30.10.2018 Views

Go Anywhere magazine #2

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

EDITORIAL<br />

Caro leitor,<br />

Continuamos aqui com nossa empreitada de produzir uma revista de qualidade, especializada<br />

em Land Rover no Brasil, o que é muito gratificante, mas não exatamente fácil, num cenário<br />

complexo como o atual.<br />

Bem, nessa edição, temos uma singela homenagem ao Dr. Oscar Hildebrand, advogado de<br />

profissão e landeiro de coração, que nos deixou recentemente.<br />

Passamos pelos eventos e atividades de Brasil, América do Sul e Reino Unido com o Washington<br />

Pires, que foi à Red Wharf Bay em Anglesey, onde Maurice Wilks fez na areia da praia o primeiro<br />

esboço do protótipo do primeiro Land Rover. Fizemos também uma bela viagem por uma região<br />

ainda pouco explorada, as Cuestas de Botucatu, com o Land Rover New Discovery, que pudemos<br />

testar na pista da Primavera da Serra, a nossa “bancada de testes”.<br />

Milton Tesserolli Filho, do Land Rover Classic Driver’s Brazil nos contou como foi sua travessia do<br />

Sahara com seu Series III 1974, em 1988.<br />

Aproveitamos para agradecer ao fotógrafo Claudio Larangeira, que tem sido um grande parceiro<br />

e que nos ajudou digitalizando os cromos da matéria do Sahara.<br />

Visitamos também o “Bunker” do Land Rover Owner, Ernie Bond, que de forma muito divertida,<br />

nos contou como foi sua entrada no mundo Land Rover.<br />

Quem chegou para reforçar nosso time, foi o Nelson de Almeida Filho, que começa a nos contar<br />

as estórias já vivenciadas com a marca no Brasil.<br />

O diário de bordo de Sérgio e Eleni, do Projeto Mundo Cão, continua. Nessa edição fazem uma<br />

reflexão sobre o que é mais importante numa viagem de longa duração.<br />

Finalmente, temos a viagem de Evandro Rocha e Fernanda Luna até uma Bariloche com recorde<br />

de temperaturas negativas.<br />

Esperamos que a <strong>Go</strong> <strong>Anywhere</strong> <strong>magazine</strong> seja cada vez mais uma fonte de informação e<br />

inspiração para todos vocês.<br />

Boa leitura, um aceno cordial e piscadas de farol,<br />

Eduardo R C Rocha, Reinaldo Junqueira e Patricia Miller<br />

Editores<br />

go anywhere | 1


EXPEDIENTE<br />

Ano 01 - Edição #02<br />

Imagem da capa: Bariloche - Argentina<br />

Editorial: Eduardo R. da Cunha Rocha, Reinaldo Junqueira e Patricia Miller<br />

Colaboradores: Augusto Carvalho, Douglas de Oliveira, Eleni Alvejan, Evandro Miranda,<br />

Evandro Rocha, Fernanda Luna, Gustavo Antonaz Medina, Lucas Hildebrand, Luiz Fraga,<br />

Marcos Prado, Milton Tesserolli Filho, Murilo <strong>Go</strong>ulart, Nelson de Almeida Filho<br />

Patrick Ganassin, Ricardo (Bigo) Berg, Ricardo Pocholo, Sérgio Medeiros, Washington Pires<br />

e Vinícius Maestrelli<br />

Projeto gráfico e direção de arte: Eduardo R. da Cunha Rocha<br />

Revisão: Patricia Miller<br />

Publicidade: Eduardo Rocha - eduardo@goanywhere.com.br<br />

Produção: Custom Press<br />

Tiragem desta edição: 1000 exemplares<br />

Impressão:nywgraf<br />

Distribuição: Custom Press<br />

Assinaturas: https://goanywhere.minestore.com.br/categorias/assinaturas<br />

Onde comprar: Somente através do site www.goanywhere.com.br<br />

Quer apresentar seu produto ou serviço: eduardo@goanywhere.com.br<br />

Quer contar sua história com seu Land Rover: reinaldo@goanywhere.com.br<br />

Quer tirar dúvidas, elogiar ou reclamar: patricia@goanywhere.com.br<br />

Quer mais informações sobre a revista: www.goanywhere.com.br<br />

Proibida a reprodução, total ou parcial, de textos e fotografias sem autorização da Custom Press.<br />

As matérias assinadas não expressam, necessariamente, a opinião da revista.<br />

@goanywhere<strong>magazine</strong>/<br />

A <strong>Go</strong> <strong>Anywhere</strong> <strong>magazine</strong> é uma publicação quadrimestral da Custom Press Comunicação<br />

Av. Amarilis, 95<br />

Cidade Jardim<br />

São Paulo - SP<br />

CEP 05673- 030<br />

2 | go anywhere


SSINE<br />

JÁ!<br />

A primeira revista especializada em Land Rover da América Latina<br />

Equipe de colunistas com os maiores especialistas da marca no Brasil<br />

https://goanywhere.minestore.com.br/categorias/assinaturas<br />

HISTÓRIA<br />

TÉCNICA<br />

LANÇAMENTOS<br />

NOVIDADES<br />

NOTÍCIAS<br />

VIAGENS<br />

CLÁSSICOS<br />

E MUITO MAIS!<br />

3 edições<br />

ao ano (por enquanto!)<br />

*Assinantes da revista impressa terão<br />

desconto na digital<br />

@goanywhere<strong>magazine</strong>/


NESSA EDIÇÃO<br />

#02<br />

AGO<br />

2018


Editorial<br />

Homenagem a Oscar Hildebrand<br />

Mundo Land Rover - Brasil<br />

Mundo Land Rover - Sudamerica<br />

Programação Garopaba<br />

Mundo Land Rover - UK<br />

Land Shopping<br />

Cuestas de Botucatu<br />

Land Rover New Discovery<br />

Expedição Trans-Sahara<br />

Ernie Bond<br />

Técnica - Defender por Vinícius Maestrelli e Ricardo Pocholo<br />

Técnica - Discovery I e II por Evandro Miranda<br />

O assunto é Series por Ricardo (Bigo) Berg<br />

Técnica Land Rovers a partir de 2005 por Luiz Fraga<br />

Motores Rover V8 por Patrick Ganassin<br />

Tecnologia e técnica de condução por Augusto Carvalho<br />

O assunto é Camel Trophy por Murilo <strong>Go</strong>ulart<br />

História por Nelson de Almeida<br />

Diário de bordo: Projeto Mundo Cão<br />

Viagem do leitor: 25 abaixo de zero na Argentina<br />

Clubes de proprietários de Land Rover do Brasil<br />

1<br />

6<br />

8<br />

10<br />

13<br />

14<br />

21<br />

22<br />

36<br />

38<br />

44<br />

50<br />

52<br />

53<br />

54<br />

58<br />

60<br />

62<br />

64<br />

68<br />

76<br />

88


MUNDO LAND ROVER - UMA HOMENAGEM A OSCAR HILDEBRAND<br />

Por Lucas Hildebrand<br />

Oscar J. Hildebrand, advogado, natural de Brusque, ainda na infância<br />

mudou-se para Joinville com a família. Marido, pai de dois filhos, avô<br />

de três netos, dividiu sua intensa vida entre a profissão, a advocacia,<br />

e a família. Formou-se como Oficial da Reserva do Exército Brasileiro,<br />

teve atuação política e também na Ordem dos Advogados do Brasil.<br />

Desde criança foi um apaixonado pela natureza. Seu pai era topógrafo<br />

agrimensor e a família possuía jipe. Não demorou para que Oscar<br />

também adquirisse o seu fora de estrada, um Willys 1954. Nos idos<br />

dos anos 2000, após encomendar um conversível esportivo para sua<br />

mulher, Maria Inês, Oscar foi fortuitamente seduzido pelo Land Rover<br />

Defender 90. Cancelou a encomenda do conversível e iniciou sua<br />

história 4x4 com o Defender, na companhia de Maria Inês. Explorou<br />

desde o lago Titicaca, passando pelo charco paraguaio, os desertos<br />

argentinos e chilenos, os Andes e a vastidão patagônica. A Estrada da<br />

Morte, na Bolívia, foi atravessada mais de uma vez, e ainda na calada<br />

da noite. No Brasil banhou seu Defender nos rios cristalinos do Jalapão<br />

e da Chapada Diamantina, e de lá o Defender rodou até aos extremos<br />

meridionais dos banhados do Taim e da Lagoa dos Patos, não sem antes<br />

trilhar as corredeiras dos rios do Parque Nacional dos Aparados da<br />

Serra, areais do litoral catarinense, encostas das Serras do Mar e Geral,<br />

enfim, qualquer recanto inacessível que sua Land tornasse acessível.<br />

Com o mesmo Defender 90 auxiliava, com os amigos do Clube do<br />

Jipeiro de Joinville, a Defesa Civil no apoio e resgate de moradores em<br />

áreas alagadas ou isoladas. Em 2008 participou ativamente, sempre<br />

na fiel companhia do seu Land Rover, dos salvamentos das vítimas das<br />

terríveis chuvas que naquele ano assolaram Joinville e o Vale do Itajaí.<br />

Em julho passado Oscar reanimou uma idéia há muito acalentada:<br />

participar do RALLY DOS SERTÕES. A própria organização da equipe e<br />

o preenchimento dos requisitos de inscrição eram por si só um desafio<br />

grande para se cumprir em tão curto tempo. Como tudo que fez na<br />

vida, dedicou-se apaixonadamente ao recrutamento e às diversas<br />

providências preparatórias, resultando na fundação da equipe SEM<br />

DESTINO, inscrita na categoria Rally Regularidade. Mas quis o destino<br />

que seu caminho fosse outro que não o das estradas e trilhas terrenas.<br />

Levou com ele um pedacinho de todos que cativou, de todos que<br />

auxiliou. Os céus ganharam um Jipeiro nato, um Landeiro convicto.<br />

Oscar está agora na expedição definitiva, explorando o infinito tão ávido<br />

como abraçou a vida.<br />

6 | go anywhere


Landeiro solidário<br />

viaja nessa causa!<br />

A Associação Sócio Artístico Cultural e Ambiental do Conde – SIRIBEIRA, Organização<br />

da Sociedade Civil, fundada em 11 de setembro de 2004, na cidade de Conde, Bahia,<br />

Brasil, não possui fins lucrativos e atua nas áreas Social, Cultural, Educacional, Ambiental<br />

e Desportiva.<br />

A Siribeira tem como objetivo promover o bem estar das comunidades atendidas, sem<br />

preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de discriminação,<br />

através do incentivo e apoio à pesquisa nos campos técnico- científico, profissional,<br />

desportivo, educacional, cultural, ambiental e social<br />

como apoiar?<br />

Atualmente a Siribeira atende cerca de 250 crianças, adolescentes e jovens de 10 comunidades<br />

do município do Conde, Bahia.<br />

Você também pode contribuir tornando-se um Padrinho ou uma Madrinha Siribeira<br />

fazendo doações mensais, trimestrais, semestrais ou anuais, ajudando na manutenção<br />

e desenvolvimento dos Projetos da Siribeira.<br />

A sua contribuição é de fundamental importância para a nossa continuidade!!!<br />

apoiadores:<br />

contatos<br />

(71) 99918-2413; (71) 99605-2185.<br />

www.siribeira.org.br<br />

@associacao_siribeira<br />

Associação Siribeira


MUNDO LAND ROVER<br />

CHURRASCADA<br />

Churrascada é o maior evento gastronômico para amantes do churrasco no Brasil. A ideia é levar<br />

o clima ancestral, do churrasco feito com fogo, sem nenhuma outra fonte de calor. Espetos no<br />

chão, grelha, tambores, rotisserie, pit (usado no Texas para defumar carne) e parilla são alguns<br />

dos equipamentos a serem utilizados e distribuídos pelas estações, que recebem toneladas de<br />

carnes com acompanhamentos.<br />

Com quase 10 horas de duração, é imperdível. A programação musical é presente para garantir<br />

o clima do evento dedicado aos amantes das carnes, que aproveitam tudo com muita cerveja,<br />

água e refrigerante à vontade. Cerca de 15 mil pessoas estiveram nas sete edições do evento e<br />

mais de cinco milhões de pessoas foram impactadas pelo selo, que costuma reunir cerca de 25<br />

Chefs nacionais e internacionais em cada edição oferecendo os mais diferentes tipos de cortes e<br />

especialidades, além de open bar de cerveja, água e refrigerante.<br />

Churrascada esteve em Ribeirão Preto, com apoio da Jaguar Land Rover.<br />

AGRISHOW<br />

A Jaguar Land Rover esteve mais uma vez no Agrishow em Ribeirão<br />

Preto. Hoje, cerca de 46% das vendas da marca Land Rover é proveniente<br />

de praças onde o agronegócio é uma atividade econômica importante.<br />

Atendendo a uma demanda de clientes e interessados, promoveram<br />

uma experiência real com os veículos em uma pista offroad.<br />

Os testes foram conduzidos pela equipe do Luis Carqueijo da Trailway,<br />

responsável pelo desenvolvimento da pista, com utilização de ele-<br />

mentos mecânicos, como o Twin Terrapod e Disco de Torção, além do<br />

Discovery Challenge, obstáculo para mostrar toda a capacidade do New<br />

Discovery.<br />

Entre os carros que estiveram à disposição do público para testes na<br />

pista de 1,8 mil m 2 e oito obstáculos estavam o Discovery Sport, New<br />

Discovery, Range Rover Sport, Range Rover Velar e Range Rover Evoque.<br />

8 | go anywhere


Lançamento da cerveja Lurdes da cervejaria Mental Moon<br />

movimentou o Rusty Barn<br />

Lançamento da Lurdes, da Cervejaria Mental Moon, reuniu mais de 100<br />

Landeiros, com direito a show de rock da melhor qualidade, hamburgers<br />

by Bob Iser e comidinhas de buteco do Rusty Barn.<br />

A Lurdes, uma cerveja Pilsner “state of the art”, dos amigos Nuno Queiroz<br />

Alves, Pisco del Gaiso e Rodrigo Salerno, foi apresentada ao público.<br />

Aprovadíssima!<br />

Muita gente , inclusive as “Land Girls”, que vieram em peso, prestigiar,<br />

aprovaram a Lurdes. E Lurdes é realmente TOP!<br />

go anywhere | 9


MUNDO LAND ROVER - SUDAMERICA (EN CASTELLANO)<br />

EXPEDICIÓN SUDAMERICA<br />

LAND ROVER DE LAS AMERICAS al 10mo. Encuentro ALR Garopaba 2018<br />

Por Gustavo Antonaz<br />

Fotos Adam Sebastián Gutierrez<br />

En Diciembre del 2017, y con la experiencia de haber asistido al<br />

encuentro de ALR – Barretos 2017, a varios landroveros colombianos,<br />

la mayoría integrantes del grupo Land Rover de las Américas, se les<br />

ocurrió lo que en principio parecía una gran locura, asistir al 10mo.<br />

Encuentro Amigos Land Rover, Garopaba 2018.<br />

Muchos kilómetros, muchos días, mucho dinero, realmente una locura,<br />

pero las ganas que cada uno tenía, de los que en un principio aceptaron<br />

el reto, hacía que esa gran locura pudiera transformarse en un sueño a<br />

cumplir y no, en una utopía.<br />

Evidentemente no era una tarea sencilla, el viaje implica recorrer los<br />

casi 7600 km que separan Bogotá de Garopaba SC, un recorrido muy<br />

extenso, por lo que la planificación se transformaba en la principal tarea<br />

a realizar de ahí en más.<br />

Y así fue que ocurrió, se comenzaron a desarrollar reuniones de<br />

planificación entre todos los soñadores, con el objetivo de ir bajando<br />

a tierra el sueño que se habían imaginado. Planificación día a día del<br />

recorrido a seguir, los gastos a realizar, la documentación necesaria, y<br />

todo lo relacionado a ese gran viaje que estaban planificando fueron los<br />

temas principales.<br />

Finalmente el domingo 8 de Julio, en Duitama, Bocayá, Colombia, se<br />

presentó el itinerario definitivo, correspondiente a los 27 días de viaje<br />

de ida, entre Bogotá y Garopaba.<br />

Fueron varias las reuniones realizadas, muchos lo que se entusiasmaron,<br />

los que deseaban escuchar las condiciones y ver si era algo viable de<br />

realizar, ideas de los posibles caminos, ciudades y lugares a visitar.<br />

Fueron reuniones de muchas ideas vertidas, donde todo lo aportado<br />

se tenía en cuenta, para de a poco y con la aprobación de todos, ir<br />

concretando y definiendo cada uno de los temas.<br />

Demás estaría explicar la alegría, emoción, orgullo que cada uno de los<br />

participantes de esta locura/viaje están y estarán sintiendo al realizar<br />

el mismo, recorriendo casi toda Sudamérica, principalmente para<br />

fortalecer aún más el lazo que une a todos los landroveros, y como<br />

objetivo final el encuentro de Garopaba.<br />

10 | go anywhere


Itinerario<br />

Y qué mejor que algunos de los participantes, se presente y exprese con<br />

sus propias palabras lo que significa esta travesía. He aquí los relatos de<br />

Bárbara, Juan Diego, Alejandro, Yessica y Adam.<br />

Bárbara: “Con mis dos años soy la más pequeña de la expedición,<br />

viajo con mis papás Marcela y Carlo quienes me involucraron en esta<br />

maravillosa pasión desde que estaba en la barriga de mi mamá. A los<br />

dos meses de edad iniciamos nuestros recorridos por diferentes zonas<br />

de Colombia. Llegó la hora que la aventura sea más larga!!!!!”<br />

Juan Diego Franco: “Soy apasionado por rodar en mi Land Rover Santana<br />

serie 2a 1965 desde hace 14 años. Siempre he disfrutado viajar por<br />

Colombia en mi máquina y ahora quiero enfrentarme al reto de asistir a<br />

este magno evento del décimo encuentro land rover en Santa Catarina<br />

en Brasil y recorrer Suramérica disfrutando cada kilómetro como<br />

siempre lo hago a bordo de mi 4x4. Así que nos vemos en Garopaba!!!”<br />

Alejandro Calderón: “Soy un apasionado por los viajes, particularmente<br />

tengo dos objetivos por cumplir en mi vida, el primero es recorrer<br />

nuestros hermosos paisajes suramericanos por tierra, teniendo la<br />

posibilidad de conocer cada uno de los tramos que componen nuestra<br />

geografía, en el 2018 la oportunidad se materializará a bordo de un Land<br />

Rover y con la mejor tripulación que se puede esperar la familia y los<br />

amigos, estaremos prestos para llevar nuestras maquinas a lugares con<br />

los que hoy solo soñamos, esperamos pisar suelos de Garopaba (Santa<br />

Catarina), el próximo 15 de noviembre y ser partícipes del décimo<br />

encuentro Land Rover Brasil 2018!!!”<br />

Yessica Ballesteros: “Estoy convencida de la gran experiencia que será<br />

recorrer Suramérica, compartir esta aventura con familia y amigos<br />

marcará un antes y un después en mi memoria y un Land Rover será<br />

el protagonista de esta historia. Anhelo el momento de llegar a nuestro<br />

destino y ver como un sueño se hace realidad!!!”<br />

Adam Sebastián Gutiérrez: “Soy ingeniero mecánico y físico. El proyecto<br />

más importante en el que he participado es ‘Land Rover de las Américas’,<br />

un grupo creado en febrero del 2017, que cuenta con 246 conexiones en<br />

25 países, todos al servicio de los landroveros del mundo. Land Rover y<br />

las carreteras han sido mi mayor anhelo. Pero esta vez, voy por algo más<br />

grande: reunirme con los amigos Land Rover del grupo Land Rover de<br />

las Américas en los nueve países que cruzaremos durante la Expedición<br />

go anywhere | 11


MUNDO LAND ROVER - SUDAMERICA<br />

Sudamérica 2018. A esta se suman participantes de otros países que<br />

viajarán con nosotros rumbo al X Encuentro Land Rover en Garopaba,<br />

Santa Catarina, Brasil. A lo largo de mi vida me he preparado para este<br />

momento, he participado en 10 de los 12 encuentros nacionales de la<br />

Legión Land Rover en Colombia y en el Noveno Encuentro de los amigos<br />

Land Rover en Barretos, Brasil. Viajo con mi padre, Rafael Antonio<br />

Gutiérrez, de quien heredé esta pasión.<br />

La expedición Sudamérica partirá por fin el próximo 20 de Octubre, con<br />

una caravana de land rovers repleta de sueños a cumplir. Los vamos a<br />

poder seguir en las redes sociales durante todo el viaje.<br />

Les presentamos a todos los soñadores:<br />

COLOMBIA<br />

Defender 110 Tdi 300 1996 (Adam Sebastián<br />

Gutiérrez Martínez, Rafael Gutiérrez<br />

Gutiérrez, Alejandro Calderón Martínez,<br />

Jessica Ballesteros Caballero)<br />

Serie IIA Santana 88” 1965 (Carlos <strong>Go</strong>rdillo ,<br />

Juan Diego Franco, Juanita Colmenares<br />

Andrade )<br />

Serie III Santana 109” 1989 (Luis Alberto<br />

Rubio Gómez, Anela Vargas Leal)<br />

Serie III Santana 1970 (Juan Carlos Fajardo<br />

Ríos, Addaida Camargo Zambrano)<br />

Defender 110 Tdi 300 1998 (Bárbara Sánchez<br />

Gómez, Marcela Gómez Regido, Carlo<br />

Sánchez Ocampo)<br />

Defender 90 Tdi 300 1998 (Alejandro Ospina,<br />

Rodrigo Ospina, María Emilgen Rojas)<br />

Defender 90 Tdi 300 1998 (Javier Nieto,<br />

Sebastián Nieto)<br />

Discovery V8 1996 (Alejandro Sanchez,<br />

Catalina Muñoz, Gabriela Sánchez, Nicolás<br />

Hernández)<br />

Discovery V8 1997 (Patrizia Jimenez,<br />

Bernadrdo Sánchez)<br />

ECUADOR<br />

Defender 90 Td5 2003 (Santiago Andrade)<br />

Que el espíritu Landrovero los acompañe, y nos vemos en Garopaba!!!!!<br />

Telegram: https://t.me/expedicionsudamerica2018<br />

Facebook: https://web.facebook.com/Expedición-Suramérica-Land-Rover-de-las-<br />

