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A Existência e a <strong>Pessoa</strong> <strong>do</strong><br />
Espírito <strong>Santo</strong><br />
O Espírito <strong>Santo</strong> é um Ser real que age e vive entre nós<br />
<strong>Severino</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>da</strong> <strong>Silva</strong><br />
Digitalização: SusanaCap<br />
Revisão: Paulo André<br />
www.semea<strong>do</strong>res<strong>da</strong>palavra.net<br />
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SEMEADORES DA PALAVRA e-books evangélicos
To<strong>do</strong>s os Direitos Reserva<strong>do</strong>s.<br />
Copyright © 1996 para a língua portuguesa <strong>da</strong> Casa<br />
Publica<strong>do</strong>ra <strong>da</strong>s Assembléias de Deus.<br />
Capa: Jayme de Paula Pra<strong>do</strong><br />
231.3 - Deus o Espírito <strong>Santo</strong> <strong>Silva</strong>, <strong>Severino</strong> <strong>Pedro</strong><br />
A Existência e a <strong>Pessoa</strong> <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>.../<strong>Severino</strong> <strong>Pedro</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>Silva</strong><br />
1ª ed. - Rio de Janeiro: Casa Publica<strong>do</strong>ra <strong>da</strong>s Assembléias de<br />
Deus, 1996<br />
p. 152. cm. 14x21<br />
ISBN 85-263-0073-3<br />
1. Deus o Espírito <strong>Santo</strong> 2. Teologia<br />
Deus o Espírito <strong>Santo</strong><br />
Casa Publica<strong>do</strong>ra <strong>da</strong>s Assembléias de Deus<br />
Caixa Postal 331<br />
20001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil<br />
1ª Edição/1996<br />
ÍNDICE<br />
Apresentação ............................................................................... 5<br />
Prefácio ....................................................................................... 6<br />
Introdução ................................................................................... 7<br />
1. A Existência <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> ............................................... 8<br />
2. Nomes e Títulos <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> ....................................... 20<br />
3. Figuras e Símbolos <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> ................................... 31<br />
4. O Batismo com o Espírito <strong>Santo</strong> ........................................... 45<br />
5. Os Dons Espirituais ............................................................... 57<br />
6. Os Dons de Revelação .......................................................... 70<br />
7. Os Dons de Poder .................................................................. 82<br />
8. Os Dons de Expressão........................................................... 96<br />
9. A Blasfêmia contra o Espírito <strong>Santo</strong> ................................... 106<br />
10. O Fruto e os Frutos <strong>do</strong> Espírito ......................................... 115
CONTRACAPA<br />
Seria o Espírito <strong>Santo</strong> uma influência, ao invés de um Ser<br />
<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de personali<strong>da</strong>de e atributos divinos? Muitas seitas lhe têm<br />
nega<strong>do</strong> a condição de <strong>Pessoa</strong> divina; outras até questionam sua<br />
existência.<br />
Mas o pastor <strong>Severino</strong> <strong>Pedro</strong>, pela Bíblia, faz desmoronar<br />
estes <strong>do</strong>is posicionamentos: o Espírito <strong>Santo</strong> existe, e é uma <strong>Pessoa</strong> –<br />
a terceira <strong>da</strong> Santíssima Trin<strong>da</strong>de.<br />
Passo a passo, e através <strong>da</strong>s Sagra<strong>da</strong>s Escrituras, com<br />
abun<strong>da</strong>ntes referências que revelam nomes, títulos, figuras e a obra<br />
<strong>do</strong> Consola<strong>do</strong>r, você será conduzi<strong>do</strong> a esta reali<strong>da</strong>de.<br />
O autor discorre ain<strong>da</strong> sobre outros temas relaciona<strong>do</strong>s a este<br />
Ser sublime:<br />
O batismo com o Espírito <strong>Santo</strong><br />
Os <strong>do</strong>ns espirituais<br />
O fruto <strong>do</strong> Espírito<br />
A blasfêmia contra o Espírito <strong>Santo</strong><br />
AUTOR<br />
Ministro <strong>do</strong> Evangelho, é autor <strong>do</strong>s livros Daniel, Versículo<br />
por Versículo; Apocalipse, Versículo por Versículo; Os Anjos, Sua<br />
Natureza e Ofício, entre outros.
APRESENTAÇÃO<br />
A pessoa <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> é contesta<strong>da</strong> por muitas seitas.<br />
Algumas até defendem sua existência, mas rejeitam a idéia de que<br />
Ele seja uma <strong>Pessoa</strong> distinta na Santíssima Trin<strong>da</strong>de.<br />
No entanto, as Sagra<strong>da</strong>s Escrituras apontam claramente para<br />
um Ser <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de personali<strong>da</strong>de - o Consola<strong>do</strong>r, que vive e age no<br />
seio <strong>da</strong> Igreja de Cristo. Portanto, nós, evangélicos, cremos no<br />
Espírito <strong>Santo</strong> como <strong>Pessoa</strong>, conforme demonstra o pastor <strong>Severino</strong><br />
<strong>Pedro</strong> <strong>da</strong> <strong>Silva</strong> nesta obra.<br />
O autor, pelas Sagra<strong>da</strong>s Escrituras, relaciona nomes, títulos,<br />
figuras, símbolos e até pronomes usa<strong>do</strong>s para descrever o Espírito<br />
<strong>Santo</strong>, tornan<strong>do</strong> bem visíveis os contornos de sua sublime<br />
personali<strong>da</strong>de.<br />
A descrição <strong>da</strong> <strong>Pessoa</strong>, segue-se-lhe a obra: sua missão junto à<br />
Igreja, os <strong>do</strong>ns espirituais e o fruto na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>queles que lhe servem<br />
de templo.<br />
Portanto, A Existência e a <strong>Pessoa</strong> <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> lhe servirá<br />
não somente de estímulo à fé como irá ajudá-lo a conhecer melhor<br />
este divino Ser e a aproximar-se ain<strong>da</strong> mais de Deus.<br />
Ronal<strong>do</strong> Rodrigues de Souza<br />
Diretor Executivo <strong>da</strong> CPAD
PREFÁCIO<br />
O sucesso <strong>da</strong> Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo, aqui neste<br />
mun<strong>do</strong>, tem si<strong>do</strong> a presença <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> entre os cristãos; ain<strong>da</strong><br />
que muitos procurem (sem sucesso) negar esta reali<strong>da</strong>de. Algumas<br />
pessoas têm ignora<strong>do</strong> a existência <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, leva<strong>da</strong>s por um<br />
ceticismo mais teórico que prático. O ceticismo, segun<strong>do</strong> Sócrates,<br />
prejudica a busca pelo conhecimento e enfraquece a morali<strong>da</strong>de.<br />
Mais tarde, Agostinho descreve o ceticismo como uma<br />
escuridão espiritual que destrói a fé e não deixa os homens<br />
encontrarem a ver<strong>da</strong>de. A fé, contrariamente, prepara o solo para o<br />
cultivo <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de. Neste livro, o autor mostra a importância de<br />
crermos firmemente no princípio básico <strong>da</strong> existência <strong>do</strong> Espírito de<br />
Deus, de sua atuação na Igreja como Substituto legal de Jesus Cristo.<br />
Revela também não haver limites para o que o Espírito <strong>Santo</strong> possa<br />
fazer na vi<strong>da</strong> <strong>do</strong> crente, dependen<strong>do</strong> <strong>da</strong>s circunstâncias e <strong>da</strong><br />
obediência pessoal de quem Ele inspira.<br />
Paulo encontrou em Éfeso "alguns discípulos" que lhe<br />
disseram: "Nós nem ain<strong>da</strong> ouvimos que haja Espírito <strong>Santo</strong>..." (At<br />
19.2), e em Corinto, pessoas que eram "ignorantes acerca <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns<br />
espirituais" (1 Co 12.1). Portanto, não é de admirar que haja também<br />
em nossos dias pessoas que, por falta de informações objetivas,<br />
"desconheçam" certas manifestações <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> na igreja e em<br />
suas próprias vi<strong>da</strong>s. Por esta razão, e por outras, recomen<strong>da</strong>mos a<br />
leitura deste livro - com meditação e amor.<br />
Pr. José Wellington Bezerra <strong>da</strong> Costa<br />
Presidente <strong>da</strong> Convenção Geral <strong>da</strong>s Assembléias de<br />
Deus no Brasil
INTRODUÇÃO<br />
Pneumatologia é a ciência que estu<strong>da</strong> a existência <strong>do</strong><br />
Espírito <strong>Santo</strong>, sua natureza divina, seus atributos e<br />
manifestações, seu relacionamento com Deus e com Cristo, bem<br />
como sua atuação em relação ao universo físico e espiritual, os<br />
seres e as coisas. Apesar <strong>do</strong>s esforços que muitos têm<br />
empreendi<strong>do</strong> para negar sua existência e poder, o Espírito <strong>Santo</strong><br />
é um ser <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de personali<strong>da</strong>de. Um ser moral, pessoal e<br />
divino.<br />
A revelação plenária <strong>da</strong>s Escrituras mostra claramente<br />
seus atributos naturais e morais; e, de igual mo<strong>do</strong>, sua presença<br />
e manifestação em ambos os Testamentos. As luzes <strong>da</strong> fé e <strong>da</strong><br />
razão natural inferem que o aceitemos como um Ser supremo,<br />
divino, que faz parte <strong>da</strong> Santíssima Trin<strong>da</strong>de. Negar esta<br />
reali<strong>da</strong>de, basea<strong>do</strong> apenas em conceitos humanos, implica em<br />
rejeitar também a existência de Deus Pai e de Deus Filho, que é<br />
Jesus Cristo, nosso Senhor (1 Jo 5.6-8).
1. A EXISTÊNCIA DO ESPÍRITO SANTO<br />
I - Quem É o Espírito <strong>Santo</strong><br />
O Espírito <strong>Santo</strong> é a terceira <strong>Pessoa</strong> <strong>da</strong> Santíssima Trin<strong>da</strong>de.<br />
Ele aparece pela primeira vez nas Escrituras em Gênesis 1.2, e <strong>da</strong>í<br />
em diante sua presença é proeminente em ambos os Testamentos. O<br />
vocábulo que dá senti<strong>do</strong> ao seu nome é o grego pneuma, vin<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />
raiz hebraica ruach. Ambos os termos, quan<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong>s para <strong>da</strong>r<br />
significação divina e sem igual, denotam o infinito Espírito de Deus.<br />
A atuação deste supremo Ser é marcante nas Escrituras como<br />
o Substituto legal <strong>do</strong> Filho de Deus, desde o Pentecoste até o<br />
arrebatamento <strong>da</strong> Igreja (Jo 16.7), e continuan<strong>do</strong> depois com ela para<br />
sempre (Jo 14.16). Ele veio ao mun<strong>do</strong> como o "Agente <strong>da</strong><br />
Comunicação Divina". Sua origem não se encontra nas tábuas<br />
genealógicas, pois, sen<strong>do</strong> Ele um <strong>do</strong>s membros <strong>da</strong> Divin<strong>da</strong>de, é a origem<br />
de si mesmo e a causa de sua própria substância.<br />
II - Sua Preexistência<br />
A natureza e os atributos <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> caracterizam-no<br />
como o "Espírito eterno", não conhecen<strong>do</strong> princípio de dias nem fim<br />
de existência (Hb 9.14). Ele aparece ao la<strong>do</strong> de Deus, quan<strong>do</strong> havia<br />
unicamente o Deus trino e uno. O tempo, que marca extensão, é<br />
percebi<strong>do</strong> através <strong>da</strong> relação entre "antes" e "depois". Uma vez que o<br />
Espírito <strong>Santo</strong> tem a mesma natureza de Deus, o tempo não se aplica<br />
a Ele - já que existe pela própria necessi<strong>da</strong>de de sua existência. Ele é<br />
um Ser vivo, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de personali<strong>da</strong>de, não sen<strong>do</strong> meramente uma<br />
influência ou emanação de Deus. Antes, é uma <strong>Pessoa</strong> claramente<br />
divina, que faz parte <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong>de.<br />
Não um ser cria<strong>do</strong>, como nós ou as demais criaturas que, por
um ato de Deus, passamos a existir num certo tempo e lugar.<br />
1. No Antigo Testamento<br />
O perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> Antigo Testamento foi de preparação e espera a<br />
este Ser eterno, cuja ação plena concretizou-se no Novo. Mas antes,<br />
como sabemos, o Eterno Espírito de Deus já operava.<br />
Em suas várias manifestações e demonstrações de poder, tanto<br />
no universo físico como no espiritual, sua presença é senti<strong>da</strong> e<br />
revela<strong>da</strong> (Gn 1.2; 6.3; Êx 8.19; Jo 33.4 etc.) Entretanto, eram apenas<br />
manifestações objetivas e tópicas, pois até então o Espírito <strong>Santo</strong> não<br />
havia si<strong>do</strong> "derrama<strong>do</strong>" e sim "manifesta<strong>do</strong>" (cf. Jl 2.28; Jo 7.39). O<br />
Espírito <strong>Santo</strong> se revelava de três maneiras, visto no contexto geral.<br />
a. Como Espírito cria<strong>do</strong>r <strong>do</strong> cosmo. Por cujo poder o<br />
Universo e to<strong>do</strong>s os seres foram cria<strong>do</strong>s.<br />
b. Como Espírito dinâmico ou <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r de poder. Revela<strong>do</strong><br />
como o Agente de Deus em relação aos homens; entretanto, não era<br />
outorga<strong>do</strong> como dádiva permanente. Em senti<strong>do</strong> tópico, tal sucedia<br />
até mesmo no caso <strong>do</strong>s profetas, embora seja seguro pensar que<br />
homens mais profun<strong>da</strong>mente espirituais possuíam o <strong>do</strong>m <strong>do</strong> Espírito<br />
por tempo mais dilata<strong>do</strong> que o comum (cf. Sl 51.11- Ml 2.15).<br />
c. Como Espírito regenera<strong>do</strong>r. Pelo qual a natureza humana é<br />
transforma<strong>da</strong> "de glória em glória na mesma imagem, como pelo<br />
Espírito <strong>do</strong> Senhor" (2 Co 3.18). Encontramos sua presença no<br />
Antigo Testamento, em várias manifestações de poder, num total de<br />
88 vezes: 13 no Pentateuco; sete em Juizes; sete em 1 Samuel; cinco<br />
nos Salmos; 14 em Isaías; 12 em Ezequiel; e trinta outras, por<br />
inferência.<br />
Dos 39 livros <strong>do</strong> Antigo testamento, apenas 16 não fazem<br />
referência específica a Ele - mas em essência. ( 1 )<br />
Algumas referências marcam sua presença nesse perío<strong>do</strong>,<br />
descreven<strong>do</strong>-o como membro ativo <strong>da</strong> Divin<strong>da</strong>de e participante de<br />
1 BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. São Paulo, IBR, 1975.
decisões somente a ela inerentes. Vejamos algumas:<br />
• Na criação <strong>do</strong> Universo: "E o Espírito de Deus se movia<br />
sobre a face <strong>da</strong>s águas" (Gn 1.2).<br />
• Na criação <strong>do</strong> homem: "E disse Deus: Façamos o homem à<br />
nossa imagem, conforme a nossa semelhança..." (Gn 1.26).<br />
• No juízo sobre o peca<strong>do</strong>: "Então disse o Senhor Deus: Eis<br />
que o homem é como um de nós..." (Gn 3.22).<br />
• No julgamento sobre o dilúvio: "Então disse o Senhor: Não<br />
contenderá o meu Espírito para sempre com o homem..." (Gn 6.3).<br />
• Sobre a construção <strong>da</strong> torre de Babel: "Eia, desçamos, e<br />
confun<strong>da</strong>mos ali a sua língua..." (Gn 11.7).<br />
O Espírito <strong>Santo</strong> é também retrata<strong>do</strong>, em relação aos homens,<br />
como aquEle que ilumina (Jo 33.8), dá forças especiais (Jz 14.6,19),<br />
concede sabe<strong>do</strong>ria (Êx 31.1-6; Dt 34.8), outorga revelações (Nm<br />
11.25; 2 Sm 23.2), instrui sobre a vontade de<br />
Deus (Is 11.2), administra graça (Zc 12.10) e, finalmente,<br />
enche as vi<strong>da</strong>s com sua presença (Ef 5.18).<br />
2. No Novo Testamento<br />
O Espírito <strong>Santo</strong> entra em cena logo nas primeiras páginas <strong>do</strong><br />
Novo Testamento. O anjo Gabriel informa a Zacarias, um velho<br />
sacer<strong>do</strong>te <strong>da</strong> ordem de Abias, que seu futuro filho, João Batista, seria<br />
cheio <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> desde o ventre materno (Lc 1.15). O mesmo<br />
mensageiro celestial diz a Maria que o Espírito <strong>Santo</strong> desceria sobre<br />
ela (Lc 1.35). Mais adiante encontramos o justo Simeão, e "o Espírito<br />
<strong>Santo</strong> estava sobre ele" (Lc 2.25). Durante a vi<strong>da</strong> terrena de nosso<br />
Senhor Jesus, a atuação <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> acompanhava seus passos,<br />
palavras e obras. Ou seja, Jesus era "cheio <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>" (Lc<br />
4.1). E podia exclamar: "O Espírito <strong>do</strong> Senhor é sobre mim" (Lc<br />
4.18).
III - Sua Existência Pós-pentecostal<br />
Vinte e cinco livros <strong>do</strong>s 27 que compõem o Novo Testamento<br />
descrevem o Espírito <strong>Santo</strong> como um Ser real. Apenas <strong>do</strong>is, Filemom<br />
e 3 João, falam dEle apenas em essência.<br />
Há duas citações sobre a existência <strong>do</strong> Pai e <strong>do</strong> Filho que não<br />
mencionam sua existência:<br />
"E a vi<strong>da</strong> eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único<br />
Deus ver<strong>da</strong>deiro, e a Jesus Cristo, a quem envias-te" (Jo 17.3).<br />
"E mostrou-me o rio puro <strong>da</strong> água <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, claro como cristal,<br />
que procedia <strong>do</strong> trono de Deus e <strong>do</strong> Cordeiro..." (Ap22.1).<br />
No entanto, a ausência <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> nestas duas citações<br />
não lhe nega a existência como <strong>Pessoa</strong> real! Pelo contrário, prova sua<br />
humil<strong>da</strong>de e grandeza.<br />
De acor<strong>do</strong> com a Lei mosaica, o testemunho de <strong>do</strong>is homens<br />
era ver<strong>da</strong>deiro para se firmar qualquer palavra ou sentença.<br />
Dois grandes personagens, João Batista e Jesus Cristo,<br />
afirmaram ter visto o Espírito <strong>Santo</strong> em forma corpórea.<br />
"E João testificou, dizen<strong>do</strong>: Eu vi o Espírito descer <strong>do</strong> céu<br />
como uma pomba, e repousar sobre ele. E eu não o conhecia, mas o<br />
que me man<strong>do</strong>u a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que<br />
vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com<br />
o Espírito <strong>Santo</strong>" (Jo 1.32,33).<br />
"E, sen<strong>do</strong> Jesus batiza<strong>do</strong>, saiu logo <strong>da</strong> água, e viu o Espírito<br />
de Deus descen<strong>do</strong> como pomba e vin<strong>do</strong> sobre ele" (Mt 3.16).<br />
IV - Sua Natureza<br />
A terceira <strong>Pessoa</strong> <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong>de é Espírito por natureza! Ou<br />
seja, tal qual Ele é, tanto o seu Ser como o seu caráter, assim são<br />
também o Pai e o Filho: iguais em aspecto, poder e glória. O fato de<br />
o Espírito <strong>Santo</strong> ser Deus fica prova<strong>do</strong> não somente por sua<br />
identificação com o Pai e o Filho, nas fórmulas <strong>do</strong> batismo e <strong>da</strong>
ênção apostólica, mas também pelos atributos divinos que possui.<br />
Em outros aspectos, o Espírito <strong>Santo</strong> é co-participante <strong>do</strong>s atos de<br />
Deus, especialmente pela sua maneira tríplice de agir, como por<br />
exemplo:<br />
1. Na bênção <strong>da</strong>s tribos<br />
"O Senhor Deus te abençoe e te guarde: o Senhor [Jesus] faça<br />
resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti. O Senhor<br />
[Espírito <strong>Santo</strong>] sobre ti levante o seu rosto, e te dê a paz" (Nm 6.24-<br />
26).<br />
2. Na bênção apostólica<br />
"A graça <strong>do</strong> Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a<br />
comunhão <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> seja com vós to<strong>do</strong>s" (2 Co 13.13).<br />
3. No perdão<br />
"Ó Senhor [Deus], ouve; ó Senhor [Jesus], per<strong>do</strong>a: Ó Senhor<br />
[Espírito <strong>Santo</strong>], atende-nos e opera sem tar<strong>da</strong>r" (Dn 9.19).<br />
4. No louvor<br />
"E clamavam uns para com os outros, dizen<strong>do</strong>: <strong>Santo</strong> [Deus], <strong>Santo</strong><br />
[Jesus], <strong>Santo</strong> [Espírito <strong>Santo</strong>] é o Senhor <strong>do</strong>s Exércitos: to<strong>da</strong> a terra está<br />
cheia <strong>da</strong> sua glória" (Is 6.3).<br />
5. No batismo<br />
"Portanto ide, ensinai to<strong>da</strong>s as nações, batizan<strong>do</strong>-as em nome <strong>do</strong><br />
Pai, e <strong>do</strong> Filho, e <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>..." (Mt 28.19).<br />
6. Nos <strong>do</strong>ns<br />
"Ora há diversi<strong>da</strong>de de <strong>do</strong>ns, mas o Espírito é o mesmo. E há<br />
diversi<strong>da</strong>de de ministérios, mas o Senhor [Jesus] é o mesmo. E há<br />
diversi<strong>da</strong>de de operações, mas é o mesmo Deus que opera tu<strong>do</strong> em to<strong>do</strong>s"<br />
(1 Co 12.4-6).
7. Na uni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> fé<br />
"Há um só... Espírito... um só Senhor [Jesus]... um só Deus e Pai<br />
de to<strong>do</strong>s..." (Ef 4.4,6).<br />
8. No testemunho<br />
"Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o<br />
Espírito <strong>Santo</strong>; e estes três são um" (1 Jo 5.7).<br />
Evidentemente, a presença <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> é vista por to<strong>da</strong> a<br />
extensão <strong>da</strong>s Escrituras, sempre agin<strong>do</strong> de comum acor<strong>do</strong> com o Pai e o<br />
Filho.<br />
De Deus se declara: "Desde a antigüi<strong>da</strong>de fun<strong>da</strong>ste a terra: e<br />
os céus são obra <strong>da</strong>s tuas mãos" (Sl 102.25).<br />
De Cristo se declara: "Porque nele foram cria<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s as<br />
coisas, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam <strong>do</strong>minações, sejam<br />
principa<strong>do</strong>s, sejam potestades: tu<strong>do</strong> foi cria<strong>do</strong> por ele e para ele" (Cl<br />
1.16).<br />
Do Espírito <strong>Santo</strong> se declara: "Pelo seu Espírito ornou os<br />
céus" (Jo 26.13). Os atos <strong>da</strong> criação - em separa<strong>do</strong>, ain<strong>da</strong> que<br />
completos - <strong>da</strong> parte de ca<strong>da</strong> <strong>Pessoa</strong> reúnem-se na afirmação <strong>do</strong><br />
nome de Deus [Eloim], e <strong>da</strong>í por diante. ( 2 )<br />
Ele é, portanto, o Espírito eterno (Hb 9.14). É onipresente (Sl<br />
139.7-10), onipotente (Lc 1.37) e onisciente (1 Co 2.10). A Ele se<br />
atribuem obras divinas: tomou parte na criação (Gn 1.2); produz<br />
novas criaturas para Jesus (Jo 3.5); ressuscitou a Jesus Cristo dentre<br />
os mortos (Rm 1.4; 8.11).<br />
O senti<strong>do</strong> que lhe dá a palavra grega - her<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>do</strong> original<br />
hebraico - é sem igual. Pneuma, como termo psicológico, representa<br />
a sede <strong>da</strong> percepção, <strong>do</strong> senti<strong>do</strong>, <strong>da</strong> vontade, <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> mente, ou<br />
pode ser equivalente ao ego <strong>da</strong> pessoa humana (Mc 2.8; Lc 1.47; Jo<br />
11.33; 13.21 etc). Porém, o termo pneuma, ou vocábulo grego<br />
2 SILVA, S. P. <strong>da</strong>. Quem É Deus. Rio de Janeiro, CPAD, 1991.
correspondente, aparece 220 vezes no Novo Testamento. Na<strong>da</strong><br />
menos de 91 dessas ocorrências, em essência especial, com ou sem<br />
qualificativo quanto ao caráter ou a origem, indicam o Espírito <strong>Santo</strong>.<br />
São usa<strong>do</strong>s pronomes masculinos, como na indicação <strong>do</strong> Pai e<br />
<strong>do</strong> Filho, <strong>do</strong>minan<strong>do</strong>, portanto, to<strong>da</strong> construção gramatical neste<br />
senti<strong>do</strong>. Isto é importante!<br />
V - Seu Relacionamento<br />
A atuação <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> pode ser vista tanto em relação ao<br />
universo físico como ao espiritual. Sua ação pode ser presencia<strong>da</strong> em<br />
ambos os Testamentos. Entretanto, com maior impacto, o Espírito foi<br />
prometi<strong>do</strong> para uma dispensação futura, a tal ponto que, nos tempos<br />
<strong>do</strong> Messias, Ele seria "derrama<strong>do</strong> sobre to<strong>da</strong> a carne". ( 3 )<br />
1. Com o Universo<br />
"E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face <strong>do</strong><br />
abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face <strong>da</strong>s águas" (Gn<br />
1.2).<br />
Observe-se que a palavra "Deus" está no plural, e o verbo, no<br />
singular (no hebraico, há três números: singular, dual e plural).<br />
Assim, a natureza de Deus é revela<strong>da</strong> na primeiras palavras de<br />
Gênesis, como de igual mo<strong>do</strong> o Filho e o Espírito <strong>Santo</strong>: uma<br />
Trin<strong>da</strong>de, porém um só Deus.<br />
O Filho aparece na "segun<strong>da</strong>" palavra <strong>da</strong> Bíblia - Ele é o<br />
princípio (Ap 3.14).<br />
O Pai aparece na "quarta" palavra.<br />
O Espírito <strong>Santo</strong> aparece na "trigésima-terceira" palavra, e <strong>da</strong>í<br />
por diante sua presença contínua e suas manifestações tópicas nas<br />
obras de Deus são presencia<strong>da</strong>s em ca<strong>da</strong> acontecimento. Dessa<br />
maneira, podemos aceitar que, na criação <strong>do</strong> Universo, o Pai a propôs<br />
3 RIGGS, R. M. O Espírito <strong>Santo</strong>, São Paulo, Vi<strong>da</strong>, 1981.
e o Filho agiu pela energia <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>. Subentende-se,<br />
portanto, que o Espírito <strong>Santo</strong>, como Divin<strong>da</strong>de inseparável em to<strong>da</strong><br />
a criação, manifesta sua presença em to<strong>do</strong>s os elementos <strong>da</strong> natureza<br />
cria<strong>da</strong>. To<strong>da</strong>s as forças <strong>da</strong> natureza são apenas evidências <strong>da</strong><br />
presença e operação <strong>do</strong> Espírito de Deus. To<strong>da</strong> a criação, e to<strong>do</strong> ser<br />
cria<strong>do</strong>, deve sua existência e continuação às "mãos de Deus": Cristo<br />
("Nele foram cria<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s as coisas", Cl 1.16) e ao Espírito <strong>Santo</strong><br />
("Ele criou e ornamentou a to<strong>da</strong>s as coisas"; cf. Jo 26.13; 33.4; Sl<br />
104.30).<br />
2. Com Cristo<br />
O Espírito <strong>Santo</strong> desceu sobre Maria, produzin<strong>do</strong> a concepção<br />
virginal <strong>do</strong> Filho de Deus (Mt 1.20; Lc 1.23), e é visto como aquEle<br />
que "ungiu" Jesus de Nazaré, capacitan<strong>do</strong>-o para sua missão<br />
evangeliza<strong>do</strong>ra (Lc 4.18,19) e seu ministério miraculoso. <strong>Pedro</strong><br />
afirma que Deus "ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito <strong>Santo</strong> e<br />
com virtude; o qual an<strong>do</strong>u fazen<strong>do</strong> bem, e curan<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s os<br />
oprimi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> diabo, porque Deus era com ele" (At 10.38). Ele veio<br />
substituir o Filho na missão de conduzir os homens a Deus, como sua<br />
Testemunha poderosa (Jo 15.26). É a força restaura<strong>do</strong>ra por meio <strong>da</strong><br />
qual Cristo opera (Rm 8.11). Finalmente, Ele é o "Amigo Fiel" de<br />
Cristo, glorifican<strong>do</strong>-o por ter realiza<strong>do</strong> tão sublime redenção em<br />
favor de quem não a merecia (Jo 16.14).<br />
3. Com a Igreja<br />
O Espírito <strong>Santo</strong> é o único que pode regenerar a alma,<br />
mediante seu toque transforma<strong>do</strong>r. Sua presença entre os salvos deve<br />
ser contínua e perpétua, pois assim produz no crente fruto semelhante<br />
a natureza moral positiva de Deus (Gl 5.22,23).<br />
O objetivo principal <strong>do</strong> fruto <strong>do</strong> Espírito no crente, bem como<br />
de to<strong>da</strong>s as suas operações na alma, é transformá-lo segun<strong>do</strong> a<br />
imagem de Cristo, nos termos mais literais possíveis (2 Co 3.18). A<br />
promessa de Jesus a seus discípulos foi a presença constante <strong>do</strong>
Espírito em suas vi<strong>da</strong>s. Ele disse: "... para que [o Espírito <strong>Santo</strong>]<br />
fique convosco para sempre... porque habita convosco, e estará em<br />
vós" (Jo 14.16,17).<br />
a. Após a ressurreição de Cristo. Depois de ressurreto, Jesus<br />
entrou numa casa para participar com seus discípulos <strong>da</strong> primeira<br />
reunião de seu ministério celestial. As portas <strong>da</strong>quele santuário<br />
improvisa<strong>do</strong> estavam "cerra<strong>da</strong>s... onde os discípulos, com me<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
judeus, se tinham ajunta<strong>do</strong>".<br />
Após tê-los sau<strong>da</strong><strong>do</strong> ("Paz seja convosco!"), o segun<strong>do</strong> ato <strong>do</strong><br />
Senhor foi "soprar" sobre eles, dizen<strong>do</strong>: "Recebei o Espírito <strong>Santo</strong>"<br />
(Jo 20.19,22).<br />
To<strong>do</strong> salvo, segun<strong>do</strong> as Escrituras, tem o Espírito <strong>Santo</strong> como<br />
selo <strong>da</strong> ressurreição de Cristo. Porque "se alguém não tem o Espírito<br />
de Cristo, esse tal não é dele" (Rm 8.9). E esta é a confirmação<br />
divina: "Se o Espírito <strong>da</strong>quele que <strong>do</strong>s mortos ressuscitou a Jesus<br />
habita em vós", então, sem nenhuma dúvi<strong>da</strong>, "somos filhos de Deus"<br />
(Rm 8.11,16).<br />
Ora, o grande sucesso, tanto <strong>da</strong> igreja como <strong>do</strong> crente em<br />
particular, tem si<strong>do</strong> a presença gloriosa <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>.<br />
Paulo revela aos crentes de Corinto: "Não sabeis vós que sois<br />
o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1 Co<br />
3.16).<br />
b. A habitação <strong>do</strong> Espírito. Depois <strong>do</strong> processo de<br />
regeneração no peca<strong>do</strong>r, o Espírito <strong>Santo</strong> passa a habitar nele, e aí<br />
permanece como Agente divino <strong>da</strong> comunicação com o Pai e o Filho.<br />
A habitação <strong>do</strong> Espírito é uma fase posterior à obra <strong>da</strong> conversão, e<br />
possibilita o crescimento <strong>da</strong> nova vi<strong>da</strong> inicia<strong>da</strong> naquele que foi<br />
chama<strong>do</strong> <strong>da</strong>s trevas para viver na luz.<br />
"Precisamos reconhecer sua presença permanente no templo<br />
de nossos corpos. Esse reconhecimento deve tornar-se sagra<strong>do</strong> e<br />
levar-nos, sem interrupção alguma, a uma vi<strong>da</strong> imacula<strong>da</strong>, livre de
peca<strong>do</strong>. É o segre<strong>do</strong> <strong>da</strong> experiência de seu poder, que<br />
permanentemente atua naquele que é fiel e obediente a Cristo".( 4 )<br />
A comunhão com o Espírito <strong>Santo</strong> leva o crente a aspirar pela<br />
sua presença, no dizer de Paulo: "Não vos embriagueis com vinho,<br />
em que há conten<strong>da</strong>, mas enchei-vos <strong>do</strong> Espírito" (Ef 5.18).<br />
c. A companhia <strong>do</strong> Espírito. R. M. Riggs observa que desde o<br />
seu advento, no dia de Pentecoste, em Jerusalém, e através de outras<br />
visitações nas congregações de Samaria (At 8), Cesaréia (At 10),<br />
Antioquia <strong>da</strong> Síria (At 13.2,4), Antioquia <strong>da</strong> Pisídia (At 13.14), Éfeso<br />
(At 19.1-7), Corinto (1 Co 12.13) e Galácia (Gl 3.2), o Espírito <strong>Santo</strong><br />
continua habitan<strong>do</strong> pessoalmente nos crentes em Jesus - algo que<br />
Cristo não poderia fazer quan<strong>do</strong> an<strong>da</strong>va visivelmente na terra em<br />
carne humana, isto é, de habitar o corpo <strong>do</strong>s outros, mas o Espírito<br />
<strong>Santo</strong> o faz agora.<br />
d. Dirigin<strong>do</strong> nossos passos. A partir <strong>do</strong> Pentecoste, o Espírito<br />
<strong>Santo</strong> passou a dirigir os passos <strong>da</strong> Igreja. A nova dispensação,<br />
inaugura<strong>da</strong> pela glorificação de Cristo, é chama<strong>da</strong> tanto de era <strong>do</strong><br />
Espírito <strong>Santo</strong> como era <strong>da</strong> Igreja.<br />
O Espírito e a Igreja em tu<strong>do</strong> agem de comum acor<strong>do</strong>. A<br />
Igreja sem o Espírito seria um corpo sem vi<strong>da</strong>; e o Espírito sem a<br />
Igreja, uma força sem meio de ação. Por esta razão o Espírito e a<br />
Igreja são inseparáveis e sempre dirigi<strong>do</strong>s um para o outro.<br />
Ambos são anuncia<strong>do</strong>s e prometi<strong>do</strong>s por Jesus durante o seu<br />
ministério terreno (Mt 16.18; Jo 7.39). Depois <strong>da</strong> ressurreição de<br />
nosso Senhor, os <strong>do</strong>is aparecem juntos no plano <strong>da</strong> salvação.<br />
Finalmente, o Espírito e a Igreja estão uni<strong>do</strong>s na mesma espera: o<br />
advento de Jesus Cristo (Ap 22.17).<br />
e. No livro de Atos <strong>do</strong>s Apóstolos. O Espírito <strong>Santo</strong> rouba a<br />
4 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpreta<strong>do</strong>. Milenium, 1982.
cena neste livro que é padrão para a Igreja, tanto no senti<strong>do</strong><br />
evangelístico como no administrativo e social. Assim como nos<br />
evangelhos a presença <strong>do</strong> Filho de Deus revelan<strong>do</strong> e exaltan<strong>do</strong> o Pai<br />
é o fato principal, também a presença <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, exaltan<strong>do</strong> e<br />
revêlan<strong>do</strong> o Filho de Deus, preenche o campo inteiro de nossa visão<br />
em Atos - até nossos dias.<br />
Cumprem-se assim as palavras de Jesus aos discípulos: "Ele<br />
[o Espírito <strong>Santo</strong>] habita convosco, e estará em vós" (Jo 14.17).<br />
4. Com o Mun<strong>do</strong><br />
Nosso Senhor sintetizou a missão <strong>do</strong> Espírito: "E, quan<strong>do</strong> ele<br />
vier, convencerá o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> peca<strong>do</strong>, <strong>da</strong> justiça, e <strong>do</strong> juízo" (Jo 16.8).<br />
a. "Do peca<strong>do</strong>, porque não crêem em mim" (Jo 16.9).<br />
Existem várias interpretações sobre o poder de convencimento <strong>do</strong><br />
Espírito <strong>Santo</strong>, sen<strong>do</strong> que as opiniões seguem mais ou menos assim:<br />
"As palavras de Jesus no versículo 9 apontam principalmente o<br />
tremen<strong>do</strong> peca<strong>do</strong> <strong>da</strong> rejeição ao Messias, <strong>do</strong> qual é antes de to<strong>do</strong>s<br />
acusa<strong>da</strong> a incrédula comuni<strong>da</strong>de ju<strong>da</strong>ica" (At 3.18-20; 7.7,45;15.22).<br />
Está em foco o peca<strong>do</strong> de rejeição, porquanto a Luz veio ao<br />
mun<strong>do</strong>, mas os homens a rejeitaram. Jesus "veio para o que era seu<br />
[os judeus], e os seus não o receberam" (Jo 1.11). Com a vin<strong>da</strong><br />
gloriosa <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, to<strong>do</strong>s foram convenci<strong>do</strong>s deste peca<strong>do</strong><br />
"contra" Cristo.<br />
Uma segun<strong>da</strong> interpretação diz respeito à poderosa atuação <strong>do</strong><br />
Espírito na conversão <strong>do</strong> homem. O Espírito <strong>Santo</strong> opera diretamente<br />
no coração <strong>do</strong> homem, e este se convence de que é um peca<strong>do</strong>r de<br />
fato a vagar sem rumo nesta vi<strong>da</strong>. O Espírito, então, mostra-lhe a<br />
cruz de Cristo (Ap 22.17).<br />
b. "Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis<br />
mais" (Jo 16.10). Temos aqui um avanço em relação a idéia anterior,<br />
pois o Espírito <strong>Santo</strong> agora não somente revela aos homens de que
consiste o peca<strong>do</strong>, convencen<strong>do</strong>-os dessa reali<strong>da</strong>de, mas também de<br />
que consiste a justiça. Em outras palavras, o Espírito de Deus<br />
convence os homens <strong>da</strong> justiça de Cristo.<br />
c. "E <strong>do</strong> juízo, porque já o príncipe deste mun<strong>do</strong> está<br />
julga<strong>do</strong>" (Jo 16.11). O senso moral correto exige que os homens<br />
sejam recompensa<strong>do</strong>s ou puni<strong>do</strong>s. Essa prova moral baseia-se na<br />
justiça de Deus, que exige recebam a virtude e o vício as sanções que<br />
lhes são devi<strong>da</strong>s: recompensa ou punição.<br />
Aqui no mun<strong>do</strong>, as sanções <strong>da</strong> virtude e <strong>do</strong> vício são<br />
evidentemente insuficientes: muitas vezes o vício triunfa, enquanto a<br />
virtude é humilha<strong>da</strong>. A justiça deseja que ca<strong>da</strong> um seja trata<strong>do</strong><br />
segun<strong>do</strong> as suas obras, e isto não pode ser feito senão por meio de<br />
Cristo. O Espírito <strong>Santo</strong>, portanto, convence o mun<strong>do</strong> deste juízo por<br />
Cristo (At 17.30,31). Em síntese, o Espírito <strong>Santo</strong> convence o<br />
mun<strong>do</strong>:<br />
• Do peca<strong>do</strong>: contra o Cristo - crucifica<strong>do</strong>.<br />
• Da justiça: de Cristo - glorifica<strong>do</strong>.<br />
• Do juízo: por Cristo - diante <strong>do</strong> Trono Branco.<br />
Por três vezes Jesus referiu-se ao Espírito <strong>Santo</strong> como o<br />
"Espírito de ver<strong>da</strong>de" (Jo 14.17; 15.26; 16.13). Significa que o<br />
Espírito <strong>Santo</strong> é o Agente que conduz os homens a Cristo, que é a<br />
Ver<strong>da</strong>de, convence os homens de que tu<strong>do</strong> o que Cristo falou era<br />
ver<strong>da</strong>de, bem como <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Juízo Final, diante <strong>do</strong> Trono<br />
Branco, efetua<strong>do</strong> por Cristo ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pai.
