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GAZETA DIARIO 784

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Foz do Iguaçu, segunda-feira, 28 de janeiro de 2019 Geral 11<br />

FRONTEIRA<br />

Contrabando de cigarro avança<br />

em Foz do Iguaçu e Costa Oeste<br />

Menos de 10% do volume contrabandeado é apreendido; crime movimenta perto de R$ 9 bilhões por ano<br />

Ronildo Pimentel<br />

Reportagem<br />

O crime organizado<br />

vem valendo-se da extensa<br />

área de fronteira do Brasil<br />

com o Paraguai para avançar<br />

no contrabando de cigarro<br />

falsificado. A faixa<br />

onde está o reservatório da<br />

Itaipu Binacional, que vai<br />

de Foz do Iguaçu até Guaíra,<br />

na chamada Costa Oeste<br />

do Paraná, tem de 150 a 200<br />

portos clandestinos, que são<br />

operados por aproximadamente<br />

30 quadrilhas de médio<br />

e grande portes, segundo<br />

a Polícia Federal (PF).<br />

Grupos menores também<br />

voltam a ganhar espaço.<br />

A alta margem de lucro<br />

com o produto ilegal frente<br />

ao cigarro produzido no<br />

Brasil, acima de 240%, tornou-se<br />

um chamariz para o<br />

grande número de pessoas<br />

que ficaram desempregadas.<br />

Os dados fazem parte<br />

do estudo "A Lógica Econômica<br />

do Contrabando",<br />

desenvolvido a pedido do<br />

Instituto de Desenvolvimento<br />

Econômico e Social<br />

de Fronteiras (IDESF).<br />

O relatório integra uma<br />

estratégia para tentar entender<br />

como funciona e quais<br />

são as motivações que levam<br />

o crime de contrabando a<br />

tomar conta da pauta nas<br />

áreas de fronteira do país.<br />

Este tipo de delito se estabeleceu<br />

e vem consolidando-se<br />

cada vez mais, devido<br />

à corrupção envolvendo<br />

agentes públicos, que deveriam<br />

promover a segurança.<br />

Por algum motivo, acabam<br />

mudando de lado, afirmam<br />

as autoridades.<br />

De acordo com o delegado-chefe<br />

da PF em Cascavel,<br />

Marco Smith, tratase<br />

de uma parcela pequena<br />

da corporação. "Bem pequena,<br />

a maioria é honesta,<br />

faz seu trabalho com excelência,<br />

mas sabemos que o<br />

envolvimento de agentes<br />

com a conivência e a facilitação<br />

existe", ressaltou em<br />

entrevista à imprensa.<br />

Smith baseia seu depoimento<br />

em algumas operações<br />

realizadas para tirar<br />

esses maus profissionais da<br />

segurança de suas funções.<br />

De acordo com o estudo do<br />

IDESF, em um mercado que<br />

movimenta quase R$ 9 bilhões<br />

por ano, apenas com<br />

o contrabando de cigarros,<br />

pelo menos 9,5% do montante<br />

(quase R$ 1 bilhão por<br />

ano) vai para pagar agentes<br />

corruptos.<br />

Rota facilitada<br />

O relatório do IDESF<br />

aponta que muito próximo<br />

da totalidade do cigarro que<br />

entra ilegalmente no país<br />

vem do Paraguai. As rotas<br />

são concentradas no Paraná,<br />

com foco na Ponte Internacional<br />

da Amizade, em<br />

Foz do Iguaçu, e no Lago<br />

de Itaipu, bem como na<br />

fronteira seca no Mato<br />

Grosso do Sul. O instituto<br />

acredita que boa parte do<br />

lucro com o descaminho<br />

fica na região e é revertida<br />

para financiar facções criminosas.<br />

"A nossa região facilita<br />

esse processo de contrabando<br />

e de tráfico porque está<br />

repleta de estradas bem cuidadas,<br />

cheias de rotas que dão<br />

vazão a essas mercadorias",<br />

afirmou o autor do estudo,<br />

Luciano Barros, que é economista<br />

especialista em fronteira<br />

e mestre em Gestão. No<br />

Norte do Brasil, segundo ele,<br />

isso fica mais limitado por<br />

vias terrestres com poucas rotas,<br />

obrigando o transporte<br />

por aviões, o que acaba encarecendo<br />

as operações.<br />

Foto: PRF<br />

Estudo do IDESF aponta que voltou a aumentar o<br />

contrabando de cigarro na fronteira com o Paraguai<br />

Apreensões<br />

mínimas<br />

De acordo com o estudo<br />

do IDESF, de 5% a 10%<br />

de tudo o que passa de cigarro<br />

contrabandeado<br />

para o país é apreendido<br />

pelas polícias. A avaliação<br />

tem como base os mais de<br />

mil quilômetros de fronteira<br />

seca do Brasil com o<br />

Paraguai na região. Além<br />

do envolvimento de alguns<br />

agentes, faltam profissionais<br />

e ações mais efetivas<br />

de controle do que passa,<br />

alerta Barros.<br />

"A fronteira do Brasil<br />

com o Paraguai, pelo que<br />

se desenha, é uma das mais<br />

vulneráveis do país, por representar<br />

uma porta de<br />

acesso do contrabando,<br />

das drogas, das armas e<br />

das munições que abastecem<br />

o Brasil", explicou o<br />

economista.<br />

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