GAZETA DIARIO 834
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06 Opinião Foz do Iguaçu, sexta-feira, 29 de março de 2019<br />
Nervosinhos<br />
A troca de farpas entre Rodrigo Maia e Jair<br />
Bolsonaro se parece com o roteiro da série<br />
Designated Survivor. Em outras palavras, retrata a<br />
impotência dos líderes políticos frente à crise e<br />
como baixam o nível quando são cobrados pela<br />
sociedade. Não deveria fazer parte do vocabulário<br />
de Maia que o presidente está "brincando de<br />
governar", e muito menos Bolsonaro poderia mencionar<br />
o nervosismo do presidente da Câmara em<br />
razão da prisão do sogro. Esse norteamento da<br />
reforma previdenciária está balançando o coreto,<br />
isso sim.<br />
Barrados no baile<br />
O que é muito estranho a esta altura é a Presidência<br />
da República convocar uma coletiva e não<br />
deixar os principais meios de comunicação do país<br />
participarem. A Globo precisou pedir imagens emprestadas.<br />
Será que isso funciona? Tem gente no<br />
governo acreditando que sim.<br />
Festim<br />
O economista Paulo Guedes parece sair da linha<br />
com facilidade. Revelou que não foi à CCJ porque<br />
levaria "pedradas de aliados". Segundo a base<br />
aliada, ele deu ouvido a boatos, o que é algo muito<br />
feio para alguém naquela posição. E a ameaça<br />
velada de deixar o governo, caso a "reforma" não<br />
caminhe, é pior ainda. Neste caso, balançou o coreto<br />
e os coqueiros em volta.<br />
Enquanto isso...<br />
...as bolsas despencam, o dólar aumenta, os<br />
indicadores inspiram cuidados, sobretudo em caso<br />
de "paralisia do país", como argumentam alguns<br />
empresários e gestores econômicos. Há um medão<br />
danado de desabastecimento durante um período<br />
tão "sensível". E isso pode desabrochar daqui alguns<br />
dias, quando a Petrobras anunciar o controle<br />
quinzenal nos preços óleo diesel.<br />
Variação do diesel<br />
Os caminhoneiros e demais usuários do combustível,<br />
no início, sentiram-se um pouco aliviados<br />
com a prerrogativa da Petrobras. Mas ontem contaram<br />
para o Corvo que os sindicatos das categorias<br />
espalhados em todo o país entraram em módulo<br />
de atenção, o que seria uma luz passando do verde<br />
para o amarelo: dependendo do valor reajustado<br />
após a primeira quinzena, pode haver greve nacional.<br />
Vamos ficar de olho, porque paralisação de<br />
caminhoneiro a gente já sabe no que dá.<br />
31 de março<br />
As mentes fantasiosas entraram em ação: andaram<br />
espalhando em algumas redes sociais uma<br />
nova besteira: o general Mourão assumiria a presidência<br />
do país definitivamente daqui a dois dias!<br />
Portanto, se isso for verdade e os ritos democráticos<br />
obedecidos, Jair Bolsonaro tem apenas 48 horas<br />
para decidir se fica ou não! O anúncio das comemorações<br />
nos quartéis seria uma espécie de<br />
código para entrarem em plantão! Quanta<br />
criatividade! Primeiro, Bolsonaro não desistirá nunca;<br />
segundo, o vice-presidente tem uma fala tão<br />
democrática, que deve fazer os ossos de Emílio<br />
Garrastazu Médici tremerem na tumba; terceiro,<br />
os militares, com toda a tecnologia de comunicação<br />
que possuem, não precisam avisar os quartéis<br />
pela televisão. Quem fica inventando esse tipo<br />
de coisa não pensa no país nem nas consequências<br />
de um besteirol assim.<br />
A celebração<br />
Corvo, você é a favor ou contra<br />
a celebração da revolução de 1964<br />
nos quartéis? E gostaria de saber:<br />
como o senhor considera aquele<br />
movimento? Foi um golpe militar?<br />
Queria muito saber a sua opinião.<br />
Estou curioso.<br />
Laerte Robertson<br />