2. NOMES E TÍTULOS DO ESPÍRITO SANTO<br />
I - Seus Nomes e Títulos<br />
Vários nomes e títulos são <strong>da</strong><strong>do</strong>s ao Espírito <strong>Santo</strong> nas<br />
Escrituras, que descrevem a natureza profun<strong>da</strong> <strong>do</strong> seu Ser. O nome<br />
traduz a natureza <strong>do</strong> ser que o carrega. O título expressa sua fama e<br />
reputação.<br />
Além <strong>do</strong>s nomes e títulos conferi<strong>do</strong>s ao Espírito <strong>Santo</strong> são<br />
também usa<strong>do</strong>s pronomes pessoais, para que a imaginação humana<br />
possa concebê-lo como realmente é.<br />
Os escritores <strong>do</strong> Antigo e <strong>do</strong> Novo Testamento e milhões de<br />
outras testemunhas afirmam a existência real <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, como<br />
sen<strong>do</strong> de fato uma <strong>Pessoa</strong>.<br />
É impossível que milhões de pessoas tenham combina<strong>do</strong><br />
mentir por uma extensão de séculos. To<strong>da</strong>s elas, desde os mais<br />
remotos tempos, têm afirma<strong>do</strong> a mesma coisa: o Espírito <strong>Santo</strong><br />
existe, e é uma <strong>Pessoa</strong> real. Com efeito, fosse Ele uma simples<br />
influência, sopro ou vento, os milhões de depoimentos se teriam<br />
desfeito em contradições.<br />
Ele é, como já vimos, a terceira <strong>Pessoa</strong> <strong>da</strong> Santíssima<br />
Trin<strong>da</strong>de. Em to<strong>da</strong> a extensão <strong>do</strong> Novo Testamento, que marca<br />
exatamente a era <strong>do</strong> Espírito em sua plenitude, faz-se alusão a Ele em<br />
termos coloquiais, como "esse" (e não isso) e "aquele" (e não aquilo).<br />
Os pronomes e apelativos são largamente usa<strong>do</strong>s para<br />
descrever sua existência e personali<strong>da</strong>de:<br />
EU - "E, pensan<strong>do</strong> <strong>Pedro</strong> naquela visão, disse-lhe o Espírito<br />
<strong>Santo</strong>: Eis que três varões te buscam. Levanta-te pois, e desce, e vai<br />
com ele, não duvi<strong>da</strong>n<strong>do</strong>; porque eu os enviei" (At 10.19,20).<br />
ELE - "E, quan<strong>do</strong> ele vier, convencerá o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> peca<strong>do</strong>, e
<strong>da</strong> justiça, e <strong>do</strong> juízo" (Jo 16.8).<br />
AQUELE - "Mas aquele Consola<strong>do</strong>r, o Espírito <strong>Santo</strong>, que o<br />
Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará to<strong>da</strong>s as coisas, e vos<br />
fará lembrar de tu<strong>do</strong> quanto vos tenho dito" (Jo 14.26).<br />
OUTRO - "E eu rogarei ao Pai, e ele vos <strong>da</strong>rá outro<br />
Consola<strong>do</strong>r, para que fique convosco para sempre" (Jo 14.16).<br />
ESSE - "O Espírito <strong>Santo</strong>, que o Pai enviará em meu nome,<br />
esse vos ensinará to<strong>da</strong>s as coisas" (Jo 14.26).<br />
Ca<strong>da</strong> nome ou título <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> descreve a natureza de<br />
sua existência e caráter.<br />
Alguns destes nomes e títulos descrevem a sua natureza<br />
propriamente dita; outros, a sua obra; outros ain<strong>da</strong>, sua manifestação.<br />
O ESPÍRITO (simplesmente) - "Mas Deus no-las revelou pelo<br />
seu Espírito; porque o Espírito penetra to<strong>da</strong>s as coisas, ain<strong>da</strong> as<br />
profundezas de Deus" (1 Co 2.10).<br />
O ESPÍRITO DE DEUS - "E a terra era sem forma e vazia; e<br />
havia trevas sobre a face <strong>do</strong> abismo; e o Espírito de Deus se movia<br />
sobre a face <strong>da</strong>s águas" (Gn 1.2).<br />
O ESPÍRITO DO DEUS VIVO - "Porque já é manifesta<strong>do</strong><br />
que vós sois a carta de Cristo, ministra<strong>da</strong> por nós, e escrita, não com<br />
tinta, mas com o Espírito <strong>do</strong> Deus Vivo, não em tábuas de pedra, mas<br />
nas tábuas de carne <strong>do</strong> coração" (2 Co 3.3).<br />
O ESPÍRITO DO SENHOR DEUS - "O Espírito <strong>do</strong> Senhor<br />
Deus está sobre mim; porque o Senhor me ungiu, para pregar boas<br />
novas aos mansos: enviou-me a restaurar os contritos de coração, a<br />
proclamar liber<strong>da</strong>de aos cativos e a abertura de prisão aos presos" (Is<br />
61.1).<br />
O ESPÍRITO DO SENHOR - "E, quan<strong>do</strong> saíram <strong>da</strong> água, o<br />
Espírito <strong>do</strong> Senhor arrebatou a Filipe, e não viu mais o eunuco; e,<br />
jubiloso, continuou o seu caminho" (At 8.39).<br />
O ESPÍRITO DE VOSSO PAI - "Porque não sois vós quem<br />
falará, mas o Espírito de vosso Pai é quem fala em vós" (Mt 10.20).
O ESPÍRITO DE CRISTO - "In<strong>da</strong>gan<strong>do</strong> que tempo ou que<br />
ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava,<br />
anteriormente testifican<strong>do</strong> os sofrimentos que a Cristo haviam de vir<br />
e a glória que se lhes havia de seguir" (1 Pe 1.11).<br />
O ESPÍRITO DE JESUS CRISTO - "Porque sei que disto me<br />
resultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro <strong>do</strong> Espírito de<br />
Jesus Cristo, segun<strong>do</strong> a minha intensa expectação e esperança..." (Fl<br />
1.19,20).<br />
O ESPÍRITO DE JESUS - "E, quan<strong>do</strong> chegaram a Mísia,<br />
intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu"<br />
(At 16.7).<br />
O ESPÍRITO DE SEU FILHO - "E, porque sois filhos, Deus<br />
enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba,<br />
Pai" (Gl 4.6).<br />
O ESPÍRITO DE ARDOR - "Quan<strong>do</strong> o Senhor lavar a<br />
imundícia <strong>da</strong>s filhas de Sião, e limpar o sangue de Jerusalém <strong>do</strong> meio<br />
dela, com... o Espírito de ar<strong>do</strong>r... e haverá um tabernáculo para<br />
sombra contra o calor <strong>do</strong> dia" (Is 4.4,5).<br />
O ESPIRITO DE SÚPLICAS - "E sobre a casa de Davi e<br />
sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito... de<br />
súplicas..." (Zc 12.10).<br />
O ESPÍRITO DE ADOÇÃO - "Porque não recebestes o<br />
espírito de escravidão para outra vez estardes em temor, mas<br />
recebestes o Espírito de a<strong>do</strong>ção de filhos, pelo qual clamamos: Aba,<br />
Pai" (Rm 8.15).
O ESPÍRITO DA PROMESSA - "Em quem também vós<br />
estais, depois que ouvistes a palavra <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de, o evangelho <strong>da</strong><br />
vossa salvação; e, ten<strong>do</strong> nele também cri<strong>do</strong>, foste sela<strong>do</strong> com o<br />
Espírito <strong>da</strong> promessa; o qual é o penhor <strong>da</strong> vossa herança..." (Ef<br />
1.13,14).<br />
O ESPÍRITO DE VIDA - "Porque a lei <strong>do</strong> Espírito de vi<strong>da</strong>,<br />
em Cristo Jesus, me livrou <strong>da</strong> lei <strong>do</strong> peca<strong>do</strong> e <strong>da</strong> morte" (Rm 8.2).<br />
O ESPÍRITO DE VERDADE - "Mas, quan<strong>do</strong> vier o<br />
Consola<strong>do</strong>r, que eu <strong>da</strong> parte <strong>do</strong> Pai vos hei de enviar, aquele Espírito<br />
de ver<strong>da</strong>de, que procede <strong>do</strong> Pai, ele testificará de mim" (Jo 15.26).<br />
O ESPÍRITO DA GRAÇA - "De quanto maior castigo cui<strong>da</strong>is<br />
vos será julga<strong>do</strong> merece<strong>do</strong>r aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver<br />
por profano o sangue <strong>do</strong> testamento, como foi santifica<strong>do</strong>, e fizer<br />
agravo ao Espírito <strong>da</strong> graça?" (Hb 10.29).<br />
O ESPÍRITO DA GLÓRIA - "Se pelo nome de Cristo sois<br />
vitupera<strong>do</strong>s, bem-aventura<strong>do</strong>s sois, porque sobre vós repousa o<br />
Espírito <strong>da</strong> glória de Deus" (1 Pe 4.14).<br />
O ESPÍRITO DE REVELAÇÃO - "Para que o Deus de nosso<br />
Senhor Jesus Cristo, o Pai <strong>da</strong> glória, vos dê em seu conhecimento o<br />
Espírito... de revelação; ten<strong>do</strong> ilumina<strong>do</strong>s os olhos <strong>do</strong> vosso<br />
entendimento..." (Ef 1.17,18).<br />
O ESPÍRITO ETERNO - "Quanto mais o sangue de Cristo,<br />
que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imacula<strong>do</strong> a Deus,<br />
purificará as vossas consciências <strong>da</strong>s obras mortas, para servirdes ao<br />
Deus vivo" (Hb 9.14).<br />
O ESPÍRITO DE SANTIFICAÇÃO - "Declara<strong>do</strong> Filho de
Deus em poder, segun<strong>do</strong> o Espírito de santificação, pela ressurreição<br />
<strong>do</strong>s mortos, Jesus Cristo Nosso Senhor" (Rm 1.4).<br />
O ESPÍRITO SANTO - "Mas aquele Consola<strong>do</strong>r, o Espírito<br />
<strong>Santo</strong>, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará to<strong>da</strong>s as<br />
coisas, e vos fará lembrar de tu<strong>do</strong> quanto vos tenho dito" (Jo 14.26).<br />
Em Lucas 11.20, o Espírito <strong>Santo</strong> é chama<strong>do</strong> de O DEDO DE<br />
DEUS; em Atos 5.4, de DEUS; em Apocalipse 19.10, de ESPÍRITO<br />
DE PROFECIA. Em Isaías 11.2, Ele é apresenta<strong>do</strong> em sua plenitude,<br />
septiforme:<br />
O ESPÍRITO DO SENHOR<br />
O ESPÍRITO DE SABEDORIA<br />
O ESPÍRITO DE INTELIGÊNCIA<br />
O ESPÍRITO DE CONSELHO<br />
O ESPÍRITO DE FORTALEZA<br />
O ESPÍRITO DE CONHECIMENTO<br />
O ESPÍRITO DE TEMOR DO SENHOR<br />
Se o Espírito <strong>Santo</strong> não fosse de fato uma pessoa, como se<br />
<strong>da</strong>riam tantos nomes a Ele? A razão natural e as luzes <strong>da</strong> fé afirmam<br />
que Ele existe!<br />
II - Nomes que o Identificam com a Trin<strong>da</strong>de<br />
Já observamos que o nome é <strong>da</strong><strong>do</strong> para denotar a natureza<br />
profun<strong>da</strong> <strong>do</strong> ser que o carrega. Assim, a criatura somente era<br />
conheci<strong>da</strong> depois que se lhe <strong>da</strong>va o nome (Gn 2.19). No caso <strong>do</strong><br />
Espírito <strong>Santo</strong>, encontramos vários nomes, como acabamos de expor.<br />
Entretanto, há três nomes principais que o identificam diretamente<br />
com a Santíssima Trin<strong>da</strong>de e as dimensões universais <strong>da</strong> existência:
ESPIRITO DE DEUS ESPÍRITO DE CRISTO<br />
ESPÍRITO SANTO<br />
1. O Espírito de Deus<br />
Encontramos este nome divino no início <strong>da</strong> Bíblia, associa<strong>do</strong><br />
diretamente à obra <strong>da</strong> criação, onde nos é dito que "o Espírito de<br />
Deus se movia sobre a face <strong>da</strong>s águas" (Gn 1.2). Ele aparece como<br />
co-participante, a "pairar" sobre o caos <strong>da</strong>s águas <strong>do</strong> oceano primevo,<br />
quan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> estava mergulha<strong>do</strong> em escuridão e total desordem.<br />
Em outras passagens <strong>da</strong>s Escrituras, aparece também este<br />
nome, liga<strong>do</strong> diretamente à criação, à renovação <strong>da</strong> terra e à<br />
regeneração <strong>da</strong> pessoa humana (Gn 6.3; 41.38; Jo 33.4; Ez 11.24; Rm<br />
8.9; 1 Co 3.16 etc). Em Jo 33.4, Eliú, um sábio oriental, associa-o à<br />
criação <strong>do</strong> homem: "O Espírito de Deus me fez; e a inspiração <strong>do</strong><br />
To<strong>do</strong>-poderoso me deu vi<strong>da</strong>". Em Salmos 104.30, liga-se à criação<br />
inteira: "Envias o teu Espírito, e são cria<strong>do</strong>s, e assim renovas a face<br />
<strong>da</strong> terra". No tocante à regeneração <strong>da</strong> pessoa humana, Ele é cita<strong>do</strong><br />
em vários elementos <strong>do</strong>utrinários <strong>da</strong>s Escrituras, sempre produzin<strong>do</strong><br />
uma "nova criatura" para Cristo e seu Reino (Rm 8.2). A vi<strong>da</strong> <strong>do</strong><br />
próprio Jesus, no ventre <strong>da</strong> virgem, foi um ato miraculoso de seu<br />
poder (Mt 1.20; Lc 1.35).<br />
2. O Espírito de Cristo<br />
Este nome está relaciona<strong>do</strong> à obra <strong>da</strong> redenção, que Cristo<br />
realizou por amor de nós. Desde os tempos mais remotos, o Espírito<br />
<strong>Santo</strong> vinha "testifican<strong>do</strong> os sofrimentos que a Cristo haviam de vir e<br />
a glória que se lhes havia de seguir" (1 Pe 1.11). Esta é uma <strong>da</strong>s<br />
razões por que Ele é chama<strong>do</strong> O ESPÍRITO DE CRISTO. Ele acompanhou<br />
to<strong>do</strong>s os passos, atos e palavras de Cristo em sua missão<br />
divina a favor <strong>do</strong>s homens.<br />
3. O Espírito <strong>Santo</strong><br />
Este nome está diretamente relaciona<strong>do</strong> à santificação <strong>da</strong>s
coisas e <strong>do</strong>s seres. Tu<strong>do</strong> se santifica ou é santifica<strong>do</strong> pela atuação<br />
gloriosa <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>. Até a evidência central <strong>da</strong> ressurreição de<br />
Cristo aconteceu "segun<strong>do</strong> o Espírito de santificação" (Rm 1.4). Esta<br />
é, portanto, a natureza <strong>do</strong> seu Ser e a extensão de sua obra<br />
santifica<strong>do</strong>ra.<br />
Ao abrirmos o Novo Testamento, encontramos o Espírito<br />
<strong>Santo</strong> imediatamente com este nome, e <strong>da</strong>í por diante em ca<strong>da</strong> seção<br />
tópica ou celestial.<br />
a. Como Espírito de Deus. Representan<strong>do</strong> a onipotência de<br />
Deus, que tu<strong>do</strong> criou e tu<strong>do</strong> pode fazer.<br />
b. Como Espírito de Cristo. Representan<strong>do</strong> a onisciência de<br />
Deus que, com antecedência de séculos, planejou to<strong>da</strong> a obra <strong>da</strong><br />
redenção.<br />
c. Como Espírito <strong>Santo</strong>. Representan<strong>do</strong> a onipresença <strong>do</strong> Deus<br />
<strong>Santo</strong>, que faz <strong>da</strong> santi<strong>da</strong>de a condição moral necessária presente em<br />
to<strong>do</strong> o Universo.<br />
III - Títulos <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong><br />
Já falamos sobre os nomes <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>; agora, veremos<br />
alguns de seus títulos associa<strong>do</strong>s, evidentemente, à sua fama e<br />
reputação.<br />
1. O Consola<strong>do</strong>r<br />
"E eu rogarei ao Pai, e ele vos <strong>da</strong>rá outro Consola<strong>do</strong>r..." (Jo<br />
14.16). Há um testemunho gramatical que deve ser menciona<strong>do</strong> aqui:<br />
o uso <strong>do</strong> substantivo masculino "paracleto", emprega<strong>do</strong> por Cristo ao<br />
referir-se ao Espírito <strong>Santo</strong>.<br />
O próprio Jesus, durante sua vi<strong>da</strong> terrena, era o Consola<strong>do</strong>r<br />
<strong>do</strong>s seus discípulos, e os consolou quan<strong>do</strong> estaca prestes a deixá-los,
prometen<strong>do</strong>-lhes "outro Consola<strong>do</strong>r" (paracleto). Tu<strong>do</strong> o que Jesus<br />
fora para os discípulos, o outro Consola<strong>do</strong>r haveria de ser. Portanto,<br />
o Espírito <strong>Santo</strong> seria uma <strong>Pessoa</strong> substituin<strong>do</strong> outra.<br />
A palavra parakletos é antiga, usa<strong>da</strong> no grego clássico, como<br />
nos escritos de Demóstenes, onde aparece com o senti<strong>do</strong> de<br />
"advoga<strong>do</strong>" - alguém que pleiteia a causa de outrem -, senti<strong>do</strong> este<br />
que passou para o grego helenista, nos escritos de Josefo, historia<strong>do</strong>r<br />
ju<strong>da</strong>ico <strong>do</strong> primeiro século de nossa era, e de Filo e igualmente aos<br />
papiros <strong>do</strong>s tempos <strong>do</strong>s apóstolos.<br />
O termo deriva <strong>do</strong>s vocábulos gregos para ("para o la<strong>do</strong> de") e<br />
kaleo ("chamar", "convocar"), <strong>da</strong>n<strong>do</strong> o senti<strong>do</strong> geral de "alguém<br />
chama<strong>do</strong> para aju<strong>da</strong>r ao la<strong>do</strong> de outrem".<br />
Afirma-se que, nos tribunais romanos e gregos, os advoga<strong>do</strong>s<br />
que assistiam os amigos o faziam não pela recompensa ou<br />
remuneração, mas por amor e consideração, aju<strong>da</strong>n<strong>do</strong> com sábios<br />
conselhos.<br />
A palavra traduzi<strong>da</strong> por "aju<strong>da</strong>" é extremamente significativa.<br />
É forma<strong>da</strong> por três palavras gregas - duas preposições e uma raiz<br />
verbal. Uma <strong>da</strong>s preposições significa "com"; a outra, "<strong>do</strong> outro<br />
la<strong>do</strong>"; e a raiz verbal quer dizer "segurar". Assim, temos: "segurar <strong>do</strong><br />
outro la<strong>do</strong> com".<br />
"Em alguns momentos de provações, podemos ver alguém ao<br />
'nosso la<strong>do</strong>' e até pensamos, mesmo por uma questão de temor e<br />
respeito, que este 'alguém' seja o Pai ou o Filho, ou até mesmo um<br />
anjo <strong>da</strong> corte celestial, sem lembrarmos que é o Espírito <strong>Santo</strong>,<br />
aju<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-nos em nossas fraquezas". ( 5 )<br />
2. O Guia espiritual<br />
Este título é também conferi<strong>do</strong> a nosso Senhor Jesus Cristo<br />
(Mq 5.2; Mt 2.6). Aplica<strong>do</strong> ao Espírito <strong>Santo</strong>, porém, está<br />
relaciona<strong>do</strong> diretamente com sua missão orienta<strong>do</strong>ra em to<strong>do</strong>s os<br />
5 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpreta<strong>do</strong>. Milenium, 1982.
senti<strong>do</strong>s <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, especialmente quanto as ver<strong>da</strong>des espirituais, nas<br />
quais a alma humana está fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>.<br />
As pessoas, precisam de pontos de referência para sua<br />
orientação. Numa ci<strong>da</strong>de, por exemplo, são pontos de referência<br />
praças, igrejas, edifícios, torres de comunicações etc. Também são<br />
pontos de referência para<strong>da</strong>s de ônibus, nomes <strong>da</strong>s estações de trem e<br />
metrô e de lugares.<br />
To<strong>do</strong>s esses meios indicam direções seguras e exatas, em<br />
qualquer lugar <strong>da</strong> Terra ou mesmo <strong>do</strong> Universo, especialmente<br />
naquelas dimensões que o homem pode atingir. Para isso foram<br />
cria<strong>do</strong>s os pontos universais de referência - os pontos cardeais,<br />
determina<strong>do</strong>s com base no movimento <strong>do</strong> Sol (Igor).<br />
Para Deus, entretanto, o conceito de orientação é bem mais<br />
amplo e valioso. E Ele, em sua infinita sabe<strong>do</strong>ria, entregou esta<br />
grande missão a seu Filho, Jesus Cristo. Porém, com seu regresso ao<br />
Pai, confiou-se a tarefa ao Espírito <strong>Santo</strong>. Este título, mesmo sen<strong>do</strong><br />
uma derivação de "Consola<strong>do</strong>r", possui algumas significações<br />
especiais. Está liga<strong>do</strong> diretamente a uma promessa de Jesus a seus<br />
discípulos: "Ele [o Espírito] vos guiará em to<strong>da</strong> a ver<strong>da</strong>de..."<br />
A promessa foi confirma<strong>da</strong> logo após a ressurreição de nosso<br />
Senhor. O Espírito acompanhava a Igreja passo a passo. Paulo diz<br />
que os cristãos são guia<strong>do</strong>s pelo Espírito: "Porque to<strong>do</strong>s os que são<br />
guia<strong>do</strong>s pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus" (Rm 8.14);<br />
em Gaiatas 5.18, o apóstolo acrescenta: "Se sois guia<strong>do</strong>s pelo<br />
Espírito, não estais debaixo <strong>da</strong> lei". Ora, sem dúvi<strong>da</strong> isto significa<br />
que quem é "guia<strong>do</strong> pelo espírito de Deus" sabe de onde veio, onde<br />
se encontra e para onde está caminhan<strong>do</strong>. Porque o Espírito <strong>Santo</strong> o<br />
"guiará em to<strong>da</strong> a ver<strong>da</strong>de".<br />
3. O de<strong>do</strong> de Deus<br />
Este título surgiu como uma expressão idiomática <strong>do</strong>s magos<br />
egípcios, talvez Janes e Jambres (2 Tm 3.8). Eles disseram a Faraó,<br />
quan<strong>do</strong> fracassaram na reprodução <strong>da</strong> praga <strong>do</strong>s piolhos: "Isto é o
de<strong>do</strong> de Deus..." (Êx 8.19). No entanto, a expressão alcançou<br />
significa<strong>do</strong> especial quan<strong>do</strong> o Senhor argumentava com os escribas e<br />
fariseus sobre a atuação poderosa <strong>do</strong> Espírito de Deus em sua vi<strong>da</strong>.<br />
Jesus demonstrou claramente a fonte <strong>do</strong> seu poder: "Mas, se eu<br />
expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é conseguintemente<br />
chega<strong>do</strong> a vós o reino de Deus". Na passagem paralela de Lucas<br />
11.20, Jesus diz literalmente: "Mas, se eu expulso os demônios pelo<br />
de<strong>do</strong> de Deus, certamente a vós é chega<strong>do</strong> o reino de Deus".<br />
Jesus utiliza-se nesta última passagem de uma expressão<br />
lucana, usa<strong>da</strong> no Antigo Testamento para demonstrar uma<br />
intervenção direta e poderosa <strong>do</strong> Espírito de Deus (cf. Êx 8.19;<br />
Dt9.10).<br />
4. Outro<br />
Este título, menciona<strong>do</strong> em João 14.16, significa "outro <strong>da</strong><br />
mesma espécie". Segun<strong>do</strong> Dods, o termo grego aqui traduzi<strong>do</strong> por<br />
"outro" é allon, e não heteron, e significa que o Espírito <strong>Santo</strong> é<br />
outro aju<strong>da</strong><strong>do</strong>r, separa<strong>do</strong> e distinto de Cristo, embora <strong>da</strong> mesma<br />
"espécie", e não distinta ou separa<strong>da</strong> de "aju<strong>da</strong><strong>do</strong>r". Ele é a<br />
continui<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Senhor Jesus em nós, igual em poder e glória,<br />
embora sob manifestação diferente.<br />
Jesus procura consolar os discípulos, mostran<strong>do</strong>-lhes que,<br />
apesar <strong>da</strong> separação que ocorreria em breve, Ele haveria de<br />
permanecer com eles para to<strong>do</strong> o sempre, porque o seu Representante<br />
legal desceria <strong>do</strong> Céu para estar no meio deles e com eles.( 6 )<br />
A palavra "paracleto" indica muito mais <strong>do</strong> que uma pessoa<br />
compassiva. Um ver<strong>da</strong>deiro paracleto acompanha intimamente em<br />
to<strong>do</strong>s os momentos o que consola. Na quali<strong>da</strong>de de Paracleto, o<br />
Espírito <strong>Santo</strong> está sempre disposto infundir poder, coragem,<br />
sabe<strong>do</strong>ria e graça ao coração de ca<strong>da</strong> salvo.<br />
Alcançamos essa graça através <strong>da</strong> nossa comunhão com Ele.<br />
6 Idem.
Razão pela qual o apóstolo Paulo a recomen<strong>da</strong> a to<strong>do</strong>s os santos: "A<br />
comunhão <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> seja com vós to<strong>do</strong>s" (2 Co 13.13).
3. FIGURAS E SÍMBOLOS DO ESPÍRITO<br />
SANTO<br />
I - Figuras e Símbolos<br />
É importante estarmos familiariza<strong>do</strong>s com a linguagem<br />
gramatical <strong>da</strong>s Escrituras, ten<strong>do</strong> em vista a significação correta <strong>da</strong>s<br />
palavras, a forma <strong>da</strong>s frases e as particulari<strong>da</strong>des idiomáticas <strong>da</strong><br />
língua emprega<strong>da</strong>.<br />
De igual mo<strong>do</strong> devemos conhecer o que ca<strong>da</strong> figura<br />
representa, à luz <strong>do</strong> contexto lógico. A. linguagem figuía-<strong>da</strong> e certos<br />
símbolos emprega<strong>do</strong>s na Bíblia, quan<strong>do</strong> bem apresenta<strong>do</strong>s, nos dão<br />
maior segurança, intensi<strong>da</strong>de e beleza na interpretação.<br />
As figuras de linguagem, também chama<strong>da</strong>s figuras de estilo,<br />
são recursos especiais de que se vale quem fala ou escreve, para<br />
comunicar-se com mais força, colori<strong>do</strong>, evidência e beleza. ( 7 )<br />
Deus também permitiu que certas figuras e símbolos fossem<br />
inseri<strong>do</strong>s no cânon sagra<strong>do</strong>, para melhor compreensão de<br />
determina<strong>da</strong>s ver<strong>da</strong>des espirituais. O Espírito <strong>Santo</strong> é representa<strong>do</strong> na<br />
Bíblia por muitas figuras e símbolos, conforme veremos a seguir.<br />
II - Figuras e Símbolos <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong><br />
Estas são as figuras e símbolos <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> nas<br />
Escrituras: ÁGUA CHUVA RIO<br />
ORVALHO VENTO ÓLEO UNÇÃO FOGO COLUNA<br />
PENHOR SELO VINHO POMBA<br />
7 CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática <strong>da</strong> Língua Portuguesa. São Paulo, Companhia<br />
Editora Nacional, 1977.
Evidentemente há outras, detecta<strong>da</strong>s por inferência.<br />
Entretanto, estas são as mais usa<strong>da</strong>s e conheci<strong>da</strong>s <strong>do</strong>s estudiosos <strong>da</strong><br />
Bíblia.<br />
1. Água<br />
"Porque derramarei água sobre o sedento, e rios sobre a terra<br />
seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteri<strong>da</strong>de, e a minha<br />
bênção sobre os teus descendentes" (Is 44.3).<br />
A água encontra-se em três regiões <strong>do</strong> Universo:<br />
• na expansão <strong>do</strong>s céus (Gn 1.6-10);<br />
• sobre a face <strong>da</strong> terra (Gn 7.11);<br />
• debaixo <strong>da</strong> terra (Jo 38.30).<br />
Esta é uma figura real <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> - Ele opera nas três<br />
dimensões <strong>da</strong> constituição humana, produzin<strong>do</strong> a regeneração <strong>do</strong><br />
espírito, <strong>da</strong> alma e <strong>do</strong> corpo (cf. 1 Ts 5.23). A operação miraculosa<br />
<strong>do</strong> Espírito no homem produz um tipo de "lavagem <strong>da</strong> regeneração e<br />
<strong>da</strong> renovação <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>" (Tt 3.5). Certamente era este o<br />
senti<strong>do</strong> <strong>da</strong>s palavras <strong>do</strong> apóstolo Paulo, ao ensinar a igreja de Corinto<br />
sobre a atuação poderosa <strong>do</strong> Espírito: "To<strong>do</strong>s temos bebi<strong>do</strong> de um<br />
Espírito" (1 Co 12.13). Uma outra figura, utiliza<strong>da</strong> por Jesus,<br />
compara o Espírito <strong>Santo</strong> a "rios de água viva". Em seu imortal<br />
discurso em Jerusalém, no último dia <strong>da</strong> festa, o Mestre convi<strong>da</strong>: "Se<br />
alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz<br />
a Escritura, rios de água viva correrão <strong>do</strong> seu ventre. E isso disse ele<br />
<strong>do</strong> Espírito, que haviam de receber os que nele cressem..." (Jo 7.37-<br />
39).<br />
O ato de beber <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> fala evidentemente de algo<br />
que mata a nossa sede espiritual. Alguns têm fome e sede de justiça<br />
(Mt 5.6); outros têm fome e sede de evangelizar os perdi<strong>do</strong>s (Rm<br />
15.19,20); outros ain<strong>da</strong> têm fome e sede de uma comunhão perfeita e<br />
permanente com o Espírito (Gl 5.25). O Espírito, como fonte perene,<br />
calma e cristalina, satisfaz to<strong>da</strong> e qualquer necessi<strong>da</strong>de espiritual ou<br />
reverte o esta<strong>do</strong> de sequidão em nossa vi<strong>da</strong>. Ele é realmente a Água
<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, que "refrigera a nossa alma" nos desertos cáli<strong>do</strong>s deste<br />
mun<strong>do</strong> injusto e cruel.<br />
O cálice, neste caso, fala <strong>da</strong> comunhão entre o Espírito <strong>Santo</strong> e<br />
o crente que se dispõe a seguir sua orientação. Pão e água são os <strong>do</strong>is<br />
elementos essenciais à sobrevivência humana. No campo espiritual<br />
isso é ain<strong>da</strong> mais evidente: Cristo, o Pão <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, satisfaz a nossa<br />
fome espiritual (Jo 6.35); o Espírito <strong>Santo</strong>, a Água <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, satisfaz a<br />
nossa sede espiritual (Ap 22.17).<br />
2. Chuva<br />
"E a elas [as ovelhas], e aos lugares ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> meu outeiro,<br />
eu porei por bênção; e farei descer a chuva a seu tempo: chuvas de<br />
bênção serão" (Ez 34.26). Tiago, o irmão <strong>do</strong> Senhor Jesus e autor <strong>da</strong><br />
epístola que leva o seu nome, menciona "as primeiras chuvas e<br />
últimas chuvas", como sen<strong>do</strong> a "chuva têmpora e serôdia", basea<strong>do</strong><br />
na metáfora agrícola (Tg 5.7). O apóstolo sabia muito bem dessas<br />
chuvas, por experiência pessoal. Os lavra<strong>do</strong>res palestinos esperavam<br />
o "precioso fruto <strong>da</strong> terra", aguar<strong>da</strong>n<strong>do</strong> as chuvas oportunas, tanto as<br />
primeiras (no hebraico, yoreh ou moreh) como as últimas (no<br />
hebraico, malhos).<br />
Na Palestina, a estação chuvosa normalmente começa nos<br />
primeiros dias de outubro e muitas vezes se prolonga até janeiro,<br />
quan<strong>do</strong> se transforma em neve. As primeiras chuvas provêem<br />
umi<strong>da</strong>de à semente recém-planta<strong>da</strong>, para que possa germinar.<br />
Portanto, é sinal para a semeadura.<br />
As últimas chuvas ocorrem em abril e maio, e são necessárias<br />
para que a semente amadureça. Este simbolismo, aplica<strong>do</strong> ao Espírito<br />
<strong>Santo</strong>, fala <strong>da</strong> beneficência que Ele traz à Igreja como um to<strong>do</strong> e ao<br />
crente em particular. A chuva sempre foi retrata<strong>da</strong> como sen<strong>do</strong> uma<br />
"bênção de Deus", que traz alegria aos corações (At 14.17).<br />
Na metáfora de Tiago, o simbolismo é perfeito: o Espírito<br />
<strong>Santo</strong> desceu no dia de Pentecoste, preparan<strong>do</strong> assim a terra para a<br />
grande semeadura <strong>da</strong> Palavra de Deus. Depois, no decorrer <strong>do</strong>s
séculos, as últimas chuvas, ou seja, suas manifestações contínuas<br />
neste mun<strong>do</strong>, especialmente onde a vontade de Deus é aceita, têm<br />
produzi<strong>do</strong> o amadurecimento e garanti<strong>do</strong> uma safra de almas<br />
abun<strong>da</strong>nte (cf. Jo 4.35-38).<br />
No final, aparece o "precioso fruto <strong>da</strong> terra" como o resulta<strong>do</strong><br />
satisfatório <strong>da</strong> chuva, <strong>da</strong> semeadura e <strong>da</strong> colheita.<br />
• O "precioso fruto <strong>da</strong> terra" é a Igreja;<br />
• O "lavra<strong>do</strong>r" é Deus. Assim interpretou Jesus: "Eu sou a<br />
videira ver<strong>da</strong>deira, meu Pai é o lavra<strong>do</strong>r" (Jo 15.1);<br />
• a "chuva têmpora" é a desci<strong>da</strong> <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> no dia de<br />
Pentecoste (At 2.1-4);<br />
• a "chuva serôdia" refere-se a outras manifestações <strong>do</strong><br />
Espírito: batizan<strong>do</strong> os crentes e conceden<strong>do</strong>-lhes <strong>do</strong>ns (At 8.15-17;<br />
9.17; 10.44-46; 19.1-6; 1 Co 1.7; 12.1-11). E, na Igreja que se seguiu,<br />
a chuva <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> tem continua<strong>do</strong> e continuará até o dia <strong>do</strong><br />
arrebatamento <strong>da</strong> Igreja por Jesus Cristo (Mc 16.17 etc).<br />
3. Rio<br />
"Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva<br />
correrão <strong>do</strong> seu ventre" (Jo 7.38).<br />
Logo no versículo seguinte, encontramos o significa<strong>do</strong> destas<br />
palavras de Jesus: "Isto disse ele <strong>do</strong> Espírito, que haviam de receber<br />
os que nele cressem".<br />
Este deve ser também o senti<strong>do</strong> de Salmos 46.4: "Há um rio [o<br />
Espírito] cujas correntes [os <strong>do</strong>ns espirituais] alegram a ci<strong>da</strong>de<br />
[Igreja] de Deus, o santuário [coração] <strong>da</strong>s mora<strong>da</strong>s <strong>do</strong> Altíssimo".<br />
Um rio pode surgir de uma fonte, de um lago ou <strong>do</strong><br />
derramamento de geleiras. O lugar onde ele nasce é chama<strong>do</strong> de<br />
nascente ou cabeceira. A partir <strong>da</strong>í, o rio corre em direção a outro rio,<br />
a um lago ou mar, onde lança suas águas. O lugar onde o rio lança<br />
suas águas chama-se foz.<br />
Chamamos curso ao caminho percorri<strong>do</strong> por um rio entre sua<br />
cabeceira e sua foz; o terreno sobre o qual as águas correm é
denomina<strong>do</strong> leito. As terras de um e outro la<strong>do</strong> <strong>do</strong> rio são as<br />
margens.<br />
De acor<strong>do</strong> com historia<strong>do</strong>res ju<strong>da</strong>icos, o último dia <strong>da</strong> festa<br />
<strong>do</strong>s Tabernáculos era denomina<strong>do</strong> "Dia <strong>do</strong> Grande Hosana", porque<br />
se fazia um circuito, por sete vezes, em torno <strong>do</strong> altar, ao mesmo<br />
tempo que to<strong>do</strong>s clamavam: "Hosana!" ( 8 )<br />
Antes <strong>do</strong> dia final, um sacer<strong>do</strong>te trazia, em um vaso de ouro,<br />
água tira<strong>da</strong> <strong>do</strong> tanque de Siloé, e então, acompanha<strong>do</strong> por um cortejo<br />
jubiloso, seguia até o Templo. Despejava a água sobre o altar,<br />
juntamente com vinho, cerimônia esta acompanha<strong>da</strong> pelo cântico <strong>do</strong><br />
Halel (Sl 113-118). Simbolicamente, segun<strong>do</strong> os rabinos, esta água<br />
mitigava a sede espiritual <strong>do</strong> povo.<br />
Jesus, entretanto, mostrou àquela gente que sua missão era<br />
outorgar uma água eterna, que é o "derramar <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> em<br />
ca<strong>da</strong> coração". A água anuncia<strong>da</strong> por Cristo não será tira<strong>da</strong> <strong>do</strong> Siloé<br />
nem leva<strong>da</strong> ao Templo, porque ca<strong>da</strong> crente será um templo <strong>do</strong><br />
Espírito <strong>Santo</strong> e uma fonte de vi<strong>da</strong>; não meramente um único rio,<br />
mas rios, o que expressa, no pensamento geral <strong>da</strong> Bíblia, um<br />
derramamento <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> em sua plenitude (Jl 2.28; At<br />
2.17,18; 10.45; Tt 3.5,6).<br />
4. Orvalho<br />
"Assim pois te dê Deus <strong>do</strong> orvalho <strong>do</strong>s céus, e <strong>da</strong>s gorduras <strong>da</strong><br />
terra, e abundância de trigo e de mosto" (Gn 27.28).<br />
Encontramos, no Antigo Testamento, cerca de 34 referências<br />
sobre o orvalho, como sen<strong>do</strong> um refrigério adicional à escassez <strong>da</strong>s<br />
chuvas têmpora e serôdia. Era necessário durante o perío<strong>do</strong> de<br />
estiagem, para revigoramento <strong>da</strong> erva e <strong>da</strong> relva (Dt 32.2). Tornou-se<br />
assim, um símbolo <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, por cair gradualmente e,<br />
algumas vezes, de maneira imperceptível nos corações humanos.<br />
Onde cai o orvalho, ali Deus ordena a bênção e a vi<strong>da</strong> para sempre<br />
8 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpreta<strong>do</strong>, Milenium, 1982.
