GAZETA DIARIO 700
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14 Nacional<br />
Foz do Iguaçu, sábado e domingo, 6 e 7 de outubro de 2018<br />
POLÍTICA<br />
30 anos da Constituição: mudar texto<br />
exige quórum elevado e negociação<br />
Desde a promulgação, texto não sofreu alterações somente neste ano<br />
Heloisa Cristaldo<br />
Agência Brasil<br />
A Constituição de 1988<br />
completou 30 anos nesta<br />
sexta-feira (5). Além de rejeitarem<br />
as revisões programadas,<br />
os constituintes também<br />
criaram mecanismos<br />
para dificultar a aprovação<br />
de mudanças no texto constitucional.<br />
Para alterar qualquer<br />
dispositivo da Carta<br />
Magna, é necessário um<br />
quórum elevado: três quintos<br />
dos parlamentares em<br />
cada uma das Casas Legislativas,<br />
com intervalo nas votações,<br />
entre os dois turnos.<br />
Na prática, a alteração<br />
na Constituição depende<br />
de 308 votos favoráveis na<br />
Câmara dos Deputados e 49<br />
no Senado. Na Assembleia<br />
Constituinte, para aprovação<br />
de dispositivos era necessária<br />
a aprovação de metade<br />
mais um dos constituintes.<br />
A última mudança feita<br />
na Constituição é de dezembro<br />
do ano passado e estabeleceu<br />
novo regime de pagamento<br />
de precatórios aos<br />
estados, o Distrito Federal<br />
e os municípios.<br />
Desde que foi promulgada<br />
em 1988, este é o primeiro<br />
ano em que não ocorrem<br />
modificações no texto<br />
constitucional em virtude<br />
da intervenção federal na<br />
segurança pública no Rio de<br />
Janeiro. A Carta Magna estabelece<br />
que seu texto não<br />
pode sofrer emendas durante<br />
a vigência de intervenção<br />
federal, de Estado de Defesa<br />
ou de Estado de sítio.<br />
Até agosto, a intervenção<br />
suspendeu a tramitação<br />
de 536 Propostas de<br />
Emendas Constitucionais<br />
(PECs) no Senado. Dessas<br />
propostas, 82 estavam<br />
prontas para votação. Já na<br />
Câmara, são 1.191 propostas<br />
que aguardam análise.<br />
Algumas tratam do mesmo<br />
assunto e tramitam em<br />
conjunto, o que totaliza<br />
625 possíveis análises de<br />
mudanças constitucionais.<br />
Reforma da<br />
Previdência<br />
Entre as principais<br />
propostas de alteração que<br />
aguardam o fim da intervenção<br />
federal para serem<br />
apreciadas pelo Congresso<br />
Nacional, está a reforma<br />
da Previdência. O texto<br />
polêmico que define<br />
novas regras para aposentadoria<br />
e pensão no país<br />
está pronto para ser apreciado<br />
na Câmara dos Deputados,<br />
mas ainda não há<br />
consenso entre os parlamentares<br />
que viabilize a<br />
sua aprovação.<br />
Nesta semana, o presidente<br />
Michel Temer admitiu<br />
que pode suspender,<br />
provisoriamente ou definitivamente<br />
a intervenção<br />
para votar a reforma da Previdência<br />
ainda este ano. A<br />
expectativa é que a decisão<br />
sobre o fim da intervenção<br />
seja definida após as eleições.<br />
Pelo texto do decreto da<br />
intervenção federal na segurança<br />
no Rio de Janeiro, o<br />
prazo de conclusão da operação<br />
é 31 de dezembro.<br />
Nova Assembleia Constituinte<br />
Ao completar 30 anos de sua promulgação, a possibilidade<br />
de uma nova Constituinte tem sido levantada por<br />
candidatos à Presidência da República. O programa de<br />
governo do Partido dos Trabalhadores (PT) propõe a<br />
convocação de uma nova Assembleia Constituinte para<br />
viabilizar "do desafio de refundar e aprofundar a<br />
democracia no Brasil".<br />
Em uma palestra a empresários de Curitiba, o general<br />
Hamilton Mourão, candidato a vice-presidente pela chapa<br />
de Jair Bolsonaro (PSL), defendeu que seja feita uma nova<br />
Constituição elaborada por uma comissão de notáveis,<br />
mais enxuta e focada em "princípios e valores imutáveis".<br />
No entanto, O professor emérito de Ciência Política da<br />
Universidade de Brasília, David Fleischer, descartou a<br />
possibilidade da convocação de outra Assembleia<br />
Constituinte. Para o cientista político, as revisões<br />
constitucionais podem ser aplicadas para aparar "arestas"<br />
na Carta Magna.<br />
"O Congresso até já fez essa revisão [constitucional], e<br />
nessa ocasião, por exemplo, ele reduziu o mandato<br />
presidencial de cinco para quatro anos. Então, isso foi um<br />
pacote de mudanças que se executou em 1994. Eleger uma<br />
nova Constituinte acho muito difícil de ocorrer", analisou.