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PROJETO LIMITES<br />
Dramaturgia para ônibus urbano e praças públicas<br />
<strong>AS</strong> CIRAND<strong>AS</strong> <strong>DE</strong> <strong>MARIA</strong><br />
<strong>RELATORIO</strong> <strong>FINAL</strong><br />
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PROJETO LIMITES – Retomada<br />
RELATÓRIO <strong>FINAL</strong><br />
EDITAL PROAC Nº 23/2017 - “CONCURSO <strong>DE</strong> APOIO A PROJETOS <strong>DE</strong><br />
PROMOÇÃO D<strong>AS</strong> CULTUR<strong>AS</strong> POPULARES E TRADICIONAIS NO ESTADO <strong>DE</strong><br />
SÃO PAULO”<br />
PROPONENTE: Gilson de Melo Barros<br />
PROJETO: PROJETO LIMITES – Retomada.<br />
E-MAIL PROPONENTE: gilson61barros@hotmal.com<br />
TELEFONE PROPONENTE: 013 991016134 e 991 72 31 22<br />
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PROJETO LIMITES – Retomada<br />
Desenvolvidos, durante a segunda quinzena do mês de outubro, os<br />
chamamentos e convocatórias para ação no processo criativo das CIRAND<strong>AS</strong> <strong>DE</strong><br />
<strong>MARIA</strong>, deu-se no primeiro dia de novembro reunião inicial com os envolvidos no<br />
processo, atores, oficineiros, coordenadores e agregados, sendo nesta data fixada<br />
agenda produtiva para o desenvolvimento das ações propostas pelo projeto, a<br />
começa pelas ações a serem desenvolvidas já no r dia seguinte.<br />
Ficou também determinado que todas as atividade a serem propositadas<br />
aconteceriam na sede do grupo, Sala D52 da Universidade Santa Cecília, instituição<br />
a qual o coletivo tem-se associado ao largo dos últimos 29 anos.<br />
Nesta mesma reunião foram levantadas em primeira mão as condições dos<br />
figurinos e adereços utilizados nas edições anteriores do espetáculo retomado,<br />
chegando-se a conclusão que deveriam ser refeitas todas as roupas e restaurados<br />
os adereços e adornos. E mãos a obra.<br />
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Foi fixado também que a Oficinas de Figurinos deveriam acontecer<br />
durante todos os dias da semana, até a “estréia” do espetáculo, de maneira a<br />
cumprir com o alto grau de trabalhos a serem desenvolvidos, ficando o espaço à<br />
disposição dos freqüentadores o período corrido entre as 14 e as 21 horas.<br />
As oficinas de Corpo e Voz, e os Ensaios para montagem ficariam<br />
acomodadas em todas as sextas feiras e finais de semana até o fim do processo, em<br />
períodos a serem acomodados aos horários individuais.<br />
Com o levantamento dos materiais necessários para a realização da<br />
produção, cumpriu-se, ainda que em etapas, o processo de compras dos tecidos,<br />
passamanarias, fitas, festões, ajofres, pedrarias, e uma infinidade de brilhos, e seu<br />
aproveitamento imediato nas oficinas de figurinos.<br />
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Dada a largada para os trabalhos<br />
propriamente ditos, Lindalva Parolini<br />
passa comandar o barco, organizar as<br />
ações de leme e vela e, em seguida,<br />
capitã da agulhas e dos aviamentos,<br />
doutora que é em acabamentos,<br />
entrega-se às costuras das saias das<br />
meninas e dos embornais, realizados<br />
extraordinariamente em seu atelier.<br />
Para a confecção das blusas, cada ator trouxe uma camiseta de bom<br />
caimento e partiu-se assim para a etapa seguinte, a fabricação de “milhares” de<br />
lacinhos a serem acomodados, um a um (cola quente), nas blusas oferecidas ao<br />
atavio, processo já conhecido pelo grupo, piadisticamente, como “Método<br />
Chamberlain”.<br />
