09.01.2019 Views

GemsConsult News No 2 | Andre Leite Consultoria Gemológica

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Expert em<br />

pedras preciosas<br />

______________ André <strong>Leite</strong><br />

consultoria gemológica<br />

Desde 1976<br />

6<br />

Os diamantes mais<br />

conhecidos e difundidos pelas<br />

campanhas publicitárias da grande<br />

maioria das joalherias internacionais<br />

são aqueles conhecidos por todos nós<br />

como os “brilhantes brancos” com, ou<br />

sem, seus “carvõezinhos” típicos.<br />

Então...! Tecnicamente falando,<br />

brilhante é, apenas, um tipo de<br />

lapidação. A forma correta de nos referirmos a esse tipo de gema é diamante e<br />

a sua cor mais comum não é branca e sim, incolor com possível impregnação do<br />

tom amarelado (champagne), cinza ou marrom. Os incolores isentos de<br />

impregnação de outros tons são muito, muito, raros. Eu arriscaria dizer que em<br />

cada 1.000 diamantes incolores lapidáveis encontrados, apenas, 2 ou 3 deles<br />

seriam isentos dos tons acima revelados. Na década de 50, por razões<br />

mercadológicas, o GIA (Gemological Institute of América – USA) adotou e<br />

difundiu com o auxílio e a chancela da DeBeers, letras do alfabeto – D, E, F, G<br />

até Z – a fim de qualificar tais diamantes. A letra “D” se refere ao diamante<br />

mais incolor, ou seja, praticamente sem a interferência de qualquer outro tom.<br />

Esta cor é chamada, popularmente, de “branco puro”. Conforme a letra de<br />

qualificação vai aumentando e se aproximando da letra “Z”, isto significa que a<br />

impregnação de amarelo, cinza ou marrom, também vai se intensificando e,<br />

consequentemente, por questões óbvias (raridade) o preço vai caindo.<br />

Os “carvõezinhos” são, por sua vez, inclusões naturais passíveis de serem<br />

encontradas em mais de 85% dos diamantes lapidáveis e que não se tratam de<br />

carvões, e sim, de outros minerais que estavam no caminho da natureza<br />

quando tais gemas foram formadas. Hoje, para os gemólogos peritos em<br />

diamantes, estas inclusões naturais são, na maioria das vezes, a pista principal<br />

para podermos autenticar a natureza da gema e também classifica-la<br />

comercialmente no requisito “pureza”. Outras inclusões também muito<br />

comuns que podem ser observadas neste tipo de gema, com o auxílio de uma<br />

lupa, são as fraturas internas também, popularmente, chamadas de “unha” ou<br />

“jaça”, dependendo da sua posição dentro da gema. A pureza dessas gemas<br />

também é classificada por letras ou siglas, tais como IF, VVS, VS, SI ou I<br />

(Imperfect). A classificação “IF” também é muito, muito, rara. Por este motivo é<br />

que um diamante classificado como cor “D” e pureza “IF”, dependendo do seu<br />

tamanho (peso), seria uma gema raríssima, não vista a toda hora e digna de um<br />

