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ALGODÃO NO CERRADO - V 2

A finalidade deste trabalho é mostrar aos leitores, principalmente estudantes de Agronomia, o manejo prático da cotonicultura para que, ao concluírem seu curso, possam ter uma visão mais próxima da realidade que os produtores vivem no campo

A finalidade deste trabalho é mostrar aos leitores, principalmente estudantes de Agronomia, o manejo prático da cotonicultura para que, ao concluírem seu curso, possam ter uma visão mais próxima da realidade que os produtores vivem no campo

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Universidade Federal de Viçosa<br />

Algodão<br />

No Cerrado<br />

logística E<br />

operações<br />

práticas<br />

VOLUME 2 - Do manejo<br />

INTEGRADO DE PRAGAS à<br />

comercialização da fibra<br />

Paulo Geraldo Berger<br />

Tricia Costa Lima<br />

Rodrigo Oliveira<br />

38 Vol 2<br />

Coordenadoria de<br />

Educação Aberta e a Distância


Universidade Federal de Viçosa<br />

Reitor<br />

Demetrius David da Silva<br />

Vice-Reitora<br />

Rejane Nascentes<br />

Diretor<br />

Francisco de Assis de Carvalho Pinto<br />

Campus Universitário, 36570-900, Viçosa/MG<br />

Telefone: (31) 3612 1251<br />

Conselho Editorial<br />

Andréa Patrícia Gomes<br />

João Batista Mota<br />

José Benedito Pinho<br />

José Luiz Braga<br />

Tereza Angélica Bartolomeu<br />

Autores: Prof. Paulo Geraldo Berger (UFV), Profa. Tricia Costa Lima (UNEMAT),<br />

Rodrigo Oliveira (TERRA SANTA AGRO S/A)<br />

Fotografias: Prof. Paulo Geraldo Berger<br />

Layout: Adriana Freitas<br />

Editoração Eletrônica: Adriana Freitas<br />

Edição de conteúdo e CopyDesk: João Batista Mota<br />

2


Ficha catalográfica elaborada pela Seção de Catalogação e Classificação<br />

da Biblioteca Central da Universidade Federal de Viçosa<br />

B496a Berger, Paulo Geraldo, 1958-<br />

2019 Algodão no cerrado : logística e operações práticas : volume 2 : do<br />

manejo integrado de pragas à comercialização da fibra / Paulo Geraldo<br />

Berger, Tricia Costa Lima, Rodrigo Oliveira. -- Viçosa, MG : UFV,<br />

CEAD, 2019.<br />

1 livro eletrônico (PDF, 15,2MB). -- (Conhecimento, ISSN 2179-<br />

1732 ; n. 38).<br />

Bibliografia: p. 63.<br />

1. Algodão - Cultivo. 2. Algodão - Colheita. 3. Gossypium hirsutu. 4.<br />

Fibras. 5. Beneficiamento. I. Lima, Tricia Costa, 1978- II. Oliveira, Rodrigo,<br />

1985-. III. Universidade Federal de Viçosa. Reitoria. Coordenadoria<br />

de Educação Aberta e a Distância. IV. Título. V. Série.<br />

CDD 22 ed. 633.51<br />

Bibliotecária responsável Renata de Fátima Alves CRB6/2875<br />

3


Significado dos ícones da<br />

apostila<br />

Para facilitar o seu estudo e a compreensão imediata do conteúdo apresentado, ao longo<br />

de todas as apostilas, você vai encontrar essas pequenas figuras ao lado do texto. Elas têm o<br />

objetivo de chamar a sua atenção para determinados trechos do conteúdo, com uma função<br />

específica, como apresentamos a seguir.<br />

Texto-destaque: são definições, conceitos ou afirmações importantes às<br />

quais você deve estar atento.<br />

Õ<br />

a<br />

Glossário: Informações pertinentes ao texto, para situá-lo melhor sobre<br />

determinado termo, autor, entidade, fato ou época, que você pode desconhecer.<br />

Ì<br />

SAIBA MAIS! Se você quiser complementar ou aprofundar o conteúdo apresentado<br />

na apostila, tem a opção de links na internet, onde pode obter vídeos, sites ou<br />

artigos relacionados ao tema.<br />

Ñ<br />

Quando vir este ícone, você deve refletir sobre os aspectos apontados, relacionando-os<br />

com a sua prática profissional e cotidiana.<br />

4


6 Apresentação<br />

Sumário<br />

7 Introdução<br />

11 Do manejo integrado de pragas à<br />

comercialização da fibra<br />

5


Apresentação<br />

A cotonicultura brasileira e, em especial a mato-grossense, passa por um dos melhores<br />

momentos de sua história. Segundo a AGRO DBO, este ano (safra 2017/18), além do show<br />

visual, a cotonicultura do Brasil vive a expectativa de uma grande produção – perto de dois<br />

milhões de toneladas de pluma (28% superior à safra anterior) e de uma alta rentabilidade para<br />

os produtores (aproximadamente R$ 4mil/ha). Isso ocorre graças a um mercado internacional<br />

sedento pela fibra, embalado pela retomada da demanda asiática comandada pela China, pela<br />

alta cotação do dólar e o uso, pelos produtores, das mais modernas tecnologias disponíveis<br />

no mercado, favorecendo as exportações brasileiras.<br />

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), esse mercado aquecido fez<br />

com que o Brasil ampliasse sua área plantada em 25,2%, passando de 939,1 mil hectares (safra<br />

2016/17) para 1.176 mil hectares (safra 2017/18).<br />

Para dirigentes da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), na próxima<br />

safra (2018/19), o Brasil deverá semear em torno de 1,5 milhão de hectares, podendo chegar<br />

a dois milhões de hectares nos próximos quatro anos.<br />

O estado do Mato Grosso, maior produtor e exportador nacional, semeou, na safra<br />

2017/18, 777,8 mil hectares, com 83% do plantio realizado em segunda safra após retirada da<br />

soja. Segundo a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA), a produção<br />

deverá atingir 1,3 milhão de toneladas de pluma.<br />

Esses resultados satisfatórios se devem ao empenho e profissionalismo de produtores<br />

e de grandes grupos empresariais que, nos últimos 15 anos, investiram nas mais modernas<br />

tecnologias disponíveis, associando-se as Instituições de Pesquisas Públicas e Privadas,<br />

Consultores, Empresas Nacionais e Internacionais de Insumos e Empresas Industriais.<br />

A Companhia Terra Santa Agro S.A. está entre os grandes grupos empresariais produtores<br />

de algodão no Mato Grosso. Na safra 2017/18, cultivou 31.860 hectares de algodão. Alcançou<br />

rendimento médio de algodão em caroço de 285@/ha, superando suas próprias metas<br />

e também a produtividade média do estado, graças ao profissionalismo de sua equipe na<br />

busca constante de novas tecnologias disponíveis no mercado e sua imediata aplicabilidade<br />

em suas unidades de produção.<br />

O presente trabalho, realizado nas unidades de produção da Cia Terra Santa Agro, teve<br />

por objetivo acompanhar a aplicação, de forma prática, dessas tecnologias disponíveis,<br />

envolvendo todo o processo produtivo, do preparo do solo à comercialização da pluma.<br />

O resultado está descrito nas páginas seguintes, cuja finalidade foi mostrar aos leitores,<br />

principalmente estudantes de Agronomia, o manejo prático da cotonicultura para que, ao<br />

concluírem seu curso, possam ter uma visão mais próxima da realidade que os produtores<br />

vivem no campo<br />

6


01<br />

Introdução<br />

BREVE HISTÓRIA DO <strong>ALGODÃO</strong>: DO BRASIL COLÔNIA AOS DIAS<br />

ATUAIS<br />

Transcrito do capítulo Algodão no Brasil: Mudança Associativismo e Crescimento,<br />

publicado no livro Algodão no Cerrado do Brasil<br />

No Brasil, o algodão já era cultivado pelos nativos quando chegaram os<br />

colonizadores que promoveram o seu plantio nas capitanias hereditárias.<br />

Durante quase todo o período colonial, a produção foi exclusivamente caseira.<br />

Na segunda metade do século 17, o algodão chegou a desenvolver-se<br />

consideravelmente no estado do Maranhão, tornando-se o principal produto<br />

de exportação da capitania. Mas a grande mudança só veio no século 18, com<br />

a Revolução Industrial. A indústria têxtil inglesa, principal consumidora dessa<br />

fibra, fez com que Portugal incentivasse a sua produção e criasse, em 1753 e<br />

1758, duas companhias de comércio no Brasil para estimular o transporte do<br />

algodão nacional.<br />

No início do século 19, o Brasil já era reconhecido exportador de pluma. No<br />

início do século 20, a produção nacional de tecidos já era maior que a importação,<br />

ou seja, a indústria têxtil brasileira respondia por 75% a 80% da produção de<br />

tecidos de algodão consumidos no Brasil.<br />

Até a década de 1980, a produção e a indústria têxtil sofreram altos e baixos.<br />