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Ainda que em primeira instância o chamamento para as oficinas de criação<br />
dos figurinos tenha resulta na presença de algumas pessoas de<br />
fora do grupo, possivelmente a apresentação do “Método<br />
Chamberlain” em seus desdobramentos evolutivos as tenha<br />
assustado, ficando finalmente freqüentada apenas pelos atores<br />
envolvidos no processo, fotógrafo, produtor, oficineiros e diretor,<br />
ao todo 10 pessoas, e eventualmente alguns agregados.<br />
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À seqüência do Método Chamberlain, as oficinas acabaram também por<br />
adotar outro procedimento arraigado ao grupo, o igualmente conhecido como<br />
“Método Fontainebleuax”, que consiste em abordar qualquer forma de ataviamento<br />
sob uma ótica pós-barroca, quase cangaceira, de se adornar itens comuns da<br />
vestimenta cotidiana como se todo dia fosse dia de festa.<br />
Assim, os embornais, cintos, assandálias, anáguas e tiaras foram<br />
ganhando detalhamentos preciosos, que nem teto de igreja pincelado pelo Mestre<br />
Ataíde, roupa de missa, Folia de Santos e Reis, coloridos tão característicos da<br />
nossa cultura popular, para a qual convergimos na linguagem adotada e<br />
desenvolvida. Viva Tarsila do Amaral! Viva Cândido Portinari! Viva Mestre Vitalino!<br />
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Tudo composto com muito esmero, detalhes nos pulsos e tornozelos,<br />
guirlandas de flores à cabeça, Fridas tropicais, fitas de cetim (muitas), brincos nas<br />
orelhas, maquiagem de clown burlesco, e muito glitter para finalizar.<br />
Garantindo a moçada em pé e bem nutrida, durante todos a oficinas e<br />
ensaios, era servido um lanche sempre muito bem apresentado pela produção,<br />
acomodado em um canto da sala, nada discreto, sedutoramente a nos convidar.<br />
No fim do processo, encantamento total, que só o desfile dos atores<br />
paramentados já valia o ingresso, pedidos de fotografias, principalmente as crianças,<br />
e muitos sorrisos estampados ante os versos<br />
cantados, lágrimas votivas frente ao louvor<br />
apresentado, tentativas de oferecimento de<br />
dinheiro, não poucas vezes, prontamente<br />
recusado (subvencionados somos –<br />
agradecidos no brilho dos olhos e dos dentes).<br />
As pessoas se sentiam mais agraciadas ainda,<br />
entendendo por fim as intenções<br />
alimentadoras do projeto ali em cortejo<br />
encenado. Sem limites para a cortesia<br />
permutada, em troca de muitos sorrisos, loas e vivas espontaneamente entoadas.<br />
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Ao mesmo tempo do início das oficinas preparatórias, iniciaram-se também<br />
os ensaios propriamente ditos, a começar por leituras do texto e divisão inicial das<br />
vozes e personagens. Um fato chamava a atenção na atual montagem, a presença<br />
de duas atrizes e suas crias.<br />
Déia com João, um ano a<br />
completar-se por aqueles dias.<br />
Fabíola com a abelhinha Alice,<br />
quase dois meses, em tentativa<br />
de adaptação, o que<br />
infelizmente não deu certo.<br />
Alice não tolerou o verão<br />
santista e Fabíola cedeu seu<br />
lugar para Paula D’Albuquerque, atriz e diretora que, com seu grupo também<br />
freqüenta em ensaios a Sala D52. João agüentava quase que firme, e nos momento<br />
de cuidado, para aplacar as aflições da Déia, o grupo tornou-se Dinda.<br />
Uma vez papéis definidos, e devidamente reacomodados, passamos a<br />
adaptação dos espaços da encenação, determinados a priori em duas modalidades<br />