Americas-1762141690761827/<br />

12 | go anywhere


LAND ROVER BRASIL 2018<br />

Garopaba - SC<br />

A organização do LRB 2018 não mede esforços para fazer do encontro em<br />

Garopaba, um encontro histórico. Além dos stands, passeios e palestras, haverá<br />

recreação para as crianças e até mesmo uma oficina de plantão para dúvidas<br />

e reparos. Confira abaixo.<br />

15/11 Quinta Feira<br />

09:00h Abertura do evento com recepção dos participantes<br />

10:00h Abertura dos stands de expositores<br />

15:00h Palestra: “A tartaruga , a nave, e as crianças - Os desafios de<br />

encarar a estrada com os pequenos” – Palestrante Sérgio Severino<br />

16:00h Palestra: “ 760 dias de aventura numa defender 110” - Palestrante<br />

Família Kumm<br />

19:00h SHOW SURPRESA<br />

22:00h Fechamento da área de expositores<br />

16/11 Sexta Feira<br />

09:00h Abertura do evento com recepção dos participantes<br />

09:00h Concentração na frente do camping / saída às 09:15h: Passeio<br />

de Carro - OPÇÃO1 – Comboio para Laguna - Barra / Ferry Boat / Farol<br />

de Santa Marta - Chegada ao farol próximo ao meio dia. Almoço livre<br />

e retorno livre.<br />

10:00h Abertura dos stands de expositores<br />

10:00h Concentração na frente do camping / saída às 10:15h: Passeio<br />

de Carro - OPÇÃO 2 – Comboio pela região próxima ao evento com<br />

duração de 1hora e 30 min<br />

10:00h 1 ͦ Encontro de Reparadores Land Rover ( exclusivo para ME-<br />

CÂNICOS).<br />

14:00h Palestra: “Viajar com desapego” – Palestrante Araci Marros<br />

15:00h Palestra: “Bate papo sobre Camel Trophy” - Palestrantes Nelson<br />

de Almeida, Claudio Laranjeira e Yguaçu Paraná<br />

16:45h Lançamento Oficial - XI Encontro Amigos Land Rover 2019<br />

17:00h as 22:00h Festa com a Banda Ton Rock, cerimônia de homenagem,<br />

sorteios dos brindes dos expositores e costelaço fogo de chão<br />

22:00h Fechamento da área de expositores<br />

17/11 Sábado<br />

09:00h Abertura do evento com recepção dos participantes<br />

09:00h Concentração na frente do camping / saída às 09:15h: Passeio<br />

de Carro - OPÇÃO1 – Comboio para Laguna - Barra / Ferry Boat / Farol<br />

de Santa Marta - Chegada ao farol próximo ao meio dia. Almoço livre<br />

e retorno livre.<br />

09:00h Corrida na praia<br />

10:00h Abertura dos stands de expositores<br />

10:00h Concentração na frente do camping / saída às 10:15h: Passeio<br />

de Carro - OPÇÃO 2 – Comboio pela região próxima ao evento com<br />

duração de 1hora e 30 min (Atenção: mesmo trajeto do passeio de<br />

sexta feira)<br />

15:00h Palestra: “Série 1: Reconstruindo a origem da lenda” - Palestrante<br />

Washington Frade Pires<br />

16:00h Palestra: “Serial Trippers-Preparação de veículos para Overland-Conceitos<br />

