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RCIA - Ed. 161 - Dezembro 18

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HOMENAGEM<br />

Rei do riso: Jairo Garófalo, o<br />

primeiro e eterno Tiririca<br />

Ele sentiu o desejo de fazer<br />

rir desde o momento em<br />

que viu em seu sobrinho e<br />

seus amigos, o sorriso fácil e<br />

inocente das crianças<br />

Texto: Jean Cazellotto<br />

Eram 9 horas da manhã. Sol entre<br />

nuvens e um dia agradável – nem<br />

muito calor, nem muito frio. Segui<br />

para o endereço que foi passado<br />

para mim no dia anterior depois de<br />

um breve bate-papo. Cheguei em frente<br />

a um portão simples com muros<br />

azuis. Apertei o interfone e uma jovem<br />

senhora me atendeu pelo aparelho.<br />

Identifiquei-me e passei a olhar os<br />

pinheiros – esses plantados do lado<br />

de fora – e as palmeiras que estavam<br />

em seu quintal. Mais de dez metros<br />

de altura, com certeza, e aquilo me<br />

fascinou por alguns instantes.<br />

Ao abrir o portão, Jairo Garófalo, o<br />

eterno Tiririca. Com um aperto de mão<br />

firme, ele me cumprimentou e entrei.<br />

O espaço é enorme. E ao fundo, um<br />

barracão ainda maior. Quando entrei<br />

ali, mergulhei nas lembranças da infância<br />

enquanto ele me apresentava<br />

o espaço. Inúmeros itens que “gritavam”<br />

em um gesto de comemoração<br />

de como foi bom estar ao seu lado<br />

durante mais de 35 anos de carreira.<br />

Aqui mora a felicidade<br />

e Tiririca também<br />

Um ônibus, o Tirico Tico, uma Kombi,<br />

um carro e milhares de objetos que<br />

foram companheiros do Tiririca me<br />

saltavam aos olhos graciosamente.<br />

Entramos em seu escritório, um pequeno<br />

espaço no canto do galpão. Ali<br />

começamos a conversar.<br />

“Vamos iniciar aos moldes jornalísticos”,<br />

disse Jairo, depois de tantas<br />

entrevistas. “Meu nome é Jairo<br />

Garófalo, tenho 61 anos, sou casado<br />

com Elizabete com quem tive duas<br />

filhas, Mariana, a mais velha e que<br />

mora em São Paulo e Jordana, que<br />

trabalha em uma escola infantil e vive<br />

comigo”, disse com um brilho nos<br />

olhos ao falar das filhas. “Ah, tem a<br />

neta também, de quatro anos, filha da<br />

Mariana”. Nesse momento, o sorriso<br />

mostrou toda a história de felicidade<br />

dessa família.<br />

“Comecei por acaso, quando tinha<br />

mais ou menos 22 anos, com meu sobrinho<br />

Denis. Um dia minha cunhada<br />

fez uma festinha pra ele e me chamou<br />

pra brincar com as crianças. Eu improvisei<br />

uma fantasia de carnaval, o<br />

nariz de palhaço que ela já tinha feito,<br />

e fui. Descobri nesse instante que o<br />

riso de uma criança era a melhor coisa<br />

que tinha. Descobri que era fácil<br />

entretê-los. A partir desse momento,<br />

vivi o palhaço dentro de mim”.<br />

Questionei sobre o nome artístico.<br />

Ele disse que havia um conhecido que<br />

era apelidado de Tiririca e os amigos<br />

começaram o chamar assim também.<br />

“Eu não gostei, tentei outros nomes,<br />

mas quando cheguei a uma festa com<br />

meu Fusca, as crianças vieram me<br />

receber gritando ‘o Tiririca chegou’.<br />

Deixei assim porque já havia pegado”.<br />

“No início, eu me oferecia para<br />

alegrar as festas dos filhos dos meus<br />

amigos. Eu trabalhava em uma multinacional<br />

em Araraquara e estava<br />

bem financeiramente, mas me vestir<br />

de palhaço era o que me deixava feliz.<br />

Depois de quatro anos, a empresa me<br />

mandou embora e pude viver o Tiririca<br />

100% do meu tempo. Eram eventos<br />

de segunda a segunda. Durante a<br />

semana íamos em escolas e no final<br />

de semana fazia festas infantis. E não<br />

era uma, não. Eu cheguei a fazer cinco<br />

festas em um sábado”.<br />

“Todas as minhas brincadeiras e<br />

palhaçadas envolvia sempre algo educativo.<br />

Fiz uma parceria com a CPFL e<br />

visitamos mais de 60 cidades durante<br />

dois anos de projeto, incentivando as<br />

crianças a não desperdiçarem energia<br />

elétrica. As escolas vencedoras<br />

em cada município recebiam o circo”,<br />

relembrou.<br />

CONTINUA NA PÁGINA SEGUINTE<br />

Tiririca, símbolo<br />

da alegria em<br />

nossa cidade<br />

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