de apresentações - uma dentro dos ônibus, e a segunda para formações em praças<br />
públicas.<br />
A Sala D52 comportava-se como um espaço coringa, moldando-se às<br />
necessidades que iam se apresentando. Para a primeira modalidade de<br />
apresentações foram assim simulados os espaços os internos dos ônibus urbanos,<br />
onde cadeiras perfiladas assumiam papéis dos assentos dos coletivos, entre os<br />
quais os atores deveriam desenvolver suas performances.<br />
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Ao final do processo de ensaios fechados, algumas pessoas foram<br />
convidadas para participar de um ensaio aberto, já em vésperas das apresentações,<br />
de maneira ao treinamento dos atores à presença do público, e às dinâmicas de real<br />
abordagem, nas duas maneiras para as representações propriamente ditas.<br />
ENSAIO - ÔNIBUS<br />
ENSAIO - PRAÇA PÚBLICA<br />
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Os atores desenvolveram também um bom treinamento corporal, com foco<br />
mais no lúdico que físico, durante as oficinas da Bárbara, objetivante a alcançar um<br />
estado “brincante” para as atuações, com os atores disponíveis para todo tipo de<br />
ação com que o teatro “descarnado” de cerimônias possa se deparar.<br />
Não foram poucas a situações em que o psicológico, mais que a técnica,<br />
se fez presente. O indefectível bêbado a se intrometer na ação, o motorista mal<br />
humorado a pisar no freio de maneira a desequilibrar os atores e a encenação, o<br />
motorista pessimamente intencionado, de mal com a vida, a não abrir as portas do<br />
coletivo para desembarque dos atores, alguém sempre de humor virado a esconjurar<br />
o fato, a mocinha que não desgruda do zap zap, os impropérios quando ao fim das<br />
encenações anunciados os patrocinadores. De tudo um pouco, do mau gosto ao<br />
gosto terrível. Aos atores, preservar o fígado e manter a fleuma arfada.<br />
Entretanto, o outro lado da história sempre um tapete estendido em gestual<br />
de boas vindas. A despeito da narrativa acima, “como é bom ser bom”, como diria o<br />
poeta santista Martins Fontes em suas loas frente ao mar do Boqueirão (na ferradura<br />
da orla, o seu meio, o Boqueirão).<br />
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A maioria das pessoas, principalmente os mais idosos, em tempos de<br />
Natal, desarmadas e ávidas de celebração, recebiam os atores sempre como parte<br />
das suas comemorações, como se fossemos convidados à festa da mesa familiar,<br />
com sorrisos descidos dos olhos, brilhos de encantamento e cortesias a expressar.<br />
Sendo um Auto de Natal o nosso espetáculo apresentado, muitas das<br />
canções entoadas durante as encenações foram coletadas e absorvidas do<br />
cancioneiro popular, sons das liturgias, e regionalismos a abrigar.<br />
Aí reza em retorno outro mistério – pessoas a cantar junto com os atores,<br />
soar vivas e aleluias, amém a perder-se a conta. Assim, também emocionados, os<br />
atores cresciam sem a conta exata do fato acontecido. Pura magia desencadeada<br />
em plena ação teatral. Feliz eu a flagrar toda a confraria.<br />
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Quando a Elisângela Lima, iniciou os trabalhos de preparação vocal junto<br />
ao grupo, fui-lhe avisando que não esperasse por milagres, os atores ainda bastante<br />
jovens para os brindes das cantorias. Ela não disse nada, apenas me olhou e sorriu.<br />
Depois de conhecer os atores e o repertório musical do espetáculo, trouxe<br />