colecionador.<br />

a<br />

3 geração de peritos gemólogos<br />

especializados em<br />

gemas extraordinárias<br />

Diretor executivo da ABGA<br />

Associação Brasileira dos Gemólogos & Avaliadores de Gemas e Jóias<br />

Presidente da Adesign<br />

Associação dos Designers de Jóias do Rio de Janeiro<br />

Membro da APJERJ<br />

Associação dos Peritos Judiciais do Rio de Janeiro<br />

Gemólogo diplomado pelo GIA<br />

Gemologial Institute of America<br />

Representante do IGE na América do Sul<br />

Instituto Gemológiico Espanhol<br />

Membro do NAJA<br />

National Association of Jewelry Appraisers<br />

Avaliação e Certificação de gemas & jóias<br />

Perícia judicial<br />

<strong>Consultoria</strong> <strong>Gemológica</strong><br />

Cursos e palestras<br />

“ Seu patrimônio é sua segurança”<br />

André C. <strong>Leite</strong><br />

Informativo sem fim lucrativo<br />

distribuição gratuita<br />

Ano II - 2<br />

o<br />

trimestre 2015<br />

Ipanema - RJ<br />

www.gemsconsult.com.br


Ainda mais raros do que os diamantes<br />

incolores, são os coloridos. A natureza nos<br />

presenteou com diamantes lindíssimos<br />

que podem ser exibidos em toda a gama<br />

de cores do espectro e suas combinações,<br />

ou seja, amarelo, laranja, verde, azul, rosa,<br />

púrpura, vermelho, marrom, cinza, dentre<br />

outras. Estes, nós chamamos de fancy<br />

colors (cores extraordinárias). Se as<br />

gemas incolores de classificação “D – IF”<br />

são consideradas muito, muito, raras, as<br />

fancy colors são de 2 à 15 vezes mais raras<br />

do que estas incolores mencionadas.<br />

O mercado internacional desses diamantes coloridos<br />

é bem seletivo e com regras de classificação<br />

bastante diferenciadas dos incolores. Cada cor de<br />

diamante é observada separadamente, sob critério<br />

próprio, ou seja, os diamantes azuis, por exemplo,<br />

são classificados e observados com o foco<br />

diferenciado dos observados nos amarelos. Estas<br />

características próprias das cores a serem<br />

observadas se devem ao fator raridade, que por<br />

ventura irá interceder no fator preço. Os fancy<br />

colors vistos pelo mercado, por ordem de raridade,<br />

do mais raro ao menos raro, temos o vermelho, azul,<br />

púrpura, verde, rosa, laranja, amarelo, cinza,<br />

marrom e o negro.<br />

Para a classificação individual aplicada a cada cor,<br />

utilizam-se terminologias, em inglês, como Vivid,<br />

Intense, Deep, Light e Fancy (simplesmente) onde é<br />

levada em consideração a cor matriz, sua saturação<br />

e possíveis interferências de outras cores como o<br />

cinza, o amarelo e o marrom. Vou citar um exemplo<br />

bem comum e muito fácil de observar em diamantes<br />

amarelos (fancy yellow) comercializados nas<br />

joalherias. Quando o certificado de autenticidade<br />

menciona a cor “Fancy Yellow Diamond” apenas,<br />

estaremos nos referindo a uma gema de tonalidade<br />

amarela clara, pálida. Quando temos um “Fancy<br />

Intense Yellow” já estamos nos referindo a uma cor<br />

mais acentuada e , consequentemente, mais bonita.<br />

Um “Vivid Yellow” seria um diamante muito raro,<br />

pois a sua cor amarela estaria se expondo, quase,<br />

em sua plenitude e de forma limpa, sem<br />

interferência do laranja ou marrom. Geralmente,<br />

estas gemas são chamadas, popularmente, de<br />

“amarelo canário” e atingem<br />

valores bem elevados em<br />

comparação com as outras “Fancy<br />

Yellow” . As azuis, por exemplo,<br />

tendem a sofrer interferência do<br />

cinza, as vermelhas e as rosas do<br />

púrpura e do marrom, as verdes do<br />

amarelo e do marrom. Logo,<br />

quando estas gemas são<br />

classificadas como “Fancy Vivid<br />

Blue” , “Fancy Vivid Red” , assim<br />

como “Fancy Vivid ...” nas demais<br />

cores, elas atingem preços<br />

inimagináveis. Logicamente que o<br />

fator “peso” irá tornar as maiores cada vez mais<br />

valiosas em relação as menores. O fator “pureza”<br />

não irá interferir tanto no mercado de fancy colors<br />

como implica no mercado de diamantes incolores.<br />

Obviamente, que uma fancy color com classificação<br />

de pureza “IF” será, indiscutivelmente, muito mais<br />

valiosa do que outra com a mesma classificação de<br />

cor que apresenta algum tipo de inclusão natural.<br />

Para termos ideia da raridade de um diamante<br />

“Fancy Vivid Blue” de 2.08 quilates foi vendido por<br />

um comerciante sul africano, no Gem Show de Hong<br />

Kong no mês passado, por aproximadamente, US$<br />

1.800.000 (hum milhão e oitocentos mil dólares<br />

americanos). Os diamantes azuis, assim como os<br />

rosas são muito apreciados pelos executivos<br />

excêntricos, economicamente mais abastados. Os de<br />

cor amarela (Fancy Yellow) são os mais<br />

comercializados entre os mortais. Uma gema de 3.00<br />

quilates com boa pureza e classificada como “Fancy<br />

Intense Yellow” pode atingir a cifra de US$ 100.000<br />

(cem mil dólares americanos) e pode ser facilmente<br />

encontrada em joalheiras especializadas.


