietly,” “Couples” for Unibanco, “Dr. Antonio Ermirio,” for Fiat, “Maluf, Vicente<br />

Matheus and Brizola,” for Vulcabras, “Dreams” and “Doors,” for Garoto chocolates, “Dog”, for Cofap,<br />

“The Direct Distance Dialing Fatties,” “Class A, You Driving a Mercedes” and “First Bra,” for Valisere. These<br />

are just <strong>so</strong>me of the films from my professional life that would not have been the su<strong>cc</strong>ess that they were,<br />

that would not have won the awards they won, and that would not have entered popular Brazilian culture<br />

as they did, without Julinho.<br />

What’s more, there is ab<strong>so</strong>lutely no doubt in my mind that, without Julinho, my beings—individual<br />

and business—would not have been <strong>so</strong> su<strong>cc</strong>essful.<br />

That’s the truth, and the truth must be told, folks.<br />

At this time—too late, in my opinion; it’s a good thing they corrected the mistake in time—in which Julinho<br />

is entering the Creative Club Hall of Fame, I—greatly missing Petit—would like to take advantage to brazenly<br />

imitate Petit once more, without inventing anything, just expanding on his original thought.<br />

In my opinion, Julio César Xavier da Silveira, Julinho, is one of the world’s greatest admen of all times,<br />

because only Julinho can write texts like Ed McCabe and scripts like John Webster, conceive visuals like<br />

George Lois, plan and present like Jay Chiat, and direct commercials like Joe Pytka, who en passant is<br />

another world-known director of commercials without a style, dates, trends or fashion, and who is always<br />

able to improve on the creators’ ideas. That is to say, he’s their Julinho!<br />

That’s the whole truth, or as my partners from WMcCann have been saying since 1912: The Truth Well Told.<br />

Washington Olivetto<br />

Essa é a verdade, ou, como dizem desde 1912 os meus sócios da WMcCann: The Truth Well Told.<br />

Washington Olivetto<br />

J U L I O<br />

X A V I E R<br />

HALL OF FAME


A Newton o que é de Newton<br />

Criador, erga as mãos para os céus e agradeça ao Criador (o original) que ainda há justiça neste mundo.<br />

Newton Pacheco foi eleito para o Hall da Fama do Anuário do Clube de Criação. Um dos maiores<br />

redatores de todos os tempos. E olha que esse “um dos” me parece tímido por demais.<br />

Newton Pacheco merecia ser nome de agência. De rua. De viaduto. Nome de mestre, já é.<br />

Alguns 30 segundos do Newton ensinam mais do que quatro anos de faculdade. Exagero?<br />

Então procurem nos muitos Anuários em que ele deixou sua assinatura.<br />

O estômago que fala. A dona de casa que ameaça se atirar da janela do apartamento porque a receita<br />

do molho não ficou boa. O último filme da série “Fernandinho” e a campanha de celebridades, filmada em<br />

super 8, ambos para US Top (só o comercial da Rita Lee já valeria a menção). Os anúncios das mulheres<br />

de Renoir emagrecidas para Chambourcy Diet. As memoráveis campanhas de camisas Arrow. E um título,<br />

definitivo, para Gurgel: “Se há 80 anos Henry Ford convidasse você para ser seu sócio, você não aceitaria?”<br />

E muito, muito mais.<br />

Não me parece que hoje a turma fique debruçada <strong>so</strong>bre o Anuário, comentando e aprendendo. A gente<br />

costumava fazer muito is<strong>so</strong>, quando o Newton não só nos ensinava: irritava, nos desafiava, subia o sarrafo<br />

lá para o alto.<br />

O sujeito acreditava tanto no seu trabalho que existe até o ca<strong>so</strong> folclórico em que, depois de muito<br />

defender uma campanha, o cliente enfim concordou com ele – mas, não contente, Newton continuou<br />

a argumentação e a insistir no quanto aquilo era bom. O atendimento teve que intervir: “Newton, ok,<br />

o cliente já concordou”.<br />

A evolução da tecnologia é uma coisa maravilhosa. Mas não deixa de ser meio chato que, no meio de tantas<br />

mudanças, coisas importantes tenham se perdido. Difícil achar todos os registros das grandes peças do<br />