ela seu pequeno órgão eletrônico e se colocou às vozes dedilhar. Arruma daqui,<br />
apruma dali, embaralha os naipes, os acomoda novamente, dó ré mi dó ré mi, e em<br />
clave, e o sol a surgir no silabar das frases musicais meticulosamente esculpidas.<br />
Surpreendente, quase canarinhos a acontecer.<br />
Assim, ao cabo da temporada preparatória para a festa propriamente dita,<br />
em vésperas de Natal, a sala de ensaios e oficinas tornou-se nosso camarim – Os<br />
figurinos dispostos aos atores (um a um em suas cores), espelhos sobre bancada<br />
improvisada, maquiagens perfiladas, e o tiritar dos corações em revoada.<br />
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Com base em fotografias das jornadas anteriores, os atores reinventaram a<br />
máscara-clown das personagens encenadas, talvez um pouco mais adornadas,<br />
dada a pluralidade dos materiais colocados à disposição.<br />
Uma vez vestidos, lindamente paramentados, o momento catártico – Sair<br />
às ruas, ganhar os coletivos em suas rotas, e festejar nas praças o início da jornada<br />
que, apesar de curta, cinco dias de apresentações, marcariam mais uma vez a<br />
pulsação de veias e artérias destes já decanos participantes. “Uma celebração ao<br />
que há de mais puro em nosso tão combalido coração”, assim diria a personagem<br />
Maria em seu momento de pleno reconhecimento da graça alcançada a todos<br />
agradecer.<br />
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Para divulgarmos o projeto e toda a sua extensão, não foram<br />
medidos esforços, pelo menos os ao grupo conhecidos.<br />
Cartazes foram confeccionados e, através da empresa<br />
Piracicaba de Transportes Coletivos, parceira do<br />
empreendimento, deram seus costados em quase todos os<br />
ônibus cobertos pelo trajeto objetivado, alertando aos usuários<br />
que haveria Ciranda nos dias anunciados. Não raro, nas duas<br />
semanas que antecederam ao evento, já estavam eles a anunciar a passagem das<br />
Marias e suas festivas cantorias, causando certa apreensão ante àquelas imagens<br />
tão coloridas e cheias de indicativos às festas vindouras que brevemente naqueles<br />
locais em júbilo coletivo não tardariam em imagens reconvexas acontecer.<br />
Por outro lado, ainda dentro da<br />
mesma questão, divulgação, por<br />
vezes no início da caminhada, e<br />
outras tantas ao final das<br />
apresentações, oferecíamos aos<br />
convivas um pequeno flyer, em<br />
forma de marcador de livros,<br />
contendo as referências visuais do<br />
espetáculo, um pequeno texto de<br />
louvor e agradecimento dito em<br />
cena por Maria, breve ficha técnica<br />
do trabalho e os créditos<br />
referenciais aos nossos<br />
apoiadores. A distribuição era<br />
bem delicada, e tinha que ser feita<br />
com a presteza de um sorriso e, repito, olho no olho, de maneira a ficar claro que era<br />
apenas uma oferta, contradizendo o “esperado” – dízimo cobrado. Se insistência no<br />
oferecimento, mais uma vez lembrávamos sorrindo sobre os nossos patrocinados.<br />
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Cartaz - GILSON <strong>DE</strong> MELO BARROS e TALES ORDAKJI I I<br />
Foto – RODRIGO MORALES S<br />
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A imprensa escrita também foi contatada. Através de releases e fotos das<br />
edições anteriores, sempre acompanhados de breve saudação, pudemos ocupar<br />
boa parte do noticiário local, com destaques de primeira página, matérias de página<br />
inteira, e chamamentos à população. O projeto ia ganhando assim sua identidade<br />
desbravada e o conhecimento público do que o grupo em cortejo neste natal<br />
