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EDITORIAL<br />
Caro leitor,<br />
Continuamos aqui com nossa empreitada de produzir uma revista de qualidade, especializada<br />
em Land Rover no Brasil, o que é muito gratificante, mas não exatamente fácil, num cenário<br />
complexo como o atual.<br />
Bem, nessa edição, temos uma singela homenagem ao Dr. Oscar Hildebrand, advogado de<br />
profissão e landeiro de coração, que nos deixou recentemente.<br />
Passamos pelos eventos e atividades de Brasil, América do Sul e Reino Unido com o Washington<br />
Pires, que foi à Red Wharf Bay em Anglesey, onde Maurice Wilks fez na areia da praia o primeiro<br />
esboço do protótipo do primeiro Land Rover. Fizemos também uma bela viagem por uma região<br />
ainda pouco explorada, as Cuestas de Botucatu, com o Land Rover New Discovery, que pudemos<br />
testar na pista da Primavera da Serra, a nossa “bancada de testes”.<br />
Milton Tesserolli Filho, do Land Rover Classic Driver’s Brazil nos contou como foi sua travessia do<br />
Sahara com seu Series III 1974, em 1988.<br />
Aproveitamos para agradecer ao fotógrafo Claudio Larangeira, que tem sido um grande parceiro<br />
e que nos ajudou digitalizando os cromos da matéria do Sahara.<br />
Visitamos também o “Bunker” do Land Rover Owner, Ernie Bond, que de forma muito divertida,<br />
nos contou como foi sua entrada no mundo Land Rover.<br />
Quem chegou para reforçar nosso time, foi o Nelson de Almeida Filho, que começa a nos contar<br />
as estórias já vivenciadas com a marca no Brasil.<br />
O diário de bordo de Sérgio e Eleni, do Projeto Mundo Cão, continua. Nessa edição fazem uma<br />
reflexão sobre o que é mais importante numa viagem de longa duração.<br />
Finalmente, temos a viagem de Evandro Rocha e Fernanda Luna até uma Bariloche com recorde<br />
de temperaturas negativas.<br />
Esperamos que a <strong>Go</strong> <strong>Anywhere</strong> <strong>magazine</strong> seja cada vez mais uma fonte de informação e<br />
inspiração para todos vocês.<br />
Boa leitura, um aceno cordial e piscadas de farol,<br />
Eduardo R C Rocha, Reinaldo Junqueira e Patricia Miller<br />
Editores<br />
go anywhere | 1
EXPEDIENTE<br />
Ano 01 - Edição #02<br />
Imagem da capa: Bariloche - Argentina<br />
Editorial: Eduardo R. da Cunha Rocha, Reinaldo Junqueira e Patricia Miller<br />
Colaboradores: Augusto Carvalho, Douglas de Oliveira, Eleni Alvejan, Evandro Miranda,<br />
Evandro Rocha, Fernanda Luna, Gustavo Antonaz Medina, Lucas Hildebrand, Luiz Fraga,<br />
Marcos Prado, Milton Tesserolli Filho, Murilo <strong>Go</strong>ulart, Nelson de Almeida Filho<br />
Patrick Ganassin, Ricardo (Bigo) Berg, Ricardo Pocholo, Sérgio Medeiros, Washington Pires<br />
e Vinícius Maestrelli<br />
Projeto gráfico e direção de arte: Eduardo R. da Cunha Rocha<br />
Revisão: Patricia Miller<br />
Publicidade: Eduardo Rocha - eduardo@goanywhere.com.br<br />
Produção: Custom Press<br />
Tiragem desta edição: 1000 exemplares<br />
Impressão:nywgraf<br />
Distribuição: Custom Press<br />
Assinaturas: https://goanywhere.minestore.com.br/categorias/assinaturas<br />
Onde comprar: Somente através do site www.goanywhere.com.br<br />
Quer apresentar seu produto ou serviço: eduardo@goanywhere.com.br<br />
Quer contar sua história com seu Land Rover: reinaldo@goanywhere.com.br<br />
Quer tirar dúvidas, elogiar ou reclamar: patricia@goanywhere.com.br<br />
Quer mais informações sobre a revista: www.goanywhere.com.br<br />
Proibida a reprodução, total ou parcial, de textos e fotografias sem autorização da Custom Press.<br />
As matérias assinadas não expressam, necessariamente, a opinião da revista.<br />
@goanywhere<strong>magazine</strong>/<br />
A <strong>Go</strong> <strong>Anywhere</strong> <strong>magazine</strong> é uma publicação quadrimestral da Custom Press Comunicação<br />
Av. Amarilis, 95<br />
Cidade Jardim<br />
São Paulo - SP<br />
CEP 05673- 030<br />
2 | go anywhere
SSINE<br />
JÁ!<br />
A primeira revista especializada em Land Rover da América Latina<br />
Equipe de colunistas com os maiores especialistas da marca no Brasil<br />
https://goanywhere.minestore.com.br/categorias/assinaturas<br />
HISTÓRIA<br />
TÉCNICA<br />
LANÇAMENTOS<br />
NOVIDADES<br />
NOTÍCIAS<br />
VIAGENS<br />
CLÁSSICOS<br />
E MUITO MAIS!<br />
3 edições<br />
ao ano (por enquanto!)<br />
*Assinantes da revista impressa terão<br />
desconto na digital<br />
@goanywhere<strong>magazine</strong>/
NESSA EDIÇÃO<br />
#02<br />
AGO<br />
2018
Editorial<br />
Homenagem a Oscar Hildebrand<br />
Mundo Land Rover - Brasil<br />
Mundo Land Rover - Sudamerica<br />
Programação Garopaba<br />
Mundo Land Rover - UK<br />
Land Shopping<br />
Cuestas de Botucatu<br />
Land Rover New Discovery<br />
Expedição Trans-Sahara<br />
Ernie Bond<br />
Técnica - Defender por Vinícius Maestrelli e Ricardo Pocholo<br />
Técnica - Discovery I e II por Evandro Miranda<br />
O assunto é Series por Ricardo (Bigo) Berg<br />
Técnica Land Rovers a partir de 2005 por Luiz Fraga<br />
Motores Rover V8 por Patrick Ganassin<br />
Tecnologia e técnica de condução por Augusto Carvalho<br />
O assunto é Camel Trophy por Murilo <strong>Go</strong>ulart<br />
História por Nelson de Almeida<br />
Diário de bordo: Projeto Mundo Cão<br />
Viagem do leitor: 25 abaixo de zero na Argentina<br />
Clubes de proprietários de Land Rover do Brasil<br />
1<br />
6<br />
8<br />
10<br />
13<br />
14<br />
21<br />
22<br />
36<br />
38<br />
44<br />
50<br />
52<br />
53<br />
54<br />
58<br />
60<br />
62<br />
64<br />
68<br />
76<br />
88
MUNDO LAND ROVER - UMA HOMENAGEM A OSCAR HILDEBRAND<br />
Por Lucas Hildebrand<br />
Oscar J. Hildebrand, advogado, natural de Brusque, ainda na infância<br />
mudou-se para Joinville com a família. Marido, pai de dois filhos, avô<br />
de três netos, dividiu sua intensa vida entre a profissão, a advocacia,<br />
e a família. Formou-se como Oficial da Reserva do Exército Brasileiro,<br />
teve atuação política e também na Ordem dos Advogados do Brasil.<br />
Desde criança foi um apaixonado pela natureza. Seu pai era topógrafo<br />
agrimensor e a família possuía jipe. Não demorou para que Oscar<br />
também adquirisse o seu fora de estrada, um Willys 1954. Nos idos<br />
dos anos 2000, após encomendar um conversível esportivo para sua<br />
mulher, Maria Inês, Oscar foi fortuitamente seduzido pelo Land Rover<br />
Defender 90. Cancelou a encomenda do conversível e iniciou sua<br />
história 4x4 com o Defender, na companhia de Maria Inês. Explorou<br />
desde o lago Titicaca, passando pelo charco paraguaio, os desertos<br />
argentinos e chilenos, os Andes e a vastidão patagônica. A Estrada da<br />
Morte, na Bolívia, foi atravessada mais de uma vez, e ainda na calada<br />
da noite. No Brasil banhou seu Defender nos rios cristalinos do Jalapão<br />
e da Chapada Diamantina, e de lá o Defender rodou até aos extremos<br />
meridionais dos banhados do Taim e da Lagoa dos Patos, não sem antes<br />
trilhar as corredeiras dos rios do Parque Nacional dos Aparados da<br />
Serra, areais do litoral catarinense, encostas das Serras do Mar e Geral,<br />
enfim, qualquer recanto inacessível que sua Land tornasse acessível.<br />
Com o mesmo Defender 90 auxiliava, com os amigos do Clube do<br />
Jipeiro de Joinville, a Defesa Civil no apoio e resgate de moradores em<br />
áreas alagadas ou isoladas. Em 2008 participou ativamente, sempre<br />
na fiel companhia do seu Land Rover, dos salvamentos das vítimas das<br />
terríveis chuvas que naquele ano assolaram Joinville e o Vale do Itajaí.<br />
Em julho passado Oscar reanimou uma idéia há muito acalentada:<br />
participar do RALLY DOS SERTÕES. A própria organização da equipe e<br />
o preenchimento dos requisitos de inscrição eram por si só um desafio<br />
grande para se cumprir em tão curto tempo. Como tudo que fez na<br />
vida, dedicou-se apaixonadamente ao recrutamento e às diversas<br />
providências preparatórias, resultando na fundação da equipe SEM<br />
DESTINO, inscrita na categoria Rally Regularidade. Mas quis o destino<br />
que seu caminho fosse outro que não o das estradas e trilhas terrenas.<br />
Levou com ele um pedacinho de todos que cativou, de todos que<br />
auxiliou. Os céus ganharam um Jipeiro nato, um Landeiro convicto.<br />
Oscar está agora na expedição definitiva, explorando o infinito tão ávido<br />
como abraçou a vida.<br />
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Landeiro solidário<br />
viaja nessa causa!<br />
A Associação Sócio Artístico Cultural e Ambiental do Conde – SIRIBEIRA, Organização<br />
da Sociedade Civil, fundada em 11 de setembro de 2004, na cidade de Conde, Bahia,<br />
Brasil, não possui fins lucrativos e atua nas áreas Social, Cultural, Educacional, Ambiental<br />
e Desportiva.<br />
A Siribeira tem como objetivo promover o bem estar das comunidades atendidas, sem<br />
preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de discriminação,<br />
através do incentivo e apoio à pesquisa nos campos técnico- científico, profissional,<br />
desportivo, educacional, cultural, ambiental e social<br />
como apoiar?<br />
Atualmente a Siribeira atende cerca de 250 crianças, adolescentes e jovens de 10 comunidades<br />
do município do Conde, Bahia.<br />
Você também pode contribuir tornando-se um Padrinho ou uma Madrinha Siribeira<br />
fazendo doações mensais, trimestrais, semestrais ou anuais, ajudando na manutenção<br />
e desenvolvimento dos Projetos da Siribeira.<br />
A sua contribuição é de fundamental importância para a nossa continuidade!!!<br />
apoiadores:<br />
contatos<br />
(71) 99918-2413; (71) 99605-2185.<br />
www.siribeira.org.br<br />
@associacao_siribeira<br />
Associação Siribeira
MUNDO LAND ROVER<br />
CHURRASCADA<br />
Churrascada é o maior evento gastronômico para amantes do churrasco no Brasil. A ideia é levar<br />
o clima ancestral, do churrasco feito com fogo, sem nenhuma outra fonte de calor. Espetos no<br />
chão, grelha, tambores, rotisserie, pit (usado no Texas para defumar carne) e parilla são alguns<br />
dos equipamentos a serem utilizados e distribuídos pelas estações, que recebem toneladas de<br />
carnes com acompanhamentos.<br />
Com quase 10 horas de duração, é imperdível. A programação musical é presente para garantir<br />
o clima do evento dedicado aos amantes das carnes, que aproveitam tudo com muita cerveja,<br />
água e refrigerante à vontade. Cerca de 15 mil pessoas estiveram nas sete edições do evento e<br />
mais de cinco milhões de pessoas foram impactadas pelo selo, que costuma reunir cerca de 25<br />
Chefs nacionais e internacionais em cada edição oferecendo os mais diferentes tipos de cortes e<br />
especialidades, além de open bar de cerveja, água e refrigerante.<br />
Churrascada esteve em Ribeirão Preto, com apoio da Jaguar Land Rover.<br />
AGRISHOW<br />
A Jaguar Land Rover esteve mais uma vez no Agrishow em Ribeirão<br />
Preto. Hoje, cerca de 46% das vendas da marca Land Rover é proveniente<br />
de praças onde o agronegócio é uma atividade econômica importante.<br />
Atendendo a uma demanda de clientes e interessados, promoveram<br />
uma experiência real com os veículos em uma pista offroad.<br />
Os testes foram conduzidos pela equipe do Luis Carqueijo da Trailway,<br />
responsável pelo desenvolvimento da pista, com utilização de ele-<br />
mentos mecânicos, como o Twin Terrapod e Disco de Torção, além do<br />
Discovery Challenge, obstáculo para mostrar toda a capacidade do New<br />
Discovery.<br />
Entre os carros que estiveram à disposição do público para testes na<br />
pista de 1,8 mil m 2 e oito obstáculos estavam o Discovery Sport, New<br />
Discovery, Range Rover Sport, Range Rover Velar e Range Rover Evoque.<br />
8 | go anywhere
Lançamento da cerveja Lurdes da cervejaria Mental Moon<br />
movimentou o Rusty Barn<br />
Lançamento da Lurdes, da Cervejaria Mental Moon, reuniu mais de 100<br />
Landeiros, com direito a show de rock da melhor qualidade, hamburgers<br />
by Bob Iser e comidinhas de buteco do Rusty Barn.<br />
A Lurdes, uma cerveja Pilsner “state of the art”, dos amigos Nuno Queiroz<br />
Alves, Pisco del Gaiso e Rodrigo Salerno, foi apresentada ao público.<br />
Aprovadíssima!<br />
Muita gente , inclusive as “Land Girls”, que vieram em peso, prestigiar,<br />
aprovaram a Lurdes. E Lurdes é realmente TOP!<br />
go anywhere | 9
MUNDO LAND ROVER - SUDAMERICA (EN CASTELLANO)<br />
EXPEDICIÓN SUDAMERICA<br />
LAND ROVER DE LAS AMERICAS al 10mo. Encuentro ALR Garopaba 2018<br />
Por Gustavo Antonaz<br />
Fotos Adam Sebastián Gutierrez<br />
En Diciembre del 2017, y con la experiencia de haber asistido al<br />
encuentro de ALR – Barretos 2017, a varios landroveros colombianos,<br />
la mayoría integrantes del grupo Land Rover de las Américas, se les<br />
ocurrió lo que en principio parecía una gran locura, asistir al 10mo.<br />
Encuentro Amigos Land Rover, Garopaba 2018.<br />
Muchos kilómetros, muchos días, mucho dinero, realmente una locura,<br />
pero las ganas que cada uno tenía, de los que en un principio aceptaron<br />
el reto, hacía que esa gran locura pudiera transformarse en un sueño a<br />
cumplir y no, en una utopía.<br />
Evidentemente no era una tarea sencilla, el viaje implica recorrer los<br />
casi 7600 km que separan Bogotá de Garopaba SC, un recorrido muy<br />
extenso, por lo que la planificación se transformaba en la principal tarea<br />
a realizar de ahí en más.<br />
Y así fue que ocurrió, se comenzaron a desarrollar reuniones de<br />
planificación entre todos los soñadores, con el objetivo de ir bajando<br />
a tierra el sueño que se habían imaginado. Planificación día a día del<br />
recorrido a seguir, los gastos a realizar, la documentación necesaria, y<br />
todo lo relacionado a ese gran viaje que estaban planificando fueron los<br />
temas principales.<br />
Finalmente el domingo 8 de Julio, en Duitama, Bocayá, Colombia, se<br />
presentó el itinerario definitivo, correspondiente a los 27 días de viaje<br />
de ida, entre Bogotá y Garopaba.<br />
Fueron varias las reuniones realizadas, muchos lo que se entusiasmaron,<br />
los que deseaban escuchar las condiciones y ver si era algo viable de<br />
realizar, ideas de los posibles caminos, ciudades y lugares a visitar.<br />
Fueron reuniones de muchas ideas vertidas, donde todo lo aportado<br />
se tenía en cuenta, para de a poco y con la aprobación de todos, ir<br />
concretando y definiendo cada uno de los temas.<br />
Demás estaría explicar la alegría, emoción, orgullo que cada uno de los<br />
participantes de esta locura/viaje están y estarán sintiendo al realizar<br />
el mismo, recorriendo casi toda Sudamérica, principalmente para<br />
fortalecer aún más el lazo que une a todos los landroveros, y como<br />
objetivo final el encuentro de Garopaba.<br />
10 | go anywhere
Itinerario<br />
Y qué mejor que algunos de los participantes, se presente y exprese con<br />
sus propias palabras lo que significa esta travesía. He aquí los relatos de<br />
Bárbara, Juan Diego, Alejandro, Yessica y Adam.<br />
Bárbara: “Con mis dos años soy la más pequeña de la expedición,<br />
viajo con mis papás Marcela y Carlo quienes me involucraron en esta<br />
maravillosa pasión desde que estaba en la barriga de mi mamá. A los<br />
dos meses de edad iniciamos nuestros recorridos por diferentes zonas<br />
de Colombia. Llegó la hora que la aventura sea más larga!!!!!”<br />
Juan Diego Franco: “Soy apasionado por rodar en mi Land Rover Santana<br />
serie 2a 1965 desde hace 14 años. Siempre he disfrutado viajar por<br />
Colombia en mi máquina y ahora quiero enfrentarme al reto de asistir a<br />
este magno evento del décimo encuentro land rover en Santa Catarina<br />
en Brasil y recorrer Suramérica disfrutando cada kilómetro como<br />
siempre lo hago a bordo de mi 4x4. Así que nos vemos en Garopaba!!!”<br />
Alejandro Calderón: “Soy un apasionado por los viajes, particularmente<br />
tengo dos objetivos por cumplir en mi vida, el primero es recorrer<br />
nuestros hermosos paisajes suramericanos por tierra, teniendo la<br />
posibilidad de conocer cada uno de los tramos que componen nuestra<br />
geografía, en el 2018 la oportunidad se materializará a bordo de un Land<br />
Rover y con la mejor tripulación que se puede esperar la familia y los<br />
amigos, estaremos prestos para llevar nuestras maquinas a lugares con<br />
los que hoy solo soñamos, esperamos pisar suelos de Garopaba (Santa<br />
Catarina), el próximo 15 de noviembre y ser partícipes del décimo<br />
encuentro Land Rover Brasil 2018!!!”<br />
Yessica Ballesteros: “Estoy convencida de la gran experiencia que será<br />
recorrer Suramérica, compartir esta aventura con familia y amigos<br />
marcará un antes y un después en mi memoria y un Land Rover será<br />
el protagonista de esta historia. Anhelo el momento de llegar a nuestro<br />
destino y ver como un sueño se hace realidad!!!”<br />
Adam Sebastián Gutiérrez: “Soy ingeniero mecánico y físico. El proyecto<br />
más importante en el que he participado es ‘Land Rover de las Américas’,<br />
un grupo creado en febrero del 2017, que cuenta con 246 conexiones en<br />
25 países, todos al servicio de los landroveros del mundo. Land Rover y<br />
las carreteras han sido mi mayor anhelo. Pero esta vez, voy por algo más<br />
grande: reunirme con los amigos Land Rover del grupo Land Rover de<br />
las Américas en los nueve países que cruzaremos durante la Expedición<br />
go anywhere | 11
MUNDO LAND ROVER - SUDAMERICA<br />
Sudamérica 2018. A esta se suman participantes de otros países que<br />
viajarán con nosotros rumbo al X Encuentro Land Rover en Garopaba,<br />
Santa Catarina, Brasil. A lo largo de mi vida me he preparado para este<br />
momento, he participado en 10 de los 12 encuentros nacionales de la<br />
Legión Land Rover en Colombia y en el Noveno Encuentro de los amigos<br />
Land Rover en Barretos, Brasil. Viajo con mi padre, Rafael Antonio<br />
Gutiérrez, de quien heredé esta pasión.<br />
La expedición Sudamérica partirá por fin el próximo 20 de Octubre, con<br />
una caravana de land rovers repleta de sueños a cumplir. Los vamos a<br />
poder seguir en las redes sociales durante todo el viaje.<br />
Les presentamos a todos los soñadores:<br />
COLOMBIA<br />
Defender 110 Tdi 300 1996 (Adam Sebastián<br />
Gutiérrez Martínez, Rafael Gutiérrez<br />
Gutiérrez, Alejandro Calderón Martínez,<br />
Jessica Ballesteros Caballero)<br />
Serie IIA Santana 88” 1965 (Carlos <strong>Go</strong>rdillo ,<br />
Juan Diego Franco, Juanita Colmenares<br />
Andrade )<br />
Serie III Santana 109” 1989 (Luis Alberto<br />
Rubio Gómez, Anela Vargas Leal)<br />
Serie III Santana 1970 (Juan Carlos Fajardo<br />
Ríos, Addaida Camargo Zambrano)<br />
Defender 110 Tdi 300 1998 (Bárbara Sánchez<br />
Gómez, Marcela Gómez Regido, Carlo<br />
Sánchez Ocampo)<br />
Defender 90 Tdi 300 1998 (Alejandro Ospina,<br />
Rodrigo Ospina, María Emilgen Rojas)<br />
Defender 90 Tdi 300 1998 (Javier Nieto,<br />
Sebastián Nieto)<br />
Discovery V8 1996 (Alejandro Sanchez,<br />
Catalina Muñoz, Gabriela Sánchez, Nicolás<br />
Hernández)<br />
Discovery V8 1997 (Patrizia Jimenez,<br />
Bernadrdo Sánchez)<br />
ECUADOR<br />
Defender 90 Td5 2003 (Santiago Andrade)<br />
Que el espíritu Landrovero los acompañe, y nos vemos en Garopaba!!!!!<br />
Telegram: https://t.me/expedicionsudamerica2018<br />
Facebook: https://web.facebook.com/Expedición-Suramérica-Land-Rover-de-las-<br />
Americas-1762141690761827/<br />
12 | go anywhere
LAND ROVER BRASIL 2018<br />
Garopaba - SC<br />
A organização do LRB 2018 não mede esforços para fazer do encontro em<br />
Garopaba, um encontro histórico. Além dos stands, passeios e palestras, haverá<br />
recreação para as crianças e até mesmo uma oficina de plantão para dúvidas<br />
e reparos. Confira abaixo.<br />
15/11 Quinta Feira<br />
09:00h Abertura do evento com recepção dos participantes<br />
10:00h Abertura dos stands de expositores<br />
15:00h Palestra: “A tartaruga , a nave, e as crianças - Os desafios de<br />
encarar a estrada com os pequenos” – Palestrante Sérgio Severino<br />
16:00h Palestra: “ 760 dias de aventura numa defender 110” - Palestrante<br />
Família Kumm<br />
19:00h SHOW SURPRESA<br />
22:00h Fechamento da área de expositores<br />
16/11 Sexta Feira<br />
09:00h Abertura do evento com recepção dos participantes<br />
09:00h Concentração na frente do camping / saída às 09:15h: Passeio<br />
de Carro - OPÇÃO1 – Comboio para Laguna - Barra / Ferry Boat / Farol<br />
de Santa Marta - Chegada ao farol próximo ao meio dia. Almoço livre<br />
e retorno livre.<br />
10:00h Abertura dos stands de expositores<br />
10:00h Concentração na frente do camping / saída às 10:15h: Passeio<br />
de Carro - OPÇÃO 2 – Comboio pela região próxima ao evento com<br />
duração de 1hora e 30 min<br />
10:00h 1 ͦ Encontro de Reparadores Land Rover ( exclusivo para ME-<br />
CÂNICOS).<br />
14:00h Palestra: “Viajar com desapego” – Palestrante Araci Marros<br />
15:00h Palestra: “Bate papo sobre Camel Trophy” - Palestrantes Nelson<br />
de Almeida, Claudio Laranjeira e Yguaçu Paraná<br />
16:45h Lançamento Oficial - XI Encontro Amigos Land Rover 2019<br />
17:00h as 22:00h Festa com a Banda Ton Rock, cerimônia de homenagem,<br />
sorteios dos brindes dos expositores e costelaço fogo de chão<br />
22:00h Fechamento da área de expositores<br />
17/11 Sábado<br />
09:00h Abertura do evento com recepção dos participantes<br />
09:00h Concentração na frente do camping / saída às 09:15h: Passeio<br />
de Carro - OPÇÃO1 – Comboio para Laguna - Barra / Ferry Boat / Farol<br />
de Santa Marta - Chegada ao farol próximo ao meio dia. Almoço livre<br />
e retorno livre.<br />
09:00h Corrida na praia<br />
10:00h Abertura dos stands de expositores<br />
