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Zaire #02

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2 - Qual foi o(a) grande artista que você descobriu e quem você ainda não<br />

descobriu?<br />

Não sei se poderia falar em um único grande artista, poderia, talvez, fazer uma<br />

grande lista de artistas ou de trabalhos que admiro. Mas recortando, acredito que<br />

com relação a Bicho em trânsito posso falar de dois artistas que de alguma<br />

maneira foram referências nesse processo. Os descobri de maneiras distintas. A<br />

artista americana Carolle Schneemann, a qual em meio a uma pesquisa<br />

acadêmica ha dois anos, li um artigo sobre a relação dos trabalhos dela com sua<br />

gata, que era pertinente a minha produção já naquele momento, e depois me<br />

percebi procurando todo material possível sobre sua obra na internet.<br />

O outro artista, que trabalha com a relação animal, de maneira muito bonita, e que<br />

me chama atenção desde o começo da minha produção é o manauara Rodrigo<br />

Braga. O meu primeiro contato com o trabalho dele foi em uma exposição de<br />

acervo, aqui em Curitiba, no Museu de Arte Contemporânea do Paraná, e hoje<br />

posso ver reflexos da produção dele no meu próprio trabalho.<br />

Quanto ao grande artista que ainda não descobri, acho que poderia ter uma lista<br />

ainda maior, no sentindo de que a cada dia a gente vai descobrindo algo ou<br />

alguém novo. Mas respondo com a pergunta retórica “Por que não houve grandes<br />

mulheres artistas?” da Linda Nochlin, isso porque em paralelo ou ainda em<br />

convergência (depende do dia) à minha produção venho estudando arte feminista.<br />

Mesmo sendo óbvio que hoje temos muitos nomes de artistas mulheres como<br />

referências, e sendo o artigo de Nochlin de 1971, acho importante manter essa<br />

pergunta sempre ativa, de uma maneira pessoal, tenho esse foco de conhecer<br />

sempre novas artistas mulheres.<br />

3 - Qual obra de arte você alteraria sem cerimônia?<br />

Tem um registro de uma carta da Louise Bourgeois, para um colecionador ou algo<br />

assim, em que ela está explicando as várias formas que uma determinada<br />

escultura pode ser exposta. Ela finaliza da seguinte maneira “Caso, no decorrer<br />

do processo, se verificasse algum dano ou quebra, a artista poderia ser chamada<br />

para reparos, sob a condição de um pagamento razoável, tendo ela o maior<br />

prazer em dar manutenção a obras já realizadas. Porém, naturalmente, ela<br />

deveria ser posta sob suspeita e meticulosamente vigiada durante o reparo, uma<br />

vez que nenhum artista vê a sua obra hoje do modo como a via ontem e o seu<br />

impulso será “aperfeiçoar” a peça em questão, e às vezes o aperfeiçoamento<br />

poderá chegar ao ponto de destruição.”<br />

Ou seja, o que quero dizer é que acredito que quase todo artista tem esse<br />

sentimento, esse olhar daquilo que já foi. Eu não costumo gostar de alterar meus<br />

trabalhos depois de terminados, não porque os acho bem acabados ou em sua<br />

melhor forma, no momento de finalização sim, mas com o tempo a única coisa<br />

que me interessa é andar para frente, acredito que essa insatisfação com o<br />

trabalho que já foi é parte do processo de criação continua, e como alerta<br />

Bourgeois, prefiro não correr o risco de destruições.

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