festejaria. Em destaque, as publicações dos seguintes periódicos – A Tribuna,<br />
Diário do Litoral, Boqueirão News, Jornal da Orla e Expresso Popular.<br />
LINK DIÁRIO LITORAL -<br />
http://www.diariodolitoral.com.br/cultura<br />
/as-cirandas-de-maria-auto-de-natal-nosonibus-de-santos/106763/<br />
Sábado, 23 de dezembro de 2017<br />
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LINK JORNAL DA ORLA - http://www.jornaldaorla.com.br/noticias/33206-<br />
espetaculo-itinerante-nos-onibus-de-santos/
LINK ATRIBUNA -<br />
http://www.atribuna.com.br/notici<br />
as/noticias-detalhe/cultura/atrizesencenam-auto-de-natal-em-onibusmetropolitano/?cHash=2e9127956d<br />
addcd1284e22f229599973<br />
LINK BOQUEIRÃO NEWS –<br />
http://www.boqnews.com/etc/onascimento-de-cristo-nos-onibus-desantos-com-as-cirandas-de-maria/<br />
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LINK Revista NOVE -<br />
LINK Revista RELEVO -<br />
Através das redes sociais, em Eventos organizados<br />
através da página do grupo na internet fincada, em<br />
ações individuais, deu-se também alta<br />
conectividade, com retorno expressivo e<br />
comparecimento aos locais previamente agendados<br />
– praças públicas. Entre os vetores, o blog Sansão,<br />
das amigas Ivani Cardoso e Monica Mathias, também<br />
fazia amorosamente o chamamento, expressivamente<br />
compartilhado entre seus seguidores. Ainda dentro do<br />
mesmo universo, Boletins da Universidade Santa<br />
Cecília, e matéria online dos jornais locais, também<br />
convidavam seus seguidores à cantoria anunciada.<br />
LINK BLOG SANSÃO - http://blogs.atribuna.com.br/sansao/teatro/surpresa-e-tem-teatrosaindo-dos-onibus/<br />
www.revistanove.com.br/as-cirandas-demaria/<br />
https://revistarelevo.wordpress.com/tag/ascirandas-de-maria-um-auto-movel-de-natal/<br />
LINK UNISANTA - http://noticias.unisanta.br/artes-cultura/teatro-nos-onibus-projetolimites-se-apresenta-dias-23-e-24-de-dezembro-com-auto-de-natal<br />
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Também foram contatadas algumas emissoras de TV para anunciar e<br />
divulgar o fato. A TV Santa Cecília, pertencente à universidade que nos abriga<br />
(sede do grupo) preparou matéria a partir de ensaio geral do espetáculo na nossa<br />
sala ambiente, indo ao ar o vídeo editado no dia 22 de dezembro, às vésperas na<br />
nossa encenação.<br />
A TV Tribuna, afiliada local da Rede Globo de Televisão, dedicou-se a nos<br />
acompanhar, do nosso momento da saída, ponto do ônibus, encenação e coleta de<br />
opiniões e pareceres dos atores e público presente, levando ao ar matéria bem<br />
editada para o seu Caderno Regional no dia 05 de janeiro, dia do retorno do grupo<br />
aos seus percursos depois da passagem do Ano Novo. A repercussão foi tamanha.<br />
LINK VÍ<strong>DE</strong>O ATRIBUNA - http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/jornal-tribuna-<br />
1edicao/videos/t/edicoes/v/peca-de-teatro-encenada-dentro-dos-onibus-de-santossurpreende-passageiros/6401912/<br />
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A cada viagem, o seu particular, da<br />
espera dos ônibus em seus pontos de<br />
paragens, ao contingente das suas lotações;<br />
das pessoas nas ruas a acenar, carros a<br />
buzinar, aos quais, sempre em algazarra<br />
benfazeja, os atores pronta e ruidosamente<br />
respondiam – Mais aplausos, era mais um<br />
dia de festa em rima a se confirmar.<br />
Como resultado da divulgação feita, não raro, ao entrarmos nos ônibus já<br />
