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217 | Revista Viva S/A | Junho 2019

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da própria família. Não consigo compreender o jovem como um<br />

ser apartado e isolado; pelo contrário, ele, muitas vezes, carrega<br />

em si mesmo “chaves” muito importantes para o entendimento da<br />

dinâmica familiar e de toda a sua herança ancestral.<br />

Faço um convite à reinvenção das relações<br />

a partir da escuta empática<br />

André Aly criou o @acompanhantedepercurso<br />

passar uma mensagem a eles. Porém, obviamente eu passo, não<br />

tem como. Só a minha presença, por si, já traz muitas notícias. E é<br />

aí, justamente, que está o cerne da questão. A molecada é sagaz em<br />

identificar as incoerências de qualquer adulto na posição de autoridade.<br />

Eles nos provocam porque, de algum modo, nos revelam, a<br />

todo o instante, a nossa própria falta de clareza. Costumamos falar<br />

uma coisa e agir completamente diferente. Imagine o sentir, então!<br />

Esta é uma das premissas do meu trabalho: o compromisso ético<br />

com a sinceridade na relação estabelecida. Sair desta condição de<br />

super educador e reconhecer que eu também erro. Sou constantemente<br />

convidado a me observar e a rever o que é coerente para<br />

mim, ou seja, o que está consoante com aquilo que sinto, penso,<br />

falo e faço. É um exercício tremendo.<br />

Sua abordagem de educação busca consonância com os valores<br />

passados pelos pais a seus filhos?<br />

Uma coisa eu percebo, pela experiência em escolas e em outros<br />

projetos educacionais não escolares: os pais e familiares são<br />

fundamentais neste trabalho com os jovens. Sem eles, sinto como<br />

se estivesse enxugando gelo. Não resolve, efetivamente. Por isso<br />

que, anteriormente e durante o processo com a criança ou jovem, o<br />

encontro para alinhamento com os pais é crucial. Este é um trabalho<br />

que convoca frequentemente a família para reuniões de compreensão<br />

e orientação - indispensáveis! Até porque o que acontece<br />

com a criança e adolescentes revela algo sistêmico das relações<br />

Divulgação<br />

Quais são suas técnicas de ensino em um mundo no qual o respeito<br />

aos pais, avós, aos professores e mais velhos parece, em<br />

muitos casos, assumir o segundo plano em nossa sociedade?<br />

Esse é um processo tão crônico, complexo, e que se arrasta por<br />

tanto tempo... Portanto, não ouso “inventar a roda”, mas o importante<br />

é ressaltar que existem outros tantos projetos de impacto social<br />

na educação esperando para serem vistos. Isto é importante. Outro<br />

ponto que trago é que, casos de desrespeito aos professores, por<br />

exemplo, refletem a necessidade de repensarmos profundamente<br />

quais sementes temos plantado; o que essas situações revelam do<br />

nosso modelo de sociedade; o que é autoridade; como ser legítimo<br />

na autoridade. Que tempo é esse onde as qualidades de presença se<br />

esvaziam a todo instante e enchem as redes sociais? Não nos vemos<br />

mais, não temos mais tempo para escutar o outro verdadeiramente.<br />

Estamos perdendo nossa habilidade de sermos humanos, de nos<br />

ouvir como espécie. O reflexo são estas distorções de valores; o ter<br />

se sobrepõe ao ser. Estamos atolados pela voracidade imagética,<br />

materialista e de consumo que impactam a ética e a moral de todos.<br />

Diante disso, o que posso oferecer é a pausa, muito mais do qualquer<br />

técnica. Tempo de parar para se abrir, para sentir a mim e ao<br />

outro, cessar os excessos de emissão de opinião, julgamento e de<br />

trabalho, para que consiga perceber quais sentimentos, rancores,<br />

desilusões percorrem o ser e como estão as reações a tudo isso. Faço<br />

um convite à reinvenção das relações a partir da escuta empática,<br />

um trabalho de autodesenvolvimento e autotransformação. Antes<br />

de tudo, é preciso compreender que maturidade não é algo dado,<br />

e sim adquirido por meio de processos que envolvem complexas<br />

relações sociais de qualquer ser humano para a vida inteira, não<br />

apenas da criança; experiências significativas de transformação que<br />

abrangem sempre o binômio liberdade-responsabilidade.<br />

Bate papo com André Aly<br />

Dia 16 de agosto as 7h30, no WeWork Alphaville.<br />

Para mais informações, envie um e-mail<br />

para contato@vivasa.com.br<br />

42 <strong>Revista</strong> <strong>Viva</strong> S/A<br />

<strong>Junho</strong> <strong>2019</strong>

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