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O SEGREDO DO SAGRADO<br />
Cozinhamos em um centro de prática Zen Budista. Enquanto<br />
lavamos as folhas, meditamos. Ao picar e ferver, honramos.<br />
Ao servir a comida, doamos, recebemos, compartilhamos.<br />
Ao comê-la, nos nutrimos. Todo esse processo faz por nós muito<br />
mais que nos damos conta. Desde o início dos tempos, tudo o que é<br />
vivo precisa de alimento. É nosso vínculo com a existência e um dos<br />
fatores essenciais para a sobrevivência. A comida conta histórias.<br />
Sacia, cura. Às vezes abraça, outras, repele; mas, com certeza,<br />
é sempre sinônimo de gratidão. Das reflexões e ensinamentos<br />
aprendidos ao preparar alimentos nos retiros em nosso centro de<br />
prática, surgiu uma grande vontade de compartilhar e investigar<br />
esse conhecimento e as mensagens que a comida vem nos<br />
transmitindo nas diferentes religiões e tradições culturais ao nosso<br />
redor. Todos sabemos que, em certas ocasiões, alimentos são veículo<br />
essencial para manutenção de uma cultura, autoconhecimento e<br />
aprimoramento. E esta foi a base para a elaboração deste trabalho.<br />
As ações que envolvem comida: o plantar, colher, cozinhar,<br />
compartilhar e comer, são, desde os tempos mais primitivos, os<br />
atos mais arraigados de transmissão oral de culturas, pois durante<br />
esses atos falamos sobre como nossos ancestrais semeavam, quais<br />
eram as técnicas para a colheita, de que forma aqueles alimentos<br />
eram cozidos, quais eram os costumes, a língua, e as histórias mais<br />
importantes para a formação das nossas raízes e preservação da<br />
nossa memória. São inúmeros os relatos de civilizações antigas<br />
que oferecem comidas a seus deuses. E até hoje, nos quatro cantos<br />
do mundo, em diversas celebrações religiosas e manifestações<br />
culturais, continuamos sacralizando a comida, seja como uma<br />
expressão de gratidão, ou como uma forma de nos conectar com o<br />
“sagrado”.<br />
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