O Mercado<br />

Contemporâneo<br />

de Gemas e Joias<br />

O design de joias em todo o Mundo sofreu<br />

um enorme período de transição entre as duas<br />

últimas décadas do século XX e a virada do século<br />

XXI. Esta fase foi considerada pelo mercado uma<br />

época morna e também muito tímida no que diz<br />

respeito à criatividade de joias e que durou quase<br />

vinte anos.<br />

A euforia de estarmos entrando em um novo século<br />

foi muito benéfico para o setor no que diz respeito à<br />

ousadia e criatividade. As ferramentas, com o auxílio<br />

da tecnologia, tiveram uma melhora bastante<br />

significativa e a internet, transbordando de<br />

informações inéditas no campo artístico, conseguiu<br />

linkar os cinco continentes em tempo real. Acredito<br />

que isso mexeu muito com a cabeça das pessoas e,<br />

principalmente, com a dos artistas e designers. A<br />

partir de 2001 foram criados inúmeros eventos e<br />

movimentos pró design. O Brasil sendo um grande<br />

produtor de gemas coloridas e possuidor de uma<br />

grande diversidade cultural de norte a sul do país,<br />

foi um dos grandes beneficiados com toda esta<br />

campanha internacional. Estas diferenças de clima,<br />

cultura e biodiversidade flagrantes nas cinco regiões<br />

brasileiras, remete a um inesgotável silo de<br />

inspirações para os designers.<br />

As gemas de cor, brasileiras, como eram<br />

denominadas até o final do século XX, foram durante<br />

décadas muito apreciadas por grande maioria dos<br />

joalheiros internacionais como Bvlgari, Van Cleef &<br />

Arppels, Cartier, H. Stern, Amsterdam Sauer, dentre<br />

outros. As mais cotadas eram as águas-marinhas,<br />

topázios imperiais, turmalinas verdes e rosas,<br />

rubelitas e as esmeraldas. As nossas esmeraldas<br />

tinham uma certa procura devido ao fato de serem<br />

bem mais baratas do que as esmeraldas<br />

colombianas. Já nos meados da década de 1990,<br />

para balançar com as nossas pretensões, alguns<br />

países da África já apareciam, no mercado<br />

internacional, como grandes produtores de gemas<br />

coloridas. Devido a inúmeros fatores<br />

socioeconômicos e de políticas de importação, o<br />

Brasil começou a perder uma significativa fatia desse<br />

precioso mercado de gemas para os africanos. O<br />

principal motivo foi, e ainda é, o fator preço. O Brasil<br />

vivia uma época forte do plano Real onde R$1,00 era<br />

equivalente a quase US$1,00. Já nos países africanos<br />

como Moçambique, Nigéria, Congo e Madagascar,<br />

por exemplo, a vida era muito simples e,<br />

relativamente muito barata em comparação com a<br />

do Brasil, no sentido de se medir o mínimo<br />

necessário para que um garimpeiro pudesse<br />

sobreviver. Para termos ideia, nesses países<br />

africanos se vivia, e ainda se vive, muito bem com,<br />

apenas, US$ 100 por mês. Resumindo, valia muito<br />

mais a pena comprar gemas de excelente qualidade<br />

dos africanos do que pagar 300% a 400% a mais<br />

para adquiri-las aqui no Brasil. Então, a partir deste<br />

período começou a sobrar gemas coloridos no Brasil<br />

e um dos caminhos que o segmento extrativista<br />

encontrou foi, incentivar o design de joias no país e<br />

utilizarmos a nossa matéria prima para<br />

equilibrarmos as perdas. Até então, o mercado de<br />

joias brasileiro comercializava, apenas, diamantes,<br />

rubis e safiras. Era chic! E as gemas coloridas eram<br />

cafonas! Eram consideradas pedras para gringos.<br />

Vejam vocês como as coisas mudaram!!!<br />

<strong>No</strong> início dos anos 2000, começou a circular<br />

no mundo das grandes joalherias umas das gemas<br />

mais raras do Mundo: a Turmalina Paraíba. Depois<br />

de alguns anos, também descoberta na Nigéria e<br />

Moçambique passou a ser chamada, apenas, de<br />

Paraíba. A Paraíba é uma derivação da turmalina. A<br />

principal diferença dela para as outras turmalinas é<br />

que em sua fórmula química tem a presença de<br />

cobre ou manganês. Esses elementos são os<br />

responsáveis por esta cor viva ou neon.


