paixão em família Jayme Telles Fazenda São Jerônimo Amor pela criação aliado à troca de experiências e sabedoria J á ouviu naquele ditado que ‘rio corre para o mar’? No caso da história da Fazenda São Jerônimo, ele parece fazer muito sentido. O criatório fica na cidade de Santa Mariana, no Norte do Paraná, mas o início da criação se deu em São Paulo, dentro da Fazenda Rio Pardo. Jayme Telles e sua esposa, Flávia Junqueira Netto, são os proprietários da São Jerônimo. Ele, desde criança, já se envolvia com cavalos na fazenda de seus avós em Araras-SP e era fascinado! Ela, descendente de uma família com tradição secular na criação do autêntico Mangalarga. Casaram-se e uniram mais do que a paixão pessoal. Levaram para a vida, juntos, o gosto pelo cavalo. Na entrevista com Jayme Telles, a seguir, vamos conhecer um pouco da história e do trabalho de seleção do criatório. 20 n <strong>TOP</strong>Marchador - Edição Especial “<strong>53</strong>”
Como começou a se interessar por cavalos? Sempre gostei de cavalos e me interessei pela criação. Montava na fazenda dos meus avós. Quando comecei a namorar minha esposa, ela pediu que eu desse continuidade à criação dos antepassados dela. Foi uma época muito difícil, momento de transição para o Mangalarga Marchador da tropa <strong>53</strong>. No Mangalarga Paulista, esta tropa já não tinha mais espaço, apesar de ter sido uma das bases formadoras dos animais de São Paulo. Com a ajuda do técnico Mário de Castro Andrade, que já conhecia a <strong>53</strong>, Carlos Junqueira Netto e Haroldo Junqueira Netto transferiram a tropa para o Mangalarga Marchador, no que foram seguidos por outros membros da família. Neste momento difícil de mudanças, comecei a me envolver com Mangalargas Marchadores, mais especificamente com a tropa <strong>53</strong>. Quais os primeiros animais adquiridos e como foi o início de sua criação? O primeiro exemplar adquirido foi Imã <strong>53</strong> (Zulu <strong>53</strong> x Sabina <strong>53</strong>), em um leilão da linhagem <strong>53</strong>, em 1982. Este cavalo, além de genética impecável, transmitiu muito andamento para suas filhas. Pena que, relativamente novo, ficou infértil. Nesta mesma oportunidade, também comprei a égua Farda <strong>53</strong>, uma tordilha filha de Nitrato. Depois vieram mais duas filhas de Zulu, do criatório do saudoso criador Haroldo Junqueira Netto, que gentilmente colaborou muito com a formação da minha tropa. Até este momento, criava na fazenda de Lalo, meu sogro, em Jaborandi-SP. Quando transferi este início de tropa para a Fazenda São Jerônimo, em Santa Mariana, Norte do Paraná, ele me deu quatro éguas: Oklahoma <strong>53</strong> (Zagucho de Passatempo x Jarina <strong>53</strong>), Pantera <strong>53</strong> (Zagucho de Passatempo x Divina <strong>53</strong>), Orquídea <strong>53</strong> (Quartel <strong>53</strong> x Fábula <strong>53</strong>) e Kinshasa <strong>53</strong> (Bataclan <strong>53</strong> x Guiné <strong>53</strong>). Logo de cara, a Pantera morreu de tétano. Deste modo, dei início à criação com estas poucas éguas e com Imã <strong>53</strong>. E com relação aos cavalos? Quais usou? Pelo fato de ter a sorte de ser genro de Lalo, os cavalos praticamente eram usados de maneira comum, servindo em Jaborandi e no Paraná, dependendo da genética mais apropriada para as éguas que seriam cobertas. Após Imã <strong>53</strong>, usei o Tabaco <strong>53</strong> (Bataclan <strong>53</strong> x Nandaia <strong>53</strong>), cavalo muito bom de estrutura que produziu éguas muito fortes e bem conformadas. Também usei o Gaiato <strong>53</strong> (Tabaco <strong>53</strong> x Orquídea <strong>53</strong>), um potro que nasceu em casa, que hoje está servindo em Jaborandi. Posteriormente, usei o Violino <strong>53</strong> (Jacarandá <strong>53</strong> x Loura <strong>53</strong>), animal que praticamente fez minha base de éguas e que, hoje, com cerca de 22 anos, está no Haras Lago Negro, do amigo João Roma. Por alguns anos, fiquei com Vesúvio <strong>53</strong> (Barão <strong>53</strong> x Lia <strong>53</strong>), que também produziu muito bem, deixando boa quantidade de éguas no meu plantel. Após isso, por necessitar da linhagem Canário, para fugir da consanguinidade, usei Canário G <strong>53</strong> (Quartel <strong>53</strong> x Begônia <strong>53</strong>) e finalmente Gaipo <strong>53</strong> (Quartel <strong>53</strong> x Ninfeta <strong>53</strong>). Que cavalos estão servindo no momento? Este ano, estou trabalhando com três reprodutores: Dali <strong>53</strong> (Vesúvio <strong>53</strong> x Quênia <strong>53</strong>), Nitrato da Nova Tradição (Quartel <strong>53</strong> x Folia da Nova Tradição) e Lampejo <strong>53</strong> (Vatapá <strong>53</strong> x Hera <strong>53</strong>). Como podem notar, estou trabalhando com três linhas de sangue. Dali <strong>53</strong>, na linha alta, vai no Nitrato <strong>53</strong>. Nitrato da Nova Tradição é Canário na linha alta, com uma abertura JB na linha baixa. Lampejo <strong>53</strong> vai a Amendoim na linha alta e, na linha baixa, é Vesúvio, ainda tendo uma avó filha do Quartel <strong>53</strong>. O Lampejo, além de ter um andamento muito bom, beleza e genética, tem as três linhagens da <strong>53</strong> em seu pedigree. É o que eu estou buscando no momento. Para finalizar, o que pretende na sua criação? Estou com cerca de 40 éguas em cobertura, o que considero um bom número para manter a qualidade, e tenho bons reprodutores à disposição. Creio que temos que continuar criando sem inventar, buscando alguma abertura de sangue e produzindo o que os amantes da <strong>53</strong> desejam, ou seja, consistência genética, estrutura diferenciada, rusticidade, funcionalidade. Caso consiga, junto com a minha mulher e meus descendentes, manter estas qualidades por mais <strong>115</strong> anos, acho que a família toda se dará por satisfeita. Jayme Telles, sua esposa Flávia Junqueira e seus filhos Eduardo e Guilherme Cláudio Juarez com o garanhão Nitrato da Nova Tradição <strong>TOP</strong> Marchador Edição Especial “<strong>53</strong>” n 21