(Sl 133.3), trazen<strong>do</strong> prosperi<strong>da</strong>de à alma sob a influência <strong>do</strong> Espírito<br />
<strong>Santo</strong>, como gotas copiosas.<br />
5. Vento<br />
"O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes<br />
<strong>do</strong>nde vem, nem para onde vai; assim é to<strong>do</strong> aquele que é nasci<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
Espírito (Jo 3.8). Os ventos sempre trazem consigo as características<br />
<strong>do</strong>s lugares de onde vêm. Assim podemos descobrir, através de nosso<br />
sistema sensível, os ventos quentes e os frios, os úmi<strong>do</strong>s e os secos.<br />
Para sabermos se estamos caminhan<strong>do</strong> em direção a terra ou em<br />
direção ao mar, basta parar um pouco ao cair <strong>da</strong> noite e analisar a<br />
direção <strong>do</strong> vento.<br />
Os ventos mais importantes para esse tipo de orientação são os<br />
alísios. Os ventos alísios são carrega<strong>do</strong>s de umi<strong>da</strong>de, pois vêm <strong>do</strong>s<br />
oceanos. Pela madruga<strong>da</strong>, as brisas continentais (ventos que sopram<br />
<strong>da</strong> terra para o mar) tornam-se mais essenciais para orientação.<br />
Assim, é fácil saber se as brisas estão sopran<strong>do</strong> para o mar ou para a<br />
terra.<br />
A pressão depende <strong>da</strong> temperatura, e os ventos, <strong>do</strong>s diferentes<br />
níveis de pressão. Assim, de madruga<strong>da</strong> a terra está mais "fria" que a<br />
água, o que significa maior pressão atmosférica sobre a terra. Por<br />
isso, o vento sopra <strong>do</strong> continente para a água. À tarde, ou ao cair <strong>da</strong><br />
noite, a água está menos quente que a terra, o que quer dizer maior<br />
pressão <strong>do</strong> ar sobre a água.<br />
Assim o diz a ciência, e assim acontece com o soprar <strong>do</strong><br />
Espírito <strong>Santo</strong> em nossas vi<strong>da</strong>s.<br />
Se Ele sopra "suave", está indican<strong>do</strong> a direção traça<strong>da</strong> por<br />
Deus a favor de seus filhos, numa rota onde a calma e a tranqüili<strong>da</strong>de<br />
nos esperam (cf. Gn 8.1).<br />
Se Ele sopra "veemente e impetuoso", como no dia de<br />
Pentecoste, é sinal evidente de sua presença com manifestações de<br />
poder (At 2.1-4; Hb 2.4).<br />
Se Ele sopra apenas com "gemi<strong>do</strong>s inexprimíveis", está nos
alertan<strong>do</strong> de perigos iminentes (cf. Rm 8.26; Hb 3.7,8).<br />
Esses movimentos <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> são completamente<br />
desconheci<strong>do</strong>s para o peca<strong>do</strong>r. Por isso Jesus instruiu Nicodemos, um<br />
mestre <strong>do</strong> primeiro século de nossa era, acerca <strong>do</strong> "movimento"<br />
produzi<strong>do</strong> pelo Espírito <strong>Santo</strong> neste mun<strong>do</strong>.<br />
Então o Mestre disse: "O vento assopra onde quer, e ouves a<br />
sua voz; mas não sabes [Nicodemos é que não sabia] <strong>do</strong>nde vem,<br />
nem para onde vai". Assim, Nicodemos não sabia também <strong>do</strong><br />
movimento opera<strong>do</strong> pelo Espírito <strong>Santo</strong>, que produz a regeneração<br />
<strong>do</strong> homem, porque isso se "discerne espiritualmente" (Jo 3.8; 1 Co<br />
2.14).<br />
6. Óleo<br />
"Amaste a justiça e aborreceste a iniqüi<strong>da</strong>de; por isso, Deus, o<br />
teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais <strong>do</strong> que a teus<br />
companheiros" (Hb 1.9).<br />
Na Bíblia, o azeite <strong>da</strong> unção era usa<strong>do</strong> somente para<br />
consagração de pessoas de grande poder, tais como reis (1 Sm 10.1;<br />
16.13), sacer<strong>do</strong>tes (Lv 8.30) e profetas (1 Rs 19.16; Is 61.1).<br />
Também eram ungi<strong>do</strong>s com óleo os escu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s ilustres guerreiros,<br />
numa demonstração de honra (2 Sm 1.21; Is 21.5).<br />
O tabernáculo e seus móveis foram também ungi<strong>do</strong>s (Êx<br />
30.22-33), e os enfermos eram muitas vezes ungi<strong>do</strong>s com azeite, para<br />
que sua fé aumentasse e seus peca<strong>do</strong>s fossem per<strong>do</strong>a<strong>do</strong>s (Mc 6.13;<br />
Tg 5.14,15). Mas parece que o óleo usa<strong>do</strong> na unção <strong>do</strong>s enfermos não<br />
era o mesmo <strong>da</strong> "santa unção" (cf. Êx 30.31,32). Neste caso, a unção<br />
de homens e coisas não podia ser feita com qualquer tipo de óleo, e<br />
sim com um óleo especial chama<strong>do</strong> "azeite <strong>da</strong> santa unção" (Êx<br />
30.31).<br />
Metaforicamente, é chama<strong>do</strong> "óleo fresco" (Sl 92.10), "óleo<br />
precioso" (Sl 133.2), "excelente óleo" (Am 6.6), "óleo de alegria" (Sl<br />
45.7). O óleo, portanto, toma<strong>do</strong> neste senti<strong>do</strong> simboliza o Espírito<br />
<strong>Santo</strong> como "unção especial" para os salvos em Cristo - que quer
dizer também "ungi<strong>do</strong>". Em Atos 10.38, o Espírito <strong>Santo</strong> é retrata<strong>do</strong><br />
como aquEle que consagrou a Cristo com este tipo de unção especial:<br />
"Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito <strong>Santo</strong> e com<br />
virtude; o qual an<strong>do</strong>u fazen<strong>do</strong> o bem, e curan<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s os oprimi<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong> diabo, porque Deus era com ele". E, em 1 Coríntios 1.21, Paulo<br />
afirma que quem nos capacitou para o desempenho de nossa missão<br />
foi Deus. "O que nos ungiu é Deus", disse o apóstolo. O Espírito<br />
<strong>Santo</strong>, de fato, é a unção de Deus em nossas vi<strong>da</strong>s, tanto para<br />
aprender como para ensinar (Lc 4.18,19; 1 Jo 2.20,27). Sempre que<br />
alguém era ungi<strong>do</strong> com óleo, as pessoas ao re<strong>do</strong>r mantinham respeito<br />
e reverência. Era expressamente proibi<strong>do</strong> por Deus tocar em alguém<br />
que tivesse recebi<strong>do</strong> a unção com óleo (2 Sm 1.21). O Espírito <strong>Santo</strong>,<br />
portanto, torna-se nosso protetor, a garantia de que as forças <strong>do</strong> mal<br />
não nos tocarão.<br />
7. Unção<br />
"E vós tendes a unção <strong>do</strong> <strong>Santo</strong>, e sabeis tu<strong>do</strong>... e a unção que<br />
vós recebestes dele, fica em vós..." (1 Jo 2.20,27).<br />
Já tivemos a oportuni<strong>da</strong>de de analisar o óleo como símbolo <strong>do</strong><br />
Espírito <strong>Santo</strong>. Agora, estu<strong>da</strong>remos este outro símbolo, que,<br />
evidentemente, alude à operação e influência <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> na<br />
vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s crentes, ensinan<strong>do</strong> as ver<strong>da</strong>des mais profun<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Bíblia, ao<br />
mesmo tempo que dá a interpretação e significação de ca<strong>da</strong> palavra<br />
nela inseri<strong>da</strong>.<br />
A unção desempenha grande papel na vi<strong>da</strong> física <strong>da</strong>s raças<br />
orientais, tal como o orvalho faz reviver a verdura <strong>da</strong>s colinas. Assim<br />
também a influência cura<strong>do</strong>ra e suavizante <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> sopra<strong>da</strong><br />
sobre os filhos de Deus, nos "guian<strong>do</strong> em to<strong>da</strong> a ver<strong>da</strong>de" e<br />
ensinan<strong>do</strong> "to<strong>da</strong>s as coisas" concernentes a Deus e sua Palavra".<br />
8. Fogo<br />
"E eu, em ver<strong>da</strong>de, vos batizo com água, para o arrependimento;<br />
mas aquele que vem após mim é mais poderoso <strong>do</strong> que
eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o<br />
Espírito <strong>Santo</strong> e com fogo" (Mt 3.11). O fogo é sinal <strong>da</strong> presença de<br />
Deus.<br />
As manifestações de Deus algumas vezes faziam-se<br />
acompanhar pelo fogo (Êx 3.2; 13.21,22; 19.18; Dt 4.11), que tanto<br />
representa sua presença como sua glória (Ez 1.4,13), sua proteção (2<br />
Rs 6.17), sua santi<strong>da</strong>de (Dt4.24), seus juízos (Zc 13.9), sua ira (Is<br />
66.15,16) e, finalmente, o Espírito <strong>Santo</strong> (Mt 3.11; At 2.3; Ap 4.5).<br />
No Antigo Testamento, a ordem divina era conservar o fogo<br />
aceso diuturnamente: "O fogo arderá continuamente sobre o altar;<br />
não se apagará" (Lv 6.13) - sinal evidente <strong>da</strong> presença de Deus no<br />
meio <strong>do</strong> seu povo.<br />
No Novo Testamento, a ordem divina é a mesma: "Não<br />
extingais o Espírito" (1 Ts 5.19). Numa outra tradução: "Não<br />
apagueis o Espírito". Em outras palavras, Paulo quer dizer que a<br />
chama <strong>do</strong> Pentecoste "deve arder em nossos corações to<strong>do</strong>s os dias,<br />
até a consumação <strong>do</strong>s séculos".<br />
9. Coluna<br />
"E o Senhor ia diante deles, de dia numa coluna de nuvem,<br />
para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo, para os<br />
alumiar, para que caminhassem de dia e de noite. Nunca tirou de<br />
diante <strong>da</strong> face <strong>do</strong> povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna de<br />
fogo, de noite" (Êx 13.21,22).<br />
A coluna, seja como símbolo religioso, marco ou monumento,<br />
traz sempre a idéia de firmeza. Paulo, por exemplo, valeu-se dessa<br />
figura para representar a Igreja: "Escrevo-te estas coisas, esperan<strong>do</strong> ir<br />
ver-te bem depressa; mas, se tar<strong>da</strong>r, para que saibais como convém<br />
an<strong>da</strong>r na casa de Deus, que é a igreja de Deus vivo, a coluna e a<br />
firmeza <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de" (1 Tm 3.14,15).<br />
Como símbolo <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, a coluna fala <strong>da</strong> força<br />
espiritual mediante a qual a alma será eternamente abençoa<strong>da</strong>, e,<br />
sen<strong>do</strong> de natureza divina como aquela que acompanhou o povo de
Deus no deserto, serve de proteção, iluminação e orientação. O<br />
Espírito <strong>Santo</strong> é tu<strong>do</strong> isso e muito mais, com relação à Igreja. Ele foi<br />
posto por Deus no edifício espiritual de Cristo, que é sua Igreja, para<br />
segurança, ornamentação e beleza. A nuvem <strong>da</strong> glória de Deus, em<br />
<strong>da</strong><strong>do</strong> momento, quan<strong>do</strong> Israel estava em extremo perigo, "se retirou<br />
de diante deles, e se pôs atrás deles... e a nuvem era escuri<strong>da</strong>de para<br />
aqueles, e para estes esclarecia a noite: de maneira que em to<strong>da</strong> a<br />
noite não chegou um ao outro" (Êx 14.19,20). Podemos observar<br />
nesta passagem a ação imediata de Deus, mu<strong>da</strong>n<strong>do</strong> de posição a<br />
coluna que guiava o seu povo, retiran<strong>do</strong> a nuvem de "diante" deles e<br />
pon<strong>do</strong>-a "atrás" deles.<br />
A manobra divina deu versatili<strong>da</strong>de à nuvem: "... era<br />
escuri<strong>da</strong>de para aqueles [os egípcios], e para estes [os israelitas]<br />
esclarecia a noite". O Espírito <strong>Santo</strong> também assumiu a posição de<br />
"divisor" <strong>da</strong> santi<strong>da</strong>de que separa a Igreja <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, de tal maneira<br />
que durante to<strong>da</strong> a trajetória <strong>da</strong> Igreja nesta Terra, "não chegou um<br />
ao outro".<br />
A coluna de nuvem acompanhou Israel através <strong>do</strong> deserto e<br />
um dia desapareceu na fronteira de Canaã, ao atingirem a margem<br />
oriental <strong>do</strong> Jordão. O povo foi, então, orienta<strong>do</strong> a espalhar-se em<br />
volta <strong>da</strong> arca <strong>da</strong> aliança, num raio de 914 metros, para contemplar<br />
mais facilmente o símbolo guia <strong>da</strong> glória de Deus flutuan<strong>do</strong> nos ombros<br />
<strong>do</strong>s sacer<strong>do</strong>tes. Agora, o povo não seguia mais a coluna de<br />
nuvem (ela havia desapareci<strong>do</strong>!), e sim a arca <strong>da</strong> aliança <strong>do</strong> Senhor.<br />
Assim também acontecerá com o Espírito <strong>Santo</strong>, no dia <strong>do</strong><br />
arrebatamento <strong>da</strong> Igreja. Ele terá cumpri<strong>do</strong> sua missão, entregan<strong>do</strong> a<br />
Noiva nos braços de Cristo - a Arca divina. Cristo, então, a conduzirá<br />
à sala <strong>do</strong> banquete nupcial (Ct 2.4; Mt 25.6,10).<br />
10. Penhor<br />
"Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual<br />
nos deu também o penhor <strong>do</strong> Espírito" (2 Co 5.5).<br />
O vocábulo "penhor", <strong>do</strong> grego arrabon, significa "primeira
prestação", "depósito", "garantia". Indica o pagamento de parte <strong>do</strong><br />
preço total <strong>da</strong> compra. Esta "primeira prestação" recebi<strong>da</strong> é a<br />
regeneração. O valor total será complementa<strong>do</strong> com os pagamentos<br />
intermediários - a santificação - e o pagamento final - a redenção <strong>do</strong><br />
nosso corpo (cf. Rm 1.4; 8.23; Tt 3.5). O Espírito <strong>Santo</strong> que,<br />
mediante a Palavra de Deus e por to<strong>do</strong>s os meios <strong>da</strong> graça, nos<br />
capacita a atingir a glória eterna, transforman<strong>do</strong>-nos "de glória em<br />
glória na mesma imagem, como pelo Espírito <strong>do</strong> Senhor" (2 Co<br />
3.18), é evidentemente a nossa garantia.<br />
11. Selo<br />
"O qual também nos selou e deu o penhor <strong>do</strong> Espírito em<br />
nossos corações" (2 Co 1.22).<br />
O uso mais comum <strong>do</strong> selo, na antigüi<strong>da</strong>de, era na<br />
autenticação de <strong>do</strong>cumentos, cartas, títulos de proprie<strong>da</strong>de e recibos<br />
de merca<strong>do</strong>ria ou dinheiro.<br />
Após deixar a mensagem em escrita cuneiforme, o escriba<br />
pedia que o remetente e as testemunhas removessem de seus<br />
pescoços os próprios selos cilíndricos, que eram rola<strong>do</strong>s sobre a<br />
argila ain<strong>da</strong> mole, servin<strong>do</strong> de assinatura. As leis romanas, por<br />
exemplo, somente aceitavam um testemunho se estivesse sela<strong>do</strong> com<br />
"sete selos" e confirma<strong>do</strong> por "sete testemunhas". ( 9 )<br />
Nas Escrituras, o selo traduz vários significa<strong>do</strong>s e aplicações:<br />
GARANTIA (Gn 38.18)<br />
JURAMENTO (Jr 22.24)<br />
CONFIRMAÇÃO (Jo 6.27)<br />
JUSTIÇA E FÉ (Rm 4.11)<br />
AUTENTICIDADE (1 Co 9.2)<br />
FUNDAMENTO (2 Tm 2.19)<br />
SEGURANÇA (Mt 27.66; Ap 20.3)<br />
IRREVOGABILIDADE (Et 8.8; Dn 6.17)<br />
9 <strong>Silva</strong>, S. P. <strong>da</strong>. Apocalipse Versículo por Versículo. Rio de Janeiro, CPAD, 1995.
PROMESSA (Ef 1.13)<br />
REDENÇÃO (Ef 4.30)<br />
MISTÉRIO (Ap5.1)<br />
VIDA (Ap 7.2)<br />
PRESERVAÇÃO (Ap 9.4)<br />
O selo, como figura <strong>do</strong> Espírito, traduz para a Igreja to<strong>da</strong>s as<br />
vantagens menciona<strong>da</strong>s acima e muito mais. O Espírito <strong>Santo</strong> sela a<br />
Igreja (Ct 4.12), a lei <strong>do</strong> Senhor (Is 8.16), o coração (Ct 8.6), a visão<br />
e a profecia (Dn 9.24) e os crentes para o dia <strong>da</strong> redenção (2 Co 1.22;<br />
Ef 1.13; 4.30; 2 Tm 2.19). Fomos sela<strong>do</strong>s com o selo <strong>da</strong> promessa,<br />
que nos dá a garantia de pertencermos somente a Deus.<br />
12. Vinho<br />
"E o vinho que alegra o coração <strong>do</strong> homem, e faz reluzir o seu<br />
rosto como o azeite, e o pão que fortalece o seu coração" (Sl 104.15).<br />
Esta figura <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> é pouco usa<strong>da</strong> pelos escritores.<br />
Entretanto, sem dúvi<strong>da</strong> alguma, também se reveste de significação<br />
especial.<br />
Para o povo hebreu, o vinho e a vinha são usa<strong>do</strong>s para<br />
representar a prosperi<strong>da</strong>de e a bênção. Possuir uma vinha próspera<br />
era sinal evidente <strong>do</strong> favor divino. Também era considera<strong>da</strong> uma<br />
dádiva de Deus ao homem: "E lhe <strong>da</strong>rei as suas vinhas <strong>da</strong>li, e o vale<br />
de Açor, por porta de esperança: e ali cantará como no dia <strong>da</strong><br />
moci<strong>da</strong>de, e como no dia em que subiu <strong>da</strong> terra <strong>do</strong> Egito" (Os 2.15).<br />
Jesus afirmou ser "a videira ver<strong>da</strong>deira", e comparou o Pai,<br />
Senhor <strong>do</strong>s homens e Deus <strong>do</strong> Universo, a um proprietário de vinha<br />
(Jo 15.1). O fruto <strong>da</strong> vide, que é o vinho, ilustra a alegria que existe<br />
entre os salvos; o cálice fala <strong>da</strong> comunhão que temos, promovi<strong>da</strong><br />
pelo Espírito <strong>Santo</strong> "derrama<strong>do</strong> em nossos corações". Paulo cita-a<br />
como "a comunhão <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>" (2 Co 13.13).<br />
No dia de Pentecoste, em Jerusalém, as pessoas de fora<br />
acharam que os discípulos estavam "cheios de vinho" (At 2.13).<br />
<strong>Pedro</strong>, então, explicou-lhes que aquilo era alegria <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>.
Em outras palavras, eles não estavam embriaga<strong>do</strong>s com vinho, mas<br />
cheios <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>!<br />
13. Pomba<br />
"E o Espírito <strong>Santo</strong> desceu sobre ele em forma corpórea, como<br />
uma pomba; e ouviu-se uma voz <strong>do</strong> céu que dizia: Tu és meu filho<br />
ama<strong>do</strong>, em ti me tenho comprazi<strong>do</strong>" (Lc 3.22).<br />
Dificilmente tal simbolismo seria associa<strong>do</strong> a João Batista. Ele<br />
era um profeta de grande poder. Sua mensagem produzia sempre o<br />
choro, e não o riso. Era mesmo uma mensagem de arrependimento.<br />
Suas palavras, de fato, faziam <strong>do</strong>er: víboras, pedras, macha<strong>do</strong>, pá,<br />
fogo, deserto, ira, fuga etc.<br />
De outro la<strong>do</strong>, porém, João Batista era meigo e cheio de<br />
compaixão. Era "cheio <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, já desde o ventre de sua<br />
mãe" (Lc 1.15); entretanto, sobre ele repousava a unção divina em<br />
sua plenitude.<br />
João Batista viu o Espírito descer <strong>do</strong> céu como pomba e<br />
pousar sobre Jesus (Jo 1.32). Manso, terno, puro e inofensivo como<br />
uma pomba: assim Ele é. Como pomba, o Espírito <strong>Santo</strong> pode ser<br />
assusta<strong>do</strong> ou entristeci<strong>do</strong> (Ef 4.30). E, como a pomba é o símbolo<br />
universal <strong>da</strong> paz, também o Espírito <strong>Santo</strong> promove a paz nos<br />
corações <strong>do</strong>s homens.<br />
Dizem os naturalistas que a pomba não tem fel. Assim<br />
também o Espírito <strong>Santo</strong> - nEle não existe amargura!<br />
Alguns intérpretes opinam que o Espírito foi representa<strong>do</strong> na<br />
forma "corpórea" de uma pomba pelos seguintes motivos:<br />
a. Sua ternura e apego ao homem. Que mostra como Deus<br />
encaminha pacientemente os homens à realização de sua<br />
potenciali<strong>da</strong>de espiritual.<br />
b. Sua gentileza. Deus trata conosco de mo<strong>do</strong> positivo e<br />
completo, embora com grande gentileza.
c. Seu vôo gentil e a ternura para com os filhotes. O Espírito<br />
<strong>Santo</strong> é benigno - sempre.<br />
d. Pelas virtudes singulares que representa. Por exemplo, a<br />
pureza e a inocência. Nos escritos ju<strong>da</strong>icos, quan <strong>do</strong> o Espírito <strong>Santo</strong><br />
aparece "pairan<strong>do</strong>" sobre a face <strong>da</strong>s águas é expressamente<br />
compara<strong>do</strong> a uma pomba. Simboliza a natureza calorosa e<br />
revivifica<strong>do</strong>ra <strong>da</strong> terceira <strong>Pessoa</strong> <strong>da</strong> Santíssima Trin<strong>da</strong>de (Gn 1.2).
4. O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO<br />
I - O que É o Batismo com o Espírito <strong>Santo</strong><br />
"Mas vós sereis batiza<strong>do</strong>s com o Espírito <strong>Santo</strong>, não muito<br />
depois destes dias" (At 1.5).<br />
O batismo com o Espírito <strong>Santo</strong> não é uma bênção exclusiva<br />
de grupos pentecostais ou carismáticos, como alguns têm defendi<strong>do</strong> e<br />
ensina<strong>do</strong>, "porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e<br />
a to<strong>do</strong>s os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar"<br />
(At 2.39). A universali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> promessa <strong>do</strong> batismo com o<br />
Espírito <strong>Santo</strong> é aqui reitera<strong>da</strong>, enriqueci<strong>da</strong> e aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> para outras<br />
pessoas que ain<strong>da</strong> "estavam lon-ge".<br />
A promessa <strong>do</strong> Pai, feita a Jesus, cobriria o tempo e o espaço.<br />
Ela "diz respeito a vós, a vossos filhos e a to<strong>do</strong>s os que estão longe: a<br />
tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar". Estas palavras,<br />
proferi<strong>da</strong>s pelo apóstolo <strong>Pedro</strong> no dia de Pentecoste, mostram a<br />
abrangência <strong>da</strong> promessa:<br />
• O batismo com o Espírito <strong>Santo</strong> seria para a geração <strong>do</strong>s<br />
primórdios <strong>da</strong> Igreja ("... a vós").<br />
• O batismo com o Espírito <strong>Santo</strong> seria também para a geração<br />
de crentes e prega<strong>do</strong>res que viria depois ("... a vossos filhos").<br />
• O batismo com o Espírito <strong>Santo</strong> seria também outorga<strong>do</strong> aos<br />
que estavam distantes, geográfica e cronologicamente ("... a to<strong>do</strong>s os<br />
que estão longe").<br />
• O batismo com o Espírito <strong>Santo</strong> poderia ser desfruta<strong>do</strong> por<br />
to<strong>do</strong>s os que cressem e obuscassem ("... a tantos quantos Deus, nosso<br />
Senhor, chamar").<br />
Idêntica promessa faz Jesus, em Marcos 16.17, quan<strong>do</strong> se<br />
despede <strong>do</strong>s discípulos: "Este sinais seguirão aos que crerem...<br />
falarão novas línguas". Esta gloriosa promessa foi imediatamente
cumpri<strong>da</strong> no dia de Pentecoste (At 2.1-4) e pelos séculos que se<br />
seguiram. Até hoje, homens e mulheres de to<strong>da</strong>s as nacionali<strong>da</strong>des<br />
têm experimenta<strong>do</strong> e testemunha<strong>do</strong> a mesma coisa.<br />
Jesus continua batizan<strong>do</strong> com o Espírito <strong>Santo</strong> em to<strong>da</strong>s as<br />
partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> onde sua vontade é aceita. Ele "é o mesmo ontem, e<br />
hoje, e eternamente" (Hb 13.8); e, de igual mo<strong>do</strong>, "o Espírito é o<br />
mesmo" (1 Co 12.4,8,9,11).<br />
II - A Finali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Batismo com o Espírito<br />
<strong>Santo</strong><br />
O glorioso revestimento de poder pelo batismo com o Espírito<br />
<strong>Santo</strong> tem várias finali<strong>da</strong>des e aplicações:<br />
• Traz ao crente um revestimento de poder sobrenatural. Jesus<br />
prometeu: "Ficai, porém, na ci<strong>da</strong>de de Jerusalém, até que <strong>do</strong> alto<br />
sejais revesti<strong>do</strong>s de poder" (Lc 24.49).<br />
• Faz <strong>do</strong> crente uma testemunha poderosa <strong>do</strong> Evangelho: "Mas<br />
recebereis a virtude <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, que há de vir sobre vós; e serme-eis<br />
testemunhas, tanto em Jerusalém como em to<strong>da</strong> a Judéia e<br />
Samaria e até aos confins <strong>da</strong> terra" (At 1.8).<br />
• Traz aos crentes uma espécie de "unção universal" entre os<br />
filhos de Deus, unin<strong>do</strong>-os em um só corpo. Paulo afirma: "Há um só<br />
corpo e um só Espírito" (Ef 4.4). A operação miraculosa <strong>do</strong> Espírito<br />
<strong>Santo</strong> na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> Igreja derruba to<strong>da</strong>s as barreiras e preconceitos<br />
nacionalistas.<br />
Em Romanos 6.2-4, Paulo revela que to<strong>do</strong>s nós fomos<br />
batiza<strong>do</strong>s na morte de Cristo e sepulta<strong>do</strong>s com ele pelo batismo na<br />
morte, e que através de sua ressurreição an<strong>da</strong>mos em "novi<strong>da</strong>de de<br />
vi<strong>da</strong>". E reafirma, em 1 Coríntios 12.13: "Pois to<strong>do</strong>s nós fomos<br />
batiza<strong>do</strong>s em um mesmo Espírito, forman<strong>do</strong> um corpo..."<br />
Este batismo é uma ação poderosa que produz a união entre<br />
to<strong>do</strong>s os homens, forman<strong>do</strong> assim "um só corpo", quer sejam judeus,
gregos, servos ou livres. Antes desta operação gloriosa <strong>do</strong> Espírito,<br />
os homens eram classifica<strong>do</strong>s por raças e categorias: bárbaros,<br />
peca<strong>do</strong>res, publicanos, meretrizes, judeus, gregos, romanos,<br />
saduceus, fariseus, herodianos, citas, samaritanos, <strong>da</strong> circuncisão,<br />
incircuncisos, escravos, livres etc.<br />
O Espírito <strong>Santo</strong>, através desta "imersão" purifica<strong>do</strong>ra, torna o<br />
Cristianismo superior a qualquer filosofia ou religião que separe as<br />
pessoas por nacionalismo ou tradição secular.<br />
III - A Promessa <strong>do</strong> Pai<br />
Promessa é uma espécie de encontro com o futuro, e<br />
usualmente envolve um "<strong>do</strong>a<strong>do</strong>r"e um "receptor". Neste senti<strong>do</strong>,<br />
encontramos promessas por to<strong>da</strong> a Escritura.<br />
1. Jesus lembra a promessa <strong>do</strong> Pai<br />
"E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai,<br />
porém, na ci<strong>da</strong>de de Jerusalém, até que <strong>do</strong> alto sejais revesti<strong>do</strong>s de<br />
poder" (Lc 24.49).<br />
O livro de Atos mostra a vin<strong>da</strong> <strong>do</strong> Consola<strong>do</strong>r como "a<br />
promessa <strong>do</strong> Pai": "Determinou-lhes que não se ausentassem de<br />
Jerusalém, mas que esperassem a promessa <strong>do</strong> Pai, que (disse ele) de<br />
mim ouvistes" (1.4).<br />
A promessa, portanto, seria o derramamento <strong>do</strong> Espírito<br />
<strong>Santo</strong>, no dia de Pentecoste. Mais adiante, no mesmo livro, <strong>Pedro</strong><br />
revela que a promessa <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> seguiria por gerações futuras<br />
(2.39).<br />
Certamente o maior desejo de Jesus, ao chegar junto <strong>do</strong> Pai,<br />
nos Céus, era ver a gloriosa manifestação <strong>do</strong> Espírito na vi<strong>da</strong> de seus<br />
segui<strong>do</strong>res aqui na Terra. Pois Ele prometera: Eu rogarei ao Pai, e ele<br />
vos <strong>da</strong>rá outro Consola<strong>do</strong>r" (Jo 14.16).<br />
Cremos que foi esta a primeira oração <strong>do</strong> Filho ao assentar-se
à destra <strong>do</strong> Pai, depois de cumpri<strong>da</strong> sua missão na Terra.<br />
2. O cumprimento <strong>da</strong> promessa<br />
A promessa <strong>do</strong> batismo com o Espírito <strong>Santo</strong> é afirma<strong>da</strong> sete<br />
vezes no Novo Testamento (Mt 3.11,12; Mc 1.7,8; Lc 3.16,17; Jo<br />
1.33; At 1.5; 11.16; cf. Jo 16.7,8,13). Destas, quatro saíram <strong>do</strong>s<br />
lábios de João Batista, sempre com as palavras: "Ele [Jesus] vos<br />
batizará com o Espírito <strong>Santo</strong> e com fogo" (Mt 3.11).<br />
E eis aqui o seu cumprimento: "Cumprin<strong>do</strong>-se o dia de<br />
Pentecoste, estavam to<strong>do</strong>s reuni<strong>do</strong>s no mesmo lugar; e, de repente,<br />
veio <strong>do</strong> céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e<br />
encheu to<strong>da</strong> a casa em que estavam assenta<strong>do</strong>s. E foram vistas por<br />
eles línguas reparti<strong>da</strong>s, como que de fogo, as quais pousaram sobre<br />
ca<strong>da</strong> um deles. E to<strong>do</strong>s foram cheios <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> e começaram<br />
a falar em outras línguas, conforme o Espírito <strong>Santo</strong> lhes concedia<br />
que falassem" (At 2.1-4).<br />
Encontramos, no Novo Testamento, quatro vezes os cristãos<br />
reuni<strong>do</strong>s no <strong>do</strong>mingo (Jo 20.19,26; At 2.1; 20.7). Na terceira vez,<br />
cinqüenta dias depois <strong>do</strong> sába<strong>do</strong> <strong>da</strong> Páscoa, deu-se a prometi<strong>da</strong><br />
desci<strong>da</strong> <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>. Os discípulos eram já cristãos, mas agora<br />
são constituí<strong>do</strong>s em "um corpo" (1 Co 12.13) - a Igreja cristã em sua<br />
forma exata.<br />
IV - Três Formas de Batismo<br />
Há pelo menos três maneiras de o Espírito <strong>Santo</strong> batizar os<br />
crentes, embora o batismo seja um só e em ca<strong>da</strong> uma dessas<br />
manifestações tenha ocorri<strong>do</strong> a evidência <strong>da</strong>s línguas estranhas.<br />
Encontramos a primeira em Atos 2.2-4, onde o Espírito<br />
irrompe <strong>do</strong> Céu "de repente" como "um vento veemente e<br />
impetuoso", e, sem nenhuma intervenção humana ou dramatização<br />
para estimular a fé, batiza a to<strong>do</strong>s os que estão assenta<strong>do</strong>s.
A segun<strong>da</strong>, em Atos 8.15-18; 9.17,18 e 19.6, onde o batismo<br />
se dá através <strong>da</strong> imposição de mãos, em Samaria, Damasco e Éfeso.<br />
A terceira, em Atos 10.44, na casa <strong>do</strong> centurião Cornélio: "E,<br />
dizen<strong>do</strong> <strong>Pedro</strong> ain<strong>da</strong> estas palavras, caiu o Espírito <strong>Santo</strong> sobre to<strong>do</strong>s<br />
os que ouviam a palavra".<br />
No primeiro caso, o batismo aconteceu automaticamente; no<br />
segun<strong>do</strong>, pela imposição <strong>da</strong>s mãos e no terceiro, pelo supremo poder<br />
<strong>da</strong> Palavra.<br />
V - A Aceitação Universal<br />
To<strong>do</strong>s os cristãos de to<strong>da</strong>s as denominações, especialmente as<br />
ver<strong>da</strong>deiramente evangélicas, aceitam sem restrições a <strong>do</strong>utrina <strong>do</strong><br />
batismo com o Espírito <strong>Santo</strong>. Concor<strong>da</strong>m também sobre o fato de<br />
ser o Espírito <strong>Santo</strong> uma pessoa real, e não uma simples influência.<br />
As dificul<strong>da</strong>des surgem no tocante à maneira como Jesus<br />
batiza com o Espírito <strong>Santo</strong> e aos sinais evidentes deste batismo.<br />
Alguns o confundem com a regeneração ou o novo<br />
nascimento. Outros, como sen<strong>do</strong> o "batismo <strong>da</strong> alma com vista ao<br />
mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s mortos". Jesus falou de "um certo batismo" (Lc 12.50), e<br />
alguém entende que seja este.<br />
Outros ain<strong>da</strong> acham que no momento <strong>da</strong> salvação a pessoa<br />
recebe automaticamente o batismo com o Espírito <strong>Santo</strong>. Talvez<br />
basea<strong>do</strong> nas palavras de Paulo, em 1 Coríntios 12.13: "To<strong>do</strong>s nós<br />
fomos batiza<strong>do</strong>s em um Espírito, forman<strong>do</strong> um corpo".<br />
Há inúmeras outras explicações que não se coadunam com o<br />
argumento principal <strong>da</strong>s Escrituras, razão por que não as<br />
mencionamos aqui.<br />
O batismo com o Espírito <strong>Santo</strong> é um poder especial que vem<br />
de Deus e enche to<strong>do</strong> o nosso ser. A esta ação divina, segue-se o que<br />
chamamos "transbor<strong>da</strong>mento", quan<strong>do</strong> a nossa língua é totalmente<br />
<strong>do</strong>mina<strong>da</strong> pelo poder de Deus e começamos a falar "noutras línguas,<br />
conforme o Espírito <strong>Santo</strong>" autoriza que falemos. Não um idioma
nosso - a não ser que Deus, diante de necessi<strong>da</strong>des prementes, assim<br />
o queira - mas sim uma língua totalmente espiritual. É glorioso!<br />
VI - Frases Usa<strong>da</strong>s na Bíblia e pelos Crentes<br />
Na Bíblia, especialmente no Novo Testamento, várias frases e<br />
expressões descrevem o batismo com o Espírito <strong>Santo</strong>. Alguns<br />
escritores opinam ser a expressão mais exata "batismo no [ou em o]<br />
Espírito <strong>Santo</strong>", o que <strong>da</strong>ria a idéia de alguém ser "mergulha<strong>do</strong>" nEle<br />
(o Espírito <strong>Santo</strong> é às vezes representa<strong>do</strong> por um rio, ou rios; cf. Sl<br />
46.4; Jo 7.37-39; 1 Co 12.13).<br />
Porém, enten<strong>do</strong> ser mais adequa<strong>da</strong> a expressão "batismo com<br />
o Espírito <strong>Santo</strong>". Somente podemos mergulhar em algo que se<br />
encontre abaixo de nós. No batismo com o Espírito <strong>Santo</strong>, é Ele que<br />
vem sobre o crente, e não o contrário. Além <strong>do</strong> mais, é o que aparece<br />
em nossas traduções. Em muitas ocasiões, mesmo no Antigo<br />
Testamento, o Espírito de Deus vinha sobre alguém (Jz 3.10; 11.29;<br />
14.6,19; 15.14; 1 Sm 10.10; 16.13 etc). No Novo Testamento,<br />
continuou descen<strong>do</strong> sobre os santos (cf. Lc 1.35ss). Muitas outras<br />
expressões descrevem batismo com o Espírito <strong>Santo</strong>:<br />
• "... derramarei o meu Espírito sobre to<strong>da</strong> a carne" (Jl 2.28);<br />
• "... derramarei o Espírito de graça e de súplicas" (Zc 12.10);<br />
• "... ele vos batizará com o Espírito <strong>Santo</strong> e com fogo" (Mt<br />
3.11);<br />
• "... falarão novas línguas" (Mc 16.17);<br />
• "... revesti<strong>do</strong>s de poder" (Lc 24.49);<br />
• "... o Consola<strong>do</strong>r... virá a vós" (Jo 16.7);<br />
• "... a promessa <strong>do</strong> Pai" (At 1.4);<br />
• "... recebereis a virtude <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>" (At 1.8);<br />
• "... to<strong>do</strong>s foram cheios <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>" (At 2.4);<br />
• "... o Espírito <strong>Santo</strong>, que Deus deu àqueles que lhe<br />
obedecem" (At 5.32);<br />
• "... era <strong>da</strong><strong>do</strong> o Espírito <strong>Santo</strong>" (At 8.18);
• "... caiu o Espírito <strong>Santo</strong>" (At 10.44);<br />
• "Recebestes vós já o Espírito <strong>Santo</strong>..." (At 19.2).<br />
Outras expressões são usa<strong>da</strong>s pelo povo de Deus:<br />
• "O Espírito <strong>Santo</strong> veio sobre ele(a)" (Mt 3.16);<br />
• "O Espírito <strong>Santo</strong> repousou sobre ele(a) (Jo 1.33);<br />
• "Foi sela<strong>do</strong> com o selo <strong>da</strong> promessa" (Jo 6.27; 2 Co 1.22; Ef<br />
1.13; 4.30);<br />
• "Foi ungi<strong>do</strong> com o Espírito <strong>Santo</strong>" (At 10.38; 1 Jo 2.27);<br />
• "Caiu o Espírito <strong>Santo</strong> sobre to<strong>do</strong>s" (At 10.44);<br />
• "Deus lhes deu o mesmo <strong>do</strong>m que a nós" (At 11.17);<br />
• "Houve um derramamento" (At 2.33).<br />
VII - Cinco Manifestações Distintas<br />
Alguém já denominou o livro de Atos como "Atos <strong>do</strong> Espírito<br />
<strong>Santo</strong>", porque a presença <strong>do</strong> Espírito é marcante e gloriosa,<br />
batizan<strong>do</strong>, operan<strong>do</strong> milagres e orientan<strong>do</strong> prega<strong>do</strong>res e crentes em<br />
geral.<br />
Encontramos nesse livro cinco manifestações <strong>do</strong> batismo com<br />
o Espírito <strong>Santo</strong>. Ele é cita<strong>do</strong> textualmente nas seguintes passagens:<br />
1.2,5,8,16; 2.2,4,17,18,33,38; 4.8,31; 5.3,9; 6.3,5; 7.51,55;<br />
8.15,17,18,19,29,39; 9.17,31; 10.19,38,44,45,47; 11.12,15,24;<br />
13.2,4,9,52; 15.8; 16.6,7; 19.2,6; 20.23,28; 21.4,11; 28.25. Em 11<br />
capítulos, seu nome está ausente (capítulos 3,12,14,17,18,22,23,24,<br />
25,26,27); entretanto sua presença é senti<strong>da</strong> em ca<strong>da</strong> um deles, pelos<br />
milagres realiza<strong>do</strong>s.<br />
Das cinco manifestações de batismo, pelo menos quatro<br />
aconteceram em ci<strong>da</strong>des considera<strong>da</strong>s gentias pelos judeus: Samaria,<br />
Damasco, Cesaréia e Éfeso.<br />
1. Em Jerusalém<br />
"E, de repente, veio <strong>do</strong> céu um som, como de um vento
veemente e impetuoso, e encheu to<strong>da</strong> a casa em que estavam<br />
assenta<strong>do</strong>s. E to<strong>do</strong>s foram cheios <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> e começaram a<br />
falar em outras línguas, conforme o Espírito <strong>Santo</strong> lhes concedia que<br />
falassem" (At 2.2,4).<br />
2. Em Samaria<br />
"Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvin<strong>do</strong> que<br />
Samaria recebera a Palavra de Deus, enviaram para lá <strong>Pedro</strong> e João,<br />
os quais, ten<strong>do</strong> desci<strong>do</strong>, oraram por eles para que recebessem o<br />
Espírito <strong>Santo</strong>. (Porque sobre nenhum deles tinha ain<strong>da</strong> desci<strong>do</strong>, mas<br />
somente eram batiza<strong>do</strong>s em nome <strong>do</strong> Senhor Jesus.) Então, lhes<br />
impuseram as mãos, e receberam o Espírito <strong>Santo</strong>" (At 8.14-18).<br />
3. Em Damasco<br />
"E Ananias foi, e entrou na casa, e, impon<strong>do</strong>-lhe as mãos,<br />
disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por<br />
onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio <strong>do</strong><br />
Espírito <strong>Santo</strong>" (At 9.17).<br />
4. Em Cesaréia<br />
"E, dizen<strong>do</strong> <strong>Pedro</strong> ain<strong>da</strong> estas palavras, caiu o Espírito <strong>Santo</strong><br />
sobre to<strong>do</strong>s os que ouviam a palavra" (At 10.44).<br />
5. Em Éfeso<br />
"Disse-lhes [Paulo]: Recebestes vós já o Espírito <strong>Santo</strong><br />
quan<strong>do</strong> crestes? E eles disseram-lhes: Nós nem ain<strong>da</strong> ouvimos que<br />
haja Espírito <strong>Santo</strong>. E, impon<strong>do</strong>-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o<br />
Espírito <strong>Santo</strong>, e falavam línguas e profetizavam" (At 19.2,6).<br />
Não devemos pensar que depois dessas manifestações o<br />
Espírito <strong>Santo</strong> parou de batizar os cristãos. Pelo contrário, Ele<br />
continuou (e continua) batizan<strong>do</strong>.<br />
A bênção <strong>do</strong> batismo é distinta <strong>do</strong> novo nascimento (Jo
3.3,5,6,8). To<strong>do</strong> crente fiel tem o Espírito <strong>Santo</strong>, mas nem to<strong>do</strong>s são<br />
batiza<strong>do</strong>s com o Espírito <strong>Santo</strong>. Os discípulos de Cristo já tinham o<br />
Espírito <strong>Santo</strong> antes <strong>do</strong> Pentecoste (Jo 20.22). Entretanto, somente<br />
depois <strong>do</strong> Pentecoste é que foram batiza<strong>do</strong>s.<br />
Jesus quer batizar a to<strong>do</strong>s! Basta que pecamos e confiemos na<br />
promessa <strong>do</strong> Pai: "Porque qualquer que pede recebe. Pois, se vós,<br />
sen<strong>do</strong> maus, sabeis <strong>da</strong>r boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais<br />
<strong>da</strong>rá o Pai celestial o Espírito <strong>Santo</strong> aqueles que lho pedirem?" (Lc<br />
11.10,13). Jamais devemos nos aproximar de Deus pensan<strong>do</strong> que<br />
somos merece<strong>do</strong>res de tão grande bênção. Deus não nos abençoa por<br />
aquilo que merecemos, e sim pelo que precisamos. To<strong>do</strong>s somos<br />
carentes de Deus, que "segun<strong>do</strong> as suas riquezas, suprirá" as nossas<br />
necessi<strong>da</strong>des (Fp 4.19), inclusive a <strong>do</strong> batismo com o Espírito <strong>Santo</strong>.<br />
Em ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s ocasiões menciona<strong>da</strong>s acima, houve sinais<br />
externos <strong>da</strong> manifestação <strong>do</strong> Espírito. Em Jerusalém, ouviu-se um<br />
"som como de um vento veemente e impetuoso" e as "línguas<br />
reparti<strong>da</strong>s como que de fogo" acompanharam a desci<strong>da</strong> oficial <strong>do</strong><br />
Espírito <strong>Santo</strong>.<br />
O fenômeno foi tão intenso que os discípulos ali reuni<strong>do</strong>s não<br />
somente ouviram e sentiram, mas chegaram a ver as próprias línguas<br />
(v. 3).<br />
"O vento e o fogo precederam a plenitude <strong>do</strong>s discípulos; o<br />
<strong>do</strong>m de línguas, entretanto, veio como resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> plenitude. O<br />
vento e o fogo jamais se repartiram em outras ocasiões, mas o <strong>do</strong>m<br />
de línguas sempre estava presente em ca<strong>da</strong> ocasião".<br />
O segun<strong>do</strong> episódio marcou a presença de <strong>Pedro</strong> e João na<br />
ci<strong>da</strong>de de Samaria, e a evidência externa foi o <strong>do</strong>m de línguas. O<br />
mago Simão percebeu e até desejou reproduzir os efeitos<br />
extraordinários <strong>da</strong> imposição de mãos <strong>do</strong>s apóstolos. Schaff declara:<br />
"Os <strong>do</strong>ns <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> eram claramente visíveis. A imposição<br />
<strong>da</strong>s mãos <strong>do</strong>s apóstolos conferia alguma coisa mais <strong>do</strong> que a graça<br />
espiritual interior; os <strong>do</strong>ns milagrosos externos de uma outra espécie
eram claramente concedi<strong>do</strong>s". ( 10 )<br />
Os samaritanos haviam si<strong>do</strong> converti<strong>do</strong>s a Cristo pela<br />
poderosa mensagem de Filipe, o evangelista, mas ain<strong>da</strong> lhes faltava o<br />
<strong>do</strong>m <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>. Agora, porém, com a presença de <strong>Pedro</strong> e de<br />
João, o batismo fez-se acompanhar de efeitos externos. Os<br />
samaritanos provaram o <strong>do</strong>m celestial.<br />
Em Damasco, na casa de Ju<strong>da</strong>s, após a conversão de Saulo,<br />
chega um discípulo chama<strong>do</strong> Ananias, o qual entran<strong>do</strong> na casa disse:<br />
"Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde<br />
vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio <strong>do</strong> Espírito<br />
<strong>Santo</strong>".<br />
A missão deste discípulo até então oculto, mas cheio de poder,<br />
era realizar três coisas que seriam de extrema importância na vi<strong>da</strong> de<br />
Saulo:<br />
• impor-lhe as mãos para curá-lo;<br />
• num ato semelhante, fazer com que o Espírito <strong>Santo</strong> o<br />
batizasse;<br />
• torná-lo membro <strong>do</strong> corpo visível de Cristo, que é a sua<br />
Igreja, pelo batismo nas águas.<br />
No quarto episódio, na ci<strong>da</strong>de de Cesaréia, <strong>Pedro</strong> se<br />
encontrava na casa de "um certo Simão, curti<strong>do</strong>r" (At 10.6), quan<strong>do</strong><br />
foi divinamente orienta<strong>do</strong> a ir à casa de Cornélio, a fim de que este,<br />
através <strong>da</strong> pregação <strong>do</strong> apóstolo, fosse salvo. Deus agiu assim para<br />
quebrar uma tradição separatista entre judeus e gentios.<br />
Os judeus <strong>da</strong> circuncisão, mesmo converti<strong>do</strong>s ao Cristianismo,<br />
não aceitavam a salvação <strong>do</strong>s gentios. Há séculos os judeus repetem<br />
um provérbio: "O Espírito <strong>Santo</strong> jamais repousa sobre um pagão".<br />
