GAZETA DIARIO 826
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Foz do Iguaçu, quarta-feira, 20 de março de 2019<br />
Cidade<br />
03<br />
PELA DERRUBADA<br />
Caixa se manifesta sobre as condições<br />
do Conjunto Duque de Caxias em Foz<br />
É aguardada a decisão da Justiça Federal sobre demolição e reconstrução ou pela reforma dos 17 blocos de 136 apartamentos<br />
Ronildo Pimentel<br />
Reportagem<br />
A Caixa Econômica Federal<br />
se manifestou, em ofício<br />
ao juiz da 2ª Vara Federal<br />
de Foz do Iguaçu, sobre<br />
o Conjunto Habitacional<br />
Duque de Caxias. A estrutura,<br />
que é formada por 17<br />
blocos e 136 apartamentos,<br />
está desocupada desde fevereiro,<br />
devido ao risco de desabamento.<br />
O pedido de alvará<br />
para demolição acabou<br />
contestado por advogados<br />
das famílias de mutuários.<br />
A manifestação da Caixa<br />
é resultado de dúvidas da<br />
Procuradoria-Geral do Município<br />
(PGM) e do juiz federal<br />
Rony Ferreira, que deram<br />
prazo para encaminhar<br />
cópia de acordo firmado com<br />
a Defesa Civil, prefeitura e<br />
outros órgãos. No ofício, ao<br />
qual o Gazeta Diário teve<br />
acesso, o banco relata que<br />
também foi alvo, em 28 de<br />
fevereiro, de manifestações<br />
de 17 pessoas afirmando serem<br />
mutuárias do condomínio<br />
e que haviam ajuizado<br />
ação.<br />
As mesmas, segundo a<br />
Caixa, queriam impedir a<br />
demolição, por entenderem<br />
que "necessita de prévio alvará"<br />
da prefeitura e que antes<br />
seria necessário esclarecer,<br />
por laudos, sobre o risco<br />
de desabamento. As<br />
ações, segundo o ofício, buscavam<br />
obrigar o banco a<br />
exibir diversos documentos<br />
relativos ao conjunto, para<br />
Foto: Roger Meireles<br />
Caixa afirma que a demolição e a construção de blocos são<br />
mais baratas e mais rápidas que reforma das estruturas<br />
comprovar que a construção<br />
foi correta e que a decisão<br />
de demolição também está<br />
correta, pois, ao seu ver, "entendem<br />
que a Caixa agiu<br />
com negligência".<br />
Com base nestas afirmações,<br />
o juiz federal pediu informações<br />
no prazo de cinco<br />
dias. A Caixa informa<br />
que não procedem os argumentos,<br />
uma vez que parte<br />
deles "está baseada em suposições",<br />
já que não se<br />
manteve inerte nem negligente<br />
diante da situação.<br />
"É necessário frisar desde<br />
logo que o FAR (Fundo<br />
de Arrendamento Residencial)<br />
pagará a cada família<br />
do C.H. Duque de Caxias o<br />
valor mensal de R$ 890 para<br />
custear as despesas com aluguel<br />
durante o tempo que<br />
for necessário até que recebam<br />
nova moradia, ficando<br />
suspensa a cobrança das<br />
prestações de financiamentos",<br />
esclarece o banco.<br />
Sobre a urgência na demolição,<br />
a Caixa informa<br />
que quanto mais rápido<br />
ocorrer, "mais rápido" vai<br />
possibilitar "a edificação de<br />
moradias novas que satisfaçam<br />
o direito social à habitação"<br />
das famílias. O<br />
condomínio, inaugurado no<br />
final de 2012, foi construído<br />
para abrigar famílias<br />
com renda mensal de até R$<br />
1,6 mil.<br />
"O município de Foz do<br />
Iguaçu, após aderir ao programa,<br />
participou do empreendimento<br />
fornecendo infraestrutura<br />
básica e selecionando<br />
as famílias de baixa<br />
renda para serem beneficiárias<br />
do programa", destaca o<br />