Newton, uma pena. Mas quem é apaixonado por esse negócio e faz questão de saber quem fez e faz o quê,<br />

sabe do valor do moço.<br />

Ufa. Hoje, todo criador (inclusive o Original) pode dormir <strong>so</strong>ssegado, que a justiça tarda, mas não falha.<br />

Que é uma frase gasta, um lugar-comum pouco inspirado que cometi e que o novo Hall da Fama do Anuário<br />

jamais faria, nem aprovaria, muito menos veicularia.<br />

Desculpa aí, Newton. Foi mal.<br />

To Newton what is Newton’s<br />

Creator, raise your hands to the heavens and thank the Creator (the Original one) that there is still justice in the world.<br />

Newton Pacheco has been elected to the Creative Club Annual Hall of Fame – one of the greatest copywriters<br />

of all times, duly noting that “one of” seems overly modest to me. Newton Pacheco deserves being the name<br />

of an agency, of a street, of an overpass, seeing that he has already secured that of a master.<br />

About 30 seconds of Newton could teach us more than four years of college. You think that’s an<br />

exaggeration? In that case, search through the many Annuals where he impressed his signature:<br />

The talking stomach; the housewife that threatens to throw herself out of her apartment window because<br />

the recipe for the sauce didn’t come out; the last commercial of the “Fernandinho” series, and the campaign<br />

of celebrities, shot in Super 8, both of which for US Top (the Rita Lee commercial alone being worthy of<br />

mention); the ads of the Renoir women who lost weight thanks to Chambourcy Diet; the memorable Arrow<br />

shirt campaigns, and that momentous title for Gurgel: “If Henry Ford had invited you to be his partner<br />

80 years ago, wouldn’t you have a<strong>cc</strong>epted?” And much, much more.<br />

It doesn’t seem that today’s new folk remain huddled over the Annual commenting and learning.<br />

We used to do that a lot when Newton not only taught us, but irritated us, challenged us, and raised<br />

the bar to the top notch.<br />

The guy believed <strong>so</strong> much in his work that there was even an epi<strong>so</strong>de taken from our folklore in which,<br />

after greatly defending his campaign, his client finally agreed with him, but, not content, Newton continued<br />

to argue and insist on how good it was. The a<strong>cc</strong>ount executive had to intervene: “Newton, okay, okay;<br />

the client has already agreed.”<br />

The evolution of technology is <strong>so</strong>mething marvelous, but it’s likewise a bit annoying that important things<br />

have gotten lost among <strong>so</strong> many changes. It hard to find all the records of Newton’s great pieces – a shame.<br />

However, those of us who are in love with all this and make a point of knowing<br />

who did it and who does what, know his true worth.<br />

At long last. Today, all creators (even the Original one) can sleep <strong>so</strong>undly, because justice may be long in<br />

coming but ultimately never fails. What a cliché that was! At best, definitely not a very inspired commonplace<br />

that the Annual’s new Hall of Fame would never commit or approve, much less run.<br />

Sorry, Newton. My bad.<br />

Cássio Zanatta<br />

Cássio Zanatta<br />

N E W T O N<br />

P A C H E C O<br />

HALL OF FAME


“Deus deveria ser multado por exces<strong>so</strong> de velocidade.”<br />

O Mineiro nasceu e pas<strong>so</strong>u a adolescência em BH. Na juventude tocava contrabaixo “nos bailes da vida”,<br />

com Milton Nascimento como crooner, Tavito no violão e Wagner Ti<strong>so</strong> no piano, até que um dia ele<br />

e Tavito re<strong>so</strong>lveram vir para São Paulo, e nos conhecemos, no início de 1970.<br />

Na época, eu trabalhava no RTV da Almap e surgiu uma amizade e parceria à primeira vista.<br />

Ele na produtora do Scatena, com Beto Ruschel e Tavito; e eu, na Almap (diretor de rádio), com uma<br />

demanda de 180 trilhas <strong>so</strong>noras por ano e 400 peças de rádio, precisava de criativos na área musical<br />

sem os ranços dos jingles antigos – alguns memoráveis, porém sem muitas opções de caminhos.<br />

