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18 <strong>DEZEMBRO</strong> / 17<br />
TRANSFORMAÇÃO E ADAPTAÇÃO<br />
Em um tempo de interconectividade global,<br />
onde as discussões acontecem de forma abrangente,<br />
contando com a participação de praticamente todos os<br />
setores da sociedade, temos como maiores benefícios<br />
o engrandecimento das pautas, resultados plurais e<br />
enriquecimento cultural difuso.<br />
Nessa realidade um dos assuntos mais discutidos<br />
no momento é a mobilidade, seja ela social ou urbana. No<br />
entanto, um aspecto mais personalista desse tema carece<br />
de atenção.<br />
Trata-se da mobilidade individual adaptada. Mas<br />
não o seu caráter prático, amplamente discutido e quase<br />
que satisfatoriamente aplicado, pois não podemos negar<br />
que muito já foi feito no sentido de adaptar os grandes<br />
centros urbanos para o deslocamento de cadeirantes<br />
e deficientes visuais. O que se deseja abordar são as<br />
dificuldades do período de transição e adaptação à nova<br />
realidade de alguém que vê o seu corpo afetado por alguma<br />
enfermidade transitória ou crônica.<br />
Se uma leve frustração é lugar comum conforme<br />
envelhecemos e assistimos o vigor da juventude nos<br />
abandonar, pois nada mais humano do que associar a plena<br />
realização das vontades à felicidade, pensamento comum e<br />
corriqueiro durante a juventude. Nada mais justo do que o<br />
sentimento de que a vida será pouco frutífera e prazerosa<br />
ao não dispormos de pleno vigor para nos lançarmos em<br />
direção a todo e qualquer ensejo.<br />
Traumas físicos, doenças ortopédicas ou<br />
neurodegenerativas tem em comum a limitação física,<br />
temporária, crônica ou progressiva. Sendo as limitações<br />
articulares, fraqueza ou incapacidade muscular e o déficit<br />
de equilíbrio as suas sequelas mais frequentes.<br />
Passado o primeiro momento, onde o diagnóstico<br />
conduzirá o paciente a descoberta de sua limitação<br />
resultante e, por conseguinte sua nova realidade, seja ela<br />
momentânea ou permanente, é comum que se experimente<br />
uma sensação de que nada será como antes. Pois um dos<br />
traços mais peculiares da natureza humana é a crença no<br />
planejamento e controle de nossas vidas.<br />
Entretanto, paradoxalmente temos a incerteza<br />
como ponto constante em nossas vidas, nada é permanente<br />
e por fim nos cabe escolher como lidar com isso. Se não<br />
fácil em primeiro momento, também é verdade que na<br />
aceitação encontraremos o conforto necessário à todas as<br />
situações que não podemos modificar.<br />
Em meio a transformação da vida cotidiana,<br />
muletas, bengalas, andadores e cadeiras de roda passam a<br />
fazer parte dessa nova etapa, bem como formas adaptadas<br />
de interação com o mundo são aprendidas.<br />
É comum nesse momento um sentimento<br />
equivocado de inferioridade ou indignidade. Acredite,<br />
muitos pacientes compartilham esses sentimentos no<br />
primeiro momento, mas como você irá lidar com eles é a<br />
grande questão. Não se culpe por sentir-se assim, o orgulho<br />
também é um traço comum da personalidade humana,<br />
apenas não deixe que esses sentimentos se consolidem em<br />
um desejo de isolamento.<br />
Não há demérito algum em sua condição física, tão<br />
pouco na utilização de uma bengala ou cadeira de rodas.<br />
Da mesma forma, ter uma acompanhante não fará com<br />
que seu passeio seja menos prazeroso. É preciso coragem<br />
e obstinação para superar todas as dificuldades físicas e<br />
continuar um membro ativo e atuante em nossa sociedade.<br />
Há muita dignidade nisso.<br />
Afinal de contas, em um mundo onde a mudança<br />
ocorre tão somente pela mudança, em um ritmo cada vez<br />
mais acelerado, jovens e adultos não podem prescindir<br />
da sabedoria conquistada pelos nossos seniores, os<br />
verdadeiros fiéis da nossa balança social.<br />
Converse com o seu médico, procure entender<br />
a real extensão da sua limitação e peça a indicação<br />
de um bom Fisioterapeuta. As técnicas atuais podem<br />
minorar sintomas e sequelas, contornando limitações e<br />
promovendo a reintegração do paciente ao convívio em<br />
sociedade.<br />
>> André Luis - Fisioterapeuta<br />
Crefito 99941-F