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TALES COSTA<br />
Como? Onde? Quando? Por quê?<br />
Como uma inquietação, uma coceira, uma vontade de ver o que acontece se<br />
fizermos de maneira diferente, uma vontade de pegar alguma coisa e<br />
experimentar com ela, de reescrever uma história de outra maneira, de imaginar o<br />
oposto do que está lá. É também uma vontade de buscar algo que não se sabe<br />
bem o que é, mas que se sabe não ser o que está aí. É pedir o prato que não está<br />
no cardápio. É passar fome se não for esse prato. Tem sido assim desde criança,<br />
desde que recontava as histórias que ouvia inventando novos fins que mais me<br />
agradavam, ou que reescrevia o que lia me imaginando no lugar das personagens.<br />
Desde que sentava para desenhar um castelo e o fazia invertido, começava uma<br />
redação pelo fim, misturavas cores que não "deveriam" ser misturadas, misturava<br />
disciplinas que não "deveriam" ser misturadas, misturava sentimentos que não<br />
"deveriam" ser misturados. É sempre algo no limite, nas áreas justamente que não<br />
"deveriam" se comunicar, nas barreiras que mantém o contorno da forma, da idéia,<br />
do comum, do bom senso. Às vezes me perco ali, e às vezes preciso de ajuda<br />
para voltar. Outras vezes me repreendo e sou repreendido, mas às vezes volto<br />
com algo bacana. E isso me anima e me deixa feliz, mas mesmo que voltasse com<br />
nada, é ali que me sinto em casa, que me sinto livre, que me sinto eu mesmo. Por<br />
isso continuo indo.<br />
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