Formamos uma dupla maravilhosa e dividíamos o apartamento, que vivia cheio de senhoritas<br />

encantadas pelo charme do Mineiro.<br />

Em 1977 montamos, junto com Renato Teixeira, a MCR, e logo no início já recebemos o prêmio<br />

de melhor produtora de <strong>so</strong>m do país, com jingles memoráveis.<br />

Ao meu lado e de Sérgio Mineiro, Renato Teixeira criou uma música que invadiu o imaginário de crianças e<br />

adultos no fim dos anos 70: o jingle das balas de leite Kids. Qualquer um que viveu aquela época sabe cantar<br />

do começo ao fim a música que tem ver<strong>so</strong>s como “roda, roda, roda baleiro, atenção! / Quando o baleiro parar<br />

põe a mão / Pegue a bala mais gostosa do planeta / Não deixe que a <strong>so</strong>rte se intrometa”.<br />

Mineiro sempre dizia que adorava seu serviço e detestava a profissão.<br />

Mesmo com esses pensamentos não ortodoxos, era imbatível numa reunião: crítico e muito inteligente,<br />

tinha sacadas geniais, encantava a todos e a todas quando pegava o violão e saía cantando boleros<br />

em espanhol, língua que aprimorou quando largou a profissão durante um tempo e foi de moto até o México.<br />

Foi <strong>so</strong>lteiro e voltou casado com a Denise Labarthe Muniz, uma carioca que se encantou com as histórias<br />

e seus cantos. Desse casamento nasceram o Pablo Werneck Muniz (hoje engenheiro de <strong>so</strong>m) e o Chico<br />

Werneck Muniz (fotógrafo). E de seu segundo casamento, com a Matilde Confalonieri,<br />

nasceu a Cleo Confalonieri Muniz.<br />

Ao longo dessa jornada e <strong>so</strong>ciedade que durou toda a nossa vida profissional, fomos os autores de vários<br />

suces<strong>so</strong>s da história da MCR junto com outros parceiros e colaboradores, o que fez dela a produtora<br />

do ano durante várias décadas.<br />

“Pipoca com Guaraná” e “Bichos”, da Parmalat, junto com Cesar Brunetti e Nizan Guanaes; “Soda Limonada<br />

Antarctica”, comigo; “O carrinho do bebê”, com o Dodi; “Drops Kids Hortelã”, com Renato Teixeira; “Liberdade<br />

é uma calça velha” (US Top), com Beto Ruschel.<br />

Durante mais de 30 anos, o Mineiro foi um dos responsáveis pelo suces<strong>so</strong> da MCR.<br />

Sérgio Campanelli<br />

“God should be fined for speeding.”<br />

Mineiro was born and spent his teen years in Belo Horizonte. In his youth, he played the bass in those balls<br />

of the good old days, with Milton Nascimento as the crooner, Tavito on the guitar and Wagner Ti<strong>so</strong> on the<br />

piano, until, one day, they decided to go to São Paulo, and <strong>so</strong> we met in early 1970.<br />

At the time, I was working in RTV at Almap ad agency, and a friendship and partnership was struck at first<br />

sight. He was working at Scatena Sound Studio with Beto Ruschel and Tavito, and I was working at Almap<br />

(Radio Director), requiring 180 <strong>so</strong>undtracks a year and 400 radio spots to be made. I needed music creatives<br />

to break away from creaky old jingles – <strong>so</strong>me memorable, but without many options for future use.<br />

We made a marvelous team and shared an apartment, which was always full of senoritas enchanted<br />

by Mineiro’s charm.<br />

In 1977, we set up MCR, together with Renato Teixeira. Soon after we opened our doors, we received<br />

the award for best <strong>so</strong>und studio, with memorable jingles.<br />

At my side and Sérgio Mineiro’s, Renato Teixeira created a <strong>so</strong>ng that took the imaginary world of both<br />

children and adults by storm in the late 70’s: the Kids milk candy jingle. Anyone who lived in those days knew<br />

how to sing the <strong>so</strong>ng from beginning to end. It had verses like: ‘Turn, turn, turn, candy man. Attention! / When<br />

the candy man stops, stick in your hand / Grab the tastiest candy on the planet / Don’t let luck meddle.”<br />