Mas o saldo sempre foi positivo. No fim dos anos de 1960, o Brasil era o quinto<br />

maior exportador da fibra no mundo. Ainda na década de 1980, os produtores<br />

enfrentaram dois problemas que quase dizimaram a cotonicultura nacional.<br />

Primeiro, foi a entrada do bicudo-do-algodoeiro, que infestou e arrasou lavouras<br />

inteiras no Nordeste. Segundo, foi a falta de crédito rural e a instabilidade<br />

econômica do país.<br />

Passada a crise financeira, os produtores enfrentaram novo problema:<br />

a redução das alíquotas de importação na década de 1990. A concorrência<br />

estrangeira foi tão prejudicial aos produtores brasileiros que, na safra 1996/97<br />

o país registrou a menor área plantada até hoje e a menor produção: cultivou<br />

apenas 657 mil hectares, e somente 305,8 mil toneladas, respectivamente.<br />

A crise deslocou os produtores de algodão do eixo Sudeste – principalmente,<br />

São Paulo e Paraná – para o Centro-Oeste, especialmente o Mato Grosso.<br />

7


Isso correu devido fatores favoráveis ao algodão como, clima, topografia e solos. A<br />

pesquisa teve papel fundamental, principalmente com o lançamento da cultivar CNPA<br />

ITA 90, que combinou alta produtividade com boa qualidade de fibra, incentivando a<br />

expansão da cultura na região.<br />

As extensas áreas com topografia plana permitiram o cultivo em escala empresarial,<br />

com uso de tecnologias e mecanização em todas as etapas: do plantio à colheita.<br />

Mudanças também possibilitaram racionalizar os custos, delineando, assim, um novo<br />

panorama na cotonicultura brasileira.<br />

Com a produção em crescimento acelerado, os produtores perceberam que a<br />

melhor forma de tratar de interesses comuns era se unirem. Assim, em 1997, foi criada a<br />

Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA).A partir daí, em ordem<br />

cronológica foram criadas as seguintes associações:<br />

- Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), em 1999;<br />

- Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa), em 1999;<br />

- Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa), em 1999;<br />

- Associação Sul-Mato-Grossense dos Produtores de Algodão (Ampasul), em 1999;<br />

- Associação Paulista dos Produtores de Algodão (Appa), em 1999;<br />

- Associação Baiana dos Produtores dos Produtores de Algodão (Abapa), em 2000;<br />

- Associação dos Cotonicultores Paranaenses (Acopar), em 2001;<br />

- Associação Maranhense dos Produtores de Algodão (Amapa), em 2002;<br />

- Associação Piauiense dos Produtores de Algodão (Apipa), em 2006;<br />

- Associação dos Produtores de Algodão de Tocantins (Apratins) em 2015.<br />

A Abrapa e as 10 associações estaduais deram uma nova dinâmica para a cotonicultura<br />

nacional, a qual é conhecida por sua força e organização. Tem peso econômico e uma<br />

participação ativa no PIB do país. Para se ter uma ideia, em 2013, o PIB do algodão foi<br />

de US$ 19 bilhões. Porém, quando se consideram todos os elos da cadeia, antes, dentro<br />

e depois da fazenda, a movimentação financeira supera os US$ 40 bilhões por safra.<br />

Portanto, a Abrapa e as associações estaduais representam 99% da área plantada, 99%<br />

da produção, e 100% da exportação.<br />

O método de trabalho da Abrapa e das associações estaduais é a gestão por<br />

resultados. Somente com realizações concretas, ações efetivas para sustentar o negócio<br />

de hoje e garantir a produção de amanhã, o setor se fortalece para seguir na trilha<br />

de evolução, iniciada com a introdução da cultura no Cerrado. Com o aumento de<br />

produção, a cotonicultura conseguiu duas grandes conquistas: a autossuficiência do<br />

mercado interno e a retomada da exportação.<br />

Em todos os aspectos, por todas as conquistas acumuladas nesses anos, o setor<br />

brasileiro do algodão é um modelo de negócio pelos seguintes motivos:<br />

- É produzido em escala empresarial, dentro dos mais altos padrões de tecnologia;<br />

- Apresenta mecanização total, do plantio à colheita;<br />

- Conta com tecnologia de ponta em beneficiamento e armazenagem;<br />

- Tem análise e classificação de fibra com base em padrões internacionais;<br />

- Dispõe de sistema de identificação e rastreamento;<br />

- Sua certificação socioambiental está alinhada com padrões internacionais de<br />

sustentabilidade.<br />

Por tudo isso, podemos concluir que a cotonicultura pode ser considerada o<br />

setor mais organizado do agronegócio brasileiro.<br />

8


Linha do tempo do algodão em Mato Grosso<br />

Nesse item, serão descritos alguns momentos importantes da cotonicultura matogrossense,<br />

de acordo com relatos de Martha Baptista (2016) (Algodão. Os pioneiros que<br />

transformaram Mato Grosso em um grande produtor).<br />

• 1875 – 1878 – José Severiano da Fonseca, 1 o cirurgião do Exército brasileiro,<br />

destaca o cultivo do algodão em Mato Grosso em seu livro Viagem ao redor do<br />

Brasil.<br />

• Década de 1930 – Chega a Mato Grosso o Dr. Liberato Barrozo, trazendo os<br />

primeiros 1200 kg de sementes melhoradas do algodão herbáceo da variedade<br />

Texas 7111. Designado para superintender os trabalhos da Inspetoria de Plantas<br />

têxteis, criada em Mato Grosso, em março de 1933, Barrozo semeou parte dessas<br />

sementes num campo de cooperação financiado por José Vicente de Medeiros e<br />

distribuiu o restante a agricultores interessados na cultura algodoeira.<br />

• 1936 – Primeiro embarque de algodão, realizado, em 24 de janeiro, por José<br />

Vicente de Medeiros.<br />

• Décadas de 1960/70/80 - Apogeu do cultivo manual do algodoeiro em “terras<br />

de cultura” das regiões da Grande Rondonópolis, Grande Cárceres e Colider,<br />

entre outros.<br />

• 1989 - Início dos primeiros experimentos com o cultivo do algodão mecanizado<br />

na Fazenda Itamarati Norte, do Empresário Olacyr de Morais.<br />

• 1991 - Três produtores da região de Itiquira (Benjamim Zandonadi, Mario<br />

Patriota Fior e Clovis Patriota) visitam as fazendas Itamarati Norte e Cantagalo<br />

(de Ignácio Mammana) e decidem iniciar cultivo mecanizado do algodão em<br />

Itiquira.<br />

• 1991/92 - O Brasil deixa de ser exportador de algodão e assume a posição de<br />

importador.<br />

• 1992 - Primeira ocorrência do bicudo-do-algodoeiro, registrada na região de<br />

Cárceres, em áreas de cultivo manual.<br />

• 1996/97 - Primeira safra de algodão mecanizado nas fazendas Sapezal e Três<br />

Lagoas (Núcleo Regional Noroeste).<br />

• 1997 – É publicado, no Diário Oficial do Estado do Mato Grosso, a Lei 6.833 de 2<br />

de junho que institui o Programa de Apoio à Cultura do Algodão – PROALMAT - e<br />

cria o Fundo de Apoio à Cultura do Algodão – FACUAL.<br />

• 2001/02 – Nessa safra, o Brasil volta a ser exportador de pluma.<br />

• 2007 – Reunidos em assembleia extraordinária, associados da Ampa aprovam<br />

a criação do Instituto Mato-Gossense do Algodão. Emissão do selo Algodão<br />

Socialmente Correto, em parceria com a ABNT.<br />

• 2010 – Introdução do Sistema BCI (Better Cotton Iniciative) em fazendas do<br />

Mato Grosso.<br />

• 2012 – A Abrapa lança o programa Algodão Responsável (ABR).<br />

• 2015/16 – Inauguração dos Centros de Treinamento e Difusão de Tecnologias.<br />

Histórico e perfil corporativo da Companhia Terra Santa Agro S.A.<br />

A Terra Santa é uma sociedade anônima constituída no Brasil, com o status de<br />

companhia aberta deferido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em 9 de<br />

novembro de 2006. Em 10 de novembro de 2006, foi realizada a oferta pública Inicial<br />

de ações. É o resultado da incorporação de três empresas: Brasil Ecodiesel, Maeda<br />

Agroindustrial (incorporada em dezembro de 2010) e Vanguarda Participações<br />

(incorporada em setembro de 2011). As duas últimas, genuinamente agrícolas,<br />

consolidaram a estratégia da companhia de adoção de um novo modelo de negócios<br />

com foco na produção de grãos e fibras.<br />

Em decorrência do foco em grãos, a Terra Santa promoveu um plano continuado de<br />

9


desinvestimento de ativos ligados ao biodiesel, para concentrar todos os seus esforços<br />

na alocação de recursos para o desenvolvimento da operação agrícola. Em dezembro<br />

de 2012, realizou um aumento de capital, no qual a gestora de recursos de terceiros<br />

independente, regulada pela CVM, Gávea Investimentos, adquiriu uma porcentagem<br />

significativa do capital social da companhia.<br />

Em janeiro de 2013, iniciou seu processo de turnaround operacional, cujo objetivo<br />

era a busca pela eficiência operacional e rentabilidade dos negócios. Para isso, foram<br />

realizados investimentos em maquinário, solo e na criação de uma cultura organizacional<br />

eficiente, em que o “senso de dono” passou a permear todos os seus níveis hierárquicos.<br />

