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Foz do Iguaçu, quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019 Geral 13<br />
MEIO AMBIENTE<br />
Moradores de Puerto Iguazú fecham<br />
rodovia de acesso às Cataratas<br />
Protesto foi contra o projeto que permite a construção de uma grande vila turística dentro do Parque Nacional del Iguazú<br />
Adelino de Souza<br />
Freelancer<br />
Foto: El Independente<br />
Protesto fechou a rodovia e contou com a participação de<br />
ambientalistas e lideranças políticas<br />
Lideranças políticas, ambientalistas,<br />
dirigentes de ONGs<br />
e sindicalistas fecharam, na manhã<br />
dessa quarta (6), a rodovia<br />
de acesso às Cataratas do Iguaçu<br />
no lado argentino. O protesto<br />
foi contra um projeto do governo<br />
federal que permite a<br />
construção de uma vila turística<br />
no interior da reserva.<br />
A revolta em Puerto Iguazú<br />
começou ainda no dia 4 de dezembro,<br />
quando as secretarias<br />
de Turismo e do Meio Ambiente<br />
apresentaram o programa<br />
Oportunidades Naturais visando<br />
a atrair investimentos para<br />
serviços turísticos em áreas<br />
naturais protegidas. Entre as<br />
reservas está o Parque Nacional<br />
del Iguazú.<br />
O projeto para o parque no<br />
lado argentino prevê a instalação<br />
de hotéis, pousadas, campings<br />
de luxo e restaurantes em<br />
uma área de 12 hectares. Os organizadores<br />
do protesto emitiram<br />
uma nota afirmando que<br />
se o projeto for implantado<br />
"cairá por terra todo o processo<br />
de recuperação desta selva".<br />
José Barrios, integrante da<br />
Fundação Amigos dos Parques,<br />
entrou em contato com os governantes<br />
em Buenos Aires e<br />
ficou decepcionado com a resposta<br />
obtida. "Nos disseram<br />
que o projeto seguirá adiante e<br />
que em fevereiro será feito o<br />
processo licitatório", contou.<br />
"Esse projeto virá em benefício<br />
de empresários, mas em<br />
prejuízo para o povo de Iguazú<br />
e, principalmente, para o<br />
meio ambiente", acrescentou<br />
Barrios. Ele recordou que em<br />
1984 a Unesco declarou o parque<br />
Patrimônio da Humanidade,<br />
"para preservar essa reserva,<br />
e não para criar oportunidades<br />
empresariais".<br />
Câmara e prefeitura<br />
A Câmara de Vereadores<br />
também se posicionou contra<br />
o projeto e cobrou do governo<br />
central mais investimentos em<br />
Puerto Iguazú "porque temos<br />
sérios problema de infraestrutura<br />
e notamos um crescimento<br />
demográfico nos últimos<br />
anos".<br />
O prefeito de Puerto Iguazú,<br />
Claudio Felippa, também é<br />
contra o projeto. "Como prefeito,<br />
não estamos de acordo<br />
com esse projeto porque provocará<br />
muitos danos à nossa<br />
comunidade."<br />
O prefeito disse que o parque<br />
deve ser intocável. "Se hoje<br />
querem usar dez hectares, amanhã<br />
ou depois irão utilizar 20 a<br />
30 hectares. Nossa comunidade<br />
não foi consultada e, como representante<br />
do povo, estarei ao lado<br />
dessa manifestação", ressaltou.<br />
Uma rica<br />
biodiversidade em<br />
uma área de<br />
67 mil hectares<br />
O Parque Nacional Iguazú foi criado<br />
em 1934 com o objetivo de conservar<br />
as Cataratas do Iguaçu e a<br />
biodiversidade que as rodeia.<br />
Localizado na província de Misiones,<br />
o parque do lado argentino conta com<br />
uma superfície aproximada de 67 mil<br />
hectares e a sua entrada está a 7 km<br />
de Puerto Iguazú.<br />
A história do parque pode ser traçada<br />
até 1902, quando o Ministério do<br />
Interior da Argentina encarregou<br />
Carlos Thays de realizar um<br />
levantamento detalhado das<br />
cataratas, o qual posteriormente<br />
serviu de base para a lei de criação<br />
do parque nacional.<br />
A unidade tornou-se Patrimônio<br />
Mundial da Unesco em 1984 e tem<br />
uma rica biodiversidade. A flora<br />
arbórea do Parque Nacional Iguazú<br />
está composta por mais de 90<br />
espécies, sendo características do<br />
lugar as comunidades de palmito e<br />
pau-rosa ou peroba.<br />
Entre as espécies em perigo de<br />
extinção que se albergam no parque<br />
estão a onça-pintada, a anta, também<br />
conhecida na região como mbeorí, a<br />
jaguatirica, o gato-mourisco, o<br />
tamanduá-bandeira e o jacaré-do-<br />
-papo-do-amarelo.<br />
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