Mineiro would always say that he loved what he did but hated his profession.<br />

Despite these unorthodox thoughts, he was peerless in meetings: critical and very intelligent, great lines,<br />

enchanted everyone, male and female alike, when he took his guitar and went around singing boleros in<br />

Spanish, a language he improved on when he put a brief hold on his profession and drove to Mexico<br />

on his motorcycle.<br />

He went single and came back married to Denise Labarthe Muniz, a girl from Rio de Janeiro that was<br />

enchanted by his stories and singing. Born from this marriage were Pablo Werneck Muniz (today a <strong>so</strong>und<br />

engineer) and Chico Werneck Muniz (photographer), and, from his second marriage to Matilde Confalonieri,<br />

Cleo Confalonieri Muniz was born.<br />

Along this journey and in a partnership that lasted all our professional life, we were the authors of several<br />

su<strong>cc</strong>ess stories of MCR history, together with other partners and collaborators, who earned it the a<strong>cc</strong>laim<br />

of studio of the year for several decades.<br />

“Popcorn and Guaraná” and “Animals” for Parmalat, along with Cesar Brunetti and Nizan Guanaes;<br />

“Antarctica Lemon Soda,” with me; “The Baby Carriage,” with Dodi; “Kids Mint Drops,” with Renato Teixeira;<br />

and “Freedom is an Old Pair of Jeans” (US Top), with Beto Ruschel.<br />

For over 30 years, Mineiro was one of those responsible for MCR’s su<strong>cc</strong>ess.<br />

Sérgio Campanelli<br />

S É R G I O<br />

“Mineiro”<br />

W E R N E C K M U N I Z<br />

HALL OF FAME


Tião.<br />

De que Tião falar? Tem tantos.<br />

O Tião que me chegou na Deni<strong>so</strong>n, naqueles entre incríveis e terríveis anos 60, trazido por outro grande amigo também de vida inteira,<br />

o Sampa. Que se apresentou com as credenciais de ter largado havia pouco a faculdade de medicina, com o inesperado gosto por bons<br />

anúncios, e por reescrevê-los, à sua maneira. De pronto, virou revi<strong>so</strong>r. O mais rigoro<strong>so</strong> e implacável que eu tive na vida. Mas foi por pouco<br />

tempo. Que ele logo se fez redator.<br />

O Tião que escrevia certo por linhas tortas. Literalmente. Um verdadeiro artesão. Construía textos à mão, de viés, pulando de uma folha<br />

de papel-jornal para outra, caótico. E, ao final, o texto impecável. Daqueles que não deixam espaço para colocar ou tirar uma vírgula.<br />

Título atrás de título, linha por linha.<br />

Esse era o Tião redator, que escrevia com a elegância de um Drummond. Que jogava futebol com a elegância de um Ademir da Guia.<br />

E sinuca, com a elegância de um Joaquinzinho. (O único que eu via fazer as bolas se esgueirarem pela mesa, batendo uma na outra,<br />

em um encontro milagrosamente silencio<strong>so</strong>.)<br />

O Tião de humor profético. Que, belo dia, quando eu me preparava para me separar pela terceira vez da mesma mulher, sentenciou:<br />

“Ercílio, você precisa se convencer de que a sua separação não deu certo”.<br />

O Tião grilo-falante, que eu queria sempre perto de mim. Tão genero<strong>so</strong> que, uma vez, nós em agências diferentes, me autorizou a resgatar<br />

uma velha e recusada ideia dele. O resultado foi um filme premiadíssimo, com uma ficha inusitada. Lá dizia: “Baseado em um argumento<br />

original de Sebastião Teixeira e Rubem Sampaio”.<br />

O Tião <strong>so</strong>nhador, mistura perfeita de Dom Quixote com Sancho Pança. Perseguia o <strong>so</strong>nho. E planejava o dia seguinte, cada pas<strong>so</strong>.<br />