ofício. A obra foi executada<br />
pela Loibrás S/A, vencedora<br />
da licitação.<br />
Problemas<br />
A partir de 2014, reporta<br />
o banco, passaram a ser registrados<br />
problemas no conjunto.<br />
Das 140 ocorrências<br />
citadas, 66 eram relativas à<br />
presença de trincas, fissuras<br />
e infiltrações generalizadas<br />
no empreendimento. A construtora,<br />
ao ser acionada, executou<br />
reparos, que não contiveram<br />
os danos.<br />
A Caixa informa que solicitou<br />
estudos técnicos para<br />
apurar as causas dos problemas.<br />
Em laudos, realizados<br />
pela MMC Consultorias e<br />
Projetos, foram apontadas<br />
falhas na fundação dos blocos<br />
— as vigas e as barras<br />
de aço estavam com as dimensões<br />
e diâmetros menores<br />
que os necessários.<br />
Um Relatório Técnico de<br />
Engenharia Diagnosticada<br />
foi elaborado em 22 de junho<br />
de 2016 confirmando as<br />
falhas na construção. No<br />
dia 14 de junho de 2017, um<br />
novo Laudo de Avaliação<br />
Estrutural foi elaborado indicando<br />
a necessidade de reparos<br />
"buscando evitar um<br />
possível colapso da estrutura<br />
porque a mesma apresenta<br />
um quadro patológico<br />
que leva a este risco".<br />
Em setembro de 2018, a<br />
Gerência Nacional de Padronização<br />
e Normas Técnicas<br />
da Construção Civil<br />
(Gehpa) emitiu manifestação<br />
conclusiva sobre a situação<br />
indicando que "o real<br />
risco de colapso diagnosticado"<br />
confirma a necessidade<br />
de que sejam tomadas<br />
medidas imediatas para recomposição<br />
estrutural do<br />
conjunto.<br />
Providências<br />
Desde então, a Caixa informou que<br />
adotou medidas. Incluiu a Loibrás e<br />
responsáveis técnicos no cadastro<br />
restritivo do banco, iniciou<br />
procedimento interno para ajuizar<br />
processo de indenização contra a<br />
construtora e determinou abertura de<br />
processo administrativo para apurar<br />
eventual responsabilidade de<br />
empregados. Também foram realizadas<br />
reuniões com a prefeitura, Defesa Civil<br />
e polícias Militar e Federal.<br />
Como resultado, no dia 20 de fevereiro<br />
deste ano, a Caixa recebeu notificação<br />
da Defesa Civil solicitando a<br />
desocupação dos imóveis, fato<br />
concluído em 1º de março. O banco<br />
informa ainda que o valor pago pelo<br />
FAR, com aluguéis sociais no primeiro<br />
mês, alcançou R$ 99,6 mil e contemplou<br />
112 famílias. Também foram investidos<br />
R$ 1,7 mil nas despesas de mudança de<br />
cinco famílias.<br />
A Caixa ainda informa que já orçou os<br />
custos para remoção dos entulhos,<br />
licenças, Plano de Gerenciamento de<br />
Resíduos da Construção Civil (PGRCC),<br />
no valor de R$ 125,5 mil, que vai indicar<br />
o local para onde vai o lixo. Os dados<br />
deverão ser aprovados pela Secretaria<br />
Municipal de Meio Ambiente, antes da<br />
emissão do alvará.<br />
Em relação à demolição ou recuperação<br />
dos imóveis, a Caixa destaca que<br />
realizou orçamentos para saber qual<br />
caminho seguir. A conclusão indicou que<br />
"o custo e o tempo para reformar o<br />
conjunto habitacional seriam superiores<br />
ao custo e ao tempo para demolir e<br />
edificar um novo", diz o ofício. A decisão<br />
final caberá ao FAR, conclui o banco.<br />
A prefeitura aguarda manifestação da<br />
Justiça Federal para autorizar ou não a<br />
demolição.<br />
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