Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Foz do Iguaçu, terça-feira, 20 de fevereiro de 2018<br />
ASPAS<br />
Geral<br />
11<br />
Associação Solidária às Pessoas<br />
Autistas é criada em Foz do Iguaçu<br />
Familiares e profissionais da saúde e educação se reuniram para fundar a entidade no último sábado<br />
Da redação<br />
Reportagem<br />
Foi criada no último sábado,<br />
17, a Associação Solidária<br />
às Pessoas Autistas (Aspas),<br />
com a meta de priorizar<br />
a garantia dos direitos das pessoas<br />
com transtorno do espectro<br />
autista. A entidade deu seu<br />
primeiro passo com assembleia<br />
que reuniu cerca de 35 pessoas,<br />
na qual foi apresentado o<br />
estatuto e houve eleição da<br />
diretoria.<br />
"Esta reunião é a primeira<br />
ação, após daremos encaminhamento<br />
aos documentos necessários<br />
à abertura", afirmou<br />
o advogado e conselheiro fiscal<br />
Joran Ribeiro, durante sua<br />
fala sobre a associação. Ribeiro<br />
explicou ainda que a entidade<br />
tem caráter solidário e será<br />
internacional, ou seja, desde<br />
que associados, familiares dos<br />
países vizinhos terão atendimento<br />
aos seus entes.<br />
Ele explicou pontualmente<br />
os objetivos previstos no estatuto,<br />
que são: acolhimento e<br />
orientação às famílias, cursos<br />
de capacitação e treinamento<br />
aos familiares, pais e profissionais,<br />
capacitação aos tutores<br />
escolares, futuramente atendimento<br />
terapêutico e criação de<br />
uma escola para os autistas<br />
que não puderem ser inclusos<br />
na escola regular.<br />
Primeira diretoria da associação<br />
Foto: divulgação<br />
Participantes da assembleia que fundou a Aspas<br />
A eleição da diretoria ocorreu<br />
de forma democrática e<br />
transparente, dando oportunidade<br />
aos presentes a se candidatarem<br />
aos cargos. A presidente<br />
eleita, Samia Omairi, biomédica,<br />
especialista em autismo,<br />
disse ser esta uma conquista, a<br />
realização do sonho de muitos.<br />
"Que o amparo seja para todos<br />
que precisarem", declarou.<br />
A Aspas inicia com a finalidade<br />
de se tornar referência<br />
sobre o transtorno para toda a<br />
Região Oeste e Sudoeste do<br />
estado. A instituição ainda<br />
não possui sede própria e estará<br />
provisoriamente em endereço<br />
cedido pela neuropsicopedagoga<br />
Gene Gouveia, entusiasta<br />
da causa. Neste início de<br />
atuação, a diretoria prevê atividades<br />
de planejamento das<br />
ações mais urgentes. Samia diz<br />
que a associação é para todos<br />
e "todo cidadão pode associarse,<br />
mesmo que não possua familiar<br />
autista".<br />
Falando sobre expectativas<br />
neste início dos trabalhos, o<br />
vice-presidente Cleverson Toniniesta<br />
lembrou que existem<br />
muitas ideias e vontade de fazer<br />
acontecer. "Com certeza, a<br />
nossa associação vai fazer a<br />
diferença na vida de muitas<br />
famílias."<br />
Realidade<br />
autista em Foz<br />
Jamili Kussakawa é mãe de<br />
Danilo. O seu bebê tinha 1 ano<br />
e 7 meses quando ela iniciou<br />
sua corrida aos médicos. Ao<br />
completar 2 anos, conta que<br />
recebeu a pior notícia de sua<br />
vida, o diagnóstico do filho.<br />
Segundo ela, foi muito difícil,<br />
mas no outro dia iniciou a<br />
busca por encaminhamentos e<br />
atendimentos terapêuticos,<br />
pois entendeu ser necessário<br />
estimular seu filho precocemente.<br />
Hoje Danilo tem 2<br />
anos e 4 meses e não faz nenhuma<br />
terapia. Ainda precisa<br />
realizar exames, solicitados<br />
pelo médico em dezembro do<br />
ano passado.<br />
É necessário investigar se a<br />
criança tem alguma outra doença<br />
associada, o que acontece<br />
em muitos casos, mas segundo<br />
a mãe não há clínica<br />
credenciada pelo SUS para realizar<br />
o exame. Já na rede municipal<br />
de ensino, ela informa<br />
não ter professor tutor especializado<br />
para acompanhá-lo na<br />
escola, e os pais tiveram de recorrer<br />
ao Ministério Público.<br />
Demanda<br />
Essa é a realidade de muitas<br />
famílias. O único espaço<br />
especializado credenciado pelo<br />
SUS em Foz do Iguaçu é a<br />
Clínica Popular do Centro<br />
Especializado na Criança<br />
Autista (Cencria), no<br />
Poliambulatório NS Aparecida.<br />
Porém há uma lista de espera<br />
com mais de 150 nomes<br />
aguardando atendimento para<br />
terapia ocupacional, psicologia,<br />
psicopedagogia, por exemplo.<br />
Como estes atendimentos são<br />
continuados, e há apenas um<br />
profissional de cada área<br />
disponível no Cencria, não há<br />
como dar alta aos pacientes;<br />
como consequência, a fila<br />
aumenta. A situação é<br />
semelhante para quem tem<br />
plano de saúde e mesmo em<br />
consultórios particulares por<br />
falta de profissionais. Há<br />
problemas também no campo<br />
da educação pública e privada<br />
por falta de tutores capacitados<br />
para atender à demanda.<br />
"Neste cenário, surge a<br />
associação da unidade de pais e<br />
profissionais, com objetivo de<br />
unir forças e promover apoio<br />
social e terapêutico às famílias<br />
e autistas de Foz do Iguaçu e<br />
região, para que a médio e<br />
longo prazo haja mudança<br />
nesse quadro", afirma nota da<br />
entidade.<br />
Mais informações sobre o<br />
Transtorno do Espectro Autista<br />
(TEA) e a Aspas podem ser<br />
obtidas pelos telefones: 99950-<br />
9994; 99812-8112 e 99915-7410<br />
com membros da associação.<br />
(Colaborou Juliana Terêncio)