GemsConsult News No 3 | Andre Leite Consultoria Gemológica

Quando analisamos a história do comportamento
humano, mesmo que superficialmente, nos
deparamos com o surpreendente fato de que tudo
que gera ou representa poder e riqueza, passa a ser
inspirador na vida do homem. A riqueza, assim como
o poder é variavelmente mensurada de acordo com
nível social de convivência do indivíduo ou de sua
família. Contudo, o desejo desenfreado impulsionado
pelo sonho de uma fácil conquista de poder ou
riqueza, torna o ser humano, muitas das vezes,
desonesto. Por motivos semelhantes ao mencionado
acima já eram citados, desde 3.000 anos AC, casos de
engodos onde eram oferecidos vidros e outros
artefatos imitando metais e pedras preciosas em troca
por alguma coisa de grande valia. “E assim caminha a
humanidade...”
Desde a Idade Antiga,
durante séculos, mais
precisamente, até o final do
século XIX, o que se tinha
disponível para imitar as
pedras preciosas eram os
vidros e as resinas coloridas.
Porém, na década de 1890,
Auguste Verneuil, a fim de
suprir uma necessidade
demandada pela indústria da alta relojoaria, no que
consistia em encontrar ou criar um produto que
deveria ser utilizado na máquina dos relógios de alta
precisão (da época), ele conseguiu reproduzir pela
primeira vez em laboratório, material similar ao que a
natureza levou milhões de anos para produzir.
Elaborado por meio de fusão, Verneuil utilizou os
principais elementos químicos que formam o mineral
corindom (em forma de pó), e os fundiu a uma
temperatura entre 1.800 o – 2.000 o C. Criou-se então o
corindom sintético (quando na cor vermelha
denominado de rubi e de outras cores denominado de
safira). Tal feito revolucionário para a tecnologia
disponível na época, trouxe inúmeras consequências
para o mercado joalheiro internacional. Para
entendermos melhor, devemos nos conscientizar de
que não existia internet e tampouco celular em 1890.
As notícias demoravam a chegar e muitas das vezes,
chegavam truncadas.
Três anos depois, o feito chegou ao conhecimento da
Rainha do Reino Unido (Victória, 1819 – 1901 ) e ,
imediatamente, foram convocados os principais
alquimistas do país para que fosse feito um
inventário das joias da Coroa onde as gemas coloridas
fossem submetidas a exames mais aprofundados para
saberem se eram naturais ou sintéticas. Obviamente
que os fundamentos teóricos e a tecnologia
gemológica disponíveis na época eram nenhuma!!!!
Contudo os alquimistas designados para o feito, em
parceria com os joalheiros mais conceituados do UK
levaram, aproximadamente, cinco anos para
concluírem os trabalhos determinados por V. Alteza.
Como resultado mais surpreendente, constatou-se
que o suposto rubi que adornava a coroa da Rainha
Victória não era um rubi, mas sim, um outro mineral
denominado de espinélio, de cor avermelhada.
A adorada Rainha faleceu em 1901 deixando um
legado de sabedoria entre seus alquimistas e os
joalheiros parceiros que participaram daquele desafio
designado por ela. Isso os motivou a fundarem a
primeira entidade disposta a ensinar a gemologia
desenvolvida para identificação de minerais em 1908.
Assim surgiu a NAG (National Association of
Goldsmiths) que em 1930, devido ao grande
crescimento do mercado de diamantes e gemas
coloridas, se expandiu e criou o departamento de
cursos gemológicos à distância denominado de
Gemmological Association of Great Britain e, após o
ano de 2001 passou a se chamar Gem-A.
Em 1926, pelo mesmo método de Verneuil, foi
produzido o espinélio sintético que, embora não
apresentasse todas as características do mineral
natural, conseguia ser produzidos nas cores azul e
2