e Noções básicas” – Palestrante Ricardo Pocholo<br />

17:30h Palestra: “No Polo do Frio” – Palestrante: Roy Rudnick<br />

20:00 as 22:00h Luau com música e fogueira<br />

22:00h Fechamento da área de expositores<br />

18/11 Domingo<br />

Dia livre!<br />

Abertura dos stands para os expositores que quiserem<br />

10:00h:<br />

- Avaliação das candidaturas e Eleição da sede do encontro em 2020<br />

- Demonstrativo e prestação de contas do evento 2018.<br />

11:30h Encerramento oficial do evento, com a divulgação do local de<br />

2020.<br />

Horários da recreação do camping:<br />

Das 9h às 12h e das 14h às 18h - Dias 15,16 e 17.<br />

ATIVIDADES: Caça ao tesouro com brindes ; Gincana de estafeta com<br />

brindes; Pega pega e variações; Pique Bandeira; Esconde – esconde;<br />

Guerra de bexiga; Queimada com Variações; Atividades de Modelagem;<br />

Atividades de corrida para crianças e adultos; Atividades rítmicas<br />

para crianças e adultos; Campeonatos de futebol; Campeonatos de<br />

vôlei; Campeonatos de ping-pong.<br />

Novas atividades poderão ocorrer de acordo com a motivação das<br />

crianças.<br />

Os horários das atividades estarão em nosso quadro no dia do evento.<br />

Espaço Oficina Adam 4x4<br />

Dias 15,16 e 17<br />

Horário: 10:00 as 12hrs e 14:00 as 20:00h<br />

Dúvidas, questionamentos, diagnósticos e reparos<br />

*A PROGRAMAÇÃO PODERÁ SER ALTERADA SEM AVISO PRÉVIO *<br />

go anywhere | 13


MUNDO LAND ROVER - REINO UNIDO<br />

Um Landeiro brasileiro<br />

em Anglesey<br />

Por Washington Pires<br />

14 | go anywhere


Essa coisa que a Land Rover tem algum componente que vicia eu já<br />

sabia, porque fui contaminado há uns 15 anos atrás quando comprei<br />

meu primeiro Defender 110, mas que eu iria parar na Inglaterra num<br />

encontro de Land Rover Series 1, isso realmente eu não sonhava.<br />

Essa paixão com os Lands aumentou participando das Listas da<br />

LROA(Land Rover Owners Association) e do Club Land Rover, os mais<br />

antigos vão lembrar, eram duas listas de e-mails ótimas, somente sobre<br />

Land Rover. Participei de vários encontros com a turma, as trilhas e<br />

passeios eram combinados sempre pelas listas de e-mail e tinha muita<br />

gente fera por lá como o Negraes, Clemente, Murilo Galvão, Luiz Fraga<br />

e outros que davam verdadeiras aulas sobre os nossos LRs, tenho salvo<br />

todos esses emails até hoje.<br />

Um belo dia, em 2011, vendo um anúncio que foi publicado na lista da<br />

LROA, estava lá um anúncio de um Series 1 1952, vi as fotos mas não<br />

gostei muito, ainda sem experiência com carros antigos, deixei passar,<br />

não é que o destino, uns três anos depois, me colocou de frente com<br />

este Series novamente, procurando mensagens antigas sobre um<br />

determinado assunto sobre Defender, me deparei com o antigo email<br />

com o anúncio do Series 52 e resolvi ligar para o número e ainda estava<br />

a venda, depois de negociar com um cara que não era o dono do Series,<br />

só um amigo tentando ajudar, perguntei se haveria negociação e fui<br />

para o Rio de Janeiro ver o Series, confesso que tive a mesma impressão<br />

ruim das fotos mas, reparando melhor vi que estava bem completo,<br />

com todas as peças e acessórios, motor, caixa, tudo no lugar, só bastante<br />

desgastado do tempo, com a pintura já chegando no alumínio e a mais<br />

de 20 anos parado, porem bem conservado pelo dono o Sr. Antonio,<br />

que já o possui por mais de 30 anos, gostava de pescar em Mangaratiba<br />

com o Séries.<br />

Minha primeira lição com o Sr. Antonio um, apaixonado por Land Rover<br />

(ele tinha na sua garagem um santuário com miniaturas e posters de LR)<br />

foi: nunca deixe guardado por vários anos um carro na garagem, se você<br />

deixar no tempo ele não enferruja. Como assim? perguntei , ai aquele<br />

torneiro mecânico aposentado da Revista O Cruzeiro pacientemente me<br />

explicou, do alto dos seus quase 80 anos: “Se o Land estivesse dentro<br />

da garagem já estaria todo podre e estando do lado de fora ele molha<br />

com a chuva mas seca bem rápido com o sol de rachar, aqui do Rio de<br />

Janeiro” de fato estava bem inteiro com poucos pontos de ferrugem.<br />

Negócio fechado, lá fui eu feliz da vida pra buscar meu primeiro Series 1.<br />

Contratei a prancha e cheguei cedo no dia, pra minha primeira surpresa<br />

o Sr. Antonio tinha uma garagem lotada de peças que ajudaram<br />

bastante na reforma e ainda me garantiu peças sobressalentes e a<br />

segunda surpresa foi na hora de tirar o Land do lugar, aconteceu que,<br />

quando ele o colocou na frente da sua casa, não havia muro, construído<br />

anos depois, ai tivemos que quebrar um pedaço do muro pra tirar o<br />

Land , operação de remoção feita, volta o feliz proprietário de um Series<br />

1 1952 pra sua cidade. Já ia esquecendo, antes de sair tentei comprar<br />

as miniaturas dele, mas a esposa, percebendo a tristeza do Sr. Antonio<br />

em desfazer do carro me pediu pra deixar pra lá , pois seriam as únicas<br />

lembranças dele, quase desisti do negócio.<br />

Começava ai a paixão pelos Series 1, comecei a pesquisar tudo sobre<br />

o assunto na Internet, principalmente aqui no Brasil, atrás de pessoas<br />

que já haviam feito restaurações, suas experiências e como seria essa<br />

empreitada.<br />

Numa dessas pesquisas me deparei com o Sr. Dave Hanson da Land<br />

Rover Register, que edita Revista Full Grille, é uma associação de<br />

proprietários de Land Series 1 somente dos anos de 48 a 53, ligada ao<br />

LRSOC(land Rover Series One Club), ambos na Inglaterra.<br />

Nos primeiros contatos por email com o Dave, logo ele se interessou<br />

pela história e em me ajudar com a restauração do meu Landy, assim<br />

que eles chamam carinhosamente esses modelos Series, e me ajudou<br />

bastante com dicas importantes, e indicando lojas e sites para a compra<br />

de peças e ainda me presenteava com suas histórias e experiências<br />

com os Séries, como num programa de TV que ele participou, sendo<br />

engenheiro mecânico, foi chamado para mostrar como seria desmontar<br />

todo um Séries em apenas 2 horas.<br />

O Dave ficou bastante curioso quanto a forma que encontrei o meu<br />

Landy , a retirada do carro da casa onde estava, quebrando o muro,<br />

pediu fotos e relatos e publicou na Revista Full Grille numa de suas<br />

edições, lá eles chamam isso de “barn-find”, que são achados de Lands<br />

abandonados ou largados em galpões e fazendas .<br />

Daí para frente ficamos amigos, sempre trocando em-mails e falando<br />

sobre nossos Series e o andamento da minha restauração, o Dave<br />

também estava terminando a restauração de um Series Modelo<br />

Minerva, esta versão foi entre 52 e 53 que foi produzida pela Land Rover<br />

e enviada ao exercito da Bélgica na época, sendo hoje bem raros.<br />

Ano passado, numa dessas conversas por email, disse-me Dave que em<br />

2018, quando a Land Rover faria 70 anos, aconteceria um evento na<br />

Inglaterra, mais precisamente em Anglesey uma ilha situada ao norte<br />

no pais de Gales , local chamado Red Wharf Bay, onde a história da Land<br />

Rover começou com o Maurice Wilks, na época um dos engenheiros<br />

da Rover, que tinha uma propriedade naquela Baia onde passava finais<br />

de semana com a família na época, ele possuia um Jeep Willys mas<br />

acreditava que sua empresa poderia produzir um veículo fora de estrada<br />

bem melhor e rabiscou nas areias de Red Wharfer Bay os primeiros<br />

esboços do que viria ser o Series 1, que depois teve sua primeira versão<br />

apresentada no Salão de Amsterdã em 1948 , daí começa a história da<br />

Land Rover que e até hoje fascina e empolga milhares de seguidores por<br />

todo o planeta.<br />

Pensei bem no assunto e falei, vou me programar para este evento,<br />

embarquei para Portugal , aproveitei para visitar minha irmã que foi<br />

morar nas terras além mar e peguei um vôo pra Liverpool na Inglaterra,<br />

na data marcada.<br />

Chegando a Liverpool ,antes já se sobrevoa próximo a ilha de Anglesey<br />

e já se pode notar os enormes bancos de areia, característicos daquela<br />

região, uma paisagem plana e bem verde, com varias fazendas e<br />

pastagens, principalmente de ovelhas.<br />

go anywhere | 15


MUNDO LAND ROVER - REINO UNIDO<br />

O Dave já havia me falado que o clima seria bom, estávamos em pleno<br />

verão na Europa com temperaturas altas, mas na Inglaterra é normal<br />

a chuva e o tempo nublado direto, até ele estava empolgado com a<br />

possibilidade de dias ensolarados.<br />

E foi o que ocorreu, os três dias que passamos em Anglesey foram de sol<br />

intenso e dias bem atípicos, sem aquele sisudo “fog inglês” .<br />

Pegamos um caro alugado em Liverpool, a vontade era ficar lá, pois a<br />

cidade é muito simpática com todo aquele apelo aos Beatles, grandes<br />

construções e castelos antigos muito bem preservados, sem falar nos<br />

Pubs pra tomar uma cerveja bem gelada com o famoso “Fish and Ships”.<br />

Mas havia uma coisa que falava mais alto naquele momento, o esperado<br />

encontro em Anglesey a que deram o nome de “Back to the Bay” .<br />

Chegando próximo a Anglesey, pelas excelentes rodovias da Inglaterra,<br />

tentando me acostumar com o lado direito da direção e do sentido<br />

oposto nas estradas, já avistávamos pelo caminho vários Séries seguindo<br />

em direção à Anglesey, algumas rebocadas outras rodando mesmo,<br />

sinalizando que o encontro prometia ser bem legal.<br />

Atravessamos uma belíssima ponte estaiada, a Mersey Gateway, em<br />

seguida começamos a perceber que as placas na estrada, além do<br />

inglês, trazia uma língua bem estranha, que não conseguíamos nem ler<br />

direito, mas depois descobrimos porquê. Procurando o local onde íamos<br />

ficar, nos deparamos com outra marcante característica, as estreitas<br />

estradas do interior da Inglaterra, aquilo já é complicado porque já<br />

temos que acostumar o cérebro a fazer tudo na direção do lado oposto<br />

ao nosso, principalmente nas rotatórias e ainda ter que passar naquelas<br />

estradinhas é bem uma aventura.<br />

Depois soubemos que as placas escritas em outra língua é por causa<br />

dos Welsh que são povos antepassados que habitavam a região e ainda<br />

com muita influência e descendentes no local e, por razões políticas<br />

são obrigados a escrever tudo nas duas línguas, são interessantes<br />

palavras com 15 ou mais letras, repetidas consoantes e dificílimas de<br />

se ler e principalmente falar. Já as estradas estreitas são por conta<br />

da preservação das construções e estradas que na época eram para<br />

charretes e cavalos não pra estes carrões de hoje.<br />

Pra achar o endereço de onde íamos ficar foi outra peleja, placas em<br />

Welsh e a dificuldade de encontrar pessoas pra perguntar, você anda<br />

quilômetros sem ver ninguém por ali.<br />

Finalmente encontramos, um chalé muito simpático, dentro de uma<br />

fazenda onde o Sr. John, sua esposa Sara e “Boss” um Setter inglês, eram<br />

os donos do local e com um Land Defender 110 com caçamba, bem<br />

clássico, verde com teto branco, bem antigo também e que fica a serviço<br />

da fazenda, muito simpáticos nos apresentaram o local e contaram<br />

16 | go anywhere


histórias sobre os Welsh, mas a ansiedade era grande de ir logo para o<br />

local do encontro.<br />

Colocamos no GPS o local marcado, um grande Parque de Exposições<br />

de Agro Pecuária, numa área plana com um pavilhão enorme nos<br />

fundos, onde seria o jantar no sábado a noite. Chegando ao local,<br />

com vários Series estacionados, tivemos que deixar nosso carro num<br />

estacionamento para os visitantes.<br />

Logo na entrada tinha uma tenda da Montadora Land Rover, com os<br />

últimos modelos estacionados, Range Rovers, Velar, Discoverys, todos<br />

estalando de novos, mas os olhos não paravam de procurar os Séries<br />

que estavam espalhados por ali. Próximo dali, já tinha o local para fazer<br />

o chek in dos participantes, como estava sem meu Serie, expliquei que<br />

pegaria meu Kit e levaria para o Brasil, ansioso recebi minha sacola,<br />

com adesivos, uma revista da Land Rover Classic, uma badge que<br />

é uma plaqueta dourada e preta pra colocar no painel , emitida pela<br />

LRSOC(Land Rover Series One Club) alusiva ao encontro e comemoração<br />

dos 70 anos da LR e uma caixinha preta com um brinde aos associados,<br />

rapidamente abri e vi que era um lindo canivete multi funções gravado<br />

com o nome do Clube e uma lanterna de Led.<br />

Já nervoso pra sair dali e começar a ver os séries estacionados,<br />

combinei com o Peter, que organizava a chegada dos participantes, que<br />

conseguisse pra mim uma carona para o passeio que teria no sábado de<br />

manhã , que passaria por uma pequena trilha em fazendas da região e<br />

que foi usada pelos engenheiros na época para os primeiros testes com<br />

o Series 1 e o caminho até Red Wharf Bay onde seria feita a foto com a<br />

montagem dos Series no formato de um Land Rover.<br />

Depois de várias fotos pelo local, percebemos que a maior parte dos<br />

participantes estava com barracas ou motorhomes, verdadeiras casas<br />

ambulantes, com muitos cães, quase todos tinham um mascote ao lado,<br />

além dos vários modelos de trailers antigos.<br />

Alguns personagens do mundo LR bastante conhecidos estavam por lá,<br />

o primeiro que encontrei foi um cara que tem uns vídeos no youtube no<br />

canal de Stephen Patchett, eles têm dezenas de vídeos fazendo incríveis<br />

viagens por vários países da Europa com seus Séries, é fantástico vê-los<br />

em ação e chegando em lugares tão bonitos e distantes, vale conferir.<br />

Depois encontrei a barraca do Phill, da Dunsfold, outra figura conhecida<br />

no meio, ele tem simplesmente mais de 100 Land Rovers, uma coleção<br />

incrível e uma loja que vende de tudo para os Series e LRover em geral,<br />

por fim encontramos o Patt Murffy que foi um dos seis estudantes<br />

que saíram em 1955 de Londres em dois Land Rovers para uma épica<br />

expedição rumo a Singapura e Adam Bennett que acabou comprando o<br />

lendário Land Rover apelidado de “Oxford” que tem a matricula SNX891,<br />

uma rara oportunidade de ver este icônico Land em movimento, foi<br />

go anywhere | 17


MUNDO LAND ROVER - REINO UNIDO<br />

empolgante ouvir um pouco das historias deles e conhecer este famoso<br />

aventureiro.<br />

Em cada canto várias barracas com peças de Land Rover Series, novas<br />

e usadas, além do Club Shopp, que é a lojinha do LR Series One Club,<br />

com adesivos, camisetas, agasalhos, bonés, além de diversas peças de<br />

acabamento e acessórios.<br />

Como geralmente todo o dono de Séries tem também um Defender,<br />

estes eram uma atração a parte também. Vários deles muito equipados<br />

com carretas e Acessórios. Fantásticos!<br />

Sábado de manhã, hora de ir buscar a carona pro passeio, procurei o<br />

Peter de novo para ele me ajudar, já que não conhecia quase ninguém<br />

e ainda não havia encontrado meu amigo Dave até aquele momento.<br />

O Peter prontamente falou com Steve, que depois vim a saber que era<br />

o Presidente do Club Series 1, que acharia alguém pra me dar uma<br />

carona. Após alguns contatos, passou um Land Serie 1 Azul ano 1956,<br />

Mod. 107, este modelo é o antecessor do Defender, depois dele veio<br />

o 109 e logo em seguida o 110 que foi mantido até hoje. Impecável<br />

no estado e conservação, era de um holandês que tinha vindo com<br />

seu filho, rodando de sua cidade até a Inglaterra, para participar do<br />

encontro. Fui bem recebido por ambos e me assentei no banco traseiro,<br />

onde notei que o espaço era bem melhor que os Defender 110 atuais,<br />

depois percebi que a parte traseira do bagageiro é mais curta, por este<br />

espaço maior.<br />

Tudo transcorreu bem, o 107 se comportou valentemente, tanto no<br />

deslocamento quanto nas trilhas pelas fazendas, passando por erosões<br />

e subidas íngrimes com perfeição. Já estávamos a caminho da Baia Red<br />

Wharf Bay para a concentração e montagem dos carros para as fotos,<br />

quando de repente uma pane apagou o Land.<br />

Percebendo que era falta de combustível, ele foi logo abrindo o capô e<br />

conferindo a bomba elétrica , sempre ela, de todos os relatos que ouvi<br />

de proprietários antigos de Séries é que este é o “Tendão de Aquiles”<br />

dos Series, a bomba elétrica de combustível. Enquanto desmontava<br />

a bomba e conferia se era algum entupimento, vários outros Séries<br />

paravam e perguntavam se precisava de ajuda, típico do Jipeiro mesmo,<br />

a solidariedade era grande, em seguida parou um um Range Rover<br />

Classic oferecendo e, naquele momento achávamos que era o filtro de<br />

gasolina, e o cara do Range saiu e voltou em seguida com um filtro novo<br />

e entregou pra nós, mas o problema era na bomba mesmo, que teimava<br />

em não funcionar até que parou um outro Series, o cara desce e sem<br />

perguntar nada observou que a bomba já estava desmontada, ele volta<br />

no seu Séries 1 e pega no bagageiro um kit com uma bomba pronta pra<br />

ser instalada e simplesmente diz: “coloca aí depois você devolve”.<br />

Mas não tivemos sorte, aquela bomba oferecida pelo companheiro<br />

também não funcionou bem, em seguida parou um outro Land pra<br />

ajudar, agora um Defender 90, super equipado que ofereceu ajuda e<br />

nos levou, puxados pela cinta, até Wharfer Bay, nosso destino final.<br />

Chegando lá paramos no meio da praia, próximo a formação para a foto e,<br />

com mais calma e ajuda de mais companheiros, o problema foi resolvido.<br />

18 | go anywhere


Mas ainda faltava uma coisa, encontrar meu amigo Dave, não o tinha<br />

visto ainda pessoalmente, por telefone consegui mandar um recado e<br />

ele retornou, marcamos então no centro da roda da frente do Landy<br />

formado na areia pelos Series, até acho que saímos na foto oficial, pois<br />

lá do alto via-se um ponto escuro, acho que éramos nós, ali no meio<br />

de todas aqueles Series enfileirados, no local marcado finalmente<br />

encontrei o Dave, depois de quase 2 anos nos correspondendo por<br />

email, trocando informações e dicas de restauração, tive o prazer de<br />

conhecer este amigo Landeiro de tão longe. Ele me apresentou sua<br />

família, esposa, filho e nora, também apresentei minha esposa, minha<br />

filha e minha mãe que me acompanhavam e estavam na praia a minha<br />

espera, enquanto eu fazia a trilha.<br />

Mais tarde, no jantar, preparei uma surpresa pro meu novo amigo, levei<br />

pra ele uma Cachaça bem mineira e uma placa dos “Amigos Land Rover<br />

do Brasil”, comemorativa dos 70 anos da LR, feita pelo nosso colega<br />

Persan, ele ficou emocionado e eu também por presentear o amigo que<br />

me ajudou muito durante o período que estava restaurando meu Séries.<br />

Finalmente no domingo nos despedimos logo cedo, pois tínhamos<br />

que seguir viajem, íamos voltar a Liverpool e depois descer ao sul, com<br />

destino a outras cidades programadas até Londres, onde pegaríamos o<br />

vôo de volta.<br />

Analisando toda essa aventura concluo que a paixão pelos Land Rover<br />

e a solidariedade de um Landeiro não tem fronteiras, o cuidado e<br />

carinho com estas viaturas, o prazer em ajudar não só nos momentos de<br />

go anywhere | 19


MUNDO LAND ROVER - REINO UNIDO<br />

aperto mas compartilhando informações e experiências é apaixonante,<br />

outra curiosidade é que lá eles não raramente mantém os Séries em<br />

estado original, com a pintura desgastada pelas marcas do tempo e<br />

principalmente de suas aventuras e são até mais valorizados do que<br />

aqueles restaurados como zero.<br />

Refeito da viajem, volto ao trabalho com alegria e revigorado, certo<br />

de que todo o esforço e dedicação que temos com nossos Landys não<br />

serão em vão.<br />

“Vida longa aos Séries”<br />

Washington Frade Pires – Juiz de Fora-MG – Defender 110,<br />

Series 1 52 e Series 1 49<br />

20 | go anywhere


LAND SHOPPING<br />

NOVIDADES PARA VOCÊ<br />

E SEU LAND ROVER<br />

Alicate Leatherman Juice CS4<br />

Azul Glacier Blue<br />

Crosster<br />

www.crosster.com.br<br />

Adesivos <strong>Go</strong> <strong>Anywhere</strong><br />

Diversos modelos<br />

www.goanywhere.com.br/<br />

Mochila militar Foxtrot<br />

Ultra-durável. Ideal para atividade Outdoor<br />

The Gear <strong>Go</strong>rilla<br />

www.thegeargorilla.com<br />

Faca Bola - 8 / Carbono 1095<br />

Escorpiana<br />

www.escorpiana.com.br<br />

Série de Posters Camel Trophy<br />

Fotos de Cláudio Larangeira<br />

www.artinlandy.com.br/<br />

Inversor Senoidal PROwatt SW XANTREX<br />

Energia de qualidade, em onda senoidal pura<br />

Potências de 540, 900 e 1800 W<br />

Unitron<br />

www.unitron.com.br<br />

Quer apimentar seu V8 Rover?<br />

How to power tune Rover V8 engines<br />

aborda bem o assunto.<br />

www.amazon.com<br />

Land Rover 88 Série IIA - 1961<br />

Escala: 2/3<br />

Motor 107cc a gasolina<br />

Impressiona pelo detalhamento<br />

http://www.junior-replicas.com.br/<br />

go anywhere | 21


VIAGEM NACIONAL - AS CUESTAS DE BOTUCATU<br />

CUESTAS<br />

22 | go anywhere


Viajamos com o New Discovery por uma<br />

região ainda pouco explorada, repleta<br />

de atrativos para quem gosta de viajar,<br />

fotografar ou apenas contemplar<br />

Por Eduardo R C Rocha<br />

Fotos Reinaldo Junqueira<br />

go anywhere | 23


VIAGEM NACIONAL - AS CUESTAS DE BOTUCATU<br />

Saí bem cedo de São Paulo para pegar a Rodovia Castelo Branco. Depois<br />

de 40 minutos no trânsito típico da cidade, cheguei à rodovia.<br />

Meu rumo era a cidade de Pardinho a 207km de distância. A névoa da<br />

manhã friazinha ia gradualmente sumindo e o sol começou a aparecer.<br />

Lá fora, temperatura aumentando. No New Discovery estáveis 21 graus,<br />

piloto automático em 110 km/h e apenas o GPS ativo. Silêncio absoluto,<br />

meu companheiro de início de viagens, para organizar as idéias e<br />

planejar, afinal nunca havia visitado a região de Botucatu.<br />

Eu já tive oportunidades de viajar em outros carros da marca como<br />

Range Rover Vogue TDV8, Range Rover Sport SE TDV6 e também um<br />

TDV8. Todos muito silenciosos e fortes. Mas o New Discovery não fica<br />

atrás, confortável, silencioso e forte, com torque absurdo mas civilizado<br />

como um refinado inglês.<br />

Peguei a saída quilômetro 193 que passa exatamente atrás do hotel<br />

Rodoserv onde nos hospedamos. O hotel é novo, organizado, confortável<br />

e limpíssimo. É certamente a opção mais estratégica pela localização (à<br />

beira da Castelo Branco), com bons quartos, ar condicionado, wi-fi, um<br />

bom restaurante com opções variadas e um ótimo café da manhã. Fica<br />

dentro de um grande posto de gasolina ou seja, é um ponto de partida<br />

excelente.<br />

Passei por trás do hotel e segui em direção a Pardinho. Cerca de 14<br />

minutos numa serrinha cheia de curvas fechadas bem apertadinhas<br />

ótima para usar os Shift paddles e abusar do torque do motor SDV6<br />

biturbo. No término da Rodovia João Emílio Roder, na entrada da<br />

cidade, encontro nosso guia me aguardando no posto de combustível.<br />

Luiz Ricardo Roder. Sim ele é de uma das famílias mais tradicionais de<br />

Pardinho, que batiza a rodovia. O rapaz alto e de voz forte e cristalina,<br />

dá um bom dia, digno de locutor de rodeio. Educado e bem humorado,<br />

como a maioria das pessoas no interior, me contou sobre tudo o que eu<br />

não sabia da região. É muito bem informado, como um guia deve ser.<br />

Além de ser administrador de fazendas como o pai, montou e gerencia<br />

a tirolesa dentro de sua propriedade, que aliás tem uma vista de tirar<br />

o fôlego.<br />

Tomamos o rumo de Botucatu para buscar o Reinaldo no terminal<br />

rodoviário.<br />

Voltamos para a região de Pardinho, one fomos visitar o Centro Max<br />

Feffer Cultura e Sustentabilidade criado pelo Instituto Jatobás para<br />

desenvolver e difundir a cultura da sustentabilidade na região. Sua<br />

construção utilizou uma série de técnicas utilizadas nos “edifícios<br />

verdes” com destaque para sua cobertura totalmente desenvolvida<br />

com bambu. Paramos para almoçar em Pardinho e fomos descer a<br />

Serra do Picau onde pudemos testar um pouco do comportamento do<br />

New Discovery, em terreno pedregoso (bem pedregoso) e pela Serra<br />

do Pauletti.<br />

De lá, fomos para o Rancho do Maluli, onde há um maravilhoso<br />

24 | go anywhere


estaurante, com vista para o gigante de pedra. No Maluli fomos recebidos<br />

por um lindo cão Bernese mountain dog, que nos acompanhou o tempo<br />

todo. Bom demais quando um cão desconhecido se afeiçoa a você.<br />

Paramos no restaurante Paineira Velha para tomar uma água e apreciar<br />

mais uma vista para o gigante e de lá fomos ao Bar do Vivan, um antigo<br />

bar e venda dirigido pelo Sr. Darci Roder, um alquimista de cachaças<br />

aromatizadas e de coxinhas famosas, que é ponto de parada obrigatório<br />

na região. O Reinaldo pôde degustar cachaças aromatizadas com<br />

Sassafrás, Canela e com um tipo de pêssego ainda verde, menor do que<br />

uma azeitona, mas eu por estar dirigindo fiquei apenas no aroma e na<br />

vontade.<br />

go anywhere | 25


VIAGEM NACIONAL - AS CUESTAS DE BOTUCATU<br />

26 | go anywhere


go anywhere | 27


VIAGEM NACIONAL - AS CUESTAS DE BOTUCATU<br />

O Vivan é um dos mais antigos estabelecimentos funcionando no estado de<br />

São Paulo (1946).<br />

Descemos então até a fazenda onde fica a tirolesa, de propriedade da<br />

família Roder, do nosso guia, o Ricardo. Lá nos aguardavam para um café<br />

acompanhado de bolo, pão caseiro e boa prosa também. Que gente boa!<br />

Quem mora numa grande cidade como São Paulo, até se esquece que existe<br />

tanta gente gentil e hospitaleira por esse Brasil afora.<br />

Proseamos bastante, mostramos o New Discovery, falamos sobre o turismo<br />

Darci Roder, um alquimista de cachaças<br />

aromatizadas e de coxinhas famosas, que é<br />

ponto de parada obrigatório na região<br />

28 | go anywhere


Lá nos aguardavam para um café acompanhado<br />

de bolo, pão caseiro e boa prosa também. Que gente<br />

boa! Quem mora numa grande cidade como São<br />

Paulo, até se esquece que existe tanta gente gentil<br />

e hospitaleira por esse Brasil afora<br />

na região, ainda pouco explorado e fizemos mais fotos. Já anoitecendo,<br />

voltamos ao hotel. O dia seguinte nos reservava mais coisa bonita para se ver.<br />

Acordamos às 5 horas da manhã em tempo de um rápido (e bom) café no<br />

hotel, só para tirar a cara de sono. Buscamos Ricardo na fazenda e fomos<br />

direto ver o sol nascer na fazenda onde fica a Pedra do Índio. Lá, conseguimos<br />

a autorização dos proprietários Denilson e Danilo para descer com o New<br />

Discovery até próximo do despenhadeiro, o que normalmente não é<br />

permitido a nenhum carro.<br />

go anywhere | 29


VIAGEM NACIONAL - AS CUESTAS DE BOTUCATU<br />

A Pedra do Indio:<br />

No ano de 1979, o Sr. Domingos Prado Micheleto, nascido em Botucatu<br />

e que desde seus 18 anos já morava num sitio embaixo da serra aos pés<br />

das Três Pedras, comprou o Sítio Planalto, na divisa de Botucatu com o<br />

município de Bofete onde fica localizado o mirante Pedra do Índio, para<br />

que seu segundo filho pudesse ir a escola, uma vez que o transporte<br />

escolar não chegava até onde moravam. Neste sítio ele começou a<br />

construir sua vida ao lado da esposa Vanda e seu dois filhos. Com a<br />

criação de gado de corte e algumas pequenas plantações ele tirava<br />

o sustento de sua família, que alguns anos mais tarde aumentaria<br />

com a chegada do terceiro filho. Já nesta época a propriedade<br />

era discretamente procurada por alguns turistas que vinham para<br />

apreciar o belo visual que lá proporcionava. Viveu no sítio até 1994,<br />

quando mudou-se para a cidade de Pardinho onde vive até hoje.<br />

Atualmente com 80 anos, o Sr. Domingos vai ao sítio ao menos duas<br />

vezes por semana onde tem como principal hobby o cultivo da horta.<br />

Seu filho do meio Denilson e seu caçula Danilo, hoje administram<br />

a propriedade onde investimentos em infraestrutura estão sendo<br />

realizados e em breve irá contar com uma cafeteria onde além de<br />

diversos tipos de salgados e porções ira servir um café da manhã tipico<br />

do sitio, além de trilhas e outros atrativos.<br />

Hoje a Pedra do Índio recebe cerca de 1200 visitantes por mês todos<br />

atraídos pela paz e tranquilidade do local e pelo visual estonteante do<br />

mirante que é um dos principais cartões postais de Botucatu.<br />

A origem do nome Pedra do Índio dá-se ao fato de que em uma de suas<br />

pedras, visualizada do ângulo correto, ser possível ver nitidamente<br />

o rosto de um índio. Também existem relatos que na antiguidade a<br />

Pedra do Índio era utilizada como observatório pelos povos indígenas<br />

que passavam pelo Caminho do Peabiru para chegar até o litoral.<br />

A Pedra do Índio está a uma altitude de 815 metros ao nível do mar<br />

e possui uma queda livre de 50 metros até sua base. Dela é possível<br />

visualizar nitidamente a cidade de Bofete e as serras de Pardinho.<br />

Com o auxilio de um binóculo também é possível avistar as cidades<br />

de Porangaba e Conchas. Uma vista panorâmica de mais de 30km.”<br />

O nascer do sol visto lá de cima é de emudecer qualquer um. A<br />

mudança das tonalidades das cuestas enquanto o sol levanta é um<br />

espetáculo. Após terminar as centenas de fotos, nos aguardava<br />

um delicioso café da manhã “da fazenda” com tudo o que tem<br />

direito, preparado pela Luciane. Após o café, seguimos em viagem.<br />

Partimos rumo às Três Pedras, na fazenda da família Prado. Depois<br />

de serpentear pelo vale e atravessar riozinhos, chegamos à fazenda.<br />

Conversa rápida com os donos e lá fomos nós.<br />

30 | go anywhere


Essa região em particular, passaria fácil como uma paisagem europeia.<br />

O pasto é baixo e uniforme, quase uma graminha, pontuado apenas por<br />

algumas casas, árvores grandes e as imponentes Três Pedras, também<br />

formações com característica das cuestas. Os donos da propriedade<br />

construíram um conjunto simples de banheiros para atender às pessoas<br />

que lá acampam. Fico imaginando o visual do lugar numa noite de lua<br />

cheia.<br />

Passamos pela Cantina da Figueira, restaurante na propriedade da<br />

família Moisés onde fomos recebidos por dona Neusa. O lugar é muito<br />

go anywhere | 31


VIAGEM NACIONAL - AS CUESTAS DE BOTUCATU<br />

agradável e a comida é famosa. Mas durante a semana, não abre,<br />

acredito que só nas férias. Como em muitas fazendas da região, lá havia<br />

cães da raça Australian Cattle Dog e havia inclusive um filhote. Quase<br />

trago mais um passageiro para São Paulo.<br />

Fizemos uma parada na cidade de Bofete (com ênfase no fê) que muitos<br />

erroneamente chamam de Bofete, se chamava Rio Bonito no século XIX<br />

e era distrito de Botucatu . Na cidade há um morro que lembra o móvel<br />

conhecido como bufê que com o passar dos anos, na boca do povo, se<br />

transformou em Bufete e depois Bofete, que passou a ser o nome da<br />

cidade em 1921.<br />

O Morro do Bofete foi cenário da primeira perfuração profunda em<br />

busca de petróleo no Brasil. Liderada pelo fazendeiro Eugênio Ferreira<br />

de Camargo entre 1897 e 1901. Extraíram apenas dois barris de petróleo<br />

e muita água sulfurosa, que jorra até hoje em uma fonte.<br />

Almoçamos rapidamente e voltamos para a estrada, pois ainda havia<br />

muita coisa a visitar.<br />

Tomamos o rumo de Pardinho novamente, para visitar o Café da Cuesta<br />

e apreciar a vista da região. O café é muito charmoso e tem uma grande<br />

variedade de cafés aromatizados.<br />

De lá fomos visitar os Chalés da Cuesta, também uma opção boa de<br />

hospedagem para quem quer ficar próximo de Pardinho.<br />

32 | go anywhere


De lá partimos para a fazenda dos Roder para pegar o por do sol e<br />

fazer fotos na tirolesa. Chegamos lá e Ricardo já mobilizou a equipe<br />

toda. A mãe Terezinha e a tia Marilza que como Ricardo iriam descer.<br />

O pai Osmar, encarregado da frenagem na chegada a cada base. Tudo<br />

muito organizado e com o equipamento adequado. O sol se pôs e ainda<br />

ficamos mais um pouco por lá para encontrar com Robson, irmão de<br />

Ricardo, que trabalha na Embraer e que também está empenhado no<br />

desenvolvimento do turismo de aventura na região.<br />

No dia seguinte, zarpamos rumo a Botucatu para visitar a Usina Indiana<br />

e o Museu do Café.<br />

Quando estivemos no Centro Max Feffer, nos perguntaram se queríamos<br />

visitar a Fazenda dos Bambus do Instituto Jatobás. Claro que sim!<br />

A fazenda é um enorme jardim de bambus, com alamedas ladeadas de<br />

touceiras de mais de doze metros de altura. Na entrada há até uma área<br />

com alguns mais altos. Lá, além do cultivo, são desenvolvidas técnicas<br />

construtivas e pesquisa de diferentes usos. O bambu é apontado como<br />

o substituto sustentável à madeira. Pode ser utilizado na montagem de<br />

estruturas em construções (como no Centro Max Feffer), assim como<br />

mobiliário, revestimentos e utensílios domésticos. Suas fibras podem<br />

ser usadas também na indústria têxtil.<br />

Um pouco de asfalto, mais um pouco de terra e chegamos à Usina<br />

Indiana, cenário perfeito para fotografar o New Discovery. Um conjunto<br />

de prédios bem grandes erguido com tijolos como a grande maioria das<br />

usinas de açúcar do estado. Esse é de 1946.<br />

Decidimos ir a Botucatu por terra (estrada ótima). Atravessamos o rio<br />

que margeia a usina e fomos embora direto para para o Museu do Café.<br />

Chegamos aos portões da UNESP, que é a mantenedora do museu.<br />

Passando por uma via muito arborizada, logo chegamos à sede da<br />

Fazenda Lageado, onde está instalado o museu. A fazenda, que no<br />

formato atual, data de 1885, foi uma das maiores propriedades<br />

particulares de produção de café para exportação no estado<br />

go anywhere | 33


VIAGEM NACIONAL - AS CUESTAS DE BOTUCATU<br />

34 | go anywhere


de São Paulo. Dá para perceber isso pelo tamanho da sede, da tulha e<br />

dos terreiros de café. Ela passou em 1934 para o controle do governo<br />

federal para saldar dividas remanescentes da crise de 1929. Em 1972<br />

ela passa para o controle do governo do Estado de São Paulo que com<br />

a união de varias instituições de ensino superiores em 1976 deu origem<br />

a UNESP.<br />

O museu vale a visita. Tem um acervo muito rico e bem cuidado.<br />

Dá quase para voltar no tempo a cada sala que você entra. Imperdível!<br />

Saímos de lá direto para nossa última parada, na Fazenda Pavuna onde<br />

além de muitas cachoeiras, há uma represa onde havia existido uma<br />

Pedreira. O acesso às cachoeiras, somente a pé e não é fácil. Bom para<br />

quem gosta de trekking.<br />

Partimos então para Brotas onde testamos o New Discovery na pista da<br />

Primavera da Serra, mas vamos falar sobre isso em uma outra matéria<br />

a seguir.<br />

A região das Cuestas de Botucatu ainda é pouco explorada, mas é rica<br />

em atrativos e com um guia competente como o Ricardo Roder, se<br />

aproveita muito mais.<br />

go anywhere | 35


TESTE - NEW DISCOVERY FIRST EDITION<br />

NEW DISCOVERY<br />

Levamos o NEW DISCOVERY para uma voltinha e não demos moleza para ele!<br />

Testamos o New Discovery em um uma das pistas Off Road mais<br />

tradicionais do Estado de São Paulo, no Hotel Fazenda Primavera da<br />

Serra em Brotas/SP.<br />

Convidamos Marcelo Ferraz, fundador da KeepTrack 4x4, especializada<br />

em treinamentos de condução Off Road para que ele pudesse realizar<br />

todos os testes possíveis no ambiente fora de estrada e assim passar<br />

suas impressões sobre o desempenho do New Discovery.<br />

Iniciamos nosso teste na pista com inclinações laterais, passando por<br />

subidas e descidas bem acentuadas, além de passar pelo atoleiro<br />

com louvor, usando toda a capacidade do carro para transpor esses<br />

obstáculos. Em seguida o levamos até uma travessia de rio.<br />

A maior parte do tempo o Terrain Response II (tecnologia desenvolvida<br />

pela Land Rover onde o condutor define o tipo de piso em que irá<br />

trafegar, areia, lama, neve entre outros) permaneceu no modo “mud”<br />

(lama). A Land Rover foi pioneira nesta tecnologia.<br />

Outras tecnologias foram incorporadas ao sistema para que a<br />

performance seja ainda melhor. São elas:<br />

• Hill Descent Control (HDC) mantém uma velocidade definida enquanto<br />

enfrenta descidas íngremes off-road.<br />

• Gradient Release Control (GRC) lentamente solta o freio quando<br />

o veículo começa a se deslocar em uma inclinação, para um maior<br />

controle.<br />

• Electronic Traction Control (ETC) aplica uma força de quebra ou reduz<br />

o torque individual nas rodas para controlar patinagens.<br />

• Roll Stability Control (RSC) detecta o início de uma capotagem e<br />

aplica o freio nas rodas exteriores para trazer o veículo sob controle.<br />

• Wade Sensing fornece informações em tempo real da profundidade<br />

36 | go anywhere


No atoleiro, pudemos observar toda a tecnologia trabalhando, “sabendo<br />

usar os comandos na hora certa e conhecendo os limites do veículo,<br />

dificilmente você vai ficar enroscado”, comenta Marcelo.<br />

Outro ponto positivo para o New Discovery foi na transposição de<br />

alagados, com seus 90cm de altura limite e sensor de profundidade nos<br />

retrovisores a travessia foi excelente.<br />

A estabilidade foi impecável no teste fora de estrada, a eletrônica<br />

embarcada permitiu conhecermos os limites do veículo, segurança a<br />

toda prova.<br />

atingida em relação à profundidade máxima, usando a tela de<br />

infoentretenimento 4x4i.<br />

Considerando que o New Discovery é um SUV de luxo, apresentou<br />

excelentes ângulos de entrada e de saída comprovado pelas subidas e<br />

descidas íngremes a que foi submetido.<br />

Poucos veículos na sua categoria oferecem uma opção de suspensão<br />

pneumática o que melhora consideravelmente o limite do vão central<br />

e altura mínima, evitando por exemplo que pedras atinjam a parte<br />

inferior do veículo na transposição de um obstáculo.<br />

O HDC (controle de descida) se mostrou perfeitamente eficiente, dando<br />

tranquilidade até mesmo a usuários menos experientes.<br />

De modo geral o New Discovery mesmo sendo “enquadrado” na<br />

categoria SUV de luxo, surpreendeu em todas as situações a qual foi<br />

submetido, mostrou que o DNA Land Rover continua presente com<br />

muita tecnologia e sobra de capacidade Off Road.<br />

“Um carro excelente, impecável, rápido e preciso” finaliza Marcelo.<br />

Motorização<br />

Para substituir o motor TDV6 de 256 cv, um novo motor 3.0 V6 Turbodiesel<br />

com 258 cv ganhou 7% de redução nas emissões de CO², caindo<br />

de 203g/km para 189g/km. Ele ainda possui uma performance melhorada<br />

em relação ao anterior, fazendo de 0-100km/h em 8,1 segundos<br />

— uma redução de 1,2 segundos.<br />

A versão mais potente do novo Discovery exibe uma performance impressionante<br />

com o motor 3.0 V6 de 340 cv. Desenvolvendo 450 Nm<br />

de torque, ele acelera o novo Discovery de 0 a 100km/h em 7,1 segundos,<br />

chegando a 209 km/h.<br />

go anywhere | 37


AVENTURA - UM CLÁSSICO NO DESERTO<br />

EXPEDIÇÃO<br />

TRANS-SAHARA<br />

O deserto do Sahara, no coração do continente africano, ocupa 5.600.000 Km quadrados e há<br />

muitos séculos vem atraindo exploradores e aventureiros em busca de lendárias cidades perdidas,<br />

magnificantes oásis escondidos pelas dunas imensas e novas rotas para atravessá-lo. O mito da<br />

travessia do Saara, um deserto maior do que todos os outros do planeta somados e multiplicados<br />

por três, vem exercendo um fascínio sobre os homens desde que estes habitam a terra.<br />

Por Milton Tesserolli Filho<br />

Fotos Douglas de Oliveira e Marcos Prado<br />

*Nota dos editores: As imagens dessa matéria cedidas por seus autores, foram captadas em filme fotográfico, que ao longo dos<br />

anos de uso adquiriu marcas, que não apagamos. Assim como fazemos com nossos Land Rovers, preservando sua história<br />

