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X Conferência JB - Cerâmica no Coração da Bairrada

Num concelho onde a Cerâmica se assume como uma das principais âncoras da economia local, fazia sentido promover uma iniciativa dirigida aos empresários e outros players do setor. O X Jantar Conferência do Jornal da Bairrada, em parceria com o Município de Oliveira do Bairro, não esquecendo o valor desta atividade para a região, convidou um painel de especialistas para abordar os novos desafios que se colocam à economia em geral e ao setor em particular. A necessidade de um novo paradigma, assente numa economia mais sustentável, exigida pelas sociedades modernas, obriga a que o tecido empresarial procure respostas produtivas mas menos nefastas para o ambiente. É esse o propósito da economia circular, que, do resíduo ao recurso, confere inovação a uma atividade ancestral como é a Cerâmica.

Num concelho onde a Cerâmica se assume como uma das principais âncoras da economia local, fazia sentido promover uma iniciativa dirigida aos empresários e outros players do setor.
O X Jantar Conferência do Jornal da Bairrada, em parceria com o Município de Oliveira do Bairro, não esquecendo o valor desta atividade para a região, convidou um painel de especialistas para abordar os novos desafios que se colocam à economia em geral e ao setor em particular.
A necessidade de um novo paradigma, assente numa economia mais sustentável, exigida pelas sociedades modernas, obriga a que o tecido empresarial procure respostas produtivas mas menos nefastas para o ambiente. É esse o propósito da economia circular, que, do resíduo ao recurso, confere inovação a uma atividade ancestral como é a Cerâmica.

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XII<br />

Jornal <strong>da</strong> Bairra<strong>da</strong><br />

11 | abril | 2019<br />

X Jantar <strong>Conferência</strong><br />

MARISA XXXX ALMEIDA, VICTOR FRANCISCO - CTCV<br />

o coração <strong>da</strong> Bairra<strong>da</strong><br />

Eco<strong>no</strong>mia Circular, do resíduo ao recurso<br />

à otimização <strong>da</strong> utilização de recursos.<br />

Nos últimos tempos, temos assistido a<br />

uma pressão quantitativa sobre os recursos<br />

naturais, objeto de preocupação social e de<br />

estudos científicos, contribuindo para uma<br />

perspetiva interdisciplinar e diferente orientação<br />

sobre o desenvolvimento mundial.<br />

As tendências atuais de crescimento<br />

populacional, aumento <strong>da</strong> procura e<br />

consequente pressão <strong>no</strong>s recursos naturais<br />

têm vindo, assim, a salientar a necessi<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des modernas desenvolverem<br />

um paradigma mais sustentável.<br />

circulares de reutilização, restauração e re<strong>no</strong>vação, num processo integrado. Tem em vista uma<br />

ação mais ampla, desde do redesenho de processos, produtos e <strong>no</strong>vos modelos de negócio até<br />

Resíduos<br />

Reciclagem<br />

Matérias-primas<br />

ECONOMIA<br />

CIRCULAR<br />

Design<br />

Produção<br />

Distribuição<br />

O modelo económico <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong>de, baseado numa<br />

abor<strong>da</strong>gem linear de “recolha, transformação e eliminação”<br />

(Figura 1), onde todos os produtos atingem eventualmente<br />

um estatuto de “fim de vi<strong>da</strong> útil”, está a atingir<br />

os seus limites físicos face à escassez de recursos para satisfazer<br />

as necessi<strong>da</strong>des presentes (Almei<strong>da</strong> et al, 2016).<br />

Neste tipo de eco<strong>no</strong>mia linear, a vi<strong>da</strong> útil dos materiais<br />

é muito curta, sendo transformados em resíduos num reduzido<br />

período de tempo, o que contribui para uma eleva<strong>da</strong><br />

produção de resíduos, originando diversos problemas<br />

ambientais, sociais e económicos.<br />

A solução alternativa para minimizar consumos de materiais<br />

e per<strong>da</strong>s de energia, será um <strong>no</strong>vo modelo económico<br />

que funcione em circuitos fechados, catalisados pela<br />

i<strong>no</strong>vação ao longo de to<strong>da</strong> a cadeia de valor.<br />

