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Foz do Iguaçu, segunda-feira, 28 de janeiro de 2019 Geral 11<br />
FRONTEIRA<br />
Contrabando de cigarro avança<br />
em Foz do Iguaçu e Costa Oeste<br />
Menos de 10% do volume contrabandeado é apreendido; crime movimenta perto de R$ 9 bilhões por ano<br />
Ronildo Pimentel<br />
Reportagem<br />
O crime organizado<br />
vem valendo-se da extensa<br />
área de fronteira do Brasil<br />
com o Paraguai para avançar<br />
no contrabando de cigarro<br />
falsificado. A faixa<br />
onde está o reservatório da<br />
Itaipu Binacional, que vai<br />
de Foz do Iguaçu até Guaíra,<br />
na chamada Costa Oeste<br />
do Paraná, tem de 150 a 200<br />
portos clandestinos, que são<br />
operados por aproximadamente<br />
30 quadrilhas de médio<br />
e grande portes, segundo<br />
a Polícia Federal (PF).<br />
Grupos menores também<br />
voltam a ganhar espaço.<br />
A alta margem de lucro<br />
com o produto ilegal frente<br />
ao cigarro produzido no<br />
Brasil, acima de 240%, tornou-se<br />
um chamariz para o<br />
grande número de pessoas<br />
que ficaram desempregadas.<br />
Os dados fazem parte<br />
do estudo "A Lógica Econômica<br />
do Contrabando",<br />
desenvolvido a pedido do<br />
Instituto de Desenvolvimento<br />
Econômico e Social<br />
de Fronteiras (IDESF).<br />
O relatório integra uma<br />
estratégia para tentar entender<br />
como funciona e quais<br />
são as motivações que levam<br />
o crime de contrabando a<br />
tomar conta da pauta nas<br />
áreas de fronteira do país.<br />
Este tipo de delito se estabeleceu<br />
e vem consolidando-se<br />
cada vez mais, devido<br />
à corrupção envolvendo<br />
agentes públicos, que deveriam<br />
promover a segurança.<br />
Por algum motivo, acabam<br />
mudando de lado, afirmam<br />
as autoridades.<br />
De acordo com o delegado-chefe<br />
da PF em Cascavel,<br />
Marco Smith, tratase<br />
de uma parcela pequena<br />
da corporação. "Bem pequena,<br />
a maioria é honesta,<br />
faz seu trabalho com excelência,<br />
mas sabemos que o<br />
envolvimento de agentes<br />
com a conivência e a facilitação<br />
existe", ressaltou em<br />
entrevista à imprensa.<br />
Smith baseia seu depoimento<br />
em algumas operações<br />
realizadas para tirar<br />
esses maus profissionais da<br />
segurança de suas funções.<br />
De acordo com o estudo do<br />
IDESF, em um mercado que<br />
movimenta quase R$ 9 bilhões<br />
por ano, apenas com<br />
o contrabando de cigarros,<br />
pelo menos 9,5% do montante<br />
(quase R$ 1 bilhão por<br />
ano) vai para pagar agentes<br />
corruptos.<br />
Rota facilitada<br />
O relatório do IDESF<br />
aponta que muito próximo<br />
da totalidade do cigarro que<br />
entra ilegalmente no país<br />
vem do Paraguai. As rotas<br />
são concentradas no Paraná,<br />
com foco na Ponte Internacional<br />
da Amizade, em<br />
Foz do Iguaçu, e no Lago<br />
de Itaipu, bem como na<br />
fronteira seca no Mato<br />
Grosso do Sul. O instituto<br />
acredita que boa parte do<br />
lucro com o descaminho<br />
fica na região e é revertida<br />
para financiar facções criminosas.<br />
"A nossa região facilita<br />
esse processo de contrabando<br />
e de tráfico porque está<br />
repleta de estradas bem cuidadas,<br />
cheias de rotas que dão<br />
vazão a essas mercadorias",<br />
afirmou o autor do estudo,<br />
Luciano Barros, que é economista<br />
especialista em fronteira<br />
e mestre em Gestão. No<br />
Norte do Brasil, segundo ele,<br />
isso fica mais limitado por<br />
vias terrestres com poucas rotas,<br />
obrigando o transporte<br />
por aviões, o que acaba encarecendo<br />
as operações.<br />
Foto: PRF<br />
Estudo do IDESF aponta que voltou a aumentar o<br />
contrabando de cigarro na fronteira com o Paraguai<br />
Apreensões<br />
mínimas<br />
De acordo com o estudo<br />
do IDESF, de 5% a 10%<br />
de tudo o que passa de cigarro<br />
contrabandeado<br />
para o país é apreendido<br />
pelas polícias. A avaliação<br />
tem como base os mais de<br />
mil quilômetros de fronteira<br />
seca do Brasil com o<br />
Paraguai na região. Além<br />
do envolvimento de alguns<br />
agentes, faltam profissionais<br />
e ações mais efetivas<br />
de controle do que passa,<br />
alerta Barros.<br />
"A fronteira do Brasil<br />
com o Paraguai, pelo que<br />
se desenha, é uma das mais<br />
vulneráveis do país, por representar<br />
uma porta de<br />
acesso do contrabando,<br />
das drogas, das armas e<br />
das munições que abastecem<br />
o Brasil", explicou o<br />
economista.<br />
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