You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Consequências<br />
A jovem Rayane de Assis*<br />
teve apoio para continuar<br />
estudando, mesmo após o<br />
nascimento da filha. “Não<br />
parei de estudar em nenhum<br />
instante, eu ia pra escola até<br />
os nove meses e, logo após o<br />
nascimento da minha filha,<br />
eu esperei passar um mês<br />
e voltei a estudar. A minha<br />
filha ia junto comigo às<br />
aulas”, detalha. Ela ressalta<br />
que teve muito apoio, principalmente<br />
dos professores.<br />
“Eles seguravam ela no colo<br />
para eu fazer os trabalhos e<br />
quando ela ficava chorando<br />
os professores, às vezes, me<br />
liberavam mais cedo pra eu<br />
cuidar melhor dela em casa”.<br />
Mas nem todas conseguem<br />
conciliar os estudos,<br />
Juliana teve que parar de<br />
estudar e hoje lamenta o<br />
tempo perdido. “Na época, eu<br />
achei que seria feliz. Hoje, vejo<br />
que só atrasei em oito anos a<br />
minha independência, minha<br />
liberdade, meus conhecimentos”,<br />
pondera. Ela conta que<br />
teve que parar de estudar e só<br />
voltou depois de um tempo,<br />
atrasou a entrada no ensino<br />
médio e na faculdade, sem<br />
contar a morte repentina do<br />
pai da criança, quando ela<br />
ainda estava grávida de cinco<br />
meses: “Os avós paternos não<br />
queriam registrar a bebê. Procurei<br />
a justiça e consegui. Hoje<br />
ela recebe INSS”, relembra.<br />
“O único ponto positivo é<br />
ela. É saber que eu consegui.<br />
Mas eu não precisava passar<br />
por isso. E se eu voltasse atrás,<br />
não faria”, desabafa Juliana. A<br />
família dela deu apoio financeiro<br />
e mesmo assim não foi<br />
fácil. “Afinal, quem ia contratar<br />
uma adolescente de 16<br />
anos, mãe de um bebê e viúva?<br />
Ninguém queria nem me<br />
namorar! Quando comecei a<br />
receber o INSS dela, eu decidi<br />
que era melhor eu bancar<br />
meus estudos e deixar ela na<br />
escola pública. Isso doeu. Em<br />
quatro anos me formei em<br />
Enfermagem, fiz residência e<br />
hoje eu pago pra ela um dos<br />
melhores colégios da minha<br />
cidade”. Aos pais de jovens<br />
adolescentes ela recomenda:<br />
“Observar. Atenção é tudo.<br />
Eles dão sinal de fuga. Prender<br />
demais é um tiro no pé.<br />
Liberdade demais também.<br />
Precisamos falar a língua<br />
deles. Filhos seguros e esclarecidos<br />
são a herança dos pais”.<br />
Tipos de<br />
violência em<br />
mulheres entre<br />
10 e 19 anos<br />
Fonte: A publicação Viva:<br />
Vigilância de Violência<br />
e Acidentes 2013-2014.<br />
Agressão física<br />
56,5%<br />
Violência sexual<br />
34,1%<br />
Violência<br />
psicológica/moral<br />
27,9%<br />
MARÇO DE <strong>2019</strong> | MÁTRIA | 27