A transição para uma eco<strong>no</strong>mia circular redireciona<br />

o foco para a reutilização, reparação, re<strong>no</strong>vação e<br />

reciclagem dos materiais e produtos existentes, ou seja,<br />

o que era visto como um “resíduo” pode ser transformado<br />

num recurso.<br />

A Eco<strong>no</strong>mia Circular (Figura 2) consiste numa “resposta<br />

ao desejo de um crescimento sustentável <strong>no</strong> contexto<br />

<strong>da</strong> pressão crescente que a produção e o consumo exercem<br />

sobre o ambiente e os recursos mundiais” (CE, 2014).<br />

É regenerativa e restaurativa por princípio, tendo como<br />

objetivo manter produtos, componentes e materiais <strong>no</strong><br />

seu mais alto nível de utili<strong>da</strong>de e valor ao longo do tempo<br />

(Ellen MacArthur Foun<strong>da</strong>tion, 2012).<br />

Esta transição oferece diversos mecanismos de criação<br />

de valor dissociados do consumo de recursos finitos,<br />

substituindo o conceito de fim-de-vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> eco<strong>no</strong>mia linear,<br />

por <strong>no</strong>vos fluxos circulares de reutilização, restauração<br />

e re<strong>no</strong>vação, num processo integrado. Tem em vista<br />

uma ação mais ampla, desde o redesenho de processos,<br />

produtos e <strong>no</strong>vos modelos de negócio até à otimização <strong>da</strong><br />

utilização de recursos.<br />

A eco<strong>no</strong>mia circular assume-se como uma forma de<br />

Artigo de opinião<br />

Figura Figura 2 - 2 Eco<strong>no</strong>mia - Eco<strong>no</strong>mia Circular Circular<br />

A eco<strong>no</strong>mia circular assume-se como uma forma de contribuir para a mitigação e a<strong>da</strong>ptação às<br />

contribuir para a mitigação e a<strong>da</strong>ptação às alterações verde (DEGREN_DEsign & Green ENgineering), que<br />

climáticas,<br />

alterações<br />

baseando-se<br />

climáticas,<br />

na eficiente<br />

baseando-se<br />

gestão e<br />

na<br />

uso<br />

eficiente<br />

dos recursos,<br />

responder mas capaz à gradual de responder necessi<strong>da</strong>de à gradual de necessi<strong>da</strong>de produção de bens • Ativi<strong>da</strong>de de consumo. 1: Mapeamento Este de <strong>no</strong>vo Recursos paradigma, e Observatório de<br />

inclui<br />

gestão<br />

várias<br />

e<br />

ativi<strong>da</strong>des:<br />

uso dos recursos, mas capaz de<br />

de organização produção de bens <strong>da</strong>s de ativi<strong>da</strong>des consumo. económicas Este <strong>no</strong>vo paradigma, e sociais, tem de ECODESIGN; vindo, <strong>no</strong>s últimos tempo, a gerar reações<br />

de organização <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des económicas e sociais, tem • Ativi<strong>da</strong>de 2: Capacitação e Serviços a Empresas em<br />

vindo, <strong>no</strong> <strong>no</strong>s mercado últimos e tempos, motivado a gerar o reações aparecimento <strong>no</strong> mercado de e <strong>no</strong>vas ECODESIGN; eco<strong>no</strong>mias e mesmo modificações <strong>no</strong>s<br />

motivado modelos o aparecimento de negócio de <strong>da</strong>s <strong>no</strong>vas empresas eco<strong>no</strong>mias e e próprio mesmo comportamento • Ativi<strong>da</strong>de 3: Laboratório dos consumidores. de Projetos Técnicos em<br />

modificações <strong>no</strong>s modelos de negócio <strong>da</strong>s empresas e <strong>no</strong> ECODESIGN.<br />

próprio Para comportamento tal, é fun<strong>da</strong>mental dos consumidores. que as empresas adotem • práticas Ativi<strong>da</strong>de de 4: Pla<strong>no</strong> eco-design, Estratégico com e de o Internacionalização<br />

em ECODESIGN.<br />

objetivo de<br />

Para tal, é fun<strong>da</strong>mental que as empresas adotem práticas<br />

de ecodesign, com o objetivo de maximizar a efi-<br />

maximizar a eficiência <strong>no</strong> uso de recursos e que os seus produtos sejam concebidos tendo em<br />

ciência conta <strong>no</strong> a uso sua de durabili<strong>da</strong>de, recursos e que os reparação, seus produtos desmantelamento sejam No campo e aproveitamento <strong>da</strong> valorização de resíduos, de materiais. o CTCV E tem os efetuado<br />

de consumo, uma série de privilegiando ensaios de incorporação a partilha de resíduos e a<br />

concebidos consumidores tendo em devem conta a sua alterar durabili<strong>da</strong>de, os seus reparação, hábitos<br />

desmantelamento e aproveitamento de materiais. E os tão diversificados como lamas de ETAR, lamas de ETA,<br />

durabili<strong>da</strong>de.<br />

consumidores devem alterar os seus hábitos de consumo, resíduos de celulose, resíduos florestais, pó de cortiça, resíduos<br />

