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RCIA - Ed. 160 - Novembro 2018

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Lembro-me que numa das domingueiras,<br />

logo no meu início no grupo, o<br />

Brazilino apareceu no Clube Araraquarense<br />

e me foi apresentado pelo Olavio<br />

como guitarrista. Então pedi para ele<br />

“dar uma canja” que entre os músicos<br />

significa tocar um pouco. Naquela noite<br />

não tive mais coragem de pegar no<br />

instrumento e observei o Braza o tempo<br />

todo.<br />

Fiquei impressionado com a sua<br />

musicalidade, conhecimento e bom<br />

gosto no emprego harmônico. Daquele<br />

dia em diante ele passou a ser o meu<br />

professor de harmonia. Tudo que era<br />

bossa nova eu aprendia com ele. Nunca<br />

me cobrou um tostão. Tornamo-nos<br />

grandes amigos até hoje.<br />

Todos os domingos, das 21 às 24h<br />

o grupo tocava no Clube (domingueiras)<br />

assim como os bailes de carnaval e os<br />

pré-carnavalescos. Aos sábados tocávamos<br />

nos demais clubes da cidade como<br />

o 22 de Agosto, o 27 de Outubro e em<br />

todas as cidades da região.<br />

A FAMÍLIA<br />

O Bonini se orgulhava muito do<br />

apoio que recebia da sua esposa Leila<br />

para continuar com suas atividades<br />

musicais.<br />

Um dia estava na sua relojoaria sentado<br />

em uma cadeira próxima da sua<br />

mesa de trabalho como os músicos do<br />

Foto que registra o carnaval do Clube Araraquarense em fevereiro de 1964: Pedro<br />

Bonini, Luiz (piston), Nabor (cantor) e Jura (baixo-tuba). Em segundo plano, Arnaldo<br />

(bateria) e Marcos (surdo). Via de regra, nos bailes de carnaval, Bonini requisitava outros<br />

músicos para complementação do grupo<br />

grupo geralmente faziam, e enquanto<br />

ele consertava os relógios batíamos<br />

papo. Então passou a dizer que no dia<br />

em que não íamos tocar e havia baile<br />

com outro grupo de fora, chegava em<br />

casa da oficina, tomava um banho, jantava<br />

e ia descansar. Quando a Leila o<br />

acordava, sua roupa já estava passada<br />

e pronta para ele ir ao baile observar o<br />

repertório e desempenho do grupo ou<br />

simplesmente aplaudir e conversar com<br />

os amigos. Ia sozinho uma vez que a<br />

Leila não gostava de bailes.<br />

E assim passou mais uma das<br />

etapas da história musical de nossa<br />

cidade, deixando imensa saudade.<br />

Na verdade, Araraquara é pródiga em<br />

possuir filhos tão queridos, que independente<br />

da atividade que exerciam,<br />

foram importantes neste cenário antigo<br />

e esquecê-los jamais.<br />

Juraci e a esposa Marisa Ines com<br />

Francisco Brasilino e o compositor Luís<br />

Rosário<br />

PEDRO E O MUNDO MARAVILHOSO DA SUA MÚSICA<br />

Filho de italianos, Pedro Bonini<br />

seguiu os passos de seu pai<br />

Vertuno, um relojoeiro que se<br />

estabeleceu na Praça de Santa Cruz<br />

em 1939. Quando o pai morreu,<br />

ele assumiu a relojoaria, mas já<br />

havia começado bem antes na<br />

profissão - aos 14 anos. Apesar da<br />

pouca idade, herdou a habilidade<br />

de Vertuno e por muitos anos<br />

conciliou o balanço das horas com<br />

a música. Ao seu lado sempre, a<br />

companheira Leila com quem teve<br />

os filhos Rosangela, Sérgio e Pedro.<br />

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