Era tal a discordância entre os judeus a respeito deste ponto, que foi<br />
necessário um concilio, em Jerusalém, para resolver a questão (At<br />
11.1-3; 15.1-29).<br />
Quantos, em nossos dias, incorrem no mesmo equívoco<br />
10 RIGGS, R. M. O Espírito <strong>Santo</strong>. São Paulo, Vi<strong>da</strong>. 1981.
<strong>da</strong>queles irmãos primitivos que recusavam ou punham ressalvas à<br />
admissão <strong>do</strong>s gentios na igreja! Entre aqueles estava <strong>Pedro</strong>.<br />
Os saduceus entraram em choque com Cristo porque sua<br />
<strong>do</strong>utrina contrariava em muito os ensinos deles, que eram céticos<br />
quanto ao mun<strong>do</strong> superior. Não aceitavam as personali<strong>da</strong>des <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong> espiritual. Para eles, "não há ressurreição, nem anjo, nem<br />
espírito" (At 23.8). Jesus discerniu muito bem a situação <strong>do</strong> grupo:<br />
"Errais, não conhecen<strong>do</strong> as Escrituras, nem o poder de Deus" (Mt<br />
22.29).<br />
Em nossos dias, vemos pessoas bem intenciona<strong>da</strong>s<br />
contestan<strong>do</strong> certas operações <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>. Interpretam a Bíblia<br />
unicamente pela lógica, deixan<strong>do</strong> de la<strong>do</strong> a operação divina mediante<br />
a fé consuma<strong>da</strong> por nosso Senhor Jesus Cristo.<br />
A lógica sempre questiona; a fé sempre aceita. Não estamos<br />
negan<strong>do</strong> o valor <strong>da</strong> lógica. Nossa vontade orienta-se por si mesma,<br />
em virtude de uma espécie de lógica imanente, na direção <strong>do</strong> Bem<br />
absoluto e <strong>do</strong> Ser necessário. Em outras palavras, em direção a Deus,<br />
fim último, no qual nosso coração pode encontrar a paz deseja<strong>da</strong> e a<br />
alegria perfeita. Entretanto, pelo caminho <strong>da</strong> lógica o processo é<br />
lento, enquanto que os passos <strong>da</strong> fé são rápi<strong>do</strong>s. Num momento,<br />
através de uma operação sobrenatural <strong>do</strong> Espírito, pode-se atingir o<br />
mais eleva<strong>do</strong> grau de santi<strong>da</strong>de e aquela perfeição ensina<strong>da</strong> por<br />
Cristo e aspira<strong>da</strong> por nossas almas.<br />
Cremos que essa repentina manifestação <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong><br />
sobre os gentios incircuncisos era necessária, para convencer a <strong>Pedro</strong><br />
e aos seus irmãos <strong>da</strong> circuncisão de que Deus abriria largamente a<br />
porta para os gentios. Serviu como prova <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> de um<br />
Pentecoste gentílico, e <strong>Pedro</strong> se utilizou eficazmente <strong>do</strong> fato, em sua<br />
defesa, em Jerusalém. ( 11 )<br />
Gentios, converti<strong>do</strong>s <strong>da</strong> casa de Cornélio, adquiriram novos<br />
corações e novas línguas; e, ten<strong>do</strong> cri<strong>do</strong> de to<strong>do</strong> o coração na justiça<br />
11 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpreta<strong>do</strong>. Milenium, 1982.
de Deus, suas línguas confessavam a salvação; e Deus foi glorifica<strong>do</strong><br />
na misericórdia que demonstrou.<br />
No quinto e último episódio, o Espírito <strong>Santo</strong> batizou<br />
discípulos de Cristo na ci<strong>da</strong>de de Éfeso. O apóstolo Paulo, após uma<br />
longa caminha<strong>da</strong> pelas "regiões superiores", chegou à capital <strong>da</strong><br />
província romana <strong>da</strong> Ásia Menor (hoje parte <strong>da</strong> Turquia Asiática),<br />
uma <strong>da</strong>s três maiores ci<strong>da</strong>des <strong>do</strong> litoral leste <strong>do</strong> mar Mediterrâneo (as<br />
outras eram Antioquia <strong>da</strong> Síria e Alexandria). Após o grande mestre<br />
ter ora<strong>do</strong> ali com um grupo de 12 homens, eles "falavam línguas e<br />
profetizavam" (At 19.6).<br />
O Dr. D. D. Whe<strong>do</strong>m declara: "Temos em Samaria, como em<br />
Cesaréia e em Éfeso, um Pentecoste em miniatura, no qual parece ter<br />
lugar uma nova inauguração, pela repetição <strong>da</strong> mesma efusão<br />
carismática". Para nós, porém, isso não somente significa uma "nova<br />
inauguração", mas uma "continuação" <strong>da</strong> promessa de Deus a seu<br />
Filho.<br />
Em cinco casos de batismo com o Espírito <strong>Santo</strong>, quatro (isto<br />
é, em Jerusalém, Samaria, Cesaréia e Éfeso) tiveram como resulta<strong>do</strong><br />
imediato e evidência externa o falar em línguas (At 2.3,4; 8.17,18;<br />
10.44-46; 19.6).<br />
Alguém escreveu: "A despeito de frenéticos esforços de<br />
alguns para provar o contrário, a declaração clara e evidente <strong>da</strong><br />
palavra é que to<strong>do</strong>s receberam o <strong>do</strong>m de línguas <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>".<br />
E: "O registro <strong>do</strong> recebimento <strong>do</strong> batismo com o Espírito <strong>Santo</strong> pelos<br />
samaritanos indica fortemente a presença <strong>da</strong>s línguas, que to<strong>do</strong> estudioso<br />
<strong>da</strong> Bíblia sem preconceito está certo de que elas foram<br />
manifesta<strong>da</strong>s lá também".<br />
O sinal evidente <strong>do</strong> batismo com o Espírito <strong>Santo</strong> é o falar em<br />
línguas. Quan<strong>do</strong> assim não acontece, passa a existir a dúvi<strong>da</strong> - o que<br />
não é bom.
5. OS DONS ESPIRITUAIS<br />
I - Os Dons <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong><br />
A discussão acerca <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns espirituais, na igreja em Corinto,<br />
girava em torno de pelo menos quatro questões, para aqueles crentes<br />
ain<strong>da</strong> desconheci<strong>da</strong>s - pelo menos em parte:<br />
• o que eram os <strong>do</strong>ns espirituais;<br />
• os nomes <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns - tecnicamente relaciona<strong>do</strong>s;<br />
• a finali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns na igreja;<br />
• o uso correto <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns, para que a igreja fosse edifica<strong>da</strong>.<br />
Parece que não faltava aos coríntios "<strong>do</strong>ns ministeriais" e<br />
"<strong>do</strong>ns auxiliares". O grande apóstolo faz uma ligeira introdução,<br />
lembran<strong>do</strong> aos coríntios que eles eram gentios leva<strong>do</strong>s aos í<strong>do</strong>los<br />
mu<strong>do</strong>s. E, no versículo seguinte, mostra-lhes a Trin<strong>da</strong>de (1 Co<br />
12.2,3).<br />
Em segui<strong>da</strong>, descreve os <strong>do</strong>ns espirituais, mostran<strong>do</strong> sua<br />
finali<strong>da</strong>de e uso correto. Os coríntios haviam atingi<strong>do</strong> um eleva<strong>do</strong><br />
grau de saber. Era o tempo em que se falava: "Os gregos buscam<br />
sabe<strong>do</strong>ria" (1 Co 1.22). Entretanto, Paulo os adverte de sua<br />
ignorância no tocante às manifestações espirituais: "Acerca <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns<br />
espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes" (1 Co 12.1).<br />
Em Roma, por exemplo, havia profun<strong>da</strong> carência de <strong>do</strong>ns, a<br />
ponto de o apóstolo expressar preocupação: "Porque desejo ver-vos,<br />
para vos comunicar algum <strong>do</strong>m espiritual a fim de que sejais<br />
conforta<strong>do</strong>s" (Rm 1.11).<br />
O apóstolo explica que os <strong>do</strong>ns são "facul<strong>da</strong>des divinas<br />
operan<strong>do</strong> na pessoa humana", capacitan<strong>do</strong> homens e mulheres a<br />
servirem melhor a Deus no crescimento e edificação <strong>da</strong> igreja: "Mas<br />
a manifestação <strong>do</strong> Espírito é <strong>da</strong><strong>da</strong> a ca<strong>da</strong> um, para o que for útil" (1<br />
Co 12.7).
II - Classificação <strong>do</strong>s Dons<br />
De acor<strong>do</strong> com o ensino geral <strong>da</strong> Bíblia, os <strong>do</strong>ns podem ser<br />
classifica<strong>do</strong>s em três grupos distintos:<br />
1. Dons ministeriais<br />
APÓSTOLOS<br />
PROFETAS<br />
EVANGELISTAS<br />
PASTORES<br />
MESTRES<br />
2. Dons auxiliares<br />
GOVERNOS<br />
EXORTAÇÃO<br />
REPARTIR<br />
PRESIDIR<br />
EXERCITAR MISERICÓRDIA SOCORROS<br />
3. Dons espirituais<br />
DOM DE SABEDORIA<br />
DOM DA CIÊNCIA<br />
DOM DA FÉ<br />
DONS DE CURAR<br />
DOM DE OPERAÇÃO DE MARAVILHAS<br />
DOM DE PROFECIA<br />
DOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS<br />
DOM DE LÍNGUAS<br />
DOM DE INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS<br />
Esta é uma lista técnica, conforme os <strong>do</strong>ns encontram-se<br />
relaciona<strong>do</strong>s. Estu<strong>da</strong>remos ca<strong>da</strong> um deles mais à frente (com exceção
<strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns ministeriais), por sua ordem e em ca<strong>da</strong> grupo.<br />
Alguns desses <strong>do</strong>ns são cita<strong>do</strong>s em outros textos relaciona<strong>do</strong>s<br />
ao mesmo assunto:<br />
• ministério (ou governos), relaciona<strong>do</strong> aos apóstolos e<br />
pastores (Rm 12.7; 1 Co 12.28; Ef 4.11);<br />
• presidência, relaciona<strong>do</strong> ao ministério pastoral e<br />
administrativo <strong>da</strong> igreja (Rm 12.8; Ef 4.11; 1 Tm 5.17);<br />
• ensino, relaciona<strong>do</strong> aos mestres (Rm 12.7; 1 Co 12.28; Ef<br />
4.11; 1 Tm 3.2);<br />
• exortação, relaciona<strong>do</strong> ao ministério profético e ao <strong>do</strong>m <strong>da</strong><br />
profecia (Rm 12.8; 1 Co 12.10,28; Ef 4.11);<br />
• <strong>do</strong>m de repartir, relaciona<strong>do</strong> à profecia e à interpretação de<br />
línguas, no senti<strong>do</strong> espiritual, e ao exercício <strong>da</strong> misericórdia e<br />
socorros no seio <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de, no senti<strong>do</strong> social (Rm 12.8; 1 Co<br />
12.10,11; 2 Co 9.11-13);<br />
• misericórdia, relaciona<strong>do</strong> aos socorros (Rm 12.8; 1 Co<br />
12.28);<br />
• milagres, relaciona<strong>do</strong> à operação de maravilhas (1 Co<br />
12.10,28).<br />
Os <strong>do</strong>ns ministeriais e os auxiliares, ain<strong>da</strong> que um pouco<br />
diferentes <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns espirituais, são, contu<strong>do</strong>, manifestações<br />
diversifica<strong>da</strong>s <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>.<br />
Em Romanos 12.6-8, os <strong>do</strong>ns ministeriais e auxiliares<br />
encontram-se interliga<strong>do</strong>s com os <strong>do</strong>ns espirituais.<br />
Em 1 Coríntios 12.1-10, os <strong>do</strong>ns espirituais são distintos, mas<br />
a partir <strong>do</strong> versículo 28 são novamente relaciona<strong>do</strong>s aos <strong>do</strong>ns<br />
ministeriais e auxiliares.<br />
Em Efésios 4.7-11, os <strong>do</strong>ns ministeriais são distintos <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns<br />
espirituais.<br />
Na relação de Paulo em Romanos 12.6-8, o <strong>do</strong>m <strong>da</strong> profecia<br />
aparece em primeiro lugar, depois fé, ministério e os <strong>do</strong>ns de ensinar,<br />
exortar, repartir e presidir.<br />
Na relação de 1 Coríntios 12.8-10, o <strong>do</strong>m <strong>da</strong> palavra <strong>da</strong>
sabe<strong>do</strong>ria vem em primeiro lugar; depois são cita<strong>do</strong>s mais oito <strong>do</strong>ns.<br />
Nos versículos 28-31, são menciona<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>ns ministeriais e<br />
auxiliares, vin<strong>do</strong> em primeiro lugar "apóstolos". Em segui<strong>da</strong> são<br />
relaciona<strong>do</strong>s também oito <strong>do</strong>ns.<br />
Efésios 4.11 cita "apóstolos" em primeiro lugar, segui<strong>do</strong> de<br />
mais quatro <strong>do</strong>ns.<br />
III - Os Dons São Facul<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong>de<br />
Divina<br />
Os <strong>do</strong>ns, quer ministeriais, auxiliares ou espirituais, são<br />
distribuí<strong>do</strong>s diretamente pela Trin<strong>da</strong>de Divina.<br />
Diz Paulo que o Pai, o Filho e o Espírito <strong>Santo</strong> operam<br />
conjuntamente no exercício desses <strong>do</strong>ns.<br />
• O Espírito <strong>Santo</strong> - "Ora há diversi<strong>da</strong>de de <strong>do</strong>ns, mas o<br />
Espírito é o mesmo" (1 Co 12.4);<br />
• Jesus Cristo - "E há diversi<strong>da</strong>de de ministérios, mas o<br />
Senhor [Jesus] é o mesmo" (1 Co 12.5);<br />
• Deus, o Pai - "E há diversi<strong>da</strong>de de operações, mas é o<br />
mesmo Deus que opera tu<strong>do</strong> em to<strong>do</strong>s" (1 Co 12.6).<br />
Devemos observar a vital importância <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> no<br />
exercício <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns espirituais. Ele recebeu de Deus plena liber<strong>da</strong>de<br />
para exercer seu ministério divino! Somente no capítulo referi<strong>do</strong><br />
nesta seção, o Espírito é menciona<strong>do</strong> 11 vezes (vv. 3,4,7,8,9,11,13).<br />
IV - Os Coríntios Desconheciam Algumas<br />
Manifestações<br />
O Dr. F. W. Grant opina que havia na igreja em Corinto<br />
manifestações que não eram <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, embora semelhantes.<br />
Alguns <strong>do</strong>s crentes coríntios provinham de diversas ramificações<br />
i<strong>do</strong>latras, em cujos cultos havia manifestações de espíritos maus.
Agora, com as manifestações <strong>do</strong> Espírito de Deus no meio deles, era<br />
necessária a distinção. Paulo explica, no versículo 3, que qualquer<br />
manifestação espiritual que não exalte Jesus como Senhor não é <strong>do</strong><br />
Espírito <strong>Santo</strong>.<br />
A expressão <strong>do</strong> apóstolo, no versículo 1 ("Acerca <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns<br />
espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes"), subentende<br />
que, na Igreja Primitiva, os <strong>do</strong>ns espirituais eram bastante freqüentes.<br />
Cinco passagens <strong>do</strong> Novo Testamento ensinam claramente que to<strong>do</strong><br />
crente fiel está capacita<strong>do</strong> a receber algum <strong>do</strong>m espiritual (Rm 12.6;<br />
1 Co 7.7; 12.4-7; Ef 4.7; 1 Pe 4.10). Em alguns cristãos, este <strong>do</strong>m<br />
encontra-se a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>! Entretanto, a recomen<strong>da</strong>ção divina é que<br />
"despertes o <strong>do</strong>m de Deus, que existe em ti" (2 Tm 1.6).<br />
V - Os Dons Espirituais Propriamente Ditos<br />
Os <strong>do</strong>ns menciona<strong>do</strong>s em 1 Coríntios 12.8-10 são tecnicamente<br />
chama<strong>do</strong>s "os nove <strong>do</strong>ns espirituais", como<br />
costumeiramente usamos as expressões "os <strong>do</strong>ze patriarcas <strong>do</strong>s filhos<br />
de Israel" e "os <strong>do</strong>ze apóstolos <strong>do</strong> Cordeiro".<br />
No entanto, as listas de <strong>do</strong>ns apresenta<strong>da</strong>s perfazem um<br />
número mais eleva<strong>do</strong>. Os patriarcas, filhos de Jacó, são "<strong>do</strong>ze" (At<br />
7.8). Foram adiciona<strong>do</strong>s, entretanto, outros <strong>do</strong>is a este número:<br />
Manasses e Efraim, embora não<br />
ostentassem o título (Gn 48.5). Abraão e Davi também são<br />
chama<strong>do</strong>s literalmente de patriarcas (At 2.29; Hb 7.4). No caso <strong>do</strong>s<br />
"<strong>do</strong>ze" apóstolos, o mesmo título foi conferi<strong>do</strong> também a Barnabé e a<br />
Paulo (At 14.4,14) e depois, num senti<strong>do</strong> distante, a Tiago, irmão <strong>do</strong><br />
Senhor (Gl 1.19).<br />
O texto menciona "<strong>do</strong>ns" de curar, no plural. No entanto, para<br />
facilitar o estu<strong>do</strong>, manteremos nos capítulos seguintes (6, 7 e 8) "os<br />
nove <strong>do</strong>ns espirituais", como é geralmente aceito pelo povo de Deus.<br />
Pela ordem de citação, os <strong>do</strong>ns espirituais estão assim<br />
relaciona<strong>do</strong>s:
DOM DA PALAVRA DA SABEDORIA<br />
DOM DA PALAVRA DA CIÊNCIA<br />
DOM DA FÉ<br />
DONS DE CURAR<br />
DOM DE OPERAÇÃO DE MARAVILHAS<br />
DOM DE PROFECIA<br />
DOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS<br />
DOM DE VARIEDADES DE LÍNGUAS<br />
DOM DE INTERPRETAÇÃO DAS LÍNGUAS<br />
Estes <strong>do</strong>ns são classifica<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com a sua natureza.<br />
1. Dons de saber<br />
Também chama<strong>do</strong>s "<strong>do</strong>ns de revelação".<br />
DOM DA PALAVRA DA SABEDORIA<br />
DOM DA PALAVRA DA CIÊNCIA<br />
DOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS<br />
2. Dons de poder<br />
Também chama<strong>do</strong>s "<strong>do</strong>ns de operação sobrenatural".<br />
DOM DA FÉ<br />
DONS DE CURAR<br />
DOM DE OPERAÇÃO DE MARAVILHAS<br />
3. Dons de expressão<br />
Também chama<strong>do</strong>s "<strong>do</strong>ns orais".<br />
DOM DE PROFECIA<br />
DOM DE VARIEDADES DE LÍNGUAS<br />
DOM DE INTERPRETAÇÃO DAS LÍNGUAS
VI - "Dom" e "Dons"<br />
O "<strong>do</strong>m" (singular) deve ser diferencia<strong>do</strong> de "<strong>do</strong>ns" (plural). O<br />
<strong>do</strong>m propriamente dito é o batismo com o Espírito <strong>Santo</strong>, conforme<br />
defende <strong>Pedro</strong> no dia de Pente-coste e em outras ocasiões, quan<strong>do</strong> se<br />
referia ao derramamento <strong>do</strong> Espírito: "E disse-lhes <strong>Pedro</strong>:<br />
Arrependei-vos, e ca<strong>da</strong> um de vós seja batiza<strong>do</strong> era nome de Jesus<br />
Cristo, para perdão <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>s, e recebereis o <strong>do</strong>m <strong>do</strong> Espírito<br />
<strong>Santo</strong>" (At 2.38). E, mais adiante, na ci<strong>da</strong>de de Samaria, ao mago<br />
Simão: "O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cui<strong>da</strong>ste que<br />
o <strong>do</strong>m de Deus se alcança por dinheiro" (At 8.20). Finalmente, na<br />
casa de Cornélio, o centurião romano: "E os fiéis que eram <strong>da</strong><br />
circuncisão... maravilharam-se de que o <strong>do</strong>m <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> se<br />
derramasse também sobre os gentios" (At 10.45). Claro está que o<br />
termo "<strong>do</strong>m" usa<strong>do</strong> nestes textos refere-se ao batismo com o Espírito<br />
<strong>Santo</strong>, que os 120 discípulos receberam no cenáculo, evidencia<strong>do</strong><br />
pelo falar em outras línguas.<br />
No episódio de Atos 8.14-20, novamente o termo "<strong>do</strong>m" é<br />
repeti<strong>do</strong> pelo apóstolo <strong>Pedro</strong>, como sen<strong>do</strong> o batismo com o Espírito<br />
<strong>Santo</strong>. Assim também na casa <strong>do</strong> centurião (At 10.44-47) e no<br />
concilio realiza<strong>do</strong> em Jerusalém, onde <strong>Pedro</strong> se defende por ter<br />
entra<strong>do</strong> na casa de um gentio (At 15.8).<br />
As passagens de 2 Coríntios 9.15, Hebreus 6.4 e Tiago 1.17<br />
podem indicar a mesma coisa. É importante observar que a palavra<br />
grega charismata, traduzi<strong>da</strong> em português por "carismático", aparece<br />
por 17 vezes no Novo Testamento (Rm 1.11; 5.15,16; 6.23; 11.29;<br />
12.6; 1 Co 1.7; 7.7; 12.4,9,28,30,31; 2 Co 1.11; 1 Tm 4.14; 2 Tm 1.6;<br />
1 Pe 4.10). Relaciona-se com o verbo charizomai, que significa "eu<br />
<strong>do</strong>u como um favor".( 12 ) O A expressão se completa com o<br />
substantivo charismata, que quer dizer "<strong>do</strong>ns gratuitos de Deus".<br />
Aplica-se no Novo Testamento em três senti<strong>do</strong>s diferentes:<br />
• a salvação <strong>do</strong> peca<strong>do</strong> (Rm 5.15-17);<br />
12 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpreta<strong>do</strong>. Milenium, 1982.
• a libertação de perigo físico (2 Co 1.10,11);<br />
• a capaci<strong>da</strong>de de Deus na pessoa humana, para o bem-estar e<br />
o crescimento <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de cristã (Rm 12.3-8; 1 Co 12.14; Ef 4.7;<br />
1 Pe 4.10,11).<br />
VII - Um Dom Específico em ca<strong>da</strong> Grupo<br />
Note-se que em ca<strong>da</strong> grupo de <strong>do</strong>ns espirituais há um <strong>do</strong>m de<br />
maior magnitude.<br />
No primeiro grupo - <strong>do</strong>ns de saber - destaca-se o <strong>do</strong>m <strong>da</strong><br />
palavra <strong>da</strong> sabe<strong>do</strong>ria.<br />
No segun<strong>do</strong> grupo - <strong>do</strong>ns de poder - destaca-se o <strong>do</strong>m <strong>da</strong> fé.<br />
No terceiro grupo - <strong>do</strong>ns de expressão - destaca-se o <strong>do</strong>m de profecia.<br />
Com efeito, a sabe<strong>do</strong>ria é retrata<strong>da</strong> na Bíblia como sen<strong>do</strong> o<br />
próprio Cristo: "Ele foi feito por Deus sabe<strong>do</strong>ria" (1 Co 1.30). E<br />
também é o primeiro <strong>do</strong>m relaciona<strong>do</strong> entre os nove (cf. Pv 4.7; 1 Co<br />
12.8).<br />
No caso <strong>da</strong> fé especial, torna-se evidente que ela é necessária<br />
para que alguém cure e opere maravilhas. Sem fé é impossível operar<br />
tais milagres (Mt 21.21; Hb 11.6).<br />
Finalmente, a profecia é autônoma no grupo de expressão,<br />
pois não depende de interpretação, como no caso <strong>da</strong> varie<strong>da</strong>de de<br />
línguas. A profecia também representa, na atual dispensação, "o<br />
testemunho de Jesus Cristo" (Ap 19.10).<br />
Os charismata, por conseguinte, podem ser chama<strong>do</strong>s com<br />
exatidão de "<strong>do</strong>ns graciosos". A forma singular é encontra<strong>da</strong> em<br />
passagens como: Romanos 1.11; 5.15,16; 6.23; 1 Coríntios 1.7; 7.7; 2<br />
Coríntios 1.11; 1 Timóteo 4.14; 2 Timóteo 1.6; 1 <strong>Pedro</strong> 4.10.<br />
Temos a forma plural em Romanos 11.29 e 12.6; 1 Coríntios<br />
12.4,9,28,31 etc.<br />
Há outros textos que mencionam a plurali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns, em<br />
senti<strong>do</strong> geral (cf. Sl 68.18; 1 Co 14.1; Ef 4.8; Hb 2.4 etc).
VIII - A Difusão <strong>do</strong>s Dons<br />
Os <strong>do</strong>ns <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> assinalam uma nova dispensação, a<br />
<strong>da</strong> Graça, e foram preditos com antecedência de séculos pelos<br />
profetas <strong>do</strong> Senhor (cf. Jl 2.28; Ag 2.9; Zc 12.10).<br />
São confirma<strong>do</strong>s pelas promessas de Cristo aos seus<br />
discípulos no Novo Testamento (Mc 16.17; Jo 14.12; At 1.8).<br />
Observemos no entanto que <strong>Pedro</strong>, no dia de Pente-coste, salienta<br />
que a profecia de Joel não expirava ali: "Isto é o que foi dito pelo<br />
profeta Joel" (At 2.16). <strong>Pedro</strong> não diz: "Cumpriu-se o que foi dito".<br />
O cumprimento desta grande profecia tem acompanha<strong>do</strong> a Igreja<br />
através <strong>do</strong>s séculos, e mesmo numa outra dispensação, a <strong>do</strong> Milênio,<br />
continuará.<br />
Posteriormente, numerosos <strong>do</strong>ns espirituais são menciona<strong>do</strong>s<br />
por Lucas, em Atos <strong>do</strong>s Apóstolos (3.6ss; 5.12ss; 8.13,18; 9.33ss;<br />
12.6-8; cf. 1 Co 12-14), e por <strong>Pedro</strong> (1 Pe4.10).<br />
Paulo, além de usar expressões técnicas para descrever os<br />
<strong>do</strong>ns espirituais, chama-os também de "estas coisas", "coisas<br />
espirituais" e "as coisas <strong>do</strong> Espírito de Deus" (1 Co 2.13,14; 12.11).<br />
Expressões de idêntico significa<strong>do</strong> são encontra<strong>da</strong>s em outras<br />
passagens, tais como:<br />
O DOM DO ESPÍRITO SANTO (At 2.38) O DOM DE<br />
DEUS (At 8.20) DOM INEFÁVEL (2 Co 9.15) O DOM<br />
CELESTIAL (Hb 6.4)<br />
To<strong>da</strong>s estas expressões, direta ou indiretamente, apontam<br />
operações <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>. ( 13 )<br />
IX - A Diversi<strong>da</strong>de de Dons<br />
Além <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns menciona<strong>do</strong>s em 1 Coríntios 12.8-10, há<br />
outros distribuí<strong>do</strong>s pelo Espírito <strong>Santo</strong>. Paulo afirma: "Há<br />
13 Idem.
diversi<strong>da</strong>de de <strong>do</strong>ns, mas o Espírito é o mesmo" (1 Co 12.4). Em<br />
passagens como Romanos 12.7,8 e 1 Coríntios 12.28, além <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns<br />
propriamente ministeriais, aparecem outros: governos (ministérios),<br />
exortação, repartir, presidir, exercitar misericórdia, socorros.<br />
1. Governos<br />
Este <strong>do</strong>m é chama<strong>do</strong> "ministério" em Romanos 12.7, e<br />
"governos", em 1 Coríntios 12.28. Está relaciona<strong>do</strong> diretamente com<br />
os "<strong>do</strong>ns eclesiásticos", especialmente com os apóstolos e pastores -<br />
e, por extensão, aos anciãos <strong>da</strong> igreja. Nos dias <strong>da</strong> Igreja Primitiva,<br />
havia, pois, necessi<strong>da</strong>de de pessoas <strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s de habili<strong>da</strong>des especiais<br />
para a administração e a ordem social.<br />
Na dispensação <strong>da</strong> Lei, já havia um ministério assim<br />
denomina<strong>do</strong>. Os levitas eram consagra<strong>do</strong>s aos trinta anos para esta<br />
função, e nela permaneciam até aos cinqüenta: "Da i<strong>da</strong>de de trinta<br />
anos para cima, até aos cinqüenta, to<strong>do</strong> aquele que entrava a executar<br />
o ministério <strong>da</strong> administração..." (Nm 4.47). Era dividi<strong>do</strong> em duas<br />
funções distintas: uma espiritual e uma social.<br />
Paulo informa aos romanos que iria a Jerusalém "para<br />
ministrar" aos santos, numa passagem que fala de bens materiais e<br />
espirituais, respectivamente (Rm 15.25-27). Ele até orou neste<br />
senti<strong>do</strong>: "Para que... esta minha administração, que em Jerusalém<br />
faço, seja bem aceita pelos santos" (Rm 15.31).<br />
Há, em nossos dias, um grande número de pessoas com<br />
extraordinária capaci<strong>da</strong>de administrativa. Mas trata-se apenas de<br />
habili<strong>da</strong>de humana, técnica. A administração bíblica, porém, é uma<br />
aptidão concedi<strong>da</strong> ao homem ou à mulher pelo Espírito <strong>Santo</strong>, para<br />
que administrem os bens terrenos e espirituais pertencentes à igreja<br />
ou à comuni<strong>da</strong>de.<br />
2. Exortação<br />
Encontramos este <strong>do</strong>m em Romanos 12.8 e 1 Coríntios 14.3,<br />
sen<strong>do</strong> nesta última passagem liga<strong>do</strong> ao <strong>do</strong>m de profecia, mas deve
também estar relaciona<strong>do</strong> a "mestres". Não é de duvi<strong>da</strong>r que profetas<br />
e mestres, o primeiro através <strong>da</strong> profecia e o segun<strong>do</strong> pelo ministério<br />
<strong>da</strong> palavra, exercessem esse <strong>do</strong>m. O propósito <strong>da</strong> exortação é levar os<br />
crentes a uma vi<strong>da</strong> cristã mais eleva<strong>da</strong>, a uma íntima transformação<br />
segun<strong>do</strong> a imagem de Cristo. Trata-se de uma conclamação <strong>do</strong><br />
Espírito de Deus ao arrependimento e à santi<strong>da</strong>de. As palavras de<br />
exortação são ensina<strong>da</strong>s pelo Espírito <strong>Santo</strong> (Rml2.8; 1 Co 2.13;<br />
14.1-3).<br />
3. Repartir<br />
O <strong>do</strong>m de repartir é cita<strong>do</strong> em Romanos 12.8. Do ponto de<br />
vista divino, este <strong>do</strong>m <strong>do</strong> Espírito está liga<strong>do</strong> diretamente aos <strong>do</strong>ns de<br />
profecia e interpretação; e, no senti<strong>do</strong> social, à misericórdia e<br />
socorros. Jesus ensinou seus discípulos a "repartir o pão" (Jo 6.11).<br />
E, de igual mo<strong>do</strong>, "o pão <strong>da</strong> ceia <strong>do</strong> Senhor", que representa seu<br />
corpo, e o "cálice", que simboliza o seu sangue (Lc 22.17-20).<br />
O primeiro ato <strong>do</strong> Senhor - o repartir o pão - fala <strong>da</strong><br />
multiplicação que sucedeu a este gesto.<br />
O segun<strong>do</strong> ato fala <strong>da</strong> comunhão, que é representa<strong>da</strong> pela ceia<br />
<strong>do</strong> Senhor. O ver<strong>da</strong>deiro cristão tanto reparte com os demais os bens<br />
temporários quanto os espirituais.<br />
A Igreja Primitiva era sem dúvi<strong>da</strong> possui<strong>do</strong>ra deste <strong>do</strong>m<br />
maravilhoso, pois "não havia pois entre eles necessita<strong>do</strong> algum" (At<br />
4.34). O segre<strong>do</strong> deste sucesso era que "repartia-se por ca<strong>da</strong> um,<br />
segun<strong>do</strong> a necessi<strong>da</strong>de que ca<strong>da</strong> um tinha". Do ponto de vista divino,<br />
a Igreja cumpriu sua missão, enchen<strong>do</strong> Jerusalém e depois o mun<strong>do</strong><br />
inteiro com a palavra de Deus.<br />
4. Presidir<br />
Este <strong>do</strong>m também é cita<strong>do</strong> em Romanos 12.8. Associa-se com<br />
o ministério pastoral. No original, o termo "presidir" fala de funções<br />
administrativas na igreja, envolven<strong>do</strong> os responsáveis pelo bom<br />
funcionamento de alguns de seus segmentos e <strong>do</strong> ministério.
