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Revista Mátria 2019

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Consequências<br />

A jovem Rayane de Assis*<br />

teve apoio para continuar<br />

estudando, mesmo após o<br />

nascimento da filha. “Não<br />

parei de estudar em nenhum<br />

instante, eu ia pra escola até<br />

os nove meses e, logo após o<br />

nascimento da minha filha,<br />

eu esperei passar um mês<br />

e voltei a estudar. A minha<br />

filha ia junto comigo às<br />

aulas”, detalha. Ela ressalta<br />

que teve muito apoio, principalmente<br />

dos professores.<br />

“Eles seguravam ela no colo<br />

para eu fazer os trabalhos e<br />

quando ela ficava chorando<br />

os professores, às vezes, me<br />

liberavam mais cedo pra eu<br />

cuidar melhor dela em casa”.<br />

Mas nem todas conseguem<br />

conciliar os estudos,<br />

Juliana teve que parar de<br />

estudar e hoje lamenta o<br />

tempo perdido. “Na época, eu<br />

achei que seria feliz. Hoje, vejo<br />

que só atrasei em oito anos a<br />

minha independência, minha<br />

liberdade, meus conhecimentos”,<br />

pondera. Ela conta que<br />

teve que parar de estudar e só<br />

voltou depois de um tempo,<br />

atrasou a entrada no ensino<br />

médio e na faculdade, sem<br />

contar a morte repentina do<br />

pai da criança, quando ela<br />

ainda estava grávida de cinco<br />

meses: “Os avós paternos não<br />

queriam registrar a bebê. Procurei<br />

a justiça e consegui. Hoje<br />

ela recebe INSS”, relembra.<br />

“O único ponto positivo é<br />

ela. É saber que eu consegui.<br />

Mas eu não precisava passar<br />

por isso. E se eu voltasse atrás,<br />

não faria”, desabafa Juliana. A<br />

família dela deu apoio financeiro<br />

e mesmo assim não foi<br />

fácil. “Afinal, quem ia contratar<br />

uma adolescente de 16<br />

anos, mãe de um bebê e viúva?<br />

Ninguém queria nem me<br />

namorar! Quando comecei a<br />

receber o INSS dela, eu decidi<br />

que era melhor eu bancar<br />

meus estudos e deixar ela na<br />

escola pública. Isso doeu. Em<br />

quatro anos me formei em<br />

Enfermagem, fiz residência e<br />

hoje eu pago pra ela um dos<br />

melhores colégios da minha<br />

cidade”. Aos pais de jovens<br />

adolescentes ela recomenda:<br />

“Observar. Atenção é tudo.<br />

Eles dão sinal de fuga. Prender<br />

demais é um tiro no pé.<br />

Liberdade demais também.<br />

Precisamos falar a língua<br />

deles. Filhos seguros e esclarecidos<br />

são a herança dos pais”.<br />

Tipos de<br />

violência em<br />

mulheres entre<br />

10 e 19 anos<br />

Fonte: A publicação Viva:<br />

Vigilância de Violência<br />

e Acidentes 2013-2014.<br />

Agressão física<br />

56,5%<br />

Violência sexual<br />

34,1%<br />

Violência<br />

psicológica/moral<br />

27,9%<br />

MARÇO DE <strong>2019</strong> | MÁTRIA | 27

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