éramos reconhecidos – aguardada coincidência, e de pronto celulares à mão<br />
recolhendo imagens que seriam repassadas como troféus de conquista.<br />
Durante os quatro primeiros dias de apresentação do nosso cortejo (23 e<br />
24 de dezembro, e 05 e 06 de janeiro), dadas as boas condições climáticas, sem<br />
chuvas ou sol escaldante, as apresentações aconteceram como no previsto, em<br />
itinerário a percorrer a orla das praias de Santos, e algumas em logradouros<br />
públicos. Tivemos sorte; em edições anteriores, com verões bem mais rigorosos,<br />
muitas vezes bem difícil sustentar os trajes, a maquiagem e o humor a desaguar-se.<br />
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Nessas datas, afora as apresentações realizadas em Evento agendado<br />
em rede social na praça em frente ao Aquário Municipal, possivelmente dado ao<br />
horário do acontecido (dias de sol aprazível e praia), os demais locais a serem<br />
visitados resultaram praticamente esvaziados (Fonte do Sapo, Praça do Emissário,<br />
Praça das Bandeiras e Escolinha de Surf), motivando mudanças de estratégia.<br />
No último dia das nossas apresentações, 07 de janeiro, talvez para que<br />
saíssemos da rotina, o céu desabou em incertezas, fazendo com que mudássemos<br />
completamente nossa rotina de apresentações, buscando de imediato soluções<br />
inéditas, pelo menos nesta temporada dos trabalhos, para cada récita apresentada.<br />
Logo de início, ao sairmos da Universidade para a primeira viagem, não<br />
deu tempo nem de chegarmos ao ponto de ônibus. Um aguaceiro digno de Noé<br />
desandou nossas expectativas, de maneira que tivemos que nos abrigar da chuva<br />
numa padaria drumonianamente coloca no meio do nosso caminho.<br />
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Ali permanecemos por uns quarenta minutos até o dilúvio travestir-se em<br />
quase garoa. Lógico, com aquele temporal, não deveria haver ninguém de juízo nas<br />
praias, e então decidimos fazer o caminho contrário ao proposto. Ao invés de<br />
seguirmos rumo à orla, nos dirigimos ao Centro Histórico da cidade, onde fica, entre<br />
outros prédios públicos, o terminal rodoviário em que confluenciam várias linhas de<br />
ônibus.<br />
Nessa primeira viagem do dia, a surpresa inicial.<br />
Pegamos um ônibus totalmente diferente dos que<br />
havíamos desenvolvido nossos trabalhos até então. Era<br />
desigual, com vários níveis de chão que, da entrada<br />
dianteira ao seu final, ia se desenvolvendo<br />
ascendentemente como uma escada de degraus<br />
alongados, o que dificultava o nosso percurso,<br />
horizontalmente falando. Para satisfazer a tantos<br />
desníveis, parecia que as barras que pendiam do teto para<br />
sustentação e equilíbrio dos usuários, aparentemente se<br />
multiplicaram, situação bem aproveitada pelos atores.<br />
Dos planos ali estabelecidos, decidimos quase que telepaticamente,<br />
permanecer nossa desgarrada no plano médio daquela “escadaria”, o que nos<br />
facilitaria inclusive o final do espetáculo em que o<br />
grupo se despede e sai pela porta de saída,<br />
desta vez situada não ao fim do espaço do<br />
coletivo, mas bem no meio do ônibus, alterando<br />
assim a nossa evasão e a conformação do coro<br />
que lhe dava a forma exata daquela partida.<br />
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Terminamos essa apresentação já no Terminal Rodoviário, coberto da<br />
chuva que ainda persistia na baixada santista, onde tomamos outro coletivo rumo à<br />
Zona Noroeste da cidade. Assim, ziguezagueando por rotas alternativas e<br />