Os resultados da conclusão desse processo começaram a se tornar realidade já na<br />

safra 2014/15, quando a Terra Santa conquistou suas produtividades recordes em todas<br />

as culturas, inclusive quando comparadas as médias do estado do Mato Grosso. Vale<br />

ressaltar também a decisão da companhia em devolver arrendamentos localizados na<br />

Bahia e Piauí, por conta da alta instabilidade climática e baixa rentabilidade. A partir daí,<br />

concentrou suas operações em Mato Grosso, estado que tem vantagens como:<br />

- estabilidade climática verificada no Centro-Oeste, nos últimos 30 anos;<br />

- possibilidade de plantio eficiente em duas safras, e<br />

- expectativa futura de redução de custos logísticos da exportação pelos portos do<br />

Norte.<br />

Uma vez concluído o processo de turnaround operacional, a Terra Santa passou a<br />

focar na sua reestruturação financeira com objetivo de adequação do fluxo de caixa<br />

financeiro ao fluxo de geração de caixa operacional. Tal atitude reafirmou sua convicção<br />

na capacidade de equalizar seu fluxo de caixa de curto prazo.<br />

Atualmente, a estratégia é evoluir de forma sustentável, gerando maior valor aos<br />

investidores. A estrutura acionária da companhia é pulverizada com predominância<br />

majoritária de investidores brasileiros.<br />

Ì<br />

SAiBA MAIS: Para obter mais detalhes , basta acessar o site www.<br />

terrasantaagro.com<br />

Perfil corporativo<br />

A Terra Santa Agro é uma empresa produtora de commodities agrícolas, com<br />

foco na produção de soja, milho e algodão. Conta com sete unidades de produção<br />

estrategicamente localizadas no Mato Grosso, por esse estado apresentar condições<br />

favoráveis ao agronegócio, totalizando uma área sob gestão de 143,2 mil hectares.<br />

Além disso, dispõe de equipamentos e ativos complementares à sua operação<br />

agrícola:<br />

- 446 equipamentos agrícolas em uso, sendo 347 próprios;<br />

- Nove unidades de armazenagem, das quais cinco próprias; e<br />

- Três algodoeiras.<br />

A companhia tem suas ações negociadas no Novo Mercado da B3, nível mais alto de<br />

governança corporativa da bolsa brasileira<br />

10


02<br />

Do manejo<br />

integrado<br />

de pragas à<br />

comercialização<br />

da fibra<br />

1. MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS E DOENÇAS<br />

Contra a cultura do algodão, mais de 260 insetos, em algum momento,<br />

podem causar injúrias na planta, resultando em queda na sua produção e<br />

produtividade. Como o algodoeiro tem um ciclo longo, com as fases vegetativas<br />

e reprodutivas se sobrepondo, e o florescimento e a frutificação com duração<br />

de mais de 50 dias, é necessário que, no manejo da lavoura, sejam empregados<br />

diversos métodos para o controle dos insetos. Entre eles, o Manejo Integrado de<br />

Pragas (MIP).<br />

Quanto às doenças, são mais de 200 patógenos que podem causar<br />

prejuízos à cultura do algodão. Desse total, mais de 90% são fungos, muito dos<br />

quais transmitidos por sementes, com destaque para as seguintes doenças:<br />

Tombamento /Mela; Mancha de Ramularia; Ramulose; Mancha de Corynespora;<br />

Mancha de Alternária; Mancha de Mirotecio; Mancha de Stemphylium; Ferrugem<br />

do Algodoeiro; Cercospora Aschocyta; Macrophomina; Antracnose; Mofo<br />

Branco; Murcha de Fusarium; Murcha de Verticilium; Apodrecimento de Cápsula<br />

e Apodrecimento Radicular por Rosellinia.<br />

Quanto aos vírus, segundo literatura consultada, são 16 que podem causar<br />

injurias no algodão. Com destaque para o vírus que causa o mosaico das<br />

nervuras, também conhecido como “Doença Azul” ou “Azulão”; Virose Atípica;<br />

Vermelhão e Mosaico comum. Já entre as bactérias, somente uma, do grupo das<br />

11


Xanthomonas, conhecida como mancha angular, pode causar problemas no algodoeiro,<br />

conforme IAMAMOTO (2007) e SUASSUNA & COUTINHO (2015).<br />

Na Terra Santa, todo o processo de identificação das doenças, seu grau<br />

de incidência (dados coletados no campo) e análise, que podem gerar<br />

recomendação de controle, são realizados pela equipe de monitores<br />

de pragas e avaliados pelo coordenador de produção, ou seja, não<br />

existe uma equipe específica para manejo de doenças.<br />

Õ<br />

Tanto as variedades usadas atualmente, quanto o manejo durante o ciclo do<br />

algodoeiro têm reduzido bastante a incidência de muitas doenças que foram problemas<br />

num passado não muito distante. Na atual safra – 2017/18 -, a empresa, em alguns<br />

talhões, teve problemas no início do cultivo com Tombamento/Mela, que foi controlado<br />

com aplicação de Ciproconazol.<br />

No entanto, a doença de alta incidência que causou maior preocupação foi a Mancha<br />

de ramularia, também chamada de falso-míldio, ramulariose ou míldio areolado.<br />

Atualmente, é a principal doença do algodoeiro nas condições do Cerrado brasileiro.<br />

Seu agente causal é a Ramularia aréola. A doença é favorecida pelas temperaturas entre<br />

12 o C e 32 o C, associada à umidade relativa acima de 80%. Pode ser disseminada por<br />

vento, respingos de chuva e trânsito de máquinas e animais na área.<br />

Nesta safra, devido às condições favoráveis para sua disseminação, manifestou-se<br />

desde o início do desenvolvimento vegetativo, prolongando a incidência até próximo<br />

ao final do ciclo. Os sintomas da doença são caracterizados, primeiramente, pelos sinais<br />

do patógeno, com sua esporulação elevada.<br />

Figura 148 - Sintomas da Mancha de<br />

ramularia em alto grau de incidência na parte axial<br />

da folha<br />

Figura 149 - Alta incidência da mancha de<br />

ramularia na parte axial da folha do algodoeiro<br />

No entanto, quando os sintomas estão na fase inicial, no baixeiro das plantas, há<br />

necessidade de atenção e experiência para a diagnose eficiente, pois esse é o momento<br />

correto de controle. Exemplos iniciais podem ser vistos na parte inferior da folha.<br />

12


Figura 150 - Algodão 54 DAE. Sintomas iniciais<br />

de ramularia no verso da folha do baixeiro. UP<br />

Guapirama<br />

Figura 151 - Algodão safra 88 DAE. MIP -<br />

detectando presença de ramularia em folhas mais<br />

velhas, no baixeiro. UP Ribeiro do Céu<br />

Os sintomas da doença são manchas pulverulentas, geralmente angulosas,<br />

delimitadas pelas nervuras, de coloração branca ou amarela. A área onde o tecido é<br />

lesionado apresenta coloração verde-brilhante, com esporulação intensa do fungo,<br />

principalmente na face inferior da folha. Em anos muito chuvosos, a ocorrência de<br />

ramulariose pode provocar desfolha e apodrecimento de cápsulas no baixeiro e redução<br />

da produtividade (IAMAMOTO, 2007).<br />

Outras doenças que se manifestaram na atual safra foram a Virose Atípica, a Mancha de<br />

Mirotécio e a Mancha Alvo. A Mancha de Corynespora ou Mancha Alvo vem aparecendo<br />

com maior frequência no Cerrado, infectando folhas, caule e maçãs do algodoeiro. Os<br />

sintomas mais comuns ocorrem em folhas do baixeiro e do terço médio, provocando<br />

desfolha prematura. As lesões têm início com pontos pardos, evoluindo para grandes<br />

manchas circulares de coloração castanho-claro e castanho-escuro. Geralmente, as<br />

manchas apresentam anéis concêntricos de coloração mais escuros no centro das<br />

lesões. Umidade e temperaturas altas favorecem o desenvolvimento da doença.<br />

Figura 152 - Presença de mancha alvo com<br />

anéis concêntricos de coloração marrom-escuro,<br />

em folhas na parte mediana da planta<br />

Figura 153 - Mancha alvo em folhas do<br />

baixeiro com destaque para os anéis concêntricos<br />

de coloração pardo-escuro<br />

Vale ressaltar que, na presente safra, a ramularia foi a doença que se manifestou<br />

com maior incidência, exigindo várias aplicações de fungicidas, média da companhia:<br />