38 | go anywhere


Ali, o dramático perfil de maciços montanhosos com altitudes superiores<br />

a 4 mil metros, convive com as infindáveis planícies de cascalho e<br />

hipnotizantes dunas de areia de proporções oceânicas, juntando-se<br />

para compor um dos mais inóspitos ecossistemas do planeta.<br />

Considerando-se que jamais uma expedição composta exclusivamente<br />

de brasileiros, havia atravessado estas paragens, únicas em suas<br />

características, fica evidente a sua importância na história das<br />

expedições 4x4 brasileiras.<br />

Trata-se de uma expedição que aconteceu há, exatos, 30 anos e que<br />

mereceria um livro, pois muitas são as estórias para contar. Aqui, nesta<br />

matéria, tentaremos passar um pouco das emoções desta inédita<br />

aventura!<br />

Em meados de 1987 e após ter organizado e realizado outras expedições<br />

- as quais destacam-se: a Amazônia Série 1 em 1980, a Rota dos Andes<br />

em 1983/2008, a Rota Marítima Salvador-Rio (a bordo de um Supercat<br />

17”), também em 1983, e a Expedição Oeste Amazônica em 1984/1985,<br />

que percorreu as mais duras rotas da região, chegando até a Guiana<br />

Inglesa e Venezuela através de trilhas na floresta equatorial, eu estava a<br />

procura do próximo desafio. Foi quando me encontrei com o experiente<br />

amigo Tito Rosemberg para conversarmos sobre o assunto e trocarmos<br />

“figurinhas” sobre os nossos Series. Ele na época possuía um Serie 2<br />

1966, carro que comprei posteriormente e dei à minha filha Lim quando<br />

nasceu, em 1997.<br />

Tito é escritor, jornalista, veterano com muitos anos de viagem em cinco<br />

continentes, incluindo um período de três anos na África, sendo seis<br />

meses exclusivamente pesquisando a região saariana em seu próprio<br />

Land Rover. Piloto da primeira equipe brasileira do Camel Trophy<br />

Borneo 1985, onde recebeu de seus próprios colegas, de oito países<br />

participantes, o troféu “Team Spirit Awards”.<br />

O papo foi inspirador, quando Tito começou a descrever as suas<br />

experiências na África. Eu, imediatamente, percebi que o desafio seria<br />

por lá, embora envolvesse uma complicadíssima logística e uma boa<br />

reserva de recursos. Ele foi o grande mentor deste roteiro que deveria<br />

acontecer no início do ano seguinte, quando as condições climáticas<br />

seriam mais favoráveis.<br />

Assim, imediatamente acionamos a equipe da Landscape Expedições<br />

que, na época, era a empresa que gerenciava as nossa aventuras e<br />

contratos com patrocinadores. Partimos para as pesquisas, contatos<br />

com patrocinadores, definição da equipe e etc.<br />

Nesta ocasião, convidei o Kiko (Francisco Ferraz), meu antigo parceiro<br />

em outras aventuras, que possuía um Toyota Bandeirante igual a do Tito<br />

e, para ser meu co piloto, o grande amigo venezuelano Tony Velasquez<br />

que na época residia no Brasil. Na sequência, o ainda desconhecido mas<br />

sempre brilhante, fotógrafo, Marcos Prado foi o convidado do Tito e o<br />

fotógrafo Douglas de Oliveira seria o co-piloto do Kiko. O nosso “Crew”<br />

estava formado; seis pessoas e três 4x4 sendo o meu um Série 3 - 1974<br />

diesel, com 14 anos de idade.<br />

Logo conseguimos viabilizar apoios e patrocinadores para o projeto e<br />

começamos a preparar os veículos e equipamentos. No meu caso, esta<br />

parte sempre foi especialmente desafiadora e trabalhosa pois precisava<br />

restaurar, pela segunda vez, o meu Serie 3 cujos serviços eu realizava<br />

pessoalmente em minha garagem. Desde que comecei as expedições<br />

em 1980 somente utilizei veículos Land Rover, Serie 1, 2 e 3 que eram<br />

garimpados, restaurados, muito utilizados e sempre reciclados para as<br />

próximas aventuras!<br />

A expedição partiu do Rio de janeiro, na primeira semana de fevereiro<br />

de 1988. Os veículos, um Land Rover Series 3 de 1974 e dois Toyotas<br />

Bandeirante, foram enviados por via marítima com antecedência de<br />

trinta dias para o porto de Livorno na Itália, onde os tripulantes se<br />

reuniram. Após minuciosa inspeção pela alfândega italiana, fomos<br />

liberados, embarcando em outro barco, um ferry que nos levaria até a<br />

Córsega, depois Sardenha e finalmente até a Tunísia, em solo africano,<br />

onde iniciamos o percurso pelo Saara.<br />

go anywhere | 39


AVENTURA - UM CLÁSSICO NO DESERTO<br />

Ainda em Tunis, obtivemos as licenças para a travessia do deserto<br />

e pudemos garimpar algumas raras peças reservas para o nosso LR.<br />

Conhecemos uma loja onde pudemos iniciar o escambo, prática<br />

que perdurou por toda a expedição. Nesse dia, algumas peças de<br />

embreagem foram trocadas por revistas brasileiras…<br />

Rumo ao deserto, logo chegamos a complicada fronteira com a Argélia,<br />

país onde aconteceria a maior parte da travessia. Uma imensa fila<br />

com veículos de todo o tipo, muitos deles 4x4 preparados, Unimogs,<br />

motocicletas e aventureiros de todas as partes do mundo, denunciavam<br />

que estávamos no lugar certo! Foram muitas e muitas horas até sermos<br />

liberados para atravessar.<br />

A Argélia sempre foi um país muito fechado, rígido e com várias<br />

restrições. Para atravessar o país, fomos obrigados a comprar uma determinada<br />

quantidade de dinheiro deles mas, ao sair, tínhamos que<br />

prestar contas e devolver o dinheiro que sobrasse. Ou seja, não poderíamos<br />

sair do país sem gastar tudo. Isto nos causou grande embaraço na<br />

saída para o Marrocos e, por pouco, a coisa não ficou mais séria.<br />

Muita escassez de alimentos, nenhuma bebida alcoólica pois eram<br />

proibidas e, praticamente, nada para comprar. Frequentemente,<br />

trocávamos objetos pessoais como: canetas, camisetas, óculos e etc por<br />

combustível e comida. Ele preferiam ao dinheiro vivo.<br />

Logo fomos nos afastando da civilização e os trechos tornaram-se<br />

mais difíceis e desafiadores. Vale lembrar que, naquela ocasião, não<br />

existiam telefones celulares nem GPS e que toda a nossa navegação<br />

foi feita baseada em pesquisas, dicas de livros de outros aventureiros,<br />

mapas, cartas e bússolas! Qualquer aparelho de radiocomunicação era<br />

proibido, mesmo entre os carros. De qualquer forma, nós transportamos<br />

clandestinamente um rádio desmontado e escondido, para ser utilizado<br />

numa emergência extrema. Este aspecto, certamente deu uma outra<br />

dimensão as emoções que estavam por vir.<br />

Em certo trecho e após rodar dias pelas areias sem cruzar com nada<br />

muito longe de qualquer sinal de habitação humana, começamos a nos<br />

questionar se estávamos de fato no rumo correto. Pelos nossos cálculos,<br />

deveríamos ter passado por alguns marcos que não foram encontrados.<br />

Foi então que a dúvida tomou conta da equipe e decidimos adotar<br />

uma estratégia de emergência, alterando a forma de navegar e nos<br />

distanciando uns dos outros de forma segura, para tentar localizar<br />

alguma referência além de racionar o combustível , água e alimentos.<br />

Após alguns dias de apreensão, um de nós localizou o brilho de um<br />

carro no horizonte. Imediatamente seguimos na mesma direção até<br />

encontrá-lo. Eram dois franceses que também estavam encarando o<br />

desafio da travessia numa pick-up. Pudemos então confimar, aliviados,<br />

que todos estávamos na rota correta. Naquela noite fizemos um jantar<br />

especial para celebrar e acampamos debaixo de um céu indescritível.<br />

40 | go anywhere


Uma das coisas mais especiais desta expedição foram as observações<br />

astronômicas. Frequentemente, subíamos até o topo das dunas e<br />

ficávamos por horas observando o céu, uma grande quantidade de<br />

estrelas cadente e objetos não identificados. Como somos minúsculos<br />

diante de tamanha imensidão!<br />

Absolutamente fascinante e mágico é o céu do Sahara!<br />

Enfrentamos muitos trechos de areia e fantásticas dunas, mas o deserto<br />

também apresenta incríveis regiões rochosas e montanhas formadas<br />

por vulcões extintos que dão um aspecto extraterreno àquela paisagem<br />

única e marcante. Passamos por tempestades de areia fortíssimas<br />

mas precisávamos nos manter em movimento para não sucumbirmos<br />

enterrados pela rápida quantidade de areia. Por outro lado, a navegação<br />

tornava-se impossível, então seguíamos às cegas por horas sob o risco<br />

de nos perdermos.<br />

A areia muito fofa era outro desafio, exigia o máximo dos veículos e<br />

muitas vezes a temperatura dos motores subia e então precisávamos<br />

seguir reduzidos, em baixíssima velocidade. Em geral, os três veículos<br />

comportaram-se muito bem e o Série 3 sentiu-se totalmente à vontade.<br />

Tivemos apenas uma mola mestra partida que foi substituída em Ilizi<br />

(Argélia), após dois dias de negociações. Lá, depois de muita conversa<br />

com os desconfiados Tuaregs, conseguimos, através deles, comprar<br />

uma mola usada igual, retirada de uma sucata do governo.<br />

go anywhere | 41


AVENTURA - UM CLÁSSICO NO DESERTO<br />

Sobre a alimentação, nós transportávamos praticamente toda a comida<br />

que sería consumida mas, eventualmente, conseguíamos algo local<br />

que, inevitavelmente, era couscous com frango. Quando cozinhávamos<br />

fora dos veículos, as panelas sempre ficavam com um dedinho de<br />

areia no fundo, soprada pelo vento constante. Tempero do deserto!<br />

Fazíamos muita sopa, sempre incrementadas com o que conseguíamos<br />

localmente, como tâmaras e enormes azeitonas suculentas e saborosas.<br />

Tudo, obtido através de trocas com os locais.<br />

Acampávamos todos os dias, alguns dormiam em barracas outros<br />

preferiam acomodar-se dentro dos veículos. No meu caso, fiz uma<br />

adaptação na parte traseira do Série 88” montando uma cama para<br />

duas pessoas dormirem confortavelmente. Funcionou muito bem e<br />

nos livrou do frio, tempestades de areia e dos indesejáveis e perigosos<br />

escorpiões do deserto que sempre apareciam nos acampamentos. É<br />

importante proteger-se da amplitude térmica de cerca de 30/40 graus<br />

diariamente. Temperaturas diurnas de até 40 positivo e noturna de até<br />

5 negativo, são sempre um desafio a mais para manter o corpo saudável<br />

e com energia. Neste ponto, aprendemos que os turbantes, túnicas e<br />

o chá quente de hortelã, consumido muitas vezes durante o dia, ajuda<br />

muito a manter este equilíbrio.<br />

Um dos pontos mais difíceis numa expedição é o aspecto humano, onde<br />

pessoas totalmente diferentes se reúnem para executar uma missão<br />

de exploração e aventura com riscos, privações e desafios pessoais,<br />

muitas vezes, desconhecidos. Torna-se um mergulho interior onde<br />

somos desafiados a nos conhecer melhor, manter o controle e estarmos<br />

prontos para enfrentar as novas faces de nossos companheiros com<br />

muita tolerância e resiliência. Talvez, este aspecto seja um dos desafios<br />

mais complicados de se administrar, contudo pode tornar-se uma grande<br />

oportunidade para o autoconhecimento e o crescimento pessoal. Eu<br />

diria que, em cada expedição, realizamos uma outra, interna, oculta e<br />

muito gratificante para evoluirmos como seres humanos. Nesta, como<br />

em tantas outras aventuras, também enfrentamos desafios que foram<br />

administrados de forma a satisfazer, dentro do possível, os anseios e<br />

expectativas de cada um.<br />

Ao final, todos tiveram um grande aprendizado: chegaram bem e<br />

concluíram os seus objetivos com sucesso!<br />

De forma geral o relacionamento com os locais foi sempre muito<br />

amigável e gratificante, especialmente quando nos afastavamos das<br />

cidades maiores. A curiosidade e simpatia pelo Brasil estavam sempre<br />

presentes e todos muito solícitos e carentes.<br />

Na época da expedição, eu estudava Arqueologia e Direito e tinha um<br />

objetivo pessoal de tentar localizar um já conhecido sítio arqueológico<br />

perdido nas areias do Sahara. Por sorte e com algumas dicas obtidas<br />

num livro comprador pelo Tito, conseguimos chegar lá e após algumas<br />

horas de exploração, localizar fragmentos de objetos que confirmavam<br />

a passagem de povos muito antigos pela região. Neste fascinante local,<br />

tive a sorte de encontrar entre os fragmentos uma moeda francesa da<br />

década de 1930, o que comprovou que muito antes de nós aventureiros<br />

franceses estiveram por ali!<br />

O Sahara é lugar de fortes contrastes e mistérios. Um momento<br />

inesquecível foi quando deixávamos o Sahara. Após um longo período<br />

nas areias, visualizamos o topo das montanhas Atlas, coberto de neve.<br />

Em seguida, atravessamos uma indescritível nuvem de gafanhotos<br />

com milhares de insetos se espatifando contra os nossos carros. Foi<br />

preciso parar, aguardar e limpar os para-brisas para prosseguir viagem!<br />

Após Ouarzazate a paisagem foi mudando, ficando mais colorida até<br />

atravessarmos a cordilheira e descemos rumo a Marrakech, Casablanca<br />

e Tânger, com o oceano atlântico ao fundo.<br />

A expedição percorreu um total aproximado de 9 mil quilômetros,<br />

num período de 8 semanas, a maior parte, numa região composta<br />

42 | go anywhere


asicamente por extensas dunas e maciços montanhosos desabitados<br />

e onde noventa por cento do percurso era formado por precárias trilhas<br />

entre oasis e rotas seculares usadas por caravanas de camelos até hoje.<br />

Iniciamos na Itália e terminamos na França mas na África percorremos<br />

três países; Tunísia, Argélia e Marrocos. As principais localidades<br />

visitadas foram Tunis, Tozeur, Touggourt, Hassi Messaoud, Hassi Bel<br />

Guebur, In Amenas, Fort Gardel, Djenet, Tamanrasset, In Salah, Reggane,<br />

Adrar, Bechar, Boudnib, Ouarzazate, Marrakech, Agadir, Fès, Meknès,<br />

Casablanca e Tânger, ponto final da expedição. De lá parte dos veículos<br />

e tripulação retornaram ao Brasil. Eu precisava desembarcar na França<br />

pois o meu Série retornaria ao Brasil a partir do porto de Le Havre. Então,<br />

continuei com o Kiko partindo num navio até Sete, de onde seguimos<br />

para Courchevel, Paris e finalmente Le Havre. Ali, me despedi do meu<br />

Serie 3, grande companheiro de muitas aventuras e confirmei mais uma<br />

vez o porquê deste legendário veículo ser único, não apenas pela sua<br />

qualidade, evidentemente, mas por ser uma das melhores ferramentas<br />

feitas pelo homem para conhecer o mundo e relacionar-se com seus<br />

habitantes de qualquer país, religião, raça, tornando-se um verdadeiro<br />

“fazedor de amigos”!<br />

Agradeço muito a oportunidade que tive de realizar este sonho junto de<br />

pessoas tão especiais! Tony, Tito, Kiko, Douglas e Marcos, muito obrigado<br />

pela amizade e excepcionais lembranças. Agora vamos preparar outra<br />

para celebrar!!!<br />

ONE LIFE, LIVE IT!<br />

go anywhere | 43


LAND ROVER OWNER<br />

“MY NAME IS BOND,<br />

ERNIE<br />

BOND”<br />

44 | go anywhere


Ele parece ter saído de um Road movie.<br />

Por trás da cara de bravo, de quem vai puxar uma<br />

calibre 12 escondida em algum lugar em sua<br />

garagem, está uma personalidade importante<br />

no meio Land Rover. Conhecedor, inteligente,<br />

culto e dotado de uma simplicidade e de um<br />

senso de humor notáveis. Resgatou e restaurou<br />

belos exemplares da marca Land Rover no Brasil.<br />

E é um grande garimpeiro de peças de Series.<br />

Por Eduardo R C Rocha<br />

Fotos Reinaldo Junqueira<br />

Ernie trabalha com artes e antiguidades. Um profissional com<br />

conhecimento e sensibilidade para reconhecer o que é bom. De um<br />

lustre Lalique ou de um jogo de chá de porcelana de Sèvres a um bom<br />

exemplar de Land Rover jogado em alguma fazenda pelo interior do<br />

Brasil.<br />

Ernie sempre gostou de jipe, mas não tinha dinheiro. Tinha uns carros<br />

velhos, todos arregaçados (segundo ele) até que um dia, viu um anúncio<br />

vendendo um Land Rover, um defender baratinho, em 2001. Resolveu<br />

que era hora de ter seu Land Rover.<br />

Uma segunda feira foi lá ver o carro. Era nada mais, nada menos que<br />

o Luiz Fraga, dono da Specialist. Sua oficina ficava próxima a Avenida<br />

Santo Amaro.<br />

Ernie chegou com o anúncio na mão, todo humilde e o Luiz Fraga, disse:<br />

“fique a vontade, ele está lá atrás”, era um vermelho de capota branca,<br />

SW. “Era um lixo, feio como satanás. Ele não tinha painel e a placa era<br />

de Cabo Frio, pior ainda, quando eu vi que não tinha painel e que estava<br />

lotado de terra e com as rodas enferrujadas”. Agradeci ao Luiz e disse<br />

que o carro não era pra mim.<br />

No domingo seguinte, viu um anúncio no Estadão, era da Option,<br />

chegou 8 da manhã, antes de abrir a concessionária, sentou na escada<br />

e esperou abrir. Quando abriu, disse que tinha ído por conta do anúncio<br />

e o vendedor disse que já estava vendido. “Como assim? Você anunciou<br />

no domingo, cheguei antes da concessionária abrir!” “Deixa eu ver o<br />

carro!”. Era um SW verde, soft top com guincho e estepe no capô. Ernie<br />

não se conformou. Depois, descobriu que o carro estava reservado para<br />

um cara que nem foi ver e foi vendido para um terceiro.<br />

Foi então ver um outro, que era de um diretor do Grupo Pão de Açúcar,<br />

como mora na região da sede do Pão de Açúcar, ligou, uma secretária<br />

o atendeu, marcou hora e ficou na porta esperando ela descer. Ela<br />

demorou uma hora e meia e disse que o carro estava na garagem.<br />

“Teria a chave para olhar por dentro?” Não! “Posso fazer uma oferta?”<br />

Mais uma vez um sonoro não. Foi embora e não comprou novamente.<br />

Anos depois conheceu esse diretor na oficina do Luis Fraga e disse: “sua<br />

secretária é o mau humor personificado”. “É bonita, mas uma casca de<br />

ferida. Deixei de comprar seu carro”.<br />

go anywhere | 45


LAND ROVER OWNER<br />

Um dia foi na Option e o vendedor disse para eu comprar um Defender<br />

novo, estava por R$53.000,00. Devia ter um cinquenta mil, fui na loja de<br />

um amigo e queimei o Monza.<br />

Comprou o Defender sem nunca ter guiado um. Foi ao test drive. Um<br />

Defender que ficava em cima de um monte de paralelepídedos e tinha<br />

que descer uma escadaria no showroom. Pegou a chave e disse: “onde<br />

que liga?” Aí ele disse que era do outro lado. Ligou. “Cadê o vidro<br />

elétrico?” “Não tem, é aquela maçaneta alí embaixo. Olhou para o<br />

vendedor e pensou: “Arrependimento”.<br />

Ernie andava no mais legítimo estilo praiano, de bermuda e chinelo.<br />

Tranquilo, crente que já dominava aquela máquina. Quando foi sair<br />

já deu uma fechada geral nas 3 pistas da Av. Berrini pois o carro não<br />

esterça e ele não sabia disso. Saiu na pista da esquerda e já foi entrar na<br />

