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Revista Foxter Gallery #21

Foxter Gallery é uma produção da Foxter Cia. Imobiliária com periodicidade trimestral e tiragem de 12.000 exemplares auditados pela Deloitte.

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ORLA DO GUAÍBA<br />

DEPOIS DE MUITO TEMPO, PORTO ALEGRE<br />

SE VOLTA NOVAMENTE PARA O GUAÍBA.<br />

Por: Leonardo Barragana<br />

O Lago Guaíba sempre foi uma das<br />

principais marcas de Porto Alegre. Em<br />

1921, com a inauguração do Porto Cais<br />

Mauá, a relação da cidade com o lago –<br />

popularmente chamado de rio, mesmo<br />

que de forma incorreta – se estreitou. O<br />

cais chegou com o objetivo de modernizar<br />

a cidade, além de fomentar a economia<br />

e gerar empregos. A importância dele<br />

para a população gaúcha, incluindo<br />

seus aspectos estéticos, higiênicos e<br />

funcionais inovadores, garantiram o<br />

título de cartão postal da cidade.<br />

Longe da região central, a criação de<br />

balneários na Zona Sul nas décadas de<br />

1920 e 1930 foi outro propulsor da<br />

relação de carinho com o lago. As praias<br />

do Guaíba eram destino certo de grande<br />

parte dos porto-alegrenses nos calorosos<br />

dias de verão.<br />

Dono de muitas facetas, o Guaíba<br />

também foi o antagonista sombrio<br />

de um dos episódios mais marcantes<br />

e traumáticos da capital gaúcha. No<br />

outono de 1941, o grande volume de<br />

chuvas nos rios afluentes transformou o<br />

lago em um insaciável receptor das águas.<br />

Outros fatores climáticos adjacentes,<br />

como o efeito de represamento causado<br />

pelo vento sul no estado, também<br />

desempenharam papel fundamental no<br />

acontecimento. E em maio daquele ano,<br />

o Guaíba finalmente abraçou as ruas<br />

do Centro Histórico de Porto Alegre,<br />

transbordando-se de forma jamais vista.<br />

A enchente alcançou a marca recorde de<br />

4,75 metros.<br />

Esse turbulento evento, que deixou 70<br />

mil pessoas sem água potável e energia<br />

elétrica, fez o Governo do Estado<br />

reagir. Para evitar novas enchentes,<br />

como medida, decidiu construir um<br />

muro no Cais Mauá a fim de bloquear<br />

novas ofensivas do Guaíba contra o<br />

centro da cidade. Sua construção foi<br />

finalizada apenas 30 anos após o evento.<br />

A extensão de 2,6 quilômetros de<br />

concreto, percorridos desde a Avenida<br />

da Legalidade e da Democracia até a<br />

Usina do Gasômetro, fez Porto Alegre<br />

dar as costas ao seu lago, criando uma<br />

barreira dramática entre a população e o<br />

principal cartão postal do município.<br />

Ao longo de quase três décadas, a cidade<br />

Foto: Arthur Panziera<br />

Foto: Sioma Breitman<br />

negligenciou as necessidades do Guaíba,<br />

bem como o desejo dos moradores de<br />

reestabelecer um contato mais próximo<br />

com ele. Eis que em 1989, respondendo<br />

aos anseios da comunidade, foi criada<br />

uma comissão municipal para o projeto<br />

Guaíba Vive, que tinha como pautas o<br />

saneamento ambiental, urbanização<br />

da orla, educação ambiental, turismo e<br />

desenvolvimento ecológico.<br />

O primeiro resultado expressivo do<br />

projeto foi restabelecer a praia do Lami,<br />

localizada na Zona Sul de Porto Alegre.<br />

Em 1992, após tratamentos de esgoto<br />

no local, a prefeitura entregou a praia<br />

para a população da cidade, dessa vez em<br />

plenas condições para atividades de lazer<br />

e turismo. De lá para cá, o projeto foi<br />

responsável por diversas outras medidas<br />

de tratamento hídrico e saneamento.<br />

Avançando aos primórdios da segunda<br />

década do século XXI, nos encontramos<br />

em um momento de reconciliação entre<br />

Porto Alegre e o Lago Guaíba. Já está<br />

em curso o projeto de revitalização<br />

do Cais do Porto, que inclui novos<br />

espaços de lazer, esportes e comércio,<br />

reaproximando a população às margens<br />

do lago. Além disso, recentemente foi<br />

entregue a fase final da recomposição<br />

da orla do Guaíba. A primeira etapa<br />

da reforma ocorre no trecho da Usina<br />

do Gasômetro até a Rótula das Cuias.<br />

O plano é atrair as pessoas para perto<br />

do lago novamente. Serão instalados<br />

bares, restaurantes, quadras esportivas,<br />

ciclovias, praças, um atracadouro e uma<br />

nova estrutura de iluminação completa.<br />

Para além da iniciativa pública, empresas<br />

privadas também estão estreitando os<br />

laços entre a população e o Guaíba. A<br />

Melnick Even acaba de lançar o Pontal<br />

do Estaleiro. O empreendimento de 87<br />

metros de altura terá 23 andares, e aliará<br />

unidades de escritórios e consultórios<br />

com um grandioso shopping center.<br />

Seu lar será o bairro cristal, no antigo<br />

terreno do Estaleiro Só, às margens do<br />

lago. A construtora irá incorporar ao<br />

empreendimento o Parque do Pontal,<br />

que terá uma área revitalizada de 36 mil<br />

metros quadrados. A ideia é retomar a<br />

relação entre Porto Alegre e seu cartão<br />

postal, com o oferecimento de diversos<br />

espaços de convívio e lazer.<br />

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