8,82 aplicações, de produtos pertencentes aos seguintes grupos químicos - Hidróxido<br />

de Fentina; Carboxamida+Estrobirulina; Ciproconazol e Difenoconazol.<br />

A mancha de mirotécio também se manifestou na presente safra, principalmente<br />

em talhões com desenvolvimento vegetativo mais vigoroso e com fechamento das<br />

entrelinhas mais cedo e mais intenso. É um patógeno saprófita e oportunista, que<br />

sobrevive em restos culturais e que pode também participar do complexo de patógenos<br />

envolvidos com o tombamento. As altas temperaturas (25 o C a 30 o C), associadas à alta<br />

umidade relativa e à alta pluviosidade, são condições favoráveis ao desenvolvimento da<br />

13


doença. Sua disseminação ocorre por meio de respingos de chuva, irrigação e sementes<br />

infectadas (SUASSUNA & COUTINHO, 2015).<br />

Os primeiros sintomas aparecem nas folhas do baixeiro, caracterizados por manchas<br />

circulares, em forma de anéis concêntricos e margeadas por uma coloração violeta ou<br />

avermelhada, apresentando o centro marrom. Nas maçãs, pecíolos e caules, as lesões<br />

são de forma irregular e coloração escura, circundadas por uma coloração violeta e<br />

avermelhada.<br />

Figura 154 - Fungo Mirotécio atacando maçã<br />

do algodoeiro. UP Guapirama<br />

Figura 155 - Maça com ataque severo de<br />

mirotécio. UP Guapirama<br />

Quanto ao Manejo de Pragas, a maior vantagem de usar o MIP é considerar as pragas<br />

como parte do sistema ecológico, no qual a cultura se insere. Assim, são controlados de<br />

modo a não alterar o balanço ecológico para que novas pragas não venham a ocorrer.<br />

Um dos pontos de maior relevância para uso do MIP é ter colaboradores técnicos<br />

capacitados para a função, monitorando as pragas e também os inimigos naturais. Um<br />

monitor capacitado (treinado) irá realizar amostragens com qualidade, o que gerará<br />

informações seguras, permitindo decisões corretas.<br />

Tanto o algodoeiro quanto os insetos-pragas são muito dinâmicos: a cada safra,<br />

novas situações podem ser geradas. Portanto, a capacitação desses colaboradores deve<br />

ocorrer todos os anos.<br />

Figura 156 - Lepidóptera da lagarta<br />

Helicoverpa zea em planta de algodão com 15<br />

DAE. UP São José<br />

Figura 157 - Tiguera de soja com presença<br />

de lagarta Helicoverpa spp em talhão de algodão<br />

safrinha. UP Ribeiro do Céu<br />

14


Figura 158 - Ovo da lagarta Helicoverpa spp<br />

colocado junto a folha mais jovem no nó apical. UP<br />

Ribeiro do Céu<br />

Figura 159 - População de pulgões nas folhas<br />

do nó apical. Algodão 40 DAE UP Terra Santa<br />

Figura 160 - Ataque da lagarta Spodoptera<br />

eridânia UP Terra Santa<br />

Figura 161 - Algodão safra 88 DAE: ácaro<br />

rajado detectado no monitoramento. UP Ribeiro<br />

do Céu<br />

O uso do MIP em algodão tem por princípio evitar a resistência dos<br />

insetos aos inseticidas e a persistência de produtos químicos no meio<br />

ambiente, como os organoclorados; reduzir o perigo no manuseio<br />

dos produtos químicos; evitar o desequilíbrio do meio ambiente, e,<br />

finalmente, diminuir os custos operacionais.<br />

Õ<br />

Para se ter êxito com o uso dessa ferramenta, observe com bastante atenção se está<br />

ocorrendo controle natural por meio do processo de amostragem, identificando se os<br />

danos causados pelo inseto alcançaram níveis de danos econômicos. O monitor deverá ter<br />

conhecimento da Biologia-Ecologia tanto dos insetos-pragas quanto dos inimigos naturais.<br />

Figura 162 - Talhão aos 88 DAE: plantas com<br />

1,25 m de altura em processo de monitoramento.<br />

UP Ribeiro do Céu<br />

Figura 163 - Algodão safra 88 DAE: monitor de<br />

pragas examinando uma planta. UP Ribeiro do Céu<br />

15


Figura 164 - Monitor de pragas examinando<br />

estruturas reprodutivas no interior do dossel<br />

(algodão safra 88 DAE). UP Ribeiro do Céu<br />

Figura 165 - Massa de ovos do complexo<br />

Spodoptera. UP Ribeiro do Céu<br />

Figura 166 - Algodão safra 88 DAE: galeria na haste principal feita por lagarta complexo Spodoptera.<br />

UP Ribeiro do Céu<br />

A Terra Santa Agro tem uma logística bem estruturada para o manejo de pragas.<br />

Foi desenvolvido um documento-procedimento operacional padrão (POP) assim<br />

denominado: Manejo Integrado de Pragas e Doenças (MIPD) para as culturas do algodão,<br />

milho, soja e girassol. Sua finalidade é estabelecer procedimentos e padronizações<br />

operacionais para o manejo integrado de pragas, das culturas e de aplicação segura de<br />

agrotóxicos (BALDI & AMARAL, 2015).<br />

Figura 167 - Presença de percevejo marrom<br />

em folha jovem do nó apical. UP Guapirama<br />

Figura 168 - Lagarta do complexo Spodoptera<br />

em folha jovem no nó apical. UP Guapirama<br />

16


Figura 169 - Lagarta Spodoptera frugiperda<br />

atacando botão floral do algodoeiro. UP São José<br />

Figura 170 - Lagarta Spodoptera frugiperda<br />

atacando botão floral do algodoeiro. UP São José<br />

Uma das práticas do MIPD se dá por meio de vistorias em talhões, realizadas por<br />

colaboradores técnicos capacitados para a função, monitorando as pragas e os inimigos<br />

naturais. Os dados coletados devem ser inseridos no tablet de monitoramento, sendo<br />

obrigatório o envio dos dados obtidos para o sistema GAtec MIP.<br />

Caso alguma praga atinja o nível de controle, o coordenador de produção irá<br />

definir produtos, doses e a tecnologia de aplicação que serão utilizadas no controle<br />

(pulverização terrestre ou aérea, conforme a disponibilidade operacional). Ele passa<br />

essa recomendação para o monitor de operações agrícola, para que possa abrir uma<br />

Ordem de Serviço (OS), que a repassa ao supervisor de lavoura responsável pela retirada<br />

do respectivo volume de defensivo do depósito e sua aplicação na lavoura.<br />

De acordo com BALDI & AMARAL (2015), na cultura do algodão um monitor é<br />

responsável por vistoriar 650 ha. Quanto à forma de caminhamento, existem várias. Pode<br />

ser em ziguezague; em V em V invertido; em M; cruzado XX; em pontos predefinidos e<br />

em espiral. O coordenador de produção, juntamente com os monitores, define qual<br />

a melhor forma de caminhar em cada talhão a ser monitorado. O importante é que<br />

sempre mudem a forma de caminhar e o local de entrada e saída do talhão. A reentrada<br />

no talhão após a aplicação deve variar de 3 a 5 dias de acordo com o produto utilizado.<br />

O monitor é peça-chave no manejo da lavoura de algodão, pois é um profissional<br />

que, a partir da emergência das plântulas, vai estar todos os dias na lavoura até o final<br />

do ciclo do algodão. Para isso, ele tem que ter o seguinte perfil:<br />

• Ser proativo, saber o que fazer e fazer;<br />

• Ser investigador, buscar a informação;<br />

• Ser curioso que pergunta, e<br />

• Ser observador, saber o que ocorreu ao seu redor.<br />

17


Além disso, ao entrar no talhão deve fazer “cinco perguntas para a planta”: Tem praga;<br />

Qual praga; Quantas têm; Que tamanho está e Onde está.<br />

A Terra Santa adota a seguinte Metodologia de Amostragem:<br />

I. É recomendável a entrada de dois monitores por talhão em cada vistoria;<br />

II. Amostrar 3 plantas/ha até os 35 DAE e 1 planta/ha após 35 DAE e serão<br />

estabelecidos da seguinte forma:<br />

Quantidade de pontos =<br />

Área Física do Talhão * Qdade Plantas ha -1<br />

nº de plantas m²<br />

III. Até 35 DAE, monitorar 10 plantas/ponto<br />

IV. A partir dos 35 DAE, monitorar 4 plantas/ponto<br />

V. Instalar 4 armadilhas com feromônio para Pectinophora gossipyella por<br />

talhão. Instalar dentro do talhão a 50 cm de altura do terço superior da cultura a 20 m<br />

de distância da bordadura.<br />

VI. Monitorar semanalmente o perímetro da área plantada de algodão<br />

para verificar o nível de infestação (pressão) de bicudo; 3 pessoas a cada 5 m (“dia do<br />

bicudo”).<br />

Quanto ao bicudo do algodoeiro, principal inseto praga da cultura, seu manejo e<br />

monitoramento são mais específicos:<br />

- Sessenta dias antes da semeadura do algodão deverá ser feita a instalação de<br />

armadilhas com feromônio para captura de bicudo. O objetivo é avaliar o nível de<br />

infestação dessa praga nos talhões, que deverão ser instaladas com altura de 1,5 m em<br />

toda periferia dos talhões a 150 m de distância uma da outra, e a 5m da borda do talhão<br />