primeira rua (à direita), já fechando todo mundo novamente. Xingaram<br />

muito!<br />

Voltaram, pagou e não queria voltar dirigindo. “Eu não quero mais esse<br />

carro, pode colocar pra vender que eu não quero mais!”. O vendedor<br />

disse que o carro era ideal para ele, que ele tinha todo o perfil e<br />

que tão logo se acostumasse, que nunca mais ia se desfazer dele.<br />

Segundo Ernie, até agora ele não sabe se foi algum tipo de profecia ou<br />

uma maldição pois está com ele até hoje.<br />

Tempos depois, foi a um evento promovido pela Land Rover em<br />

Tiradentes. Foi o primeiro a chegar, os primeiros 10 números eram da<br />

organização, o 11 era dele.<br />

Como trabalhava com antiguidades, na segunda feira era o início da sua<br />

folga. Ao chegar lá num estacionamento enorme, perto da estação de<br />

trem, começou a ouvir uma música engraçada (letra impublicável) e um<br />

grupo se matando de rir. Uns “xaropes”, mas muito boa gente. Ficaram<br />

amigos.<br />

No dia do passeio no evento foi no Series I 1948 do Mathias, que apesar<br />

de ser uma mistureba (motor de Opala e etc) ganhou o Prêmio de carro<br />

mais antigo no evento. Ernie ficou com isso na cabeça. Era a semente do<br />

que estava por vir.<br />

Aí numa outra ocasião foi visitar os amigos em Taubaté e disseram para<br />

ele: “ô inglês, tem um Serie I para vender em Caçapava, numa fazenda de<br />

café”. Foram lá ver. Conversou com o responsável pelo espólio e fechou<br />

46 | go anywhere


de elite britânicas. A cor rosa se torna especialmente eficiente em<br />

deslocamentos no deserto especialmente no amanhecer e por do sol).<br />

Mas como vivemos num país onde “se perde o amigo, mas não se perde<br />

a piada”, achou melhor optar pelo “Marfim da Malásia.<br />

A capota (inglesa), cardan, painel e etc, foram comprados aqui em São<br />

Paulo. A capota está com as marcas do tempo, o que dá um charme<br />

especial ao carro.<br />

a compra do carro por R$ 4.500,00. Mais um guincho de Caçapava a<br />

Taubaté, onde começou o restauro desse carro. Era um 1952. Mas o<br />

chassi estava podre. Totalmente podre. Aí acabou comprando um chassi<br />

do Marcos Scavacini em Itu, que designou um alemão para negociar<br />

com ele. Segundo Ernie, o homem “arrancou-lhe o couro”. Mas acabou<br />

comprando quase um Serie I inteiro desmontado, que trouxe até<br />

Taubaté para o início dos trabalhos.<br />

Hoje está em fase final de restauro, numa cor chamada “Beige<br />

Malaysian Ivory”, uma cor que não faz parte da paleta de cores da Land<br />

Rover, mas que é muito bonita. Cogitou até fazer em “Pink Panther”<br />

(cor utilizada nos Land Rover, pelo SAS, Special Air Service ou as tropas<br />

O motor estava com o bloco trincado e Ernie ficou mais de 1 ano e<br />

meio procurando um bloco. Mas como rodava muito por São Paulo<br />

atrás dessas coisas, acabou encontrando na Garagem Palácio, antiga<br />

oficina de São Paulo, na rua Martim Francisco, dois motores no chão.<br />

Um 1.6 e outro 2.0. Ele pediu para separar a peças de um e de outro,<br />

que viria buscar em 1 semana. Voltou e o dono da oficina havia vendido<br />

cada motor por R$100,00. Continuou a busca e acabou encontrando<br />

um bloco 2.0 em Interlagos, com um senhor chamado Elmo. Levou o<br />

bloco e os outros componentes na retífica Retifort, onde foi feito todo<br />

o serviço do motor. Carburador foi feito numa empresa próximo da via<br />

Anchieta, radiador foi feito na Radiadores Pinguin e motor de arranque<br />

e dínamo feitos no Yamada em frente à The Specialist.<br />

Garimpou alguns acessórios de época, inclusive um curioso suporte de<br />

fuzil para ele. Com seus conhecimentos no mercado de antiguidades,<br />

conseguiu que um restaurador de peças em baquelite, refizesse o<br />

volante inteiro. Ficou perfeito!<br />

Ernie ia ao menos duas vezes por mês a Taubaté para levar peças e<br />

insumos. Agora já está em fase final, quase quase. Na primeira partida,<br />

saiu agua para todo lado. Na segunda, foi o volante que saiu na mão<br />

dele. Mas faz parte da aventura que é restaurar um carro.<br />

go anywhere | 47


LAND ROVER OWNER<br />

Nesse meio tempo, ele sofreu um acidente grave na Serra do Corvo<br />

Branco e seu Defender 90 prata, foi condenado. Acabou comprando um<br />

Defender 90 2003 que hoje tem incríveis 39.000 km e que roda pouco.<br />

O do acidente, foi recuperado pelo Mathias de Taubaté e é o carro de<br />

uso frequente.<br />

O tempo passou e apareceu um Serie IIA 1965, a venda em Curitiba. O<br />

valor era alto, mas fez uma oferta e o vendedor aceitou.<br />

Almoçou um risoto e meteu o pé na estrada. O carro não tinha luzes, não<br />

tinha freios, não tinha nada, nem buzina, a BR 116 toda cheia de desvios<br />

e para piorar o risoto não caiu bem. Veio visitando inúmeros banheiros<br />

pelo caminho. O carro não passava de 40km/h pois estava travado<br />

na reduzida. Conseguiu chegar em casa e apagou. No dia seguinte ao<br />

olhar o carro na garagem, havia ao menos uns 16 vazamentos de óleo.<br />

Rodas, motor e locais diversos. Passou uns 10 anos reparando todos os<br />

problemas. Deu trabalho, mas é um carro bem raro no Brasil, um Diesel<br />

aspirado.<br />

Esse Serie IIA tem algumas curiosidades. Foi fabricado tanto para<br />

exportação, para uso civil ou militar. Ele tem as lanternas dianteiras uma<br />

ao lado da outra. Se fosse para uso civil, na Inglaterra, seria uma em<br />

cima da outra. Lado a lado, ela permitem a instalação de um Jerry Can<br />

na frente do carro sem cobrir as lanternas. Ele foi doado a um convento<br />

de freiras no Paraná, provavelmente pelo Vaticano e ficou muitos<br />

anos parado em uma garagem, até ser comprado pela pessoa que o<br />

vendeu para ele. Como as religiosas não sabiam como mudar os modos<br />

de tração, então deixavam ele sempre em modo 4x4 reduzido e isso<br />

acabou prejudicando seu bom funcionamento, depois de parado por<br />

décadas.<br />

Alguns Series ainda estão pelo Brasil, mas muitos descaracterizados,<br />

o que é uma pena. As dificuldades aqui são imensas para o restauro.<br />

Muito a ser feito.<br />

Ernie chegou a ter um Serie I 1951, todo documentado, que acabou<br />

vendendo para o dono da Galvanizadora Aeroporto. Esse também<br />

um verdadeiro calvário na busca de peças para o restauro. Por isso,<br />

sempre que encontrava algo para os Land Rovers antigos, arrematava<br />

como forma de preservar um estoque de peças caso fosse necessário.<br />

Chegou a arrematar todo o estoque de peças da Garagem Palácio, que<br />

foi oficina Land Rover nos anos 50, 60 e 70. Nesses itens estão inclusive<br />

uma tomada de força e dois guinchos Capstan (na caixa).<br />

Perguntado se vai encarar algum projeto novo, foi taxativo: “ Não vou<br />

adquirir mais nada. É com esses que vou até o fim da vida”. É uma eterna<br />

busca de fornecedores, noites sem dormir pensando no projeto. Aí você<br />

encontra um fornecedor para fabricar os tanques de combustível em<br />

Piracicaba. Mas ainda falta uma série de itens. E a busca recomeça. É um<br />

trabalho de muita paciência.<br />

“O cara que quer restaurar, não pode ter pressa e tem que saber que<br />

não vai ter moleza. Vai ter que procurar muito, no Brasil e no exterior.<br />

Fora do Brasil tem que procurar os detalhes, as peças pequenas e no<br />

Brasil as peças grandes e pesadas. Mas sem paciência, melhor pensar<br />

em outra coisa”.<br />

48 | go anywhere


VOCÊ ESCOLHE SEU DESTINO,<br />

NÓS PREPARAMOS SEU LAND ROVER<br />

PARA CHEGAR LÁ<br />

Manutenção<br />

Restauração<br />

Performance<br />

@landwaycwb<br />

Curitiba - PR


TÉCNICA - Defender Tdi e Tdci - Vinícius Maestrelli e Ricardo Pocholo<br />

Motor Tdi - Sistema<br />

de arrefecimento<br />

Para este nosso primeiro artigo abordando a motorização Tdi, seja dos<br />

“Defenders” ou dos “Discoveries” não tem como falar de outro tema<br />

que não seja o sistema de arrefecimento.<br />

Este sistema é composto por alguns itens críticos que procuraremos tratar<br />

aqui. O sistema de arrefecimento contém, além do radiador e mangueiras<br />

facilmente identificados por todos, o vaso de expansão, a tampa do<br />

vaso de expansão, o ejetor, a bomba dágua, a válvula termostática, os<br />

famosos plugues plásticos, o tubo metálico para o sistema do ar quente,<br />

o radiador do ar quente, os selos do bloco e cabeçote, o conjunto hélice<br />

com seu elemento viscoso, o sensor de temperatura e por fim o fluído de<br />

arrefecimento.<br />

Como podem ver temos muito assunto para tratar aqui sobre cada um dos<br />

elementos deste sistema, suas vulnerabilidades e cuidados. Procuraremos<br />

trata-los priorizando-os em função da criticidade de cada um.<br />

Abordaremos neste primeiro artigo dois tópicos. O procedimento<br />

correto para enchimento do sistema e eliminação de ar e os aspectos<br />

envolvendo os dois famosos plugues plásticos, um posicionado sobre o<br />

radiador e outro posicionado bem na frente do motor, na campânula da<br />

válvula termostática. Estes plugues foram aí posicionados para permitir<br />

a eliminação da presença de ar no sistema de arrefecimento durante<br />

a fase de enchimento, por isto que eles estão no ponto mais alto do<br />

radiador e do bloco do motor respectivamente.<br />

Existe uma lenda sobre estes plugues que diz que eles são plásticos para<br />

atuarem como um “fusível”. A alegação seria de que no caso de um<br />

aumento de pressão ou temperatura do sistema eles se romperiam para<br />

proteger o motor. Esta alegação não se sustenta, pois seria o primeiro<br />

caso de um fusível que perante uma anomalia termina por danificar<br />

tudo. Seria como ter na sua casa um fusível na entrada de luz que no<br />

caso de um distúrbio na rede elétrica permite que pegue fogo na casa<br />

ao invés de isolar da rede para protege-la. Não vamos entrar aqui no<br />

motivo de serem em plástico mas o fato é que devem ser substituídos<br />

por plugues metálicos o mais rápido possível, pois se não tiverem a<br />

preventiva adequada irão falhar. E como tenho dito a quem me pergunta<br />

é melhor encarar a troca de forma planejada do que eles falharem por<br />

ressecamento num passeio ou à noite numa estrada deserta e com<br />

a família dentro do carro. A troca destes plugues abordaremos na<br />

sequência, mas vamos retomar o assunto do enchimento do sistema.<br />

Para o enchimento correto do sistema, estando o carro em um piso<br />

nivelado, com todas as mangueiras adequadamente instaladas e<br />

com suas abraçadeiras apertadas, inicia-se adicionando fluído de<br />

arrefecimento pelo reservatório de expansão até que surja fluído no<br />

orifício superior do radiador, isto significa que o radiador está cheio<br />

e sem qualquer bolsão de ar. Neste momento para-se de adicionar<br />

o fluído e instala-se o plugue do radiador, utilizando um plugue com<br />

rosca BSP (paralela) com sede de vedação para um anel o’ring de<br />

borracha conforme o part-number ERR4686 (figura no alto da página<br />

ao lado). Evite usar bujões hidráulicos com rosca NPT (cônica) pois<br />

este tipo de rosca promove a vedação nos fios da mesma e por ser<br />

cônica, forçam a peça de alumínio que é fundida e corre-se o risco de<br />

trincamento e comprometimento da campânula da termostática ou da<br />

caixa do radiador, ambos itens de alto valor em caso de necessidade de<br />

substituição.<br />

Instalado o plugue adequado prossegue-se com a adição de fluído até<br />

que o mesmo apareça no orifício da campânula da termostática. Isto<br />

significa que todo o bloco do motor, cabeçote e radiador do ar quente<br />

estão cheios. Neste momento interrompe-se a adição de fluído e instalase<br />

o plugue no orifício da campânula seguindo as orientações acima.<br />

Com os dois plugues apertados e com o intuito de garantir a eliminação<br />

de qualquer bolha de ar no sistema, recomenda-se a desconexão da<br />

mangueira fina que sai da campânula da termostática para o ejetor,<br />

o tamponamento da mangueira com um “batoque” de madeira ou<br />

mesmo um parafuso, e a instalação na conexão da campânula de uma<br />

mangueira cristal, daquelas finas e transparentes, de forma que a outra<br />

50 | go anywhere


elógio analógico. Nesta condição observe todos os pontos quanto<br />

a vazamentos. Se tudo ok, numa condição de motor frio novamente,<br />

confira e corrija se necessário o nível de fluído no reservatório, confira<br />

o aperto de mangueiras e fique atento ao surgimento de manchas<br />

da mesma cor do aditivo utilizado no interior do cofre do motor. Eles<br />

denotam a existência de algum vazamento de fluído aquecido, onde a<br />

água evapora e o fluído fica depositado no local.<br />

ponta desta mangueira chegue até o reservatório de expansão que<br />

será mantido neste momento sem a tampa. Nesta condição, funcione<br />

o motor em marcha lenta por alguns minutos para acompanhar a<br />

circulação de fluído pela mangueira transparente onde poderá observar<br />

que num primeiro momento ela permanece sem circulação e à medida<br />

que todo o ar do sistema vai saindo por ela vai sendo possível visualizar o<br />

início da circulação de fluído até que as bolhas de ar vão rareando. Estas<br />

bolhas não cessarão mas reduzirão bastante e é normal que algumas<br />

passagens de ar pela mangueira cristal sejam observadas.<br />

Quando estiver nesta condição, pare o motor e remova a mangueira<br />

cristal, reconecte a mangueira do ejetor na campânula, verifique o nível<br />

do reservatório e acerte se necessário, instale a tampa, aperte-a com<br />

a mão e pronto. Seu sistema de arrefecimento estará cheio e isento<br />

de bolhas de ar. Funcione o motor novamente e deixe-o funcionando<br />

até que o ponteiro da temperatura do fluído no painel atinja o ponto<br />

normal de funcionamento, que seria algo como 10:55 horas num<br />

Entenda-se como fluído de arrefecimento o produto obtido pela<br />

mistura de água desmineralizada com aditivo para radiadores de<br />

automóveis e veículos comerciais leves movidos à gasolina, etanol, GNV<br />

ou diesel. Produto de tecnologia orgânica, com etilenoglicol, isento de<br />

nitrito e silicato na proporção de 1 para 1, ou seja, para cada litro de aditivo<br />

um litro de água desmineralizada. O manual da Land-Rover recomenda o<br />

Texaco XLC, substituído pelo Havoline XLC Extended Life e para completar<br />

todo o sistema de arrefecimento necessita-se de 11,5 litros de fluído.<br />

Seu ponteiro do painel não chegou na temperatura ideal? Tem duvida se<br />

sua termostática está boa e não sabe como testá-la? Sua tampa do vaso<br />

de expansão sempre vaza um pouquinho? Tem dúvida se seu ejetor está<br />

funcionando bem e não sabe como limpá-lo? Então aguarde as cenas dos<br />

próximos artigos.<br />

Uma piscada de farol e um abraço reduzido e bloqueado à todos.<br />

Evite o furto de sua Landrover linha Defender<br />

Volante antifurto<br />

• Blindado<br />

• Chave multiponto codificada<br />

• Rolamentos especiais<br />

Ao ser acionado o volante antifurto fica solto evitando que<br />

seu veículo seja retirado do local.<br />

Consulte outras opções de cores e modelos!<br />

Fácil instalação! Garantia de fábrica!<br />

(41) 99677-9646


TÉCNICA - Discovery II - Evandro Miranda<br />

3 AMIGOS. AMIGOS?<br />

Quem nunca teve<br />

a inesperada visita<br />

de 3 amigos<br />

no seu carro?<br />

Mas isso não é tão assustador como dizem por ai... Relaxe!<br />

Os 3 amigos pegam uma carona contigo quando ocorre alguma falha<br />

relacionada ao sistema de ABS, responsável também pelo controle de<br />

tração (TC) e o controle de descida (HDC - hill descent control), pode ser<br />

ocasionado por um mal posicionamento do sensor de ABS após uma manutenção<br />

de cubo, ou eixos, sujeira no sensor ou rompimento do cabo<br />

de comunicação.<br />

O problema também pode ser ocasionado por falha na válvula de comando<br />

do modulador do ABS também conhecida como suttle valve, os<br />

fios oxidam, quebram e perdem a comunicação.<br />

Shuttle Valve Switch<br />

Essa falha resulta em mal funcionamento no ABS, controle de tração ou o<br />

controle de descida, não interfere em nada no funcionamento do motor,<br />

partida do veículo... e acreditem... Não vai explodir... ;-)<br />

E como resolver isso?<br />

Fita isolante nas luzes do painel não é a melhor opção... Também não<br />

aconselho a retirar os leds que iluminam os avisos, embora já tenha visto<br />

muito disso...<br />

Sensor ABS<br />

Primeiro precisamos identificar onde está o problema. Com o auxílio de<br />

um scanner de diagnóstico ele dirá exatamente se o problema está no<br />

sensor de alguma das rodas ou na válvula do modulador. Tendo a informação<br />

do problema faça a correta manutenção ou substituição do sensor<br />

do ABS, da mesma forma em caso de problema na válvula do modulador,<br />

feito isso efetue novamente a leitura com o scanner de diagnóstico<br />

e apague os registros de erros armazenados na memória.<br />

Se depois de algum tempo que fez a manutenção no sistema do ABS os<br />

3 amigos voltarem, se prepare para um kit de sensores ABS novos e uma<br />

nova shuttle valve.<br />

Outro detalhe que você deve ficar atento é se realmente as luzes do painel<br />

estão funcionando corretamente, durante o processo de verificação,<br />

logo após virar a chave para a posição II, fique de olho se as luzes acendem<br />

no painel e logo após se apagam.<br />

Tela do Scanner<br />

Já tivemos experiências com carros onde o problema não foi resolvido e o<br />

sistema foi simplesmente desativado, claro que nunca da melhor forma.<br />

Vale lembrar que qualquer carro equipado com sistema de freio ABS está<br />

sujeito a esse tipo de problema. Na dúvida, procure uma oficina especializada<br />

Land Rover mais próxima.<br />

52 | go anywhere


TÉCNICA - O assunto é Series - Bigo Berg<br />

Os motores dos Serie I<br />

Como todo lançamento pós-guerra, a tecnologia do Land Rover Serie I<br />

foi baseada no que havia disponível à época. Havia excesso de alumínio,<br />

produzido para aviões da Segunda Guerra, e a carroceria foi desenvolvida<br />

com esse material. A cor verde utilizada, se deve à sobra de tinta<br />

de camuflagens militares e transformou-se na cor oficial do Land Rover<br />

Serie I.<br />

A gasolina que os veículos militares praticamente exauriram das reservas<br />

não era diferente, da disponível para os carros e portanto para os<br />

motores Land Rover. Os motores do modelo Serie I foram desenvolvidos<br />

portanto para esse combustível. À época a tecnologia disponível vinha<br />

dos carros ROVER da década de 1930. Além disso, era necessário aproveitar<br />

componentes já disponíveis em estoque.<br />

O Primeiro motor 1.6 L I4 (1948–1951) a gasolina produzia cerca de 50<br />

c.v. (37 kW; 51 CV). Ele equipava o Land Rover serie 1 de 80 polegadas<br />

entre eixos. Já de início, o motor apresentou problemas de aquecimento,<br />

assim, em 1952, alterações foram feitas no fluxo de arrefecimento,<br />

que melhoraram a eficiência e resistência.<br />

1.6 L I4 (1948–1951)<br />

Não há respiro na tampa de válvula.<br />

No final de 1954 o motor de 2 litros foi lançado. Equipava os Serie I de<br />

86” e 107” polegadas. Em 1956 o mesmo motor teve uma alteração<br />

no cabeçote em mais uma tentativa de melhoria no controle da temperatura<br />

do motor. O mesmo motor foi produzido até o ano de 1958,<br />

equipando os primeiros Land Rovers Serie II de 88” e 109” polegadas.<br />

Outro motor que equipava o Serie I, de 1957 a 1958, era um 2.0 L diesel<br />

I4. Ele foi um dos primeiros motores a diesel de alta velocidade desenvolvidos<br />

para uso rodoviário. Produzia cerca de 52 c.v. (39 kW) a 4.000<br />

rpm. A curta vida do motor foi causada por trincas nos pistões e erro<br />

de projeto do cabeçote. Este é um motor raro da marca Land Rover. É<br />

objeto de estudo entre os apaixonados por esses carros.<br />

2.0 L I4 (1950-1958)<br />

Respiro na tampa de válvula.<br />

Fato é que, além de ser um carro que só evoluiu com o tempo, o Land<br />

Rover tornou-se ícone para amantes das estradas. Ele foi durante muitas<br />

décadas o utilitário mais cobiçado por grandes famílias. Não é de<br />

estranhar vermos em comerciais antigos uma aclamação à potência e à<br />

resistência do veículo, mas também com ótima capacidade de transportar<br />

pessoas. Era a referência de um veículo completo. Só para citar, em<br />

1956, por exemplo, o modelo perua comportava até 10 pessoas. Mas<br />

isso já é outro tema.<br />

Os modelos da década de 1950 tiveram mudanças significantes também<br />

na dianteira. Os faróis saíram da grade e foram posicionados nos<br />

para-lamas. Essa alteração no design deixou mais bonito, mais funcional<br />

– o campo de visualização na estrada à noite melhorou – e melhorou na<br />

hora de limpar a grade.<br />

A Land Rover, ao longo de sua história, foi e é referência no projeto e<br />

fabricação de motores. Em sua trajetória houve momentos em que<br />

2.0 L diesel l4 (1957 – 1958)<br />

utilizou motores produzidos por outras montadoras como BMW, Ford e<br />

PSA. Hoje a marca pertence à Tata Motors, junto com sua irmã Jaguar e<br />

volta a desenvolver tecnologia de ponta no mercado mundial, com seus<br />

motores Ingenium a gasolina e diesel.<br />

go anywhere | 53


TÉCNICA - Land Rovers a partir de 2005 - Luiz Fraga<br />

A nova geração da Land Rover<br />

Muitos clientes e conhecidos me perguntam porque a Land Rover mudou<br />

tanto, ficou tão luxuosa e tão distante dos modelos mais antigos.<br />

Em minha opinião, a resposta é simples: SOBREVIVÊNCIA.<br />

Uma empresa é um organismo vivo e deve se adequar às demandas<br />

do mercado. Se todo o mercado quer carros mais sofisticados, como<br />

continuar vendendo veículos menos sofisticados?<br />

Até 2006, a Land Rover vendia perto de 190.000 veículos anuais, dez<br />

anos depois (2016) a Land Rover fechou o ano com 431.000 veículos<br />

plataforma totalmente nova, apelidada de T5, com o projeto então sob<br />

o codinome L319.<br />

Como a Land Rover decidiu por utilizar esta plataforma em mais de um<br />

veículo (o RANGE ROVER SPORT), a Engenharia resolveu que a plataforma<br />

T5 seria feita no sistema “chassis/carroceria” (apelidado de “Integrated<br />

Body Frame”) ao invés da utilização de um sistema “monobloco”<br />

como o já utilizado pelo RANGE ROVER VOGUE. Este tipo de<br />

(o grupo Jaguar Land Rover vendeu 603.000 veículos em 2017).<br />

Mais que dobrar as vendas em 10 anos só seria possível com projetos<br />

novos. E foi isso o que começou a acontecer em 2005, com o projeto da<br />

nova série do DISCOVERY.<br />

O DISCOVERY e seu “irmão” RANGE ROVER SPORT...<br />

Foi lançado em 2004 no Birmingham Motor Show (quando a Land Rover<br />

já estava sob a “bandeira” da FORD) e no mesmo ano foi apresentado o<br />

projeto conceito RANGE ROVER STORMER CONCEPT em Detroit . A intenção<br />

da FORD era utilizar uma plataforma comum entre o Discovery e<br />

o FORD EXPLORER mas, depois de análise de Engenharia da Land Rover<br />

(especificamente na parte Off Road), decidiu-se pela utilização de uma<br />

plataforma permite uma flexibilidade maior em relação aos modelos,<br />

com custos menores. Entretanto, na época existia uma desconfiança<br />

de que o modelo chassis/carroceria poderia ser considerado como um<br />

retrocesso tecnológico em relação ao RANGE ROVER VOGUE, lançado<br />

anteriormente.<br />

O avanço no sistema de suspensão (independente nas 4 rodas) e a suspensão<br />

pneumática, agora bastante evoluída, provou-se um avanço<br />

considerável em relação aos veículos do mercado na época, muitos dos<br />

quais ainda utilizavam eixos rígidos e molas semi elípticas (especialmente<br />

no eixo traseiro). Um excelente “handling” (comportamento) na estrada<br />

e o ótimo comportamento no fora de estrada, aliado ao inovador<br />

sistema “terrain response ® ” (também lançado no mesmo momento),<br />

deu ao carro as novidades que precisava para conquistar o mercado.<br />

54 | go anywhere


No novo RANGE ROVER SPORT, baseado na mesma plataforma e com<br />

parte mecânica similar, o apelo mais “esportivo” fica evidente tanto<br />

dentro quanto fora do carro. Com uma pegada mais parecida com os<br />

grandes “GTs”, o painel central mais alto, o botão do “Terrain Response<br />

® “ retrátil (para facilitar as trocas de marcha mais esportivas usando o<br />

“Command Shift”), uma suspensão mais rígida e a inserção do “Active<br />

Cornering Enhanced” (barras estabilizadoras inteligentes) permite a<br />

este Range Rover Sport uma performance “na estrada” digna de nota.<br />

A idéia, era fazer o RANGE ROVER SPORT preencher a lacuna dentro da<br />

linha Land Rover do que a BMW chamava de “Sport Activity Sector” e<br />

que, segundo os alemães, separava a linha BMW X5 da linha RANGE<br />

ROVER VOGUE, já que ambos utilizavam grande parte da mesma mecânica<br />

e estrutura.<br />

Assim, se pudéssemos usar uma única sigla para definir os dois projetos,<br />

o RANGE ROVER SPORT fica sendo o “S” e o DISCOVERY fica sendo o<br />

“Utility Vehicle” da sigla SUV!<br />

Além disso, é gritante (e intencional!) a similaridade do RANGE ROVER<br />

SPORT ao “concept car” RANGE STORMER (veja fotos do Museu). A intenção<br />

da Land Rover era mesmo manter o conceito “vivo” enquanto<br />

seria possível. Um desenho similar foi utilizado no RANGE ROVER EVO-<br />

QUE e no “NEW RANGE ROVER SPORT”, que será objeto de outra matéria.<br />

Ambos os veículos utilizam um sistema de chassis completamente revolucionário,<br />

o chassis é “hidroformado”, ou seja, as longarinas não<br />

utilizam solda em seus perfis! Na hidroformagem, um tubo (ou um formato<br />

similar), é colocado dentro de um molde, sendo injetado dentro<br />

dele líquido em pressões altíssimas. Com isso, as longarinas assumem a<br />

forma final sem necessidade de soldas, somente as “transversais” são<br />

soldadas às longarinas para formar o chassis.<br />

O Designer do DISCOVERY foi o Dave Saddington, que manteve as icônicas<br />

características da linha DISCOVERY como o teto elevado e a traseira<br />

assimétrica (presente também no novo ALL NEW DISCOVERY). Mas o<br />

RANGE ROVER STORMER<br />

tradicional estepe externo foi para a parte de baixo do carro, elevado<br />

por um sistema de catraca, também usado no RANGE ROVER SPORT,<br />

o que permitiu que a porta fosse dividida em 2 partes e mantivesse a<br />

“tradição” do “picnic tail-gate” (na tradução literal picnic na tampa traseira)<br />

inaugurada pelo RANGE ROVER lá em meados de 1970 quando<br />

foi lançado.<br />

O DISCOVERY dispunha ainda de 7 lugares, sendo os dois últimos com<br />

conforto para adultos. Isso não acontecia no DISCOVERY antecessor, especialmente<br />

pela falta de espaço para os pés.<br />

A motorização do DISCOVERY e RANGE ROVER SPORT eram similares<br />

nos lançamentos, um propulsor movido a gasolina V8 derivado da JA-<br />

GUAR de 295 bHP, um V6 (também movido a gasolina) de 215 bHP e<br />

um motor movido a diesel, derivado de uma parceria FORD - PEUGEOT<br />

que desenvolvia 190 bHP. Para o RANGE ROVER SPORT, o V6 derivado<br />

da FORD não era disponível. Conectados à transmissões mecânicas de<br />

6 velocidades ou automáticas também de 6 velocidades, a linha tinha<br />

um bom desempenho mas consumo elevado, especialmente devido ao<br />

peso total dos veículos (perto de 2.400 kg).<br />

go anywhere | 55


TÉCNICA - Land Rovers a partir de 2005 - Luiz Fraga<br />

Uma caixa de transferência dotada de corrente e de um sistema viscoso<br />

de “divisão” de torque entre o eixo dianteiro e traseiro, é ligada ao<br />

câmbio e transmite o torque em duas relações de redução: uma “HIGH<br />

RANGE” (“alta velocidade”) e uma “LOW RANGE” (“baixa velocidade”<br />

ou reduzida). Todos os modelos do DISCOVERY ou RANGE ROVER SPORT<br />

são dotados deste sistema, desde os mais simples até os mais equipados.<br />

Esta é uma característica destes dois modelos, o 4x4 está sempre<br />

engrenado!<br />

O sistema viscoso (pode ser chamado de diferencial central viscoso) é<br />

comandado pelo “terrain response ® “ que se encarrega de alterar a<br />

carga no sistema viscoso e aumentar ou diminuir o torque enviado para<br />

cada diferencial.<br />

Além do sistema do diferencial viscoso, modelos do DISCOVERY e do<br />

RANGE ROVER SPORT podem ter o diferencial traseiro bloqueável, formando<br />

assim um sistema “pró ativo” no Off Road, também comandado<br />

pelo “Terrain Response ® “.<br />

Usando as informações do ABS, o DISCOVERY e o RANGE ROVER SPORT<br />

pode ainda ter diversos sistemas “reativos” no Off Road. Podemos listar<br />

o HDC (Hill Descent Control - controle em descidas - que controla a velocidade<br />