10:00h Concentração na frente do camping / saída às 10:15h: Passeio<br />
de Carro - OPÇÃO 2 – Comboio pela região próxima ao evento com<br />
duração de 1hora e 30 min (Atenção: mesmo trajeto do passeio de<br />
sexta feira)<br />
15:00h Palestra: “Série 1: Reconstruindo a origem da lenda” - Palestrante<br />
Washington Frade Pires<br />
16:00h Palestra: “Serial Trippers-Preparação de veículos para Overland-Conceitos<br />
e Noções básicas” – Palestrante Ricardo Pocholo<br />
17:30h Palestra: “No Polo do Frio” – Palestrante: Roy Rudnick<br />
20:00 as 22:00h Luau com música e fogueira<br />
22:00h Fechamento da área de expositores<br />
18/11 Domingo<br />
Dia livre!<br />
Abertura dos stands para os expositores que quiserem<br />
10:00h:<br />
- Avaliação das candidaturas e Eleição da sede do encontro em 2020<br />
- Demonstrativo e prestação de contas do evento 2018.<br />
11:30h Encerramento oficial do evento, com a divulgação do local de<br />
2020.<br />
Horários da recreação do camping:<br />
Das 9h às 12h e das 14h às 18h - Dias 15,16 e 17.<br />
ATIVIDADES: Caça ao tesouro com brindes ; Gincana de estafeta com<br />
brindes; Pega pega e variações; Pique Bandeira; Esconde – esconde;<br />
Guerra de bexiga; Queimada com Variações; Atividades de Modelagem;<br />
Atividades de corrida para crianças e adultos; Atividades rítmicas<br />
para crianças e adultos; Campeonatos de futebol; Campeonatos de<br />
vôlei; Campeonatos de ping-pong.<br />
Novas atividades poderão ocorrer de acordo com a motivação das<br />
crianças.<br />
Os horários das atividades estarão em nosso quadro no dia do evento.<br />
Espaço Oficina Adam 4x4<br />
Dias 15,16 e 17<br />
Horário: 10:00 as 12hrs e 14:00 as 20:00h<br />
Dúvidas, questionamentos, diagnósticos e reparos<br />
*A PROGRAMAÇÃO PODERÁ SER ALTERADA SEM AVISO PRÉVIO *<br />
go anywhere | 13
MUNDO LAND ROVER - REINO UNIDO<br />
Um Landeiro brasileiro<br />
em Anglesey<br />
Por Washington Pires<br />
14 | go anywhere
Essa coisa que a Land Rover tem algum componente que vicia eu já<br />
sabia, porque fui contaminado há uns 15 anos atrás quando comprei<br />
meu primeiro Defender 110, mas que eu iria parar na Inglaterra num<br />
encontro de Land Rover Series 1, isso realmente eu não sonhava.<br />
Essa paixão com os Lands aumentou participando das Listas da<br />
LROA(Land Rover Owners Association) e do Club Land Rover, os mais<br />
antigos vão lembrar, eram duas listas de e-mails ótimas, somente sobre<br />
Land Rover. Participei de vários encontros com a turma, as trilhas e<br />
passeios eram combinados sempre pelas listas de e-mail e tinha muita<br />
gente fera por lá como o Negraes, Clemente, Murilo Galvão, Luiz Fraga<br />
e outros que davam verdadeiras aulas sobre os nossos LRs, tenho salvo<br />
todos esses emails até hoje.<br />
Um belo dia, em 2011, vendo um anúncio que foi publicado na lista da<br />
LROA, estava lá um anúncio de um Series 1 1952, vi as fotos mas não<br />
gostei muito, ainda sem experiência com carros antigos, deixei passar,<br />
não é que o destino, uns três anos depois, me colocou de frente com<br />
este Series novamente, procurando mensagens antigas sobre um<br />
determinado assunto sobre Defender, me deparei com o antigo email<br />
com o anúncio do Series 52 e resolvi ligar para o número e ainda estava<br />
a venda, depois de negociar com um cara que não era o dono do Series,<br />
só um amigo tentando ajudar, perguntei se haveria negociação e fui<br />
para o Rio de Janeiro ver o Series, confesso que tive a mesma impressão<br />
ruim das fotos mas, reparando melhor vi que estava bem completo,<br />
com todas as peças e acessórios, motor, caixa, tudo no lugar, só bastante<br />
desgastado do tempo, com a pintura já chegando no alumínio e a mais<br />
de 20 anos parado, porem bem conservado pelo dono o Sr. Antonio,<br />
que já o possui por mais de 30 anos, gostava de pescar em Mangaratiba<br />
com o Séries.<br />
Minha primeira lição com o Sr. Antonio um, apaixonado por Land Rover<br />
(ele tinha na sua garagem um santuário com miniaturas e posters de LR)<br />
foi: nunca deixe guardado por vários anos um carro na garagem, se você<br />
deixar no tempo ele não enferruja. Como assim? perguntei , ai aquele<br />
torneiro mecânico aposentado da Revista O Cruzeiro pacientemente me<br />
explicou, do alto dos seus quase 80 anos: “Se o Land estivesse dentro<br />
da garagem já estaria todo podre e estando do lado de fora ele molha<br />
com a chuva mas seca bem rápido com o sol de rachar, aqui do Rio de<br />
Janeiro” de fato estava bem inteiro com poucos pontos de ferrugem.<br />
Negócio fechado, lá fui eu feliz da vida pra buscar meu primeiro Series 1.<br />
Contratei a prancha e cheguei cedo no dia, pra minha primeira surpresa<br />
o Sr. Antonio tinha uma garagem lotada de peças que ajudaram<br />
bastante na reforma e ainda me garantiu peças sobressalentes e a<br />
segunda surpresa foi na hora de tirar o Land do lugar, aconteceu que,<br />
quando ele o colocou na frente da sua casa, não havia muro, construído<br />
anos depois, ai tivemos que quebrar um pedaço do muro pra tirar o<br />
Land , operação de remoção feita, volta o feliz proprietário de um Series<br />
1 1952 pra sua cidade. Já ia esquecendo, antes de sair tentei comprar<br />
as miniaturas dele, mas a esposa, percebendo a tristeza do Sr. Antonio<br />
em desfazer do carro me pediu pra deixar pra lá , pois seriam as únicas<br />
lembranças dele, quase desisti do negócio.<br />
Começava ai a paixão pelos Series 1, comecei a pesquisar tudo sobre<br />
o assunto na Internet, principalmente aqui no Brasil, atrás de pessoas<br />
que já haviam feito restaurações, suas experiências e como seria essa<br />
empreitada.<br />
Numa dessas pesquisas me deparei com o Sr. Dave Hanson da Land<br />
Rover Register, que edita Revista Full Grille, é uma associação de<br />
proprietários de Land Series 1 somente dos anos de 48 a 53, ligada ao<br />
LRSOC(land Rover Series One Club), ambos na Inglaterra.<br />
Nos primeiros contatos por email com o Dave, logo ele se interessou<br />
pela história e em me ajudar com a restauração do meu Landy, assim<br />
que eles chamam carinhosamente esses modelos Series, e me ajudou<br />
bastante com dicas importantes, e indicando lojas e sites para a compra<br />
de peças e ainda me presenteava com suas histórias e experiências<br />
com os Séries, como num programa de TV que ele participou, sendo<br />
engenheiro mecânico, foi chamado para mostrar como seria desmontar<br />
todo um Séries em apenas 2 horas.<br />
O Dave ficou bastante curioso quanto a forma que encontrei o meu<br />
Landy , a retirada do carro da casa onde estava, quebrando o muro,<br />
pediu fotos e relatos e publicou na Revista Full Grille numa de suas<br />
edições, lá eles chamam isso de “barn-find”, que são achados de Lands<br />
abandonados ou largados em galpões e fazendas .<br />
Daí para frente ficamos amigos, sempre trocando em-mails e falando<br />
sobre nossos Series e o andamento da minha restauração, o Dave<br />
também estava terminando a restauração de um Series Modelo<br />
Minerva, esta versão foi entre 52 e 53 que foi produzida pela Land Rover<br />
e enviada ao exercito da Bélgica na época, sendo hoje bem raros.<br />
Ano passado, numa dessas conversas por email, disse-me Dave que em<br />
2018, quando a Land Rover faria 70 anos, aconteceria um evento na<br />
Inglaterra, mais precisamente em Anglesey uma ilha situada ao norte<br />
no pais de Gales , local chamado Red Wharf Bay, onde a história da Land<br />
Rover começou com o Maurice Wilks, na época um dos engenheiros<br />
da Rover, que tinha uma propriedade naquela Baia onde passava finais<br />
de semana com a família na época, ele possuia um Jeep Willys mas<br />
acreditava que sua empresa poderia produzir um veículo fora de estrada<br />
bem melhor e rabiscou nas areias de Red Wharfer Bay os primeiros<br />
esboços do que viria ser o Series 1, que depois teve sua primeira versão<br />
apresentada no Salão de Amsterdã em 1948 , daí começa a história da<br />
Land Rover que e até hoje fascina e empolga milhares de seguidores por<br />
todo o planeta.<br />
Pensei bem no assunto e falei, vou me programar para este evento,<br />
embarquei para Portugal , aproveitei para visitar minha irmã que foi<br />
morar nas terras além mar e peguei um vôo pra Liverpool na Inglaterra,<br />
na data marcada.<br />
Chegando a Liverpool ,antes já se sobrevoa próximo a ilha de Anglesey<br />
e já se pode notar os enormes bancos de areia, característicos daquela<br />
região, uma paisagem plana e bem verde, com varias fazendas e<br />
pastagens, principalmente de ovelhas.<br />
go anywhere | 15
MUNDO LAND ROVER - REINO UNIDO<br />
O Dave já havia me falado que o clima seria bom, estávamos em pleno<br />
verão na Europa com temperaturas altas, mas na Inglaterra é normal<br />
a chuva e o tempo nublado direto, até ele estava empolgado com a<br />
possibilidade de dias ensolarados.<br />
E foi o que ocorreu, os três dias que passamos em Anglesey foram de sol<br />
intenso e dias bem atípicos, sem aquele sisudo “fog inglês” .<br />
Pegamos um caro alugado em Liverpool, a vontade era ficar lá, pois a<br />
cidade é muito simpática com todo aquele apelo aos Beatles, grandes<br />
construções e castelos antigos muito bem preservados, sem falar nos<br />
Pubs pra tomar uma cerveja bem gelada com o famoso “Fish and Ships”.<br />
Mas havia uma coisa que falava mais alto naquele momento, o esperado<br />
encontro em Anglesey a que deram o nome de “Back to the Bay” .<br />
Chegando próximo a Anglesey, pelas excelentes rodovias da Inglaterra,<br />
tentando me acostumar com o lado direito da direção e do sentido<br />
oposto nas estradas, já avistávamos pelo caminho vários Séries seguindo<br />
em direção à Anglesey, algumas rebocadas outras rodando mesmo,<br />
sinalizando que o encontro prometia ser bem legal.<br />
Atravessamos uma belíssima ponte estaiada, a Mersey Gateway, em<br />
seguida começamos a perceber que as placas na estrada, além do<br />
inglês, trazia uma língua bem estranha, que não conseguíamos nem ler<br />
direito, mas depois descobrimos porquê. Procurando o local onde íamos<br />
ficar, nos deparamos com outra marcante característica, as estreitas<br />
estradas do interior da Inglaterra, aquilo já é complicado porque já<br />
temos que acostumar o cérebro a fazer tudo na direção do lado oposto<br />
ao nosso, principalmente nas rotatórias e ainda ter que passar naquelas<br />
estradinhas é bem uma aventura.<br />
Depois soubemos que as placas escritas em outra língua é por causa<br />
dos Welsh que são povos antepassados que habitavam a região e ainda<br />
com muita influência e descendentes no local e, por razões políticas<br />
são obrigados a escrever tudo nas duas línguas, são interessantes<br />
palavras com 15 ou mais letras, repetidas consoantes e dificílimas de<br />
se ler e principalmente falar. Já as estradas estreitas são por conta<br />
da preservação das construções e estradas que na época eram para<br />
charretes e cavalos não pra estes carrões de hoje.<br />
Pra achar o endereço de onde íamos ficar foi outra peleja, placas em<br />
Welsh e a dificuldade de encontrar pessoas pra perguntar, você anda<br />
quilômetros sem ver ninguém por ali.<br />
Finalmente encontramos, um chalé muito simpático, dentro de uma<br />
fazenda onde o Sr. John, sua esposa Sara e “Boss” um Setter inglês, eram<br />
os donos do local e com um Land Defender 110 com caçamba, bem<br />
clássico, verde com teto branco, bem antigo também e que fica a serviço<br />
da fazenda, muito simpáticos nos apresentaram o local e contaram<br />
16 | go anywhere
histórias sobre os Welsh, mas a ansiedade era grande de ir logo para o<br />
local do encontro.<br />
Colocamos no GPS o local marcado, um grande Parque de Exposições<br />
de Agro Pecuária, numa área plana com um pavilhão enorme nos<br />
fundos, onde seria o jantar no sábado a noite. Chegando ao local,<br />
com vários Series estacionados, tivemos que deixar nosso carro num<br />
estacionamento para os visitantes.<br />
Logo na entrada tinha uma tenda da Montadora Land Rover, com os<br />
últimos modelos estacionados, Range Rovers, Velar, Discoverys, todos<br />
estalando de novos, mas os olhos não paravam de procurar os Séries<br />
que estavam espalhados por ali. Próximo dali, já tinha o local para fazer<br />
o chek in dos participantes, como estava sem meu Serie, expliquei que<br />
pegaria meu Kit e levaria para o Brasil, ansioso recebi minha sacola,<br />
com adesivos, uma revista da Land Rover Classic, uma badge que<br />
é uma plaqueta dourada e preta pra colocar no painel , emitida pela<br />
LRSOC(Land Rover Series One Club) alusiva ao encontro e comemoração<br />
dos 70 anos da LR e uma caixinha preta com um brinde aos associados,<br />
rapidamente abri e vi que era um lindo canivete multi funções gravado<br />
com o nome do Clube e uma lanterna de Led.<br />
Já nervoso pra sair dali e começar a ver os séries estacionados,<br />
combinei com o Peter, que organizava a chegada dos participantes, que<br />
conseguisse pra mim uma carona para o passeio que teria no sábado de<br />
manhã , que passaria por uma pequena trilha em fazendas da região e<br />
que foi usada pelos engenheiros na época para os primeiros testes com<br />
o Series 1 e o caminho até Red Wharf Bay onde seria feita a foto com a<br />
montagem dos Series no formato de um Land Rover.<br />
Depois de várias fotos pelo local, percebemos que a maior parte dos<br />
participantes estava com barracas ou motorhomes, verdadeiras casas<br />
ambulantes, com muitos cães, quase todos tinham um mascote ao lado,<br />
além dos vários modelos de trailers antigos.<br />
Alguns personagens do mundo LR bastante conhecidos estavam por lá,<br />
o primeiro que encontrei foi um cara que tem uns vídeos no youtube no<br />
canal de Stephen Patchett, eles têm dezenas de vídeos fazendo incríveis<br />
viagens por vários países da Europa com seus Séries, é fantástico vê-los<br />
em ação e chegando em lugares tão bonitos e distantes, vale conferir.<br />
Depois encontrei a barraca do Phill, da Dunsfold, outra figura conhecida<br />
no meio, ele tem simplesmente mais de 100 Land Rovers, uma coleção<br />
incrível e uma loja que vende de tudo para os Series e LRover em geral,<br />
por fim encontramos o Patt Murffy que foi um dos seis estudantes<br />
que saíram em 1955 de Londres em dois Land Rovers para uma épica<br />
expedição rumo a Singapura e Adam Bennett que acabou comprando o<br />
lendário Land Rover apelidado de “Oxford” que tem a matricula SNX891,<br />
uma rara oportunidade de ver este icônico Land em movimento, foi<br />
go anywhere | 17
MUNDO LAND ROVER - REINO UNIDO<br />
empolgante ouvir um pouco das historias deles e conhecer este famoso<br />
aventureiro.<br />
Em cada canto várias barracas com peças de Land Rover Series, novas<br />
e usadas, além do Club Shopp, que é a lojinha do LR Series One Club,<br />
com adesivos, camisetas, agasalhos, bonés, além de diversas peças de<br />
acabamento e acessórios.<br />
Como geralmente todo o dono de Séries tem também um Defender,<br />
estes eram uma atração a parte também. Vários deles muito equipados<br />
com carretas e Acessórios. Fantásticos!<br />
Sábado de manhã, hora de ir buscar a carona pro passeio, procurei o<br />
Peter de novo para ele me ajudar, já que não conhecia quase ninguém<br />
e ainda não havia encontrado meu amigo Dave até aquele momento.<br />
O Peter prontamente falou com Steve, que depois vim a saber que era<br />
o Presidente do Club Series 1, que acharia alguém pra me dar uma<br />
carona. Após alguns contatos, passou um Land Serie 1 Azul ano 1956,<br />
Mod. 107, este modelo é o antecessor do Defender, depois dele veio<br />
o 109 e logo em seguida o 110 que foi mantido até hoje. Impecável<br />
no estado e conservação, era de um holandês que tinha vindo com<br />
seu filho, rodando de sua cidade até a Inglaterra, para participar do<br />
encontro. Fui bem recebido por ambos e me assentei no banco traseiro,<br />
onde notei que o espaço era bem melhor que os Defender 110 atuais,<br />
depois percebi que a parte traseira do bagageiro é mais curta, por este<br />
espaço maior.<br />
Tudo transcorreu bem, o 107 se comportou valentemente, tanto no<br />
deslocamento quanto nas trilhas pelas fazendas, passando por erosões<br />
e subidas íngrimes com perfeição. Já estávamos a caminho da Baia Red<br />
Wharf Bay para a concentração e montagem dos carros para as fotos,<br />
quando de repente uma pane apagou o Land.<br />
Percebendo que era falta de combustível, ele foi logo abrindo o capô e<br />
conferindo a bomba elétrica , sempre ela, de todos os relatos que ouvi<br />
de proprietários antigos de Séries é que este é o “Tendão de Aquiles”<br />
dos Series, a bomba elétrica de combustível. Enquanto desmontava<br />
a bomba e conferia se era algum entupimento, vários outros Séries<br />
paravam e perguntavam se precisava de ajuda, típico do Jipeiro mesmo,<br />
a solidariedade era grande, em seguida parou um um Range Rover<br />
Classic oferecendo e, naquele momento achávamos que era o filtro de<br />
gasolina, e o cara do Range saiu e voltou em seguida com um filtro novo<br />
e entregou pra nós, mas o problema era na bomba mesmo, que teimava<br />
em não funcionar até que parou um outro Series, o cara desce e sem<br />
perguntar nada observou que a bomba já estava desmontada, ele volta<br />
no seu Séries 1 e pega no bagageiro um kit com uma bomba pronta pra<br />
ser instalada e simplesmente diz: “coloca aí depois você devolve”.<br />
Mas não tivemos sorte, aquela bomba oferecida pelo companheiro<br />
também não funcionou bem, em seguida parou um outro Land pra<br />
ajudar, agora um Defender 90, super equipado que ofereceu ajuda e<br />
nos levou, puxados pela cinta, até Wharfer Bay, nosso destino final.<br />
Chegando lá paramos no meio da praia, próximo a formação para a foto e,<br />
com mais calma e ajuda de mais companheiros, o problema foi resolvido.<br />
18 | go anywhere
Mas ainda faltava uma coisa, encontrar meu amigo Dave, não o tinha<br />
visto ainda pessoalmente, por telefone consegui mandar um recado e<br />
ele retornou, marcamos então no centro da roda da frente do Landy<br />
formado na areia pelos Series, até acho que saímos na foto oficial, pois<br />
lá do alto via-se um ponto escuro, acho que éramos nós, ali no meio<br />
de todas aqueles Series enfileirados, no local marcado finalmente<br />
encontrei o Dave, depois de quase 2 anos nos correspondendo por<br />
email, trocando informações e dicas de restauração, tive o prazer de<br />
conhecer este amigo Landeiro de tão longe. Ele me apresentou sua<br />
família, esposa, filho e nora, também apresentei minha esposa, minha<br />
filha e minha mãe que me acompanhavam e estavam na praia a minha<br />
espera, enquanto eu fazia a trilha.<br />
Mais tarde, no jantar, preparei uma surpresa pro meu novo amigo, levei<br />
pra ele uma Cachaça bem mineira e uma placa dos “Amigos Land Rover<br />
do Brasil”, comemorativa dos 70 anos da LR, feita pelo nosso colega<br />
Persan, ele ficou emocionado e eu também por presentear o amigo que<br />
me ajudou muito durante o período que estava restaurando meu Séries.<br />
Finalmente no domingo nos despedimos logo cedo, pois tínhamos<br />
que seguir viajem, íamos voltar a Liverpool e depois descer ao sul, com<br />
destino a outras cidades programadas até Londres, onde pegaríamos o<br />
vôo de volta.<br />
Analisando toda essa aventura concluo que a paixão pelos Land Rover<br />
e a solidariedade de um Landeiro não tem fronteiras, o cuidado e<br />
carinho com estas viaturas, o prazer em ajudar não só nos momentos de<br />
go anywhere | 19
MUNDO LAND ROVER - REINO UNIDO<br />
aperto mas compartilhando informações e experiências é apaixonante,<br />
outra curiosidade é que lá eles não raramente mantém os Séries em<br />
estado original, com a pintura desgastada pelas marcas do tempo e<br />
principalmente de suas aventuras e são até mais valorizados do que<br />
aqueles restaurados como zero.<br />
Refeito da viajem, volto ao trabalho com alegria e revigorado, certo<br />
de que todo o esforço e dedicação que temos com nossos Landys não<br />
serão em vão.<br />
“Vida longa aos Séries”<br />
Washington Frade Pires – Juiz de Fora-MG – Defender 110,<br />
Series 1 52 e Series 1 49<br />
20 | go anywhere
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go anywhere | 21
VIAGEM NACIONAL - AS CUESTAS DE BOTUCATU<br />
CUESTAS<br />
22 | go anywhere
Viajamos com o New Discovery por uma<br />
região ainda pouco explorada, repleta<br />
de atrativos para quem gosta de viajar,<br />
fotografar ou apenas contemplar<br />
Por Eduardo R C Rocha<br />
Fotos Reinaldo Junqueira<br />
go anywhere | 23
VIAGEM NACIONAL - AS CUESTAS DE BOTUCATU<br />
Saí bem cedo de São Paulo para pegar a Rodovia Castelo Branco. Depois<br />
de 40 minutos no trânsito típico da cidade, cheguei à rodovia.<br />
Meu rumo era a cidade de Pardinho a 207km de distância. A névoa da<br />
manhã friazinha ia gradualmente sumindo e o sol começou a aparecer.<br />
Lá fora, temperatura aumentando. No New Discovery estáveis 21 graus,<br />
piloto automático em 110 km/h e apenas o GPS ativo. Silêncio absoluto,<br />
meu companheiro de início de viagens, para organizar as idéias e<br />
planejar, afinal nunca havia visitado a região de Botucatu.<br />
Eu já tive oportunidades de viajar em outros carros da marca como<br />
Range Rover Vogue TDV8, Range Rover Sport SE TDV6 e também um<br />
TDV8. Todos muito silenciosos e fortes. Mas o New Discovery não fica<br />
atrás, confortável, silencioso e forte, com torque absurdo mas civilizado<br />
como um refinado inglês.<br />
Peguei a saída quilômetro 193 que passa exatamente atrás do hotel<br />