No entanto, trata-se primeiramente de um <strong>do</strong>m, e somente<br />
depois envolve o ofício. Está presente nas "sete colunas de<br />
sabe<strong>do</strong>ria", que são: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores,<br />
mestres, presbíteros e diáconos.<br />
5. Misericórdia<br />
Também cita<strong>do</strong> em Romanos 12.8, este <strong>do</strong>m envolve tanto<br />
aju<strong>da</strong> material quanto espiritual. Paulo lembra aos anciãos <strong>da</strong> igreja<br />
de Efeso que não esqueçam <strong>da</strong> misericórdia: "Tenho-vos mostra<strong>do</strong><br />
em tu<strong>do</strong> que, trabalhan<strong>do</strong> assim, é necessário auxiliar os enfermos, e<br />
recor<strong>da</strong>r as palavras <strong>do</strong> Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventura<strong>da</strong><br />
coisa é <strong>da</strong>r <strong>do</strong> que receber" (At 20.35).<br />
Em 1 Coríntios, falan<strong>do</strong> expressamente <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns espirituais, o<br />
apóstolo menciona um <strong>do</strong>m "maior" que os demais - o amor (13.13).<br />
E é o amor o pai <strong>da</strong> misericórdia!<br />
Deus é amor, e também se chama "Pai <strong>da</strong>s misericórdias" (2<br />
Co 1.3). O <strong>do</strong>m <strong>da</strong> misericórdia é uma "compaixão demonstra<strong>da</strong>"<br />
àqueles que sofrem! É a tristeza de não fazer e a alegria de realizar!<br />
O Filho de Deus, em seus dias na Terra, ensinou a to<strong>do</strong>s o valor deste<br />
<strong>do</strong>m: "Misericórdia quero, e não sacrifício" (Mt 9.13). E, a respeito<br />
<strong>do</strong>s que possuem este <strong>do</strong>m tão maravilhoso, disse: "Bem-aventura<strong>do</strong>s<br />
os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia" (Mt 5.7).<br />
Há quem exercite a misericórdia <strong>do</strong> dever, a primeira milha.<br />
Entretanto, só poderá caminhar a segun<strong>da</strong> milha quem possuir a<br />
misericórdia como <strong>do</strong>m.<br />
6. Socorros<br />
Este <strong>do</strong>m é cita<strong>do</strong> em 1 Coríntios 12.28. A exemplo <strong>do</strong><br />
exercício de misericórdia, tem abrangência material e espiritual. É<br />
cita<strong>do</strong> no plural em função <strong>da</strong>s inúmeras necessi<strong>da</strong>des no seio <strong>da</strong><br />
igreja, que são de ordem espiritual, moral e social.<br />
Nas horas difíceis, pessoas capacita<strong>da</strong>s pelo Espírito <strong>Santo</strong><br />
com o <strong>do</strong>m de socorros estão prontas para aju<strong>da</strong>r. São impeli<strong>da</strong>s pelo
Espírito <strong>Santo</strong> a um interesse especial e intuitivo pelos necessita<strong>do</strong>s,<br />
e descobrem meios para resolver essas necessi<strong>da</strong>des. Mesmo quan<strong>do</strong><br />
to<strong>da</strong>s as vozes se calam em defesa <strong>da</strong> igreja ou <strong>do</strong> cristão individualmente,<br />
"socorro e livramento <strong>do</strong>utra parte virá" (Et 4.14); porque<br />
"Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na<br />
angústia" (Sl 46.1). Em qualquer tempo ou lugar, contamos sempre<br />
com o "socorro <strong>do</strong> Espírito de Jesus Cristo" (Fp 1.19).<br />
X - Deus É quem Opera Tu<strong>do</strong> em To<strong>do</strong>s<br />
Deus está em foco na operação miraculosa de ca<strong>da</strong> <strong>do</strong>m. Ele é<br />
e sempre será o opera<strong>do</strong>r: ca<strong>da</strong> <strong>do</strong>m é conferi<strong>do</strong> e posto em<br />
funcionamento por Ele.<br />
Apesar de haver "diversi<strong>da</strong>de de <strong>do</strong>ns., de ministérios... de<br />
operações... é o mesmo Deus que opera tu<strong>do</strong> em to<strong>do</strong>s" (1 Co 12.4-<br />
6). Isto faz com que haja uni<strong>da</strong>de na diversi<strong>da</strong>de.<br />
"Assim é que temos o Pai, a primeira fonte e a origem de to<strong>da</strong><br />
a influência espiritual em to<strong>do</strong>s; temos também Deus Filho, aquEle<br />
que põe em ordem, em sua Igreja, to<strong>do</strong>s os ministérios, mediante o<br />
quê essa influência pode ser legitimamente trazi<strong>da</strong> para edificação de<br />
seu corpo; e temos Deus Espírito <strong>Santo</strong>, que habita e opera no seio <strong>da</strong><br />
Igreja, efetuan<strong>do</strong> em ca<strong>da</strong> indivíduo a medi<strong>da</strong> de seus <strong>do</strong>ns que Ele<br />
assim quiser fazer".<br />
To<strong>da</strong> e qualquer manifestação espiritual deve estar de acor<strong>do</strong> e<br />
em perfeita harmonia com o ensinamento geral <strong>da</strong> Bíblia. Se há<br />
manifestação ou operação diferente, seja rejeita<strong>da</strong> como fonte<br />
espúria. Jamais o Espírito <strong>Santo</strong> operará em desacor<strong>do</strong> com o Pai e o<br />
Filho.
6. OS DONS DE REVELAÇÃO<br />
I - O Dom <strong>da</strong> Palavra <strong>da</strong> Sabe<strong>do</strong>ria<br />
"E a um pelo mesmo Espírito é <strong>da</strong><strong>da</strong> a palavra <strong>da</strong> sabe<strong>do</strong>ria"<br />
(1 Co 12.8).<br />
De acor<strong>do</strong> com Riggs, é fácil determinar a ordem <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns<br />
neste grupo, já que a sabe<strong>do</strong>ria pressupõe a ciência e é uma aplicação<br />
discreta <strong>do</strong> conhecimento. A sabe<strong>do</strong>ria é maior que a ciência, embora<br />
sejam sempre cita<strong>da</strong>s em conexão nas Escrituras (Pv 4.7; 8.12; 9.10<br />
etc).<br />
O discernimento de espíritos é apenas parte <strong>do</strong> conhecimento<br />
e, portanto, uma extensão <strong>da</strong> sabe<strong>do</strong>ria e ciência divinas.<br />
Examinemos em detalhes os <strong>do</strong>ns de revelação:<br />
DOM DA PALAVRA DA SABEDORIA DOM DA<br />
PALAVRA DA CIÊNCIA DOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS<br />
Estes <strong>do</strong>ns se manifestam na esfera mental. Por meio <strong>da</strong><br />
palavra <strong>da</strong> sabe<strong>do</strong>ria, Deus capacita a mente humana para entender<br />
to<strong>do</strong>s os fatos e circunstâncias, leis e princípios, tendências,<br />
influências e possibili<strong>da</strong>des.<br />
A sabe<strong>do</strong>ria encerra tu<strong>do</strong>: matéria-prima (celestial, humana e<br />
natural), poder e perícia.( 14 )<br />
A sabe<strong>do</strong>ria como <strong>do</strong>m é completamente sobrenatural: uma<br />
operação divina - através <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> -que dilata a mente e o<br />
coração <strong>do</strong> homem (cf. Êx 31.1-6; Dt 34.9; 1 Rs 4.29; Dn 1.17-20; At<br />
6.10). É, portanto, uma operação desvincula<strong>da</strong> de qualquer técnica ou<br />
méto<strong>do</strong> humano, que se manifesta conforme a circunstância ou para<br />
atender a uma necessi<strong>da</strong>de premente (Lc 12.11,12; 21.15; Tg 1.5).<br />
14 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpreta<strong>do</strong>. Milenium, 1982.
1. No Antigo Testamento<br />
Encontramos no Antigo Testamento pessoas capacita<strong>da</strong>s por<br />
Deus com o <strong>do</strong>m <strong>da</strong> palavra <strong>da</strong> sabe<strong>do</strong>ria.<br />
José. "E disse Faraó a seus servos: Acharíamos um varão<br />
como este, em quem haja o Espírito de Deus? Depois disse Faraó a<br />
José: Pois que Deus te fez saber tu<strong>do</strong> isto, ninguém há tão entendi<strong>do</strong><br />
e sábio como tu" (Gn 41.38,39).<br />
Moisés e Arão. "Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca, e<br />
te ensinarei o que hás de falar... e eu serei com a tua boca e com a sua<br />
boca, ensinan<strong>do</strong>-vos o que haveis de fazer" (Êx 4.12,15).<br />
Bezalel e Aoliabe. "Eis que eu tenho chama<strong>do</strong> por nome a<br />
Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, <strong>da</strong> tribo de Judá, e o enchi <strong>do</strong><br />
espírito de Deus, de sabe<strong>do</strong>ria... E eis que eu tenho posto com ele a<br />
Aoliabe, filho de Aisamaque, <strong>da</strong> tribo de Dã, e tenho <strong>da</strong><strong>do</strong> sabe<strong>do</strong>ria<br />
ao coração de to<strong>do</strong> aquele que é sábio de coração..." (Êx 31.2,3,6).<br />
Josué. "E Josué, filho de Num, foi cheio <strong>do</strong> espírito de<br />
sabe<strong>do</strong>ria..." (Dt 34.9).<br />
Salomão. "E to<strong>do</strong> o Israel ouviu a sentença que dera o rei e<br />
temeu ao rei, porque viram que havia nele a sabe<strong>do</strong>ria de Deus... E<br />
deu Deus a Salomão sabe<strong>do</strong>ria, e muitíssimo entendimento, e<br />
largueza de coração, como a areia que está na praia <strong>do</strong> mar. E era a<br />
sabe<strong>do</strong>ria de Salomão maior <strong>do</strong> que a sabe<strong>do</strong>ria de to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong><br />
Oriente e <strong>do</strong> que to<strong>da</strong> a sabe<strong>do</strong>ria <strong>do</strong>s egípcios" (1 Rs 3.28; 4.29,30).<br />
Eliú. "Se não, escuta-me tu; cala-te, e ensinar-te-ei a<br />
sabe<strong>do</strong>ria" (Jo 33.33).<br />
Isaías. "O Senhor Jeová me deu uma língua erudita, para que<br />
saiba dizer, a seu tempo, uma boa palavra ao que está cansa<strong>do</strong>" (Is<br />
50.4).<br />
Jeremias. "E estendeu o Senhor a sua mão, tocou-me na boca<br />
e disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca"<br />
(Jr 1.9).<br />
Daniel e seus companheiros. "Ora, a esses quatro mancebos<br />
Deus deu o conhecimento e a inteligência em to<strong>da</strong>s as letras, e
sabe<strong>do</strong>ria..." (Dn 1.17).<br />
Cristo, mesmo antes de se humanizar, foi retrata<strong>do</strong> no Antigo<br />
Testamento como sen<strong>do</strong> a própria sabe<strong>do</strong>ria (Pv 8.22-36). E no Novo<br />
Testamento "foi feito por Deus sabe<strong>do</strong>ria" (1 Co 1.30). O Espírito<br />
<strong>Santo</strong> ungiu a Jesus Cristo para ser a sua sabe<strong>do</strong>ria. Isto é detalha<strong>do</strong><br />
em Isaías 11.2, onde "repousará sobre ele o Espírito <strong>do</strong> Senhor":<br />
Espírito de sabe<strong>do</strong>ria. Habili<strong>da</strong>de para compreender a<br />
essência e o propósito <strong>da</strong>s coisas e descobrir os meios certos de<br />
realizar o propósito de Deus em ca<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />
Espírito de inteligência. Habili<strong>da</strong>de para discernir circunstâncias,<br />
relacionamentos e pessoas.<br />
Espírito de conselho. Habili<strong>da</strong>de de tomar decisões acerta<strong>da</strong>s,<br />
informar e guiar outras pessoas.<br />
Espírito de conhecimento. Habili<strong>da</strong>de para aju<strong>da</strong>r a descobrir<br />
a "boa, agradável, e perfeita vontade de Deus", e também quem é Ele,<br />
e o que Ele faz. ( 15 )<br />
2. No Novo Testamento<br />
A sabe<strong>do</strong>ria divina é retrata<strong>da</strong> no Novo Testamento como algo<br />
sublime e especial. Durante seu ministério terreno, Jesus antecipou<br />
aos seus segui<strong>do</strong>res que iriam enfrentar momentos difíceis diante de<br />
homens poderosos e de saber eleva<strong>do</strong> e que, sem uma intervenção<br />
miraculosa <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, através <strong>do</strong> <strong>do</strong>m <strong>da</strong> palavra <strong>da</strong> sabe<strong>do</strong>ria,<br />
eles jamais seriam vitoriosos.<br />
Vaticinan<strong>do</strong> a perseguição que sobre eles viria, prometeu-lhes:<br />
"E, quan<strong>do</strong> vos conduzirem às sinagogas, aos magistra<strong>do</strong>s e<br />
potestades, não estejais solícitos de como ou <strong>do</strong> que haveis de<br />
responder, nem <strong>do</strong> que haveis de dizer. Porque na mesma hora vos<br />
ensinará o Espírito <strong>Santo</strong> o que vos convenha falar" (Lc 12.11,12).<br />
Numa outra ocasião quan<strong>do</strong> ensinava a seus discípulos, o Mestre<br />
reafirmou a promessa: "Proponde, pois, em vossos corações não<br />
15 DUEWELL, W. L. Deixe Deus Guiá-lo Diariamente. São Paulo, Candeia, 1993.
premeditar como haveis de responder, porque eu vos <strong>da</strong>rei boca e<br />
sabe<strong>do</strong>ria a que não poderão resistir, nem contradizer to<strong>do</strong>s quantos<br />
se vos opuserem" (Lc 21.14,15).<br />
O <strong>do</strong>m <strong>da</strong> palavra <strong>da</strong> sabe<strong>do</strong>ria foi concedi<strong>do</strong> aos discípulos<br />
no dia de Pentecoste. <strong>Pedro</strong> era até então um discípulo ousa<strong>do</strong>, mas<br />
sem poder de persuasão (Mt 16.22,23; Jo 18.17,25,26,27).<br />
Entretanto, após o Pentecoste, este quadro reverteu! <strong>Pedro</strong> tornou-se<br />
um homem "eloqüente e poderoso" e, em apenas uns oito minutos,<br />
convenceu a multidão <strong>do</strong> extraordinário acontecimento ali<br />
presencia<strong>do</strong> (At 2.14-40).<br />
Depois desse dia, o <strong>do</strong>m <strong>da</strong> palavra de sabe<strong>do</strong>ria acompanhou<br />
passo a passo a Igreja Primitiva. Logo no capítulo 4 de Atos,<br />
podemos ver novamente <strong>Pedro</strong> e João deixan<strong>do</strong> atônitos as<br />
autori<strong>da</strong>des eclesiásticas de Israel: "Então, eles, ven<strong>do</strong> a ousadia de<br />
<strong>Pedro</strong> e de João e informa<strong>do</strong>s de que eram homens sem letras e<br />
in<strong>do</strong>utos, se maravilharam; e tinham conhecimento de que eles<br />
haviam esta<strong>do</strong> com Jesus" (At 4.13).<br />
Logo depois, encontramos Estevão, um <strong>do</strong>s sete escolhi<strong>do</strong>s<br />
para "servir às mesas", sen<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> poderosamente com este <strong>do</strong>m,<br />
conforme lemos em Atos 6.9,10: "E levantaram-se alguns que eram<br />
<strong>da</strong> sinagoga chama<strong>da</strong> <strong>do</strong>s Libertos, e <strong>do</strong>s cireneus, e <strong>do</strong>s<br />
alexandrinos, e <strong>do</strong>s que eram <strong>da</strong> Cilícia e <strong>da</strong> Ásia, e disputavam com<br />
Estevão. E não podiam resistir à sabe<strong>do</strong>ria, e ao espírito com que<br />
falava".<br />
O apóstolo Paulo, quan<strong>do</strong> pregava ou ensinava, valia-se<br />
sempre deste <strong>do</strong>m maravilhoso, conforme ele mesmo descreve em 1<br />
Coríntios 2.13: "As quais também falamos, não com palavras de<br />
sabe<strong>do</strong>ria humana, mas com as que o Espírito <strong>Santo</strong> ensina,<br />
comparan<strong>do</strong> as coisas espirituais com as espirituais".<br />
Devemos ter era mente que o <strong>do</strong>m <strong>da</strong> palavra <strong>da</strong> sabe<strong>do</strong>ria não<br />
é restrito à expressão vocal. É usa<strong>do</strong> por Deus para outros fins e<br />
funções especiais, tais como:<br />
• governo (Gn 41.33-39);
• criativi<strong>da</strong>de e invenção (Êx 31.1-6);<br />
• coman<strong>do</strong> (Dt 34.9);<br />
• julgamento (1 Rs 3.16-28);<br />
• esclarecimento de dúvi<strong>da</strong>s (Jo 33.33);<br />
• conquista de almas para Deus (Pv 11.30);<br />
• eluci<strong>da</strong>ção de enigmas difíceis (Dn 1.17);<br />
• edificação <strong>da</strong> igreja (1 Co 14.12).<br />
Este <strong>do</strong>m maravilhoso faz brilhar o rosto <strong>do</strong> salvo! (Pv 17.24;<br />
Ec 8.1; Dn 1.15-20; 12.3; At 6.15).<br />
II. O Dom <strong>da</strong> Palavra <strong>da</strong> Ciência<br />
"E a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra <strong>da</strong> ciência" (1 Co<br />
12.8).<br />
O <strong>do</strong>m <strong>da</strong> palavra <strong>da</strong> ciência é a revelação sobrenatural de<br />
algum fato que existe na mente de Deus, mas que o homem, devi<strong>do</strong><br />
às suas limitações, não pode conhecer, a não ser pela poderosa<br />
intervenção <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>. Este <strong>do</strong>m é o segun<strong>do</strong> menciona<strong>do</strong>,<br />
pela ordem <strong>do</strong> grupo.<br />
Encontramos a palavra <strong>da</strong> sabe<strong>do</strong>ria e a palavra <strong>da</strong> ciência<br />
associa<strong>da</strong>s em várias passagens <strong>da</strong>s Escrituras (Êx31.3; 1 Rs 7.14; Pv<br />
1.7; 9.10; Dn 1.4; 1 Co 12.8 etc).<br />
Em 1 Coríntios 12, os <strong>do</strong>ns são relaciona<strong>do</strong>s em ordem,<br />
embora fazen<strong>do</strong> parte de uma "diversi<strong>da</strong>de" (no grego, diairesis).<br />
"Diversi<strong>da</strong>de" vem de uma raiz hebraica que expressa a idéia de<br />
divisão. O substantivo poderia, então, significar "distribuição",<br />
"partilha".<br />
Deus não nos concede a facul<strong>da</strong>de <strong>da</strong> onisciência, que é<br />
exclusivamente divina, mas por meio <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> nos concede<br />
a palavra <strong>do</strong> conhecimento, sempre visan<strong>do</strong> a um fim proveitoso e
glorioso na edificação espiritual de seus filhos. ( 16 )<br />
Há uma distinção entre a sabe<strong>do</strong>ria e a ciência. A sabe<strong>do</strong>ria é<br />
a ciência sabiamente aplica<strong>da</strong>. A ciência é um requisito para a<br />
sabe<strong>do</strong>ria e para o ensino. O ensino é a comunicação <strong>do</strong><br />
conhecimento. Ninguém pode ensinar sem primeiro saber, mas nem<br />
to<strong>do</strong>s os que sabem podem ensinar.<br />
A ciência como algo sobrenatural é um <strong>do</strong>m, e não meramente<br />
conhecimento adquiri<strong>do</strong> através de estu<strong>do</strong>s e pesquisas dirigi<strong>da</strong>s ou<br />
sistematiza<strong>da</strong>s. Relaciona-se com algo "prescruta<strong>do</strong>r": ao invés de<br />
discorrer, como a sabe<strong>do</strong>ria, investiga.<br />
Nesta sua ação primitiva, a ciência divina, com base em seu<br />
infinito conhecimento de determina<strong>da</strong>s causas e efeitos e <strong>do</strong>s meios<br />
de produzir determina<strong>do</strong>s fins na edificação <strong>do</strong> corpo de Cristo, que é<br />
a Igreja, inicia certos processos ao mesmo tempo que impede outros.<br />
A sabe<strong>do</strong>ria dedica-se mais à dissertação, ao ensino e à<br />
comunicação; a ciência, por sua vez, se ocupa com a pesquisa e a<br />
descoberta. Como <strong>do</strong>m, ocupa-se com os segre<strong>do</strong>s mais profun<strong>do</strong>s <strong>da</strong><br />
vi<strong>da</strong> espiritual. Foi o que Paulo descobriu quan<strong>do</strong> Deus o usou com<br />
este <strong>do</strong>m. Ele exclamou: "Ó profundi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s riquezas, tanto <strong>da</strong><br />
sabe<strong>do</strong>ria, como <strong>da</strong> ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus<br />
juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos" (Rm 11.33).<br />
Já que o Espírito <strong>Santo</strong> é Deus, e Deus sabe to<strong>da</strong>s as coisas, o<br />
que Ele transmite a seus filhos através <strong>do</strong> <strong>do</strong>m <strong>da</strong> palavra <strong>da</strong> ciência é<br />
um reflexo <strong>da</strong> mente divina.<br />
A Bíblia recomen<strong>da</strong> que busquemos este <strong>do</strong>m através <strong>da</strong><br />
oração. Foi o que Paulo escreveu aos crentes de Éfeso: "Não cesso de<br />
<strong>da</strong>r graças a Deus por vós, lembran<strong>do</strong>-me de vós nas minhas orações,<br />
para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai <strong>da</strong> glória, vos dê<br />
em seu conhecimento o espírito de sabe<strong>do</strong>ria e de revelação" (Ef<br />
1.16,17).<br />
O <strong>do</strong>m <strong>da</strong> palavra <strong>da</strong> ciência é muito importante na vi<strong>da</strong> <strong>do</strong><br />
16 GEE, D. A Respeito <strong>do</strong> Dons Espirituais. São Paulo, Vi<strong>da</strong>, 1977.
salvo, especialmente para quem trabalha na obra <strong>do</strong> Mestre. Ele<br />
aju<strong>da</strong> a encontrar novos méto<strong>do</strong>s para a obra de Deus. Paulo falou<br />
desta atuação gloriosa <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> em sua vi<strong>da</strong>: "O Espírito<br />
<strong>Santo</strong>, de ci<strong>da</strong>de em ci<strong>da</strong>de, me revela..." (At 20.23).<br />
Existem os "tesouros <strong>da</strong>s escuri<strong>da</strong>des e as riquezas<br />
encobertas" (Is 45.3). De igual mo<strong>do</strong>, habitam em Cristo "to<strong>do</strong>s os<br />
tesouros <strong>da</strong> sabe<strong>do</strong>ria e <strong>da</strong> ciência" (Cl 2.3). E, dia a dia, através <strong>da</strong><br />
operação gloriosa <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> em nossas vi<strong>da</strong>s, vamos<br />
descobrin<strong>do</strong> as riquezas insondáveis <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> superior - espiritual.<br />
Isto é glorioso!<br />
III - O Dom de Discernir os Espíritos<br />
"E a outro, o <strong>do</strong>m de discernir os espíritos" (1 Co 12.10).<br />
Em algumas passagens <strong>da</strong> Bíblia, especialmente no Antigo<br />
Testamento, o <strong>do</strong>m de discernir os espíritos está associa<strong>do</strong> aos <strong>do</strong>ns<br />
<strong>da</strong> palavra <strong>da</strong> sabe<strong>do</strong>ria e <strong>da</strong> palavra <strong>da</strong> ciência, como por exemplo:<br />
"E o enchi <strong>do</strong> espírito de Deus, de sabe<strong>do</strong>ria, e de<br />
entendimento, e de ciência..." (Êx 31.3).<br />
"E deu Deus a Salomão sabe<strong>do</strong>ria, e muitíssimo entendimento,<br />
e largueza de coração..." (1 Rs 4.29).<br />
"Ora, a estes quatro mancebos Deus deu o conhecimento e a<br />
inteligência em to<strong>da</strong>s as letras e sabe<strong>do</strong>ria; mas a Daniel deu<br />
entendimento em to<strong>da</strong> a visão e sonhos" (Dn 1.17).<br />
O <strong>do</strong>m de discernir os espíritos não é técnica, perícia ou<br />
psicologia humana, mas sim uma atuação direta <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> na<br />
mente <strong>do</strong> homem, capacitan<strong>do</strong>-o com uma espécie de "psicologia<br />
divina" que lhe permite distinguir as manifestações vin<strong>da</strong>s de Deus<br />
<strong>da</strong>s procedentes de espíritos demoníacos.<br />
Há muitos indivíduos <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s de poderes espirituais e<br />
psíquicos que não pertencem ao Reino de Deus. Manifestações<br />
estranhas foram presencia<strong>da</strong>s pelo povo de Deus em to<strong>da</strong> a Bíblia.<br />
De igual mo<strong>do</strong>, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> bem, sempre houve homens capacita<strong>do</strong>s
por Deus com o <strong>do</strong>m de discernimento, para advertir e combater tais<br />
heresias. O <strong>do</strong>m de discernir os espíritos é realmente o poder de<br />
distinguir as operações <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> <strong>da</strong>s de espíritos malignos e<br />
engana<strong>do</strong>res. Podemos observar que Deus, através <strong>do</strong>s tempos, distribuiu<br />
este <strong>do</strong>m a muitos de seus servos, tanto na antiga quanto na<br />
atual dispensação. O inimigo de Deus e <strong>do</strong>s homens muitas vezes "se<br />
transfigura em anjo de luz", e passa a enviar seus espíritos<br />
engana<strong>do</strong>res para introduzir "encobertamente heresias de perdição".<br />
Alguns desses espíritos até operam maravilhas semelhantes às de<br />
Deus. Torna-se necessária, então a intervenção <strong>do</strong> Espírito de Deus,<br />
capacitan<strong>do</strong> homens e mulheres para discernir certas manifestações<br />
duvi<strong>do</strong>sas e estranhas.<br />
Por to<strong>da</strong> a Escritura encontramos pessoas atuan<strong>do</strong> pelo<br />
espírito <strong>do</strong> erro. Entretanto, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> bem, encontramos um número<br />
mais eleva<strong>do</strong> de instrumentos defensores <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de, pureza e<br />
santi<strong>da</strong>de de Deus e de tu<strong>do</strong> que a Ele se relaciona.<br />
1. No Antigo Testamento<br />
Aqui, encontramos várias pessoas capacita<strong>da</strong>s em discernir:<br />
José. "E disse-lhes José: Que é isto que fizestes? Não sabeis<br />
vós que tal homem como eu bem adivinha?" (Gn 44.15).<br />
Moisés. "E, ouvin<strong>do</strong> Josué a voz <strong>do</strong> povo que jubilava, disse a<br />
Moisés: Alari<strong>do</strong> de guerra há no arraial. Porém ele disse: não é<br />
alari<strong>do</strong> <strong>do</strong>s vitoriosos, nem alari<strong>do</strong> <strong>do</strong>s venci<strong>do</strong>s, mas o alari<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
que cantam eu ouço" (Êx 32.17,18).<br />
Samuel. "Então disse Samuel: Que bali<strong>do</strong>, pois, de ovelhas é<br />
este nos meus ouvi<strong>do</strong>s, e o mugi<strong>do</strong> de vacas que ouço?" (1 Sm<br />
15.14).<br />
Aías. "Naquele tempo a<strong>do</strong>eceu Abias, filhos de Jeroboão. E<br />
disse Jeroboão à sua mulher: Levanta-te agora, e disfarça-te, para que<br />
não conheçam que és mulher de Jeroboão, e vai a Silo. Eis que lá está<br />
o profeta Aías o qual falou de mim, que eu seria rei sobre este povo...<br />
E a mulher de Jeroboão assim fez, e se levantou, e foi a Silo, e entrou
na casa de Aías: e já Aías não podia ver, porque os seus olhos<br />
estavam já escureci<strong>do</strong>s por causa <strong>da</strong> sua velhice... E sucedeu que,<br />
ouvin<strong>do</strong> Aías o ruí<strong>do</strong> de seus pés, entran<strong>do</strong> ela pela porta, disse ele:<br />
Entra, mulher de Jeroboão! Por que te disfarças assim?" (1 Rs<br />
14.1,2,4,6).<br />
Josafá. "Então o rei de Israel ajuntou os profetas até quase<br />
quatrocentos homens e disse-lhes: Irei à peleja contra Ramote-<br />
Gileade ou deixarei de ir? E eles disseram: Sobe, porque o Senhor a<br />
entregará na mão <strong>do</strong> rei. Disse, porém, Josafá: Não há aqui ain<strong>da</strong><br />
algum profeta <strong>do</strong> Senhor, ao qual possamos consultar?" (1 Rs<br />
22.6,7).<br />
Eliseu. "Porém ele lhe disse: Porventura, não foi contigo o<br />
meu coração, quan<strong>do</strong> aquele homem voltou de sobre seu carro, a<br />
encontrar-te?... E disse um <strong>do</strong>s seus servos: Não, ó rei, meu senhor;<br />
mas o profeta Eliseu, que está em Israel, faz saber ao rei de Israel as<br />
palavras que tu falas na tua câmara de <strong>do</strong>rmir" (2 Rs 5.26; 6.12).<br />
Neemias. "E conheci que eis que não era Deus quem o<br />
enviara; mas essa profecia falou contra mim, porquanto Tobias e<br />
Sambalate o subornaram" (Ne 6.12).<br />
2. No Novo Testamento<br />
O Senhor Jesus exemplifica de maneira plena a pessoa<br />
capacita<strong>da</strong> com o <strong>do</strong>m de discernir os espíritos.<br />
Encontramos nos evangelhos o Mestre discernin<strong>do</strong> os espíritos<br />
engana<strong>do</strong>res que atuavam nos escribas, fariseus, saduceus e<br />
herodianos. Certa vez, os fariseus enviaram uma comissão composta<br />
de seus segui<strong>do</strong>res e alguns herodianos, para o surpreenderem<br />
"nalguma palavra". Eles então disseram a Jesus: "Mestre, bem<br />
sabemos que és ver<strong>da</strong>deiro e ensinas o caminho de Deus, segun<strong>do</strong> a<br />
ver<strong>da</strong>de, sem te importares com quem quer que seja, porque não<br />
olhas à aparência <strong>do</strong>s homens. Dize-nos, pois, que te parece: é lícito<br />
pagar o tributo a César, ou não? Jesus, porém, conhecen<strong>do</strong> a sua<br />
malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas?" (Mt 22.16-18).
Em uma outra oportuni<strong>da</strong>de, os escribas e fariseus começaram<br />
a murmurar de Jesus em seus corações. Jesus acabara de per<strong>do</strong>ar os<br />
peca<strong>do</strong>s de um homem paralítico; e eles disseram em seus corações:<br />
"Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode per<strong>do</strong>ar peca<strong>do</strong>s,<br />
senão Deus? Jesus, porém, conhecen<strong>do</strong> os seus pensamentos, respondeu<br />
e disse-lhes: Que arrazoais em vosso coração?" (Lc 5.21,22).<br />
No evangelho de João, encontramos novamente o Mestre<br />
discernin<strong>do</strong> pensamentos contrários, até mesmo de alguns que tinham<br />
cri<strong>do</strong> no seu nome: "Muitos, ven<strong>do</strong> os sinais que fazia, creram no seu<br />
nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a to<strong>do</strong>s<br />
conhecia e não necessitava de que alguém testificasse <strong>do</strong> homem,<br />
porque ele bem sabia o que havia no homem" (Jo 2.23-25).<br />
Cremos que to<strong>do</strong>s os apóstolos de Cristo eram capazes de<br />
discernir os espíritos malignos. Mesmo viven<strong>do</strong> no primeiro século<br />
de nossa era, já se defrontavam com um mun<strong>do</strong> infesta<strong>do</strong> de espíritos<br />
engana<strong>do</strong>res e de "homens maus e engana<strong>do</strong>res... enganan<strong>do</strong> e sen<strong>do</strong><br />
engana<strong>do</strong>s" (2 Tra 3.13). Então, fazia-se necessária uma atuação<br />
direta e poderosa <strong>do</strong> Espírito de Deus neste senti<strong>do</strong>, para preservar a<br />
Igreja ain<strong>da</strong> tenra.<br />
Na ocasião em que Ananias e Safira mentiram, quan<strong>do</strong><br />
podiam ter fala<strong>do</strong> a ver<strong>da</strong>de, houve discernimento <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>,<br />
por parte de <strong>Pedro</strong>, e o casal morreu aos pés <strong>do</strong> apóstolo (At 5.1-10).<br />
Quan<strong>do</strong> Paulo e Barnabé ministravam o Evangelho na ilha de<br />
Chipre, opôs-se a eles um mágico chama<strong>do</strong> Elimas. Paulo, naquele<br />
momento, foi capacita<strong>do</strong> pelo Espírito <strong>Santo</strong>, discernin<strong>do</strong> que o<br />
mágico era filho <strong>do</strong> diabo, e, com uma palavra de autori<strong>da</strong>de, invoca<br />
contra ele o julgamento de Deus sob forma de cegueira temporária<br />
(At 13.6-12). Em Filipos, uma jovem possessa de espírito<br />
adivinha<strong>do</strong>r seguia a Paulo e a Silas, dizen<strong>do</strong>: "Estes homens, que<br />
nos anunciam o caminho <strong>da</strong> salvação, são servos <strong>do</strong> Deus Altíssimo".<br />
Paulo, porém, discerniu que aquilo não era elogio, e sim uma<br />
denúncia. E, voltan<strong>do</strong>-se, "disse ao espírito: Em nome de Jesus<br />
Cristo, te man<strong>do</strong> que saias dela. E na mesma hora saiu" (At
16.17,18). Paulo exortou os crentes de Corinto, dizen<strong>do</strong>: "Segui a<br />
cari<strong>da</strong>de, e procurai com zelo os <strong>do</strong>ns espirituais" (1 Co 14.1). Se o<br />
Espírito <strong>Santo</strong> nos anima a procurar com zelo os <strong>do</strong>ns espirituais,<br />
devemos, especialmente os obreiros, pedir a Deus o <strong>do</strong>m de discernir<br />
os espíritos.<br />
Vivemos dias perigosos em que o diabo tem feito <strong>do</strong> engano<br />
uma arma sombria, para usá-la no campo <strong>da</strong> destruição. Há uma<br />
nuvem negra de espíritos engana<strong>do</strong>res que procuram destruir a obra<br />
<strong>do</strong> Senhor. Os escritores sagra<strong>do</strong>s, especialmente os <strong>do</strong> Novo<br />
Testamento, advertem contra os espíritos deste mun<strong>do</strong> tenebroso.<br />
O próprio Jesus Cristo, nos evangelhos sinóticos, adverte-nos<br />
quanto a este perigo.<br />
Mateus. "E Jesus, responden<strong>do</strong>, disse-lhes: Acautelai-vos, que<br />
ninguém vos engane, porque muitos virão em meu nome, dizen<strong>do</strong>:<br />
Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos" (Mt 24.4,5).<br />
Marcos. "E Jesus, responden<strong>do</strong>-lhes, começou a dizer: Olhai<br />
que ninguém vos engane" (Mt 13.5).<br />
Lucas. "Disse, então, ele: Vede não vos enganem, porque<br />
virão muitos em meu nome, dizen<strong>do</strong>: Sou eu, e o tempo está<br />
próximo; não vades, portanto, após eles" (Lc 21.8).<br />
Paulo também observa: "Mas o Espírito expressamente diz<br />
que, nos últimos tempos, apostatarão alguns <strong>da</strong> fé, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>s a<br />
espíritos engana<strong>do</strong>res e a <strong>do</strong>utrinas de demônios" (1 Tm4.1). <strong>Pedro</strong><br />
acrescenta: "E também houve entre o povo falsos profetas, como<br />
entre vós haverá também falsos <strong>do</strong>utores, que introduzirão<br />
encobertamente heresias de perdição" (2 Pe 2.1).<br />
João também adverte contra esses espíritos engana<strong>do</strong>res:<br />
"Ama<strong>do</strong>s, não creiais a to<strong>do</strong> o espírito, mas provai se os espíritos são<br />
de Deus" (1 Jo 4.1).<br />
E Ju<strong>da</strong>s contribui, dizen<strong>do</strong>: "Porque se introduziram alguns,<br />
que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios,<br />
que convertem em dissolução a graça de Deus" (Jd 4).<br />
O <strong>do</strong>m de discernir os espíritos deve ser desenvolvi<strong>do</strong> no seio
<strong>da</strong> igreja - mas especialmente na esfera ministerial. Ele funciona<br />
como uma espécie de "olhos espirituais", vigian<strong>do</strong> o rebanho de<br />
Jesus Cristo, o Bom Pastor, contra estes espíritos maus.<br />
Para alguns estudiosos <strong>da</strong> Bíblia, este maravilhoso <strong>do</strong>m está<br />
liga<strong>do</strong> também à interpretação de sonhos. Os sonhos que trazem em<br />
si instruções espirituais precisam, sem dúvi<strong>da</strong>, de um discernimento<br />
comparativo, isto é, uma distinção entre a ficção e o ver<strong>da</strong>deiro. Isto<br />
somente é possível através de uma operação <strong>do</strong> Espírito na mente <strong>do</strong><br />
intérprete. Neste caso, aumenta a lista de pessoas agracia<strong>da</strong>s por<br />
Deus com este <strong>do</strong>m:<br />
• Abimeleque (Gn 20.1-3);<br />
• Jacó (Gn 31.10-12; 37.9,10);<br />
• Labão (Gn 31.24);<br />
• José (Gn 40.5-22; 41.1-39);<br />
• Gideão (Jz 7.13-15);<br />
• Daniel (Dn 1.17);<br />
• José, mari<strong>do</strong> de Maria (Mt 1.20,24; 2.13,19,22);<br />
• os magos <strong>do</strong> Oriente (Mt 2.12);<br />
• a mulher de Pilatos (Mt 27.19 etc).<br />
José, por exemplo falou aos oficiais de Faraó e também ao<br />
monarca que "as interpretações" de sonhos são de Deus (Gn 40.8;<br />
41.16,25,28,39).<br />
O mesmo aconteceu com Daniel, na corte babilônica (Dn<br />
2.19-23).<br />
A nós não é concedi<strong>do</strong> o atributo divino <strong>da</strong> onisciência, por<br />
ser exclusivo de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito <strong>Santo</strong>.<br />
Entretanto, Deus pode, quan<strong>do</strong> se fizer necessário, concedernos<br />
uma gotinha <strong>do</strong> imenso oceano <strong>da</strong> onisciência divina e capacitarnos<br />
para discernir entre o bem e o mal - o que vem de Deus e o que<br />
vem de uma fonte estranha.
7. OS DONS DE PODER<br />
I - O Dom <strong>da</strong> Fé<br />
"E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé" (1 Co 12.9).<br />
Os <strong>do</strong>ns de poder, conforme já vimos em outras notas<br />
expositivas, são:<br />
DOM DA FÉ<br />
DONS DE CURAR<br />
DOM DE OPERAR MARAVILHAS<br />
Os <strong>do</strong>ns <strong>da</strong> palavra <strong>da</strong> sabe<strong>do</strong>ria, <strong>da</strong> palavra <strong>da</strong> ciência e de<br />
discernir os espíritos atuam na mente. Já os <strong>do</strong>ns de poder, que<br />
estu<strong>da</strong>remos nesta seção, atuam na área física. E os <strong>do</strong> terceiro grupo<br />
- profecia, varie<strong>da</strong>de de línguas e interpretação <strong>da</strong>s línguas - atuam<br />
na esfera espiritual.<br />
Em ca<strong>da</strong> grupo de <strong>do</strong>ns espirituais existe um de maior<br />
magnitude, como já ficou demonstra<strong>do</strong>. No grupo que ora estu<strong>da</strong>mos,<br />
por exemplo, o <strong>do</strong>m <strong>da</strong> fé é proeminente.<br />
1. Definição<br />
Biblicamente, define-se a fé <strong>da</strong> seguinte forma: "Ora, a fé é o<br />
firme fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>s coisas que se esperam e a prova <strong>da</strong>s coisas que<br />
se não vêem" (Hb 11.1). Teologicamente, há vários conceitos.<br />
Com efeito, no seu uso mais amplo, a palavra "fé", <strong>do</strong><br />
substantivo grego pistis e o verbo pisteuo, ocorre por 244 vezes,<br />
enquanto que o adjetivo pistos ocorre 77 vezes, trazen<strong>do</strong> algumas<br />
definições:<br />
a. Fé salva<strong>do</strong>ra. Atitude mediante a qual o homem aban<strong>do</strong>na<br />
to<strong>da</strong> confiança em seus próprios esforços para obter a salvação<br />
e passa a confiar inteiramente em Cristo, a respeito de tu<strong>do</strong><br />
que envolve a salvação.
