RCIA - Ed. 160 - Novembro 2018
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Tempos depois, graças a sua dedicação,<br />
bom gosto musical e o inegável<br />
domínio do instrumento, Bonini passou<br />
a tocar na Orquestra Marabá do<br />
maestro e pistonista Cezar, ao lado de<br />
músicos de grande talento como o conhecido<br />
pistonista e trombonista Olavio<br />
Fellippe, o baterista Ariosto e seu irmão<br />
Darvinho que tocava sax-alto (ambos vinham<br />
de São Carlos), Geraldo Antonio<br />
que tocava trombone de vara, o cantor<br />
Bento dos Santos (o conhecido Bento<br />
Vaca, que também era juiz de futebol),<br />
o contrabaixista “seu” Rocha, o guitarrista<br />
de grandes recursos Francisco<br />
Brazilino (Braza) e outros bons músicos.<br />
Para tocar com esses músicos comprou<br />
um sax tenor novo em São Paulo<br />
da marca Toneking “made in Czekoslovachia”,<br />
cuja propaganda era “The<br />
Best in the world”. Um belíssimo instrumento.<br />
A Orquestra Marabá, isso por volta<br />
de 1952, lembra Pedro Bonini, tocava<br />
o repertório das big bands americanas<br />
como as lideradas<br />
pelos trombonistas<br />
Glenn Miller,<br />
Tommy Dorsey, o<br />
pistonista Harry<br />
James e o pianista<br />
Duke Ellington.<br />
Também mostrava<br />
o repertório das<br />
grandes orquestras brasileiras como<br />
a famosa Tabajara do clarinetista e<br />
maestro Severino Araujo, e dos maestros<br />
e pianistas Sylvio Mazzucca, Radamés<br />
Gnattali e Enrico Simonetti. (Veja<br />
YouTube Seleção Grandes Orquestras<br />
- Big Band Antiga Novidade - Artuzo Musical;<br />
Orquestra Tabajara ao Vivo Show<br />
Completo)<br />
Bonini conta que a orquestra era<br />
muito requisitada na região para bailes<br />
de coroação de misses, desfiles de<br />
moda, formaturas e aniversários de cidades.<br />
Diz ainda que nunca esqueceu<br />
de um grande baile que tocaram em<br />
São Paulo junto com outra boa orquestra<br />
da cidade de Campinas. Um baile<br />
muito fino com traje a rigor promovido<br />
por uma sociedade de negros paulistanos.<br />
Uma beleza inesquecível.<br />
NOVOS TEMPOS<br />
Juraci Brandão<br />
de Paula e José<br />
Alberto Santarelli<br />
conversando com<br />
Pedro Bonini, no<br />
Lar São Francisco<br />
de Assis<br />
Com o fim da Orquestra Marabá,<br />
o maestro Cezar volta para a Bahia; o<br />
À esquerda,<br />
Pedro Bonini em<br />
baile de carnaval<br />
com a primeira<br />
formação do<br />
grupo; à direita,<br />
Antonio Sérgio<br />
Rosa (camiseta<br />
escura) que<br />
nos cedeu foto<br />
de outro baile<br />
realizado no<br />
mesmo clube,<br />
anos depois<br />
Na última noite de carnaval do Clube<br />
Araraquarense em 11 de fevereiro de<br />
1964, apresentação da Escola de Samba<br />
- Amigos do Samba, comandada por<br />
Geraldo Lúcio Andrade, observada pelo<br />
Jura que tocava no conjunto do Bonini<br />
Bonini que era seu auxiliar nos ensaios<br />
e que melhor se relacionava com os músicos,<br />
resolveu montar o seu próprio<br />
grupo com os músicos, naquele momento<br />
desempregados. Surgiu assim<br />
em 1958 o Bonini e seu Conjunto, logo<br />
contratado para abrilhantar todas as<br />
“domingueiras” e bailes de carnaval do<br />
Clube Araraquarense, cuja sede social<br />
ficava na Esplanada das Rosas, na Rua<br />
São Bento entre as avenidas Portugal<br />
e Duque de Caxias, ao lado do Teatro<br />
Municipal, uma obra de arte arquitetônica<br />
da cidade, inaugurado em 1914 e<br />
infelizmente demolido em 1966.<br />
O conjunto do Bonini surgiu com a<br />
seguinte formação: Pedro Bonini (líder<br />
e Sax-Tenor); Olavio Fillippe (Piston e<br />
Trombone); Pirituba (Bateria), músico<br />
famoso nas noites paulistanas, depois<br />
substituido por Ariosto, também muito<br />
conhecido na capital; Francisco Brazilino<br />
(Guitarra), ‘seu’ Peres (Baixo), Ademar<br />
Basílio, o ‘Caduco’ (Cantor), Nabor<br />
Rodrigues dos Santos (Cantor) e Milton<br />
Bonini (Pandeiro), era primo de Pedro.<br />
Numa segunda formação em 1964,<br />
o grupo passou a contar com José Carlos<br />
Arone (Ciganinho) no baixo, Arnaldo<br />
Delboni na bateria, Luiz Peres Flores<br />
(Luizinho) no pandeiro e eu (Juraci) na<br />
guitarra, levado para o conjunto pelo<br />
Olavio que já me conhecia da Banda<br />
Infanto Juvenil onde ele era professor e<br />
maestro e eu bombardinista, seu aluno.<br />
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