Rodoserv onde nos hospedamos. O hotel é novo, organizado, confortável<br />
e limpíssimo. É certamente a opção mais estratégica pela localização (à<br />
beira da Castelo Branco), com bons quartos, ar condicionado, wi-fi, um<br />
bom restaurante com opções variadas e um ótimo café da manhã. Fica<br />
dentro de um grande posto de gasolina ou seja, é um ponto de partida<br />
excelente.<br />
Passei por trás do hotel e segui em direção a Pardinho. Cerca de 14<br />
minutos numa serrinha cheia de curvas fechadas bem apertadinhas<br />
ótima para usar os Shift paddles e abusar do torque do motor SDV6<br />
biturbo. No término da Rodovia João Emílio Roder, na entrada da<br />
cidade, encontro nosso guia me aguardando no posto de combustível.<br />
Luiz Ricardo Roder. Sim ele é de uma das famílias mais tradicionais de<br />
Pardinho, que batiza a rodovia. O rapaz alto e de voz forte e cristalina,<br />
dá um bom dia, digno de locutor de rodeio. Educado e bem humorado,<br />
como a maioria das pessoas no interior, me contou sobre tudo o que eu<br />
não sabia da região. É muito bem informado, como um guia deve ser.<br />
Além de ser administrador de fazendas como o pai, montou e gerencia<br />
a tirolesa dentro de sua propriedade, que aliás tem uma vista de tirar<br />
o fôlego.<br />
Tomamos o rumo de Botucatu para buscar o Reinaldo no terminal<br />
rodoviário.<br />
Voltamos para a região de Pardinho, one fomos visitar o Centro Max<br />
Feffer Cultura e Sustentabilidade criado pelo Instituto Jatobás para<br />
desenvolver e difundir a cultura da sustentabilidade na região. Sua<br />
construção utilizou uma série de técnicas utilizadas nos “edifícios<br />
verdes” com destaque para sua cobertura totalmente desenvolvida<br />
com bambu. Paramos para almoçar em Pardinho e fomos descer a<br />
Serra do Picau onde pudemos testar um pouco do comportamento do<br />
New Discovery, em terreno pedregoso (bem pedregoso) e pela Serra<br />
do Pauletti.<br />
De lá, fomos para o Rancho do Maluli, onde há um maravilhoso<br />
24 | go anywhere
estaurante, com vista para o gigante de pedra. No Maluli fomos recebidos<br />
por um lindo cão Bernese mountain dog, que nos acompanhou o tempo<br />
todo. Bom demais quando um cão desconhecido se afeiçoa a você.<br />
Paramos no restaurante Paineira Velha para tomar uma água e apreciar<br />
mais uma vista para o gigante e de lá fomos ao Bar do Vivan, um antigo<br />
bar e venda dirigido pelo Sr. Darci Roder, um alquimista de cachaças<br />
aromatizadas e de coxinhas famosas, que é ponto de parada obrigatório<br />
na região. O Reinaldo pôde degustar cachaças aromatizadas com<br />
Sassafrás, Canela e com um tipo de pêssego ainda verde, menor do que<br />
uma azeitona, mas eu por estar dirigindo fiquei apenas no aroma e na<br />
vontade.<br />
go anywhere | 25
VIAGEM NACIONAL - AS CUESTAS DE BOTUCATU<br />
26 | go anywhere
go anywhere | 27
VIAGEM NACIONAL - AS CUESTAS DE BOTUCATU<br />
O Vivan é um dos mais antigos estabelecimentos funcionando no estado de<br />
São Paulo (1946).<br />
Descemos então até a fazenda onde fica a tirolesa, de propriedade da<br />
família Roder, do nosso guia, o Ricardo. Lá nos aguardavam para um café<br />
acompanhado de bolo, pão caseiro e boa prosa também. Que gente boa!<br />
Quem mora numa grande cidade como São Paulo, até se esquece que existe<br />
tanta gente gentil e hospitaleira por esse Brasil afora.<br />
Proseamos bastante, mostramos o New Discovery, falamos sobre o turismo<br />
Darci Roder, um alquimista de cachaças<br />
aromatizadas e de coxinhas famosas, que é<br />
ponto de parada obrigatório na região<br />
28 | go anywhere
Lá nos aguardavam para um café acompanhado<br />
de bolo, pão caseiro e boa prosa também. Que gente<br />
boa! Quem mora numa grande cidade como São<br />
Paulo, até se esquece que existe tanta gente gentil<br />
e hospitaleira por esse Brasil afora<br />
na região, ainda pouco explorado e fizemos mais fotos. Já anoitecendo,<br />
voltamos ao hotel. O dia seguinte nos reservava mais coisa bonita para se ver.<br />
Acordamos às 5 horas da manhã em tempo de um rápido (e bom) café no<br />
hotel, só para tirar a cara de sono. Buscamos Ricardo na fazenda e fomos<br />
direto ver o sol nascer na fazenda onde fica a Pedra do Índio. Lá, conseguimos<br />
a autorização dos proprietários Denilson e Danilo para descer com o New<br />
Discovery até próximo do despenhadeiro, o que normalmente não é<br />
permitido a nenhum carro.<br />
go anywhere | 29
VIAGEM NACIONAL - AS CUESTAS DE BOTUCATU<br />
A Pedra do Indio:<br />
No ano de 1979, o Sr. Domingos Prado Micheleto, nascido em Botucatu<br />
e que desde seus 18 anos já morava num sitio embaixo da serra aos pés<br />
das Três Pedras, comprou o Sítio Planalto, na divisa de Botucatu com o<br />
município de Bofete onde fica localizado o mirante Pedra do Índio, para<br />
que seu segundo filho pudesse ir a escola, uma vez que o transporte<br />
escolar não chegava até onde moravam. Neste sítio ele começou a<br />
construir sua vida ao lado da esposa Vanda e seu dois filhos. Com a<br />
criação de gado de corte e algumas pequenas plantações ele tirava<br />
o sustento de sua família, que alguns anos mais tarde aumentaria<br />
com a chegada do terceiro filho. Já nesta época a propriedade<br />
era discretamente procurada por alguns turistas que vinham para<br />
apreciar o belo visual que lá proporcionava. Viveu no sítio até 1994,<br />
quando mudou-se para a cidade de Pardinho onde vive até hoje.<br />
Atualmente com 80 anos, o Sr. Domingos vai ao sítio ao menos duas<br />
vezes por semana onde tem como principal hobby o cultivo da horta.<br />
Seu filho do meio Denilson e seu caçula Danilo, hoje administram<br />
a propriedade onde investimentos em infraestrutura estão sendo<br />
realizados e em breve irá contar com uma cafeteria onde além de<br />
diversos tipos de salgados e porções ira servir um café da manhã tipico<br />
do sitio, além de trilhas e outros atrativos.<br />
Hoje a Pedra do Índio recebe cerca de 1200 visitantes por mês todos<br />
atraídos pela paz e tranquilidade do local e pelo visual estonteante do<br />
mirante que é um dos principais cartões postais de Botucatu.<br />
A origem do nome Pedra do Índio dá-se ao fato de que em uma de suas<br />
pedras, visualizada do ângulo correto, ser possível ver nitidamente<br />
o rosto de um índio. Também existem relatos que na antiguidade a<br />
Pedra do Índio era utilizada como observatório pelos povos indígenas<br />
que passavam pelo Caminho do Peabiru para chegar até o litoral.<br />
A Pedra do Índio está a uma altitude de 815 metros ao nível do mar<br />
e possui uma queda livre de 50 metros até sua base. Dela é possível<br />
visualizar nitidamente a cidade de Bofete e as serras de Pardinho.<br />
Com o auxilio de um binóculo também é possível avistar as cidades<br />
de Porangaba e Conchas. Uma vista panorâmica de mais de 30km.”<br />
O nascer do sol visto lá de cima é de emudecer qualquer um. A<br />
mudança das tonalidades das cuestas enquanto o sol levanta é um<br />
espetáculo. Após terminar as centenas de fotos, nos aguardava<br />
um delicioso café da manhã “da fazenda” com tudo o que tem<br />
direito, preparado pela Luciane. Após o café, seguimos em viagem.<br />
Partimos rumo às Três Pedras, na fazenda da família Prado. Depois<br />
de serpentear pelo vale e atravessar riozinhos, chegamos à fazenda.<br />
Conversa rápida com os donos e lá fomos nós.<br />
30 | go anywhere
Essa região em particular, passaria fácil como uma paisagem europeia.<br />
O pasto é baixo e uniforme, quase uma graminha, pontuado apenas por<br />
algumas casas, árvores grandes e as imponentes Três Pedras, também<br />
formações com característica das cuestas. Os donos da propriedade<br />
construíram um conjunto simples de banheiros para atender às pessoas<br />
que lá acampam. Fico imaginando o visual do lugar numa noite de lua<br />
cheia.<br />
Passamos pela Cantina da Figueira, restaurante na propriedade da<br />
família Moisés onde fomos recebidos por dona Neusa. O lugar é muito<br />
go anywhere | 31
VIAGEM NACIONAL - AS CUESTAS DE BOTUCATU<br />
agradável e a comida é famosa. Mas durante a semana, não abre,<br />
acredito que só nas férias. Como em muitas fazendas da região, lá havia<br />
cães da raça Australian Cattle Dog e havia inclusive um filhote. Quase<br />
trago mais um passageiro para São Paulo.<br />
Fizemos uma parada na cidade de Bofete (com ênfase no fê) que muitos<br />
erroneamente chamam de Bofete, se chamava Rio Bonito no século XIX<br />
e era distrito de Botucatu . Na cidade há um morro que lembra o móvel<br />
conhecido como bufê que com o passar dos anos, na boca do povo, se<br />
transformou em Bufete e depois Bofete, que passou a ser o nome da<br />
cidade em 1921.<br />
O Morro do Bofete foi cenário da primeira perfuração profunda em<br />
busca de petróleo no Brasil. Liderada pelo fazendeiro Eugênio Ferreira<br />
de Camargo entre 1897 e 1901. Extraíram apenas dois barris de petróleo<br />
e muita água sulfurosa, que jorra até hoje em uma fonte.<br />
Almoçamos rapidamente e voltamos para a estrada, pois ainda havia<br />
muita coisa a visitar.<br />
Tomamos o rumo de Pardinho novamente, para visitar o Café da Cuesta<br />
e apreciar a vista da região. O café é muito charmoso e tem uma grande<br />
variedade de cafés aromatizados.<br />
De lá fomos visitar os Chalés da Cuesta, também uma opção boa de<br />
hospedagem para quem quer ficar próximo de Pardinho.<br />
32 | go anywhere
De lá partimos para a fazenda dos Roder para pegar o por do sol e<br />
fazer fotos na tirolesa. Chegamos lá e Ricardo já mobilizou a equipe<br />
toda. A mãe Terezinha e a tia Marilza que como Ricardo iriam descer.<br />
O pai Osmar, encarregado da frenagem na chegada a cada base. Tudo<br />
muito organizado e com o equipamento adequado. O sol se pôs e ainda<br />
ficamos mais um pouco por lá para encontrar com Robson, irmão de<br />
Ricardo, que trabalha na Embraer e que também está empenhado no<br />
desenvolvimento do turismo de aventura na região.<br />
No dia seguinte, zarpamos rumo a Botucatu para visitar a Usina Indiana<br />
e o Museu do Café.<br />
Quando estivemos no Centro Max Feffer, nos perguntaram se queríamos<br />
visitar a Fazenda dos Bambus do Instituto Jatobás. Claro que sim!<br />
A fazenda é um enorme jardim de bambus, com alamedas ladeadas de<br />
touceiras de mais de doze metros de altura. Na entrada há até uma área<br />
com alguns mais altos. Lá, além do cultivo, são desenvolvidas técnicas<br />
construtivas e pesquisa de diferentes usos. O bambu é apontado como<br />
o substituto sustentável à madeira. Pode ser utilizado na montagem de<br />
estruturas em construções (como no Centro Max Feffer), assim como<br />
mobiliário, revestimentos e utensílios domésticos. Suas fibras podem<br />
ser usadas também na indústria têxtil.<br />
Um pouco de asfalto, mais um pouco de terra e chegamos à Usina<br />
Indiana, cenário perfeito para fotografar o New Discovery. Um conjunto<br />
de prédios bem grandes erguido com tijolos como a grande maioria das<br />
usinas de açúcar do estado. Esse é de 1946.<br />
Decidimos ir a Botucatu por terra (estrada ótima). Atravessamos o rio<br />
que margeia a usina e fomos embora direto para para o Museu do Café.<br />
Chegamos aos portões da UNESP, que é a mantenedora do museu.<br />
Passando por uma via muito arborizada, logo chegamos à sede da<br />
Fazenda Lageado, onde está instalado o museu. A fazenda, que no<br />
formato atual, data de 1885, foi uma das maiores propriedades<br />
particulares de produção de café para exportação no estado<br />
go anywhere | 33
VIAGEM NACIONAL - AS CUESTAS DE BOTUCATU<br />
34 | go anywhere
de São Paulo. Dá para perceber isso pelo tamanho da sede, da tulha e<br />
dos terreiros de café. Ela passou em 1934 para o controle do governo<br />
federal para saldar dividas remanescentes da crise de 1929. Em 1972<br />
ela passa para o controle do governo do Estado de São Paulo que com<br />
a união de varias instituições de ensino superiores em 1976 deu origem<br />
a UNESP.<br />
O museu vale a visita. Tem um acervo muito rico e bem cuidado.<br />
Dá quase para voltar no tempo a cada sala que você entra. Imperdível!<br />
Saímos de lá direto para nossa última parada, na Fazenda Pavuna onde<br />
além de muitas cachoeiras, há uma represa onde havia existido uma<br />
Pedreira. O acesso às cachoeiras, somente a pé e não é fácil. Bom para<br />
quem gosta de trekking.<br />
Partimos então para Brotas onde testamos o New Discovery na pista da<br />
Primavera da Serra, mas vamos falar sobre isso em uma outra matéria<br />
a seguir.<br />
A região das Cuestas de Botucatu ainda é pouco explorada, mas é rica<br />
em atrativos e com um guia competente como o Ricardo Roder, se<br />
aproveita muito mais.<br />
go anywhere | 35
TESTE - NEW DISCOVERY FIRST EDITION<br />
NEW DISCOVERY<br />
Levamos o NEW DISCOVERY para uma voltinha e não demos moleza para ele!<br />
Testamos o New Discovery em um uma das pistas Off Road mais<br />
tradicionais do Estado de São Paulo, no Hotel Fazenda Primavera da<br />
Serra em Brotas/SP.<br />
Convidamos Marcelo Ferraz, fundador da KeepTrack 4x4, especializada<br />
em treinamentos de condução Off Road para que ele pudesse realizar<br />
todos os testes possíveis no ambiente fora de estrada e assim passar<br />
suas impressões sobre o desempenho do New Discovery.<br />
Iniciamos nosso teste na pista com inclinações laterais, passando por<br />
subidas e descidas bem acentuadas, além de passar pelo atoleiro<br />
com louvor, usando toda a capacidade do carro para transpor esses<br />
obstáculos. Em seguida o levamos até uma travessia de rio.<br />
A maior parte do tempo o Terrain Response II (tecnologia desenvolvida<br />
pela Land Rover onde o condutor define o tipo de piso em que irá<br />
trafegar, areia, lama, neve entre outros) permaneceu no modo “mud”<br />
(lama). A Land Rover foi pioneira nesta tecnologia.<br />
Outras tecnologias foram incorporadas ao sistema para que a<br />
performance seja ainda melhor. São elas:<br />
• Hill Descent Control (HDC) mantém uma velocidade definida enquanto<br />
enfrenta descidas íngremes off-road.<br />
• Gradient Release Control (GRC) lentamente solta o freio quando<br />
o veículo começa a se deslocar em uma inclinação, para um maior<br />
controle.<br />
• Electronic Traction Control (ETC) aplica uma força de quebra ou reduz<br />
o torque individual nas rodas para controlar patinagens.<br />
• Roll Stability Control (RSC) detecta o início de uma capotagem e<br />
aplica o freio nas rodas exteriores para trazer o veículo sob controle.<br />
• Wade Sensing fornece informações em tempo real da profundidade<br />
36 | go anywhere
No atoleiro, pudemos observar toda a tecnologia trabalhando, “sabendo<br />
usar os comandos na hora certa e conhecendo os limites do veículo,<br />
dificilmente você vai ficar enroscado”, comenta Marcelo.<br />
Outro ponto positivo para o New Discovery foi na transposição de<br />
alagados, com seus 90cm de altura limite e sensor de profundidade nos<br />
retrovisores a travessia foi excelente.<br />
A estabilidade foi impecável no teste fora de estrada, a eletrônica<br />
embarcada permitiu conhecermos os limites do veículo, segurança a<br />
toda prova.<br />
atingida em relação à profundidade máxima, usando a tela de<br />
infoentretenimento 4x4i.<br />
Considerando que o New Discovery é um SUV de luxo, apresentou<br />
excelentes ângulos de entrada e de saída comprovado pelas subidas e<br />
descidas íngremes a que foi submetido.<br />
Poucos veículos na sua categoria oferecem uma opção de suspensão<br />
pneumática o que melhora consideravelmente o limite do vão central<br />
e altura mínima, evitando por exemplo que pedras atinjam a parte<br />
inferior do veículo na transposição de um obstáculo.<br />
O HDC (controle de descida) se mostrou perfeitamente eficiente, dando<br />
tranquilidade até mesmo a usuários menos experientes.<br />
De modo geral o New Discovery mesmo sendo “enquadrado” na<br />
categoria SUV de luxo, surpreendeu em todas as situações a qual foi<br />
submetido, mostrou que o DNA Land Rover continua presente com<br />
muita tecnologia e sobra de capacidade Off Road.<br />
“Um carro excelente, impecável, rápido e preciso” finaliza Marcelo.<br />
Motorização<br />
Para substituir o motor TDV6 de 256 cv, um novo motor 3.0 V6 Turbodiesel<br />
com 258 cv ganhou 7% de redução nas emissões de CO², caindo<br />
de 203g/km para 189g/km. Ele ainda possui uma performance melhorada<br />
em relação ao anterior, fazendo de 0-100km/h em 8,1 segundos<br />
— uma redução de 1,2 segundos.<br />
A versão mais potente do novo Discovery exibe uma performance impressionante<br />
com o motor 3.0 V6 de 340 cv. Desenvolvendo 450 Nm<br />
de torque, ele acelera o novo Discovery de 0 a 100km/h em 7,1 segundos,<br />
chegando a 209 km/h.<br />
go anywhere | 37
AVENTURA - UM CLÁSSICO NO DESERTO<br />
EXPEDIÇÃO<br />
TRANS-SAHARA<br />
O deserto do Sahara, no coração do continente africano, ocupa 5.600.000 Km quadrados e há<br />
muitos séculos vem atraindo exploradores e aventureiros em busca de lendárias cidades perdidas,<br />
magnificantes oásis escondidos pelas dunas imensas e novas rotas para atravessá-lo. O mito da<br />
travessia do Saara, um deserto maior do que todos os outros do planeta somados e multiplicados<br />
por três, vem exercendo um fascínio sobre os homens desde que estes habitam a terra.<br />
Por Milton Tesserolli Filho<br />
Fotos Douglas de Oliveira e Marcos Prado<br />
*Nota dos editores: As imagens dessa matéria cedidas por seus autores, foram captadas em filme fotográfico, que ao longo dos<br />
anos de uso adquiriu marcas, que não apagamos. Assim como fazemos com nossos Land Rovers, preservando sua história<br />
38 | go anywhere
Ali, o dramático perfil de maciços montanhosos com altitudes superiores<br />
a 4 mil metros, convive com as infindáveis planícies de cascalho e<br />
hipnotizantes dunas de areia de proporções oceânicas, juntando-se<br />
para compor um dos mais inóspitos ecossistemas do planeta.<br />
Considerando-se que jamais uma expedição composta exclusivamente<br />
de brasileiros, havia atravessado estas paragens, únicas em suas<br />
características, fica evidente a sua importância na história das<br />
expedições 4x4 brasileiras.<br />
Trata-se de uma expedição que aconteceu há, exatos, 30 anos e que<br />
mereceria um livro, pois muitas são as estórias para contar. Aqui, nesta<br />
matéria, tentaremos passar um pouco das emoções desta inédita<br />
aventura!<br />
Em meados de 1987 e após ter organizado e realizado outras expedições<br />
- as quais destacam-se: a Amazônia Série 1 em 1980, a Rota dos Andes<br />
em 1983/2008, a Rota Marítima Salvador-Rio (a bordo de um Supercat<br />
17”), também em 1983, e a Expedição Oeste Amazônica em 1984/1985,<br />
que percorreu as mais duras rotas da região, chegando até a Guiana<br />
Inglesa e Venezuela através de trilhas na floresta equatorial, eu estava a<br />
procura do próximo desafio. Foi quando me encontrei com o experiente<br />
amigo Tito Rosemberg para conversarmos sobre o assunto e trocarmos<br />
“figurinhas” sobre os nossos Series. Ele na época possuía um Serie 2<br />
1966, carro que comprei posteriormente e dei à minha filha Lim quando<br />
nasceu, em 1997.<br />
Tito é escritor, jornalista, veterano com muitos anos de viagem em cinco<br />
continentes, incluindo um período de três anos na África, sendo seis<br />
meses exclusivamente pesquisando a região saariana em seu próprio<br />
Land Rover. Piloto da primeira equipe brasileira do Camel Trophy<br />
Borneo 1985, onde recebeu de seus próprios colegas, de oito países<br />
participantes, o troféu “Team Spirit Awards”.<br />
O papo foi inspirador, quando Tito começou a descrever as suas<br />
experiências na África. Eu, imediatamente, percebi que o desafio seria<br />
por lá, embora envolvesse uma complicadíssima logística e uma boa<br />
reserva de recursos. Ele foi o grande mentor deste roteiro que deveria<br />
acontecer no início do ano seguinte, quando as condições climáticas<br />
seriam mais favoráveis.<br />
Assim, imediatamente acionamos a equipe da Landscape Expedições<br />
que, na época, era a empresa que gerenciava as nossa aventuras e<br />
contratos com patrocinadores. Partimos para as pesquisas, contatos<br />
com patrocinadores, definição da equipe e etc.<br />
Nesta ocasião, convidei o Kiko (Francisco Ferraz), meu antigo parceiro<br />
em outras aventuras, que possuía um Toyota Bandeirante igual a do Tito<br />
e, para ser meu co piloto, o grande amigo venezuelano Tony Velasquez<br />
que na época residia no Brasil. Na sequência, o ainda desconhecido mas<br />
sempre brilhante, fotógrafo, Marcos Prado foi o convidado do Tito e o<br />
fotógrafo Douglas de Oliveira seria o co-piloto do Kiko. O nosso “Crew”<br />
estava formado; seis pessoas e três 4x4 sendo o meu um Série 3 - 1974<br />
diesel, com 14 anos de idade.<br />
Logo conseguimos viabilizar apoios e patrocinadores para o projeto e<br />
começamos a preparar os veículos e equipamentos. No meu caso, esta<br />
parte sempre foi especialmente desafiadora e trabalhosa pois precisava<br />
restaurar, pela segunda vez, o meu Serie 3 cujos serviços eu realizava<br />
pessoalmente em minha garagem. Desde que comecei as expedições<br />
em 1980 somente utilizei veículos Land Rover, Serie 1, 2 e 3 que eram<br />
garimpados, restaurados, muito utilizados e sempre reciclados para as<br />
próximas aventuras!<br />
A expedição partiu do Rio de janeiro, na primeira semana de fevereiro<br />
de 1988. Os veículos, um Land Rover Series 3 de 1974 e dois Toyotas<br />
Bandeirante, foram enviados por via marítima com antecedência de<br />