O Corvo responde: caro leitor,<br />
este Corvo era bem pequenino em<br />
1964, ainda usava chupeta e fraldas,<br />
mas nem por isso deixa de estudar<br />
a história do Brasil. Há um<br />
farto material e, junto, a análise de<br />
pessoas sérias e muito credenciadas<br />
sobre o que aconteceu. Os militares<br />
assumiram o poder e, como isso não<br />
ocorreu por meio de eleições, não<br />
foi também um ato democrático. Por<br />
outro lado, quando houve a "revolução",<br />
governadores, instituições,<br />
meios de comunicação, sindicatos e<br />
até a população aplaudiram a iniciativa,<br />
que visava a "proteger o país<br />
e a democracia" que nele havia. O<br />
general Humberto de Alencar Castelo<br />
Branco chegou a declarar que a<br />
intervenção seria curta, no entanto<br />
durou mais de 20 anos. Mas era uma<br />
outra época, um outro tempo, o<br />
mundo estava dividido, no auge da<br />
guerra fria. E os políticos da época<br />
atiçaram o país, como foi o caso<br />
de Jânio Quadros condecorar Che<br />
Guevara e João Goulart declararse<br />
comunista, entre outras muitas<br />
situações. Mas hoje o que está criando<br />
certa confusão é o fato de o<br />
porta-voz do governo, general<br />
Otávio Rego Ramos (que ainda nem<br />
havia nascido em 64), anunciar a<br />
comemoração. Isso poderia muito<br />
bem ocorrer por meio de um aviso<br />
aos quartéis. No Brasil de tantas<br />
querências, composto de um mosaico<br />
político igual a uma caixa de<br />
lápis de cor, qualquer manifestação<br />
se torna polêmica. Temos de<br />
aprender a lidar com isso sem tanto<br />
barulho.<br />
Hard Rock em Foz<br />
A rede americana Hard Rock Hotel anunciou a construção<br />
de um complexo hoteleiro na BR-469, e será a<br />
toque de caixa se a intenção for inaugurar em 2025.<br />
Para localizar um pouco mais o leitor, a área de 245 mil<br />
metros quadrados onde existirá o Hard Rock Hotel Foz<br />
do Iguaçu pertence ao empresário Kamal Osman; fica<br />
ao lado do Hotel Carimã e com os fundos para o Clube<br />
Hípico. Pode ser que, com um projeto assim, resolvam<br />
o problema da travessia no trecho, que é uma tortura<br />
para os moradores.<br />
Ecos de um assassinato<br />
A polícia trata o assunto como latrocínio,<br />
ou seja, roubo seguido de morte.<br />
Os autores dessa barbárie contra um<br />
profissional taxista, pessoa muito querida<br />
em Foz, seriam Maicon Edson Marques<br />
Ribeiro da Rosa, de 23 anos, detido<br />
na quarta-feira, e Jonathan Souza da Silva,<br />
de 30 anos, que até o fechamento<br />
desta coluna estava sendo procurado<br />
pela polícia e caçado pelos amigos da<br />
vítima. Maicon confessou o crime e entregou<br />
o comparsa; que, aliás, é "pinta<br />
braba", com passagens pela polícia.<br />
De bicicleta<br />
Corvo, fiquei muito abalada com o assassinato<br />
do seu Laurindo. Não quero<br />
lançar aqui um alarme falso, mas uma<br />
amiga diz que jura ter visto um dos suspeitos<br />
numa bicicleta nas imediações da<br />
Ponte Tancredo Neves. Só falta um meliante<br />
desses escapar para outro país. No<br />
mais, olhando a televisão e ouvindo os<br />
depoimentos, entendi que muitos<br />
taxistas estão pedindo mais segurança,<br />
mas pergunto: que tipo de segurança impediria<br />
dois malucos, certamente drogados,<br />
de praticarem uma barbaridade<br />
daquelas?<br />
Raquel Medeiros<br />
O Corvo responde: a população ficou<br />
tocada com o trágico acontecimento. Muitas<br />
pessoas atuaram inclusive nas redes<br />
sociais divulgando fotos, trechos do registro<br />
das câmeras; a mobilização foi grande.<br />
Bom seria se a comunidade agisse desta<br />
maneira em todos os casos violentos ou<br />