máxima em uma descida com pouco atrito) o ETC (Electronic<br />

Traction Control - Controle Eletrônico de Tração - atua quando uma das<br />

rodas do mesmo eixo desliza, acionando o freio desta roda e transferindo<br />

o torque para a outra roda), entre outros.<br />

Revistas especializadas do mundo inteiro colocam o DISCOVERY entre<br />

veículos mais capacitados no Off Road, sendo até mesmo superior ao<br />

DEFENDER em diversas situações.<br />

Enfim, a Land Rover não tinha como escolher outro destino, era modernizar-se<br />

ou fracassar. E escolheram corretamente, pois graças a isso<br />

podemos ainda dirigir os mais competentes veículos fora de estrada do<br />

mundo!<br />

Será que os antigos usuários do legendário DEFENDER ficarão órfãos?<br />

Sem um novo modelo que possa substituir o DEFENDER para comprar?<br />

Acredito que não, tenho certeza que o novo modelo que substituirá o<br />

DEFENDER será muito competente no Fora de Estrada e também na<br />

Estrada.<br />

Para os colecionadores, a LAND ROVER inaugurou um sistema de reforma<br />

de carros que está restaurando muitos modelos de Series com<br />

qualidade inigualável e até implantou uma sessão HERITAGE no sistema<br />

de catálogo eletrônico de peças.Construir carros para o futuro mas cuidando<br />

de preservar a história parece ser a melhor maneira. Acredito<br />

que a LAND ROVER pense assim também, veremos…<br />

56 | go anywhere


LAND ROVER e OVERLAND no<br />

youtube.com/SerialTrippers<br />

instagram.com/Serial_Trippers<br />

facebook.com/SerialTrippersOficial<br />

#LIFEISATRIP<br />

Serviços mecânicos exclusivamente para Land Rover<br />

Series, Defender, Discovery I e Range Rover Classic<br />

Telefone | wHatsapp 61 99559 3333<br />

atendimento somente com agendamento prévio<br />

SOF Sul Quadra ø8 conjunto B lojas 11 -14<br />

Zona Industrial | Guará | Brasília | DF<br />

CEP 71215-242


TÉCNICA - Motores Rover V8 - Patrick Ganassin<br />

A origem<br />

dos V8 Rover<br />

A origem do motor V8 utilizado nos Land Rover remonta à Buick e a<br />

Oldsmobile, duas divisões da General Motors. Esse motor foi projetado<br />

no final da década de 50 para equipar carros compactos das duas<br />

marcas, e precisava ser leve. Decidiu-se então que seria produzido com<br />

um bloco e cabeçotes em alumínio, o que seria uma novidade em automóveis<br />

de linha para a época. Já hoje em dia isso é quase uma regra,<br />

motores totalmente em alumínio.<br />

Sua produção começou em 1961, e originalmente tinha 3528cc, e equipava<br />

os modelos Buick Special e o Oldsmobile F85. Foram produzidos<br />

cerca de 250.000(duzentos e cinqüenta mil) motores para Oldsmobile e<br />

cerca de 500.000 (quinhentos mil) para a Buick ate o ano de 1963.<br />

A Buick porém parou a sua produção com o bloco em alumínio e passou<br />

a produzir com o bloco em ferro fundido fazendo algumas modificações<br />

e aumentando a sua capacidade volumétrica, utilizando cabeçotes de<br />

alumínio ate a década de 80, encerrando de vez a sua produção.<br />

Na America do Norte essa produção de motores em alumínio era muito<br />

mais cara do que os motores em ferro fundido, por isso a GM abandonou<br />

a produção de carros compactos com motores V8 fabricados totalmente<br />

em alumínio.<br />

Os engenheiros da Buick já vinham rejeitando a ideia de aumentar a<br />

capacidade volumétrica desses motores em alumínio de 3528cc para<br />

4918cc ou mais, como algumas das divisões da GM já vinham fazendo<br />

com outros motores; tais como Chevrolet, Cadillac e Pontiac que abandonaram<br />

definitivamente esses motores em bloco de alumínio pelos de<br />

bloco de ferro em 1964. Como o alumínio era um material relativamente<br />

caro para se produzir, também tiveram muitos problemas de entupimento<br />

de radiador por falta de um aditivo compatível com os blocos de<br />

alumínio na época.<br />

Na America do Norte esse motor ficou conhecido com o apelido de<br />

B.O.P. 215. B.O.P. pois equipava as linhas Buick, Oldmobile e Pontiac da<br />

GM e 215 porque tinha 215 polegadas cúbicas que equivalem a 3528cc.<br />

Em 1964 a Buick projetou um motor similar com cerca de 5000cc, bloco<br />

de ferro fundido e cabeçotes de alumínio que teve uma derivação V6<br />

que foi produzida até 2008!<br />

No ano de 1964 funcionários da Rover obtiveram a permissão de procurar<br />

um motor V8 que pudessem vir a equipar alguns carros da marca.<br />

Vendo alguns motores marinizados pela Mercury, ficaram bastante interessados<br />

nesse V8 totalmente em alumínio para substituir um 6 cilindros<br />

em linha utilizado em automóveis da marca, pois este V8 era<br />

58 | go anywhere


compacto e chegava a ser mais leve do que muitos motores 4 cilindros<br />

da época. A Rover então começou a fazer uma campanha junto a GM<br />

para que lhe vendesse os direitos de produção desse motor.<br />

Uma empresa australiana na década de 1965 fez uso de alguns desses<br />

blocos de alumínio para produzir motores para a equipe BRABHAM,<br />

que chegaram a ser usados na Formula 1, e foram usados ate 1967 com<br />

a capacidade cúbica abaixada para 3000cc e também 2500cc. Isso fez<br />

com que o Grupo Rover ficasse mais interessado ainda no motor.<br />

Conseguindo os direitos de produção com a GM, a Rover começou a<br />

fabricá-lo no Reino Unido. O motor foi inicialmente produzido com alimentação<br />

por carburadores, chegou a ter versões com injeção mecânica<br />

de gasolina(semelhante aos motores diesel), e os engenheiros da<br />

Rover conseguiram com que tivessem uma maior durabilidade que os<br />

produzidos pela Buick. Era muito leve e pesava em torno de 180 kg. Foi<br />

inicialmente utilizado em alguns automóveis da Rover a partir do ano de<br />

1967. Foi testado em um protótipo a ser lançado de um veiculo 4x4 no<br />

ano de 1967. Este protótipo foi lançado no ano de 1970 com o nome de<br />

Range Rover. O sucesso já estava consolidado nos automóveis da Rover<br />

e no recém lançado Range Rover.<br />

Foi então oferecido como opção de motor nos modelos militares Land<br />

Rover 101 de 1972 a 1978, nos Land Rover series III de 1978 a 1985,<br />

depois nos modelos Defender de 1983 a 1994 e nos modelos Discovery<br />

de 1989 até 2004.<br />

O motor teve versões mais mansas no fim da década de 70 devido a<br />

crise do petróleo, e teve alguns protótipos feitos pela fábrica com turboalimentador.<br />

A sua capacidade volumétrica foi aumentada de 3528cc<br />

para 3946cc para ser utilizado nos modelos Discovery e Range Rover<br />

com o sistema de injeção eletrônica. Posteriormente foi renomeado<br />

4.0, mas mantendo a mesma capacidade volumétrica de 3946cc onde<br />

sofreu melhorias nos pistões, nos coletores de admissão, troca do sistema<br />

de injeção por um mais moderno, eliminação do distribuidor por<br />

bobinas múltiplas e modificação nos parafusos de fixação dos mancais<br />

do virabrequim que lhe aumentaram a potência.<br />

Versões com 4275cc foram utilizados nas Range Rover, 4285cc em alguns<br />

carros esportivos ingleses como os TVR, 4414cc em alguns automóveis<br />

e caminhões fabricados na Austrália, outra pela Leyland com<br />

4414cc, versões com 4500cc e até mesmo 5000cc feitas para esportivos<br />

por empresas preparadoras de motores. Alguns Range Rover e Discovery<br />

utilizaram versões deste motor com 4555cc.<br />

Isso mostra o quanto este motor se tornou popular no Reino Unido, tanto<br />

que diversas empresas preparadoras quanto construtoras de carros<br />

começaram a fazer uso com retrabalhos de aumento de cilindrada, isto<br />

levou a Rover a fazer o mesmo em diferentes modelos da marca, combinando<br />

bielas com comprimentos diferentes e pistões de vários diâmetros<br />

e virabrequins com medidas de curso diferentes.<br />

Os motores oficialmente produzidos são:<br />

3.5 - 3528cc - 88,9mm de diâmetro x 71,12mm de curso;<br />

3.9 - 3947cc - 94,04mm de diâmetro x 71,12 de curso;<br />

4.0 – 3947cc – 94,04mm de diâmetro x 71,12 de curso;<br />

4.2 – 4275cc – 94,04mm de diâmetro x 77,00 de curso;<br />

4.6 – 4553cc – 94,04mm de diâmetro x 82,00 de curso.<br />

go anywhere | 59


TÉCNICA - Tecnologia embarcada e técnica de condução - Augusto Carvalho<br />

HDC<br />

Tirando o máximo proveito<br />

Todo dia lidamos com avanços tecnológicos que buscam facilitar a nossa<br />

vida, sejam apps, novas mídias sociais, etc. Recentemente trabalhei<br />

em um tour pelos alpes e refleti sobre todas as mudanças que tivemos<br />

desde o ano 2000, quando organizei uma Expedição para a América Latina.<br />

Tínhamos que avaliar mapas militares, pois o GPS era muito falho<br />

(Waze nem em sonhos). As câmeras digitais Epson eram novidade(lembra<br />

Marcelo Fuzinato?). E para se reservar hotéis? Quanta dificuldade!<br />

Hoje tudo que precisamos é de um smartphone!<br />

Os veículos 4x4 também acompanham esta evolução e a Land Rover<br />

está na vanguarda destas mudanças, com inovações que hoje estão presentes<br />

na maioria dos SUVs como, por exemplo, o HDC - Hill Descent<br />

Control.<br />

Há 20 anos atrás, a Land Rover lançava o Freelander, um dos precursores<br />

do conceito de SUVs compactos e para diminuir custos e peso em<br />

relação aos irmãos maiores, a caixa reduzida foi eliminada. (houve também<br />

um curto período em que a Discovery II saiu de fábrica sem caixa<br />

reduzida, porém a iniciativa não teve muita aceitação na época)<br />

Com este novo veículo, a Land Rover, em parceria com a Bosch, lançou<br />

no mercado o HDC, sistema que integra sensores de inclinação, acelerômetros<br />

e ABS, maximizando a frenagem de veículo em descidas escorregadias.<br />

Quanto maior o grau de inclinação, maior a pressão exercida<br />

nos freios, que ocorre de forma totalmente automática, sem a intervenção<br />

do motorista. Quando a leitura dos sensores detecta que uma<br />

roda não está girando, ele libera o freio naquela roda individualmente,<br />

minimizando assim a possibilidade do carro perder o controle.<br />

Vamos aproveitar o assunto e dar algumas dicas de condução em descidas<br />

íngremes, todas simples, mas muitas vezes ignoradas. Aqui não<br />

estamos falando de situações extremas, onde outros veículos e equipamentos<br />

devem ser usados, mas sim uma situação cotidiana, onde você<br />

está somente com o seu carro em uma viagem por exemplo. Antes de<br />

enfrentar o obstáculo, pare e observe, percorra todo o trecho a pé. Se<br />

não conseguir parar em pé, dificilmente o carro vai, seja pela inclinação<br />

ou pouca aderência. Isto é muito importante, pois pode indicar o limite<br />

a ser obedecido. Avalie se consegue retornar no meio do caminho<br />

caso não seja possível prosseguir adiante. Verifique se existe uma saída<br />

praticável, muitas vezes escondidas após uma curva. Caso você esteja<br />

acompanhado de mais pessoas no carro, peça que façam o trecho caminhando.<br />

E como podemos maximizar o uso do HDC? Não preciso somente apertar<br />

o botão? Na verdade, podemos ajudar o desempenho do sistema<br />

de várias formas.<br />

Primeiramente, selecione manualmente a menor marcha possível (aqui<br />

vai outra consideração extensa no assunto...). Nos veículos Land Rover,<br />

o HDC funciona em todas as marchas (inclusive marcha a ré), em Drive<br />

e até mesmo em Neutro, mas escolha a marcha que maximizará o uso<br />

do freio motor. Evite a tentação de pisar no freio durante o uso do HDC,<br />

acredite você vai querer pisar, pois o comando no pedal do freio vai se<br />

sobrepor, minimizando a eficácia da frenagem do HDC. Caso pise, faça<br />

de modo gradual.<br />

Nas versões mais recentes do sistema, você pode também graduar a velocidade<br />

objetiva do HDC através dos botões + e - do piloto automático.<br />

Por exemplo, caso esteja em uma descida leve e após selecionar o HDC,<br />

você sente que o veículo poderia seguir com um pouco mais de velocidade,<br />

basta apertar o botão + no piloto automático e o HDC vai aumentar<br />

a velocidade, deixando o carro mais solto. Em algumas versões, isto<br />

inclusive pode ser observado no painel. Alternativamente, você pode<br />

acelerar levemente o carro, aumentando a velocidade sem cancelar o<br />

comando do HDC (em alguns veículos concorrentes isto acontece e desativa<br />

o sistema HDC), portanto caso necessite outra vez do HDC, ele já<br />

60 | go anywhere


estará acionado para sua segurança, indicado para quando dirigir em estradinhas<br />

onde não conheça, com solo bem escorregadio (até 40km/h),<br />

mesmo em subidas, assim, não será pego de surpresa caso uma descida<br />

apareça abruptamente e o sistema logo irá ativar.<br />

Outra pergunta que muitos fazem. No asfalto molhado, devo usar o<br />

HDC? Não há realmente necessidade, pois o ABS já foi desenvolvido<br />

para An_205x137,5_Get_Set_FINAL.pdf auxiliar as frenagens nestas condições. 1 19/04/18 Há também 15:52 aquela velha<br />

dica de se ligar o ar condicionado, que rouba um pouco de energia do<br />

motor, desacelerando-o. Um leve toque no acelerador também pode<br />

ajudar a equalizar a velocidade nas rodas e assim obter maior controle,<br />

porém sempre a velocidades baixíssimas e em primeira marcha.<br />

Espero que tenha ajudado e caso queiram saber mais sobres dicas<br />

de condução e tecnologia aplicada, escrevam para nós aqui na<br />

<strong>Go</strong> <strong>Anywhere</strong>.<br />

UMA GRANDE VARIEDADE<br />

DE PEÇAS PARA O SEU<br />

LAND ROVER<br />

Quality Partner<br />

GETSETPARTS.COM.BR VENDAS@GETSETPARTS.COM.BR 11 5594.6186 11 97412.9991


O assunto é Camel Trophy - Murilo <strong>Go</strong>ulart<br />

A história do Camel Trophy.<br />

CAMEL TROPHY - 38 anos que se passaram. Uma História que se iniciou no Brasil,<br />

em 1980 quando ainda nem recebia seu nome lendário CAMEL TROPHY.<br />

No final dos anos 70 os responsáveis pela marca dos cigarros Camel,<br />

dependente da multinacional RJ Reynolds, vão em busca de atividades<br />

de marketing para capacitá-los a divulgar a marca e aumentar as<br />

vendas do produto fora dos Estados Unidos. A subsidiária da então<br />

República Federal da Alemanha planejou uma campanha entre<br />

universidades naquele país, que consistia em um sorteio para escolher<br />

seis participantes de uma viagem de aventura de 1.000 milhas fora-deestrada<br />

através da floresta Amazônica, em uma rota que seria executada<br />

em paralelo o famoso rio.<br />

A viagem foi realizada e uma pequena comitiva que chegou na<br />

cidade de Belém, na foz do Amazonas. A equipe era composta de<br />

seis participantes, agrupados em três pares - O primeiro formado<br />

por Klaus Uwe Karthna Dircks e Mechel, o segundo, com Fritz Fuchs<br />

Heinrich Schoner, e o terceiro, composto por Manfred Berger e Richard<br />

Knar. Estes se juntaram a uma pequena equipe de organização, dois<br />

mecânicos brasileiros, uma equipe de filmagem e um médico.<br />

O ALUGUEL DOS VEÍCULOS (Jeep Ford)<br />

Para percorrer os 1.600 quilômetros que separavam as cidades de<br />

Belém e Santarém ao longo da estrada Transamazônica, recorreram a<br />

alugar três veículos todo-o-terreno. Se tratava de três Jeep Ford U-50<br />

fabricado no Brasil, equipados com mais um estepe extra, e um galão de<br />

combustível em uma das laterais.<br />

A jornada começou e logo tiveram que enfrentar os primeiros<br />

problemas. Há muito tempo não estava chovendo e havia muita poeira,<br />

forçando-os a ficar de máscaras e, além disso, o chacoalho contínuo<br />

dos Jeep faziam com que as bagagens se soltassem repetidamente, de<br />

modo que, por várias vezes, eles tiveram que parar, assim, atrasando-se.<br />

Esta circunstância fez com que chegassem quase de noite ao ponto onde<br />

eles tinham que atravessar o rio Tocantins. Havia inúmeros veículos<br />

esperando pela sua vez de embarcar na balsa para levá-los à outra<br />

margem. Neste ponto, para evitar mais atrasos, a organização decidiu<br />

“negociar” com a polícia e graças a 400 cigarros e algumas camisas,<br />

conseguiu reduzir o tempo de espera ao mínimo e atravessaram o<br />

rio. Todavia lhes aguardavam 80 quilômetros de um terreno cheio de<br />

buracos e quase nenhuma visibilidade.<br />

A primeira parada foi na cidade de Marabá, sul de Belém, que no<br />

início dos anos 80 vivia mergulhada na corrida do ouro por completo.<br />

A descoberta de ouro na população vizinha tinha aumentado a<br />

população de 15.000 para 100.000 em apenas dois meses e era mais<br />

fácil de encontrar ouro do que água potável ou eletricidade. Então,<br />

quando a expedição chegou descobriu que as reservas feitas meses<br />

antes nos hotéis locais, não tinham sido respeitadas e que os seus<br />

quartos haviam sido ocupados diante da falta de alojamento nas<br />

cidades - as tarifas subiram de US$ 2 a 50. Finalmente, os mecânicos<br />

brasileiros encontraram alojamento para todos em um bordel local; em<br />

camas cheias de pulgas, que no dia seguinte Dr. Jurgen Aschoff teve de<br />

tratar com pomada anti-coceira.<br />

UM CARRO EM CHAMAS<br />

A esta altura da viajem os veículos já apresentavam sinas de fadiga e um<br />

deles, Manfred Berger e Richard Knar , sofreu um incêndio por perder<br />

uma das tampas do seu galão de combustível devido a chacoalharem<br />

muito. Com o movimento a gasolina derramou sobre o capô e caiu<br />

sobre o motor, fazendo com que pegasse fogo subseqüente. Em<br />

poucos minutos o Jeep foi envolvido em chamas e não puderam salvar<br />

praticamente nada da bagagem. Assim, a expedição foi reduzida para<br />

dois veículos e o ritmo foi diminuindo cada vez mais devido às condições<br />

do solo que foram ficando piores e tinham que resgatar continuamente<br />

os Jeeps, que, aliás, não tinham guincho.<br />

A segunda parte da expedição foi em Itaituba, outra cidade que cresceu<br />

em paralelo com o negócio do ouro, mas com um pouco mais de<br />

organização do que Marabá. A partir dali, se tomava rumo ao norte<br />

até Santarém, reabastecimento onde o combustível misturado com<br />

água da chuva os Jeep eram cada vez mais exigidos. Tanto que quando<br />

faltavam poucas dezenas de km para chegar à final, um dos dois Jeep<br />

sobreviventes furou um dos pneus. Como não estavam cobertos por<br />

peças em bom estado, eles tiveram que continuar, de modo que as<br />

vibrações aumentaram que causando a quebra da estrutura da capota.<br />

A solução foi tirar e deixar no meio da selva.<br />

62 | go anywhere


Após 12 dias de aventura chegaram ao Hotel Tropical em Santarém,<br />

onde eles planejaram para descansar. Claro, depois de mostrar que<br />

tinham reservas e convencer o gerente do hotel que, apesar de suas<br />

aparência, eles não eram sem-teto. Naquele momento eles ainda não<br />

tinham conhecimento, que tinham conseguido um grande impacto<br />

imediato, que os responsáveis pela marca CAMEL repetiriam no ano<br />

seguinte e por anos consecutivos, até 1998.<br />

OS VEÍCULOS DA AVENTURA: Jeep, da Ford do Brasil (U50)<br />

Para enfrentar esta aventura, a organização alemã escolheu Hertz<br />

rent-a car confirmou três veículos Jeep no Brasil CJ5. Os veículos eram<br />

fabricados pela Licença a Ford, Oval Azul, uma vez que a havia comprado<br />

a Willys Overland em 1967 suas fábricas no Brasil. A Ford fabricaria os<br />

Jeep até 1983, incluindo as suas próprias modificações. Na verdade,<br />

nenhum Jeep foi construído com estas características fora do Brasil.<br />

O U-50, como eram chamados, começaram a ser montados em meados<br />

da década de 70 pela Ford com motor a gasolina de 2.3 litros e uma<br />

caixa de câmbio com quatro velocidades. Esses Jeep brasileiros tiveram<br />

uma diferente batalha em comparação aos fabricados nos EUA e outras<br />

diferenças na forma dos arcos de roda ou a localização do motor do<br />

limpador de vidros, entre outros.<br />

A preparação dos Jeep seria com dois galões de combustíveis separados<br />

nas portas dianteiras, um para-choque dianteiro maior com quatro<br />

faróis auxiliares, um quebra-mato e um estepe extra fixado no capô.<br />

Nenhum dos três Jeep U-50 foram equipados com um guincho.<br />

A ALMA AVENTUREIRA. Espírito de Andreas Bender.<br />

Alemão, nascido em 1953 em Koenigstein, já era requisitado antes<br />

de completar 25 anos para projetar e conduzir destinos turísticos<br />

incomuns. Em 1980, ele foi escolhido para comandar a expedição<br />

CAMEL para a selva Amazônica e foi o líder das expedições posteriores<br />

Camel Trophy para Sumatra 1981, Papua Nova Guiné 1982, Zaire<br />

1983, Brazil Amazônia 1984 e Bornéu 1985. Como chefe da caravana,<br />

foi contratado para projetar as rotas e logística e acima de tudo, para<br />

lidar com os nativos. Depois de se afastar do Trophy, continuou ligado<br />

ao mundo das viagens e hoje é dedicado a localizar cenários para<br />

produções publicitárias e filmes. Seu gosto por viagens atesta que<br />

não fica mais de 80 dias por ano em sua casa na Alemanha e carrega<br />

recheados 60 passaportes.<br />

Jeep Ford U50 (Ano Fab./ Mod. - 1979/1980)<br />

Fontes:<br />

www.safarious.com<br />

www.autofacil.es/<br />

go anywhere | 63


HISTÓRIA - NELSON DE ALMEIDA FILHO<br />

Início da Land Rover<br />

no Brasil - Parte I<br />

Meu primeiro contato com 4x4 aconteceu com um Dodge militar 1942,<br />

trinta anos depois da sua fabricação. Era de um amigo e ajudei na sua<br />

reforma. Foi pintado de amarelo colonial com capota branca e com<br />

ele perambulávamos pela Rua Augusta e outras da moda, como se<br />

estivéssemos em um disco voador em plena São Paulo. Em 1974 veio<br />

meu primeiro carro, um Jeep, também da Segunda Guerra, com o qual<br />

permaneci durante quase 40 anos. Com ele fundei o Jeep Clube do<br />

Brasil e rodei milhares de quilômetros iniciando as atividades off road<br />

em nosso país, como a conhecemos hoje. Durante esse tempo todas<br />

as minhas experiências foram em cima de Jeeps , que eram a maioria<br />

em nossa velha frota de 4x4. Land Rover mesmo eram poucos...bem<br />

poucos... quase todos da década de 50, mau afamados por quebrarem<br />

e não terem peças de reposição. Lembro especialmente de alguns que<br />

participaram do Jeep Clube, como o do Luiz Fraga, ainda solteiro e seu<br />

velho Serie I. Na própria exposição de veículos , cenário da fundação<br />

do clube havia um antigão, pertencente a um dos fundadores. Também<br />

lembro de vários parados e meio abandonados e um, mais moderno,<br />

acho que dos anos 60, em excelente estado, que era da AVM (fabricante<br />

de rodas livres).<br />

Nessa década de 80 fundamos também a primeira revista de 4x4<br />

da América do Sul, 4x4 & Pick-up e ,através dela ampliamos nossos<br />

conhecimentos e contatos com o universo 4x4 em todo o mundo,<br />

conhecendo melhor outros modelos mais modernos , a historia da<br />

atividade e seus eventos. Eram muitos que aconteciam mas alguns<br />

se sobressaiam, como o Paris Dakar e um tal de Camel Trophy, que,<br />

coincidentemente havia tido sua primeira edição no Brasil.<br />

Isso me interessava e logo fui buscar todo tipo de informação a<br />

respeito. Como em nossa história, os carros utilizados foram os que<br />

haviam por aqui, os Jeep. Mas logo em sua segunda edição trocaram<br />

definitivamente por Land Rover. Fizemos algumas matérias a respeito<br />

e as imagens eram impressionantes, o que nos aguçou a curiosidade<br />

a respeito desses veículos. Será que eram bons daquele jeito mesmo?<br />

Conhecemos também nessa época alguns caras que já eram fanáticos<br />

pelo carro. Nosso contato com eles foi feito para montarmos algumas<br />

matérias para a revista, como a Expedição aos Andes, com Milton<br />

Tesserolli, do Rio e Janeiro e Expedição Surfari, com o Bigo Berg de São<br />

Paulo, ainda de calças curtas...<br />

Meu primeiro contato com um Land Rover então atual foi em uma<br />

coletiva de imprensa efetuada pela R.J Reynolds, fabricante dos cigarros<br />

Camel, que recém chegados ao nosso mercado anunciavam que seu<br />

Camel Trophy aconteceria novamente por aqui em 1985.E trouxeram<br />

um dos carros do levantamento de Manaus até o Rio. A coletiva foi<br />

fraca pois eu era o único jornalista que divulgava o 4x4 na época através<br />

de uma revista especializada. Os demais jornalistas da área pouco<br />

se interessavam por estes veículos e, certamente, a maioria jamais<br />

ouvira falar de Camel Trophy. Eu nem estava acreditando naquilo. Essa<br />

entrevista com o pessoal da Reynolds e alguns organizadores do Camel<br />

Trophy me abriu uma grande porta para o evento. Mas essa é uma outra<br />

história que contaremos nas próximas edições. A oportunidade acabou<br />

me colocando em contato com o carro, quando pude constatar a grande<br />

diferença que havia entre um 4x4 moderno e aqueles com os quais<br />

ainda teríamos que conviver por mais alguns anos.<br />

Lembro que, durante esse tempo era proibido qualquer tipo de<br />

importação de veículos no Brasil...il...il...e, nossa ignorância com relação<br />