trinta dias para o porto de Livorno na Itália, onde os tripulantes se<br />
reuniram. Após minuciosa inspeção pela alfândega italiana, fomos<br />
liberados, embarcando em outro barco, um ferry que nos levaria até a<br />
Córsega, depois Sardenha e finalmente até a Tunísia, em solo africano,<br />
onde iniciamos o percurso pelo Saara.<br />
go anywhere | 39
AVENTURA - UM CLÁSSICO NO DESERTO<br />
Ainda em Tunis, obtivemos as licenças para a travessia do deserto<br />
e pudemos garimpar algumas raras peças reservas para o nosso LR.<br />
Conhecemos uma loja onde pudemos iniciar o escambo, prática<br />
que perdurou por toda a expedição. Nesse dia, algumas peças de<br />
embreagem foram trocadas por revistas brasileiras…<br />
Rumo ao deserto, logo chegamos a complicada fronteira com a Argélia,<br />
país onde aconteceria a maior parte da travessia. Uma imensa fila<br />
com veículos de todo o tipo, muitos deles 4x4 preparados, Unimogs,<br />
motocicletas e aventureiros de todas as partes do mundo, denunciavam<br />
que estávamos no lugar certo! Foram muitas e muitas horas até sermos<br />
liberados para atravessar.<br />
A Argélia sempre foi um país muito fechado, rígido e com várias<br />
restrições. Para atravessar o país, fomos obrigados a comprar uma determinada<br />
quantidade de dinheiro deles mas, ao sair, tínhamos que<br />
prestar contas e devolver o dinheiro que sobrasse. Ou seja, não poderíamos<br />
sair do país sem gastar tudo. Isto nos causou grande embaraço na<br />
saída para o Marrocos e, por pouco, a coisa não ficou mais séria.<br />
Muita escassez de alimentos, nenhuma bebida alcoólica pois eram<br />
proibidas e, praticamente, nada para comprar. Frequentemente,<br />
trocávamos objetos pessoais como: canetas, camisetas, óculos e etc por<br />
combustível e comida. Ele preferiam ao dinheiro vivo.<br />
Logo fomos nos afastando da civilização e os trechos tornaram-se<br />
mais difíceis e desafiadores. Vale lembrar que, naquela ocasião, não<br />
existiam telefones celulares nem GPS e que toda a nossa navegação<br />
foi feita baseada em pesquisas, dicas de livros de outros aventureiros,<br />
mapas, cartas e bússolas! Qualquer aparelho de radiocomunicação era<br />
proibido, mesmo entre os carros. De qualquer forma, nós transportamos<br />
clandestinamente um rádio desmontado e escondido, para ser utilizado<br />
numa emergência extrema. Este aspecto, certamente deu uma outra<br />
dimensão as emoções que estavam por vir.<br />
Em certo trecho e após rodar dias pelas areias sem cruzar com nada<br />
muito longe de qualquer sinal de habitação humana, começamos a nos<br />
questionar se estávamos de fato no rumo correto. Pelos nossos cálculos,<br />
deveríamos ter passado por alguns marcos que não foram encontrados.<br />
Foi então que a dúvida tomou conta da equipe e decidimos adotar<br />
uma estratégia de emergência, alterando a forma de navegar e nos<br />
distanciando uns dos outros de forma segura, para tentar localizar<br />
alguma referência além de racionar o combustível , água e alimentos.<br />
Após alguns dias de apreensão, um de nós localizou o brilho de um<br />
carro no horizonte. Imediatamente seguimos na mesma direção até<br />
encontrá-lo. Eram dois franceses que também estavam encarando o<br />
desafio da travessia numa pick-up. Pudemos então confimar, aliviados,<br />
que todos estávamos na rota correta. Naquela noite fizemos um jantar<br />
especial para celebrar e acampamos debaixo de um céu indescritível.<br />
40 | go anywhere
Uma das coisas mais especiais desta expedição foram as observações<br />
astronômicas. Frequentemente, subíamos até o topo das dunas e<br />
ficávamos por horas observando o céu, uma grande quantidade de<br />
estrelas cadente e objetos não identificados. Como somos minúsculos<br />
diante de tamanha imensidão!<br />
Absolutamente fascinante e mágico é o céu do Sahara!<br />
Enfrentamos muitos trechos de areia e fantásticas dunas, mas o deserto<br />
também apresenta incríveis regiões rochosas e montanhas formadas<br />
por vulcões extintos que dão um aspecto extraterreno àquela paisagem<br />
única e marcante. Passamos por tempestades de areia fortíssimas<br />
mas precisávamos nos manter em movimento para não sucumbirmos<br />
enterrados pela rápida quantidade de areia. Por outro lado, a navegação<br />
tornava-se impossível, então seguíamos às cegas por horas sob o risco<br />
de nos perdermos.<br />
A areia muito fofa era outro desafio, exigia o máximo dos veículos e<br />
muitas vezes a temperatura dos motores subia e então precisávamos<br />
seguir reduzidos, em baixíssima velocidade. Em geral, os três veículos<br />
comportaram-se muito bem e o Série 3 sentiu-se totalmente à vontade.<br />
Tivemos apenas uma mola mestra partida que foi substituída em Ilizi<br />
(Argélia), após dois dias de negociações. Lá, depois de muita conversa<br />
com os desconfiados Tuaregs, conseguimos, através deles, comprar<br />
uma mola usada igual, retirada de uma sucata do governo.<br />
go anywhere | 41
AVENTURA - UM CLÁSSICO NO DESERTO<br />
Sobre a alimentação, nós transportávamos praticamente toda a comida<br />
que sería consumida mas, eventualmente, conseguíamos algo local<br />
que, inevitavelmente, era couscous com frango. Quando cozinhávamos<br />
fora dos veículos, as panelas sempre ficavam com um dedinho de<br />
areia no fundo, soprada pelo vento constante. Tempero do deserto!<br />
Fazíamos muita sopa, sempre incrementadas com o que conseguíamos<br />
localmente, como tâmaras e enormes azeitonas suculentas e saborosas.<br />
Tudo, obtido através de trocas com os locais.<br />
Acampávamos todos os dias, alguns dormiam em barracas outros<br />
preferiam acomodar-se dentro dos veículos. No meu caso, fiz uma<br />
adaptação na parte traseira do Série 88” montando uma cama para<br />
duas pessoas dormirem confortavelmente. Funcionou muito bem e<br />
nos livrou do frio, tempestades de areia e dos indesejáveis e perigosos<br />
escorpiões do deserto que sempre apareciam nos acampamentos. É<br />
importante proteger-se da amplitude térmica de cerca de 30/40 graus<br />
diariamente. Temperaturas diurnas de até 40 positivo e noturna de até<br />
5 negativo, são sempre um desafio a mais para manter o corpo saudável<br />
e com energia. Neste ponto, aprendemos que os turbantes, túnicas e<br />
o chá quente de hortelã, consumido muitas vezes durante o dia, ajuda<br />
muito a manter este equilíbrio.<br />
Um dos pontos mais difíceis numa expedição é o aspecto humano, onde<br />
pessoas totalmente diferentes se reúnem para executar uma missão<br />
de exploração e aventura com riscos, privações e desafios pessoais,<br />
muitas vezes, desconhecidos. Torna-se um mergulho interior onde<br />
somos desafiados a nos conhecer melhor, manter o controle e estarmos<br />
prontos para enfrentar as novas faces de nossos companheiros com<br />
muita tolerância e resiliência. Talvez, este aspecto seja um dos desafios<br />
mais complicados de se administrar, contudo pode tornar-se uma grande<br />
oportunidade para o autoconhecimento e o crescimento pessoal. Eu<br />
diria que, em cada expedição, realizamos uma outra, interna, oculta e<br />
muito gratificante para evoluirmos como seres humanos. Nesta, como<br />
em tantas outras aventuras, também enfrentamos desafios que foram<br />
administrados de forma a satisfazer, dentro do possível, os anseios e<br />
expectativas de cada um.<br />
Ao final, todos tiveram um grande aprendizado: chegaram bem e<br />
concluíram os seus objetivos com sucesso!<br />
De forma geral o relacionamento com os locais foi sempre muito<br />
amigável e gratificante, especialmente quando nos afastavamos das<br />
cidades maiores. A curiosidade e simpatia pelo Brasil estavam sempre<br />
presentes e todos muito solícitos e carentes.<br />
Na época da expedição, eu estudava Arqueologia e Direito e tinha um<br />
objetivo pessoal de tentar localizar um já conhecido sítio arqueológico<br />
perdido nas areias do Sahara. Por sorte e com algumas dicas obtidas<br />
num livro comprador pelo Tito, conseguimos chegar lá e após algumas<br />
horas de exploração, localizar fragmentos de objetos que confirmavam<br />
a passagem de povos muito antigos pela região. Neste fascinante local,<br />
tive a sorte de encontrar entre os fragmentos uma moeda francesa da<br />
década de 1930, o que comprovou que muito antes de nós aventureiros<br />
franceses estiveram por ali!<br />
O Sahara é lugar de fortes contrastes e mistérios. Um momento<br />
inesquecível foi quando deixávamos o Sahara. Após um longo período<br />
nas areias, visualizamos o topo das montanhas Atlas, coberto de neve.<br />
Em seguida, atravessamos uma indescritível nuvem de gafanhotos<br />
com milhares de insetos se espatifando contra os nossos carros. Foi<br />
preciso parar, aguardar e limpar os para-brisas para prosseguir viagem!<br />
Após Ouarzazate a paisagem foi mudando, ficando mais colorida até<br />
atravessarmos a cordilheira e descemos rumo a Marrakech, Casablanca<br />
e Tânger, com o oceano atlântico ao fundo.<br />
A expedição percorreu um total aproximado de 9 mil quilômetros,<br />
num período de 8 semanas, a maior parte, numa região composta<br />
42 | go anywhere
asicamente por extensas dunas e maciços montanhosos desabitados<br />
e onde noventa por cento do percurso era formado por precárias trilhas<br />
entre oasis e rotas seculares usadas por caravanas de camelos até hoje.<br />
Iniciamos na Itália e terminamos na França mas na África percorremos<br />
três países; Tunísia, Argélia e Marrocos. As principais localidades<br />
visitadas foram Tunis, Tozeur, Touggourt, Hassi Messaoud, Hassi Bel<br />
Guebur, In Amenas, Fort Gardel, Djenet, Tamanrasset, In Salah, Reggane,<br />
Adrar, Bechar, Boudnib, Ouarzazate, Marrakech, Agadir, Fès, Meknès,<br />
Casablanca e Tânger, ponto final da expedição. De lá parte dos veículos<br />
e tripulação retornaram ao Brasil. Eu precisava desembarcar na França<br />
pois o meu Série retornaria ao Brasil a partir do porto de Le Havre. Então,<br />
continuei com o Kiko partindo num navio até Sete, de onde seguimos<br />
para Courchevel, Paris e finalmente Le Havre. Ali, me despedi do meu<br />
Serie 3, grande companheiro de muitas aventuras e confirmei mais uma<br />
vez o porquê deste legendário veículo ser único, não apenas pela sua<br />
qualidade, evidentemente, mas por ser uma das melhores ferramentas<br />
feitas pelo homem para conhecer o mundo e relacionar-se com seus<br />
habitantes de qualquer país, religião, raça, tornando-se um verdadeiro<br />
“fazedor de amigos”!<br />
Agradeço muito a oportunidade que tive de realizar este sonho junto de<br />
pessoas tão especiais! Tony, Tito, Kiko, Douglas e Marcos, muito obrigado<br />
pela amizade e excepcionais lembranças. Agora vamos preparar outra<br />
para celebrar!!!<br />
ONE LIFE, LIVE IT!<br />
go anywhere | 43
LAND ROVER OWNER<br />
“MY NAME IS BOND,<br />
ERNIE<br />
BOND”<br />
44 | go anywhere
Ele parece ter saído de um Road movie.<br />
Por trás da cara de bravo, de quem vai puxar uma<br />
calibre 12 escondida em algum lugar em sua<br />
garagem, está uma personalidade importante<br />
no meio Land Rover. Conhecedor, inteligente,<br />
culto e dotado de uma simplicidade e de um<br />
senso de humor notáveis. Resgatou e restaurou<br />
belos exemplares da marca Land Rover no Brasil.<br />
E é um grande garimpeiro de peças de Series.<br />
Por Eduardo R C Rocha<br />
Fotos Reinaldo Junqueira<br />
Ernie trabalha com artes e antiguidades. Um profissional com<br />
conhecimento e sensibilidade para reconhecer o que é bom. De um<br />
lustre Lalique ou de um jogo de chá de porcelana de Sèvres a um bom<br />
exemplar de Land Rover jogado em alguma fazenda pelo interior do<br />
Brasil.<br />
Ernie sempre gostou de jipe, mas não tinha dinheiro. Tinha uns carros<br />
velhos, todos arregaçados (segundo ele) até que um dia, viu um anúncio<br />
vendendo um Land Rover, um defender baratinho, em 2001. Resolveu<br />
que era hora de ter seu Land Rover.<br />
Uma segunda feira foi lá ver o carro. Era nada mais, nada menos que<br />
o Luiz Fraga, dono da Specialist. Sua oficina ficava próxima a Avenida<br />
Santo Amaro.<br />
Ernie chegou com o anúncio na mão, todo humilde e o Luiz Fraga, disse:<br />
“fique a vontade, ele está lá atrás”, era um vermelho de capota branca,<br />
SW. “Era um lixo, feio como satanás. Ele não tinha painel e a placa era<br />
de Cabo Frio, pior ainda, quando eu vi que não tinha painel e que estava<br />
lotado de terra e com as rodas enferrujadas”. Agradeci ao Luiz e disse<br />
que o carro não era pra mim.<br />
No domingo seguinte, viu um anúncio no Estadão, era da Option,<br />
chegou 8 da manhã, antes de abrir a concessionária, sentou na escada<br />
e esperou abrir. Quando abriu, disse que tinha ído por conta do anúncio<br />
e o vendedor disse que já estava vendido. “Como assim? Você anunciou<br />
no domingo, cheguei antes da concessionária abrir!” “Deixa eu ver o<br />
carro!”. Era um SW verde, soft top com guincho e estepe no capô. Ernie<br />
não se conformou. Depois, descobriu que o carro estava reservado para<br />
um cara que nem foi ver e foi vendido para um terceiro.<br />
Foi então ver um outro, que era de um diretor do Grupo Pão de Açúcar,<br />
como mora na região da sede do Pão de Açúcar, ligou, uma secretária<br />
o atendeu, marcou hora e ficou na porta esperando ela descer. Ela<br />
demorou uma hora e meia e disse que o carro estava na garagem.<br />
“Teria a chave para olhar por dentro?” Não! “Posso fazer uma oferta?”<br />
Mais uma vez um sonoro não. Foi embora e não comprou novamente.<br />
Anos depois conheceu esse diretor na oficina do Luis Fraga e disse: “sua<br />
secretária é o mau humor personificado”. “É bonita, mas uma casca de<br />
ferida. Deixei de comprar seu carro”.<br />
go anywhere | 45
LAND ROVER OWNER<br />
Um dia foi na Option e o vendedor disse para eu comprar um Defender<br />
novo, estava por R$53.000,00. Devia ter um cinquenta mil, fui na loja de<br />
um amigo e queimei o Monza.<br />
Comprou o Defender sem nunca ter guiado um. Foi ao test drive. Um<br />
Defender que ficava em cima de um monte de paralelepídedos e tinha<br />
que descer uma escadaria no showroom. Pegou a chave e disse: “onde<br />
que liga?” Aí ele disse que era do outro lado. Ligou. “Cadê o vidro<br />
elétrico?” “Não tem, é aquela maçaneta alí embaixo. Olhou para o<br />
vendedor e pensou: “Arrependimento”.<br />
Ernie andava no mais legítimo estilo praiano, de bermuda e chinelo.<br />
Tranquilo, crente que já dominava aquela máquina. Quando foi sair<br />
já deu uma fechada geral nas 3 pistas da Av. Berrini pois o carro não<br />
esterça e ele não sabia disso. Saiu na pista da esquerda e já foi entrar na<br />
primeira rua (à direita), já fechando todo mundo novamente. Xingaram<br />
muito!<br />
Voltaram, pagou e não queria voltar dirigindo. “Eu não quero mais esse<br />
carro, pode colocar pra vender que eu não quero mais!”. O vendedor<br />
disse que o carro era ideal para ele, que ele tinha todo o perfil e<br />
que tão logo se acostumasse, que nunca mais ia se desfazer dele.<br />
Segundo Ernie, até agora ele não sabe se foi algum tipo de profecia ou<br />
uma maldição pois está com ele até hoje.<br />
Tempos depois, foi a um evento promovido pela Land Rover em<br />
Tiradentes. Foi o primeiro a chegar, os primeiros 10 números eram da<br />
organização, o 11 era dele.<br />
Como trabalhava com antiguidades, na segunda feira era o início da sua<br />
folga. Ao chegar lá num estacionamento enorme, perto da estação de<br />
trem, começou a ouvir uma música engraçada (letra impublicável) e um<br />
grupo se matando de rir. Uns “xaropes”, mas muito boa gente. Ficaram<br />
amigos.<br />
No dia do passeio no evento foi no Series I 1948 do Mathias, que apesar<br />
de ser uma mistureba (motor de Opala e etc) ganhou o Prêmio de carro<br />
mais antigo no evento. Ernie ficou com isso na cabeça. Era a semente do<br />
que estava por vir.<br />
Aí numa outra ocasião foi visitar os amigos em Taubaté e disseram para<br />
ele: “ô inglês, tem um Serie I para vender em Caçapava, numa fazenda de<br />
café”. Foram lá ver. Conversou com o responsável pelo espólio e fechou<br />
46 | go anywhere
de elite britânicas. A cor rosa se torna especialmente eficiente em<br />
deslocamentos no deserto especialmente no amanhecer e por do sol).<br />
Mas como vivemos num país onde “se perde o amigo, mas não se perde<br />
a piada”, achou melhor optar pelo “Marfim da Malásia.<br />
A capota (inglesa), cardan, painel e etc, foram comprados aqui em São<br />
Paulo. A capota está com as marcas do tempo, o que dá um charme<br />
especial ao carro.<br />
a compra do carro por R$ 4.500,00. Mais um guincho de Caçapava a<br />
Taubaté, onde começou o restauro desse carro. Era um 1952. Mas o<br />
chassi estava podre. Totalmente podre. Aí acabou comprando um chassi<br />
do Marcos Scavacini em Itu, que designou um alemão para negociar<br />
com ele. Segundo Ernie, o homem “arrancou-lhe o couro”. Mas acabou<br />
comprando quase um Serie I inteiro desmontado, que trouxe até<br />
Taubaté para o início dos trabalhos.<br />
Hoje está em fase final de restauro, numa cor chamada “Beige<br />
Malaysian Ivory”, uma cor que não faz parte da paleta de cores da Land<br />
Rover, mas que é muito bonita. Cogitou até fazer em “Pink Panther”<br />
(cor utilizada nos Land Rover, pelo SAS, Special Air Service ou as tropas<br />
O motor estava com o bloco trincado e Ernie ficou mais de 1 ano e<br />
meio procurando um bloco. Mas como rodava muito por São Paulo<br />
atrás dessas coisas, acabou encontrando na Garagem Palácio, antiga<br />
oficina de São Paulo, na rua Martim Francisco, dois motores no chão.<br />
Um 1.6 e outro 2.0. Ele pediu para separar a peças de um e de outro,<br />
que viria buscar em 1 semana. Voltou e o dono da oficina havia vendido<br />
cada motor por R$100,00. Continuou a busca e acabou encontrando<br />
um bloco 2.0 em Interlagos, com um senhor chamado Elmo. Levou o<br />
bloco e os outros componentes na retífica Retifort, onde foi feito todo<br />
o serviço do motor. Carburador foi feito numa empresa próximo da via<br />
Anchieta, radiador foi feito na Radiadores Pinguin e motor de arranque<br />
e dínamo feitos no Yamada em frente à The Specialist.<br />
Garimpou alguns acessórios de época, inclusive um curioso suporte de<br />
fuzil para ele. Com seus conhecimentos no mercado de antiguidades,<br />
conseguiu que um restaurador de peças em baquelite, refizesse o<br />
volante inteiro. Ficou perfeito!<br />
Ernie ia ao menos duas vezes por mês a Taubaté para levar peças e<br />
insumos. Agora já está em fase final, quase quase. Na primeira partida,<br />
saiu agua para todo lado. Na segunda, foi o volante que saiu na mão<br />
dele. Mas faz parte da aventura que é restaurar um carro.<br />
go anywhere | 47
LAND ROVER OWNER<br />
Nesse meio tempo, ele sofreu um acidente grave na Serra do Corvo<br />
Branco e seu Defender 90 prata, foi condenado. Acabou comprando um<br />
Defender 90 2003 que hoje tem incríveis 39.000 km e que roda pouco.<br />
O do acidente, foi recuperado pelo Mathias de Taubaté e é o carro de<br />
uso frequente.<br />
O tempo passou e apareceu um Serie IIA 1965, a venda em Curitiba. O<br />
valor era alto, mas fez uma oferta e o vendedor aceitou.<br />
Almoçou um risoto e meteu o pé na estrada. O carro não tinha luzes, não<br />
tinha freios, não tinha nada, nem buzina, a BR 116 toda cheia de desvios<br />
e para piorar o risoto não caiu bem. Veio visitando inúmeros banheiros<br />
pelo caminho. O carro não passava de 40km/h pois estava travado<br />
na reduzida. Conseguiu chegar em casa e apagou. No dia seguinte ao<br />
olhar o carro na garagem, havia ao menos uns 16 vazamentos de óleo.<br />
Rodas, motor e locais diversos. Passou uns 10 anos reparando todos os<br />
problemas. Deu trabalho, mas é um carro bem raro no Brasil, um Diesel<br />
aspirado.<br />
Esse Serie IIA tem algumas curiosidades. Foi fabricado tanto para<br />
exportação, para uso civil ou militar. Ele tem as lanternas dianteiras uma<br />
ao lado da outra. Se fosse para uso civil, na Inglaterra, seria uma em<br />
cima da outra. Lado a lado, ela permitem a instalação de um Jerry Can<br />
na frente do carro sem cobrir as lanternas. Ele foi doado a um convento<br />
de freiras no Paraná, provavelmente pelo Vaticano e ficou muitos<br />
anos parado em uma garagem, até ser comprado pela pessoa que o<br />
vendeu para ele. Como as religiosas não sabiam como mudar os modos<br />
de tração, então deixavam ele sempre em modo 4x4 reduzido e isso<br />
acabou prejudicando seu bom funcionamento, depois de parado por<br />
décadas.<br />
Alguns Series ainda estão pelo Brasil, mas muitos descaracterizados,<br />
o que é uma pena. As dificuldades aqui são imensas para o restauro.<br />
Muito a ser feito.<br />
Ernie chegou a ter um Serie I 1951, todo documentado, que acabou<br />
vendendo para o dono da Galvanizadora Aeroporto. Esse também<br />
um verdadeiro calvário na busca de peças para o restauro. Por isso,<br />
sempre que encontrava algo para os Land Rovers antigos, arrematava<br />
como forma de preservar um estoque de peças caso fosse necessário.<br />
Chegou a arrematar todo o estoque de peças da Garagem Palácio, que<br />
foi oficina Land Rover nos anos 50, 60 e 70. Nesses itens estão inclusive<br />
uma tomada de força e dois guinchos Capstan (na caixa).<br />
Perguntado se vai encarar algum projeto novo, foi taxativo: “ Não vou<br />
adquirir mais nada. É com esses que vou até o fim da vida”. É uma eterna<br />
busca de fornecedores, noites sem dormir pensando no projeto. Aí você<br />
encontra um fornecedor para fabricar os tanques de combustível em<br />