(VIEIRA, 2015).<br />

Figura 171 - Armadilha para bicudo instalada na borda da mata que circunda o talhão. UP Terra Santa<br />

18


Figura 172 - Armadilha para bicudo. Detalhe do feromônio no interior da armadilha. UP Terra Santa<br />

A vistoria deve ser feita a cada sete dias e tanto o feromônio, quanto a pastilha<br />

com inseticida deverá ser trocada a cada 14 dias. As armadilhas devem permanecer<br />

na lavoura até o surgimento das primeiras flores, pois a partir deste período as flores<br />

passam a atrair o bicudo com uma intensidade maior do que o feromônio presente nas<br />

armadilhas.<br />

O número de bicudos capturados por armadilha por semana (BAS) serve para<br />

definir um zoneamento de cores, que irá orientar o manejo (n o de aplicações em área<br />

total) a ser adotado por ocasião do aparecimento do primeiro botão floral (VIEIRA, 2015)<br />

a<br />

BAS: é indicador de média de todas as armadilhas de campo, naquela semana.<br />

ÁREA NÍVEL PROCEDIMENTO<br />

I. Verde<br />

Sem captura de bicudo na armadilha /<br />

semana<br />

Não aplicar inseticida;<br />

II. Azul < 1 bicudo / armadilha / semana<br />

Realizar 1 aplicação de<br />

inseticida em B1<br />

III. Amarela 1 a 2 bicudos / armadilha / semana<br />

Realizar 2 aplicações de<br />

inseticida, sendo a 2ª<br />

aplicação 5 dias após a<br />

1ª;<br />

IV. Vermelha > 2 bicudos / armadilha / semana<br />

Realizar 3 aplicações<br />

de inseticida, com<br />

intervalos de 5 dias entre<br />

as aplicações.<br />

19


Essa estratégia é válida sem os dados de monitoramento, ou seja, se no<br />

monitoramento for encontrado bicudo antes de B1, iniciam-se aplicações em bateria<br />

(VIEIRA, 2015).<br />

• Aplicações de inseticidas em bordaduras de 5 em 5 dias<br />

Esse procedimento é realizado com o objetivo de conter a entrada da praga,<br />

controlando sua presença na bordadura antes que entre no interior do talhão.<br />

Conforme a detecção da praga nas armadilhas, a aplicação de inseticida se inicia<br />

na dessecação da soja, ou após a semeadura do algodão, junto com o herbicida préemergente<br />

e pode se estender até os 80 DAE, caso a pressão do inseto nas armadilhas<br />

seja pequena; ou até os 120 DAE, se essa pressão for maior, respeitando o intervalo de<br />

cinco dias entre as aplicações. A faixa de aplicação deve ser de 50 metros, nos locais de<br />

menor entrada do bicudo, e de 75 metros, nos locais de maior entrada.<br />

2. MANEJO DE PÓS-COLHEITA<br />

O objetivo deste procedimento é manter o bicudo sob controle após a colheita do<br />

algodão, realizando as seguintes operações:<br />

I. Instalação dos tubos mata-bicudos (TMB): faça a instalação a cada 50 m, em<br />

todo o perímetro dos talhões de algodão.<br />

II. Aplicação juntamente com dessecante na destruição de soqueira: aplicação<br />

de inseticida juntamente com a dessecação da soqueira de algodão.<br />

III. Aplicação juntamente com a operação de roçagem: caso a infestação de<br />

bicudo seja alta, recomenda-se fazer aplicação de inseticida imediatamente após a<br />

operação de roçagem do algodão (triton).<br />

IV. Destruição da soqueira: medida profilática padrão visando eliminar toda<br />

soqueira e tiguera de algodão. Todas as áreas devem ser programadas para a destruição<br />

de soqueira (obrigatório).<br />

V. Respeitar o vazio sanitário: no Mato Grosso existem duas datas: no Sul do<br />

estado, inicia-se em 15/09 e vai até 30/11; na região do Parecis e Médio-norte do estado,<br />

tem início em 15/09 e se estende até 15/12.<br />

Figura 173 - Tubo Mata Bicudo com feromônio colocado em local estratégico na borda do talhão. UP<br />

Terra Santa<br />

20


• Exemplo do manejo do bicudo em uma UP da empresa<br />

Após o plantio, foi realizada uma aplicação de inseticida nas bordaduras dos<br />

talhões, provavelmente em função dos insetos encontrados nas armadilhas.<br />

A partir dos 35 DAE, foram realizadas três baterias de três aplicações cada,<br />

com a primeira delas acontecendo entre 35 e 45 DAE; a segunda entre 75<br />

e 90 DAE, e a terceira entre 120 e 135 DAE. Tais aplicações foram realizadas<br />

nas bordaduras, em função da captura de bicudos nas armadilhas. Esse<br />

procedimento proporcionou um bom manejo da lavoura, não se detectando<br />

a praga no interior dos talhões.<br />

2.1. Refúgio na utilização da Biotecnologia – Tecnologia BT<br />

Com o objetivo de colaborar com a preservação da tecnologia BT, recomenda-se<br />

utilizar, na cultura do algodão com proteínas ativas, 20% da área como refúgio, na qual<br />

ficaria, no máximo, a 800m de outras com plantas BT. Entretanto, em função das áreas de<br />

plantio serem muita extensas, a Terra Santa tem adotado o plantio de um talhão inteiro<br />

com variedade não BT por unidade de produção.<br />

Segundo consultores que atuam em lavouras de algodão no Mato Grosso, a<br />

tecnologia BT não se expressa nas brácteas, nem nas flores que possam provocar a morte<br />

dos insetos. No monitoramento, vem sendo observado ovoposição de lepidópteras<br />

junto às flores e até a presença de lagartas adultas se alimentando das pétalas. Isso<br />

só vem confirmar a recomendação das empresas detentoras da BT, para que se faça o<br />

monitoramento e o uso de produtos químicos em variedades dessa tecnologia, a partir<br />

no momento em que se observar danos econômicos nas plantas.<br />

Figura 174 - Lagarta complexo Spodoptera se alimentando das pétalas da flor de algodão. UP<br />

Guapirama<br />

PRAGAS QUE ATACAM O ALGODOEIRO NA FASE VEGETATIVA<br />

Pulgão<br />

(variedades suscetíveis à Doença Azul)<br />

Pulgão<br />

(variedades resistentes à Doença Azul)<br />

4% das plantas infestadas<br />

20% de plantas infestadas<br />

21


Lagartas desfolhadoras<br />

Lagartas de dano direto<br />

Percevejos invasores<br />

Percevejo manchador e Percevejo<br />

rajado<br />

Lagarta rosada<br />

Bicudo (POP)<br />

Mosca branca<br />

Trips<br />

Ácaro rajado e ácaro vermelho<br />

Ácaro branco<br />

Vaquinhas desfolhadoras,<br />

cascudinhos e<br />

besouros desfolhadores<br />

10% de desfolha na planta ou 8% de plantas atacadas<br />

5% de plantas infestadas<br />

0,1 a 0,3 percevejos/ planta<br />

20% de plantas com ninfas/adultos<br />

5 mariposas/armadilha/noite<br />

seguir as zonas de bicudos especificados<br />

15% de plantas com adultos, ninfas e início de formação de mela<br />

20% de plantas infestadas<br />

10% das plantas com sintomas/atacadas<br />

30% de plantas com sintomas de ataque<br />

10% de desfolha da planta<br />

Fonte: BALDI & AMARAL (2015).<br />

PRAGAS QUE ATACAM O ALGODOEIRO NA FASE REPRODUTIVA<br />

Pulgão<br />

(variedades suscetíveis à Doença<br />

Azul)<br />

Pulgão<br />

(variedades resistentes à Doença<br />

Azul)<br />

Lagartas desfolhadoras –<br />

8% de plantas atacadas<br />

40% de plantas atacadas<br />

10% de desfolha da planta, 25% de desfolha do ponteiro<br />

ou 2 lagartas/planta<br />

Lagartas de danos diretos –<br />

5 – 6% de plantas infestadas<br />

Percevejos Invasores –<br />

0,1 a 0,3 percevejo/planta<br />

Percevejo manchador e<br />

percevejo rajado<br />

20% de plantas com presença de ninfas/adultos<br />

22


Lagarta rosada<br />

5 mariposas/armadilha/noite<br />

Bicudo<br />

no máximo, 5 botões preferidos (6 mm de diâmetro)<br />

atacados<br />

Mosca branca<br />

15% de plantas com adultos, ninfas e início de formação<br />

de melado<br />

Trips<br />

20% de plantas infestadas<br />

Ácaro rajado e<br />

ácaro vermelho<br />

10% de plantas com sintomas/atacadas<br />

Ácaro branco<br />

30% de plantas com sintomas de ataque<br />

Vaquinha desfolhadoras,<br />

cascudinhos e<br />

besouros desfolhadores<br />

Formiga cortadeira<br />

10% de desfolha na planta<br />

(Saúva e quenquém) – 10% de desfolha da planta até 30<br />

a 40 DAE, ou 25% de desfolha do ponteiro depois dos 30<br />

a 40 DAE<br />

Fonte: BALDI & AMARAL (2015).<br />

2.2. Procedimentos adotados pela Terra Santa no manejo integrado de pragas<br />

do algodão<br />

Segundo BALDI & AMARAL (2015), o processo se inicia pela manhã, com a reunião<br />

do coordenador de produção ou seu assistente técnico com todos os monitores para<br />

definir quais os talhões que serão amostrados naquele dia. Após a reunião, os monitores<br />

se deslocam (em dupla por questões de segurança) para os talhões a serem vistoriados.<br />

