TRÍDUO PASCAL: TRIUNFO DO AMOR Texto: Padre Dário Pedroso \\ Foto: ARquivo Institucional <strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS <strong>março</strong>/<strong>abril</strong> ’19 10
Temos que ir sempre à fonte, ao princípio e fundamento da vida, da fé, da esperança, da caridade. E essa fonte é o Amor. Deus, como escreveu S. João na sua Primeira Carta (4, 8), é Amor, fonte divina de toda a graça, de toda a comunhão e unidade, de toda a paz e alegria. Deus, que é Amor, só quer e sabe amar. Jesus veio revelar em palavras e gestos o amor trinitário. Toda a sua vida como Verbo encarnado, Jesus de Nazaré, foi o Amor a amar com coração humano. Cada página do Evangelho, desde a Encarnação até à Ascensão, nos revela o amor de Jesus. Amor que se revela na sua oração, nos seus discursos, nos seus milagres, no seu perdão, na ternura com as crianças, nas lágrimas que chorou, na pobreza que viveu, nos insultos que sofreu, na fome e sede que passou, etc. Mas sobretudo no tríduo pascal revela-se a mais eloquente prova do seu amor, o triunfo sobre o mal, a vitória sobre o pecado, a fonte inesgotável do amor, simbolizado no seu Coração aberto. Desde a Quinta-feira Santa, com o lava-pés, em gesto humilde do Mestre e Senhor que Se ajoelha e lava os pés, a instituição da Eucaristia e da Ordem e a oração sacerdotal, passando pela Sexta-feira Santa, com a Paixão que termina na Crucifixão e Morte, com o grito da misericórdia, com o perdão ao bom ladrão, com a sede que revela, com o abandono com que morre entregando-Se ao Pai, com a vida entregue e o sangue derramado, com o seu Coração aberto pela lança do soldado, até à Ressurreição em Domingo de Páscoa, sendo fonte de paz e alegria, de vida nova, de amor renovado, de contínua presença de muitos modos, pois está Vivo... o tríduo pascal faz-nos contemplar toda a riqueza deste amor, o tríduo revela-nos o triunfo do amor da Trindade. O tempo pascal coloca diante de nós as diversas aparições do Ressuscitado, a Ascensão, a descida do Espírito em línguas de fogo, no dia de Pentecostes, como também os primeiros discursos, os primeiros milagres feitos pelos apóstolos, as primeiras conversões, o início da expansão da Igreja. Faz-nos conhecer melhor e contemplar a vida das comunidades primitivas, a conversão e o apostolado de S. Paulo, o martírio dos primeiros cristãos, o primeiro Concílio em Jerusalém. As testemunhas da vida, morte e ressurreição de Jesus começam a sua entrega a Ele e ao apostolado, vivem a paixão pela Igreja, desejam dar a conhecer o seu Senhor e Redentor, vivo e glorioso. Tempo pascal com vivências maravilhosas de alegria, de paz, de anúncio audacioso e apaixonado. Aqui se deve centrar a Igreja de hoje para viver a esperança de um mundo novo, mais pacífico, mais alegre, mais fraterno e mais justo. O amor pascal transformará o mundo e converterá a vida das pessoas, das famílias, das comunidades, da Igreja e da Humanidade. No amor e no tempo pascal, até ao Pentecostes, prolongado na vivência da Igreja até hoje, continua em nós e nas nossas comunidades o amor louco vivido por Jesus no tríduo pascal. Somos cristãos e cristãs que, individualmente, em família e comunidades, vivemos hoje, de muitos modos, o mistério pascal, na nossa vida eucarística e sacerdotal, no lavapés quotidiano e no pão repartido, na ceia celebrada, na caridade vivida; vivemo-lo na dor e na cruz levadas com amor e oferecidas pela salvação do mundo sempre em mistério de Sexta-feira Santa, alegrando-nos em nos identificarmos com o Mestre; e em alegria de Páscoa, tornando presente o Ressuscitado na fé que vivemos, na esperança que semeamos, na paz, na alegria e na caridade que acalentamos no coração e distribuímos pelos outros. Nascemos na manhã de Páscoa e queremos viver em atitude pascal cada momento da vida quotidiana. Somos seres pascais, homens e mulheres pascais, alimentando-nos do Cordeiro pascal e querendo dar-nos à sua semelhança, o Cordeiro imolado na Cruz, para que o mundo tenha a vida nova do Senhor Ressuscitado, para continuarmos a proclamar: «honra, louvor e glória ao Cordeiro». A Eucaristia é atualização contínua da Ceia, da Cruz, da vitória pascal. <strong>Jornal</strong> MÃOS UNIDAS <strong>março</strong>/<strong>abril</strong> ’19 11