Piracicaba. Mas ainda falta uma série de itens. E a busca recomeça. É um<br />
trabalho de muita paciência.<br />
“O cara que quer restaurar, não pode ter pressa e tem que saber que<br />
não vai ter moleza. Vai ter que procurar muito, no Brasil e no exterior.<br />
Fora do Brasil tem que procurar os detalhes, as peças pequenas e no<br />
Brasil as peças grandes e pesadas. Mas sem paciência, melhor pensar<br />
em outra coisa”.<br />
48 | go anywhere
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TÉCNICA - Defender Tdi e Tdci - Vinícius Maestrelli e Ricardo Pocholo<br />
Motor Tdi - Sistema<br />
de arrefecimento<br />
Para este nosso primeiro artigo abordando a motorização Tdi, seja dos<br />
“Defenders” ou dos “Discoveries” não tem como falar de outro tema<br />
que não seja o sistema de arrefecimento.<br />
Este sistema é composto por alguns itens críticos que procuraremos tratar<br />
aqui. O sistema de arrefecimento contém, além do radiador e mangueiras<br />
facilmente identificados por todos, o vaso de expansão, a tampa do<br />
vaso de expansão, o ejetor, a bomba dágua, a válvula termostática, os<br />
famosos plugues plásticos, o tubo metálico para o sistema do ar quente,<br />
o radiador do ar quente, os selos do bloco e cabeçote, o conjunto hélice<br />
com seu elemento viscoso, o sensor de temperatura e por fim o fluído de<br />
arrefecimento.<br />
Como podem ver temos muito assunto para tratar aqui sobre cada um dos<br />
elementos deste sistema, suas vulnerabilidades e cuidados. Procuraremos<br />
trata-los priorizando-os em função da criticidade de cada um.<br />
Abordaremos neste primeiro artigo dois tópicos. O procedimento<br />
correto para enchimento do sistema e eliminação de ar e os aspectos<br />
envolvendo os dois famosos plugues plásticos, um posicionado sobre o<br />
radiador e outro posicionado bem na frente do motor, na campânula da<br />
válvula termostática. Estes plugues foram aí posicionados para permitir<br />
a eliminação da presença de ar no sistema de arrefecimento durante<br />
a fase de enchimento, por isto que eles estão no ponto mais alto do<br />
radiador e do bloco do motor respectivamente.<br />
Existe uma lenda sobre estes plugues que diz que eles são plásticos para<br />
atuarem como um “fusível”. A alegação seria de que no caso de um<br />
aumento de pressão ou temperatura do sistema eles se romperiam para<br />
proteger o motor. Esta alegação não se sustenta, pois seria o primeiro<br />
caso de um fusível que perante uma anomalia termina por danificar<br />
tudo. Seria como ter na sua casa um fusível na entrada de luz que no<br />
caso de um distúrbio na rede elétrica permite que pegue fogo na casa<br />
ao invés de isolar da rede para protege-la. Não vamos entrar aqui no<br />
motivo de serem em plástico mas o fato é que devem ser substituídos<br />
por plugues metálicos o mais rápido possível, pois se não tiverem a<br />
preventiva adequada irão falhar. E como tenho dito a quem me pergunta<br />
é melhor encarar a troca de forma planejada do que eles falharem por<br />
ressecamento num passeio ou à noite numa estrada deserta e com<br />
a família dentro do carro. A troca destes plugues abordaremos na<br />
sequência, mas vamos retomar o assunto do enchimento do sistema.<br />
Para o enchimento correto do sistema, estando o carro em um piso<br />
nivelado, com todas as mangueiras adequadamente instaladas e<br />
com suas abraçadeiras apertadas, inicia-se adicionando fluído de<br />
arrefecimento pelo reservatório de expansão até que surja fluído no<br />
orifício superior do radiador, isto significa que o radiador está cheio<br />
e sem qualquer bolsão de ar. Neste momento para-se de adicionar<br />
o fluído e instala-se o plugue do radiador, utilizando um plugue com<br />
rosca BSP (paralela) com sede de vedação para um anel o’ring de<br />
borracha conforme o part-number ERR4686 (figura no alto da página<br />
ao lado). Evite usar bujões hidráulicos com rosca NPT (cônica) pois<br />
este tipo de rosca promove a vedação nos fios da mesma e por ser<br />
cônica, forçam a peça de alumínio que é fundida e corre-se o risco de<br />
trincamento e comprometimento da campânula da termostática ou da<br />
caixa do radiador, ambos itens de alto valor em caso de necessidade de<br />
substituição.<br />
Instalado o plugue adequado prossegue-se com a adição de fluído até<br />
que o mesmo apareça no orifício da campânula da termostática. Isto<br />
significa que todo o bloco do motor, cabeçote e radiador do ar quente<br />
estão cheios. Neste momento interrompe-se a adição de fluído e instalase<br />
o plugue no orifício da campânula seguindo as orientações acima.<br />
Com os dois plugues apertados e com o intuito de garantir a eliminação<br />
de qualquer bolha de ar no sistema, recomenda-se a desconexão da<br />
mangueira fina que sai da campânula da termostática para o ejetor,<br />
o tamponamento da mangueira com um “batoque” de madeira ou<br />
mesmo um parafuso, e a instalação na conexão da campânula de uma<br />
mangueira cristal, daquelas finas e transparentes, de forma que a outra<br />
50 | go anywhere
elógio analógico. Nesta condição observe todos os pontos quanto<br />
a vazamentos. Se tudo ok, numa condição de motor frio novamente,<br />
confira e corrija se necessário o nível de fluído no reservatório, confira<br />
o aperto de mangueiras e fique atento ao surgimento de manchas<br />
da mesma cor do aditivo utilizado no interior do cofre do motor. Eles<br />
denotam a existência de algum vazamento de fluído aquecido, onde a<br />
água evapora e o fluído fica depositado no local.<br />
ponta desta mangueira chegue até o reservatório de expansão que<br />
será mantido neste momento sem a tampa. Nesta condição, funcione<br />
o motor em marcha lenta por alguns minutos para acompanhar a<br />
circulação de fluído pela mangueira transparente onde poderá observar<br />
que num primeiro momento ela permanece sem circulação e à medida<br />
que todo o ar do sistema vai saindo por ela vai sendo possível visualizar o<br />
início da circulação de fluído até que as bolhas de ar vão rareando. Estas<br />
bolhas não cessarão mas reduzirão bastante e é normal que algumas<br />
passagens de ar pela mangueira cristal sejam observadas.<br />
Quando estiver nesta condição, pare o motor e remova a mangueira<br />
cristal, reconecte a mangueira do ejetor na campânula, verifique o nível<br />
do reservatório e acerte se necessário, instale a tampa, aperte-a com<br />
a mão e pronto. Seu sistema de arrefecimento estará cheio e isento<br />
de bolhas de ar. Funcione o motor novamente e deixe-o funcionando<br />
até que o ponteiro da temperatura do fluído no painel atinja o ponto<br />
normal de funcionamento, que seria algo como 10:55 horas num<br />
Entenda-se como fluído de arrefecimento o produto obtido pela<br />
mistura de água desmineralizada com aditivo para radiadores de<br />
automóveis e veículos comerciais leves movidos à gasolina, etanol, GNV<br />
ou diesel. Produto de tecnologia orgânica, com etilenoglicol, isento de<br />
nitrito e silicato na proporção de 1 para 1, ou seja, para cada litro de aditivo<br />
um litro de água desmineralizada. O manual da Land-Rover recomenda o<br />
Texaco XLC, substituído pelo Havoline XLC Extended Life e para completar<br />
todo o sistema de arrefecimento necessita-se de 11,5 litros de fluído.<br />
Seu ponteiro do painel não chegou na temperatura ideal? Tem duvida se<br />
sua termostática está boa e não sabe como testá-la? Sua tampa do vaso<br />
de expansão sempre vaza um pouquinho? Tem dúvida se seu ejetor está<br />
funcionando bem e não sabe como limpá-lo? Então aguarde as cenas dos<br />
próximos artigos.<br />
Uma piscada de farol e um abraço reduzido e bloqueado à todos.<br />
Evite o furto de sua Landrover linha Defender<br />
Volante antifurto<br />
• Blindado<br />
• Chave multiponto codificada<br />
• Rolamentos especiais<br />
Ao ser acionado o volante antifurto fica solto evitando que<br />
seu veículo seja retirado do local.<br />
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TÉCNICA - Discovery II - Evandro Miranda<br />
3 AMIGOS. AMIGOS?<br />
Quem nunca teve<br />
a inesperada visita<br />
de 3 amigos<br />
no seu carro?<br />
Mas isso não é tão assustador como dizem por ai... Relaxe!<br />
Os 3 amigos pegam uma carona contigo quando ocorre alguma falha<br />
relacionada ao sistema de ABS, responsável também pelo controle de<br />
tração (TC) e o controle de descida (HDC - hill descent control), pode ser<br />
ocasionado por um mal posicionamento do sensor de ABS após uma manutenção<br />
de cubo, ou eixos, sujeira no sensor ou rompimento do cabo<br />
de comunicação.<br />
O problema também pode ser ocasionado por falha na válvula de comando<br />
do modulador do ABS também conhecida como suttle valve, os<br />
fios oxidam, quebram e perdem a comunicação.<br />
Shuttle Valve Switch<br />
Essa falha resulta em mal funcionamento no ABS, controle de tração ou o<br />
controle de descida, não interfere em nada no funcionamento do motor,<br />
partida do veículo... e acreditem... Não vai explodir... ;-)<br />
E como resolver isso?<br />
Fita isolante nas luzes do painel não é a melhor opção... Também não<br />
aconselho a retirar os leds que iluminam os avisos, embora já tenha visto<br />
muito disso...<br />
Sensor ABS<br />
Primeiro precisamos identificar onde está o problema. Com o auxílio de<br />
um scanner de diagnóstico ele dirá exatamente se o problema está no<br />
sensor de alguma das rodas ou na válvula do modulador. Tendo a informação<br />
do problema faça a correta manutenção ou substituição do sensor<br />
do ABS, da mesma forma em caso de problema na válvula do modulador,<br />
feito isso efetue novamente a leitura com o scanner de diagnóstico<br />
e apague os registros de erros armazenados na memória.<br />
Se depois de algum tempo que fez a manutenção no sistema do ABS os<br />
3 amigos voltarem, se prepare para um kit de sensores ABS novos e uma<br />
nova shuttle valve.<br />
Outro detalhe que você deve ficar atento é se realmente as luzes do painel<br />
estão funcionando corretamente, durante o processo de verificação,<br />
logo após virar a chave para a posição II, fique de olho se as luzes acendem<br />
no painel e logo após se apagam.<br />
Tela do Scanner<br />
Já tivemos experiências com carros onde o problema não foi resolvido e o<br />
sistema foi simplesmente desativado, claro que nunca da melhor forma.<br />
Vale lembrar que qualquer carro equipado com sistema de freio ABS está<br />
sujeito a esse tipo de problema. Na dúvida, procure uma oficina especializada<br />
Land Rover mais próxima.<br />
52 | go anywhere
TÉCNICA - O assunto é Series - Bigo Berg<br />
Os motores dos Serie I<br />
Como todo lançamento pós-guerra, a tecnologia do Land Rover Serie I<br />
foi baseada no que havia disponível à época. Havia excesso de alumínio,<br />
produzido para aviões da Segunda Guerra, e a carroceria foi desenvolvida<br />
com esse material. A cor verde utilizada, se deve à sobra de tinta<br />
de camuflagens militares e transformou-se na cor oficial do Land Rover<br />
Serie I.<br />
A gasolina que os veículos militares praticamente exauriram das reservas<br />
não era diferente, da disponível para os carros e portanto para os<br />
motores Land Rover. Os motores do modelo Serie I foram desenvolvidos<br />
portanto para esse combustível. À época a tecnologia disponível vinha<br />
dos carros ROVER da década de 1930. Além disso, era necessário aproveitar<br />
componentes já disponíveis em estoque.<br />
O Primeiro motor 1.6 L I4 (1948–1951) a gasolina produzia cerca de 50<br />
c.v. (37 kW; 51 CV). Ele equipava o Land Rover serie 1 de 80 polegadas<br />
entre eixos. Já de início, o motor apresentou problemas de aquecimento,<br />
assim, em 1952, alterações foram feitas no fluxo de arrefecimento,<br />
que melhoraram a eficiência e resistência.<br />
1.6 L I4 (1948–1951)<br />
Não há respiro na tampa de válvula.<br />
No final de 1954 o motor de 2 litros foi lançado. Equipava os Serie I de<br />
86” e 107” polegadas. Em 1956 o mesmo motor teve uma alteração<br />
no cabeçote em mais uma tentativa de melhoria no controle da temperatura<br />
do motor. O mesmo motor foi produzido até o ano de 1958,<br />
equipando os primeiros Land Rovers Serie II de 88” e 109” polegadas.<br />
Outro motor que equipava o Serie I, de 1957 a 1958, era um 2.0 L diesel<br />
I4. Ele foi um dos primeiros motores a diesel de alta velocidade desenvolvidos<br />
para uso rodoviário. Produzia cerca de 52 c.v. (39 kW) a 4.000<br />
rpm. A curta vida do motor foi causada por trincas nos pistões e erro<br />
de projeto do cabeçote. Este é um motor raro da marca Land Rover. É<br />
objeto de estudo entre os apaixonados por esses carros.<br />
2.0 L I4 (1950-1958)<br />
Respiro na tampa de válvula.<br />
Fato é que, além de ser um carro que só evoluiu com o tempo, o Land<br />
Rover tornou-se ícone para amantes das estradas. Ele foi durante muitas<br />
décadas o utilitário mais cobiçado por grandes famílias. Não é de<br />
estranhar vermos em comerciais antigos uma aclamação à potência e à<br />
resistência do veículo, mas também com ótima capacidade de transportar<br />
pessoas. Era a referência de um veículo completo. Só para citar, em<br />
1956, por exemplo, o modelo perua comportava até 10 pessoas. Mas<br />
isso já é outro tema.<br />
Os modelos da década de 1950 tiveram mudanças significantes também<br />
na dianteira. Os faróis saíram da grade e foram posicionados nos<br />
para-lamas. Essa alteração no design deixou mais bonito, mais funcional<br />
– o campo de visualização na estrada à noite melhorou – e melhorou na<br />
hora de limpar a grade.<br />
A Land Rover, ao longo de sua história, foi e é referência no projeto e<br />
fabricação de motores. Em sua trajetória houve momentos em que<br />
2.0 L diesel l4 (1957 – 1958)<br />
utilizou motores produzidos por outras montadoras como BMW, Ford e<br />
PSA. Hoje a marca pertence à Tata Motors, junto com sua irmã Jaguar e<br />
volta a desenvolver tecnologia de ponta no mercado mundial, com seus<br />
motores Ingenium a gasolina e diesel.<br />
go anywhere | 53
TÉCNICA - Land Rovers a partir de 2005 - Luiz Fraga<br />
A nova geração da Land Rover<br />
Muitos clientes e conhecidos me perguntam porque a Land Rover mudou<br />
tanto, ficou tão luxuosa e tão distante dos modelos mais antigos.<br />
Em minha opinião, a resposta é simples: SOBREVIVÊNCIA.<br />
Uma empresa é um organismo vivo e deve se adequar às demandas<br />
do mercado. Se todo o mercado quer carros mais sofisticados, como<br />
continuar vendendo veículos menos sofisticados?<br />
Até 2006, a Land Rover vendia perto de 190.000 veículos anuais, dez<br />
anos depois (2016) a Land Rover fechou o ano com 431.000 veículos<br />
plataforma totalmente nova, apelidada de T5, com o projeto então sob<br />
o codinome L319.<br />
Como a Land Rover decidiu por utilizar esta plataforma em mais de um<br />
veículo (o RANGE ROVER SPORT), a Engenharia resolveu que a plataforma<br />
T5 seria feita no sistema “chassis/carroceria” (apelidado de “Integrated<br />
Body Frame”) ao invés da utilização de um sistema “monobloco”<br />
como o já utilizado pelo RANGE ROVER VOGUE. Este tipo de<br />
(o grupo Jaguar Land Rover vendeu 603.000 veículos em 2017).<br />
Mais que dobrar as vendas em 10 anos só seria possível com projetos<br />
novos. E foi isso o que começou a acontecer em 2005, com o projeto da<br />
nova série do DISCOVERY.<br />
O DISCOVERY e seu “irmão” RANGE ROVER SPORT...<br />
Foi lançado em 2004 no Birmingham Motor Show (quando a Land Rover<br />
já estava sob a “bandeira” da FORD) e no mesmo ano foi apresentado o<br />
projeto conceito RANGE ROVER STORMER CONCEPT em Detroit . A intenção<br />
da FORD era utilizar uma plataforma comum entre o Discovery e<br />
o FORD EXPLORER mas, depois de análise de Engenharia da Land Rover<br />
(especificamente na parte Off Road), decidiu-se pela utilização de uma<br />
plataforma permite uma flexibilidade maior em relação aos modelos,<br />
com custos menores. Entretanto, na época existia uma desconfiança<br />
de que o modelo chassis/carroceria poderia ser considerado como um<br />
retrocesso tecnológico em relação ao RANGE ROVER VOGUE, lançado<br />
anteriormente.<br />
O avanço no sistema de suspensão (independente nas 4 rodas) e a suspensão<br />
pneumática, agora bastante evoluída, provou-se um avanço<br />
considerável em relação aos veículos do mercado na época, muitos dos<br />
quais ainda utilizavam eixos rígidos e molas semi elípticas (especialmente<br />
no eixo traseiro). Um excelente “handling” (comportamento) na estrada<br />
e o ótimo comportamento no fora de estrada, aliado ao inovador<br />
sistema “terrain response ® ” (também lançado no mesmo momento),<br />
deu ao carro as novidades que precisava para conquistar o mercado.<br />
54 | go anywhere
No novo RANGE ROVER SPORT, baseado na mesma plataforma e com<br />
parte mecânica similar, o apelo mais “esportivo” fica evidente tanto<br />
dentro quanto fora do carro. Com uma pegada mais parecida com os<br />
grandes “GTs”, o painel central mais alto, o botão do “Terrain Response<br />
® “ retrátil (para facilitar as trocas de marcha mais esportivas usando o<br />
“Command Shift”), uma suspensão mais rígida e a inserção do “Active<br />
Cornering Enhanced” (barras estabilizadoras inteligentes) permite a<br />
este Range Rover Sport uma performance “na estrada” digna de nota.<br />
A idéia, era fazer o RANGE ROVER SPORT preencher a lacuna dentro da<br />
linha Land Rover do que a BMW chamava de “Sport Activity Sector” e<br />
que, segundo os alemães, separava a linha BMW X5 da linha RANGE<br />
ROVER VOGUE, já que ambos utilizavam grande parte da mesma mecânica<br />
e estrutura.<br />
Assim, se pudéssemos usar uma única sigla para definir os dois projetos,<br />
o RANGE ROVER SPORT fica sendo o “S” e o DISCOVERY fica sendo o<br />
“Utility Vehicle” da sigla SUV!<br />
Além disso, é gritante (e intencional!) a similaridade do RANGE ROVER<br />
SPORT ao “concept car” RANGE STORMER (veja fotos do Museu). A intenção<br />
da Land Rover era mesmo manter o conceito “vivo” enquanto<br />
seria possível. Um desenho similar foi utilizado no RANGE ROVER EVO-<br />
QUE e no “NEW RANGE ROVER SPORT”, que será objeto de outra matéria.<br />
Ambos os veículos utilizam um sistema de chassis completamente revolucionário,<br />
o chassis é “hidroformado”, ou seja, as longarinas não<br />
utilizam solda em seus perfis! Na hidroformagem, um tubo (ou um formato<br />
similar), é colocado dentro de um molde, sendo injetado dentro<br />
dele líquido em pressões altíssimas. Com isso, as longarinas assumem a<br />
forma final sem necessidade de soldas, somente as “transversais” são<br />
soldadas às longarinas para formar o chassis.<br />
O Designer do DISCOVERY foi o Dave Saddington, que manteve as icônicas<br />
características da linha DISCOVERY como o teto elevado e a traseira<br />
assimétrica (presente também no novo ALL NEW DISCOVERY). Mas o<br />
RANGE ROVER STORMER<br />
tradicional estepe externo foi para a parte de baixo do carro, elevado<br />
por um sistema de catraca, também usado no RANGE ROVER SPORT,<br />
o que permitiu que a porta fosse dividida em 2 partes e mantivesse a<br />
“tradição” do “picnic tail-gate” (na tradução literal picnic na tampa traseira)<br />
inaugurada pelo RANGE ROVER lá em meados de 1970 quando<br />
foi lançado.<br />
O DISCOVERY dispunha ainda de 7 lugares, sendo os dois últimos com<br />
conforto para adultos. Isso não acontecia no DISCOVERY antecessor, especialmente<br />
pela falta de espaço para os pés.<br />
A motorização do DISCOVERY e RANGE ROVER SPORT eram similares<br />
nos lançamentos, um propulsor movido a gasolina V8 derivado da JA-<br />
GUAR de 295 bHP, um V6 (também movido a gasolina) de 215 bHP e<br />
um motor movido a diesel, derivado de uma parceria FORD - PEUGEOT<br />
que desenvolvia 190 bHP. Para o RANGE ROVER SPORT, o V6 derivado<br />
da FORD não era disponível. Conectados à transmissões mecânicas de<br />
6 velocidades ou automáticas também de 6 velocidades, a linha tinha<br />
um bom desempenho mas consumo elevado, especialmente devido ao<br />
peso total dos veículos (perto de 2.400 kg).<br />
go anywhere | 55
TÉCNICA - Land Rovers a partir de 2005 - Luiz Fraga<br />
Uma caixa de transferência dotada de corrente e de um sistema viscoso<br />
de “divisão” de torque entre o eixo dianteiro e traseiro, é ligada ao<br />
câmbio e transmite o torque em duas relações de redução: uma “HIGH<br />
RANGE” (“alta velocidade”) e uma “LOW RANGE” (“baixa velocidade”<br />
ou reduzida). Todos os modelos do DISCOVERY ou RANGE ROVER SPORT<br />
são dotados deste sistema, desde os mais simples até os mais equipados.<br />
Esta é uma característica destes dois modelos, o 4x4 está sempre<br />
engrenado!<br />
O sistema viscoso (pode ser chamado de diferencial central viscoso) é<br />
comandado pelo “terrain response ® “ que se encarrega de alterar a<br />
carga no sistema viscoso e aumentar ou diminuir o torque enviado para<br />
cada diferencial.<br />
Além do sistema do diferencial viscoso, modelos do DISCOVERY e do<br />
RANGE ROVER SPORT podem ter o diferencial traseiro bloqueável, formando<br />
assim um sistema “pró ativo” no Off Road, também comandado<br />
pelo “Terrain Response ® “.<br />
Usando as informações do ABS, o DISCOVERY e o RANGE ROVER SPORT<br />
pode ainda ter diversos sistemas “reativos” no Off Road. Podemos listar<br />
o HDC (Hill Descent Control - controle em descidas - que controla a velocidade<br />
máxima em uma descida com pouco atrito) o ETC (Electronic<br />
Traction Control - Controle Eletrônico de Tração - atua quando uma das<br />