Este conceito de fé vem a ser a confiança insufla<strong>da</strong> nas<br />
promessas e provisões de Deus, no tocante ao Salva<strong>do</strong>r e a<br />
to<strong>do</strong> o plano <strong>da</strong> redenção. Não é propriamente "o <strong>do</strong>m <strong>da</strong> fé"<br />
relaciona<strong>do</strong> em 1 Coríntios 12.9, mas trata-se também de um<br />
"<strong>do</strong>m de Deus" (Ef 2.8).<br />
b. Fé servi<strong>do</strong>ra. Contempla como autêntico o fato <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns<br />
divinamente conferi<strong>do</strong>s e to<strong>do</strong>s os detalhes concernentes às<br />
determinações divinas para o serviço. A fé vista por este prisma<br />
é especial, e também um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns de poder.<br />
c. Fé santifica<strong>do</strong>ra. Ou sustenta<strong>do</strong>ra, apega-se ao poder de<br />
Deus na vi<strong>da</strong> diária. Trata-se <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> vivi<strong>da</strong> na dependência de<br />
Deus, operan<strong>do</strong> um novo princípio de vi<strong>da</strong> (Rm 6.4; 2 Co 5.7;<br />
Hb 10.38).<br />
d. Fé intelectual. Pode vir ao homem através <strong>do</strong> testemunho<br />
<strong>do</strong> universo visível e <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>da</strong>s Escrituras (cf. At 17.28; Tg<br />
2.19). Ela afirma a existência de Deus, mas em si mesma não<br />
descobre o plano <strong>da</strong> redenção (cf. Sl 19.1-4; At 17.11; Rm<br />
10.17).<br />
2. A fé como <strong>do</strong>m de poder<br />
Esta é a fé menciona<strong>da</strong> em 1 Coríntios 12.9, uma operação<br />
completamente sobrenatural <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, capacitan<strong>do</strong> a mente<br />
humana para uma confiança sem igual no poder de Deus, a de que<br />
Ele pode realizar qualquer coisa que lhe apraz. O Espírito <strong>Santo</strong><br />
opera no mais profun<strong>do</strong> <strong>do</strong> coração humano, produzin<strong>do</strong> uma reação<br />
imediata <strong>da</strong> alma e levan<strong>do</strong>-a à certeza e à evidência. A certeza é o<br />
esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> espírito que consiste na firme adesão a uma ver<strong>da</strong>de<br />
conheci<strong>da</strong>, sem o temor <strong>do</strong> engano. A evidência é o que fun<strong>da</strong>menta<br />
a certeza.<br />
Definimo-la como a clareza plena com que adere ao poder de
Deus. Diante de tal operação <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, to<strong>da</strong> e qualquer<br />
dúvi<strong>da</strong> é aniquila<strong>da</strong>!<br />
A fé especial, mesmo sen<strong>do</strong> um <strong>do</strong>m <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, pode<br />
ser dividi<strong>da</strong> em graus menores e maiores, <strong>da</strong> seguinte maneira:<br />
• "Ain<strong>da</strong> não tendes fé?" (Mc 4.40);<br />
• "... pouca fé" (Mt 17.20);<br />
• "... tanta fé" (Mt 8.10);<br />
• "... grande fé" (Mt 15.28);<br />
• "... to<strong>da</strong> a fé" (1 Co 13.2).<br />
Para que haja um desempenho amplo <strong>da</strong> fé, torna-se<br />
necessário aniquilar to<strong>da</strong> dúvi<strong>da</strong> produzi<strong>da</strong> no coração. Jesus disse:<br />
"Se tiverdes fé e não duvi<strong>da</strong>rdes..." (Mt 21.21).<br />
Foi este o poder, a fé especial, pelo qual Jesus transformou<br />
água em vinho, multiplicou os pães e os peixes, acalmou a<br />
tempestade, expulsou demônios, curou enfermos e ressuscitou<br />
mortos.<br />
II - Os Dons de Curar<br />
"E a outro, pelo mesmo Espírito, os <strong>do</strong>ns de curar" (1 Co<br />
12.9).<br />
No conceito de alguns expositores, são <strong>do</strong>ns ativos que<br />
produzem sinais e maravilhas. De fato, isso fica bem demonstra<strong>do</strong><br />
em algumas passagens <strong>da</strong>s Escrituras. A cura de qualquer<br />
enfermi<strong>da</strong>de é sempre um milagre, e um milagre é sempre uma<br />
maravilha, e uma maravilha é sempre um prodígio: "Enquanto<br />
estendes a tua mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios<br />
pelo nome <strong>do</strong> teu santo Filho Jesus" (At 4.30).<br />
Na Epístola aos Hebreus, o escritor sagra<strong>do</strong> confirma este<br />
argumento: "Testifican<strong>do</strong> também Deus com eles, por sinais, e<br />
milagres, e várias maravilhas, e <strong>do</strong>ns <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, distribuí<strong>do</strong>s
por sua vontade" (Hb 2.4).<br />
1. Plurali<strong>da</strong>de<br />
O leitor deve observar que o versículo chave desta seção<br />
menciona "<strong>do</strong>ns de curar", no plural, expressão que se repete no<br />
versículo 28 <strong>do</strong> mesmo capítulo. Entretanto, no versículo 30,<br />
encontramos a forma singular. "Têm to<strong>do</strong>s o <strong>do</strong>m de curar?"<br />
pergunta o apóstolo Paulo. A plurali<strong>da</strong>de deste <strong>do</strong>m provavelmente<br />
indica que ca<strong>da</strong> diferente cura deve ser considera<strong>da</strong> uma atuação de<br />
um <strong>do</strong>m específico ou uma diversifica<strong>da</strong> operação <strong>do</strong> Espírito. Isto<br />
significa que os <strong>do</strong>ns de curar operam de maneira multiforme.<br />
Curas miraculosas, efetua<strong>da</strong>s por intervenção divina no<br />
Antigo Testamento, mostram esta reali<strong>da</strong>de. Também aquelas<br />
realiza<strong>da</strong>s por Jesus e seus discípulos, no Novo Testamento, a<br />
confirmam. Qualquer operação <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, até mesmo as<br />
realiza<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> no perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> Lei, trazia em si instruções didáticas e<br />
méto<strong>do</strong>s pe<strong>da</strong>gógicos. Jesus curava através:<br />
• <strong>da</strong> "orla" de seu vesti<strong>do</strong> (Mc 5.30);<br />
• <strong>da</strong> "saliva" (Mc 8.23);<br />
• <strong>do</strong> "lo<strong>do</strong>" (Jo 9.6,7);<br />
• de "suas mãos" (Mc 6.5);<br />
• <strong>do</strong> supremo "poder" <strong>da</strong> palavra (Mt 8.8; Jo 4.50-53).<br />
Isso acontecia freqüentemente, porque sobre Ele repousava<br />
algo especial, isto é, "a virtude <strong>do</strong> Senhor estava com ele para curar"<br />
(Lc 5.17).<br />
2. Curas específicas opera<strong>da</strong>s por Jesus<br />
Durante seu ministério terreno, nosso Senhor efetuou<br />
diferentes maravilhas no campo <strong>da</strong> cura. Entretanto, 18 delas se<br />
encontram relaciona<strong>da</strong>s nos evangelhos, com significação especial<br />
(Mt 8.2-4; 9.2-8; 14-17; 27-31; Mc 5.25-34; 7.31-37; 8.22-26; Lc
6.6-11; 7.1-10; 13.10-19; 14.1-6; 17.11-19; Jo 4.45-54; 5.1-19; 9.1-<br />
41; 18.1-11).<br />
Parece que Jesus curou um homem cego na entra<strong>da</strong> de Jericó<br />
(Lc 18.35-43) e, ao sair <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, curou Bartimeu (Mc 10.46-52).<br />
Evidentemente Jesus curou milhares de outras pessoas, pois<br />
por onde passava Ele ia "curan<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s os oprimi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> diabo,<br />
porque Deus era com ele" (At 10.38).<br />
3. A promessa de Jesus com respeito a cura<br />
Antes de ser assunto aos Céus, Jesus prometeu a seus<br />
discípulos poder sobre to<strong>da</strong> enfermi<strong>da</strong>de e moléstia. A ordem <strong>do</strong><br />
divino Mestre foi esta: "Curai os enfermos, limpai os leprosos,<br />
ressuscitai os mortos, expulsai os demônios..." (Mt 10.8). E, após sua<br />
ressurreição, nosso Senhor reafirmou, em Marcos 16.17,18, a<br />
promessa feita no início de seu ministério: "E estes sinais seguirão<br />
aos que crerem: em meu nome... imporão as mãos sobre os enfermos<br />
e os curarão".<br />
No ministério de <strong>Pedro</strong> e Paulo, os <strong>do</strong>ns de curar eram tão<br />
presentes que, em alguns casos, se dispensava até a presença física<br />
desses <strong>do</strong>is obreiros <strong>do</strong> Senhor.<br />
a. <strong>Pedro</strong>. "De sorte que transportavam os enfermos para as<br />
ruas e os punham em leitos e em camilhas, para que ao menos a<br />
sombra de <strong>Pedro</strong>, quan<strong>do</strong> este passasse, cobrisse alguns deles... os<br />
quais to<strong>do</strong>s eram cura<strong>do</strong>s" (At 5.15,16).<br />
b. Paulo. "E Deus pelas mãos de Paulo faziam maravilhas<br />
extraordinárias, de sorte que até os lenços e aventais se levavam <strong>do</strong><br />
seu corpo aos enfermos, e as enfermi<strong>da</strong>des fugiam deles" (At<br />
19.11,12). Isto é maravilhoso!<br />
III - O Dom de Operar Maravilhas<br />
"E a outro, a operação de maravilhas" (1 Co 12.10).<br />
No grego, encontramos a palavra dynameis ("poderes"), para
indicar a operação realiza<strong>da</strong> pelo Espírito <strong>Santo</strong>, tem acompanha<strong>do</strong><br />
to<strong>da</strong> a história <strong>do</strong> povo de Deus em ambos os Pactos. As dez pragas<br />
envia<strong>da</strong>s ao Egito foram reputa<strong>da</strong>s como sen<strong>do</strong> maravilhas <strong>da</strong> parte<br />
de Deus (Êx 3.2Oss). Maravilha é um milagre, portanto. Milagre é<br />
uma intervenção ordena<strong>da</strong> na operação regular <strong>da</strong> natureza: uma<br />
suspensão sobrenatural de lei natural. Tanto no Antigo quanto no<br />
Novo Testamento, as maravilhas eram sempre opera<strong>da</strong>s em resposta<br />
às necessi<strong>da</strong>des mais prementes <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Vejamos essas maravilhas<br />
opera<strong>da</strong>s por Deus no Antigo Testamento. Depois, veremos as manifestações<br />
deste <strong>do</strong>m em Jesus e seus discípulos, no Novo<br />
Testamento. Apresentaremos apenas um esboço com a respectiva<br />
citação bíblica.<br />
1. Antigo Testamento<br />
• Trasla<strong>da</strong>ção de Enoque (Gn 5.24);<br />
• o dilúvio (Gn 6-8);<br />
• confusão <strong>da</strong>s línguas (Gn 11.9);<br />
• espalham-se as famílias (Gn 11.9);<br />
• so<strong>do</strong>mitas são feri<strong>do</strong>s de cegueira (Gn 19.11);<br />
• destruição de So<strong>do</strong>ma e Gomorra (Gn 19,24);<br />
• a mulher de Ló converti<strong>da</strong> numa estátua de sal (Gn 19.26);<br />
• cura<strong>da</strong> a esterili<strong>da</strong>de de Sara (Gn 11.30; 21.1,2);<br />
• cura<strong>da</strong> a esterili<strong>da</strong>de de Rebeca (Gn 25.21);<br />
• cura<strong>da</strong> a esterili<strong>da</strong>de de Raquel (Gn 29.31; 30.22);<br />
• a sarça ardente (Êx 3.2);<br />
• a mão de Moisés feita leprosa (Êx 4.6);<br />
• a vara de Arão torna-se em serpente (Êx 7.10);<br />
• as águas tornam-se em sangue (Êx 7.20);<br />
• rãs (Êx 8.6);<br />
• piolhos (Êx 8.17);<br />
• moscas (Êx 8.24);<br />
• peste nos animais (Êx 9.26);<br />
• úlceras (Êx 9.10);
• saraiva (Êx 9.23);<br />
• gafanhotos (Êx 10.13);<br />
• trevas (Êx 10.22);<br />
• morte <strong>do</strong>s primogênitos (Êx 12.29);<br />
• coluna de nuvem de dia, e de fogo durante a noite (Êx<br />
13.21);<br />
• o mar Vermelho se divide e retorna ao seu leito (Êx 14.21);<br />
• as águas de Mara se tornam <strong>do</strong>ces (Êx 15.15);<br />
• envio de co<strong>do</strong>rnizes e maná (Êx 16.13,14);<br />
• água tira<strong>da</strong> <strong>da</strong> rocha (Êx 17.6);<br />
• vitória sobre os amalequitas, pelo levantar <strong>da</strong>s mãos de<br />
Moisés (Êx 17.11-13);<br />
• holocausto consumi<strong>do</strong> por fogo <strong>do</strong> céu (Lv 9.24);<br />
• <strong>do</strong>is sacer<strong>do</strong>tes são consumi<strong>do</strong>s pelo fogo (Nm 10.1,2);<br />
• fogo arde entre os israelitas (Nm 11.1);<br />
• Miriã é feri<strong>da</strong> e cura<strong>da</strong> <strong>da</strong> lepra (Nm 12.10, 13-15);<br />
• destruição de Coré e seu grupo (Nm 16.32);<br />
• praga mata 14.700 pessoas (Nm 16.47-49);<br />
• a vara de Arão brota, floresce e produz amên<strong>do</strong>as (Nm 17.8);<br />
• água sai <strong>da</strong> rocha em Meribá (Nm 20.11);<br />
• serpentes abrasa<strong>do</strong>ras (Nm 21.6);<br />
• a jumenta de Balaão fala com voz humana (Nm 22.28,30);<br />
• a roupa <strong>do</strong>s israelitas não envelhece (Dt 8.4);<br />
• os pés <strong>do</strong>s israelitas não incham (Nm 9.21);<br />
• os israelitas caminham sem tropeçar (Is 63.13);<br />
• as muralhas de Jericó demoli<strong>da</strong>s (Js 6.20);<br />
• o Sol e a Lua se detêm (Js 10.13);<br />
• o velo de lã de Gideão (Jz 6.37-40);<br />
• fogo consome o sacrifício de Gideão (Jz 6.21);<br />
• cura<strong>da</strong> a esterili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> mulher de Manoá (Jz 13.2,5,24);<br />
• o sacrifício de Manoá é consumi<strong>do</strong> (Jz 13.19);<br />
• as proezas de Sansão (Jz 13-16);<br />
• cura<strong>da</strong> a esterili<strong>da</strong>de de Ana (1 Sm 1.2,20);
• filisteus feri<strong>do</strong>s e que<strong>da</strong> de Dagom (1 Sm 5.3-12);<br />
• feri<strong>do</strong>s os bete-semitas (1 Sm 6.19);<br />
• trovões e chuvas no tempo <strong>da</strong> colheita (1 Sm 12.6);<br />
• morte de Uzá diante <strong>da</strong> Arca de Deus (2 Sm 6.7);<br />
• seca-se a mão de Jeroboão; o altar se fende; derrama-se a<br />
cinza e novamente é restituí<strong>da</strong> a saúde <strong>da</strong> mão <strong>do</strong> rei (1 Rs 13.6);<br />
• corvos alimentam Elias (1 Rs 17.6);<br />
• a farinha e o azeite <strong>da</strong> viúva se multiplicam (1 Rs 17.16);<br />
• a comi<strong>da</strong> especial de Elias (1 Rs 19.8);<br />
• cessam as chuvas por três anos e meio (Tg 5.17);<br />
• Elias ressuscita o filho <strong>da</strong> viúva (1 Rs 17.22);<br />
• Elias faz descer fogo <strong>do</strong> céu no monte Carmelo (1 Rs<br />
18.38);<br />
• Elias faz chover novamente (1 Rs 18.45);<br />
• a carreira sobrenatural de Elias (1 Rs 18.46);<br />
• Elias faz descer fogo <strong>do</strong> céu sobre <strong>do</strong>is capitães e cem<br />
sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s (2 Rs 1.9-14);<br />
• Elias divide as águas <strong>do</strong> Jordão (2 Rs 2.8);<br />
• carro e cavalos de fogo separam Elias de Eliseu, e Elias é<br />
leva<strong>do</strong> ao Céu num redemoinho (2 Rs 2.11);<br />
• Eliseu divide as águas <strong>do</strong> Jordão (2 Rs 2.14);<br />
• as águas de Jericó são sara<strong>da</strong>s (2 Rs 2.22);<br />
• duas ursas despe<strong>da</strong>çam 42 rapazes (2 Rs 2.24);<br />
• Eliseu supre de água um exército (2 Rs 3.20);<br />
• multiplica-se o azeite <strong>da</strong> viúva (2 Rs 4.6);<br />
• cura<strong>da</strong> a esterili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> sunamita (2 Rs 4.16,17);<br />
• Eliseu ressuscita o filho <strong>da</strong> sunamita (2 Rs 4.35);<br />
• cozi<strong>do</strong> venenoso é purifica<strong>do</strong> (2 Rs 4.41);<br />
• cem homens são alimenta<strong>do</strong>s (2 Rs 4.43);<br />
• Naamã é cura<strong>do</strong> <strong>da</strong> lepra (2 Rs 5.10-14);<br />
• Geazi fica leproso (2 Rs 5.24-27);<br />
• um macha<strong>do</strong> flutua (2 Rs 6.6);<br />
• tropas sírias feri<strong>da</strong>s de cegueira (2 Rs 6.18);
• exército sírio é posto em fuga (2 Rs 7.6,7);<br />
• homem ressuscita ao tocar os ossos de Eliseu (2 Rs 13.21);<br />
• destruição <strong>do</strong> exército de Senaqueribe (2 Rs 19.35);<br />
• o Sol retrocede dez graus (2 Rs 20.11);<br />
• holocausto de Davi é consumi<strong>do</strong> por fogo (1 Cr 21.26);<br />
• holocausto de Salomão é consumi<strong>do</strong> (2 Cr 7.1);<br />
• Uzias é ataca<strong>do</strong> <strong>da</strong> lepra (2 Cr 26.20);<br />
• morte <strong>da</strong> mulher de Ezequiel (Ez 24.16-18);<br />
• três hebreus na fornalha são conserva<strong>do</strong>s vivos (Dn 3.26);<br />
• Daniel é livre <strong>da</strong>s garras <strong>do</strong>s leões (Dn 6.22);<br />
• Jonas no ventre <strong>do</strong> peixe (Jn 2.10).<br />
2. Novo Testamento<br />
a. Ressurreição de mortos<br />
• O filho <strong>da</strong> viúva de Naim (Lc 7.11-16);<br />
• a filha de Jairo (Mc 5.21-43);<br />
• Lázaro de Betânia (Jo 11.32-44);<br />
• mortos ressuscitam por ocasião <strong>da</strong> morte de Jesus<br />
(Mt 27.52,53);<br />
• a ressurreição de Jesus (Jo 2.19-21);<br />
• Tabita (At 9.36-41);<br />
• Êutico (At 20.9-12).<br />
b. Expulsão de demônios<br />
• Um homem com um espírito imun<strong>do</strong> (Mc 1.23-26);<br />
• um endemoninha<strong>do</strong>, cego e mu<strong>do</strong> (Mt 12.22);<br />
• <strong>do</strong>is homens possuí<strong>do</strong>s de legião (Mt 8.28-34);<br />
• um mu<strong>do</strong> endemoninha<strong>do</strong> (Mt 9.32-35);<br />
• a filha <strong>da</strong> siro-fenícia (Mc 7.24-30);<br />
• um jovem lunático (Mt 17.14-21);<br />
• um jovem possesso de um espírito mu<strong>do</strong> (Mc 9.14-26);<br />
• os espíritos imun<strong>do</strong>s de alguns samaritanos (At 8.7);
• cura de uma jovem adivinha<strong>do</strong>ra (At 16.18).<br />
•<br />
c. Curas físicas<br />
• A febre <strong>do</strong> filho de um oficial <strong>do</strong> rei (Jo 4.46-54);<br />
• a sogra de <strong>Pedro</strong> (Mc 1.29,30);<br />
• um leproso (Mt 8.2-4);<br />
• um paralítico (Mc 2.3-12);<br />
• o paralítico <strong>do</strong> tanque de Betes<strong>da</strong> (Jo 5.1-16);<br />
• o homem <strong>da</strong> mão mirra<strong>da</strong> (Lc 6.6-10);<br />
• o servo de um centurião (Mt 8.5-13);<br />
• a mulher <strong>do</strong> fluxo de sangue (Mc 5.25-34);<br />
• <strong>do</strong>is cegos (Mt 9.27-31);<br />
• um sur<strong>do</strong> e gago (Mc 7.32-37);<br />
• um homem cego (Mc 8.22-26);<br />
• um cego de nascença (Jo 9.1-41);<br />
• uma mulher encurva<strong>da</strong> (Lc 13.11-17);<br />
• um hidrópico (Lc 14.1-6);<br />
• dez homens leprosos (Lc 17.11-19);<br />
• um mendigo cego (Lc 18.35-43);<br />
• Bartimeu (Mc 10.46-52);<br />
• a orelha de Malco (Jo 18.10);<br />
• o coxo <strong>da</strong> porta formosa (At 3.1-8);<br />
• Enéias (At 9.34);<br />
• um coxo, em Listra (At 14.10);<br />
• a disenteria <strong>do</strong> pai de Públio, em Malta (At 28.8);<br />
• os demais enfermos <strong>da</strong> Ilha de Malta (At 28.9).<br />
d. Sobre as forças <strong>da</strong> natureza<br />
• Água transforma<strong>da</strong> em vinho (Jo 2.1-11);<br />
• a rede de <strong>Pedro</strong> se enche de peixes (Lc 5.1-11);<br />
• alimentação de cinco mil homens, fora mulheres e crianças<br />
(Mt 14.15-21);<br />
• alimentação de quatro mil homens, fora mulheres e crianças
(Mt 15.32-39);<br />
• um peixe traz dinheiro na boca (Mt 17.27);<br />
• uma grande pesca (Jo 21.6-14);<br />
• Jesus passa invisível por entre os inimigos (Lc 4.30);<br />
• sinais durante a festa <strong>da</strong> Páscoa (Jo 2.23);<br />
• seca-se a figueira sem fruto (Mt 21.19);<br />
• porcos afogam-se no mar (Mt 8.32);<br />
• Jesus acalma uma tempestade (Mt 8.26);<br />
• Jesus acalma outra tempestade (Mc 6.45-51);<br />
• Jesus an<strong>da</strong> sobre águas (Mt 14.25);<br />
• <strong>Pedro</strong> também an<strong>da</strong> sobre as águas (Mt 14.28-31);<br />
• a pedra <strong>do</strong> túmulo de Jesus é removi<strong>da</strong> (Mt 28.2);<br />
• abrem-se as portas <strong>da</strong> prisão para os apóstolos (At 5.19);<br />
• <strong>Pedro</strong> é livre <strong>da</strong> prisão (At 12.7-10);<br />
• as portas <strong>do</strong> cárcere se abrem em Filipos (At 16.26).<br />
e. Outras maravilhas<br />
• Uma estrela guia os magos a Belém (Mt 2.1-12);<br />
• cura<strong>da</strong> a esterili<strong>da</strong>de de Isabel (Lc 1.7,13);<br />
• Zacarias fica mu<strong>do</strong> e depois é cura<strong>do</strong> (Lc 1.22,64);<br />
• sinais no momento <strong>do</strong> batismo de Jesus (Mt 3.16,17);<br />
• sinais na transfiguração de Jesus (Mt 17.1-14);<br />
• resposta através de uma voz sobrenatural (Jo 12.28-30);<br />
• por ocasião <strong>da</strong> prisão de Cristo (Jo 18.4-6);<br />
• por ocasião <strong>da</strong> morte de Cristo (Mt 27.45-53);<br />
• por ocasião <strong>da</strong> ressurreição de Cristo (Mt 28.2);<br />
• por ocasião <strong>da</strong> ascensão de Cristo (Mc 16.19; Lc 24.50,51;<br />
At 1.6-12);<br />
• palavra confirma<strong>da</strong> por sinais (Mc 16.20);<br />
• sinais no dia de Pentecoste (At 2.1-8);<br />
• muitas maravilhas e sinais pelos apóstolos (At 2.43);<br />
• morte de Ananias e Safira (At 5.1-10);<br />
• sinais e prodígios entre o povo (At 5.12);
• Estêvão (At 6.8);<br />
• Filipe (At 8.6);<br />
• Elimas é feri<strong>do</strong> de cegueira (At 13.11);<br />
• Sinais e prodígios em Icônio (At 14.3);<br />
• Barnabé e Paulo (At 15.12);<br />
• maravilhas extraordinárias pelas mãos de Paulo (At19.11);<br />
• o Evangelho acompanha<strong>do</strong> por grandes milagres e<br />
maravilhas opera<strong>do</strong>s pelo poder de Deus (Rm 15.19; 1 Co 12.10,28;<br />
2 Co 12.12; Gl 3.5; Hb 2.4; Ap 11.3-6 etc);<br />
• e outras maravilhas que ficaram ocultas aos olhos<br />
humanos.( 17 )<br />
O termo grego semeon era a palavra comumente usa<strong>da</strong> para<br />
descrever "sinal" ou "maravilha". Trazia algumas vezes o senti<strong>do</strong> de<br />
"marca distintiva" ou seu equivalente na raiz hebraica õth, ou<br />
mõpheth, que significa "algo espantoso" ou "marca distintiva". ( 18 )<br />
Nos evangelhos e em Atos <strong>do</strong>s Apóstolos, é freqüente o uso<br />
<strong>do</strong> termo semeon para indicar um "milagre didático em forma<br />
expressiva" ou "uma maravilha", cuja finali<strong>da</strong>de é convencer os<br />
homens acerca de uma intervenção divina. A expressão ocorre 77<br />
vezes no Novo Testamento, sen<strong>do</strong> que aparece 48 vezes nos<br />
evangelhos, 13 em Atos, oito nas epístolas de Paulo, sete no<br />
Apocalipse de João e uma em Hebreus. No Evangelho de João, aparece<br />
com o significa<strong>do</strong> de "sinal milagroso" (Jo 2.11,18,23). ( 19 )<br />
Mas o senti<strong>do</strong> geral é de uma operação completamente divina,<br />
cujo teor compõe-se não somente de um "sinal" ou "marca<br />
distintiva", mas de algo que causa espanto e admiração aos<br />
circunstantes. As grandes maravilhas relaciona<strong>da</strong>s neste capítulo são<br />
apenas uma demonstração técnica <strong>do</strong> grande poder de Deus.<br />
Em to<strong>do</strong>s os acontecimentos, e em to<strong>da</strong>s as guerras de que<br />
17 BÍBLIA. Português. Bíblia Sagra<strong>da</strong>. Edição contemporânea. São Paulo, Vi<strong>da</strong>, 1994.<br />
18 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpreta<strong>do</strong>. Milenium, 1982.<br />
19 SILVA, S. P. <strong>da</strong>. Apocalipse Versículo por Versículo. Rio de Janeiro, CPAD, 1995.
participou o povo de Deus, tanto a nação de Israel como a Igreja de<br />
Jesus Cristo, houve participação divina em ca<strong>da</strong> detalhe, até a vitória.<br />
Em alguns casos, Deus intervinha diretamente com<br />
manifestações <strong>do</strong> seu poder. Ou usava homens e mulheres <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s de<br />
<strong>do</strong>ns espirituais, especialmente o de operar maravilhas (Hb 2.4 etc).<br />
Deus é sempre lembra<strong>do</strong> por suas maravilhas! Jo declara que<br />
Ele faz "maravilhas tais que se não podem contar" (Jo 9.10).<br />
Os Salmos exortam-nos a louvá-lo por suas maravilhas: "Para<br />
publicar com voz de louvor e contar to<strong>da</strong>s as tuas maravilhas" (26.7);<br />
"Anunciai entre as nações a sua glória; entre os povos as suas<br />
maravilhas" (Sl 96.3); "Cantai ao Senhor um cântico novo, porque<br />
ele fez maravilhas..." (Sl 98.1). O profeta Joel fala <strong>do</strong> "derramamento<br />
<strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>", e a voz de Deus conclui: "Mostrarei maravilhas<br />
no céu e na terra" (Jl 2.30).<br />
Cremos que o <strong>do</strong>m de operar maravilhas não cessou. Ele<br />
continua em evidência na Igreja através <strong>do</strong>s séculos e na atuali<strong>da</strong>de.<br />
O segre<strong>do</strong> para vermos maravilhas em nós e nos outros<br />
começa com a santificação: "Santificai-vos, porque amanhã fará o<br />
Senhor maravilhas no meio de vós" (Js 3.5). Foi o que fez Moisés<br />
quan<strong>do</strong> "levou o povo fora <strong>do</strong> arraial ao encontro de Deus". Ele<br />
"santificou o povo... E disse ao povo: Estai prontos ao terceiro dia...<br />
E aconteceu ao terceiro dia, ao amanhecer, que houve trovões e<br />
relâmpagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um soni<strong>do</strong> de<br />
buzina mui forte, de maneira que estremeceu to<strong>do</strong> o povo que estava<br />
no arraial... E o soni<strong>do</strong> <strong>da</strong> buzina ia crescen<strong>do</strong> em grande maneira;<br />
Moisés falava, e Deus respondia em voz alta" (Êx 19.14-19).<br />
Um acontecimento de primeira magnitude! Agora, com a<br />
presença de Deus na montanha, tu<strong>do</strong> mu<strong>da</strong> de aspecto. A montanha<br />
inteira parece pulsar de vi<strong>da</strong>. Deus, então, levanta suas mãos até a<br />
altura <strong>da</strong>s estrelas. Ele responde a Moisés em voz alta, e as regiões <strong>do</strong><br />
firmamento ecoam com timbres poderosos assim como ressoa o rugir<br />
<strong>do</strong> leão no deserto à meia-noite. A artilharia <strong>do</strong> céu é descarrega<strong>da</strong><br />
como sinal; um troar de trovões segui<strong>do</strong>s de raios que partem de
lugares ocultos espalham o alarme por to<strong>do</strong> o monte, preparan<strong>do</strong> o<br />
povo para receber suas ordens.<br />
Deus, então, começa a operar maravilhas aos olhos <strong>do</strong> povo:<br />
"E to<strong>do</strong> o povo viu os trovões, e os relâmpagos, e o soni<strong>do</strong> <strong>da</strong> buzina,<br />
e o monte fumegan<strong>do</strong>" (Êx 20.18).<br />
Assim são as maravilhas de Deus, e o Espírito <strong>Santo</strong>, hoje,<br />
deseja capacitar ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s filhos de Deus que estão a servir a<br />
vontade divina e as necessi<strong>da</strong>des humanas, para honra e glória <strong>do</strong><br />
nome <strong>do</strong> Senhor. Busquemos, pois, tão maravilhoso <strong>do</strong>m!
8. OS DONS DE EXPRESSÃO<br />
I - O Dom de Profecia<br />
"E a outro, a profecia" (1 Co 12.10).<br />
O substantivo grego propheteia ("profecia") aparece 19 vezes<br />
no Novo Testamento (Mt 13.14; Rm 12.6; 1 Co 12.10; 13.2,8;<br />
14.6,22; 1 Ts 5.20; 1 Tm 1.18; 4.14; 2 Pe 1.20,21; Ap 1.3; 11.6;<br />
19.10; 22.7,10,18,19). Deriva-se <strong>do</strong> grego pro ("antes", "em favor<br />
de") e de phemi ("falar"). Ou seja, "alguém que fala por outrem" e,<br />
por extensão, "intérprete", especialmente <strong>da</strong> vontade de Deus. ( 20 )<br />
Em senti<strong>do</strong> geral, a palavra "profecia", quan<strong>do</strong> deriva<strong>da</strong> de<br />
pro ("aquilo que jaz adiante"), traz a idéia de vaticínio divino de<br />
primeira grandeza.<br />
No presente texto, a palavra "profecia" tem um senti<strong>do</strong><br />
especial. Trata-se de "um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ns <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>", significan<strong>do</strong><br />
"uma predição momentânea e sobrenatural". Neste terceiro grupo de<br />
<strong>do</strong>ns espirituais, a profecia assume o primeiro lugar em magnitude.<br />
São <strong>do</strong>ns que operam na esfera espiritual.<br />
Os <strong>do</strong>ns de revelação expressam os pensamentos de Deus.<br />
Os <strong>do</strong>ns de poder manifestam sua onipotência e grandeza,<br />
preenchen<strong>do</strong> o campo inteiro de nossa visão.<br />
Os <strong>do</strong>ns de expressão comunicam os sentimentos <strong>do</strong> coração<br />
de Deus.<br />
1. A origem <strong>da</strong> profecia<br />
Há pelo menos três fontes, <strong>da</strong>s quais podem surgir uma<br />
mensagem profética:<br />
a. Divina. Isto é, a inspiração que parte diretamente <strong>do</strong><br />
20 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpreta<strong>do</strong>. Milenium, 1982.