Cada monitor realiza o trabalho em um talhão, de modo que, ao final do turno (manhã<br />

ou tarde), se encontram em ponto previamente determinado por eles.<br />

Ao chegar no talhão, o monitor preenche o cabeçalho, inserindo as seguintes<br />

informações no tablet:<br />

- Nome da unidade de produção (UP);<br />

- N o do talhão a ser vistoriado (amostrado);<br />

- Fase fenológica da cultura (exemplo: quatro maçãs desenvolvidas);<br />

- Data da emergência e, se tiver mais de uma variedade plantada no talhão,<br />

deverá ser informada qual é a variedade que está sendo monitorada.<br />

• Exemplo de um monitoramento realizado na UP Ribeiro do Céu. Talhão M7<br />

– algodão safra com 88 DAE variedade FM 975 ws. O caminhamento foi definido<br />

que seria em V e, na primeira “linha”, foram amostradas 16 plantas (escolhidas<br />

de forma aleatória) em 16 pontos. Foram observadas e devidamente registradas<br />

no tablet as presenças de pulgão vivo; ninfa e adultos de mosca branca morta;<br />

23


lagarta eridania; fungos mirotecio, mancha alvo e ramularia (como principal<br />

doença do algodoeiro), em qual nó ela se encontrava. Também foi registrada<br />

a presença das seguintes plantas daninhas: joá de capote, beldroega, capim<br />

pé-de-galinha, caruru, erva de santa Luzia e apaga fogo. Para o manejo dessas<br />

plantas daninhas foi sugerido uma capina manual no talhão, uma vez que todos<br />

os herbicidas recomendados já haviam sido utilizados.<br />

Atente-se que, para um monitoramento eficiente, é preciso:<br />

1- Metodologia Adequada;<br />

2- Organização;<br />

3- Disciplina.<br />

E para um eficaz controle de pragas é fundamental que os quatro envolvidos no<br />

processo de controle de pragas (monitor de campo, coordenador de produção - eng.<br />

agrônomo -, operador de pulverizaç-ão e caldeiro) tenham competência e estejam<br />

treinados e alinhados.<br />

2.3. Tecnologias de aplicação de defensivos<br />

Descrito conforme POP (Procedimento Operacional Padrão) da empresa, elaborado<br />

por IKETANI et al. (2015), tem por finalidade definir um padrão na empresa de tecnologia<br />

de aplicação, com envolvimento do departamento de planejamento e das unidades de<br />

produção.<br />

Nas unidades de produção (UP) têm envolvimento direto nesse procedimento: o<br />

coordenador de produção, o supervisor de aplicação, o executor em aviação agrícola, o<br />

piloto de aviação, o aplicador e o caldeiro.<br />

Qualidade da Água<br />

a. Dureza da água: é capaz de interferir negativamente na qualidade da calda<br />

de um defensivo agrícola. É definida pela concentração de cátions alcalino ferrosos<br />

presentes na água, expressa na forma de PPM de CaCO3 ou mg/dm 3 , originados de<br />

carbonatos, bicarbonatos, cloreto e sulfatos.<br />

b. pH da água: pode interferir na ação de um ingrediente ativo, pois uma alta<br />

concentração de íons H + ou O - pode reagir com o ingrediente ativo, reduzindo sua<br />

atividade biológica.<br />

Constatando-se valores de pH e dureza da água elevados, deve-se utilizar o redutor<br />

de pH planejado no pacote de insumos da UP.<br />

Atualmente, a empresa adota alguns adjuvantes para redução de pH de calda. A<br />

dose de cada um depende do pH da água utilizada na UP e a faixa ideal de pH requerida<br />

pelo produto a ser aplicado. Assim, deve-se fazer um teste com várias doses do produto<br />

em pequenas proporções para definir aquela a ser utilizada.<br />

Exemplos do valor de pH da calda para<br />

alguns defensivos utilizados na Terra Santa<br />

Herbicida<br />

pH da<br />

calda<br />

2,4-D 5.0<br />

Inseticida<br />

Abamectina<br />

36<br />

pH da<br />

calda<br />

Fungicida<br />

pH da<br />

Calda<br />

5.0 Carbendazim 5.0<br />

24


Clorimuron 5.0 Clorpirifós 4.0 a 5.0 Cercobim 5.0<br />

Glifosato 3.0 a 4.0 Dimetoato 4.0 Score 5.0<br />

Zapp Qi 5.0 Malathion 5.0<br />

2.3.1. Conceitos Básicos de Aplicação de Produtos Fitossanitários<br />

a. Definição de alvo: O produto fitossanitário deve exercer a sua ação sobre o<br />

organismo que se deseja controlar. Portanto, o alvo a ser atingido é esse organismo, seja<br />

ele uma planta daninha, um inseto, um fungo ou uma bactéria.<br />

b. Interferência das condições ambientais: A condição mais segura para se<br />

pulverizar é com o vento constante de 3,2 a 6,5 km/h. Deve-se utilizar um anemômetro<br />

para medir a velocidade do vento. Pulverizações devem ser evitadas com velocidade<br />

igual ou inferior a 1,0 km/h e acima de 10 km/h, devido ao risco de deriva em direções<br />

imprevisíveis.<br />

De modo geral, temperaturas superiores a 30 o C e umidade relativa inferior a 55%<br />

são impróprias a pulverizações. Os períodos da manhã e do final da tarde geralmente<br />

são os melhores para aplicação de defensivos, apresentando normalmente valores<br />

satisfatórios de vento, temperatura e umidade relativa do ar. Lembre-se de que o horário<br />

não é o mais importante, mas sim as condições ambientais.<br />

c. Pontas de pulverização terrestre: Conforme as normas internacionais, as pontas<br />

de pulverização devem ser codificadas, obedecendo a um padrão internacional na sua<br />

nomenclatura e formatos. Como exemplo, uma ponta XR11004VP, no qual XR representa<br />

o tipo de ponta, 110 refere-se ao ângulo de 110 o de projeção das gotas, 04 indica que<br />

tem uma vazão de 0,4 galão/minuto, VP indic que essa ponta tem código de corres<br />

Visoflo (V) e é de Polímero (P).<br />

d. Vazão das pontas: As vazões são classificadas em função do volume de calda<br />

aplicado por hectare: baixo volume oleoso(BVO); médio volume(MV) e alto volume(AV).<br />

Aplicação BVO MV AV<br />

Terrestre 10-35 30-60 61-120<br />

Aérea 5-12 13-30 31-40<br />

e- Distribuição de gotas: A cobertura é o número de gotas por unidade de área,<br />

obtido na pulverização. E para fazer observações da qualidade da aplicação, o primeiro<br />

passo é coletar uma amostra, com espelho, papel hidrossensível ou outro meio no qual<br />

se consiga visualizar a quantidade de gotas depositadas por unidade de área. Portanto,<br />

para cada tipo de defensivo aplicado, há uma quantidade ideal de número de gotas/cm 2<br />

e diâmetro médio volumétrico de gotas DVM).<br />

Produto Gotas/cm 2 DMV (micras)<br />

Inseticidas 20-30 100-200<br />

Herbicidas (préemergente)<br />

20-30 300-400<br />

Herbicidas (pósemergente)<br />

30-40 200-300<br />

Fungicidas (sistêmico) 30-40 100-200<br />

Fungicidas (de contato) > 70 100-200<br />

f- Altura de trabalho das barras do pulverizador: Para obtenção de uma boa<br />

qualidade de cobertura e distribuição das gotas, deve-se cuidar da altura de trabalho<br />

das pontas de pulverização. Isso porque cada ponta apresenta um ângulo de abertura<br />