rodas do mesmo eixo desliza, acionando o freio desta roda e transferindo<br />
o torque para a outra roda), entre outros.<br />
Revistas especializadas do mundo inteiro colocam o DISCOVERY entre<br />
veículos mais capacitados no Off Road, sendo até mesmo superior ao<br />
DEFENDER em diversas situações.<br />
Enfim, a Land Rover não tinha como escolher outro destino, era modernizar-se<br />
ou fracassar. E escolheram corretamente, pois graças a isso<br />
podemos ainda dirigir os mais competentes veículos fora de estrada do<br />
mundo!<br />
Será que os antigos usuários do legendário DEFENDER ficarão órfãos?<br />
Sem um novo modelo que possa substituir o DEFENDER para comprar?<br />
Acredito que não, tenho certeza que o novo modelo que substituirá o<br />
DEFENDER será muito competente no Fora de Estrada e também na<br />
Estrada.<br />
Para os colecionadores, a LAND ROVER inaugurou um sistema de reforma<br />
de carros que está restaurando muitos modelos de Series com<br />
qualidade inigualável e até implantou uma sessão HERITAGE no sistema<br />
de catálogo eletrônico de peças.Construir carros para o futuro mas cuidando<br />
de preservar a história parece ser a melhor maneira. Acredito<br />
que a LAND ROVER pense assim também, veremos…<br />
56 | go anywhere
LAND ROVER e OVERLAND no<br />
youtube.com/SerialTrippers<br />
instagram.com/Serial_Trippers<br />
facebook.com/SerialTrippersOficial<br />
#LIFEISATRIP<br />
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TÉCNICA - Motores Rover V8 - Patrick Ganassin<br />
A origem<br />
dos V8 Rover<br />
A origem do motor V8 utilizado nos Land Rover remonta à Buick e a<br />
Oldsmobile, duas divisões da General Motors. Esse motor foi projetado<br />
no final da década de 50 para equipar carros compactos das duas<br />
marcas, e precisava ser leve. Decidiu-se então que seria produzido com<br />
um bloco e cabeçotes em alumínio, o que seria uma novidade em automóveis<br />
de linha para a época. Já hoje em dia isso é quase uma regra,<br />
motores totalmente em alumínio.<br />
Sua produção começou em 1961, e originalmente tinha 3528cc, e equipava<br />
os modelos Buick Special e o Oldsmobile F85. Foram produzidos<br />
cerca de 250.000(duzentos e cinqüenta mil) motores para Oldsmobile e<br />
cerca de 500.000 (quinhentos mil) para a Buick ate o ano de 1963.<br />
A Buick porém parou a sua produção com o bloco em alumínio e passou<br />
a produzir com o bloco em ferro fundido fazendo algumas modificações<br />
e aumentando a sua capacidade volumétrica, utilizando cabeçotes de<br />
alumínio ate a década de 80, encerrando de vez a sua produção.<br />
Na America do Norte essa produção de motores em alumínio era muito<br />
mais cara do que os motores em ferro fundido, por isso a GM abandonou<br />
a produção de carros compactos com motores V8 fabricados totalmente<br />
em alumínio.<br />
Os engenheiros da Buick já vinham rejeitando a ideia de aumentar a<br />
capacidade volumétrica desses motores em alumínio de 3528cc para<br />
4918cc ou mais, como algumas das divisões da GM já vinham fazendo<br />
com outros motores; tais como Chevrolet, Cadillac e Pontiac que abandonaram<br />
definitivamente esses motores em bloco de alumínio pelos de<br />
bloco de ferro em 1964. Como o alumínio era um material relativamente<br />
caro para se produzir, também tiveram muitos problemas de entupimento<br />
de radiador por falta de um aditivo compatível com os blocos de<br />
alumínio na época.<br />
Na America do Norte esse motor ficou conhecido com o apelido de<br />
B.O.P. 215. B.O.P. pois equipava as linhas Buick, Oldmobile e Pontiac da<br />
GM e 215 porque tinha 215 polegadas cúbicas que equivalem a 3528cc.<br />
Em 1964 a Buick projetou um motor similar com cerca de 5000cc, bloco<br />
de ferro fundido e cabeçotes de alumínio que teve uma derivação V6<br />
que foi produzida até 2008!<br />
No ano de 1964 funcionários da Rover obtiveram a permissão de procurar<br />
um motor V8 que pudessem vir a equipar alguns carros da marca.<br />
Vendo alguns motores marinizados pela Mercury, ficaram bastante interessados<br />
nesse V8 totalmente em alumínio para substituir um 6 cilindros<br />
em linha utilizado em automóveis da marca, pois este V8 era<br />
58 | go anywhere
compacto e chegava a ser mais leve do que muitos motores 4 cilindros<br />
da época. A Rover então começou a fazer uma campanha junto a GM<br />
para que lhe vendesse os direitos de produção desse motor.<br />
Uma empresa australiana na década de 1965 fez uso de alguns desses<br />
blocos de alumínio para produzir motores para a equipe BRABHAM,<br />
que chegaram a ser usados na Formula 1, e foram usados ate 1967 com<br />
a capacidade cúbica abaixada para 3000cc e também 2500cc. Isso fez<br />
com que o Grupo Rover ficasse mais interessado ainda no motor.<br />
Conseguindo os direitos de produção com a GM, a Rover começou a<br />
fabricá-lo no Reino Unido. O motor foi inicialmente produzido com alimentação<br />
por carburadores, chegou a ter versões com injeção mecânica<br />
de gasolina(semelhante aos motores diesel), e os engenheiros da<br />
Rover conseguiram com que tivessem uma maior durabilidade que os<br />
produzidos pela Buick. Era muito leve e pesava em torno de 180 kg. Foi<br />
inicialmente utilizado em alguns automóveis da Rover a partir do ano de<br />
1967. Foi testado em um protótipo a ser lançado de um veiculo 4x4 no<br />
ano de 1967. Este protótipo foi lançado no ano de 1970 com o nome de<br />
Range Rover. O sucesso já estava consolidado nos automóveis da Rover<br />
e no recém lançado Range Rover.<br />
Foi então oferecido como opção de motor nos modelos militares Land<br />
Rover 101 de 1972 a 1978, nos Land Rover series III de 1978 a 1985,<br />
depois nos modelos Defender de 1983 a 1994 e nos modelos Discovery<br />
de 1989 até 2004.<br />
O motor teve versões mais mansas no fim da década de 70 devido a<br />
crise do petróleo, e teve alguns protótipos feitos pela fábrica com turboalimentador.<br />
A sua capacidade volumétrica foi aumentada de 3528cc<br />
para 3946cc para ser utilizado nos modelos Discovery e Range Rover<br />
com o sistema de injeção eletrônica. Posteriormente foi renomeado<br />
4.0, mas mantendo a mesma capacidade volumétrica de 3946cc onde<br />
sofreu melhorias nos pistões, nos coletores de admissão, troca do sistema<br />
de injeção por um mais moderno, eliminação do distribuidor por<br />
bobinas múltiplas e modificação nos parafusos de fixação dos mancais<br />
do virabrequim que lhe aumentaram a potência.<br />
Versões com 4275cc foram utilizados nas Range Rover, 4285cc em alguns<br />
carros esportivos ingleses como os TVR, 4414cc em alguns automóveis<br />
e caminhões fabricados na Austrália, outra pela Leyland com<br />
4414cc, versões com 4500cc e até mesmo 5000cc feitas para esportivos<br />
por empresas preparadoras de motores. Alguns Range Rover e Discovery<br />
utilizaram versões deste motor com 4555cc.<br />
Isso mostra o quanto este motor se tornou popular no Reino Unido, tanto<br />
que diversas empresas preparadoras quanto construtoras de carros<br />
começaram a fazer uso com retrabalhos de aumento de cilindrada, isto<br />
levou a Rover a fazer o mesmo em diferentes modelos da marca, combinando<br />
bielas com comprimentos diferentes e pistões de vários diâmetros<br />
e virabrequins com medidas de curso diferentes.<br />
Os motores oficialmente produzidos são:<br />
3.5 - 3528cc - 88,9mm de diâmetro x 71,12mm de curso;<br />
3.9 - 3947cc - 94,04mm de diâmetro x 71,12 de curso;<br />
4.0 – 3947cc – 94,04mm de diâmetro x 71,12 de curso;<br />
4.2 – 4275cc – 94,04mm de diâmetro x 77,00 de curso;<br />
4.6 – 4553cc – 94,04mm de diâmetro x 82,00 de curso.<br />
go anywhere | 59
TÉCNICA - Tecnologia embarcada e técnica de condução - Augusto Carvalho<br />
HDC<br />
Tirando o máximo proveito<br />
Todo dia lidamos com avanços tecnológicos que buscam facilitar a nossa<br />
vida, sejam apps, novas mídias sociais, etc. Recentemente trabalhei<br />
em um tour pelos alpes e refleti sobre todas as mudanças que tivemos<br />
desde o ano 2000, quando organizei uma Expedição para a América Latina.<br />
Tínhamos que avaliar mapas militares, pois o GPS era muito falho<br />
(Waze nem em sonhos). As câmeras digitais Epson eram novidade(lembra<br />
Marcelo Fuzinato?). E para se reservar hotéis? Quanta dificuldade!<br />
Hoje tudo que precisamos é de um smartphone!<br />
Os veículos 4x4 também acompanham esta evolução e a Land Rover<br />
está na vanguarda destas mudanças, com inovações que hoje estão presentes<br />
na maioria dos SUVs como, por exemplo, o HDC - Hill Descent<br />
Control.<br />
Há 20 anos atrás, a Land Rover lançava o Freelander, um dos precursores<br />
do conceito de SUVs compactos e para diminuir custos e peso em<br />
relação aos irmãos maiores, a caixa reduzida foi eliminada. (houve também<br />
um curto período em que a Discovery II saiu de fábrica sem caixa<br />
reduzida, porém a iniciativa não teve muita aceitação na época)<br />
Com este novo veículo, a Land Rover, em parceria com a Bosch, lançou<br />
no mercado o HDC, sistema que integra sensores de inclinação, acelerômetros<br />
e ABS, maximizando a frenagem de veículo em descidas escorregadias.<br />
Quanto maior o grau de inclinação, maior a pressão exercida<br />
nos freios, que ocorre de forma totalmente automática, sem a intervenção<br />
do motorista. Quando a leitura dos sensores detecta que uma<br />
roda não está girando, ele libera o freio naquela roda individualmente,<br />
minimizando assim a possibilidade do carro perder o controle.<br />
Vamos aproveitar o assunto e dar algumas dicas de condução em descidas<br />
íngremes, todas simples, mas muitas vezes ignoradas. Aqui não<br />
estamos falando de situações extremas, onde outros veículos e equipamentos<br />
devem ser usados, mas sim uma situação cotidiana, onde você<br />
está somente com o seu carro em uma viagem por exemplo. Antes de<br />
enfrentar o obstáculo, pare e observe, percorra todo o trecho a pé. Se<br />
não conseguir parar em pé, dificilmente o carro vai, seja pela inclinação<br />
ou pouca aderência. Isto é muito importante, pois pode indicar o limite<br />
a ser obedecido. Avalie se consegue retornar no meio do caminho<br />
caso não seja possível prosseguir adiante. Verifique se existe uma saída<br />
praticável, muitas vezes escondidas após uma curva. Caso você esteja<br />
acompanhado de mais pessoas no carro, peça que façam o trecho caminhando.<br />
E como podemos maximizar o uso do HDC? Não preciso somente apertar<br />
o botão? Na verdade, podemos ajudar o desempenho do sistema<br />
de várias formas.<br />
Primeiramente, selecione manualmente a menor marcha possível (aqui<br />
vai outra consideração extensa no assunto...). Nos veículos Land Rover,<br />
o HDC funciona em todas as marchas (inclusive marcha a ré), em Drive<br />
e até mesmo em Neutro, mas escolha a marcha que maximizará o uso<br />
do freio motor. Evite a tentação de pisar no freio durante o uso do HDC,<br />
acredite você vai querer pisar, pois o comando no pedal do freio vai se<br />
sobrepor, minimizando a eficácia da frenagem do HDC. Caso pise, faça<br />
de modo gradual.<br />
Nas versões mais recentes do sistema, você pode também graduar a velocidade<br />
objetiva do HDC através dos botões + e - do piloto automático.<br />
Por exemplo, caso esteja em uma descida leve e após selecionar o HDC,<br />
você sente que o veículo poderia seguir com um pouco mais de velocidade,<br />
basta apertar o botão + no piloto automático e o HDC vai aumentar<br />
a velocidade, deixando o carro mais solto. Em algumas versões, isto<br />
inclusive pode ser observado no painel. Alternativamente, você pode<br />
acelerar levemente o carro, aumentando a velocidade sem cancelar o<br />
comando do HDC (em alguns veículos concorrentes isto acontece e desativa<br />
o sistema HDC), portanto caso necessite outra vez do HDC, ele já<br />
60 | go anywhere
estará acionado para sua segurança, indicado para quando dirigir em estradinhas<br />
onde não conheça, com solo bem escorregadio (até 40km/h),<br />
mesmo em subidas, assim, não será pego de surpresa caso uma descida<br />
apareça abruptamente e o sistema logo irá ativar.<br />
Outra pergunta que muitos fazem. No asfalto molhado, devo usar o<br />
HDC? Não há realmente necessidade, pois o ABS já foi desenvolvido<br />
para An_205x137,5_Get_Set_FINAL.pdf auxiliar as frenagens nestas condições. 1 19/04/18 Há também 15:52 aquela velha<br />
dica de se ligar o ar condicionado, que rouba um pouco de energia do<br />
motor, desacelerando-o. Um leve toque no acelerador também pode<br />
ajudar a equalizar a velocidade nas rodas e assim obter maior controle,<br />
porém sempre a velocidades baixíssimas e em primeira marcha.<br />
Espero que tenha ajudado e caso queiram saber mais sobres dicas<br />
de condução e tecnologia aplicada, escrevam para nós aqui na<br />
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O assunto é Camel Trophy - Murilo <strong>Go</strong>ulart<br />
A história do Camel Trophy.<br />
CAMEL TROPHY - 38 anos que se passaram. Uma História que se iniciou no Brasil,<br />
em 1980 quando ainda nem recebia seu nome lendário CAMEL TROPHY.<br />
No final dos anos 70 os responsáveis pela marca dos cigarros Camel,<br />
dependente da multinacional RJ Reynolds, vão em busca de atividades<br />
de marketing para capacitá-los a divulgar a marca e aumentar as<br />
vendas do produto fora dos Estados Unidos. A subsidiária da então<br />
República Federal da Alemanha planejou uma campanha entre<br />
universidades naquele país, que consistia em um sorteio para escolher<br />
seis participantes de uma viagem de aventura de 1.000 milhas fora-deestrada<br />
através da floresta Amazônica, em uma rota que seria executada<br />
em paralelo o famoso rio.<br />
A viagem foi realizada e uma pequena comitiva que chegou na<br />
cidade de Belém, na foz do Amazonas. A equipe era composta de<br />
seis participantes, agrupados em três pares - O primeiro formado<br />
por Klaus Uwe Karthna Dircks e Mechel, o segundo, com Fritz Fuchs<br />
Heinrich Schoner, e o terceiro, composto por Manfred Berger e Richard<br />
Knar. Estes se juntaram a uma pequena equipe de organização, dois<br />
mecânicos brasileiros, uma equipe de filmagem e um médico.<br />
O ALUGUEL DOS VEÍCULOS (Jeep Ford)<br />
Para percorrer os 1.600 quilômetros que separavam as cidades de<br />
Belém e Santarém ao longo da estrada Transamazônica, recorreram a<br />
alugar três veículos todo-o-terreno. Se tratava de três Jeep Ford U-50<br />
fabricado no Brasil, equipados com mais um estepe extra, e um galão de<br />
combustível em uma das laterais.<br />
A jornada começou e logo tiveram que enfrentar os primeiros<br />
problemas. Há muito tempo não estava chovendo e havia muita poeira,<br />
forçando-os a ficar de máscaras e, além disso, o chacoalho contínuo<br />
dos Jeep faziam com que as bagagens se soltassem repetidamente, de<br />
modo que, por várias vezes, eles tiveram que parar, assim, atrasando-se.<br />
Esta circunstância fez com que chegassem quase de noite ao ponto onde<br />
eles tinham que atravessar o rio Tocantins. Havia inúmeros veículos<br />
esperando pela sua vez de embarcar na balsa para levá-los à outra<br />
margem. Neste ponto, para evitar mais atrasos, a organização decidiu<br />
“negociar” com a polícia e graças a 400 cigarros e algumas camisas,<br />
conseguiu reduzir o tempo de espera ao mínimo e atravessaram o<br />
rio. Todavia lhes aguardavam 80 quilômetros de um terreno cheio de<br />
buracos e quase nenhuma visibilidade.<br />
A primeira parada foi na cidade de Marabá, sul de Belém, que no<br />
início dos anos 80 vivia mergulhada na corrida do ouro por completo.<br />
A descoberta de ouro na população vizinha tinha aumentado a<br />
população de 15.000 para 100.000 em apenas dois meses e era mais<br />
fácil de encontrar ouro do que água potável ou eletricidade. Então,<br />
quando a expedição chegou descobriu que as reservas feitas meses<br />
antes nos hotéis locais, não tinham sido respeitadas e que os seus<br />
quartos haviam sido ocupados diante da falta de alojamento nas<br />
cidades - as tarifas subiram de US$ 2 a 50. Finalmente, os mecânicos<br />
brasileiros encontraram alojamento para todos em um bordel local; em<br />
camas cheias de pulgas, que no dia seguinte Dr. Jurgen Aschoff teve de<br />
tratar com pomada anti-coceira.<br />
UM CARRO EM CHAMAS<br />
A esta altura da viajem os veículos já apresentavam sinas de fadiga e um<br />
deles, Manfred Berger e Richard Knar , sofreu um incêndio por perder<br />
uma das tampas do seu galão de combustível devido a chacoalharem<br />
muito. Com o movimento a gasolina derramou sobre o capô e caiu<br />
sobre o motor, fazendo com que pegasse fogo subseqüente. Em<br />
poucos minutos o Jeep foi envolvido em chamas e não puderam salvar<br />
praticamente nada da bagagem. Assim, a expedição foi reduzida para<br />
dois veículos e o ritmo foi diminuindo cada vez mais devido às condições<br />
do solo que foram ficando piores e tinham que resgatar continuamente<br />
os Jeeps, que, aliás, não tinham guincho.<br />
A segunda parte da expedição foi em Itaituba, outra cidade que cresceu<br />
em paralelo com o negócio do ouro, mas com um pouco mais de<br />
organização do que Marabá. A partir dali, se tomava rumo ao norte<br />
até Santarém, reabastecimento onde o combustível misturado com<br />
água da chuva os Jeep eram cada vez mais exigidos. Tanto que quando<br />
faltavam poucas dezenas de km para chegar à final, um dos dois Jeep<br />
sobreviventes furou um dos pneus. Como não estavam cobertos por<br />
peças em bom estado, eles tiveram que continuar, de modo que as<br />
vibrações aumentaram que causando a quebra da estrutura da capota.<br />
A solução foi tirar e deixar no meio da selva.<br />
62 | go anywhere
Após 12 dias de aventura chegaram ao Hotel Tropical em Santarém,<br />
onde eles planejaram para descansar. Claro, depois de mostrar que<br />
tinham reservas e convencer o gerente do hotel que, apesar de suas<br />
aparência, eles não eram sem-teto. Naquele momento eles ainda não<br />
tinham conhecimento, que tinham conseguido um grande impacto<br />
imediato, que os responsáveis pela marca CAMEL repetiriam no ano<br />
seguinte e por anos consecutivos, até 1998.<br />
OS VEÍCULOS DA AVENTURA: Jeep, da Ford do Brasil (U50)<br />
Para enfrentar esta aventura, a organização alemã escolheu Hertz<br />
rent-a car confirmou três veículos Jeep no Brasil CJ5. Os veículos eram<br />
fabricados pela Licença a Ford, Oval Azul, uma vez que a havia comprado<br />
a Willys Overland em 1967 suas fábricas no Brasil. A Ford fabricaria os<br />
Jeep até 1983, incluindo as suas próprias modificações. Na verdade,<br />
nenhum Jeep foi construído com estas características fora do Brasil.<br />
O U-50, como eram chamados, começaram a ser montados em meados<br />
da década de 70 pela Ford com motor a gasolina de 2.3 litros e uma<br />
caixa de câmbio com quatro velocidades. Esses Jeep brasileiros tiveram<br />
uma diferente batalha em comparação aos fabricados nos EUA e outras<br />
diferenças na forma dos arcos de roda ou a localização do motor do<br />
limpador de vidros, entre outros.<br />
A preparação dos Jeep seria com dois galões de combustíveis separados<br />
nas portas dianteiras, um para-choque dianteiro maior com quatro<br />
faróis auxiliares, um quebra-mato e um estepe extra fixado no capô.<br />
Nenhum dos três Jeep U-50 foram equipados com um guincho.<br />
A ALMA AVENTUREIRA. Espírito de Andreas Bender.<br />
Alemão, nascido em 1953 em Koenigstein, já era requisitado antes<br />
de completar 25 anos para projetar e conduzir destinos turísticos<br />
incomuns. Em 1980, ele foi escolhido para comandar a expedição<br />
CAMEL para a selva Amazônica e foi o líder das expedições posteriores<br />
Camel Trophy para Sumatra 1981, Papua Nova Guiné 1982, Zaire<br />
1983, Brazil Amazônia 1984 e Bornéu 1985. Como chefe da caravana,<br />
foi contratado para projetar as rotas e logística e acima de tudo, para<br />
lidar com os nativos. Depois de se afastar do Trophy, continuou ligado<br />
ao mundo das viagens e hoje é dedicado a localizar cenários para<br />
produções publicitárias e filmes. Seu gosto por viagens atesta que<br />
não fica mais de 80 dias por ano em sua casa na Alemanha e carrega<br />
recheados 60 passaportes.<br />
Jeep Ford U50 (Ano Fab./ Mod. - 1979/1980)<br />
Fontes:<br />
www.safarious.com<br />
www.autofacil.es/<br />
go anywhere | 63
HISTÓRIA - NELSON DE ALMEIDA FILHO<br />
Início da Land Rover<br />
no Brasil - Parte I<br />
Meu primeiro contato com 4x4 aconteceu com um Dodge militar 1942,<br />
trinta anos depois da sua fabricação. Era de um amigo e ajudei na sua<br />
reforma. Foi pintado de amarelo colonial com capota branca e com<br />
ele perambulávamos pela Rua Augusta e outras da moda, como se<br />
estivéssemos em um disco voador em plena São Paulo. Em 1974 veio<br />
meu primeiro carro, um Jeep, também da Segunda Guerra, com o qual<br />
permaneci durante quase 40 anos. Com ele fundei o Jeep Clube do<br />
Brasil e rodei milhares de quilômetros iniciando as atividades off road<br />
em nosso país, como a conhecemos hoje. Durante esse tempo todas<br />
as minhas experiências foram em cima de Jeeps , que eram a maioria<br />
em nossa velha frota de 4x4. Land Rover mesmo eram poucos...bem<br />
poucos... quase todos da década de 50, mau afamados por quebrarem<br />
e não terem peças de reposição. Lembro especialmente de alguns que<br />
participaram do Jeep Clube, como o do Luiz Fraga, ainda solteiro e seu<br />
velho Serie I. Na própria exposição de veículos , cenário da fundação<br />
do clube havia um antigão, pertencente a um dos fundadores. Também<br />