a eles era total.<br />

Um ícone a mais na lista de um pirata moderno<br />

Muita água rolou entre eu, a revista, e o Camel Trophy, mas ainda<br />

estávamos rodando com tecnologia da década de 50. Nossa revista<br />

fechou em 1987 .Passei então a escrever para a Motor 3 e outras. Foi<br />

bom ter experiências anteriores com os 4x4 pois era uma assunto que a<br />

maioria dos jornalistas de automobilismo não gostava e nem conhecia.<br />

Mas a 4x4 & Pickup havia criado um novo espaço para veículos até<br />

então marginalizados pela autocracia da época e para algum maluco<br />

que se sujeitasse a fazer testes com Toyota Bandeirantes, Jeep Ford, os<br />

Gurgel da vida e também os Engesa. Eu.<br />

Na Autoesporte , década de 90, já com o Plano Collor anunciando a<br />

abertura dos portos e com algumas multinacionais como a Ford trazendo<br />

Ranger e Explorer, a Lada trazendo o Niva, a Mitsubishi colocando sua<br />

marca na Brabus e anunciando as Pajero e L-200, recebi a incumbência<br />

de uma nova entrevista no Rio de Janeiro. A Land Rover estava vindo<br />

para cá, acreditem. E eu iria fazer a primeira entrevista para uma revista<br />

com os caras.<br />

Acho que nem dormi direito naquela noite anterior à viagem. O<br />

endereço era no Flamengo e não via a hora de estar lá. Finalmente<br />

cheguei. O endereço era um prédio comercial . Toquei a campainha da<br />

sala indicada , apareceu uma moça que me atendeu educadamente,<br />

64 | go anywhere


pediu para que eu entrasse e me dirigisse à sala de reuniões. Estranhei<br />

o silêncio. Em uma prateleira havia alguns modelos em escala de<br />

carros europeus, Ferrari, Porsche, Jaguar, Lamborghini, nada de Land<br />

Rover. Achei o escritório pequeno demais para uma iniciativa como<br />

aquela. Apareceu então uma figura extremamente alinhada e educada,<br />

que falava um carioquês baixo e pausado. Me contou dos planos , de<br />

montar Land Rovers em ckd e que já havia trazido alguns carros. Me<br />

deu alguns prospectos, e me levou para andar com um recém lançado<br />

Discovery V8, que, até então, eu só tinha visto em fotos. Na garagem<br />

havia também um Range Rover e ele me disse que naquela semana<br />

chegariam os primeiros Defender. Eu, fotógrafo e o fulano, que, em seu<br />

sobrenome trazia uma distinção em algarismo romano, tal qual um<br />

monarca, saímos então em direção à Marina da Gloria para uma sessão<br />

de fotos . Fiquei maravilhado com a história e impressionado ao dirigir<br />

o carro. Que era aquilo?<br />

Terminado meu trabalho nos despedimos e trocamos cartões. No dele,<br />

o logotipo Land Rover com o timbre da família real inglesa. O cara era<br />

um gentleman.<br />

Um mês depois saiu a matéria na revista, sem antes diversos jornais<br />

também anunciarem a vinda da Land Rover para montar uma fábrica no<br />

Brasil, com fotos de alguns Defender e do fulano V, sempre alinhado ao<br />

melhor estilo europeu.<br />

Fiquei antenado e mantendo contato com o escritório no Rio. Queria<br />

agora fazer a matéria com um dos Defender que já deveriam ter<br />

chegado. Antes porém que isso pudesse acontecer, meu editor me<br />

chama na sala e me diz: Tem outra Land Rover que me ligou. É aqui<br />

em São Paulo. Tem alguma coisa errada aí. Dá um pulo lá. – Outra Land<br />

Rover?<br />

Estranho. Depois que eu havia feito a matéria, outro jornalista amigo<br />

meu me perguntou se a conversa com Land Rover havia sido na Faria<br />

Lima? Também a esposa de um outro amigo, arquiteta, havia me dito<br />

estar montando um escritório para a Land Rover na Faria Lima...<br />

Mas a entrevista havia sido feita no Rio e o endereço que eu tinha agora<br />

era de um hotel na Juscelino Kubitschek. E lá fui eu.<br />

Me atendeu outra secretária igualmente educada. O quarto havia<br />

sido remodelado como um escritório. Era ainda menor que o do Rio.<br />

Nenhum modelo em escala e nenhuma prateleira. Juro, não sei porque,<br />

mas achei que quem apareceria na próxima cena seria o mesmo cara do<br />

Rio. Quase um Déjà vú.<br />

No alto, um Land Rover Serie I no evento de fundação do Jeep Clube do<br />

Brasil em 1981<br />

No centro, O Serie II nas Expedições Surfari em 1986<br />

Acima, eu em 1991 com o Discovery I V8i da falsa Land Rover<br />

-O senhor fala Inglês, me perguntou. –Não o suficiente, respondi. - Não<br />

há problema, eu traduzo a conversa, pode ser?- Claro. E me apresentou<br />

um senhor de nome Richard Morley –<br />

Ele foi logo objetivo em dizer que nós estávamos sendo ludibriados pelo<br />

tal Fulano V, um pirata internacional e que ,oportunamente, prevendo<br />

a vinda de diversas montadoras para o Brasil havia registrado entre<br />

go anywhere | 65


HISTÓRIA - NELSON DE ALMEIDA FILHO<br />

muitas outras marcas, tais como Ferrari, Lamborghini, Jaguar, Porsche<br />

e a marca Land Rover. Por esse motivo, a Land Rover de verdade não<br />

estava conseguindo se estabelecer. Disse também que o fulano V já era<br />

alvo de diversos processos na Europa e nos Estados Unidos por registros<br />

indevidos de marcas famosas. Me mostrou ainda documentos, fotos<br />

e informações sigilosas sobre o tal fulano do Rio. Concluí que estava<br />

realmente falando com a Land Rover de verdade.<br />

- Eles não são a Land Rover. Nós somos a Land Rover. E vermelho<br />

esbravejou - Vamos botar ele na cadeia!<br />

Pensei...que bela recepção. Tinha que ser mesmo nesse Brasil!!!<br />

Richard Morley , ex-Lotus e amigo pessoal de Colin Chapman foi o<br />

primeiro presidente da verdadeira Land Rover do Brasil. De fato, em<br />

pouco tempo o escritório provisório de hotel passou para um prédio<br />

comercial na Faria Lima e posteriormente para um espaço industrial em<br />

Santo Amaro. O caso com o Fulano V ficou famoso com matérias nos<br />

jornais do Brasil inteiro. Um rigoroso processo foi impetrado pela Land<br />

Rover Inglesa , que ainda teve de amargar quase um ano inteiro até,<br />

não saberemos jamais a que custo, poder se instalar definitivamente no<br />

Brasil. Além de Richard Morley formaram a primeira equipe executiva<br />

da Land Rover, Colm Maguire no desenvolvimento de concessionárias<br />

e no trabalho de Marketing, Bob Harrisson, na área técnica, Nelson<br />

Garcês (depois Bearmach com Bob Harrison), na área jurídica e Liam<br />

Brennan com John Byers na área de vendas e pós vendas.<br />

Sobre o Fulano V, deve ter conseguido seu intento e simplesmente<br />

desapareceu.<br />

No alto, Richard Morley, primeiro presidente da Land Rover do Brasil;<br />

“Fiquei maravilhado com a história<br />

e impressionado ao dirigir o carro.<br />

Que era aquilo?”<br />

Logo abaixo, Colm Maguire, desenvolvedor de concessionários e Marketing<br />

da Land Rover;<br />

Acima, Robert (Bob) Leslie Harisson, da área técnica<br />

Acima, à esquerda, um dos primeiros Range Rover trazidos pela marca<br />

66 | go anywhere


BOX: Início difícil<br />

Tal como diversas outras indústrias mundiais, também a Rover<br />

britânica interessou-se em implantar uma linha de fabricação<br />

no Brasil nos primórdios da nossa indústria automobilística.<br />

Registrada com a razão social Manufatura Brasileira de<br />

Automóveis S.A. (cujas iniciais coincidiam com as do nome de<br />

seu incentivador e representante da marca no Brasil, Mário Barros<br />

do Amaral), no final de 1957 a empresa chegou a ter aprovados<br />

pelo GEIA planos de produção do utilitário Land Rover em São<br />

Paulo (SP). O projeto, que previa a produção de 4.800 carros/ano,<br />

foi transferido para Recife (PE) e terminou por ter a autorização<br />

cancelada por descumprimento de prazos e obrigações.<br />

Duas outras tentativas ocorreram mais tarde. Em 1967, como<br />

parte do processo de reestruturação ao qual foi submetida pelo<br />

governo militar, a Fábrica Nacional de Motores imaginou produzir<br />

em suas vastas instalações um veículo “de massa”, automóvel<br />

popular ou utilitário, e o Land Rover foi um dos modelos<br />

cogitados. Foram efetuados contatos com vários fabricantes,<br />

dentre os quais a Rover, mas o processo foi interrompido pela<br />

privatização da FNM e a venda de seus ativos para a Alfa Romeo.<br />

A segunda tentativa só aconteceria muitos anos depois: no início<br />

de 1990, buscando diversificar seus negócios para compensar<br />

a redução drástica das encomendas de equipamentos militares,<br />

foi a vez da Engesa estabelecer negociações com a Rover com<br />

vistas à produção do jipe no país. Também dessa vez a proposta<br />

foi abandonada, pois a Engesa optou por desenvolver um projeto<br />

próprio, que resultaria no excepcional EE-4.<br />

No alto, Liam Brennan<br />

No centro a unidade em Santo Amaro, estoque de peças;<br />

Acima, John Buyers, também presidente daLand Rover do Brasil<br />

Logo a seguir aconteceu o quarto ensaio de produção do jipe<br />

inglês no Brasil, proposta que acabou degenerando num longo<br />

processo judicial. Em 1991, enquanto os britânicos estudavam a<br />

viabilidade de instalação de uma subsidiária no país, anunciando<br />

iniciar a produção “dentro de um ano”, um empresário carioca<br />

registrou a marca Land Rover em seu nome, alegando a<br />

caducidade dos direitos da matriz “por falta de uso”. O golpe<br />

foi naturalmente questionado pelos ingleses na Justiça, num<br />

processo que se arrastou por quase dois anos. Em meio à disputa,<br />

o brasileiro contra-atacava comunicando a montagem de uma<br />

fábrica em Resende (RJ) ou Betim (MG), com a participação de<br />

capital árabe, para a produção de 18 mil jipes/ano a partir de<br />

1993; pouco depois, em vez disto, anunciava a assinatura de<br />

um acordo com a espanhola Santana para a montagem de seus<br />

carros no Rio de Janeiro (A Santana produzia jipes Rover com sua<br />

marca, os mesmos modelos que, ironicamente, quase dez anos<br />

mais tarde seriam produzidos no Brasil pela Fabral.) A Justiça<br />

acabou por dar ganho de causa aos ingleses que, no entanto,<br />

arrefeceram seus planos a ponto de, no final de 1993, ainda se<br />

manterem reticentes, avisando que poderiam anunciar, em dois,<br />

três anos, “a produção made in Brazil”. A despeito disso, porém,<br />

a empresa colocou três versões do jipe Defender em teste pelas<br />

trilhas do Pantanal mato-grossense.<br />

Retirado do site Lexicar : http://www.lexicarbrasil.com.br<br />

go anywhere | 67


DIÁRIO DE BORDO - PROJETO MUNDO CÃO<br />

“Viver na estrada:<br />

ter dinheiro ou ter<br />

coragem?”<br />

68 | go anywhere


Não é novidade que muita gente hoje em dia está aderindo ao<br />

estilo de vida nômade, ou pelo menos tirando seu tão sonhado ano<br />

sabático para viajar pelo mundo afora, e cada vez mais aparecem<br />

pessoas nas redes sociais experimentando uma vida de liberdade<br />

na estrada.<br />

Por Sérgio Medeiros e Eleni Alvejan<br />

go anywhere | 69


DIÁRIO DE BORDO - PROJETO MUNDO CÃO<br />

Mas e a grana pra tudo isso? Precisa de muito? É fácil viajar assim? E se<br />

o carro quebrar? Quanto vou gastar? Etc, etc, etc...<br />

São inúmeras as dúvidas que aparecem neste momento e acabam<br />

criando um turbilhão de perguntas que muitas vezes não encontram<br />

respostas, aí é onde muita gente desiste ou adia o sonho de uma vida,<br />

achando que tem que ser rico para viver na estrada.<br />

Quer uma sugestão? SIMPLIFIQUE! Menos necessidades geram menos<br />

custos!<br />

Viver uma vida simples e mais prazerosa esta longe de ser um sacrifício,<br />

mas se você quiser mudanças tem que estar disposto ao desconforto<br />

da adaptação para a liberdade total, talvez nunca experimentada, mas<br />

que traz recompensas inesquecíveis.<br />

Ao se planejar para um ano sabático não tente levar sua vida atual na<br />

bagagem, isso será muito difícil e pode frustar já na saída.<br />

Considere que o custo de se viver em uma cidade grande, com toda<br />

a comodidade que estamos acostumados, comparado a uma vida na<br />

estrada, ele é muito mais alto do que se imagina! Parece loucura essa<br />

afirmação mas é uma resposta unânime entre viajantes experimentados,<br />

na estrada as necessidades são básicas e só nos damos conta disso<br />

quando vivemos na prática.<br />

Aproveitando o gancho de nossa última matéria e por experiência<br />

própria podemos dizer que:<br />

“Correr atrás dos sonhos, mesmo que eles pareçam loucos e distantes<br />

tem muito mais a ver com coragem que com dinheiro”<br />

70 | go anywhere


Pois é, mais coragem que dinheiro!<br />

Não que dinheiro não seja necessário, muito pelo contrário, você vai<br />

precisar dele , e tampouco temos a pretensão de demonstrar o quanto<br />

gastamos em cada coisa relacionada a vida na estrada como se fôssemos<br />

os mestres do “living in a budget”, já existem inúmeros casais fazendo<br />

isso e com muitos detalhes as vezes até engraçados e que chegam ao<br />

exagero. De qualquer forma este é um tipo de informação relativamente<br />

fácil de encontrar na internet e que pode dar pelo menos uma ideia<br />

do que alguns estão gastando mensalmente para se manter na estrada<br />

por um longo período sem trabalhar. Mas não se engane e nem tome<br />

estas informações como definitivas porque cada um tem um tipo de<br />

necessidade e justamente por isso os valores mudam drasticamente.<br />

“Correr atrás dos sonhos, mesmo que eles<br />

pareçam loucos e distantes tem muito mais a<br />

ver com coragem que dinheiro”<br />

Pode parecer besteira mas muitas situações devem ser tomadas em<br />

go anywhere | 71


DIÁRIO DE BORDO - PROJETO MUNDO CÃO<br />

conta quando se estima um custo mensal de uma viagem longa para<br />

que o sonho não se torne um pesadelo e tudo acabe prematuramente.<br />

Você quer visitar todo tipo de atração ou parque que estiver no<br />

caminho? Pretende comer em restaurantes com que frequência? Tem a<br />

ideia ficar em hotel três vezes por semana apenas para “recuperar” da<br />

estrada? Banho frio é uma opção? Presentinhos para a familia e amigos<br />

já estão na lista de custos antes de sair de casa? Não gosta de sujar suas<br />

mãos de graxa ou isso te diverte? O veiculo que você escolheu para viajar<br />

tem qual motorização? É diesel ou gasolina? Você confia em oficinas<br />

mecânicas ou apenas em autorizadas? Qual a média de quilometragem<br />

você acredita que vai rodar diariamente x mensalmente? Você esta mais<br />

focado no objetivo de chegar em algum lugar especifico ou o aproveitar<br />

as expectativas do caminho?<br />

Que tipo de estradas você quer percorrer, 4x4 ou apenas asfalto?<br />

Enfim, a lista pode ser enorme e deve ser considerada, nem precisamos<br />

ir muito longe. Imagine um casal em torno de seus vinte e poucos<br />

anos viajando em uma pequena van, vendendo artesanato durante<br />

o trajeto e fazendo camping selvagem quase todos os dias, compare<br />

com um casal de seus 60 anos com um camper na caçamba de uma<br />

picape diesel 6 cilindros que adora acampar com eletricidade para<br />

poder usar o ar condicionado durante a noite! Cada um vai ter um gasto<br />

mensal diferente e nenhum dos dois esta errado na forma de viajar, são<br />

apenas objetivos diferentes. Não existe certo ou errado, existe o mais<br />

simples, com menos conforto, porém mais barato, o mais sofisticado,<br />

com conforto e bem mais custoso, nós optamos pelo intermediário,<br />

uma categoria que nós adaptamos para as nossas necessidades e isso<br />

realmente é o que conta, cada um encontrar sua maneira de viajar e<br />

usar seu dinheiro de forma inteligente.<br />

Um casal com uma renda mensal de R$3.000 talvez tenha uma<br />

probabilidade bem maior de se adaptar as necessidades de uma viagem<br />

longa de baixo custo do que um casal acostumado a viver com uma<br />

72 | go anywhere


enda de R$10.000! As prioridades podem ser bem diferentes, por isso<br />

nunca tome como verdade absoluta o que encontrar na internet. Faça<br />

você seus cálculos. É divertido!!<br />

Se você realmente estiver disposto a uma mudança e quer gastar pouco<br />

existem algumas dicas que podem ajudar muito e são relativamente<br />

simples de se aplicar. E não inventamos nenhuma delas.<br />

Prepare suas refeições e evite restaurantes com frequência. Claro que<br />

não se deve perder algumas das iguarias que cada país oferece ou<br />

alguma ocasião especial, mas restaurante regularmente está fora de<br />

cogitação se você quer passar um longo período viajando.<br />

Aproveite e utilize tudo o que você adaptou no veiculo para viver<br />

na estrada. Cozinhar vai ser prazeroso e proporcionará momentos<br />

inesquecíveis!<br />

Procure sempre lugares grátis para passar a noite. Com o tempo vai ser<br />

divertido na medida em que sua confiança aumenta. Evite hotéis, é uma<br />

boa opção se for utilizar o estacionamento para acampar e usar algum<br />

banheiro para ducha! Uma vez ou outra tudo bem, mas evite contar<br />

com essa opção e faça uso do seu veiculo! Você o adaptou para isso<br />

não foi?<br />

Tenha paciência para comprar seus alimentos procurando lugares<br />

baratos e de boa qualidade, pode ser muito divertido, te aproxima da<br />

vida local e às vezes vai te surpreender com o que pode encontrar em<br />

diversos países.<br />

Quando for hora de adaptar o carro sugerimos que tenha sempre a<br />

opção de dormir dentro, principalmente se for usar barraca de teto, isso<br />

vai evitar stress em alguns lugares onde você não quer chamar a atenção<br />

ou simplesmente não poderia ficar acampado, mas sim estacionado!!<br />

Lembre-se que tudo o que for investir na adaptação do carro deve<br />

go anywhere | 73


DIÁRIO DE BORDO - PROJETO MUNDO CÃO<br />

ser com foco em economizar lá na frente. Seja o mais autossuficiente<br />

possivel para não ter que gastar duas vezes, mas sempre buscando<br />

a simplicidade e evitando o exagero. Não copie projetos de outros<br />

viajantes, tome-os como base, se inspire e crie o seu próprio. Suas<br />

necessidades podem ser totalmente diferentes e talvez vão gerar algo<br />

melhor!<br />

Não existe necessidade de super equipar seu veiculo. Muito do dinheiro<br />

gasto em algo que nunca será usado pode ser direcionado para algo<br />

mais útil.<br />

Geladeira (nunca cooler!) é um item essencial e deve ser levado em<br />

conta. Embora seja um investimento alto faz toda diferença e se paga<br />

rapidamente. Não saia sem uma geladeira!<br />

Agora o mais importante e que vai ajudar muito a não fechar o mês<br />

no vermelho: fazer as manutenções do carro você mesmo evitando<br />

mecanicos aventureiros.<br />

No nosso caso, viajar pelo mundo com uma lenda como o Land Rover<br />

Defender tem seus caprichos e algumas regras básicas. Como o carro é<br />

mundialmente conhecido e tem uma legião enorme de aficcionados,<br />

praticamente todos os problemas que ele pode te dar durante o<br />

caminho ja são conhecidos e facilmente resolvidos desde que se tenha<br />

um mínimo de preparo. A primeira coisa que pode salvar você de um<br />

gasto não esperado e afundar a viagem é justamente a manutenção.<br />

Invista seu tempo e dinheiro em aprender a trabalhar no carro. É<br />

imprescindível uma manutenção completa antes da partida e cada<br />

centavo gasto vale a pena mesmo se for para sacrificar algo de conforto<br />

que não foi adicionado na adaptação porque você teve de gastar pela<br />

troca de uma correia dentada por exemplo.<br />

Se estiver no mecânico fazendo a manutenção procure acompanhar<br />

tudo e aprenda o que esta sendo feito e o porquê, melhor ainda se<br />

puder trabalhar como assistente e colocar a mão na massa.<br />

Acredite: olhar alguém fazendo é uma coisa, mas fazer você mesmo é<br />

completamente diferente, só nos daremos conta depois do primeiro<br />

parafuso emperrado que não conseguimos retirar, a troca de alguma<br />

peça simples e que te pouparia muito dinheiro pode acabar em muito<br />

stress e numa conta salgada simplesmente pela nossa falta de preparo,<br />

além disso a satisfação de poder resolver seus problemas mecânicos na<br />

estrada não tem preço.<br />

Peças de reposição? Sim!!! Isso poupa um dinheirão na estrada e o<br />

Defender até que ajuda nisso porque podemos facilmente fazer uma<br />

lista básica de peças para levar na bagagem, seja para troca devido a<br />

quilometragem ou por ser um item crítico que costuma dar problema.<br />

Tudo já é conhecido! Pesquise e vá as compras mesmo se for durante a<br />