O Tião discreto, que nunca queria aparecer. Que queria ser simplesmente Tião. Quando muito, Tiãozinho.<br />

Que foi o verdadeiro presidente do Clube de Criação, confes<strong>so</strong>, quando eu posava de presidente. E ou<strong>so</strong> dizer que foi assim também<br />

com o Ciro Pelicano, com o Raul Cruz Lima, com a Ana Carmen, com o Washington. O Tião era a alma do Clube, por trás de todos nós.<br />

E por pura paixão.<br />

Apaixonado por ideias, ia atrás delas, brigava por elas. Sem nunca brigar com ninguém. Nunca ouvi esse Tião levantar a voz.<br />

Nem mesmo provocado por mim nas nossas intermináveis tertúlias noite adentro.<br />

O Tião que eu nunca vi amargo nem ressentido. Que eu nunca ouvi falar mal de alguém, por mais que o alguém merecesse.<br />

O Tião, sempre tão sereno que se fazia passar por triste.<br />

Tião, o triste, diziam os íntimos. Ao que ele deu, uma vez, a resposta que viria a ser sua marca definitiva:<br />

“Sou triste, mas <strong>so</strong>u feliz”.<br />

O Tião apaixonado por política. Que como todos nós, na luta pela redemocratização, trabalhava por um candidato. Com uma diferença:<br />

a gente queria pôr a campanha na rua. O Tião ia para a rua junto com a campanha. Quantas vezes na Paulista, saindo de um cinema,<br />

a gente esbarrava com aquele Tião distribuindo os panfletos que ele mesmo tinha criado. “Darcy Pas<strong>so</strong>s. É federal.” De dar sentimento<br />

de culpa em todos nós.<br />

O Tião que, mais do que belas campanhas, criou redatores. Que ele colocava embaixo das asas, com os nomes na frente do seu.<br />

Que o digam Carlos Domingos, Chester, Gustavo Nogueira, para ficar em alguns.<br />

O Tião que certamente não tinha nada a ver com este século. Nem com o outro. Que era um homem do Renascimento. Homem de todas<br />

as ciências e de todas as artes.<br />

O Tião alquimista, que projetou e construiu no seu sítio, em Santa Isabel, um complexo sistema de captação das águas da chuva.<br />

De transformação da água de chuva em água de beber. Is<strong>so</strong>, muito antes da crise hídrica. (Tem matéria na Globo que não me deixa mentir.)<br />

O Tião com aquela eterna sabedoria caipira. Que levou sempre com ele a infância em Ribeirão dos Índios. E que me levava a caminhar<br />

por entre as árvores do sítio, dezenas e dezenas de espécies, todas plantadas por ele. Nomeando cada uma, com espantosa e natural<br />

intimidade, pelo nome de nascença, aqueles em latim.<br />

O Tião filó<strong>so</strong>fo. Que, de tão filó<strong>so</strong>fo, e já no crepúsculo, re<strong>so</strong>lveu estudar filo<strong>so</strong>fia. Não como a gente faria, um cursinho rápido, algumas<br />

palestras e pronto. Não. Esse não era o Tião. O Tião, estoico, fez faculdade. Formou-se. Virou profes<strong>so</strong>r de filo<strong>so</strong>fia em colégio de Santa Isabel.<br />

O Tião amável, genero<strong>so</strong>, paciente, inventivo, tolerante, gentil, profes<strong>so</strong>r, aprendiz, filó<strong>so</strong>fo, artista, conciliador, o mais amigo dos amigos.<br />

O Tião sem jactâncias, nem ódio, nem preconceito.<br />

O Tião sem nenhuma vaidade.<br />

Quer dizer: o Tião de quem o diabo pas<strong>so</strong>u longe.<br />

É Tião que não tem fim.<br />

Adeus, amigo. Ateus que <strong>so</strong>mos, sei que você está com Deus. E que finalmente se tornou o que nunca quis ser. Uma estrela.<br />

Ercílio Tranjan<br />

Tião.<br />

Which Tião should I talk about? There are <strong>so</strong> many.<br />

The Tião that came to me at Deni<strong>so</strong>n, during those incredible and terrible 1960’s, brought by Sampa, another lifelong friend.<br />

