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Game Changer #7

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JOSÉ BANCALEIRO<br />

5<br />

Incontestavelmente que esse<br />

clube teve grandes “goleadores”,<br />

indubitavelmente que<br />

possuiu “equipas” fortes, bem<br />

organizadas e lideradas, mas seguramente<br />

que foi a “cultura” (a<br />

que alguns chamavam mística)<br />

que fez a diferença e que fez esse<br />

clube ter sucesso durante tantos<br />

campeonatos. Sintetizando, os<br />

talentos podem ser determinantes<br />

para a criatividade, eficácia<br />

e resultados de uma equipa ou<br />

empresa, mas dificilmente brilharão<br />

se essa equipa ou empresa<br />

não lhes proporcionar a liderança<br />

e os processos necessários<br />

para aproveitar a sua energia e<br />

criatividade, bem como se não<br />

estiverem envolvidos por uma<br />

cultura que potencie as suas<br />

competências.<br />

São inúmeras as formas de definir<br />

cultura organizacional, mas, até<br />

hoje, a que considero mais conseguida<br />

é a que foi usada há muitos<br />

anos pelo CEO da ICL, que a considerou<br />

“the way we do things<br />

around here”, isto é, como sendo<br />

a “forma como fazemos as coisas<br />

por aqui”. Gosto particularmente<br />

desta definição, não só pela<br />

sua simplicidade mas, principalmente,<br />

porque ela nos permite<br />

compreender a razão pela qual<br />

a cultura é tão importante para<br />

qualquer empresa. Na verdade,<br />

se a forma normal como se fazem<br />

as coisas numa organização (i.e.,<br />

fizer parte do seu ADN) for orientada<br />

para o cliente e para a qualidade,<br />

focada em resultados e<br />

com respeito pelas suas pessoas,<br />

então a cultura é um fator potenciador<br />

do negócio. Se, pelo<br />

contrário, a forma normal de<br />

atuar na empresa for burocrática,<br />

laxista, sem objetivos e sem<br />

preocupação pela qualidade,<br />

então a cultura está a prejudicar<br />

gravemente o negócio.<br />

Mas será que podemos alterar<br />

os aspetos de uma cultura ou<br />

criar uma cultura com o perfil<br />

que gostaríamos de ter? Existe<br />

(creio eu, com base na minha experiência)<br />

uma ideia generalizada,<br />

entre os gestores de Recursos<br />

Humanos (RH), de que a cultura é<br />

algo que existe vindo do passado<br />

e com a qual temos de viver.<br />

Eu, pelo contrário, tenho uma<br />

visão interventiva da cultura,<br />

considerando-a uma ferramenta<br />

de gestão de RH com forte<br />

impacto na forma como é exercida<br />

a atividade da organização<br />

e, consequentemente, nos seus<br />

resultados. O tipo de cultura<br />

de uma organização deve ser<br />

pensado e trabalhado profissionalmente<br />

(top down), orientado<br />

pelos objetivos e condicionantes<br />

de longo prazo do negócio, valorizando<br />

e assentando naquilo que<br />

são as suas tradições positivas.<br />

Neste enquadramento, podemos<br />

optar por “intervir” e contribuir<br />

para uma forma de fazer coisas<br />

marcada pela ética, rigor, orientação<br />

para os clientes, valorização<br />

das pessoas, etc. Ou “assistir”<br />

ao crescimento e consolidação<br />

de uma forma de fazer as coisas<br />

que origine o “deixa andar”, falta<br />

de qualidade e desrespeito pelos<br />

clientes e pelas pessoas.<br />

Esta ideia é ainda mais importante<br />

quando todos sabemos que,<br />

independente do setor, as nossas<br />

organizações vão ter de enfrentar,<br />

nos próximos anos, alterações<br />

radicais nos mercados em que<br />

atuam. As organizações vão ter<br />

de investir fortemente em liderança<br />

e em estratégias que lhes<br />

permitam antecipar e aproveitar<br />

as ameaças e oportunidades<br />

que os novos tempos lhes trarão.<br />

Contudo, não há estratégia<br />

que possa ter sucesso se não<br />

estiver alinhada com a cultura.<br />

Nenhuma empresa consegue, a<br />

título de mero exemplo, implementar<br />

uma estratégia de inovação,<br />

se não tiver uma cultura de<br />

abertura e de aceitação do risco<br />

e do direito à diferença.<br />

É por isso que os<br />

anglo-saxónicos<br />

costumam dizer<br />

“culture eats strategy<br />

for breakfast”.<br />

Pense nisso!<br />

dezembro 2018 GAME CHANGER

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