GAZETA DIARIO 801
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16 Foz do Iguaçu, sábado e domingo, 16 e 17 de fevereiro de 2019<br />
Nacional<br />
JUSTIÇA<br />
Brumadinho: operação do MPMG<br />
prende oito funcionários da Vale<br />
Mandados foram cumpridos em Minas, Rio e São Paulo<br />
Carolina Gonçalves<br />
Repórter da Agência Brasil<br />
Oito funcionários da<br />
mineradora Vale foram<br />
presos temporariamente<br />
ontem (15) em uma<br />
operação deflagrada<br />
pelo Ministério Público<br />
de Minas Gerais<br />
(MPMG), com o apoio<br />
das polícias civis e militares<br />
dos estados de<br />
Minas Gerais, São Paulo<br />
e Rio de Janeiro.<br />
Os alvos dos mandados<br />
de prisão cumpridos<br />
ontem são suspeitos<br />
de responsabilidade<br />
criminal pelo rompimento<br />
da Barragem 1<br />
da Mina do Córrego do<br />
Feijão, em Brumadinho.<br />
Entre os presos estão<br />
quatro gerentes e<br />
quatro técnicos diretamente<br />
envolvidos na<br />
segurança e estabilidade<br />
do empreendimento.<br />
Todos ficarão detidos<br />
por 30 dias e serão<br />
ouvidos pelo MPMG<br />
em Belo Horizonte.<br />
Além dos crimes de<br />
homicídio qualificado,<br />
eles poderão responder<br />
por crimes ambientais e<br />
falsidade ideológica.<br />
Estão sendo cumpridos<br />
ainda 14 mandados<br />
de busca e apreensão<br />
Foto: Adriano Machado/ Agência Brasil<br />
A barragem rompeu no dia 25 de janeiro e até 15 de fevereiro 166 mortes<br />
estavam confirmadas e 147 pessoas estavam desaparecidas<br />
nos três estados, incluindo<br />
a sede da empresa<br />
Vale no Rio. Foram levados<br />
pelos agentes<br />
computadores e documentos<br />
em diferentes<br />
endereços.<br />
Também são alvos<br />
dos mandados de busca<br />
e apreensão quatro<br />
funcionários da empresa<br />
alemã Tüv Süd, que<br />
prestou serviços de estabilização<br />
da barragem<br />
rompida para a Vale,<br />
entre eles, um diretor.<br />
"Os documentos e<br />
provas apreendidos serão<br />
encaminhados ao<br />
MPMG para análise. De<br />
acordo com os promotores<br />
de Justiça, as medidas<br />
estão amparadas<br />
em elementos concretos<br />
colhidos até o momento<br />
nas investigações<br />
conduzidas pela forçatarefa<br />
e são imprescindíveis<br />
para a completa<br />
apuração dos fatos", diz<br />
a nota do MPMG.<br />
Em nota, a Vale informou<br />
que continua<br />
colaborando com as autoridades<br />
responsáveis<br />
pelas investigações. "A<br />
Vale permanecerá contribuindo<br />
com as investigações<br />
para a apuração<br />
dos fatos, junta-<br />
mente com o apoio incondicional<br />
às famílias<br />
atingidas."<br />
Há duas semanas, o<br />
MPMG, o Ministério<br />
Público Federal e a Polícia<br />
Federal conduziram<br />
outra ação em decorrência<br />
do rompimento<br />
da barragem de<br />
Brumadinho, que resultou<br />
na prisão temporária<br />
de três funcionários<br />
da Vale responsáveis<br />
pelo empreendimento e<br />
dois engenheiros terceirizados<br />
que atestaram<br />
a segurança da barragem.<br />
Eles já foram liberados.<br />
MPF defende júri popular<br />
para acusados por<br />
tragédia em Boate Kiss<br />
Em manifestação enviada na noite de quinta-feira<br />
(14) ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), o<br />
Ministério Público Federal (MPF) defendeu que os<br />
acusados pela tragédia na Boate Kiss sejam<br />
julgados por júri popular. Em 27 de janeiro de<br />
2013, a casa noturna em Santa Maria (RS) foi<br />
palco de um incêndio no qual 242 pessoas<br />
morreram e outras 636 ficaram feridas.<br />
Até o momento, ninguém foi responsabilizado<br />
criminalmente pela tragédia. Em março do ano<br />
passado, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul<br />
(TJ-RS) acolheu um recurso da defesa dos sócios<br />
da boate e determinou que o caso seja julgado<br />
pelo juiz de uma vara criminal de Santa Maria, e<br />
não por um júri popular, conforme queria o<br />
Ministério Público do Rio Grande do Sul.<br />
O MP-RS e a Associação dos Familiares de Vítimas<br />
e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria<br />
(AVTSM) recorreram ao STJ contra a decisão da<br />
justiça estadual, argumentando que os acusados<br />
foram denunciados por homicídio com motivo<br />
torpe e fútil, crime que deve ser julgado por júri<br />
popular.<br />
O relator do recurso especial no STJ é o ministro<br />
Rogério Schietti, que pediu manifestação do MPF<br />
sobre o assunto. No parecer enviado na quintafeira<br />
(14), o subprocurador-geral da República<br />
Alcides Martins afirmou que deve ser mantida a<br />
competência de um Tribunal do Júri para julgar o<br />
caso, por haver dúvidas razoáveis a respeito do<br />
dolo sobre o crime - ou seja, se os acusados, por<br />
omissão, assumiram o risco da tragédia.<br />
"A acusação, no caso dos autos, não pode ser<br />
considerada, de modo algum, desprovida de lastro<br />
probatório mínimo. Na espécie, não se tem - nem<br />
seria o momento em que se torna exigível -, o juízo<br />
de certeza. Há, contudo, indícios do cometimento<br />
de crimes dolosos contra a vida, o que autoriza a<br />
pronúncia e o prosseguimento do julgamento no<br />
Tribunal do Júri", escreveu o subprocurador.<br />
Entre os acusados como responsáveis pela<br />
tragédia estão os sócios da Boate Kiss, Elissandro<br />
Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, bem<br />
como os músicos Marcelo de Jesus dos Santos e<br />
Luciano Augusto Bonilha Leão, integrantes da<br />
banda Gurizada Fandangueira, que se<br />
apresentava no momento em que começou o<br />
incêndio.<br />
(Felipe Pontes — repórter da Agência Brasil)