25


da projeção das gotas pulverizadas e a sobreposição dessas gotas será dada em função<br />

da distância entre os bicos na barra do pulverizador e a distância dos bicos e o alvo que<br />

se deseja atingir.<br />

Ângulo de<br />

Pulverização<br />

Altura da Barra<br />

Espaçamento entre bicos<br />

35 cm 50 cm 75 cm 100 cm<br />

80 o 55 cm 75 cm 110 cm<br />

110 o 35 cm 50 cm 75 cm<br />

não<br />

recomendável<br />

não<br />

recomendável<br />

120 o 35 cm 50 cm 75 cm 100 cm<br />

g- Ordem de adição dos produtos no tanque de pulverização: Os produtos<br />

químicos utilizados na pulverização agrícola são fornecidos nas seguintes formulações,<br />

e quando o solvente utilizado é a água, devem ser misturados na seguinte ordem de<br />

adição descrita nesta tabela.<br />

Ordem<br />

de<br />

Tipo de formulação<br />

adição<br />

1 Água<br />

Código de<br />

formulação<br />

2 Pó Molhável PM<br />

3<br />

Grânulos Dispersíveis em<br />

Água<br />

WG<br />

4 Dry Flowable DF<br />

5 Suspensão Concentrada SC<br />

6 Emulsão em Água EW<br />

7 Espalhante Adesivo EA<br />

8 Concentrado Emulsionável CE<br />

9 Líquido Solúvel LS<br />

10<br />

Solução Aquosa não<br />

Concentrada<br />

SANC<br />

11<br />

Solução Aquosa<br />

Concentrada<br />

SAC<br />

No caso da utilização de algum tipo de óleo emulsionável, deve-se realizar a mistura na seguinte<br />

ordem: Óleo + Produto (agitar bem) + Água (agitar bem) = (OPA).<br />

26


h- Sequência correta para preparo de calda com adubo foliar<br />

1. Coloque 2/3 de água no tanque.<br />

2. Coloque o UBYFOL MS-MN25RR por cima da água no tanque e deixe<br />

agitando por dois minutos.<br />

3. No pré-misturador, prepare calda 1 com: água + inseticida e mande para<br />

o tanque<br />

4. No pré-misturador prepare calda 2 com: água +herbicida e mande para o<br />

tanque<br />

5. Complete o tanque com água.<br />

i – Faixas de aplicação aérea: Cada tipo de pulverização aérea exige uma<br />

recomendação de faixa em função da qualidade exigida para se atingir boa eficiência<br />

do produto pulverizado. Junto a isso, é muito importante conferir o fechamento das<br />

faixas de aplicação. De forma geral, as recomendações de vazão e faixa utilizadas nos<br />

voos com atomizador micronair e a barra (bico CP), para cada tipo de produto aplicado:<br />

Ipanema<br />

Produto Tipo de Ponta Vazão (l/ha)<br />

Faixa de<br />

Aplicação (M)<br />

Fungicidas Micronair 10 20<br />

Herbicidas Micronair 10 20<br />

Inseticidas Micronair 10 25<br />

Fertilizantes<br />

Foliares<br />

bico CP 10 25<br />

Fatores a serem cuidados constantemente nas aplicações aéreas<br />

A qualidade da aplicação aérea depende de fatores que influenciam diretamente o<br />

resultado, devendo-se estar sempre atento a eles na execução da atividade.<br />

1 Densidade de gotas:<br />

I Fungicidas: acima de 50 gotas/cm 2<br />

II Herbicidas: acima de 50 gotas/cm 2<br />

III Inseticidas: acima de 20 gotas/cm 2<br />

IV Fertilizantes Foliares: 20 gotas/cm 2<br />

2 Altura de Voo:<br />

Depende da velocidade do vento, devido ao Fator Amsdem (FA)<br />

(FA) = Velocidade do vento x Altura do voo<br />

• Exemplo: Voo com altura de 5,0m e velocidade do vento de 6,0 km/h, tem um<br />

FA= 30. Para um voo com altura de 3,0 m e velocidade do vento de 10 km/h<br />

também tem um FA= 30. Dessa forma, o comportamento das neblinas das duas<br />

aplicações será muito semelhante e os seus resultados também serão por terem<br />

o mesmo FA.<br />

27


Condições Climáticas<br />

Produto Umidade Temperatura Vento(km/h)<br />

Fator Amsdem<br />

(FA)<br />

Fungicida > 55% < 32 o C 2- 10 30<br />

Herbicidas > 55% < 32 o C 2- 10 30<br />

Inseticidas > 55% < 32 o C 2- 15 30<br />

Ferti Foliar > 55% < 32 o C 2- 15 30<br />

j - Características do alvo:<br />

1- Pragas: conhecer seu comportamento nas culturas. Se tem hábito noturno ou é<br />

indiferente ao horário, a mobilidade da praga no dossel da planta, a forma como a praga<br />

se contamina com o defensivo.<br />

2- Doenças: quais são, em que estádio da cultura ocorrem, condições que as<br />

favorecem e o melhor momento de intervenção.<br />

3- Plantas Daninhas: avaliar o melhor estádio de controle da planta daninha, se ela<br />

está ou não estressada, se é perenizada ou não.<br />

4 Fertilizantes Foliares: são aplicados visando à nutrição das culturas e, por isso,<br />

devem ser pulverizadas da forma mais uniforme possível evitando variações no estado<br />

de nutrição das lavouras.<br />

5- Herbicidas pré-emergentes: conhecer as recomendações de utilização do produto.<br />

3. APLICAÇÃO DE DESFOLHANTES E MATURADORES<br />

Essa etapa do manejo do algodoeiro tem uma importância a mais, pois a aplicação<br />

desses produtos, de forma antecipada ou após o período recomendado, vai influenciar não<br />

só nas propriedades intrínsecas da fibra (comprimento, uniformidade de comprimento;<br />

micronaire e grau de maturação, etc.), como também na qualidade extrínseca, ou seja,<br />

a presença de impurezas provenientes do processo de colheita (pedaços de folha<br />

“pimentinha”; pecíolo da folha; casca; fibra do caule, etc.). Isso porque a planta mais<br />

vigorosa e de porte mais elevado (aconteceu esse ano), ao passar pelos fusos, é retirada<br />

parte da casca do caule (fibra), junto com o algodão em caroço e presença de “clorofila”,<br />

que nada mais é do que pedaços verdes do caule que se misturam à fibra.<br />

Portanto, é imprescindível que o manejo da lavoura seja o mais próximo possível<br />

do ideal, para que esses acontecimentos não venham prejudicar a qualidade da fibra<br />

colhida e, consequentemente, depreciar o seu valor de comercialização.<br />

Figura 175 - Presença de impurezas no<br />

algodão em caroço após colheita, tanto em<br />

fardões quanto em rolinhos. UP Guapirama<br />

Figura 176 - Presença de impurezas em<br />

amostras de fibra após o beneficiamento o que vai<br />

interferir na classificação da fibra. UP Ribeiro do<br />

Céu<br />

28


O algodão, por ser uma planta perene, não entra em senescência após a abertura<br />

total dos frutos e queda das folhas de forma natural. Portanto, a aplicação de produtos<br />

químicos sintéticos durante o processo de abertura natural dos frutos se faz necessária<br />

para acelerar a abertura dos frutos e queda das folhas, de modo que a colheita possa<br />

ocorrer de forma mais rápida, uniforme e limpa possível (AZEVEDO et al., 2008).<br />

A aplicação desses produtos na dosagem correta e no momento certo vai propiciar<br />

uma lavoura completamente desprovida de folhas e com todos os frutos comercialmente<br />

viáveis abertos. No entanto, o maior desafio é definir esse exato momento da aplicação<br />

para evitar a ocorrência dos problemas.<br />

Os desfolhantes e maturadores, cujos princípios ativos atualmente mais utilizados<br />

são o Tidiazuron e o Etephon, respectivamente, atuam no balanceamento de hormônios<br />

promotores como acido 3 – indolacético (AIA) e retardadores, como o etileno.<br />

Com a aplicação do Tidiazuron, verifica-se redução no nível e transporte endógeno do<br />

AIA, resultando em substancial aumento na produção de etileno, hormônio responsável<br />

pela formação da camada de abscisão. Em geral, após a aplicação do Tidiazuron, verificase<br />

declínio no nível de AIA, com consequente formação da camada de abscisão (LAMAS<br />

& FERREIRA, 2015).<br />

O Etephon (acido 2 cloro fosfônico) é substância liberadora de etileno, o qual inibe a<br />

movimentação interna do AIA e propicia a formação da zona de abscisão. A precocidade<br />

e a uniformidade de abertura dos frutos são aumentadas significativamente com a sua<br />

aplicação (LAMAS & FERREIRA, 2015).<br />

.<br />

POP - utilização de maturador, desfolhante e dessecantes para cultura do<br />

algodão<br />

A Terra Santa tem um POP (Procedimento Operacional Padrão) de “utilização de<br />

maturador, desfolhante e dessecantes para a cultura do algodão”, elaborado por IKETANI<br />

et al. (2014). Os procedimentos para a utilização dessa ferramenta são os seguintes:<br />

- Identificação das maçãs fisiologicamente maduras.<br />

- Coleta da última maçã viável e fazer nela um corte transversal: se houver um halo<br />

amarelo ou marrom internamente ao redor da semente, a maçã está fisiologicamente<br />

madura. Esse processo é feito em cinco pontos representativos no talhão. Em cada<br />

ponto, num espaço de 5 m em duas linhas, conte o n o de capulhos + maçãs viáveis.<br />