lembro de vários parados e meio abandonados e um, mais moderno,<br />
acho que dos anos 60, em excelente estado, que era da AVM (fabricante<br />
de rodas livres).<br />
Nessa década de 80 fundamos também a primeira revista de 4x4<br />
da América do Sul, 4x4 & Pick-up e ,através dela ampliamos nossos<br />
conhecimentos e contatos com o universo 4x4 em todo o mundo,<br />
conhecendo melhor outros modelos mais modernos , a historia da<br />
atividade e seus eventos. Eram muitos que aconteciam mas alguns<br />
se sobressaiam, como o Paris Dakar e um tal de Camel Trophy, que,<br />
coincidentemente havia tido sua primeira edição no Brasil.<br />
Isso me interessava e logo fui buscar todo tipo de informação a<br />
respeito. Como em nossa história, os carros utilizados foram os que<br />
haviam por aqui, os Jeep. Mas logo em sua segunda edição trocaram<br />
definitivamente por Land Rover. Fizemos algumas matérias a respeito<br />
e as imagens eram impressionantes, o que nos aguçou a curiosidade<br />
a respeito desses veículos. Será que eram bons daquele jeito mesmo?<br />
Conhecemos também nessa época alguns caras que já eram fanáticos<br />
pelo carro. Nosso contato com eles foi feito para montarmos algumas<br />
matérias para a revista, como a Expedição aos Andes, com Milton<br />
Tesserolli, do Rio e Janeiro e Expedição Surfari, com o Bigo Berg de São<br />
Paulo, ainda de calças curtas...<br />
Meu primeiro contato com um Land Rover então atual foi em uma<br />
coletiva de imprensa efetuada pela R.J Reynolds, fabricante dos cigarros<br />
Camel, que recém chegados ao nosso mercado anunciavam que seu<br />
Camel Trophy aconteceria novamente por aqui em 1985.E trouxeram<br />
um dos carros do levantamento de Manaus até o Rio. A coletiva foi<br />
fraca pois eu era o único jornalista que divulgava o 4x4 na época através<br />
de uma revista especializada. Os demais jornalistas da área pouco<br />
se interessavam por estes veículos e, certamente, a maioria jamais<br />
ouvira falar de Camel Trophy. Eu nem estava acreditando naquilo. Essa<br />
entrevista com o pessoal da Reynolds e alguns organizadores do Camel<br />
Trophy me abriu uma grande porta para o evento. Mas essa é uma outra<br />
história que contaremos nas próximas edições. A oportunidade acabou<br />
me colocando em contato com o carro, quando pude constatar a grande<br />
diferença que havia entre um 4x4 moderno e aqueles com os quais<br />
ainda teríamos que conviver por mais alguns anos.<br />
Lembro que, durante esse tempo era proibido qualquer tipo de<br />
importação de veículos no Brasil...il...il...e, nossa ignorância com relação<br />
a eles era total.<br />
Um ícone a mais na lista de um pirata moderno<br />
Muita água rolou entre eu, a revista, e o Camel Trophy, mas ainda<br />
estávamos rodando com tecnologia da década de 50. Nossa revista<br />
fechou em 1987 .Passei então a escrever para a Motor 3 e outras. Foi<br />
bom ter experiências anteriores com os 4x4 pois era uma assunto que a<br />
maioria dos jornalistas de automobilismo não gostava e nem conhecia.<br />
Mas a 4x4 & Pickup havia criado um novo espaço para veículos até<br />
então marginalizados pela autocracia da época e para algum maluco<br />
que se sujeitasse a fazer testes com Toyota Bandeirantes, Jeep Ford, os<br />
Gurgel da vida e também os Engesa. Eu.<br />
Na Autoesporte , década de 90, já com o Plano Collor anunciando a<br />
abertura dos portos e com algumas multinacionais como a Ford trazendo<br />
Ranger e Explorer, a Lada trazendo o Niva, a Mitsubishi colocando sua<br />
marca na Brabus e anunciando as Pajero e L-200, recebi a incumbência<br />
de uma nova entrevista no Rio de Janeiro. A Land Rover estava vindo<br />
para cá, acreditem. E eu iria fazer a primeira entrevista para uma revista<br />
com os caras.<br />
Acho que nem dormi direito naquela noite anterior à viagem. O<br />
endereço era no Flamengo e não via a hora de estar lá. Finalmente<br />
cheguei. O endereço era um prédio comercial . Toquei a campainha da<br />
sala indicada , apareceu uma moça que me atendeu educadamente,<br />
64 | go anywhere
pediu para que eu entrasse e me dirigisse à sala de reuniões. Estranhei<br />
o silêncio. Em uma prateleira havia alguns modelos em escala de<br />
carros europeus, Ferrari, Porsche, Jaguar, Lamborghini, nada de Land<br />
Rover. Achei o escritório pequeno demais para uma iniciativa como<br />
aquela. Apareceu então uma figura extremamente alinhada e educada,<br />
que falava um carioquês baixo e pausado. Me contou dos planos , de<br />
montar Land Rovers em ckd e que já havia trazido alguns carros. Me<br />
deu alguns prospectos, e me levou para andar com um recém lançado<br />
Discovery V8, que, até então, eu só tinha visto em fotos. Na garagem<br />
havia também um Range Rover e ele me disse que naquela semana<br />
chegariam os primeiros Defender. Eu, fotógrafo e o fulano, que, em seu<br />
sobrenome trazia uma distinção em algarismo romano, tal qual um<br />
monarca, saímos então em direção à Marina da Gloria para uma sessão<br />
de fotos . Fiquei maravilhado com a história e impressionado ao dirigir<br />
o carro. Que era aquilo?<br />
Terminado meu trabalho nos despedimos e trocamos cartões. No dele,<br />
o logotipo Land Rover com o timbre da família real inglesa. O cara era<br />
um gentleman.<br />
Um mês depois saiu a matéria na revista, sem antes diversos jornais<br />
também anunciarem a vinda da Land Rover para montar uma fábrica no<br />
Brasil, com fotos de alguns Defender e do fulano V, sempre alinhado ao<br />
melhor estilo europeu.<br />
Fiquei antenado e mantendo contato com o escritório no Rio. Queria<br />
agora fazer a matéria com um dos Defender que já deveriam ter<br />
chegado. Antes porém que isso pudesse acontecer, meu editor me<br />
chama na sala e me diz: Tem outra Land Rover que me ligou. É aqui<br />
em São Paulo. Tem alguma coisa errada aí. Dá um pulo lá. – Outra Land<br />
Rover?<br />
Estranho. Depois que eu havia feito a matéria, outro jornalista amigo<br />
meu me perguntou se a conversa com Land Rover havia sido na Faria<br />
Lima? Também a esposa de um outro amigo, arquiteta, havia me dito<br />
estar montando um escritório para a Land Rover na Faria Lima...<br />
Mas a entrevista havia sido feita no Rio e o endereço que eu tinha agora<br />
era de um hotel na Juscelino Kubitschek. E lá fui eu.<br />
Me atendeu outra secretária igualmente educada. O quarto havia<br />
sido remodelado como um escritório. Era ainda menor que o do Rio.<br />
Nenhum modelo em escala e nenhuma prateleira. Juro, não sei porque,<br />
mas achei que quem apareceria na próxima cena seria o mesmo cara do<br />
Rio. Quase um Déjà vú.<br />
No alto, um Land Rover Serie I no evento de fundação do Jeep Clube do<br />
Brasil em 1981<br />
No centro, O Serie II nas Expedições Surfari em 1986<br />
Acima, eu em 1991 com o Discovery I V8i da falsa Land Rover<br />
-O senhor fala Inglês, me perguntou. –Não o suficiente, respondi. - Não<br />
há problema, eu traduzo a conversa, pode ser?- Claro. E me apresentou<br />
um senhor de nome Richard Morley –<br />
Ele foi logo objetivo em dizer que nós estávamos sendo ludibriados pelo<br />
tal Fulano V, um pirata internacional e que ,oportunamente, prevendo<br />
a vinda de diversas montadoras para o Brasil havia registrado entre<br />
go anywhere | 65
HISTÓRIA - NELSON DE ALMEIDA FILHO<br />
muitas outras marcas, tais como Ferrari, Lamborghini, Jaguar, Porsche<br />
e a marca Land Rover. Por esse motivo, a Land Rover de verdade não<br />
estava conseguindo se estabelecer. Disse também que o fulano V já era<br />
alvo de diversos processos na Europa e nos Estados Unidos por registros<br />
indevidos de marcas famosas. Me mostrou ainda documentos, fotos<br />
e informações sigilosas sobre o tal fulano do Rio. Concluí que estava<br />
realmente falando com a Land Rover de verdade.<br />
- Eles não são a Land Rover. Nós somos a Land Rover. E vermelho<br />
esbravejou - Vamos botar ele na cadeia!<br />
Pensei...que bela recepção. Tinha que ser mesmo nesse Brasil!!!<br />
Richard Morley , ex-Lotus e amigo pessoal de Colin Chapman foi o<br />
primeiro presidente da verdadeira Land Rover do Brasil. De fato, em<br />
pouco tempo o escritório provisório de hotel passou para um prédio<br />
comercial na Faria Lima e posteriormente para um espaço industrial em<br />
Santo Amaro. O caso com o Fulano V ficou famoso com matérias nos<br />
jornais do Brasil inteiro. Um rigoroso processo foi impetrado pela Land<br />
Rover Inglesa , que ainda teve de amargar quase um ano inteiro até,<br />
não saberemos jamais a que custo, poder se instalar definitivamente no<br />
Brasil. Além de Richard Morley formaram a primeira equipe executiva<br />
da Land Rover, Colm Maguire no desenvolvimento de concessionárias<br />
e no trabalho de Marketing, Bob Harrisson, na área técnica, Nelson<br />
Garcês (depois Bearmach com Bob Harrison), na área jurídica e Liam<br />
Brennan com John Byers na área de vendas e pós vendas.<br />
Sobre o Fulano V, deve ter conseguido seu intento e simplesmente<br />
desapareceu.<br />
No alto, Richard Morley, primeiro presidente da Land Rover do Brasil;<br />
“Fiquei maravilhado com a história<br />
e impressionado ao dirigir o carro.<br />
Que era aquilo?”<br />
Logo abaixo, Colm Maguire, desenvolvedor de concessionários e Marketing<br />
da Land Rover;<br />
Acima, Robert (Bob) Leslie Harisson, da área técnica<br />
Acima, à esquerda, um dos primeiros Range Rover trazidos pela marca<br />
66 | go anywhere
BOX: Início difícil<br />
Tal como diversas outras indústrias mundiais, também a Rover<br />
britânica interessou-se em implantar uma linha de fabricação<br />
no Brasil nos primórdios da nossa indústria automobilística.<br />
Registrada com a razão social Manufatura Brasileira de<br />
Automóveis S.A. (cujas iniciais coincidiam com as do nome de<br />
seu incentivador e representante da marca no Brasil, Mário Barros<br />
do Amaral), no final de 1957 a empresa chegou a ter aprovados<br />
pelo GEIA planos de produção do utilitário Land Rover em São<br />
Paulo (SP). O projeto, que previa a produção de 4.800 carros/ano,<br />
foi transferido para Recife (PE) e terminou por ter a autorização<br />
cancelada por descumprimento de prazos e obrigações.<br />
Duas outras tentativas ocorreram mais tarde. Em 1967, como<br />
parte do processo de reestruturação ao qual foi submetida pelo<br />
governo militar, a Fábrica Nacional de Motores imaginou produzir<br />
em suas vastas instalações um veículo “de massa”, automóvel<br />
popular ou utilitário, e o Land Rover foi um dos modelos<br />
cogitados. Foram efetuados contatos com vários fabricantes,<br />
dentre os quais a Rover, mas o processo foi interrompido pela<br />
privatização da FNM e a venda de seus ativos para a Alfa Romeo.<br />
A segunda tentativa só aconteceria muitos anos depois: no início<br />
de 1990, buscando diversificar seus negócios para compensar<br />
a redução drástica das encomendas de equipamentos militares,<br />
foi a vez da Engesa estabelecer negociações com a Rover com<br />
vistas à produção do jipe no país. Também dessa vez a proposta<br />
foi abandonada, pois a Engesa optou por desenvolver um projeto<br />
próprio, que resultaria no excepcional EE-4.<br />
No alto, Liam Brennan<br />
No centro a unidade em Santo Amaro, estoque de peças;<br />
Acima, John Buyers, também presidente daLand Rover do Brasil<br />
Logo a seguir aconteceu o quarto ensaio de produção do jipe<br />
inglês no Brasil, proposta que acabou degenerando num longo<br />
processo judicial. Em 1991, enquanto os britânicos estudavam a<br />
viabilidade de instalação de uma subsidiária no país, anunciando<br />
iniciar a produção “dentro de um ano”, um empresário carioca<br />
registrou a marca Land Rover em seu nome, alegando a<br />
caducidade dos direitos da matriz “por falta de uso”. O golpe<br />
foi naturalmente questionado pelos ingleses na Justiça, num<br />
processo que se arrastou por quase dois anos. Em meio à disputa,<br />
o brasileiro contra-atacava comunicando a montagem de uma<br />
fábrica em Resende (RJ) ou Betim (MG), com a participação de<br />
capital árabe, para a produção de 18 mil jipes/ano a partir de<br />
1993; pouco depois, em vez disto, anunciava a assinatura de<br />
um acordo com a espanhola Santana para a montagem de seus<br />
carros no Rio de Janeiro (A Santana produzia jipes Rover com sua<br />
marca, os mesmos modelos que, ironicamente, quase dez anos<br />
mais tarde seriam produzidos no Brasil pela Fabral.) A Justiça<br />
acabou por dar ganho de causa aos ingleses que, no entanto,<br />
arrefeceram seus planos a ponto de, no final de 1993, ainda se<br />
manterem reticentes, avisando que poderiam anunciar, em dois,<br />
três anos, “a produção made in Brazil”. A despeito disso, porém,<br />
a empresa colocou três versões do jipe Defender em teste pelas<br />
trilhas do Pantanal mato-grossense.<br />
Retirado do site Lexicar : http://www.lexicarbrasil.com.br<br />
go anywhere | 67
DIÁRIO DE BORDO - PROJETO MUNDO CÃO<br />
“Viver na estrada:<br />
ter dinheiro ou ter<br />
coragem?”<br />
68 | go anywhere
Não é novidade que muita gente hoje em dia está aderindo ao<br />
estilo de vida nômade, ou pelo menos tirando seu tão sonhado ano<br />
sabático para viajar pelo mundo afora, e cada vez mais aparecem<br />
pessoas nas redes sociais experimentando uma vida de liberdade<br />
na estrada.<br />
Por Sérgio Medeiros e Eleni Alvejan<br />
go anywhere | 69
DIÁRIO DE BORDO - PROJETO MUNDO CÃO<br />
Mas e a grana pra tudo isso? Precisa de muito? É fácil viajar assim? E se<br />
o carro quebrar? Quanto vou gastar? Etc, etc, etc...<br />
São inúmeras as dúvidas que aparecem neste momento e acabam<br />
criando um turbilhão de perguntas que muitas vezes não encontram<br />
respostas, aí é onde muita gente desiste ou adia o sonho de uma vida,<br />
achando que tem que ser rico para viver na estrada.<br />
Quer uma sugestão? SIMPLIFIQUE! Menos necessidades geram menos<br />
custos!<br />
Viver uma vida simples e mais prazerosa esta longe de ser um sacrifício,<br />
mas se você quiser mudanças tem que estar disposto ao desconforto<br />
da adaptação para a liberdade total, talvez nunca experimentada, mas<br />
que traz recompensas inesquecíveis.<br />
Ao se planejar para um ano sabático não tente levar sua vida atual na<br />
bagagem, isso será muito difícil e pode frustar já na saída.<br />
Considere que o custo de se viver em uma cidade grande, com toda<br />
a comodidade que estamos acostumados, comparado a uma vida na<br />
estrada, ele é muito mais alto do que se imagina! Parece loucura essa<br />
afirmação mas é uma resposta unânime entre viajantes experimentados,<br />
na estrada as necessidades são básicas e só nos damos conta disso<br />
quando vivemos na prática.<br />
Aproveitando o gancho de nossa última matéria e por experiência<br />
própria podemos dizer que:<br />
“Correr atrás dos sonhos, mesmo que eles pareçam loucos e distantes<br />
tem muito mais a ver com coragem que com dinheiro”<br />
70 | go anywhere
Pois é, mais coragem que dinheiro!<br />
Não que dinheiro não seja necessário, muito pelo contrário, você vai<br />
precisar dele , e tampouco temos a pretensão de demonstrar o quanto<br />
gastamos em cada coisa relacionada a vida na estrada como se fôssemos<br />
os mestres do “living in a budget”, já existem inúmeros casais fazendo<br />
isso e com muitos detalhes as vezes até engraçados e que chegam ao<br />
exagero. De qualquer forma este é um tipo de informação relativamente<br />
fácil de encontrar na internet e que pode dar pelo menos uma ideia<br />
do que alguns estão gastando mensalmente para se manter na estrada<br />
por um longo período sem trabalhar. Mas não se engane e nem tome<br />
estas informações como definitivas porque cada um tem um tipo de<br />
necessidade e justamente por isso os valores mudam drasticamente.<br />
“Correr atrás dos sonhos, mesmo que eles<br />
pareçam loucos e distantes tem muito mais a<br />
ver com coragem que dinheiro”<br />
Pode parecer besteira mas muitas situações devem ser tomadas em<br />
go anywhere | 71
DIÁRIO DE BORDO - PROJETO MUNDO CÃO<br />
conta quando se estima um custo mensal de uma viagem longa para<br />
que o sonho não se torne um pesadelo e tudo acabe prematuramente.<br />
Você quer visitar todo tipo de atração ou parque que estiver no<br />
caminho? Pretende comer em restaurantes com que frequência? Tem a<br />
ideia ficar em hotel três vezes por semana apenas para “recuperar” da<br />
estrada? Banho frio é uma opção? Presentinhos para a familia e amigos<br />
já estão na lista de custos antes de sair de casa? Não gosta de sujar suas<br />
mãos de graxa ou isso te diverte? O veiculo que você escolheu para viajar<br />
tem qual motorização? É diesel ou gasolina? Você confia em oficinas<br />
mecânicas ou apenas em autorizadas? Qual a média de quilometragem<br />
você acredita que vai rodar diariamente x mensalmente? Você esta mais<br />
focado no objetivo de chegar em algum lugar especifico ou o aproveitar<br />
as expectativas do caminho?<br />
Que tipo de estradas você quer percorrer, 4x4 ou apenas asfalto?<br />
Enfim, a lista pode ser enorme e deve ser considerada, nem precisamos<br />
ir muito longe. Imagine um casal em torno de seus vinte e poucos<br />
anos viajando em uma pequena van, vendendo artesanato durante<br />
o trajeto e fazendo camping selvagem quase todos os dias, compare<br />
com um casal de seus 60 anos com um camper na caçamba de uma<br />
picape diesel 6 cilindros que adora acampar com eletricidade para<br />
poder usar o ar condicionado durante a noite! Cada um vai ter um gasto<br />
mensal diferente e nenhum dos dois esta errado na forma de viajar, são<br />
apenas objetivos diferentes. Não existe certo ou errado, existe o mais<br />
simples, com menos conforto, porém mais barato, o mais sofisticado,<br />
com conforto e bem mais custoso, nós optamos pelo intermediário,<br />
uma categoria que nós adaptamos para as nossas necessidades e isso<br />
realmente é o que conta, cada um encontrar sua maneira de viajar e<br />
usar seu dinheiro de forma inteligente.<br />
Um casal com uma renda mensal de R$3.000 talvez tenha uma<br />
probabilidade bem maior de se adaptar as necessidades de uma viagem<br />
longa de baixo custo do que um casal acostumado a viver com uma<br />
72 | go anywhere
enda de R$10.000! As prioridades podem ser bem diferentes, por isso<br />
nunca tome como verdade absoluta o que encontrar na internet. Faça<br />
você seus cálculos. É divertido!!<br />
Se você realmente estiver disposto a uma mudança e quer gastar pouco<br />
existem algumas dicas que podem ajudar muito e são relativamente<br />
simples de se aplicar. E não inventamos nenhuma delas.<br />
Prepare suas refeições e evite restaurantes com frequência. Claro que<br />
não se deve perder algumas das iguarias que cada país oferece ou<br />
alguma ocasião especial, mas restaurante regularmente está fora de<br />
cogitação se você quer passar um longo período viajando.<br />
Aproveite e utilize tudo o que você adaptou no veiculo para viver<br />
na estrada. Cozinhar vai ser prazeroso e proporcionará momentos<br />
inesquecíveis!<br />
Procure sempre lugares grátis para passar a noite. Com o tempo vai ser<br />
divertido na medida em que sua confiança aumenta. Evite hotéis, é uma<br />
boa opção se for utilizar o estacionamento para acampar e usar algum<br />
banheiro para ducha! Uma vez ou outra tudo bem, mas evite contar<br />
com essa opção e faça uso do seu veiculo! Você o adaptou para isso<br />
não foi?<br />
Tenha paciência para comprar seus alimentos procurando lugares<br />
baratos e de boa qualidade, pode ser muito divertido, te aproxima da<br />
vida local e às vezes vai te surpreender com o que pode encontrar em<br />
diversos países.<br />
Quando for hora de adaptar o carro sugerimos que tenha sempre a<br />
opção de dormir dentro, principalmente se for usar barraca de teto, isso<br />
vai evitar stress em alguns lugares onde você não quer chamar a atenção<br />
ou simplesmente não poderia ficar acampado, mas sim estacionado!!<br />
Lembre-se que tudo o que for investir na adaptação do carro deve<br />
go anywhere | 73
DIÁRIO DE BORDO - PROJETO MUNDO CÃO<br />
ser com foco em economizar lá na frente. Seja o mais autossuficiente<br />
possivel para não ter que gastar duas vezes, mas sempre buscando<br />
a simplicidade e evitando o exagero. Não copie projetos de outros<br />
viajantes, tome-os como base, se inspire e crie o seu próprio. Suas<br />
necessidades podem ser totalmente diferentes e talvez vão gerar algo<br />
melhor!<br />
Não existe necessidade de super equipar seu veiculo. Muito do dinheiro<br />
gasto em algo que nunca será usado pode ser direcionado para algo<br />
mais útil.<br />
Geladeira (nunca cooler!) é um item essencial e deve ser levado em<br />
conta. Embora seja um investimento alto faz toda diferença e se paga<br />
rapidamente. Não saia sem uma geladeira!<br />
Agora o mais importante e que vai ajudar muito a não fechar o mês<br />
no vermelho: fazer as manutenções do carro você mesmo evitando<br />
mecanicos aventureiros.<br />
No nosso caso, viajar pelo mundo com uma lenda como o Land Rover<br />
Defender tem seus caprichos e algumas regras básicas. Como o carro é<br />
mundialmente conhecido e tem uma legião enorme de aficcionados,<br />
praticamente todos os problemas que ele pode te dar durante o<br />
caminho ja são conhecidos e facilmente resolvidos desde que se tenha<br />
um mínimo de preparo. A primeira coisa que pode salvar você de um<br />
gasto não esperado e afundar a viagem é justamente a manutenção.<br />
Invista seu tempo e dinheiro em aprender a trabalhar no carro. É<br />
imprescindível uma manutenção completa antes da partida e cada<br />