coração de Deus, fonte de to<strong>do</strong> bem (Jr 23.28,29; Tg 1.17; 1 Pe4.11).<br />
b. Humana. Neste caso a mensagem parte <strong>do</strong> coração <strong>do</strong><br />
próprio profeta, que fala sem autorização <strong>do</strong> Senhor (2 Sm 7.2-17; Jr<br />
23.16).<br />
c. Demoníaca. A falsa profecia parte diretamente de "um<br />
espírito engana<strong>do</strong>r", ou mesmo de "um demônio" (1 Tm 4.1-3; Ap<br />
16.13,14).<br />
2. O valor <strong>da</strong> profecia<br />
A palavra de Deus ou "palavra profética", foi sempre de<br />
"muita valia" para o povo de Deus em geral (1 Sm 3.1). Talvez por<br />
isso Moisés tenha exclama<strong>do</strong>: "Tomara que to<strong>do</strong> o povo <strong>do</strong> Senhor<br />
fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu espírito!" (Nm 11.29).<br />
O profeta Joel, ao vaticinar o grande derramamento <strong>do</strong><br />
Espírito sobre to<strong>da</strong> a carne, fala de uma efusão profética: "Vossos<br />
filhos e vossas filhas profetizarão" (Jl 2.28).<br />
Finalmente, Paulo manifesta o mesmo sentimento,<br />
aconselhan<strong>do</strong> os coríntios a procurar "com zelo os <strong>do</strong>ns espirituais,<br />
mas principalmente o de profetizar" (1 Co 14.1). Nos versículos<br />
seguintes, o apóstolo reafirma sua admoestação em outros termos,<br />
como por exemplo:<br />
"E eu quero que to<strong>do</strong>s vós faleis línguas estranhas; mas muito<br />
mais que profetizeis, porque o que profetiza é maior <strong>do</strong> que o que<br />
fala línguas estranhas" (v. 5); "Portanto, irmãos, procurai, com zelo,<br />
profetizar" (v. 39).<br />
Segun<strong>do</strong> alguns escritores neotestamentários, parece que na<br />
igreja de Corinto ensina<strong>do</strong>res usavam "palavras persuasivas de<br />
sabe<strong>do</strong>ria humana", tornan<strong>do</strong>-se quase impossível aos "in<strong>do</strong>utos"<br />
alcançar o pensamento desses requinta<strong>do</strong>s prega<strong>do</strong>res (cf. 1 Co 2.1-<br />
13). Diante de tal circunstância o Espírito de Deus supria esta lacuna,<br />
usan<strong>do</strong> alguém com o <strong>do</strong>m de profecia. Daí o comentário <strong>do</strong><br />
apóstolo: "Mas se to<strong>do</strong>s profetizarem, e algum in<strong>do</strong>uto ou infiel<br />
entrar [no templo], de to<strong>do</strong>s é convenci<strong>do</strong>, de to<strong>do</strong>s é julga<strong>do</strong>. Os
segre<strong>do</strong>s [as dúvi<strong>da</strong>s] <strong>do</strong> seu coração ficarão manifestos<br />
[respondi<strong>do</strong>s], e assim, lançan<strong>do</strong>-se sobre o seu rosto, a<strong>do</strong>rará a<br />
Deus, publican<strong>do</strong> que Deus está ver<strong>da</strong>deiramente entre vós" (1 Co<br />
14.24,25).<br />
3. A finali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> profecia<br />
O <strong>do</strong>m de profecia tornara-se o mais deseja<strong>do</strong> <strong>da</strong> igreja em<br />
Corinto, provavelmente, como observa Faucett, pelas seguintes<br />
razões:<br />
• A profecia visa a edificação <strong>da</strong> igreja, tema quase que<br />
central <strong>do</strong> capítulo 14 de 1 Coríntios, e não apenas a edificação <strong>do</strong><br />
crente individual, como é o caso <strong>da</strong>s línguas quan<strong>do</strong> não<br />
interpreta<strong>da</strong>s.<br />
• A profecia serve para exortação.<br />
• A profecia serve também para consolar.<br />
• A profecia é um meio de transmitir revelações e <strong>do</strong>utrinas,<br />
quan<strong>do</strong> vaza<strong>da</strong>s na revelação plenária.<br />
• A profecia faz soar o "toque" <strong>da</strong> mensagem cristã que leva o<br />
crente a preparar-se para a batalha espiritual.<br />
• A profecia é uma voz clara num mun<strong>do</strong> de vozes confusas e<br />
desassocia<strong>da</strong>s.<br />
• A profecia é um canal de bênção, principalmente de ação de<br />
graças, <strong>do</strong> qual a comuni<strong>da</strong>de inteira pode participar. Por<br />
conseguinte, assemelha-se às línguas e até lhes é superior, porque<br />
beneficia a to<strong>do</strong>s, e não somente ao que fala.<br />
• A profecia é um <strong>do</strong>m espiritual que abençoa os crentes em<br />
qualquer lugar onde Deus assim o queira.<br />
• A profecia é uma maneira de ensinar os sentimentos<br />
espirituais à alma sincera e anelante pela presença de Deus.<br />
• A profecia deve ser ministra<strong>da</strong> segun<strong>do</strong> a medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> fé. Em<br />
outras palavras, deve ser transmiti<strong>da</strong> de acor<strong>do</strong> com as regras e<br />
padrões estabeleci<strong>do</strong>s na Palavra de Deus.<br />
• A profecia deve ser transmiti<strong>da</strong> sob os cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> direção
ministerial (1 Cr 25.2).<br />
• A profecia é um alerta contra o peca<strong>do</strong>: "Não haven<strong>do</strong><br />
profecia, o povo se corrompe" (Pv 29.18).<br />
Note que a profecia cita<strong>da</strong> neste capítulo não é o ministério<br />
profético que o mesmo Paulo menciona em Efésios 4.11,<br />
evidentemente também chama<strong>do</strong> "<strong>do</strong>m". Mas é um "<strong>do</strong>m de<br />
governo", liga<strong>do</strong> diretamente à área ministerial. Enquanto que a<br />
profecia, ain<strong>da</strong> que liga<strong>da</strong> também ao ministério profético, é um<br />
"<strong>do</strong>m <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>" outorga<strong>do</strong> à igreja para "edificação,<br />
exortação e consolação". Os profetas menciona<strong>do</strong>s no Antigo Testamento<br />
eram pessoas revesti<strong>da</strong>s <strong>do</strong> "ministério profético", e<br />
geralmente iniciavam a mensagem profética, dizen<strong>do</strong>: "Assim diz o<br />
Senhor" ou: "Veio a mim a palavra <strong>do</strong> Senhor".<br />
No caso <strong>do</strong> <strong>do</strong>m de profecia, a mensagem parte sempre<br />
diretamente de Deus e é transmiti<strong>da</strong> como se o próprio Deus<br />
estivesse falan<strong>do</strong>. No exercício <strong>do</strong> ministério profético propriamente<br />
dito, dificilmente profetizavam <strong>do</strong>is ou mais profetas ao mesmo<br />
tempo e em um só lugar, como acontece com o <strong>do</strong>m de profecia.<br />
Paulo orienta: "Falem <strong>do</strong>is ou três pessoas, e os outros julguem. Mas<br />
se a outro [profeta], que estiver assenta<strong>do</strong>, for revela<strong>do</strong> alguma coisa,<br />
cale-se o primeiro. Porque to<strong>do</strong>s podereis profetizar, uns depois <strong>do</strong>s<br />
outros... E os espíritos <strong>do</strong>s profetas estão sujeitos aos profetas" (1 Co<br />
14.29-32).<br />
O ministério profético e o <strong>do</strong>m de profecia encontram-se<br />
associa<strong>do</strong>s em ambos os Testamentos. Em Números 11.25,26, o<br />
Espírito de Deus repousou sobre setenta anciãos de Israel,<br />
conceden<strong>do</strong>-lhes uma espécie de <strong>do</strong>m de profecia. Eles profetizaram<br />
ali, e depois, nunca mais. Entretanto, "no arraial ficaram <strong>do</strong>is<br />
homens; o nome de um era El<strong>da</strong>de, e o nome <strong>do</strong> outro, Me<strong>da</strong>de; e<br />
repousou sobre eles o Espírito (porquanto estavam entre os inscritos,<br />
ain<strong>da</strong> que não saíram à ten<strong>da</strong>), e profetizavam". El<strong>da</strong>de e Me<strong>da</strong>de<br />
receberam o ministério profético, enquanto os setenta anciãos<br />
receberam apenas uma porção deste ministério, ou seja, o <strong>do</strong>m de
profecia. A palavra hebraica para "profeta" é nabil, e foi usa<strong>da</strong> pela<br />
primeira vez em Gênesis 20.7; depois, aparece mais de trezentas<br />
vezes no Antigo Testamento. No Novo Testamento, a palavra<br />
prophetes aparece 149 vezes. Sete dessas ocorrências, nas Escrituras,<br />
são aplica<strong>da</strong>s a figuras femininas, ou "profetisas": Miriã, Débora,<br />
Hul<strong>da</strong>, Noadias, a mulher <strong>do</strong> profeta Isaías, Ana e Jezabel (Êx 15.20;<br />
Jz 4.4; 2 Rs 22.12; Ne 6.14; Is 8.3; Lc 2.36; Ap 2.20).<br />
Atos 20.8,9 também revela que Filipe, o evangelista, era pai<br />
de "quatro filhas <strong>do</strong>nzelas que profetizavam".<br />
To<strong>da</strong> e qualquer profecia, seja plenária (2 Pe 1.19-21) ou uma<br />
revelação momentânea opera<strong>da</strong> através <strong>do</strong> <strong>do</strong>m, diante de qualquer<br />
necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> igreja deve trazer em seu conteú<strong>do</strong> "o testemunho de<br />
Jesus", que é o "espírito de profecia" (Ap 19.10).<br />
II - O Dom de Varie<strong>da</strong>de de Línguas<br />
"E a outro, a varie<strong>da</strong>de de línguas" (1 Co 12.10).<br />
Este <strong>do</strong>m é até certo ponto menor que o de profecia, conforme<br />
declara Paulo ao discorrer sobre os <strong>do</strong>ns espirituais na igreja em<br />
Corinto: "E eu quero que to<strong>do</strong>s vós faleis línguas estranhas; mas<br />
muito mais que profetizeis, porque o que profetiza é maior <strong>do</strong> que o<br />
que fala línguas..." (1 Co 14.5). Entretanto, o apóstolo ressalva: "... a<br />
não ser que também interprete".<br />
Devemos ter em mente que está em foco a varie<strong>da</strong>de, e não<br />
meramente o <strong>do</strong>m de línguas, comumente desfruta<strong>do</strong> pelos cristãos<br />
batiza<strong>do</strong>s com o Espírito <strong>Santo</strong>.<br />
1. No dia de Pentecoste<br />
Alguns estudiosos explicam as línguas fala<strong>da</strong>s no dia de<br />
Pentecoste como o resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> memória sobrenatural vivifica<strong>da</strong>,<br />
reproduzin<strong>do</strong> nos judeus e prosélitos frases e orações ouvi<strong>da</strong>s por<br />
eles e guar<strong>da</strong><strong>da</strong>s no inconsciente, as quais precisavam usar sob
circunstâncias normais. ( 21 )<br />
O escritor sagra<strong>do</strong> diz que o fenômeno sobrenatural deixou<br />
to<strong>do</strong>s pasma<strong>do</strong>s, a ponto de dizerem: "Pois quê! Não são galileus<br />
to<strong>do</strong>s esses homens que estão falan<strong>do</strong>? Como pois os ouvimos, ca<strong>da</strong><br />
um, na nossa própria língua em que somos nasci<strong>do</strong>?" (At 2.7,8).<br />
O fenômeno contribuiu para destacar a universali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
mensagem cristã, em contraste com a expressão nacional <strong>do</strong><br />
ju<strong>da</strong>ísmo. Além disso, o Espírito <strong>Santo</strong> <strong>da</strong>va cumprimento a mais um<br />
vaticínio <strong>da</strong>s Escrituras, que dizia: "Pelo que por lábios estranhos e<br />
por outra língua, falará a este povo" (Is 28.11). Qualquer pessoa<br />
ficaria impressiona<strong>da</strong> ao ouvir de um estrangeiro algo em sua língua<br />
nativa, sem erros gramaticais e sem sotaque, e de mo<strong>do</strong> eloqüente.<br />
Uma vez assim impressiona<strong>da</strong>, passaria a <strong>da</strong>r maior atenção à<br />
mensagem. Depois veio o resulta<strong>do</strong>: "Naquele dia, agregaram-se<br />
quase três mil almas".<br />
2. Depois <strong>do</strong> dia de Pentecoste<br />
O <strong>do</strong>m de varie<strong>da</strong>des de línguas ocorre em pelo menos três<br />
lugares, no Novo Testamento. Apesar de não estarem essas<br />
ocorrências vincula<strong>da</strong>s a grandes concentrações de visitantes de<br />
outras terras, o Espírito <strong>Santo</strong> operou eficazmente, com<br />
demonstração de poder. Estes lugares foram:<br />
a. Cesaréia. "E, dizen<strong>do</strong> <strong>Pedro</strong> ain<strong>da</strong> estas palavras, caiu o<br />
Espírito <strong>Santo</strong> sobre to<strong>do</strong>s os que ouviam a palavra. E os fiéis que<br />
eram <strong>da</strong> circuncisão, to<strong>do</strong>s quantos tinham vin<strong>do</strong> com <strong>Pedro</strong>,<br />
maravilharam-se de que o <strong>do</strong>m <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> se derramasse<br />
também sobre os gentios. Porque os ouviam falar línguas e<br />
magnificar a Deus" (At 10.44-46).<br />
b. Éfeso. "E, impon<strong>do</strong>-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o<br />
Espírito <strong>Santo</strong>; e falavam línguas e profetizavam" (At 19.6).<br />
c. Corinto. "E a outro, a varie<strong>da</strong>de de línguas; e a outro, a<br />
21 Idem.
interpretação <strong>da</strong>s línguas..." (1 Co 12.10).<br />
É possível que Paulo, ao falar sobre "línguas <strong>do</strong>s homens e<br />
<strong>do</strong>s anjos", em 1 Coríntios 13.1, estivesse aludin<strong>do</strong> ao <strong>do</strong>m de<br />
varie<strong>da</strong>de de línguas - exatamente como aconteceu no dia de<br />
Pentecoste, onde "foram vistas por eles línguas reparti<strong>da</strong>s, como que<br />
de fogo".<br />
O <strong>do</strong>m de varie<strong>da</strong>de de línguas possibilita a expressão, por<br />
meios sobrenaturais, de línguas estrangeiras, naturais e humanas, e<br />
também de algum idioma celestial. Depende <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de e<br />
vontade <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> (At 2.4).<br />
O <strong>do</strong>m de varie<strong>da</strong>de de línguas tem si<strong>do</strong> comumente chama<strong>do</strong><br />
pelos teólogos de "glossolalia", e particularmente de "línguas<br />
estranhas" pelos cristãos em geral. Inúmeras vezes Deus, através<br />
deste <strong>do</strong>m e de sua interpretação, tem edifica<strong>do</strong>, exorta<strong>do</strong> e<br />
consola<strong>do</strong> milhares de pessoas na igreja e até fora dela.<br />
A igreja em Corinto foi agracia<strong>da</strong> por Deus com to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>ns<br />
já manifestos pelo Espírito <strong>Santo</strong>, a ponto de o apóstolo Paulo<br />
comentar: "Porque em tu<strong>do</strong> fostes enriqueci<strong>do</strong>s nele, em to<strong>da</strong> a<br />
palavra e em to<strong>do</strong> o conhecimento (como foi mesmo o testemunho de<br />
Cristo confirma<strong>do</strong> entre vós). De maneira que nenhum <strong>do</strong>m vos falta..."<br />
(1 Co 1.5-7).<br />
Deus se manifestava e falava de diversas maneiras. Falava por<br />
"meio <strong>da</strong> revelação, ou <strong>da</strong> ciência, ou <strong>da</strong> profecia, ou <strong>da</strong> <strong>do</strong>utrina".<br />
Em outras ocasiões, Deus também falava por meio de "salmos... de<br />
línguas e sua interpretação". Outros <strong>do</strong>ns <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> eram<br />
também manifestos para exaltar o nome de Jesus como Senhor.<br />
O apóstolo mostra a harmoniosa sintonia entre os <strong>do</strong>ns,<br />
cooperan<strong>do</strong> ca<strong>da</strong> um em determina<strong>da</strong> área <strong>da</strong> igreja, de acor<strong>do</strong> com a<br />
distribuição feita pelo Espírito <strong>Santo</strong>: como o corpo, sen<strong>do</strong> um mas<br />
composto de muitos membros com funções diferentes (1 Co 12.12-<br />
27). Nenhum membro deve ser despreza<strong>do</strong> ou considera<strong>do</strong> "mais fraco"<br />
ou "menos honroso" - to<strong>do</strong>s são necessários.
3. Diferença entre varie<strong>da</strong>de de línguas e línguas estranhas<br />
Len<strong>do</strong> 1 Coríntios 14.27,28, à primeira vista achamos que o<br />
apóstolo Paulo está proibin<strong>do</strong> os crentes de falar em línguas<br />
estranhas durante o culto. Mas não é este, com certeza, o pensamento<br />
<strong>do</strong> grande mestre <strong>da</strong> Palavra de Deus. No mesmo capítulo, ele<br />
afirma:<br />
• "O que fala língua estranha edifica-se a si mesmo" (v. 4);<br />
• "E eu quero que to<strong>do</strong>s vós faleis línguas estranhas..." (v. 5);<br />
• "Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas <strong>do</strong> que vós<br />
to<strong>do</strong>s" (v. 18);<br />
• "Não proibais falar línguas" (v. 39).<br />
Enten<strong>do</strong> que Paulo esteja aqui instruin<strong>do</strong> sobre o uso correto <strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>m de varie<strong>da</strong>de de línguas, pois explica que precisa de interpretação: "E,<br />
se alguém falar línguas estranhas [varie<strong>da</strong>de de línguas], faça-se isso por<br />
<strong>do</strong>is ou, quan<strong>do</strong> muito, três, 6 por sua vez, e haja intérprete. Mas, se não<br />
houver intérprete, esteja cala<strong>do</strong> na igreja e fale consigo mesmo e com<br />
Deus" (1 Co 14.27,28).<br />
Procurava o apóstolo pôr termo a uma dificul<strong>da</strong>de: se to<strong>do</strong>s os<br />
crentes batiza<strong>do</strong>s com o Espírito <strong>Santo</strong> presentes numa reunião falassem<br />
várias línguas aos mesmo tempo, seria humanamente impossível o trabalho<br />
<strong>do</strong>s intérpretes. Mesmo usa<strong>do</strong>s por Deus, precisavam interpretar ca<strong>da</strong><br />
língua por sua vez.<br />
Talvez por isso Paulo tenha prescrito: "E, se alguém falar língua<br />
estranha, faça-se isso por <strong>do</strong>is ou, quan<strong>do</strong> muito, três..." "Por sua vez"<br />
significa um após outro - pois somente assim o intérprete poderia transmitir<br />
a mensagem divina à igreja. E assim, tu<strong>do</strong> seria feito "decentemente e<br />
com ordem" (1 Co 14.40).<br />
Entendemos que se alguém falar em línguas, mesmo as entendi<strong>da</strong>s<br />
pelos homens, como aconteceu no dia de Pentecoste, esta pessoa está sen<strong>do</strong><br />
usa<strong>da</strong> pelo Espírito <strong>Santo</strong> em varie<strong>da</strong>de de línguas. E se de alguma maneira<br />
não as entendermos, neste caso o que fala "não fala aos homens, senão a<br />
Deus" (1 Co 14.2).<br />
Podemos, portanto, chamar as línguas estranhas não interpreta<strong>da</strong>s<br />
de "mistério" ou "sinal"; enquanto que as que as interpreta<strong>da</strong>s<br />
compreendem a "varie<strong>da</strong>de de línguas" (1 Co 12.10; 13.1; 14.2,26,27,28).
III - O Dom de Interpretação <strong>da</strong>s Línguas<br />
"E a outro, a interpretação <strong>da</strong>s línguas" (1 Co 12.10).<br />
A palavra "interpretação" na<strong>da</strong> tem a ver com a "tradução", no<br />
senti<strong>do</strong> em que a conhecemos. Não se refere ao processo intelectual<br />
pelo qual se dá o senti<strong>do</strong> prosaico e literal de palavras fala<strong>da</strong>s ou<br />
escritas. A "interpretação" em foco é totalmente milagrosa. Trata-se<br />
de um <strong>do</strong>m <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> que capacita a pessoa a traduzir<br />
simultaneamente o que está sen<strong>do</strong> fala<strong>do</strong> através <strong>do</strong> <strong>do</strong>m de<br />
varie<strong>da</strong>de de línguas.<br />
Assim, o que fala em línguas não deve procurar decifrá-las,<br />
mas pode receber a interpretação <strong>da</strong> mesma fonte divina de onde<br />
surgiram. A não ser que Deus queira fazer como no dia de<br />
Pentecoste, quan<strong>do</strong> o Espírito <strong>Santo</strong> desceu repentinamente,<br />
conforme descrito em Atos 2.2-4: "E, de repente, veio <strong>do</strong> céu um<br />
som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu to<strong>da</strong> a casa<br />
em que estavam assenta<strong>do</strong>s. E foram vistas por eles línguas reparti<strong>da</strong>s,<br />
como que de fogo, as quais pousaram sobre ca<strong>da</strong> um deles.<br />
E to<strong>do</strong>s foram cheios <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> e começaram a falar noutras<br />
línguas, conforme o Espírito <strong>Santo</strong> lhes concedia que falassem".<br />
Nessa operação miraculosa <strong>do</strong> Espírito de Deus, as "línguas"<br />
foram reparti<strong>da</strong>s conforme em cerca de 15 regiões diferentes, a saber:<br />
"Partos e me<strong>da</strong>s, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e<br />
Judéia, e Capadócia, e Ponto, e Ásia, e Frígia, e Panfília, Egito e<br />
partes <strong>da</strong> Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos (tanto judeus<br />
como prosélitos), e cretenses, e árabes..." (At 2.9-11). A lista <strong>do</strong><br />
escritor sagra<strong>do</strong> não é propriamente lingüística, e sim geográfica,<br />
cujo propósito é ilustrar a grande varie<strong>da</strong>de de povos, isto é, pessoas<br />
de "to<strong>da</strong>s as nações que estão debaixo <strong>do</strong>s céus".<br />
Besser salienta que a "linguagem <strong>do</strong>s judeus era por demais<br />
débil para descrever ao mesmo tempo e para o mun<strong>do</strong> inteiro essas<br />
maravilhosas 'grandezas de Deus'; seriam necessários to<strong>do</strong>s os
idiomas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> para publicar e glorificar as obras <strong>do</strong> Senhor <strong>do</strong><br />
Universo". Entretanto, com um único toque <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> tu<strong>do</strong><br />
ficou resolvi<strong>do</strong>.<br />
O mesmo acontecerá na continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> pregação <strong>do</strong><br />
Evangelho <strong>do</strong> Reino, principia<strong>da</strong> por João Batista e Cristo mas<br />
interrompi<strong>do</strong> pela rejeição <strong>do</strong> Rei. Porém este voltará em glória, no<br />
final <strong>da</strong> Grande Tribulação, preparan<strong>do</strong> assim as nações para o reino<br />
milenial <strong>do</strong> Filho de Deus. O que não pode ser visto com nitidez, por<br />
causa <strong>da</strong> sombra humana, será revela<strong>do</strong> por um anjo em apenas um<br />
instante: "E vi outro anjo voar pelo meio <strong>do</strong> céu, e tinha o evangelho<br />
eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a to<strong>da</strong><br />
nação, e tribo, e língua, e povo" (Ap 14.6). ( 22 )<br />
Esta mensagem é universal, como o foi, sem dúvi<strong>da</strong>, a<br />
mensagem <strong>da</strong><strong>da</strong> pelo Espírito <strong>Santo</strong> através <strong>do</strong> <strong>do</strong>m de varie<strong>da</strong>de de<br />
línguas, no dia de Pentecoste! O resulta<strong>do</strong> certamente foi o descrito<br />
por Paulo em 1 Coríntios 14.22: "De sorte que as línguas são um<br />
sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis".<br />
No dia de Pentecoste, duas coisas importantes com relação a<br />
interpretação <strong>da</strong> varie<strong>da</strong>de de línguas podem ter aconteci<strong>do</strong>:<br />
• as línguas fala<strong>da</strong>s eram o idioma materno de ca<strong>da</strong> pessoa ali<br />
presente (At 2.8);<br />
• a linguagem era espiritual, e Deus capacitou ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s<br />
presentes a compreender o significa<strong>do</strong> <strong>da</strong>s palavras (1 Co 14.21).<br />
Seja como for, o resulta<strong>do</strong> foi glorioso: Deus falou através <strong>do</strong><br />
seu Espírito, e falou muito bem! (Hb 1.1; 2.4).<br />
22 SILVA, S. P. <strong>da</strong>. Apocalipse Versículo por Versículo. Rio de Janeiro, CPAD, 1995.
9. A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO<br />
SANTO<br />
I - O que é Blasfêmia contra o Espírito <strong>Santo</strong><br />
No conceito de Platão, blasfêmia, <strong>do</strong> grego blasphemo, quer<br />
dizer "falar para <strong>da</strong>nificar".<br />
Nas Escrituras, porém, o conceito de blasfêmia tem um<br />
alcance mais vasto e tenebroso. No Antigo Testamento,<br />
especialmente no grego <strong>da</strong> Septuaginta, palavras como blasphemia e<br />
blasfemeos trazem, com poucas exceções, o senti<strong>do</strong> de atos<br />
contrários à majestade de Deus. Quan<strong>do</strong> liga<strong>da</strong>s ao mun<strong>do</strong> religioso,<br />
considera-se "blasfêmia" várias atitudes contra Deus e o que é santo.<br />
• Fazer uso <strong>do</strong> nome santo de Deus em vão em algo contrário<br />
a sua vontade. Por exemplo, o terceiro man<strong>da</strong>mento traz em si este<br />
princípio, embora não seja estabeleci<strong>da</strong> a pena, como em outros<br />
casos registra<strong>do</strong>s na Bíblia. Entretanto, existe a proibição: "Não<br />
tomaras o nome <strong>do</strong> Senhor, teu Deus, em vão: porque o Senhor não<br />
terá por inocente o que tomar o seu nome em vão" (Êx20.7).<br />
• Falar contra o nome santo de Deus, amaldiçoan<strong>do</strong>-o (Lv<br />
24.10-11).<br />
• Julgar-se igual a Deus. Por causa desta concepção os judeus<br />
acusaram Jesus: "Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela<br />
blasfêmia, porque sen<strong>do</strong> tu homem, te fazes Deus a ti mesmo" (Jo<br />
10.33).<br />
• Falar contra o Templo e contra a Lei também era<br />
considera<strong>do</strong> blasfêmia pelos judeus (At 8.13).<br />
• Falar contra o Céu e contra aqueles que nele habitam (Ap<br />
13.6).<br />
Outros atos abusivos eram considera<strong>do</strong>s blasfemos, tais como:
• falar contra Moisés (At 8.11);<br />
• contradizer a ver<strong>da</strong>de de Deus (At 13.45);<br />
• falar contra a palavra de Deus (Tt 2.5);<br />
• proferir mentiras blasfemas (Ap 2.9).<br />
Jesus mostrou que a blasfêmia contra o Espírito <strong>Santo</strong><br />
ultrapassa os limites <strong>da</strong> redenção: "Portanto, eu vos digo: to<strong>do</strong><br />
peca<strong>do</strong> e blasfêmia se per<strong>do</strong>ará aos homens, mas a blasfêmia contra o<br />
Espírito <strong>Santo</strong> não será per<strong>do</strong>a<strong>da</strong> aos homens. E, se qualquer disser<br />
alguma palavra contra o Filho <strong>do</strong> Homem, ser-lhe-á per<strong>do</strong>a<strong>do</strong>, mas,<br />
se alguém falar contra o Espírito <strong>Santo</strong>, não lhe será per<strong>do</strong>a<strong>do</strong>, nem<br />
neste século nem no futuro" (Mt 12.31,32).<br />
O texto não alude a um peca<strong>do</strong> em particular, mas a um ato ou<br />
atos defini<strong>do</strong>s que determinam um esta<strong>do</strong> pecaminoso, uma oposição<br />
determina<strong>da</strong> e voluntária contra a força e obra <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>.<br />
Neste caso, o peca<strong>do</strong> consiste de duas maneiras:<br />
• resistir delibera<strong>da</strong>mente to<strong>da</strong> e qualquer operação <strong>do</strong> Espírito<br />
<strong>Santo</strong>;<br />
• atribuir às forças <strong>do</strong> mal aquilo que está sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> pelo<br />
Espírito de Deus.<br />
II - Duas Maneiras de Cometer este Peca<strong>do</strong><br />
De acor<strong>do</strong> com os ensinamentos de Jesus e de seus discípulos,<br />
há duas maneiras de os homens resistirem ao Espírito <strong>Santo</strong>. O<br />
perigo de se chegar a tal atitude reside, segun<strong>do</strong> J. Cranne, no<br />
exercício <strong>do</strong> livre-arbítrio. Muitos se aproveitam desse direito e<br />
optam por um caminho completamente erra<strong>do</strong> e irreversível, como<br />
fizeram - ou estavam a ponto de fazer - as autori<strong>da</strong>des religiosas nos<br />
dias de Jesus.<br />
1. Resistir ao Espírito <strong>Santo</strong><br />
Estevão, cheio <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, acusa os que se lhe<br />
opunham: "Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e
ouvi<strong>do</strong>, vós sempre resistis ao Espírito <strong>Santo</strong>; assim, vós sois como<br />
vossos pais" (At 7.51).<br />
O peca<strong>do</strong> mais comum que uma pessoa sem Deus pode<br />
cometer contra o Espírito <strong>Santo</strong> é resisti-lo. Trata-se, portanto, de um<br />
peca<strong>do</strong> pratica<strong>do</strong> apenas pelo não-converti<strong>do</strong>. Pode assumir a forma<br />
de desdém (At 26.28); de adiamento (At 17.32; 24.25); de<br />
ridicularização (At 17.32); ou de oposição agressiva (At 5.33-40).<br />
Essa conduta pecaminosa não reconhece a atuação <strong>do</strong> Espírito<br />
<strong>Santo</strong>. Jesus havia demonstra<strong>do</strong> a seus opositores que tanto a razão<br />
quanto a instrução religiosa que haviam recebi<strong>do</strong> não deixavam<br />
dúvi<strong>da</strong>s de que o Espírito <strong>Santo</strong> operava através dEle. Mas, em seu<br />
ódio contra Jesus, os fariseus optaram por não aceitar a evidência<br />
<strong>da</strong><strong>da</strong> por Deus. Abriram a boca contra o Senhor e contra seu Ungi<strong>do</strong>,<br />
dizen<strong>do</strong>: "Este não expulsa demônios senão por Belzebu, príncipe<br />
<strong>do</strong>s demônios" (Mt 12.24).<br />
Claro está que a aceitação ou rejeição <strong>da</strong> pessoa de Jesus<br />
Cristo contribuiu para determinar a atitude <strong>do</strong>s fariseus. Mas é a<br />
rejeição a base para o peca<strong>do</strong> imper<strong>do</strong>ável, que consiste em atribuir a<br />
Satanás a obra <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>. ( 23 )<br />
2. A blasfêmia<br />
No grego, "blasfêmia" significa "dizer coisas abusivas", e<br />
indica algo declara<strong>do</strong> contra o que pertence a Deus. Às vezes<br />
significa "difamação" e "calúnia".<br />
No presente texto, "blasfêmia" reveste-se de um senti<strong>do</strong><br />
sombrio, tenebroso. Isto é, atribuir ao príncipe <strong>do</strong>s demônios as<br />
operações miraculosas que Jesus realizava pelo poder <strong>do</strong> Espírito<br />
<strong>Santo</strong>.<br />
23 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpreta<strong>do</strong>. Milenium, 1982.
III - Um Peca<strong>do</strong> que Ultrapassa os Limites <strong>da</strong><br />
Redenção<br />
Quem disser coisas abusivas contra o Supremo Ser "nunca<br />
obterá perdão, mas será réu <strong>do</strong> eterno juízo" (Mc 3.29).<br />
Em Hebreus 10.29, encontramos um exemplo deste peca<strong>do</strong><br />
imper<strong>do</strong>ável. O escritor sagra<strong>do</strong> adverte sobre os que vivem pecan<strong>do</strong><br />
"voluntariamente": "De quanto maior castigo cui<strong>da</strong>is vós será julga<strong>do</strong><br />
merece<strong>do</strong>r aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o<br />
sangue <strong>do</strong> testamento, com que foi santifica<strong>do</strong>, e fizer agravo ao<br />
Espírito <strong>da</strong> graça?"<br />
A passagem subentende que a impossibili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> perdão pela<br />
blasfêmia contra o Espírito <strong>Santo</strong> pode estender-se à vi<strong>da</strong> alémtúmulo.<br />
O Dr. F. W. Grant observa que esta blasfêmia representa<br />
mais que um fruto <strong>da</strong> ignorância, sen<strong>do</strong> uma aberta oposição a Deus<br />
e a tu<strong>do</strong> que é divino. Uma palavra fala<strong>da</strong> contra o Filho <strong>do</strong> Homem<br />
podia ser per<strong>do</strong>a<strong>da</strong>: a condição humilde que Ele assumira ocultava a<br />
sua glória aos olhos carnais. Mas havia o que precisava ser<br />
reconheci<strong>do</strong> e não era possível ocultar.<br />
O ódio manifesto por pessoas esclareci<strong>da</strong>s não podia ser<br />
per<strong>do</strong>a<strong>do</strong>. O peca<strong>do</strong> eterno é a atitude de quem, proposita<strong>da</strong>mente e<br />
em desafio à luz e ao conhecimento, rejeita e persevera em rejeitar os<br />
esforços <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> e a graça ofereci<strong>da</strong> pelo Evangelho. Tal<br />
esta<strong>do</strong>, para quem nele persevera sem arrependimento, exclui o<br />
perdão, porque é o peca<strong>do</strong> para a morte referi<strong>do</strong> em 1 João 5.16: "Há<br />
peca<strong>do</strong> para morte, e por esse não digo que ore". Persistir nesse erro<br />
é perecer sem misericórdia, ain<strong>da</strong> que o Deus de to<strong>da</strong> a graça faça<br />
tu<strong>do</strong> para evitar tal desenlace. ( 24 )<br />
24 McNAIR, S. E. A Bíblia Explica<strong>da</strong>. Rio de Janeiro, CPAD, 1994.
IV - Peca<strong>do</strong> contra o Espírito <strong>Santo</strong>: a Criatura<br />
sem Intercessor<br />
Vários aspectos, e to<strong>do</strong>s eles com justificativas convincentes,<br />
demonstram ser a blasfêmia contra o Espírito <strong>Santo</strong> um peca<strong>do</strong><br />
imper<strong>do</strong>ável:<br />
• Pecan<strong>do</strong> o homem contra Deus, Jesus intercederá por ele<br />
junto ao Pai: "Ele é a propiciação pelos nossos peca<strong>do</strong>s, e não<br />
somente pelos nossos, mas também pelos de to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>" (1 Jo<br />
2.2). Na posição de Sumo Sacer<strong>do</strong>te, Jesus intercede perante Deus<br />
pelos "transgressores" e pelos "santos" (Is 53.12; Hb 7.25).<br />
• Pecan<strong>do</strong> o homem contra Jesus, o Espírito <strong>Santo</strong> intercederá<br />
por ele junto ao Filho de Deus (cf. Jo 16.8; Rm 8.26).<br />
• Pecan<strong>do</strong> o homem contra o Espírito <strong>Santo</strong>, quem intercederá<br />
por ele? Ninguém! Eis aí a razão por que tal criatura se torna ré de<br />
juízo eterno .<br />
Era esta, sem dúvi<strong>da</strong>, a advertência de Jesus a seus inimigos.<br />
Entretanto, aquelas autori<strong>da</strong>des religiosas não entenderam. O "deus<br />
deste século" cegara os entendimentos <strong>da</strong>quela gente, e eles não<br />
puderam ver "a luz <strong>do</strong> evangelho <strong>da</strong> glória de Cristo, que é a imagem<br />
de Deus" (2 Cr 4.4).<br />
Parece que tal conduta resulta de um processo de rebeldia<br />
contra Deus. Não se pode imaginar alguém agir assim sem conhecer<br />
os princípios que mostram se algo procede de Deus ou <strong>do</strong> príncipe<br />
<strong>da</strong>s trevas: "Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se<br />
manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas<br />
invisíveis, desde a criação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, tanto o seu eterno poder, como<br />
a sua divin<strong>da</strong>de, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que<br />
estão cria<strong>da</strong>s, para que eles fiquem inescusáveis" (Rm 1.19,20).
V - Pode um Cristão Blasfemar contra o<br />
Espírito <strong>Santo</strong>?<br />
De acor<strong>do</strong> com o ensinamento geral <strong>da</strong> Bíblia, entendemos<br />
que jamais uma pessoa cristã cometeu tal peca<strong>do</strong>, especialmente<br />
aqueles que pensam que o fizeram. Quem blasfema contra o Espírito<br />
<strong>Santo</strong> jamais terá consciência de que o fez.<br />
O Dr. Geo Goodman oferece uma explicação anima<strong>do</strong>ra para<br />
aqueles cristãos que imaginam ter cometi<strong>do</strong> tal peca<strong>do</strong>. Como muitos<br />
cristãos têm si<strong>do</strong> perturba<strong>do</strong>s e mesmo alarma<strong>do</strong>s com esta<br />
possibili<strong>da</strong>de, pensemos a respeito:<br />
• Não é ela para perturbar a consciência impressionável, pois<br />
ter uma consciência sensível é estar na condição espiritual<br />
diametralmente oposta. O blasfemo aqui referi<strong>do</strong> é uma pessoa cuja<br />
consciência está cauteriza<strong>da</strong> como que por um ferro em brasa.<br />
• Não se refere a alguém cair em tentação, a um peca<strong>do</strong> ou<br />
peca<strong>do</strong>s; é mais uma atitude de espírito <strong>do</strong> que mesmo um ato.<br />
• Não significa uma simples palavra irrefleti<strong>da</strong> ou descui<strong>da</strong><strong>da</strong>,<br />
embora blasfema, porque blasfêmias e peca<strong>do</strong>s semelhantes podem<br />
ser per<strong>do</strong>a<strong>do</strong>s.<br />
• Não significa meramente atribuir a obra de Cristo ao poder<br />
<strong>da</strong>s trevas, como no caso cita<strong>do</strong> - embora isso já seja um sintoma<br />
muito perigoso. Contu<strong>do</strong>, ain<strong>da</strong> não é o próprio crime. Foi por terem<br />
os fariseus e escribas feito isso que Cristo apontou o perigo em que<br />
estavam cain<strong>do</strong>.<br />
O Senhor Jesus advertiu os escribas e fariseus sobre o<br />
tenebroso perigo <strong>da</strong> rejeição de suas almas com vistas ao mun<strong>do</strong><br />
vin<strong>do</strong>uro. Eles, em suas interpretações, atribuíram ao reino <strong>da</strong>s trevas<br />
a redenção que Jesus trouxe.<br />
A expulsão <strong>do</strong>s demônios pelo poder divino era sinal de que o<br />
Reino de Deus havia chega<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong> com to<strong>do</strong> o seu peso de<br />
poder e glória.<br />
Do outro la<strong>do</strong>, as acusações que os mestres ju<strong>da</strong>icos dirigiram
contra Jesus importam em negação <strong>do</strong> poder e <strong>da</strong> grandeza <strong>do</strong><br />
Espírito <strong>Santo</strong> de Deus como Ser Supremo.<br />
E, ao atribuírem origem demoníaca à atuação <strong>do</strong> Senhor,<br />
revelaram perversi<strong>da</strong>de de espírito que, desafian<strong>do</strong> a ver<strong>da</strong>de, prefere<br />
chamar de trevas a própria Luz. Nesse contexto, a blasfêmia contra o<br />
Espírito <strong>Santo</strong> denota rejeição consciente e delibera<strong>da</strong> <strong>do</strong> poder e <strong>da</strong><br />
graça salva<strong>do</strong>ra de Deus, demonstra<strong>do</strong>s e concretiza<strong>do</strong>s mediante as<br />
palavras e atos de Jesus. No pensamento de W. L. Lanne, a blasfêmia<br />
é, portanto, algo muito mais sério <strong>do</strong> que tomar em vão o nome<br />
divino.<br />
VI - A Blasfêmia Per<strong>do</strong>a<strong>da</strong><br />
Jesus afirma, em Mateus 12.31, que "to<strong>do</strong> peca<strong>do</strong> e blasfêmia<br />
se per<strong>do</strong>ará aos homens"; e, em Marcos 3.28, acrescenta: "... to<strong>da</strong><br />
sorte de blasfêmias, com que blasfemarem" - inclusive a blasfêmia<br />
contra o Filho <strong>do</strong> homem!<br />
Imper<strong>do</strong>ável, aqui e na eterni<strong>da</strong>de, somente a blasfêmia contra<br />
o Espírito <strong>Santo</strong>. Quanto a blasfêmia contra Deus, o Pai, não se diz<br />
explicitamente que pode ser per<strong>do</strong>a<strong>da</strong>. Alguns acreditam que sim.<br />
Outros opinam que não.<br />
No Antigo Testamento, era puni<strong>do</strong> com a morte quem<br />
blasfemasse contra o nome santo de Deus. Antes mesmo de Israel ter<br />
entra<strong>do</strong> na Terra Prometi<strong>da</strong>, o filho de uma mulher israelita com um<br />
egípcio foi preso e depois apedreja<strong>do</strong> por ter pratica<strong>do</strong> tal ato: "E<br />
disse Moisés aos filhos de Israel que levassem o que tinha<br />
blasfema<strong>do</strong> para fora <strong>do</strong> arraial e o apedrejassem com pedras; e<br />
fizeram os filhos de Israel como o Senhor ordenara a Moisés" (Lv<br />
24.23).<br />
A blasfêmia dirigi<strong>da</strong> contra Jesus podia ser per<strong>do</strong>a<strong>da</strong>, em<br />
razão de sua encarnação, pois Ele "aniquilou-se a si mesmo, toman<strong>do</strong><br />
a forma de servo, fazen<strong>do</strong>-se semelhante aos homens; e, acha<strong>do</strong> na<br />
forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sen<strong>do</strong> obediente até à
morte e morte de cruz" (Fp 2.7,8). Não é o caso de Deus Pai. Assim,<br />
cabe bendizer o seu nome santo, e glorificá-lo!<br />
Não sabemos, porque isto ultrapassa a compreensão humana,<br />
se alguém que tenha blasfema<strong>do</strong> contra o Espírito <strong>Santo</strong> pode ser<br />
per<strong>do</strong>a<strong>do</strong> por Deus, mediante um pedi<strong>do</strong> de clemência <strong>do</strong> próprio<br />
Espírito <strong>Santo</strong> em favor de tal criatura. "Para Deus na<strong>da</strong> é<br />
impossível" (Lc 1.37).<br />
Com efeito, este é um campo que pertence somente a Deus!<br />
Não nos cabe especular.<br />
VII - Blasfêmia no Senti<strong>do</strong> Escatológico<br />
Apocalipse 13.6 diz que a Besta que "subiu <strong>do</strong> mar... abriu a<br />
boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar <strong>do</strong> seu nome, e <strong>do</strong><br />
seu tabernáculo, e <strong>do</strong>s que habitam no céu". Esta figura sombria<br />
blasfemará <strong>do</strong>s "poderes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> superior", ridicularizan<strong>do</strong> sua<br />
própria existência. Quan<strong>do</strong> Antíoco Epifânio IV conquistou o poder,<br />
seu alvo principal foi blasfemar o tabernáculo de Jerusalém.<br />
Durante sua vi<strong>da</strong> terrena, o Senhor Jesus foi alvo constante<br />
<strong>da</strong>s grandes blasfêmias <strong>do</strong>s obstina<strong>do</strong>s fariseus.<br />
O Espírito <strong>Santo</strong> também será objeto <strong>da</strong>s blasfêmias <strong>do</strong><br />
Anticristo. Seu objetivo será vilipendiar o nome santo de Deus e de<br />
seu Filho, Jesus Cristo - o que atinge, conseqüentemente, a digni<strong>da</strong>de<br />
<strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, conforme implícito na frase "... e <strong>do</strong>s que habitam<br />
no céu".<br />
A palavra "igreja" - ou "igrejas" - aparece 19 vezes nos três<br />
primeiros capítulos de Apocalipse, mas depois só reaparece em<br />
Apocalipse 22.16. As duas últimas citações, em 3.22 e 22.16 (cf. v.<br />
17), estão associa<strong>da</strong>s ao Espírito <strong>Santo</strong>.<br />
Este vínculo indica que o Espírito <strong>Santo</strong> subirá com a Igreja,<br />
por ocasião <strong>do</strong> arrebatamento. Diz Apocalipse 14.13 que uma "voz"<br />
partiu "<strong>do</strong> céu", anuncian<strong>do</strong> a segun<strong>da</strong> bem-aventurança <strong>da</strong>s sete que<br />
o livro contém, identifica<strong>da</strong> como a <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>. Isto prova que,
no perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> "angústia de Jacó", o Espírito <strong>Santo</strong> fará parte <strong>da</strong>queles<br />
"que habitam no céu". O dragão, que ora incita os homens a dirigir<br />
palavras blasfemas contra o Espírito de Deus, o fará novamente<br />
naquele tempo, por meio <strong>da</strong> "besta que subiu <strong>do</strong> mar".<br />
O destino final <strong>da</strong> Besta e de seu consorte, o falso profeta, será<br />
o "lago de fogo" (Ap 19.20; 20.10).<br />
Assim Deus punirá "to<strong>da</strong>s as duras palavras que ímpios<br />
peca<strong>do</strong>res disseram contra ele" (Jd 15), "principalmente aqueles que<br />
segun<strong>do</strong> a carne an<strong>da</strong>m em concupiscências de imundícia, e<br />
desprezam as <strong>do</strong>minações... não receiam blasfemar <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong>des"<br />
(2 Pe 2.10).<br />
Apesar de tu<strong>do</strong>, Deus ama essas pessoas. Porque Deus ama a<br />
to<strong>do</strong>s! E, "não queren<strong>do</strong> que alguns se percam, senão que to<strong>do</strong>s<br />
venham a arrepender-se" (2 Pe 3.9), conclama "a to<strong>do</strong>s os homens,<br />
em to<strong>do</strong> o lugar, que se arrepen<strong>da</strong>m" (At 17.30).