74 | go anywhere


viagem. O que você gastar agora vai economizar lá na frente!<br />

Ter uma renda mensal, por menor que seja dá uma imensa tranquilidade<br />

psicológica e uma reserva para emergências mais ainda. Na estrada dá<br />

para encontrar formas de ganhar um extra ou pelo menos deixar de<br />

gastar, vendendo coisas, prestando serviços se cadastrando em sites<br />

de trabalho voluntário ou mesmo remunerados, sites de hospedagem<br />

gratuita, não negar convites, enfim, mas isso é assunto para uma outra<br />

matéria! No nosso caso quando conseguimos economizar ganhamos<br />

em dias a mais viajando, essa é a conta, consumir menos para viajar<br />

mais.<br />

Inspirados por essa matéria fizemos os cálculos dos nossos gastos nos<br />

últimos 30 dias. Estamos nos Estados Unidos e ficamos acampados<br />

grátis o mês todo, fizemos compra semanalmente no supermercado,<br />

sem passar vontade e comprando tudo que estamos habituados, fomos<br />

quatro vezes em restaurantes (econômicos é claro) e rodamos bem<br />

pouco, enchemos o tanque duas vezes somente, porque viajar devagar<br />

é um dos principais pontos para não gastar muito, sempre é mais barato<br />

e interessante, o custo maior de viver na estrada realmente está no<br />

combustível. Foram USD 330 neste período, aí está, tudo depende de<br />

como você viaja!<br />

“Não existe necessidade de super equipar seu<br />

veiculo. Muito do dinheiro gasto em algo que<br />

nunca será usado pode ser direcionado para<br />

algo mais útil.”<br />

pois ela é um processo, que às vezes vem de uma vida toda e nem<br />

nos damos conta, não importa que tipo de viajante você é ou vai ser,<br />

o que importa é que todos somos capazes de colocar a prova nossa<br />

capacidade de viver com menos e mais felizes, mas você só vai se dar<br />

conta disso quando estiver sentado na areia de uma praia paradisíaca<br />

em plena terça feira, curtindo um pôr do sol inesquecível e pensar:<br />

E não é que eu consegui?<br />

Talvez a fase do planejamento financeiro seja uma das mais importantes,<br />

go anywhere | 75


VIAGEM DO LEITOR - BARILOCHE<br />

VINTE E CINCO<br />

ABAIXO DE ZERO<br />

NA ARGENTINA,<br />

EM CINCO CAPÍTULOS<br />

76 | go anywhere


Em busca de superar desafios e registrar o mundo<br />

de forma bela, nós, fotógrafos, embarcamos de<br />

carro para uma experiência inédita para ambos:<br />

transformar o nosso Land Rover Defender em<br />

motorhome e dirigir até Bariloche, sem pressa,<br />

apreciando tudo de belo que havia pela frente.<br />

Por Evandro Rocha e Fernanda Luna<br />

go anywhere | 77


VIAGEM DO LEITOR - BARILOCHE<br />

EVANDRO ROCHA:<br />

Um sonhador, sempre indo além do que ele mesmo imaginava.<br />

É dono de uma racionalidade e perfeccionismo que fluem de<br />

forma tão constante e natural que não o deixam fazer nada<br />

abaixo do maravilhoso. Admiro de perto há 1 ano como ele é bom<br />

em tanta coisa: fotógrafo, empresário, videomaker, tio, amigo,<br />

namorado, piloto de drone e motorista de caminhão (risos)!<br />

É centrado nas conquistas, e mais ainda no caminho para chegar até lá.<br />

Carrega um sorriso lindo que usa toda hora, tá sempre de bom humor,<br />

até nos perrengues faz piada querendo me deixar tranquila (risos).<br />

Ele não existe!<br />

FERNANDA LUNA:<br />

Além de linda, minha namorada é uma excelente fotógrafa de<br />

casamentos e ensaios. Há 5 anos, deixou os estúdios de fotografia<br />

das Lojas Marisa para se dedicar ao que mais ama: fotografar pessoas.<br />

Muito antenada às novidades, é expert em stories e mantém seu feed<br />

do Instagram sempre impecável. Fica super empolgada com nossos<br />

projetos, ideias e ideais e é uma parceira incrível, daquele tipo de pessoa<br />

que você não quer sair de perto por nada (perfeita para viagens longas<br />

rssss). Super carismática e amável com todos que conversa, não mede<br />

esforços quando o assunto é fotografar e viver novas experiências.<br />

DEFENDER 110:<br />

Evandro comprou o “trator” em dezembro de 2017, depois de se cansar<br />

de furar pneus nos buracos da cidade com um carro esportivo. A idéia<br />

inicial era só trocar de carro, por algum que se adaptasse ao seu jeito<br />

de dirigir e aos buracos (risos) porém, quando conheceu melhor o<br />

Defender, ele é que precisou se adaptar ao carro, aumentando mais<br />

ainda sua vontade de sair pelo mundo. Depois de 3 meses buscando<br />

um Defender em bom estado, fomos até o RJ buscar essa belezura e já<br />

dirigimos nele os 900km da volta, na nossa primeira viagem.<br />

O defender é um 4x4 pau pra toda obra, 2005, a diesel, motor Tdi,<br />

que faz de 8 a 11km por litro, com velocidade de cruzeiro entre 110<br />

e 120km/h. É beeemmm barulhento, o que nos obriga a ouvir música<br />

bem alta dentro dele. Tem um bom espaço interno e por fora não é tão<br />

grande quanto parece (dá pra estacionar tranquilo). Ele também cabe<br />

dentro de containers, caso a gente queira enviá-lo para uma viagem<br />

mais longa (Europa, por exemplo).<br />

A INSPIRAÇÃO<br />

A vontade de fazer essa viagem surgiu há um ano, junto com outros<br />

planos de inicio de namoro. Fomos estimulados por experiências<br />

maravilhosas que passamos, como uma viagem de Motorhome do<br />

Evandro com os amigos Neto e Renan pelos Estados Unidos, e logo<br />

em seguida nós dois acampamos 10 dias no deserto, no incrível<br />

Festival Burning man. Veja mais em www.evandrorocha.com.br/burn.<br />

Todo inverno, o Evandro vai para Argentina ou Chile andar de<br />

Snowboard com os amigos, mas para esse ano queríamos que fosse<br />

diferente. Nos inspiramos no trabalho, viagens e estilo de vida de<br />

vários fotógrafos e casais, como a fotógrafa russa Anastasia Volkova<br />

além de outros aventureiros e youtubers como Daytrippers e Vivendo<br />

mundo afora, o que deu mais vontade ainda de pegar a estrada<br />

o quanto antes. Para nós, inspiração são as influências positivas<br />

que você coleciona em tudo que faz, nos filmes que assiste, nas<br />

conversas que tem, nas comidas que experimenta e, em especial,<br />

nas viagens que faz, conhecendo novas culturas e estilos de vida.<br />

78 | go anywhere


capítulo 1 - primeira noite<br />

Ajeitamos tudo no carro na noite anterior da partida: malas, pranchas<br />

de snowboard, estrado da cama, colchão, ferramentas e etc. Essa<br />

organização levou um bom tempo e fomos dormir bem tarde, o que<br />

na manhã seguinte refletiu no atraso da nossa saída. Às oito horas da<br />

manhã, tomamos café e partimos de São José do Rio Preto - SP rumo<br />

a Bariloche. A primeira parada seria Florianópolis-SC, mas depois de 4h<br />

de estrada já estávamos cansados (dormimos pouco e o sono estava<br />

começando a bater...) e qual a melhor parte de ter a sua cama dentro<br />

do carro rs? Poder parar embaixo de uma árvore e dormir! Cochilamos<br />

por pouco mais de 1h antes de seguir viagem, e essa foi a pré-estreia<br />

do carro como nosso quarto. Antes de chegar em Curitiba, o trânsito<br />

estava bem parado e já era tarde da noite, dois ótimos motivos para<br />

sair da rodovia e procurar um lugar para estacionar e dormir. Estávamos<br />

em Campo Largo, e pela imagem de satélite do celular (<strong>Go</strong>ogle Maps),<br />

vimos uma área verde afastada, que parecia uma floresta, e foi para<br />

lá que seguimos! Como estava de noite, não conseguimos ter muitos<br />

detalhes do caminho, mas parecia ser uma vila bem pacata. Passamos<br />

por algumas porteiras, sítios, vacas e seguimos até o final da estrada<br />

de terra, saímos pela grama que beirava as árvores e descemos um<br />

pequeno morro até ficar meio escondido e sem dar vista para a vila.<br />

Fazia um pouco de frio, nos agasalhamos, arrumamos a cama, fechamos<br />

as cortinas, e dormimos. Logo pela manhã, quando acordamos, ao<br />

abrir a janela nos surpreendemos com a primeira vista do nosso hotel<br />

ambulante. O que de noite parecia ser só mato, na verdade era um<br />

campo aberto com pequenas flores, e do lado da janela do Evandro,<br />

enormes pinheiros que nos ofereceram sombra para preparar o café da<br />

manhã, com ovos, palmito, café (que ficou bem aguado por sinal rsrs),<br />

tudo servido na nossa mesinha de madeira, que também era o suporte<br />

para o estrado da cama.<br />

go anywhere | 79


VIAGEM DO LEITOR - ATACAMA BARILOCHE<br />

capítulo 2 - Dunas<br />

Seguimos rumo ao litoral e pouco antes de chegar em Itajaí/SC, o<br />

Evandro sentiu que o volante estava vibrando muito. Pedimos ajuda<br />

para um amigo que mora lá próximo, o Edson Beline, que nos indicou<br />

um lugar em Camboriú onde fomos fazer balanceamento. Um pneu<br />

estava deformado, pois era o estepe, que meses antes foi trocado por<br />

engano pelo cara que pintou as rodas do Defender.<br />

Problema resolvido, fizemos uma pequena pausa em Florianópolis, no<br />

Gabriel e Suelen, que gentilmente nos cederam o primeiro banho e<br />

recomendaram que dormíssemos em Torres, um lugar bonito e seguro,<br />

mas... Já era a noite, quando no caminho o Evandro apontou um morro<br />

de areia do lado da rodovia, e pela imagem de satélite do celular vimos<br />

que se tratavam das Dunas de Imbituba, pareciam ser enormes. O<br />

Evandro pediu para eu confiar nele, deu seta e saiu da rodovia.U-A-U,<br />

essa foi nossa ao reação ao nos deparar com aqueles morros gigantes<br />

de areia, iluminados somente pela lua. Esse foi o cenário perfeito para<br />

fotos, videos, e para descansar mais uma noite.<br />

capítulo 3 - cruzando fronteiras (DIAS 3, 4,5 e 6)<br />

Seguindo viagem, fizemos uma parada, comemos sushi e dormimos<br />

no talentosíssimo e querido @GuilhermeCoelho e sua namorada @<br />

Juliachoffmann, que nos deu várias dicas e ainda emprestou 2 lentes<br />

para registrarmos a aventura.<br />

No dia seguinte seguimos para o Sul, para cruzar a fronteira do Brasil<br />

pelo seu ponto mais extremo: Chuí. Ali, na verdade não vimos muita<br />

coisa legal, além de cata-ventos gigantes (parques eólicos). Como de<br />

costume, fazemos imagens de drone pelo caminho, e em uma dessas<br />

paradas, quando o Evandro voltou para o carro, o cinto de segurança<br />

dele travou. Ele não conseguia mais esticar o cinto para prendê-lo, e<br />

estávamos em um momento da estrada que não havia nada por 150km<br />

a frente e nada em 120km para trás. Foi um pouco desesperador viajar<br />

sem cinto, além de não estar seguro, foi um imenso desconforto. Por<br />

sorte avistamos uma borracharia e o borracheiro tentou destravar e<br />

desrosquear para concertar, mas não conseguiu: o cinto tinha travado<br />

de vez. Seguimos sem cinto para a fronteira.<br />

80 | go anywhere


go anywhere | 81


VIAGEM DO LEITOR - BARILOCHE<br />

Já era quase 00h quando finalmente o Defender colocou as rodas em<br />

território internacional: chegamos no Uruguai. Na Aduana foi bem<br />

tranquilo, só mostramos os passaportes, documentos do carro e a Carta<br />

Verde.<br />

Fizemos uma reserva pelo Booking em um hotel de frente para o mar,<br />

em Punta Del Diablo e quando chegamos, debaixo de chuva e frio, não<br />

havia ninguém na recepção do hotel para nos atender, e nenhuma<br />

luz acesa. Entendemos isso como um sinal, voltamos para o carro,<br />

arrumamos a cama e zzzzzz... de frente para o mar, no estacionamento<br />

do hotel. Na manhã seguinte fomos informados na recepção do hotel<br />

que não havia energia e por isso nossa reserva não constava nos dados.<br />

Seguimos viagem e conseguimos resolver o problema do cinto no<br />

caminho. Paramos para almoçar em Rocha - Uruguai e dirigimos o dia<br />

todo até Punta Del Este. Dormimos bem ao lado da Casa Pueblo, depois<br />

que o guarda do museu nos disse que ali estávamos seguros. A próxima<br />

fronteira que cruzamos foi de Uruguai - Argentina, dessa vez pela água!<br />

Entramos com o carro e tudo por uma Barco-Balsa, a travessia durou 1h<br />

e assim que chegamos já fomos para um hotel na saída de Buenos Aires.<br />

82 | go anywhere


capítulo 4 - a cidade inundada<br />

Imagina uma cidade cheia de resorts, turistas e badalação: essa era<br />

Epecuen na década de 80. Mas devido ao rompimento de uma barreira<br />

em 1985, essa cidade turística foi engolida pelas águas do lago Epecuen.<br />

É claro que fomos ver o que sobrou da cidade de perto.Dirigimos 540km<br />

sem pausa de Buenos Aires á Epecuen, para conseguir ver a cidade ainda<br />

de dia. Logo na entrada do lago já cruzamos estradas inundadas, em<br />

alguns trechos a água encobria o asfalto. Em uma dessas partes alagadas<br />

ouvimos um apito no painel da Defender e uma luz de alerta acendeu,<br />

vish.. paramos na hora! Consultamos amigos e o mecânico no Brasil por<br />

whats app e nos informou que era a luz de alerta de aquecimento no<br />

sistema de transmissão, e mesmo depois de esperar uns 45min com o<br />

carro desligado, no meio do lago, a luz não apagou. O Evandro chegou<br />

a conclusão que entrou água no sistema elétrico e afetou os sensores, e<br />

só por isso a luz acendeu, então decidimos continuar. Um pouco mais à<br />

frente já vimos os primeiros sinais da catástrofe: metade da cidade está<br />

pra fora da água, porém toda em ruínas; parecia que estávamos num<br />

cenário de guerra.<br />

Ficamos ali até o por-do-sol, que foi lindo, colorindo árvores secas que<br />

ainda permanecem em pé mesmo com a inundação.<br />

Dormimos em um camping municipal na cidade vizinha, Adolfo<br />

Alsina, e além de não pagar nada pela diária (teoricamente o<br />

camping só funciona no verão), o jardineiro municipal acrescentou<br />

detalhes a história da cidade inundada, nos contou que não houve<br />

mortos, mas muita correria para retirar os corpos do cemitério. Mais<br />

assustadora do que a cidade em ruínas, foi a noite dormindo no carro.<br />

De madrugada, lá pelas 4h da manhã, acordamos com barulhos<br />

estranhos que parecia algum bicho (ou monstro pra Luna rs)<br />

arranhando a lataria do carro, e na escuridão não conseguimos ver<br />

nada pela janela; logo parou, mas a Luna passou a noite em claro com<br />

medo. Na manhã seguinte, notamos que deixamos restos de pizza em<br />

cima do carro e haviam dois cachorros no camping, que provavelmente<br />

eram os “monstros” farejando a comida. Voltando para a estrada,<br />

rumo a Bariloche, paramos para abastecer e o frentista nos informou<br />

que a água do lago é 10x mais salgada que a do mar! E seguindo sua<br />

recomendação: levamos o carro para um bom banho e seguimos<br />

go anywhere | 83


VIAGEM DO LEITOR - BARILOCHE<br />

viagem, parando apenas para abastecer o carro, sacar dinheiro, comprar<br />

empanadas e vinho.<br />

capítulo 5 - frio<br />

Depois de dormirmos em um hotel em General Roca, paramos para<br />

abastecer e comprar os anticongelantes para o diesel, água do radiador<br />

e para-brisas, deixando assim tudo pronto para a reta final, pois faltavam<br />

apenas 480 km para Bariloche.<br />

Estava tudo tranquilo até que nos depararmos com uma fila imensa de<br />

carros, a poucos km antes da subida da Cordilheira dos Andes; era a<br />

polícia checando se todos estavam levando correntes para os pneus,<br />

e depois de 1h30min na fila, fomos impedidos de seguir, pois nós não<br />

tínhamos correntes :(. Estacionamos o carro e tentamos comprar<br />

correntes dos carros que voltavam da Cordilheira, sem sucesso, pois o<br />

pneu da Defender é bem maior que os normais. Então a Luna foi falar<br />

novamente com o guarda, que ao ver que estávamos num carro 4x4<br />

nos liberou em 10min. Nesse tempo conhecemos o Juan, que mora<br />

84 | go anywhere


em Bariloche e foi com a gente de carona, pois o ônibus que viajava foi<br />

impedido de passar (muita neve na estrada).<br />

Logo nas primeiras subidas e curvas já deu para sentir que o clima estava<br />

tenso! Havia nevado muito na noite anterior e os carros se amontoavam<br />

no acostamento para colocar correntes, enquanto nós passamos<br />

tranquilamente com a poderosa tração do Defender, sem correntes e<br />

sem escorregar no gelo. Seguimos assim por 3 horas; em cada curva se<br />

descobria uma montanha nova e estradas mais perigosas; nesse mesmo<br />

caminho fomos presenteados com um por-do-sol fora de série: o céu<br />

rosa mesclava com as cores frias da montanha, ficou impossível não<br />

descer do carro para fazer dezenas de imagens daquele momento<br />

Depois de dirigir mais de 4 mil km em 7 dias, finalmente chegamos ao<br />

nosso destino! Bariloche estava coberta de neve, como poucas vezes<br />

se viu. Havia polícia por toda parte e muitos bairros sem energia;<br />

soubemos que dezenas de voos foram cancelados e estava cheia de<br />

turistas que não conseguiam ir embora. A nevasca foi forte!<br />

go anywhere | 85


VIAGEM DO LEITOR - BARILOCHE<br />

86 | go anywhere


Já era noite quando chegamos, então só tivemos o tempo de jantar e<br />

pedir o conselho de uma amiga, Inara, que mora na cidade, sobre onde<br />

estacionar para dormir no carro.<br />

Ela aconselhou a não dormirmos aquela noite no carro, pois pela<br />

previsão esperava-se 13 graus negativos. Então reservamos um hotel na<br />

beira do lago Gutierres. Ao chegarmos veio a surpresa: o senhor Jorge<br />

nos informou que estavam sem energia e sem calefação nos quartos;<br />

pedimos então para dormir no estacionamento do hotel.<br />

25 abaixo de zero! Na noite mais fria já registrada na história de alguma<br />

cidade argentina, estávamos confortavelmente dormindo no carro. A<br />

marca histórica afetou Bariloche, aeroportos, argentinos, mas não nossa<br />

casinha, que passou no teste e nos deixou tranquilo para as noites que<br />

viriam! Nessa noite dormimos com calça e blusa segunda-pele, gorro,<br />

saco de dormir e 2 mantinhas por cima. O<br />

Evandro até colocou uma calça de moletom, mas acordou a noite com<br />

calor.<br />

Na primeira manhã nos encantamos com a cidade coberta de neve!<br />

Tiramos um tempo para fotografá-la, estava sol e no dia seguinte boa<br />

parte iria derreter. As árvores estavam todas branquinhas, não se via<br />

nenhum pedaço de grama que não estivesse coberto, havia muitas<br />

crianças brincando nas ruas, escorregando com ski-bunda, muitas<br />

fazendo criativos bonecos e outros guerra de neve. Em meio a todo<br />

o caos dos aeroportos, ainda via-se muitos turistas se divertindo com<br />

aquele cenário raro para a cidade.<br />

go anywhere | 87


CLUBES: DIRETÓRIO DE CLUBES DE PROPRIETÁRIOS DE LAND ROVERS<br />

Defender Clube - AM<br />

(92) 99207-7739<br />

Max Sanhaçu<br />

Discovery Clube Brasil - MG<br />

(31) 9417-0220<br />

Virgilio Souza<br />

Land Rover Owners<br />

Club - SP<br />

(11) 96768-2222<br />

Eduardo Rocha<br />

Land Clube Bahia - BA<br />

(71) 99983-7392<br />

Cristiano<br />

Land Rover Clube - MG<br />

(31) 99732-0868<br />

Diogo <strong>Go</strong>nçalves<br />

Land Rover Clube Uruguay<br />

598 99388842<br />

Gustavo Antonaz Medina<br />

Land Rover Classic<br />

Driver’s Brazil<br />

(21) 99891-1310<br />

Milton Tesseroli<br />

Land Rover Clube - SC<br />

(47) 99975-1935<br />

Giovanni Junckes<br />

Land Rover Club<br />

Centro Oeste<br />

(61) 99559-3333<br />

Patrick Ganassin<br />

Defender BR<br />

(11) 971597223<br />

Daniel Pavanelli<br />

Discovery Clube Brasil<br />

(41) 9667-9075<br />

Evandro Miranda<br />

(31) 9417-0220<br />

Virgilio Souza<br />

Land Rover Clube - RS<br />

(51) 99745-2955<br />

André Vargas<br />

Land Rover Defender - RS<br />

(51) 9993-3421<br />

André Sheffer<br />

(54) 9985-6035<br />

Samuri Volpato<br />

Land Rover Clube<br />

de São Paulo<br />

(17) 98125-0461<br />

André Bodini<br />

PEÇAS PARA LAND ROVER<br />

DEFENDER<br />

DISCOVERY<br />

EVOQUE<br />

FREELANDER<br />

RANGE ROVER<br />

O MAIOR E MAIS VARIADO ESTOQUE DO BRASIL<br />

VAREJO<br />

Walter 11 94086-0799<br />

Diego 11 96164-9764<br />

Bruno 11 94625-7513<br />

Mozart 11 97776-8749<br />

ATACADO<br />

Leandro 11 98074-3991<br />

Canato 11 98099-1220<br />

Denis 11 94752-6710<br />

Varejo: Fone | Fax 11 2905-2100<br />

Atacado: Fone | Fax 11 2905-1999<br />

Website:<br />

www.tekcom.com.br<br />

Email:<br />

tekcom@tekcom.com.br<br />

2af a 6af das<br />

8:00 às 18:00h<br />

Atendimento Loja: Av. Joaquina Ramalho, 829<br />

Armazém - Depósito: Av. Guilherme, 408<br />

V. Guilherme - São Paulo - SP

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!