Who introduced himself with the credentials of having just dropped out of med school, with an unexpected taste for great ads, and for<br />

rewriting them his own way. He became a proofreader right on the spot – the most rigorous and relentless proofreader I’ve ever worked<br />

with. But that didn’t last long. He <strong>so</strong>on became a copywriter.<br />

The Tião who wrote straight with crooked lines. Literally. A true artisan. He built texts by hand, sideways, jumping chaotically from one<br />

newsprint sheet to another. At the end, the flawless copy. With no room to put in or take out an extra comma - headline after headline,<br />

line by line.<br />

That was Tião the copywriter, who wrote with the elegance of a Drummond. Who played <strong>so</strong><strong>cc</strong>er with the elegance of an Ademir da Guia.<br />

Who shot pool with the elegance of a Joaquinzinho (the only player I’ve ever seen who made the balls sneak over the table, hitting each<br />

other in a miraculously quiet encounter).<br />

The Tião with prophetic humor. The one who, one fine day, when I was about to get separated from the same woman for the third time,<br />

sentenced me:<br />

“Ercílio, you must realize that your separation didn’t work out.”<br />

Tião the talking cricket, whom I always wanted near me. He was <strong>so</strong> generous that once, when we were working at different agencies, he<br />

authorized me to rescue an old rejected idea of his, which resulted on a commercial with multiple awards and unusual credits: “based on<br />

an original idea by Sebastião Teixeira and Rubem Sampaio.”<br />

Tião the dreamer, the perfect combination of Don Quixote and Sancho Panza. He pursued his dream. And planned the day after, step by step.<br />

Tião the discreet one, who never wanted to stand out. Who simply wanted to be Tião. At the most, Tiãozinho.<br />

The Tião who was the Creative Club’s real president, I confess, while I pretended to preside it. And I dare to say he did the same with<br />

Ciro Pelicano, with Raul Cruz Lima, with Ana Carmen, and with Washington. Tião was the <strong>so</strong>ul of the Club, behind each one of us.<br />

Driven by pure passion.<br />

Passionate for ideas, he <strong>so</strong>ught them and fought for them. Without ever fighting with anyone. I never heard Tião raise his voice.<br />

Not even when I provoked him during our endless conversations into the night.<br />

The Tião that was never bitter or resentful, who never spoke ill of anyone, even if <strong>so</strong>meone deserved it.<br />

Tião, always <strong>so</strong> serene that many people mistook him for being sad.<br />

Tião, the sad one, said those close to him. To which he gave the answer that became his definitive trademark:<br />

“I am sad, but I am happy.”<br />

The Tião who was passionate about politics. Who, like all of us, during the fight for re-democratization, worked for a candidate.<br />

With a difference: we wanted to put a campaign on the streets. Tião went to the streets with the campaign. So many times, on Paulista<br />

Avenue, we would come out of a movie theater and meet Tião giving out pamphlets he had created himself. “Darcy Pas<strong>so</strong>s for federal<br />

representative.” That would make us all feel guilty.<br />

The Tião who, more than just beautiful campaigns, created copywriters. Whom he would put under his wings, with their names ahead<br />

of his – such as Carlos Domingos, Chester, Gustavo Nogueira, to name just a few.<br />

The Tião who certainly had nothing to do with this century. Or the other. Who was a Renaissance man - a man of every science and every art.<br />

Tião the alchemist, who projected and built a complex system for capturing rain water on his ranch, in Santa Isabel. For turning rain water<br />

into drinking water. That was way before the water crisis (a news segment on Globo TV can prove it).<br />

The Tião with that eternal redneck wisdom. Who always brought with him his childhood from Ribeirão dos Índios. And who led me on<br />

walks through the trees on his ranch, dozens and dozens of species, all planted by him, naming each one by its birthname, the one in<br />

