Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
24 DE FAXINEIRO A PROCURADOR DA REPÚBLICA – <strong>Manoel</strong> <strong>Pastana</strong><br />
apenas uma placenta; logo, seria muito estranho o outro bebê estar desacompanhado<br />
<strong>da</strong> sua porção fetal.<br />
Meu pai pensou em levar mamãe para a capital do estado, mas a<br />
falta de recursos financeiros, alia<strong>da</strong> à fé de minha genitora, que acreditava<br />
que tudo <strong>da</strong>ria certo, fez aguar<strong>da</strong>r o nascimento como o “médico”<br />
(depois explico as aspas) havia previsto.<br />
O diagnóstico estava certo. Um mês e três dias depois, nasceu o<br />
segundo bebê, um menino, pesando quatro quilos e com sua placenta.<br />
Vários anos depois, esse “médico” foi preso. A prisão não foi por decorrência<br />
de algum diagnóstico errado, mas sim, em virtude <strong>da</strong> descoberta<br />
de que seu diploma era falso.<br />
O casal de irmãos recebeu o nome de Adiel e Aziel. Isso mesmo.<br />
Para a menina, meu pai deu o nome de Adiel e, para o menino, de Aziel.<br />
O nome masculino (para a menina) causou vários constrangimentos.<br />
Quando a menina foi morar em Brasília, em 1994, passou a ser chama<strong>da</strong><br />
de Diely, mas a confusão com o nome de registro era inevitável.<br />
Infelizmente, minha irmã tinha uma doença grave em uma válvula<br />
do coração, que só foi diagnostica<strong>da</strong> tardiamente. Fez uma cirurgia no<br />
ano em que chegou a Brasília, mas o cardiologista, na primeira intervenção<br />
cirúrgica, disse que só poderia dilatar a válvula, pois o coração não<br />
suportaria a pressão sanguínea, caso fosse troca<strong>da</strong> e, depois de uns dois<br />
ou três anos, após o coração a<strong>da</strong>ptar-se com a nova pressão, poder-se-ia<br />
fazer o transplante.<br />
No início de 1997, Diely começou a passar mal e a levamos a São<br />
Paulo para fazer a outra cirurgia no Instituto do Coração INCOR. Contudo,<br />
apesar de todos os esforços, infelizmente, nossa irmã não resistiu e nos<br />
deixou com 24 anos de i<strong>da</strong>de. Adorava a vi<strong>da</strong>, inclusive estava noiva e<br />
tencionava se casar no final <strong>da</strong>quele triste ano. O outro gêmeo tem saúde<br />
de ferro e continua morando em São Sebastião <strong>da</strong> Boa Vista/PA, onde é<br />
um próspero comerciante.<br />
O TRABALHO NA INFÂNCIA<br />
Meus pais se preocuparam com o nosso futuro escolar, por isso<br />
deixaram o sítio para morarmos em São Sebastião <strong>da</strong> Boa Vista, uma<br />
pequena ci<strong>da</strong>de na Ilha do Marajó. A infância foi muito dura. Uns dois