<strong>da</strong> indústria metalúrgica, cinzas volantes, lamas<br />

privilegiando a partilha e a durabili<strong>da</strong>de.<br />

Eco<strong>no</strong>mia circular na indústria cerâmica de curtumes, lamas de corte de pedra natural, resíduos<br />

ECONOMIA CIRCULAR<br />

de lâmpa<strong>da</strong>s fluorescentes, etc., em materiais cerâmicos<br />

NA Existem INDÚSTRIA vários CERÂMICA exemplos de eco<strong>no</strong>mia circular principalmente estu<strong>da</strong>dos ou <strong>no</strong> subsetor em aplicação, <strong>da</strong> cerâmica na estrutural, indústria pavimento<br />

como e agregados estratégias leves. de ecodesign, simbioses<br />

Existem cerâmica, vários <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente exemplos de eco<strong>no</strong>mia i<strong>no</strong>vações circular classifica<strong>da</strong>s estu<strong>da</strong>dos<br />

ou em aplicação, na indústria cerâmica, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente<br />

industriais, i<strong>no</strong>vações extensão classifica<strong>da</strong>s do como ciclo de estratégias vi<strong>da</strong>, ecoeficiência de eco-<br />

cerâmicos e valorização em matéria de de resíduos custos e e materiais, subprodutos., muitas em-<br />

Apesar <strong>da</strong>s vantagens proporciona<strong>da</strong>s aos fabricantes<br />

design, entre simbioses outras. industriais, extensão do ciclo de vi<strong>da</strong>, presas quando pretendem colocar em prática as estratégias<br />

de eco<strong>no</strong>mia circular na indústria cerâmica, são con-<br />

ecoeficiência e valorização de resíduos e subprodutos,<br />

entre Salienta-se outras. ain<strong>da</strong> que o CTCV encontra-se envolvido fronta<strong>da</strong>s <strong>no</strong> com desenvolvimento obstáculos técnicos como de um incerteza centro quanto<br />

Salienta-se ain<strong>da</strong> que o CTCV encontra-se envolvido à sua quali<strong>da</strong>de, podendo ser difícil determinar os níveis<br />

transfronteiriço para favorecer a geração de <strong>no</strong>vos modelos de negócio baseados <strong>no</strong> Ecodesign,<br />

<strong>no</strong> desenvolvimento de um centro transfronteiriço para de impurezas ou a adequação para uma reutilização e<br />

favorecer a geração de <strong>no</strong>vos modelos de negócio baseados<br />

<strong>no</strong> Ecodesign, na eco<strong>no</strong>mia circular e na eco<strong>no</strong>mia transição para uma eco<strong>no</strong>mia<br />

ain<strong>da</strong> obstáculos legais e burocráticos dificultando esta<br />

circular.<br />

Marisa Almei<strong>da</strong>, Victor Francisco, CTCV – Centro Tec<strong>no</strong>lógico <strong>da</strong> <strong>Cerâmica</strong> e do Vidro<br />

Consumo<br />

Reutilização<br />

Reparação<br />

Nos últimos tempos temos assistido a uma pressão quantitativa sobre os recursos naturais,<br />

objeto de preocupação social e de estudos científicos, contribuindo para uma perspetiva<br />

interdisciplinar e diferente orientação sobre o desenvolvimento mundial.<br />

As tendências atuais de crescimento populacional, aumento <strong>da</strong> procura e consequente pressão<br />

<strong>no</strong>s recursos naturais têm vindo, assim, a salientar a necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des modernas<br />

desenvolverem um paradigma mais sustentável.<br />

O modelo económico <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong>de, baseado numa abor<strong>da</strong>gem linear de “recolha,<br />

transformação e eliminação” (Figura 1), onde todos os produtos atingem eventualmente um<br />

estatuto de “fim de vi<strong>da</strong> útil”, está a atingir os seus limites físicos face à escassez de recursos<br />

para satisfazer as necessi<strong>da</strong>des presentes (Almei<strong>da</strong> et al, 2016).<br />

Recolha<br />

EXTRAÇÃO PRODUÇÃO DISTRIBUIÇÃO CONSUMO RESÍDUO<br />

DESPERDÍCIO<br />

DE RECURSOS<br />

Figura Figura 1 - 1 - Eco<strong>no</strong>mia linear linear<br />

Neste tipo de eco<strong>no</strong>mia linear a vi<strong>da</strong> útil dos materiais é muito curta, sendo transformados em

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