inusitadas, fomos cumprindo um circuito até retornarmos ao mesmo terminal,<br />
estrategicamente situado ao lado da Rodoviária de Santos, igualmente protegidos da<br />
chuva que persistia, ponto de confluência dos que chegam ou partem da cidade.<br />
Dado a sua ampla dimensão, e potencial público presente em vista à<br />
temporada de férias, a Rodoviária ofereceu-se como espaço perfeito para novas<br />
apresentações. Foi só iniciarmos as cantorias e apontarmos ao local da encenação<br />
que em meio círculo as pessoas foram se posicionando, acomodando-se em<br />
sorrisos de curiosidade e consentimento. Na seqüência, silêncios de aprovação<br />
eram quebrados em momentos de comicidade por risadas uníssonas; pequenos<br />
aplausos vez que outra a desprenderem-se em manifestações de reciprocidade;<br />
uma lágrima contida, um gesto de devoção, e a essência do natal, neste dia de<br />
quase de Reis, a assentar-se ao momento dos aplausos e àquela despedida.<br />
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Ainda na Rodoviária, um pequeno particular - Terra de gentes de outras<br />
terras a transitar. Duas senhoras, muito emocionadas, nativas das Alagoas,<br />
aproximaram-se em reconhecimento ao espetáculo apresentado, que a elas tantas<br />
lembranças ocasionaram, das Feiras de Propriá, das Lapinhas de Palmeira dos<br />
Indios, dos Reisados de Ataláia, do Pastoril da Zona da Mata, dos açudes, dos<br />
coqueirais, das pedranceiras do sertão.<br />
Quanta alegria em mim da memória<br />
retornada; minha família paterna nestas<br />
terras também se alinhavou. Desta<br />
história aqui contada, em resgate de<br />
memória, foi lá que tudo começou.<br />
Uma das netas da família mencionada.<br />
Mais uma apresentação aconteceu ainda na Rodoviária, e depois dessa,<br />
ainda com a chuva assentada, pegamos nossas burras para as últimas viagens<br />
rumo à casa. Neste trajeto de volta, pudemos ainda mais duas cantorias, pausa<br />
numa padaria prá um café-conforto, e ao fim de volta à nossa sala, a desfazer as<br />
malas, desfazer as caras, desvestir a festa. Missão cumprida.<br />
FIM<br />
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FICHA TÉCNICA<br />
BARBARA BRAW - Oficina de Corpo<br />
ELISANGELA LIMA – Oficina de Voz<br />
LINDALVA PAROLINI – Oficina de Figurinos e Adereços<br />
LUIS FELIPE MUTTI – Documentação fotográfica<br />
RODRIGO MORALES – Documentação em vídeo<br />
MAURICIO GARCIA – Produção e Documentação fotográfica indoor<br />
ELENCO<br />
BRUNA TELLY – Maria<br />
CAMILA BARALDI – Mestra das pastoras<br />
<strong>DE</strong>IA <strong>DE</strong> OLIVEIRA – Pastora / Estrela da guia<br />
ERNANI SEQUINEL – Anjo da anunciação / Baltazar<br />
MARCIA MARQUES – Pastora / Melquior<br />
TALES ORDAKJI – José / Gaspar<br />
GILSON <strong>DE</strong> MELO BARROS – Texto original / Direção geral<br />
PROJETO<br />
GILSON <strong>DE</strong> MELO BARROS / TALES ORDAKJI – Gerenciamento /<br />
relatórios / fotos extras / design gráfico.<br />
ERNANI SEQUINEL – Apoio / Relatório financeiro<br />
ALCANCE DO PROJETO<br />
Alcance direto (presencial) – 500 pessoas<br />
Via internet (eventos agendados / redes sociais) – 7.500 pessoas<br />
Via Jornais e impressos – 5.500 pessoas<br />
Via TV – 10.000 pessoas<br />
ALCANCE <strong>FINAL</strong> - 23.500 pessoas<br />
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LINK FOTOS BONUS -<br />
https://drive.google.com/open?id=1cZZlRT84rW3J2zaAlJhvT6fid1iByJ9f<br />
Santos, 31 de Janeiro de 2018.<br />
Gilson de Melo Barros<br />
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