Latin, with astonishing and natural intimacy.<br />

Tião the philo<strong>so</strong>pher. So much <strong>so</strong> that, near the end of his life, he decided to study philo<strong>so</strong>phy. Not like we would do, taking a quick<br />

course, a few talks and that’s it. No. This was not Tião. Tião the stoic went to college. He graduated and became a philo<strong>so</strong>phy teacher<br />

at a high school in Santa Isabel.<br />

Tião the kind, the generous, the patient, the re<strong>so</strong>urceful, the tolerant, the gentle one, the teacher, the apprentice, the philo<strong>so</strong>pher, the artist,<br />

the conciliator, the best of friends.<br />

The Tião with no pretensions, no hate, no prejudice.<br />

The Tião with no vanity.<br />

I mean: the devil spared Tião.<br />

Tião the endless.<br />

Goodbye, my friend. We are atheists, but I know that you are with God. And that you finally became what you never wanted to be: a star.<br />

Ercílio Tranjan<br />

ESTRELA BRANCA<br />

T I Ã O


21º - 1996 – Philco<br />

22º - 1997 – Parmalat<br />

23º - 1998 – Folha de S.Paulo<br />

24º - 1999 – Skol<br />

25º - 2000 – Volkswagen<br />

26º - 2001 – São Paulo Alpargatas<br />

27º - 2002 – Fiat<br />

28º - 2003 – Audi<br />

29º - 2004 – Schincariol<br />

30º - 2005 – Semp Toshiba<br />

31º - 2006 – Nokia<br />

32º - 2007 – HSBC<br />

33º - 2008 – São Paulo Alpargatas<br />

34º - 2009 – Volkswagen<br />

35º - 2010 – Volkswagen<br />

36º - 2011 – Nike<br />

37º - 2012 – Nissan<br />

38º - 2013 – Coca-Cola<br />

39º - 2014 – Fiat<br />

40º - 2015 – Ford<br />

4 1 º<br />

2 0 1 6<br />

ANUNCIANTE DO ANO


Este Anuário é uma publicação<br />

do Clube de Criação.<br />

Ele contém uma seleção de trabalhos criados e produzidos no Brasil<br />

entre abril de 2015 e abril de 2016.<br />

Copyright 2016 — Clube de Criação<br />

Todos os direitos reservados.<br />

Tiragem desta edição: 200 exemplares.<br />

Os créditos dos trabalhos premiados são de inteira responsabilidade<br />

das empresas ou dos profissionais que os inscreveram para julgamento.<br />

O Clube de Criação não aceita, em nenhuma circunstância, a<br />

responsabilidade por erros ou omissões decorrentes de falhas no<br />

preenchimento das fichas de inscrição.<br />

O Anuário de Criação é distribuído gratuitamente para os sócios<br />

do Clube de Criação.<br />

É importante lembrar que toda pes<strong>so</strong>a, física ou jurídica,<br />

pode ser sócia do Clube.<br />

Para receber mais informações, escreva para:<br />

Clube de Criação<br />

Rua Deputado Lacerda Franco, 300 – Térreo<br />

CEP 05418-000 – São Paulo, SP – Brasil.<br />

clubedecriacao@clubedecriacao.com.br<br />

www.clubedecriacao.com.br<br />

This Annual was published<br />

by the Creative Club.<br />

It contains a selection of the advertisements created and produced in Brazil<br />

between April 2015 and April 2016.<br />

Copyright 2016 – Clube de Criação<br />

All rights reserved.<br />

Press run of this edition: 200 copies<br />

The companies and professionals that entered their advertising material for<br />

judgment by the Creative Club Board of Judges take full responsibility for the<br />

credits published in this Annual. Under no circumstances what<strong>so</strong>ever does<br />

the Creative Club a<strong>cc</strong>ept any responsibility for mistakes or oversights made<br />

in unduly filling out the entry forms. The Creative Annual is distributed free<br />

of charge to Creative Club members. We would like to point out that anyone,<br />

whether an individual or a company, may become a member of the Club.<br />

For more information, please write to:<br />

Clube de Criação<br />

Rua Deputado Lacerda Franco, 300 - Térreo<br />

(ZIP) 05418-000 - São Paulo, SP, Brazil<br />

clubedecriacao@clubedecriacao.com.br<br />

www.clubedecriacao.com.br

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!