criminosos. O Corvo agradece a colaboração.<br />
Mas sobre clamarem por segurança,<br />
isso está correto. Se houvesse mais controle,<br />
elementos assim não circulariam livremente<br />
com uma arma na cintura; outros<br />
casos não teriam ocorrido; e os nervos<br />
não estariam à flor da pele. Qualquer<br />
medida preventiva na área de segurança<br />
— policiamento mais ostensivo e câmeras<br />
nos veículos que prestam serviços de mobilidade<br />
— ajudaria na intimidação de alguns<br />
atos. Algo precisa ser feito.<br />
Origem das Cataratas<br />
Corvo, que coisa, hein? Mais um<br />
livro sobre a origem das Cataratas?<br />
Estamos cansados de saber que<br />
elas existem graças ao caso entre<br />
a Naipi e o Tarobá, cujas safadezas<br />
revoltaram a cobra gigante, que de<br />
tão "p" da cara cavou um buraco<br />
para se enfiar de vergonha e assim<br />
formou as quedas. Será que tem<br />
algo novo nessa história que a gente<br />
ainda não sabe?<br />
Alaor Feitosa<br />
O Corvo responde: há dias em<br />
que este colunista chega a uma conclusão:<br />
nossa caixa postal virou o<br />
penico de alguns leitores, por favor!<br />
Meu caro Alaor, o livro que será lançado<br />
hoje, na Fundação Cultural, é<br />
um documento científico, escrito e endossado<br />
por grandes autoridades em<br />
geociências. O conteúdo, uma valorosa<br />
pesquisa de três décadas, retrata<br />
a evolução da região nos últimos<br />
cinco milhões de anos.<br />
Sopradores de sujeira<br />
Você tem razão, seu Corvo, esses<br />
"assopradores" de folhas são<br />
mesmo uma tragédia. Algum vereador<br />
deveria proibir o uso desse<br />
equipamento no território<br />
iguaçuense, já que queremos ser<br />
um exemplo de cidade ambiental.<br />
E no mais, o senhor já viu aquele<br />
caminhão de limpar meio-fio funcionando?<br />
É um disparate! Outro dia<br />
estava num boteco com os amigos<br />
e precisamos mudar de mesa. E<br />
quando passa o caminhão de lixo é<br />
pior, com o cheiro do chorume que<br />
derrama na rua. Limpar, seu Corvo,<br />
não deveria causar tantos transtornos<br />
assim.<br />
Valdecir Pinheiro<br />
O Corvo responde: prezado, segundo<br />
informaram ao Corvo, a empresa<br />
que faz a coleta de resíduos na<br />
cidade lava os caminhões todos os<br />
dias. O problema está na quantidade<br />
de lixo e o que colocam dentro<br />
dos sacos plásticos. O limpador de<br />
meio-fio, o triturador de galhos e os<br />
sopradores fazem barulho, mas nenhum<br />
incomoda tanto quanto os<br />
liquidificadores em alguns restaurantes!<br />
Quem inventar um liquidificador<br />
que não encha o saco do freguês vai<br />
ficar milionário! A audição dos<br />
iguaçuenses anda um tanto sensível<br />
ultimamente. A propósito, vereador<br />
não proíbe coisa alguma, ele cria leis,<br />
que depois de sancionadas são ou<br />
não obedecidas.<br />
Letrinhas muito<br />
pequenas<br />
Prezado colunista Corvo, aqui<br />
vai uma reclamação; mais uma sugestão<br />
do que outra coisa. Aposto<br />
que a maioria dos seus leitores e<br />
do jornal possui mais de 50 anos e<br />
de certa forma precisa esticar o<br />
braço para conseguir algumas matérias.<br />
Eu, por exemplo, não consigo<br />
ler o número das páginas das<br />
matérias quando vejo as manchetes.<br />
Corvo, pede para aumentarem<br />
um pouco as letras, por favor!<br />
Antônico Biga Soares<br />
O Corvo responde: seu pedido é<br />
uma ordem, prezado. De fato, algumas<br />
letras são pequenas. O jornal<br />
está atravessando uma reforma gráfica,<br />
editorial e eletrônica, e está providenciando<br />
um aumento do corpo<br />
em algumas chamadas. Obrigado<br />
pela dica!