Através de uma grande campanha de divulgação,<br />

principalmente, nos eventos internacionais e na mídia<br />

voltada para os excêntricos colecionadores de gemas<br />

raras, as Paraíbas se tornaram o frisson das grandes<br />

joalherias. As minas de S.J. da Batalha no Estado da<br />

Paraíba e a de Parelhas, no Rio Grande do <strong>No</strong>rte, estavam<br />

“bombando” entre 2005 e 2010. A crise internacional de<br />

2008 passou longe de ameaçar as pretensões da<br />

burguesia em possuir uma Paraíba brasileira.<br />

Seus preços ascenderam de forma meteórica após<br />

o mercado obter a certeza de que a qualidade das Paraíbas africanas não fazia frente às brasileiras, consideradas<br />

como excepcionais, no quesito “cor”. A diferença dos valores cobrados entre as brasileiras e as africanas pode<br />

chegar a 300%, se comparadas com o mesmo tamanho, cor e pureza. As brasileiras de qualidade excepcionais,<br />

mais conhecidas como Heitoritas, chegam a ser comercializadas a valores próximos dos 7 dígitos. O sucesso das<br />

Paraíbas como desejos de consumo da classe A+, rotulou esta mercadoria como termômetro na demonstração<br />

de poder econômico e posição social. Mas o que o público consumidor ainda não foi informado pelos<br />

comerciantes foi sobre os fatores que determinam a variação do preço desta gema, tal como a origem (brasileira<br />

ou africana), a cor e suas tonalidades, o tamanho e a pureza. Não é ter uma Paraíba no pescoço, dedo ou orelhas<br />

que irá incluir o usuário no Hall of Fame dos poderosos da sociedade brasileira. Para tal, a gema deve apresentar<br />

qualidade explícita!<br />

A grande demanda trouxe também para o mercado as opções dos<br />

“genéricos”, para satisfazer o sonho de consumo daqueles menos<br />

abastados. As Apatitas nas cores verdes e azul neon, além das<br />

turmalinas azuladas sem a presença de cobre, são<br />

comercializadas montadas em joias de ouro, idealizadas por<br />

designers, a preços bem mais modestos. Uma vez montadas em<br />

joias de alto padrão, tais imitações passam por Paraíbas aos olhos<br />

de comerciantes e gemólogos pouco experientes. Por este simples motivo é que recomendados que uma<br />

Paraíba, independente de sua qualidade ou origem, deve sempre estar acompanhada do Certificado de<br />

Autenticidade. A finalidade do certificado é para se assegurar de que, realmente, adquiriu uma gema rara e que<br />

sua qualidade preencheu as suas expectativas no quesito preço, pelo qual pagou. Esse documento irá fazer a<br />

diferença no futuro caso tal peça tenha que ser, um dia, analisada como “reserva de valor”.<br />

Uma Paraíba de alta qualidade é mais rara do que um diamante incolor, se levarmos em conta a<br />

quantidade ofertada no mercado e o material ínsito (em depósitos geológicos ainda não extraídos). Considerando<br />

o fato de que as principais minas da região de Salgadinho (PB) e Parelhas (RN) estão, praticamente, exauridas, os<br />

preços tendem a galgar um patamar mais elevado quando se tratar de Paraíbas de origem brasileiras e de<br />

qualidade excepcional.<br />

Venha aprender um pouquinho mais sobre este fascinante segmento<br />

• Identificação e Avaliação de Diamantes (recomendado para todo público)<br />

• Como Comprar Joias e Gemas Extraordinárias com Segurança (para todo público)<br />

• Desenho de Joias á mão livre (para iniciantes)<br />

acesse www.gemsconsult.com.br

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!