10. O FRUTO E OS FRUTOS DO ESPÍRITO<br />
I - O Fruto <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong><br />
"Mas o fruto <strong>do</strong> Espírito é: cari<strong>da</strong>de, gozo, paz,<br />
longanimi<strong>da</strong>de, benigni<strong>da</strong>de, bon<strong>da</strong>de, fé, mansidão, temperança"<br />
(Gl 5.22).<br />
O "fruto" e os "frutos" menciona<strong>do</strong>s nas Escrituras,<br />
especialmente no Novo Testamento, são quali<strong>da</strong>des morais e<br />
espirituais cultiva<strong>da</strong>s pelo Espírito de Deus na personali<strong>da</strong>de cristã.<br />
O primeiro vem cita<strong>do</strong> no singular, embora composto de<br />
"nove quali<strong>da</strong>des" diferentes, forman<strong>do</strong> uma diversi<strong>da</strong>de de<br />
operações. Contu<strong>do</strong>, é o "mesmo Espírito" que "opera to<strong>da</strong>s estas<br />
coisas, repartin<strong>do</strong> particularmente a ca<strong>da</strong> um como quer" (cf. 1 Co<br />
12.11). Significa que o fruto, mesmo sen<strong>do</strong> composto de nove<br />
quali<strong>da</strong>des, contém um só sabor que abre caminho para a perfeição<br />
até transformar o cristão "de glória em glória, na mesma imagem,<br />
como pelo Espírito <strong>do</strong> Senhor" (2 Co 3.18).<br />
O fruto <strong>do</strong> Espírito é o resulta<strong>do</strong> na vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s que participam<br />
<strong>da</strong> natureza divina, ou seja, <strong>do</strong>s que estão liga<strong>do</strong>s a Cristo, a "videira<br />
ver<strong>da</strong>deira" (Jo 15.1-5). Assim, passamos a obter uma nova natureza,<br />
porque fomos "gera<strong>do</strong>s, não de semente corruptível, mas <strong>da</strong><br />
incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para<br />
sempre" (1 Pe 1.23).<br />
Os frutos <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> menciona<strong>do</strong>s em outras passagens<br />
<strong>da</strong>s Escrituras referem-se a outras operações <strong>do</strong> Espírito de Deus na<br />
vi<strong>da</strong> <strong>do</strong> cristão, produzin<strong>do</strong> outras virtudes na alma, que depois<br />
examinaremos à luz <strong>do</strong> contexto.<br />
1. Amor (cari<strong>da</strong>de)<br />
Este atributo <strong>do</strong> Espírito de Deus é evidentemente o mais
sublime de to<strong>do</strong>s. Ele é o fun<strong>da</strong>mento sobre o qual os demais <strong>do</strong>ns e<br />
virtudes <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> estão edifica<strong>do</strong>s.<br />
O amor é o solo onde são cultiva<strong>da</strong>s as demais virtudes <strong>da</strong><br />
existência, seja terrena ou celestial.<br />
O amor é a base onde to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>ns espirituais são<br />
implanta<strong>do</strong>s.<br />
O amor é a fonte de onde fluirão as demais fontes de tu<strong>do</strong> que<br />
é divino: "A cari<strong>da</strong>de [amor] nunca falha; mas haven<strong>do</strong> profecias,<br />
serão aniquila<strong>da</strong>s; haven<strong>do</strong> línguas, cessarão; haven<strong>do</strong> ciência,<br />
desaparecerá. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a<br />
cari<strong>da</strong>de, estas três, mas a maior destas é a cari<strong>da</strong>de" (1 Co 13.8,13).<br />
O Filho de Deus nos ensinou a caminhar as "duas milhas" (Mt<br />
5.41): a primeira é a "milha <strong>do</strong> dever", a segun<strong>da</strong>, a "milha <strong>do</strong> amor".<br />
Quem trabalha para Deus apenas para cumprir seu dever<br />
cristão, reconhece-o apenas como Senhor. Mas quem trabalha por<br />
amor e gratidão pelo que Ele fez e continua fazen<strong>do</strong> em sua vi<strong>da</strong><br />
reconhece-o como Pai.<br />
A observância <strong>do</strong>s man<strong>da</strong>mentos de Deus e <strong>do</strong>s ensinamentos<br />
de Cristo requer amor no coração. Jesus disse: "Se me amardes,<br />
guar<strong>da</strong>reis os meus man<strong>da</strong>mentos" (Jo 14.15); "de sorte que o<br />
cumprimento <strong>da</strong> lei é o amor" (Rm 13.10), "porque to<strong>da</strong> a lei se<br />
cumpre numa só palavra, nesta: Amarás o teu próximo como a ti<br />
mesmo" (Gl 5.14).<br />
Há alguns anos, circulou nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s um informe<br />
mostran<strong>do</strong> "três maneiras de amar": por causa de, por causa de si<br />
mesmo e apesar de.<br />
a. Amor por causa de. O amor desenvolvi<strong>do</strong> nesta esfera<br />
aponta para um tipo interesseiro, que visa recompensa imediata para<br />
si e para aquele que é ama<strong>do</strong>. Em outras palavras, ama-se porque<br />
existe um motivo que leva a amar.<br />
b. Amor por causa de si mesmo. Esta maneira de amar indica<br />
alguém que estabelece determina<strong>da</strong>s normas para ser ama<strong>do</strong>. É um<br />
amor subjetivo, que ama mas ameaça. É como ouvimos dizer: "Eu te
amo! Mas se fizeres isto ou aquilo, não te amo mais!" Esse gênero de<br />
amor é condicional, e não voluntário.<br />
c. Amor apesar de. Este amor é descrito como sen<strong>do</strong> o amor<br />
de Deus. Sua dimensão é infinita, e seu alcance, muito vasto!<br />
O termo agapao aparece 142 vezes no Novo Testamento; e<br />
agape, 116 vezes. Ambos vêm <strong>da</strong> raiz hebraica aheb, que passou<br />
para o grego <strong>da</strong> Septuaginta com o senti<strong>do</strong> de "supremo sacrifício".<br />
João 3.16, o "texto áureo" <strong>da</strong> Bíblia, mostra-nos a natureza<br />
deste amor, que induziu Deus a entregar o seu próprio Filho<br />
unigênito a morrer pelo mun<strong>do</strong>. Tal amor não pode jamais ser<br />
descrito. Isto só foi possível porque "Deus é amor" (1 Jo 4.8).<br />
Em Romanos 5.8, lemos: "Mas Deus prova o seu amor para<br />
conosco em que Cristo morreu por nós, sen<strong>do</strong> nós ain<strong>da</strong> peca<strong>do</strong>res".<br />
Não nos foi revela<strong>do</strong>, por certo em razão de nossa mente limita<strong>da</strong>, o<br />
que motivou Deus a nos amar assim. Mas esse é o amor que ama sem<br />
ser ama<strong>do</strong> e não visa na<strong>da</strong> em troca. Neste senti<strong>do</strong>, o amor pode ser<br />
traduzi<strong>do</strong> por "cari<strong>da</strong>de" e até por "ardente cari<strong>da</strong>de", que é o amor<br />
aplica<strong>do</strong> (2 Pe 1.7).<br />
2. Gozo (alegria)<br />
Algumas versões <strong>da</strong> Bíblia traduzem "gozo" por "alegria",<br />
sen<strong>do</strong> esta a felici<strong>da</strong>de que o crente desfruta no Espírito <strong>Santo</strong>.<br />
O termo grego aqui é chara. O termo charis, traduzi<strong>do</strong> em<br />
português por "graça", vem <strong>da</strong> mesma raiz. Charis, a partir de<br />
Homero, passou a significar "aquilo que promove bem-estar entre os<br />
homens".<br />
a. Definição. O substantivo charma traz a idéia de "encanto",<br />
de onde provém "charme" - aquilo que é formoso ou atraente. Como<br />
atributo <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>, a alegria é uma quali<strong>da</strong>de implanta<strong>da</strong> na<br />
alma que teve um encontro com o "Deus de to<strong>da</strong> graça", e visa uma<br />
vi<strong>da</strong> de rogozijo e de agradecimento no Senhor. Paulo recomen<strong>da</strong> aos<br />
cristãos filipenses que sejam agradeci<strong>do</strong>s e cheios de regozijo:
"Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos" (Fp<br />
4.4).<br />
b. Alegria, fruto <strong>do</strong> louvor. "Está alguém contente? Cante<br />
louvores" (Tg 5.13). "A alegria envolve pensa mentos suaves sobre<br />
Cristo, hinos e salmos melodiosos, louvores e ação de graças, com<br />
que os cristãos se instruem, inspiram e refrigeram a si mesmos. Deus<br />
não aprecia a dúvi<strong>da</strong> e o desânimo. Também abomina as palavras que<br />
ferem, ou pensamentos melancólicos e tristonhos".( 25 )<br />
O desejo de Deus é ver seus filhos cantan<strong>do</strong> "com graça no<br />
coração" (cf. Cl 3.16). Nas Escrituras, a alegria trazia força e até<br />
saúde ao povo de Deus: "Ide, e comei as gorduras, e bebei as<br />
<strong>do</strong>çuras, e enviai porções aos que não têm na<strong>da</strong> prepara<strong>do</strong> para si;<br />
porque esse dia é consagra<strong>do</strong> ao nosso Senhor; portanto, não vos<br />
entristeçais, porque a alegria <strong>do</strong> Senhor é a vossa força" (Ne 8.10);<br />
"O coração alegre serve de bom remédio, mas o espírito abati<strong>do</strong> virá<br />
a secar os ossos" (Pv 17.22).<br />
O anjo <strong>do</strong> Senhor bra<strong>do</strong>u <strong>do</strong>s céus: "Não temais, porque eis<br />
aqui vos trago novas de grande alegria, que será para to<strong>do</strong> o povo"<br />
(Lc 2.10). A alegria cristã, portanto, não é uma emoção artificial.<br />
Antes, é uma ação <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> no coração humano, para que<br />
este venha a conhecer que o Senhor Deus está no seu trono, e que<br />
tu<strong>do</strong> neste mun<strong>do</strong> submete-se ao seu controle, até mesmo onde a<br />
experiência pessoal está envolvi<strong>da</strong>.<br />
Esta ação poderosa <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong> em nossas vi<strong>da</strong>s é<br />
inspira<strong>do</strong>ra, <strong>da</strong>n<strong>do</strong>-nos esperança e confiança e enchen<strong>do</strong>-nos de<br />
coragem para avançar na direção em que formos envia<strong>do</strong>s. Este foi,<br />
sem dúvi<strong>da</strong>, o grande sucesso <strong>da</strong> Igreja Primitiva. Os cristãos<br />
estavam cheios de alegria, e por este motivo "em to<strong>do</strong>s eles havia<br />
abun<strong>da</strong>nte graça" (At 2.46; 4.33).<br />
25 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpreta<strong>do</strong>. Milenium, 1982.
c. Alegria, fruto <strong>da</strong> glorificação. A alegria faz parte <strong>da</strong> esfera<br />
central <strong>do</strong> Reino de Deus que "não é comi<strong>da</strong> nem bebi<strong>da</strong>, mas justiça,<br />
e paz, e alegria no Espírito <strong>Santo</strong>. Porque quem nisto serve a Cristo<br />
agradável é a Deus e aceito aos homens" (Rm 14.17,18). A tristeza<br />
somente é benéfica quan<strong>do</strong> vem de Deus para produzir<br />
arrependimento e, depois, edificação: "Porque a tristeza segun<strong>do</strong><br />
Deus opera arrependimento para a salvação, <strong>da</strong> qual ninguém se<br />
arrepende..." (2 Co 7.10).<br />
Portanto o gozo, como fruto <strong>do</strong> Espírito, é a alegria<br />
implanta<strong>da</strong> pelo Senhor Jesus no coração e na expressão de nossa<br />
vi<strong>da</strong> para com nós mesmos e nossos semelhantes. Ele disse: "A vossa<br />
alegria, ninguém vo-la tirará" (Jo 16.22).<br />
3. Paz<br />
Várias passagens <strong>da</strong>s Escrituras apresentam o Senhor como<br />
"varão de guerra" (cf. Êx 15.3; Sl 24.8), mas Ele é também chama<strong>do</strong><br />
"o Deus de paz" (Rm 15.33; 2 Co 13.11).<br />
A guerra tira a paz. No campo espiritual, entretanto, esta é<br />
função <strong>do</strong> peca<strong>do</strong>. Ele tira a paz <strong>do</strong> coração - para com Deus, os<br />
outros homens, o próprio ser e a própria consciência. Porém, com o<br />
perdão <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>s, esta virtude é implanta<strong>da</strong> no coração.<br />
O fruto "paz" foi cria<strong>do</strong> por Cristo, e é implanta<strong>do</strong> no salvo<br />
pelo Espírito <strong>Santo</strong>.<br />
• Cristo é a nossa paz (Ef 2.14).<br />
• Cristo evangelizou a paz (Ef 2.17).<br />
• Em Cristo, Deus e o homem se encontram em paz (Ef 2.15).<br />
• Em Cristo, o crente desfruta a paz (Jo 14.17; 16.33).<br />
A paz envolve muito mais <strong>do</strong> que a tranqüili<strong>da</strong>de íntima que<br />
prevalece a despeito <strong>da</strong>s tempestades externas. Trata-se de uma<br />
quali<strong>da</strong>de produzi<strong>da</strong> em nosso espírito. A ver<strong>da</strong>deira paz tende à<br />
tranqüili<strong>da</strong>de de consciência. A paz opõe-se ao ódio, à desavença, à<br />
conten<strong>da</strong>, à inveja, à chantagem psicológica, aos excessos e coisas<br />
semelhantes.
Este fruto <strong>do</strong> Espírito guar<strong>da</strong> a alma <strong>do</strong> desespero, a aflição e<br />
<strong>da</strong> desconfiança, conforme escreve Paulo: "E a paz de Deus, que<br />
excede to<strong>do</strong> o entendimento, guar<strong>da</strong>rá os vossos corações e os vossos<br />
sentimentos em Cristo Jesus" (Fp 4.7). Cristo, é, portanto, o Rei de<br />
Salém - que é rei de paz, à semelhança de Melquisedeque, que "primeiramente<br />
é, por interpretação, rei de justiça e depois também rei de<br />
Salém, que é rei de paz" (Hb 7.2).<br />
4. Longanimi<strong>da</strong>de<br />
O termo grego para "longanimi<strong>da</strong>de" é makrothumia, que traz<br />
a idéia de "paciência" em sua forma adjetiva, o que indica a<br />
quali<strong>da</strong>de de alguém que é tolerante por natureza.<br />
No conceito rabínico, muitas vezes a palavra "longanimi<strong>da</strong>de"<br />
era toma<strong>da</strong> para indicar "extensão" - especialmente quan<strong>do</strong> se referia<br />
à misericórdia de Deus para com o seu povo: "Jeová, o Senhor, Deus<br />
misericordioso e pie<strong>do</strong>so, tardio em iras e grande em beneficência e<br />
ver<strong>da</strong>de" (Êx 34.6).<br />
Para A<strong>da</strong>m Clarke, a longanimi<strong>da</strong>de consiste em "suportar as<br />
fragili<strong>da</strong>des e provocações alheias, com base na consideração de que<br />
Deus se tem mostra<strong>do</strong> extremamente paciente conosco; pois, se Deus<br />
não tivesse agi<strong>do</strong> assim, teríamos si<strong>do</strong> imediatamente consumi<strong>do</strong>s:<br />
suportan<strong>do</strong> igualmente to<strong>da</strong>s as tribulações e rebeldias; submeten<strong>do</strong>nos<br />
alegremente a ca<strong>da</strong> dispensão <strong>da</strong> providência de Deus, e assim<br />
derivan<strong>do</strong> benefícios de ca<strong>da</strong> ocorrência". ( 26 )<br />
Deus é o exemplo supremo que devemos seguir. Sua<br />
misericórdia abarca a to<strong>do</strong>s os seres humanos, e ninguém é ti<strong>do</strong> por<br />
merece<strong>do</strong>r dela. Assim "as misericórdias <strong>do</strong> Senhor são a causa de<br />
não sermos consumi<strong>do</strong>s; porque as suas misericórdias não têm fim"<br />
(Lm 3.22).<br />
A misericórdia sempre mitiga e condiciona a justiça, assim<br />
26 CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia <strong>da</strong> Bíblia, teologia e Filosofia. São Paulo, Candeias,<br />
1982.
como a cari<strong>da</strong>de abran<strong>da</strong> o furor <strong>do</strong> direito legal. Não existe tal coisa<br />
como a justiça crua, despi<strong>da</strong> de misericórdia. Esta a razão de Cristo<br />
ter declara<strong>do</strong>: "Bem-aventura<strong>do</strong>s os misericordiosos, porque eles<br />
alcançarão misericórdia" (Mt 5.7).<br />
5. Benigni<strong>da</strong>de<br />
O termo "benigni<strong>da</strong>de" (no grego, chrestotes) traz a idéia de<br />
"gentileza", "bon<strong>da</strong>de" etc.<br />
Sobre este fruto <strong>do</strong> Espírito escreve Martinho Lutero: "Os<br />
segui<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Evangelho não devem ser inflexíveis e amargos, mas<br />
antes, gentis, suaves, corteses e de fala mansa, ain<strong>da</strong> que com poder e<br />
autori<strong>da</strong>de, o que deveria encorajar outros a buscarem sua.<br />
companhia... A gentileza pode <strong>da</strong>r-se bem até mesmo com pessoas<br />
ousa<strong>da</strong>s e difíceis... Nosso Salva<strong>do</strong>r Jesus Cristo, era uma pessoa<br />
imensamente gentil... Acerca de <strong>Pedro</strong>, ficou registra<strong>do</strong> que ele<br />
chorava sempre que se lembrava <strong>da</strong> suave gentileza de Cristo em<br />
seus contatos diários com as pessoas... e depois, quan<strong>do</strong> apenas<br />
"olhou para ele"... conceden<strong>do</strong>-lhe o perdão por ter nega<strong>do</strong> seu<br />
Mestre três vezes".<br />
Deus é o exemplo originário <strong>da</strong> benigni<strong>da</strong>de, e Cristo, o<br />
exemplo iéesl, passan<strong>do</strong> a ser o nosso modelo (2 Co 10.1).<br />
Salmos 119.64 exalta a benigni<strong>da</strong>de de Deus: "A terra, ó<br />
Senhor, está cheia <strong>da</strong> tua benigni<strong>da</strong>de..." Esta quali<strong>da</strong>de faz <strong>do</strong> crente<br />
uma pessoa compassiva, cheia de ternura e, sobretu<strong>do</strong>, contemplativa<br />
para com os menos privilegia<strong>do</strong>s.<br />
6. Bon<strong>da</strong>de<br />
Quan<strong>do</strong> Jesus falou para o jovem rico: "Por que me chamas<br />
bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus" (Lc 18.19), Ele<br />
queria dizer, er n outras palavras: "Ninguém é infalivelmente bom, a<br />
não ser Deus". Os homens podem ser bons; entretanto, isto não<br />
significa bon<strong>da</strong>de, pois são limita<strong>do</strong>s para exercer tal atributo.<br />
Nas Escrituras, o homem bom é retrata<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong>
acompanha<strong>do</strong> por Deus: "Os passos de um homem bom são<br />
confirma<strong>do</strong>s pelo Senhor, e ele deleita-se no seu caminho" (Sl<br />
37.23).<br />
Lutero assim defendia esta quali<strong>da</strong>de: "Uma pessoa é bon<strong>do</strong>sa<br />
quan<strong>do</strong> se dispõe a aju<strong>da</strong>r aqueles que estão em necessi<strong>da</strong>de".<br />
Somente pela bon<strong>da</strong>de teremos graça no coração para cumprir<br />
certos man<strong>da</strong>mentos de Cristo. Por exemplo, nosso Senhor nos<br />
ensinou a amar nossos inimigos e até bendizê-los: "Ouvistes que foi<br />
dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém,<br />
vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem,<br />
fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos<br />
perseguem" (Mt 5.43,44).<br />
Paulo relembra as palavras <strong>do</strong> Senhor, em Romanos 12.14,17-<br />
21: "Abençoai aos que vos perseguem; abençoai e não amaldiçoeis.<br />
A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas perante<br />
to<strong>do</strong>s os homens. Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz<br />
com to<strong>do</strong>s os homens. Não vos vingueis a vós mesmos, ama<strong>do</strong>s, mas<br />
<strong>da</strong>i lugar à ira [de Deus], porque está escrito: Minha é a vingança; eu<br />
recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se teu inimigo tiver fome, dálhe<br />
de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazen<strong>do</strong> isto,<br />
amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer<br />
<strong>do</strong> mal, mas vence o mal com o bem".<br />
Com efeito, vivemos dias difíceis em que existe desamor até<br />
para com os bons (2 Tm 3.3), e somente através <strong>do</strong> fruto <strong>da</strong> bon<strong>da</strong>de<br />
os homens poderão voltar à base de to<strong>da</strong>s as quali<strong>da</strong>des espirituais:<br />
"a primeira cari<strong>da</strong>de" (Ap 2.4).<br />
7. Fé<br />
Em 1 Coríntios 12.9, a palavra "fé" aparece como um <strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong>ns de poder. No texto de Gaiatas, descreve uma quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> fruto<br />
<strong>do</strong> Espírito.<br />
Em algumas traduções, o grego pistis ("fé") é traduzi<strong>do</strong> por<br />
"fideli<strong>da</strong>de", a despeito <strong>do</strong> fato de que nenhuma fideli<strong>da</strong>de é possível
sem o concurso <strong>da</strong> fé. Como <strong>do</strong>m de poder, significa aquela<br />
capaci<strong>da</strong>de especial que vem sobre o cristão diante de uma<br />
necessi<strong>da</strong>de.<br />
A fé, permanente em si mesma, opera no ser humano<br />
ocasional e momentaneamente. Porém, como fruto <strong>do</strong> Espírito, opera<br />
permanentemente na vi<strong>da</strong> <strong>do</strong> salvo. Em outras palavras, a fé produz<br />
no crente o fruto <strong>da</strong> fideli<strong>da</strong>de. A fideli<strong>da</strong>de é caracteriza<strong>da</strong> pela<br />
firmeza de propósito, por uma atitude e uma conduta justa, pela<br />
devoção de alguém ser "fiel até a morte" (Ap 2.10).<br />
A fideli<strong>da</strong>de assim demonstra<strong>da</strong> denota a certeza de que tu<strong>do</strong><br />
quanto Deus declarou ser sua intenção fazer terá pleno cumprimento.<br />
To<strong>da</strong>s as promessas de Deus ao homem são confirma<strong>da</strong>s com<br />
o selo <strong>da</strong> sua fideli<strong>da</strong>de. Isso dá ao cristão a ousadia e a confiança<br />
"para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo<br />
caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, e<br />
ten<strong>do</strong> um grande sacer<strong>do</strong>te sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com<br />
ver<strong>da</strong>deiro coração, em inteira certeza de fé... retenhamos firmes a<br />
confissão <strong>da</strong> nossa esperança; porque fiel é o que prometeu" (Hb<br />
10.19-23).<br />
Deus é imutável! Por conseguinte, entende-se que Ele nunca<br />
mu<strong>da</strong> em seus propósitos, atributos, conselhos e natureza. Deus é<br />
sempre o mesmo, em qualquer dimensão.<br />
A fideli<strong>da</strong>de visa também produzir esta mesma natureza, pois<br />
somente assim o crente irá "proceder fielmente em tu<strong>do</strong> que faz" (3<br />
Jo 5).<br />
8. Mansidão<br />
Jesus Cristo foi o exemplo <strong>da</strong> mansidão: "Aprendei de mim,<br />
que sou manso e humilde de coração" (Mt 11.29). Outras passagens<br />
<strong>da</strong>s Escrituras falam <strong>da</strong> "mansidão" de nosso Senhor, tanto no Antigo<br />
quanto no Novo Testamento (Sl 23.2; Is 40.11; Zc 9.9; Mt 11.29;<br />
21.5; 2 Co 10.1 etc).<br />
Três palavras hebraicas são usa<strong>da</strong>s nas Escrituras para
descrever o senti<strong>do</strong> de "manso", "mansidão": anaw -"estar inclina<strong>do</strong>"<br />
(Sl 22.26; 25.9; 37.11; 76.9; 147.6; Is 11.4; 29.19; Am 2.7; Sf 2.3);<br />
anavah - "gentileza", "humil<strong>da</strong>de", "mansidão" (Pv 15.33; 18.12;<br />
22.4; Sf 2.3); anvah - "mansidão", "suavi<strong>da</strong>de", "brandura" (Sl 18.35;<br />
45.4).<br />
A mansidão deve estar presente em ca<strong>da</strong> detalhe <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />
espiritual, nas obras e no viver. É preciso cultivar:<br />
• um espírito manso (1 Co 4.21; 1 Pe 3.4);<br />
• as obras de mansidão (Tg 3.13);<br />
• "a mansidão para com to<strong>do</strong>s os homens" (Tt 3.2).<br />
Muitas pessoas confundem este atributo com lentidão, timidez<br />
e até mesmo com covardia. Jesus era "manso e humilde de coração",<br />
mas é também descrito em outras passagens <strong>da</strong>s Escrituras como "um<br />
guerreiro vinga<strong>do</strong>r" (Sl 45.3,4; Is 63.1-6; Ap 19.11-21).<br />
No Novo Testamento, encontramos em diversas passagens a<br />
palavra grega praus ("manso") e seu substantivo, prautes (Mt 5.5;<br />
11.29; 21.5; 1 Co 4.21; 2 Co 10.1; Gl 5.22; 6.1; Ef 4.2; Cl 3.12; 2 Tm<br />
2.25; Tt 3.2; Tg 1.21; 3.13; 1 Pe 3.4,15). Significa que esta virtude é<br />
considera<strong>da</strong> uma grande quali<strong>da</strong>de espiritual, algo a ser deseja<strong>do</strong> e<br />
busca<strong>do</strong> pelos santos.<br />
9. Temperança<br />
No grego, esta palavra, egkrateis, significa: "autocontrole",<br />
"<strong>do</strong>mínio próprio", "ponto de equilíbrio entre um extremo e outro",<br />
"esta<strong>do</strong> ou quali<strong>da</strong>de de ser controla<strong>do</strong>" ou "moderação habitual".<br />
Define-se a "temperança" como a virtude que, tanto no agir<br />
como no julgar, evita extremos. Na vi<strong>da</strong> espiritual, por exemplo, ser<br />
extremamente metódico ou formal, não é bom; ser fanático, é<br />
perigoso; e estes extremos podem levar o cristão a considerar sua<br />
igreja ou sua religião apenas como um meio de refúgio.<br />
O fanatismo pode levar as pessoas a cometer excessos ou<br />
loucuras, com prejuízo para elas próprias e a outrem. A sobrie<strong>da</strong>de é<br />
muito importante, tanto na vi<strong>da</strong> social quanto na espiritual.
As Escrituras mostram-nos o ver<strong>da</strong>deiro caminho <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio<br />
próprio: "Vês aqui, hoje te tenho proposto a vi<strong>da</strong> e o bem, e a morte e<br />
o mal... Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te<br />
tenho proposto a vi<strong>da</strong> e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois,<br />
a vi<strong>da</strong>, para que vivas, tu e a tua semente" (Dt 30.15,19).<br />
O caminho <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> é realmente o que devemos trilhar,<br />
conforme Isaías 30.21: "Este é o caminho; an<strong>da</strong>i nele, sem vos<br />
desviardes nem para a direita nem para a esquer<strong>da</strong>".<br />
<strong>Pessoa</strong>s há que crescem desordenamente na vi<strong>da</strong> espiritual,<br />
tornan<strong>do</strong>-se um problema para a igreja e para a família. Outras<br />
procuram ordenar seus passos de acor<strong>do</strong> com a orientação bíblica de<br />
crescer na graça e no conhecimento (2 Pe 3.18).<br />
O sal em excesso pode matar.<br />
A luz demasia<strong>do</strong> forte pode cegar.<br />
O fogo fora de controle pode destruir.<br />
A temperança aparece como uma <strong>da</strong>s quatro virtudes cardeais<br />
<strong>da</strong> filosofia moral de Platão. As outras três são: sabe<strong>do</strong>ria, coragem e<br />
justiça.<br />
Outros filósofos gregos a<strong>do</strong>taram a idéia, e teólogos cristãos<br />
acrescentaram a tríade paulina fé-cari<strong>da</strong>de-esperança, perfazen<strong>do</strong><br />
assim as chama<strong>da</strong>s "sete virtudes cardeais" em que a mente humana<br />
estaria apoia<strong>da</strong>. ( 27 )<br />
Quan<strong>do</strong> o Espírito <strong>do</strong> Senhor implanta em nosso ser esta<br />
virtude espiritual, nossas ações e palavras passam a ser diretamente<br />
controla<strong>da</strong>s por Ele. Existem várias recomen<strong>da</strong>ções bíblicas, para que<br />
"andemos no Espírito" (Gl 5.16) e "vivamos no Espírito" (Gl 5.25).<br />
Se permitirmos ao Espírito encher nossa vi<strong>da</strong>, seremos também por<br />
Ele controla<strong>do</strong>.<br />
A sobrie<strong>da</strong>de é fun<strong>da</strong>mental para o controle de nossas palavras<br />
e ações. O cristão deve ser dócil e amável; entretanto, deve saber<br />
dizer "não" quan<strong>do</strong> for necessário (cf. Mt 5.37): "Domina-te a ti<br />
27 Idem.
mesmo; enquanto não tiveres consegui<strong>do</strong> isso, serás apenas um<br />
escravo, porque será quase a mesma coisa que estar sujeito ao apetite<br />
alheio, ou às tuas próprias paixões".<br />
O Novo Testamento recomen<strong>da</strong> que o cristão seja sóbrio:<br />
• "Mas nós, que somos <strong>do</strong> dia, sejamos sóbrios..." (1 Ts 5.8);<br />
• "Mas tu sê sóbrio em tu<strong>do</strong>..." (2 Tm 4.5);<br />
• "Ensinan<strong>do</strong>-nos que, renuncian<strong>do</strong> à impie<strong>da</strong>de e às<br />
concupiscências mun<strong>da</strong>nas, vivamos neste presente século sóbria,<br />
justa e piamente" (Tt 2.12);<br />
• "Portanto, cingin<strong>do</strong> os lombos <strong>do</strong> vosso entendimento, sede<br />
sóbrios..." (1 Pe 1.13);<br />
• "E já que está próximo o fim de to<strong>da</strong>s as coisas; portanto,<br />
sede sóbrios..." (1 Pe 4.7);<br />
• "Sede sóbrios..." (1 Pe 5.8).<br />
O grande comenta<strong>do</strong>r Matthew Henry diz sobre a "temperança",<br />
ou o equilíbrio mental chama<strong>do</strong> "sobrie<strong>da</strong>de": "Sede<br />
sóbrios, sede vigilantes contra to<strong>do</strong>s os perigos e inimigos espirituais<br />
e sede equilibra<strong>do</strong>s e modestos no comer, no beber, nas vestes, nas<br />
recreações, nos negócios e em to<strong>da</strong> a vossa conduta; sede <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s de<br />
mente sóbria até mesmo em vossas opiniões, e também humildes no<br />
julgamento sobre vós mesmos".<br />
II - Os Frutos <strong>do</strong> Espírito<br />
Assim como há o "fruto <strong>do</strong> Espírito", existem também os<br />
"frutos".<br />
As nove bem-aventuranças, ensina<strong>da</strong>s por Jesus em Mateus<br />
5.3-11, e os nove <strong>do</strong>ns espirituais, menciona<strong>do</strong>s em 1 Coríntios 12.8-<br />
10, podem ser considera<strong>do</strong>s "frutos <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>".<br />
Através desta operação divina na vi<strong>da</strong> <strong>do</strong> cristão, passamos a<br />
estar liga<strong>do</strong>s diretamente a Jesus; e assim começamos a <strong>da</strong>r "fruto",<br />
"mais fruto" e "muito fruto" (Jo 15.2,5). O primeiro fruto produzi<strong>do</strong><br />
pelo Espírito é o <strong>do</strong> arrependimento: "Produzi, pois, frutos dignos de
arrependimento" (Mt 3.8). Outros frutos são relaciona<strong>do</strong>s:<br />
• o fruto <strong>da</strong>s boas obras (Mt 7.16-20);<br />
• o fruto <strong>da</strong> comunhão (Mt 26.29);<br />
• o fruto <strong>da</strong> oração (1 Co 14.14);<br />
• o fruto <strong>da</strong> justiça (2 Co 9.10);<br />
• o fruto <strong>da</strong> luz (Ef 5.9);<br />
• o fruto pacífico (Hb 12.11);<br />
• o fruto <strong>do</strong>s lábios (Hb 13.15);<br />
• o fruto precioso (Tg 5.7);<br />
• o fruto <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> eterna (Ap 22.2).<br />
O clima diversifica<strong>do</strong> na terra produz grande varie<strong>da</strong>de de<br />
frutos. Assim também na esfera espiritual, onde o Espírito de Deus<br />
atua em diversas áreas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana.<br />
Alguns destes frutos são talvez produzi<strong>do</strong>s uma vez apenas<br />
pelo Espírito <strong>Santo</strong>: o <strong>do</strong> arrependimento, o <strong>da</strong> oração etc. Outros,<br />
pelo contrário, são produzi<strong>do</strong>s e renova<strong>do</strong>s ca<strong>da</strong> dia, como o <strong>da</strong><br />
santificação (Rm 6.22; Ap 22.11). Ain<strong>da</strong> são menciona<strong>do</strong>s outros que<br />
de contínuo estão sen<strong>do</strong> renova<strong>do</strong>s pelo Espírito de Deus:<br />
• o fruto <strong>da</strong> oração (1 Co 14.14);<br />
• o fruto <strong>do</strong> louvor (Hb 13.15);<br />
• o fruto <strong>da</strong> justiça (Ap 22.11).<br />
Encontramos nas Escrituras muitas palavras hebraicas e<br />
gregas para descrever "fruto" e "frutos", e sua natureza.<br />
Peri ("fruto") - palavra hebraica usa<strong>da</strong> cerca de 115 vezes (Gn<br />
1.11,12; 3.2; Êx 10.15; Lv 19.23-25; Nm 13.20; Dt 1.25; 2 Rs<br />
19.19,30; Ne 9.36; Sl 1.3; Pv 1.31; Ec 2.5; Ct 2.3; Is 3.10; Jr 2.7; Lm<br />
2.20; Ez 17.8,9; Os 9.16; Jl 2.22; Am 2.9; Mq 6.7; Zc 8.12; Ml 3.11).<br />
Eb ("fruto") - palavra hebraica e aramaica, quatro vezes<br />
(Ct6.ll; Dn 4.12,14,21).<br />
Yebul ("aumento") - palavra hebraica, três vezes (Dt 11.17; He<br />
3.17; Ag 1.10).<br />
Lechem ("pão", "fruto") - uma vez (Jr 11.19).<br />
Meleah ("plenitude", "fruto") - palavra hebraica, duas vezes
(Nm 18.27; Dt 22.9).<br />
Nib ("declaração") - palavra usa<strong>da</strong> no senti<strong>do</strong> metafórico de<br />
"fruto <strong>do</strong>s lábios", uma vez (Ml 1.12).<br />
Tebuah ("ren<strong>da</strong>", "fruto") - palavra hebraica, 42 vezes (Êx<br />
23.10; 25.3,15,16,21,22; Dt 22.9; 33.14; Js 5.12; 2 Rs 8.6; Pv 10.16).<br />
Tenubah ("aumento", "fruto") - palavra hebraica, três vezes<br />
(Jz 9.11; Is 27.6; Lm 4.9).<br />
Karpós ("fruto") - palavra grega, 64 vezes (Mt 3.8,10; 7.16-<br />
20; 12.33; 13.8,26; 21.19,34,41,43; Mc 4.7,8,29; 11.14; 12.2; Lc<br />
1.42; 3.8,9; 6.43,44; 8.8; 12.17; 13.6,7,9; 20.10; Jo 4.36; 12.24;<br />
15.2,4,5,8,16; At 2.30; Rm 1.13; 6.21,22; 15.28; 1 Co 9.7; Gl 5.22;<br />
Ef 5.9; Fp 1.11,22; 4.17; 2 Tm 2.6; Hb 12.11; 13.15; Tg 3.17,18;<br />
5.7,18; Ap 22.2).<br />
Génnema ("produção", "fruto") - palavra grega, quatro vezes<br />
(Mt 3.7; 12.34; 23.33; Lc 3.7).<br />
Qayits ("fruto de verão", "primícias") - vinte vezes (Gn 8.22; 2<br />
Sm 16.1,2; Sl 32.4; Pv 6.8; Is 16.9; Jr 8.20; 48.32; Am 3.15; 8.1,2;<br />
Mq 7.1; Zc 14.8).<br />
Dagan ("trigo", e outros produtos agrícolas) - 39 vezes (Gn<br />
27.28,37; Nm 18.27; Dt 7.13; 11.14; 2 Rs 18.32; 2 Cr 31.5; Ne<br />
5.2,3,10,11; Sl 4.7; Is 36.17; Lm 2.12; Ez 36.29; Os 2.8,9,22; Jl<br />
1.10,17; 2.19; Ag 1.11; Zc 9.17).<br />
Tirosh ("fruto <strong>da</strong> vinha") - 38 vezes (Gn 27.28,37; Nm 18.12;<br />
Dt 7.13; 11.14; 12.17; Jz 9.13; 2 Rs 18.32; 2 Cr 31.5; Ne 5.11;<br />
10.37,39; Sl 4.7; Pv 3.10; Is 24.7; 36.17; Jr 31.12; Os 2.8,9,22; 4.11;<br />
Jl 1.10; Mq 6.15; Ag 1.11; Zc 9.17).<br />
Yitshar ("azeite") - palavra hebraica que indicava "frutos<br />
produzi<strong>do</strong>s em pomar" e que também significa "brilhante",<br />
"resplandente", 22 vezes (Nm 18.12; Dt 7.13; 11.14; 12.17; 14.23;<br />
18.4; 28.51; 2 Rs 18.32; 2 Rs 31.5; 32.28; Ne 5.11; 10.37,39;<br />
13.5,12; Jr 31.12; Os 2.8,22; Jl 1.10; 2.19,24; Ag 1.11).<br />
Algumas dessas palavras, descrevem frutos de natureza<br />
terrena; outras, os frutos de natureza espiritual.
A vontade <strong>do</strong> divino Mestre, nosso Senhor Jesus Cristo, é que<br />
ca<strong>da</strong> crente seja como árvore frutífera, produzin<strong>do</strong> "o seu fruto na<br />
estação própria" (Sl 1.3). Ele disse: "Eu vos escolhi a vós, e vos<br />
nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça" (Jo<br />
15.16). Só poderemos ter uma vi<strong>da</strong> abun<strong>da</strong>nte se descobrirmos o<br />
valor de "Cristo em nós" e a atuação de seu <strong>Santo</strong> Espírito em nosso<br />
viver.<br />
Sua natureza divina será evidentemente implanta<strong>da</strong> em nossos<br />
corações "pelo Espírito <strong>Santo</strong> que nos foi <strong>da</strong><strong>do</strong>" (Rm 5.5). Então<br />
passaremos a compreender o valor imensurável <strong>da</strong> "graça <strong>do</strong> Senhor<br />
Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão <strong>do</strong> Espírito <strong>Santo</strong>" em<br />
nosso ser.<br />
"O Espírito aju<strong>da</strong> as nossas fraquezas... o mesmo Espírito<br />
intercede por nós com gemi<strong>do</strong>s inexprimíveis" (Rm 8.26): através <strong>da</strong><br />
operação miraculosa <strong>do</strong> Espírito, o problema <strong>da</strong> fraqueza humana é<br />
soluciona<strong>do</strong>. Ele não somente aju<strong>da</strong>, mas ain<strong>da</strong> intercede. Ele é,<br />
portanto, "o penhor <strong>da</strong> nossa herança, para redenção <strong>da</strong> possessão de<br />
Deus, para louvor <strong>da</strong> sua glória" (Ef 1.14).<br />
Amém!