centavo gasto vale a pena mesmo se for para sacrificar algo de conforto<br />
que não foi adicionado na adaptação porque você teve de gastar pela<br />
troca de uma correia dentada por exemplo.<br />
Se estiver no mecânico fazendo a manutenção procure acompanhar<br />
tudo e aprenda o que esta sendo feito e o porquê, melhor ainda se<br />
puder trabalhar como assistente e colocar a mão na massa.<br />
Acredite: olhar alguém fazendo é uma coisa, mas fazer você mesmo é<br />
completamente diferente, só nos daremos conta depois do primeiro<br />
parafuso emperrado que não conseguimos retirar, a troca de alguma<br />
peça simples e que te pouparia muito dinheiro pode acabar em muito<br />
stress e numa conta salgada simplesmente pela nossa falta de preparo,<br />
além disso a satisfação de poder resolver seus problemas mecânicos na<br />
estrada não tem preço.<br />
Peças de reposição? Sim!!! Isso poupa um dinheirão na estrada e o<br />
Defender até que ajuda nisso porque podemos facilmente fazer uma<br />
lista básica de peças para levar na bagagem, seja para troca devido a<br />
quilometragem ou por ser um item crítico que costuma dar problema.<br />
Tudo já é conhecido! Pesquise e vá as compras mesmo se for durante a<br />
74 | go anywhere
viagem. O que você gastar agora vai economizar lá na frente!<br />
Ter uma renda mensal, por menor que seja dá uma imensa tranquilidade<br />
psicológica e uma reserva para emergências mais ainda. Na estrada dá<br />
para encontrar formas de ganhar um extra ou pelo menos deixar de<br />
gastar, vendendo coisas, prestando serviços se cadastrando em sites<br />
de trabalho voluntário ou mesmo remunerados, sites de hospedagem<br />
gratuita, não negar convites, enfim, mas isso é assunto para uma outra<br />
matéria! No nosso caso quando conseguimos economizar ganhamos<br />
em dias a mais viajando, essa é a conta, consumir menos para viajar<br />
mais.<br />
Inspirados por essa matéria fizemos os cálculos dos nossos gastos nos<br />
últimos 30 dias. Estamos nos Estados Unidos e ficamos acampados<br />
grátis o mês todo, fizemos compra semanalmente no supermercado,<br />
sem passar vontade e comprando tudo que estamos habituados, fomos<br />
quatro vezes em restaurantes (econômicos é claro) e rodamos bem<br />
pouco, enchemos o tanque duas vezes somente, porque viajar devagar<br />
é um dos principais pontos para não gastar muito, sempre é mais barato<br />
e interessante, o custo maior de viver na estrada realmente está no<br />
combustível. Foram USD 330 neste período, aí está, tudo depende de<br />
como você viaja!<br />
“Não existe necessidade de super equipar seu<br />
veiculo. Muito do dinheiro gasto em algo que<br />
nunca será usado pode ser direcionado para<br />
algo mais útil.”<br />
pois ela é um processo, que às vezes vem de uma vida toda e nem<br />
nos damos conta, não importa que tipo de viajante você é ou vai ser,<br />
o que importa é que todos somos capazes de colocar a prova nossa<br />
capacidade de viver com menos e mais felizes, mas você só vai se dar<br />
conta disso quando estiver sentado na areia de uma praia paradisíaca<br />
em plena terça feira, curtindo um pôr do sol inesquecível e pensar:<br />
E não é que eu consegui?<br />
Talvez a fase do planejamento financeiro seja uma das mais importantes,<br />
go anywhere | 75
VIAGEM DO LEITOR - BARILOCHE<br />
VINTE E CINCO<br />
ABAIXO DE ZERO<br />
NA ARGENTINA,<br />
EM CINCO CAPÍTULOS<br />
76 | go anywhere
Em busca de superar desafios e registrar o mundo<br />
de forma bela, nós, fotógrafos, embarcamos de<br />
carro para uma experiência inédita para ambos:<br />
transformar o nosso Land Rover Defender em<br />
motorhome e dirigir até Bariloche, sem pressa,<br />
apreciando tudo de belo que havia pela frente.<br />
Por Evandro Rocha e Fernanda Luna<br />
go anywhere | 77
VIAGEM DO LEITOR - BARILOCHE<br />
EVANDRO ROCHA:<br />
Um sonhador, sempre indo além do que ele mesmo imaginava.<br />
É dono de uma racionalidade e perfeccionismo que fluem de<br />
forma tão constante e natural que não o deixam fazer nada<br />
abaixo do maravilhoso. Admiro de perto há 1 ano como ele é bom<br />
em tanta coisa: fotógrafo, empresário, videomaker, tio, amigo,<br />
namorado, piloto de drone e motorista de caminhão (risos)!<br />
É centrado nas conquistas, e mais ainda no caminho para chegar até lá.<br />
Carrega um sorriso lindo que usa toda hora, tá sempre de bom humor,<br />
até nos perrengues faz piada querendo me deixar tranquila (risos).<br />
Ele não existe!<br />
FERNANDA LUNA:<br />
Além de linda, minha namorada é uma excelente fotógrafa de<br />
casamentos e ensaios. Há 5 anos, deixou os estúdios de fotografia<br />
das Lojas Marisa para se dedicar ao que mais ama: fotografar pessoas.<br />
Muito antenada às novidades, é expert em stories e mantém seu feed<br />
do Instagram sempre impecável. Fica super empolgada com nossos<br />
projetos, ideias e ideais e é uma parceira incrível, daquele tipo de pessoa<br />
que você não quer sair de perto por nada (perfeita para viagens longas<br />
rssss). Super carismática e amável com todos que conversa, não mede<br />
esforços quando o assunto é fotografar e viver novas experiências.<br />
DEFENDER 110:<br />
Evandro comprou o “trator” em dezembro de 2017, depois de se cansar<br />
de furar pneus nos buracos da cidade com um carro esportivo. A idéia<br />
inicial era só trocar de carro, por algum que se adaptasse ao seu jeito<br />
de dirigir e aos buracos (risos) porém, quando conheceu melhor o<br />
Defender, ele é que precisou se adaptar ao carro, aumentando mais<br />
ainda sua vontade de sair pelo mundo. Depois de 3 meses buscando<br />
um Defender em bom estado, fomos até o RJ buscar essa belezura e já<br />
dirigimos nele os 900km da volta, na nossa primeira viagem.<br />
O defender é um 4x4 pau pra toda obra, 2005, a diesel, motor Tdi,<br />
que faz de 8 a 11km por litro, com velocidade de cruzeiro entre 110<br />
e 120km/h. É beeemmm barulhento, o que nos obriga a ouvir música<br />
bem alta dentro dele. Tem um bom espaço interno e por fora não é tão<br />
grande quanto parece (dá pra estacionar tranquilo). Ele também cabe<br />
dentro de containers, caso a gente queira enviá-lo para uma viagem<br />
mais longa (Europa, por exemplo).<br />
A INSPIRAÇÃO<br />
A vontade de fazer essa viagem surgiu há um ano, junto com outros<br />
planos de inicio de namoro. Fomos estimulados por experiências<br />
maravilhosas que passamos, como uma viagem de Motorhome do<br />
Evandro com os amigos Neto e Renan pelos Estados Unidos, e logo<br />
em seguida nós dois acampamos 10 dias no deserto, no incrível<br />
Festival Burning man. Veja mais em www.evandrorocha.com.br/burn.<br />
Todo inverno, o Evandro vai para Argentina ou Chile andar de<br />
Snowboard com os amigos, mas para esse ano queríamos que fosse<br />
diferente. Nos inspiramos no trabalho, viagens e estilo de vida de<br />
vários fotógrafos e casais, como a fotógrafa russa Anastasia Volkova<br />
além de outros aventureiros e youtubers como Daytrippers e Vivendo<br />
mundo afora, o que deu mais vontade ainda de pegar a estrada<br />
o quanto antes. Para nós, inspiração são as influências positivas<br />
que você coleciona em tudo que faz, nos filmes que assiste, nas<br />
conversas que tem, nas comidas que experimenta e, em especial,<br />
nas viagens que faz, conhecendo novas culturas e estilos de vida.<br />
78 | go anywhere
capítulo 1 - primeira noite<br />
Ajeitamos tudo no carro na noite anterior da partida: malas, pranchas<br />
de snowboard, estrado da cama, colchão, ferramentas e etc. Essa<br />
organização levou um bom tempo e fomos dormir bem tarde, o que<br />
na manhã seguinte refletiu no atraso da nossa saída. Às oito horas da<br />
manhã, tomamos café e partimos de São José do Rio Preto - SP rumo<br />
a Bariloche. A primeira parada seria Florianópolis-SC, mas depois de 4h<br />
de estrada já estávamos cansados (dormimos pouco e o sono estava<br />
começando a bater...) e qual a melhor parte de ter a sua cama dentro<br />
do carro rs? Poder parar embaixo de uma árvore e dormir! Cochilamos<br />
por pouco mais de 1h antes de seguir viagem, e essa foi a pré-estreia<br />
do carro como nosso quarto. Antes de chegar em Curitiba, o trânsito<br />
estava bem parado e já era tarde da noite, dois ótimos motivos para<br />
sair da rodovia e procurar um lugar para estacionar e dormir. Estávamos<br />
em Campo Largo, e pela imagem de satélite do celular (<strong>Go</strong>ogle Maps),<br />
vimos uma área verde afastada, que parecia uma floresta, e foi para<br />
lá que seguimos! Como estava de noite, não conseguimos ter muitos<br />
detalhes do caminho, mas parecia ser uma vila bem pacata. Passamos<br />
por algumas porteiras, sítios, vacas e seguimos até o final da estrada<br />
de terra, saímos pela grama que beirava as árvores e descemos um<br />
pequeno morro até ficar meio escondido e sem dar vista para a vila.<br />
Fazia um pouco de frio, nos agasalhamos, arrumamos a cama, fechamos<br />
as cortinas, e dormimos. Logo pela manhã, quando acordamos, ao<br />
abrir a janela nos surpreendemos com a primeira vista do nosso hotel<br />
ambulante. O que de noite parecia ser só mato, na verdade era um<br />
campo aberto com pequenas flores, e do lado da janela do Evandro,<br />
enormes pinheiros que nos ofereceram sombra para preparar o café da<br />
manhã, com ovos, palmito, café (que ficou bem aguado por sinal rsrs),<br />
tudo servido na nossa mesinha de madeira, que também era o suporte<br />
para o estrado da cama.<br />
go anywhere | 79
VIAGEM DO LEITOR - ATACAMA BARILOCHE<br />
capítulo 2 - Dunas<br />
Seguimos rumo ao litoral e pouco antes de chegar em Itajaí/SC, o<br />
Evandro sentiu que o volante estava vibrando muito. Pedimos ajuda<br />
para um amigo que mora lá próximo, o Edson Beline, que nos indicou<br />
um lugar em Camboriú onde fomos fazer balanceamento. Um pneu<br />
estava deformado, pois era o estepe, que meses antes foi trocado por<br />
engano pelo cara que pintou as rodas do Defender.<br />
Problema resolvido, fizemos uma pequena pausa em Florianópolis, no<br />
Gabriel e Suelen, que gentilmente nos cederam o primeiro banho e<br />
recomendaram que dormíssemos em Torres, um lugar bonito e seguro,<br />
mas... Já era a noite, quando no caminho o Evandro apontou um morro<br />
de areia do lado da rodovia, e pela imagem de satélite do celular vimos<br />
que se tratavam das Dunas de Imbituba, pareciam ser enormes. O<br />
Evandro pediu para eu confiar nele, deu seta e saiu da rodovia.U-A-U,<br />
essa foi nossa ao reação ao nos deparar com aqueles morros gigantes<br />
de areia, iluminados somente pela lua. Esse foi o cenário perfeito para<br />
fotos, videos, e para descansar mais uma noite.<br />
capítulo 3 - cruzando fronteiras (DIAS 3, 4,5 e 6)<br />
Seguindo viagem, fizemos uma parada, comemos sushi e dormimos<br />
no talentosíssimo e querido @GuilhermeCoelho e sua namorada @<br />
Juliachoffmann, que nos deu várias dicas e ainda emprestou 2 lentes<br />
para registrarmos a aventura.<br />
No dia seguinte seguimos para o Sul, para cruzar a fronteira do Brasil<br />
pelo seu ponto mais extremo: Chuí. Ali, na verdade não vimos muita<br />
coisa legal, além de cata-ventos gigantes (parques eólicos). Como de<br />
costume, fazemos imagens de drone pelo caminho, e em uma dessas<br />
paradas, quando o Evandro voltou para o carro, o cinto de segurança<br />
dele travou. Ele não conseguia mais esticar o cinto para prendê-lo, e<br />
estávamos em um momento da estrada que não havia nada por 150km<br />
a frente e nada em 120km para trás. Foi um pouco desesperador viajar<br />
sem cinto, além de não estar seguro, foi um imenso desconforto. Por<br />
sorte avistamos uma borracharia e o borracheiro tentou destravar e<br />
desrosquear para concertar, mas não conseguiu: o cinto tinha travado<br />
de vez. Seguimos sem cinto para a fronteira.<br />
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VIAGEM DO LEITOR - BARILOCHE<br />
Já era quase 00h quando finalmente o Defender colocou as rodas em<br />
território internacional: chegamos no Uruguai. Na Aduana foi bem<br />
tranquilo, só mostramos os passaportes, documentos do carro e a Carta<br />
Verde.<br />
Fizemos uma reserva pelo Booking em um hotel de frente para o mar,<br />
em Punta Del Diablo e quando chegamos, debaixo de chuva e frio, não<br />
havia ninguém na recepção do hotel para nos atender, e nenhuma<br />
luz acesa. Entendemos isso como um sinal, voltamos para o carro,<br />
arrumamos a cama e zzzzzz... de frente para o mar, no estacionamento<br />
do hotel. Na manhã seguinte fomos informados na recepção do hotel<br />
que não havia energia e por isso nossa reserva não constava nos dados.<br />
Seguimos viagem e conseguimos resolver o problema do cinto no<br />
caminho. Paramos para almoçar em Rocha - Uruguai e dirigimos o dia<br />
todo até Punta Del Este. Dormimos bem ao lado da Casa Pueblo, depois<br />
que o guarda do museu nos disse que ali estávamos seguros. A próxima<br />
fronteira que cruzamos foi de Uruguai - Argentina, dessa vez pela água!<br />
Entramos com o carro e tudo por uma Barco-Balsa, a travessia durou 1h<br />
e assim que chegamos já fomos para um hotel na saída de Buenos Aires.<br />
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capítulo 4 - a cidade inundada<br />
Imagina uma cidade cheia de resorts, turistas e badalação: essa era<br />
Epecuen na década de 80. Mas devido ao rompimento de uma barreira<br />
em 1985, essa cidade turística foi engolida pelas águas do lago Epecuen.<br />
É claro que fomos ver o que sobrou da cidade de perto.Dirigimos 540km<br />
sem pausa de Buenos Aires á Epecuen, para conseguir ver a cidade ainda<br />
de dia. Logo na entrada do lago já cruzamos estradas inundadas, em<br />
alguns trechos a água encobria o asfalto. Em uma dessas partes alagadas<br />
ouvimos um apito no painel da Defender e uma luz de alerta acendeu,<br />
vish.. paramos na hora! Consultamos amigos e o mecânico no Brasil por<br />
whats app e nos informou que era a luz de alerta de aquecimento no<br />
sistema de transmissão, e mesmo depois de esperar uns 45min com o<br />
carro desligado, no meio do lago, a luz não apagou. O Evandro chegou<br />
a conclusão que entrou água no sistema elétrico e afetou os sensores, e<br />
só por isso a luz acendeu, então decidimos continuar. Um pouco mais à<br />
frente já vimos os primeiros sinais da catástrofe: metade da cidade está<br />
pra fora da água, porém toda em ruínas; parecia que estávamos num<br />
cenário de guerra.<br />
Ficamos ali até o por-do-sol, que foi lindo, colorindo árvores secas que<br />
ainda permanecem em pé mesmo com a inundação.<br />
Dormimos em um camping municipal na cidade vizinha, Adolfo<br />
Alsina, e além de não pagar nada pela diária (teoricamente o<br />
camping só funciona no verão), o jardineiro municipal acrescentou<br />
detalhes a história da cidade inundada, nos contou que não houve<br />
mortos, mas muita correria para retirar os corpos do cemitério. Mais<br />
assustadora do que a cidade em ruínas, foi a noite dormindo no carro.<br />
De madrugada, lá pelas 4h da manhã, acordamos com barulhos<br />
estranhos que parecia algum bicho (ou monstro pra Luna rs)<br />
arranhando a lataria do carro, e na escuridão não conseguimos ver<br />
nada pela janela; logo parou, mas a Luna passou a noite em claro com<br />
medo. Na manhã seguinte, notamos que deixamos restos de pizza em<br />
cima do carro e haviam dois cachorros no camping, que provavelmente<br />
eram os “monstros” farejando a comida. Voltando para a estrada,<br />
rumo a Bariloche, paramos para abastecer e o frentista nos informou<br />
que a água do lago é 10x mais salgada que a do mar! E seguindo sua<br />
recomendação: levamos o carro para um bom banho e seguimos<br />
go anywhere | 83
VIAGEM DO LEITOR - BARILOCHE<br />
viagem, parando apenas para abastecer o carro, sacar dinheiro, comprar<br />
empanadas e vinho.<br />
capítulo 5 - frio<br />
Depois de dormirmos em um hotel em General Roca, paramos para<br />
abastecer e comprar os anticongelantes para o diesel, água do radiador<br />
e para-brisas, deixando assim tudo pronto para a reta final, pois faltavam<br />
apenas 480 km para Bariloche.<br />
Estava tudo tranquilo até que nos depararmos com uma fila imensa de<br />
carros, a poucos km antes da subida da Cordilheira dos Andes; era a<br />
polícia checando se todos estavam levando correntes para os pneus,<br />
e depois de 1h30min na fila, fomos impedidos de seguir, pois nós não<br />
tínhamos correntes :(. Estacionamos o carro e tentamos comprar<br />
correntes dos carros que voltavam da Cordilheira, sem sucesso, pois o<br />
pneu da Defender é bem maior que os normais. Então a Luna foi falar<br />
novamente com o guarda, que ao ver que estávamos num carro 4x4<br />
nos liberou em 10min. Nesse tempo conhecemos o Juan, que mora<br />
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em Bariloche e foi com a gente de carona, pois o ônibus que viajava foi<br />
impedido de passar (muita neve na estrada).<br />
Logo nas primeiras subidas e curvas já deu para sentir que o clima estava<br />
tenso! Havia nevado muito na noite anterior e os carros se amontoavam<br />
no acostamento para colocar correntes, enquanto nós passamos<br />
tranquilamente com a poderosa tração do Defender, sem correntes e<br />
sem escorregar no gelo. Seguimos assim por 3 horas; em cada curva se<br />
descobria uma montanha nova e estradas mais perigosas; nesse mesmo<br />
caminho fomos presenteados com um por-do-sol fora de série: o céu<br />
rosa mesclava com as cores frias da montanha, ficou impossível não<br />
descer do carro para fazer dezenas de imagens daquele momento<br />
Depois de dirigir mais de 4 mil km em 7 dias, finalmente chegamos ao<br />
nosso destino! Bariloche estava coberta de neve, como poucas vezes<br />
se viu. Havia polícia por toda parte e muitos bairros sem energia;<br />
soubemos que dezenas de voos foram cancelados e estava cheia de<br />
turistas que não conseguiam ir embora. A nevasca foi forte!<br />
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VIAGEM DO LEITOR - BARILOCHE<br />
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Já era noite quando chegamos, então só tivemos o tempo de jantar e<br />
pedir o conselho de uma amiga, Inara, que mora na cidade, sobre onde<br />
estacionar para dormir no carro.<br />
Ela aconselhou a não dormirmos aquela noite no carro, pois pela<br />
previsão esperava-se 13 graus negativos. Então reservamos um hotel na<br />
beira do lago Gutierres. Ao chegarmos veio a surpresa: o senhor Jorge<br />
nos informou que estavam sem energia e sem calefação nos quartos;<br />
pedimos então para dormir no estacionamento do hotel.<br />
25 abaixo de zero! Na noite mais fria já registrada na história de alguma<br />
cidade argentina, estávamos confortavelmente dormindo no carro. A<br />
marca histórica afetou Bariloche, aeroportos, argentinos, mas não nossa<br />
casinha, que passou no teste e nos deixou tranquilo para as noites que<br />
viriam! Nessa noite dormimos com calça e blusa segunda-pele, gorro,<br />
saco de dormir e 2 mantinhas por cima. O<br />
Evandro até colocou uma calça de moletom, mas acordou a noite com<br />
calor.<br />
Na primeira manhã nos encantamos com a cidade coberta de neve!<br />
Tiramos um tempo para fotografá-la, estava sol e no dia seguinte boa<br />
parte iria derreter. As árvores estavam todas branquinhas, não se via<br />
nenhum pedaço de grama que não estivesse coberto, havia muitas<br />
crianças brincando nas ruas, escorregando com ski-bunda, muitas<br />
fazendo criativos bonecos e outros guerra de neve. Em meio a todo<br />
o caos dos aeroportos, ainda via-se muitos turistas se divertindo com<br />
aquele cenário raro para a cidade.<br />
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CLUBES: DIRETÓRIO DE CLUBES DE PROPRIETÁRIOS DE LAND ROVERS<br />
Defender Clube - AM<br />
(92) 99207-7739<br />
Max Sanhaçu<br />
Discovery Clube Brasil - MG<br />
(31) 9417-0220<br />
Virgilio Souza<br />
Land Rover Owners<br />
Club - SP<br />
(11) 96768-2222<br />
Eduardo Rocha<br />
Land Clube Bahia - BA<br />
(71) 99983-7392<br />
Cristiano<br />
Land Rover Clube - MG<br />
(31) 99732-0868<br />
Diogo <strong>Go</strong>nçalves<br />
Land Rover Clube Uruguay<br />
598 99388842<br />
Gustavo Antonaz Medina<br />
Land Rover Classic<br />
Driver’s Brazil<br />
(21) 99891-1310<br />
Milton Tesseroli<br />
Land Rover Clube - SC<br />
(47) 99975-1935<br />
Giovanni Junckes<br />
Land Rover Club<br />
Centro Oeste<br />
(61) 99559-3333<br />
Patrick Ganassin<br />
Defender BR<br />
(11) 971597223<br />
Daniel Pavanelli<br />
Discovery Clube Brasil<br />
(41) 9667-9075<br />
Evandro Miranda<br />
(31) 9417-0220<br />
Virgilio Souza<br />
Land Rover Clube - RS<br />
(51) 99745-2955<br />
André Vargas<br />
Land Rover Defender - RS<br />
(51) 9993-3421<br />
André Sheffer<br />
(54) 9985-6035<br />
Samuri Volpato<br />
Land Rover Clube<br />
de São Paulo<br />
(17) 98125-0461<br />
André Bodini<br />
PEÇAS PARA LAND ROVER<br />
DEFENDER<br />
DISCOVERY<br />
EVOQUE<br />
FREELANDER<br />
RANGE ROVER<br />
O MAIOR E MAIS VARIADO ESTOQUE DO BRASIL<br />
VAREJO<br />
Walter 11 94086-0799<br />
Diego 11 96164-9764<br />
Bruno 11 94625-7513<br />
Mozart 11 97776-8749<br />
ATACADO<br />
Leandro 11 98074-3991<br />
Canato 11 98099-1220<br />
Denis 11 94752-6710<br />
Varejo: Fone | Fax 11 2905-2100<br />
Atacado: Fone | Fax 11 2905-1999<br />
Website:<br />
www.tekcom.com.br<br />
Email:<br />
tekcom@tekcom.com.br<br />
2af a 6af das<br />
8:00 às 18:00h<br />
Atendimento Loja: Av. Joaquina Ramalho, 829<br />
Armazém - Depósito: Av. Guilherme, 408<br />
V. Guilherme - São Paulo - SP