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De Faxineiro a Procurador da Republica - Manoel Pastana - 2012-2

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24 DE FAXINEIRO A PROCURADOR DA REPÚBLICA – <strong>Manoel</strong> <strong>Pastana</strong><br />

apenas uma placenta; logo, seria muito estranho o outro bebê estar desacompanhado<br />

<strong>da</strong> sua porção fetal.<br />

Meu pai pensou em levar mamãe para a capital do estado, mas a<br />

falta de recursos financeiros, alia<strong>da</strong> à fé de minha genitora, que acreditava<br />

que tudo <strong>da</strong>ria certo, fez aguar<strong>da</strong>r o nascimento como o “médico”<br />

(depois explico as aspas) havia previsto.<br />

O diagnóstico estava certo. Um mês e três dias depois, nasceu o<br />

segundo bebê, um menino, pesando quatro quilos e com sua placenta.<br />

Vários anos depois, esse “médico” foi preso. A prisão não foi por decorrência<br />

de algum diagnóstico errado, mas sim, em virtude <strong>da</strong> descoberta<br />

de que seu diploma era falso.<br />

O casal de irmãos recebeu o nome de Adiel e Aziel. Isso mesmo.<br />

Para a menina, meu pai deu o nome de Adiel e, para o menino, de Aziel.<br />

O nome masculino (para a menina) causou vários constrangimentos.<br />

Quando a menina foi morar em Brasília, em 1994, passou a ser chama<strong>da</strong><br />

de Diely, mas a confusão com o nome de registro era inevitável.<br />

Infelizmente, minha irmã tinha uma doença grave em uma válvula<br />

do coração, que só foi diagnostica<strong>da</strong> tardiamente. Fez uma cirurgia no<br />

ano em que chegou a Brasília, mas o cardiologista, na primeira intervenção<br />

cirúrgica, disse que só poderia dilatar a válvula, pois o coração não<br />

suportaria a pressão sanguínea, caso fosse troca<strong>da</strong> e, depois de uns dois<br />

ou três anos, após o coração a<strong>da</strong>ptar-se com a nova pressão, poder-se-ia<br />

fazer o transplante.<br />

No início de 1997, Diely começou a passar mal e a levamos a São<br />

Paulo para fazer a outra cirurgia no Instituto do Coração INCOR. Contudo,<br />

apesar de todos os esforços, infelizmente, nossa irmã não resistiu e nos<br />

deixou com 24 anos de i<strong>da</strong>de. Adorava a vi<strong>da</strong>, inclusive estava noiva e<br />

tencionava se casar no final <strong>da</strong>quele triste ano. O outro gêmeo tem saúde<br />

de ferro e continua morando em São Sebastião <strong>da</strong> Boa Vista/PA, onde é<br />

um próspero comerciante.<br />

O TRABALHO NA INFÂNCIA<br />

Meus pais se preocuparam com o nosso futuro escolar, por isso<br />

deixaram o sítio para morarmos em São Sebastião <strong>da</strong> Boa Vista, uma<br />

pequena ci<strong>da</strong>de na Ilha do Marajó. A infância foi muito dura. Uns dois

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