Figura 177 - Maçã com corte transversal em maturação fisiológica demonstrada pela cor escura do<br />

tegumento que envolve a semente<br />

- Existem duas outras maneiras práticas de se verificar se as maçãs do ponteiro estão<br />

fisiologicamente maduras:<br />

• A primeira é uma observação visual dessas maçãs - se verificar um rompimento<br />

natural entre os seus lóculos, a fibra está madura e, dentro de poucos dias, os<br />

capulhos estarão abertos e a colheita poderá ser realizada.<br />

29


Figura 178 - Maçã em maturação fisiológica verificada pelo rompimento natural dos lóculos. UP<br />

Ribeiro do Céu<br />

• A segunda maneira prática (informação pessoal de consultor) é que a partir do<br />

último capulho aberto, verifique, entre a 4 a e a 5 a maçã, em primeira posição, ao<br />

apertar a ponta da maçã, observe se há um leve rompimento entre os lóculos.<br />

Isso significa que a fibra está madura e dentro de alguns dias a colheita poderá<br />

ser iniciada.<br />

Figura 179 - Maçã em primeira posição em maturação fisiológica, pois, ao apertar na junção dos<br />

lóculos, eles se rompem<br />

- Para aumentar a eficiência do desfolhante (Tidiazuron) e do maturador (Etephon +<br />

Ciclanilida), tem que se levar em conta a temperatura média do ambiente. Deve-se fazer<br />

a avaliação da T a média prevista (Tmáx + Tmín) / 2 para os próximos três ou cinco dias;<br />

se a T média prevista < 20 o C = não aplicar. A faixa ideal de temperatura para ambos os<br />

produtos está entre 22 o C e 30 o C. Para o Maturador temperatura média prevista entre<br />

22 o C e 25 o C, recomenda-se de 2,0 a 2,5 l/ha. Para T média prevista entre 25 o C e 30 o C,<br />

utiliza-se 1,8 a 2,0 l/ha. Essas doses recomendadas são para talhões cuja porcentagem<br />

de capulhos abertos estejam acima de 85%. Seu efeito sobre a abertura de maçãs<br />

fisiologicamente maduras ocorre entre 12 e 15 dias após a aplicação.<br />

- Recomendação para talhões entre 60% e 80% de capulhos abertos.<br />

- A aplicação em condições onde o índice de capulhos for inferior a 80%<br />

deverá ser realizada visando antecipar a colheita, melhorando a qualidade,<br />

e com um ganho sistêmico na Unidade de Produção. Nessa situação<br />

fazer aplicação sequencial de desfolhante (0,45 a 0,5 l/ha) sete dias após<br />

aplicar o maturador na dosagem de 2,0 a 2,5 l/há – sempre esteja atento<br />

à possível variação da temperatura.<br />

- Recomendação para talhões entre 80% e 95% de capulhos abertos.<br />

30


- Nessa situação, de maneira geral, pode-se fazer a aplicação conjunta do desfolhante<br />

mais o maturador, ou ainda somente o maturador, conforme descrito a seguir:<br />

- Mistura do desfolhante 0,25 – 0,35 l/ha + maturador 1,2 – 2,0 l/há: a dosagem do<br />

desfolhante vai variar em função do enfolhamento das plantas. Menos enfolhamento;<br />

dose menor; mais enfolhamento, dose maior. Para o maturador, recomenda-se doses<br />

menores para índices próximos a 95% de capulhos abertos, e doses maiores para índices<br />

de capulhos próximos a 80%.<br />

Maturador (1,5 – 2,5 l/ha): deve ser utilizado quando não houver rebrote e somente<br />

folhas velhas. O maturador, atualmente em uso, apresenta ação desfolhante de folhas<br />

velhas.<br />

Em talhões com abertura de capulho superior a 95%, não se recomenda a aplicação<br />

de maturador, visto que o período de 12 a 15 dias para que seu efeito ocorra será,<br />

aproximadamente, o mesmo para que o restante das maçãs abra naturalmente.<br />

4. COLHEITA<br />

Última e importante etapa do manejo do algodoeiro na lavoura. Após praticamente<br />

seis meses a partir do semeio, a Terra Santa se prepara para realizar a colheita, que deve<br />

ser feita o mais rápido possível. Para evitar excesso de exposição à radiação solar, que<br />

pode influenciar na cor da fibra, impurezas geradas pela própria planta (pedaços de<br />

folhas, pecíolo e brácteas já secas) podem aderir ao capulho. Toda essa preocupação<br />

está relacionada às condições climáticas durante a colheita (chuva), e a presença dessas<br />

impurezas pode prejudicar as qualidades intrínsecas e extrínsecas da fibra do algodão,<br />

depreciando seu valor.<br />

Figura 180 - Talhão pronto para ser colhido.<br />

UP Guapirama<br />

Figura 181 - Talhão em processo de colheita.<br />

Ao fundo, as prensas compactando o algodão para<br />

fazer um fardão. UP Guapirama<br />

Figura 182 - Presença de impurezas no<br />

capulho ainda na lavoura antes da colheita. UP<br />

Guapirama<br />

Figura 183 - Presença de folhas secas que se<br />

desprenderam do pecíolo, mas caíram sobre o<br />

capulho. UP Guapirama<br />

31


Muitas das impurezas que ficam aderidas ao capulho, mesmo antes da colheita, são<br />

provenientes das folhas que, num processo natural de senescência, ao secarem, caem<br />

sobre os capulhos, somente a folha ou folha com pecíolo e, quando da colheita, são<br />

misturados ao algodão em caroço. Porém, essas impurezas deverão ser eliminadas nas<br />

diferentes etapas de limpeza realizadas na usina de beneficiamento. Vale ressaltar que,<br />

apesar da eficiência e cuidados no beneficiamento, a presença de pequenos pedaços de<br />

folhas junto às fibras vai influenciar na sua classificação visual.<br />

Figura 184 - Rolinho colhido mostrando as<br />

impurezas junto com o algodão em caroço. UP<br />

Mãe Margarida<br />

Figura 185 - Algodão em caroço com<br />

impurezas, como pedaços de folhas e cascas, que<br />

vieram da lavoura. UP Guapirama<br />

Figura 186 - Impurezas (pedaços de folha) que aderiram ao algodão em caroço durante o processo de<br />

colheita, com destaque para o pecíolo da folha. UP Guapirama<br />

Antes de descrever o processo de colheita em si, é necessário destacar que, nessa<br />

safra, a Terra Santa realizou dois eventos internos, envolvendo todos os gerentes,<br />

coordenadores de produção e alguns funcionários administrativos de todas as<br />

unidades de produção que cultivaram algodão.<br />

O primeiro evento, Reunião Técnica Interna, ocorreu no período de 28/05 a 01/06<br />

in loco, diretamente na lavoura, maçãs em pleno desenvolvimento e, em alguns casos,<br />

lavouras com os primeiros frutos em processo de abertura, em talhões previamente<br />

selecionados pela equipe da UP, que separavam aleatoriamente 2 fileiras de 2m de<br />

comprimento, nas quais retiravam todas as folhas, deixando apenas as maçãs expostas.<br />

Membros da equipe local fizeram a apresentação do material exposto, mostrando as<br />

qualidades da variedade, o manejo realizado e as dificuldades enfrentadas durante a<br />

safra. Os dados foram apresentados na forma de flipchart. O objetivo foi fazer com que<br />

todos os profissionais envolvidos no cultivo do algodão pudessem conhecer todas as<br />

lavouras em todas as UPs e, com isso, corrigir possíveis erros cometidos com finalidade<br />

de melhorar ainda mais o manejo na próxima safra.<br />

32


Figura 187 - Apresentação da lavoura pelo<br />

coordenador da UP Ribeiro do Céu<br />

Figura 188 - Seminário interno: avaliação in<br />

loco do potencial produtivo da variedade FM 975<br />

ws algodão safrinha. UP Ribeiro do Céu<br />

Figura 189 - Algodão safra com 155 DAE, com<br />

boa abertura dos frutos: desfolha programada<br />

para 12/06. UP Ribeira do Céu-Seminário Interno<br />

Figura 190 - Algodão safra. FM 983 GLT. UP<br />

Mãe Margarida – Seminário Interno<br />

Figura 191 - Painel flipchart mostrando as<br />

informações do talhão durante apresentação do<br />

seminário interno. UP Mãe Margarida<br />

Figura 192 - Segundo dia do Seminário<br />

Interno, no café da manhã na lavoura. UP<br />

Guapirama<br />

33


Figura 193 - Vista geral do talhão cultivado<br />

com FM 975 ws com 130 DAE. UP Guapirama –<br />

Seminário Interno<br />

Figura 194 - Algodão FM 975 ws. 130 DAE.<br />

Potencial produtivo. UP Guapirama – Seminário<br />

Interno<br />

Figura 195 - Apresentação FM 944 GL, como<br />

parte da apresentação do seminário interno. UP<br />

Guapirama<br />

Figura 196 - Apresentação do potencial<br />

produtivo DP 1536 B2RF com 123 DAE. UP São<br />

José – Seminário Interno<br />

Figura 197 - Apresentação do potencial<br />

produtivo FM 975 WS, com 127 DAE. UP São José<br />

Figura 198 - Apresentação do potencial<br />

produtivo da variedade TMG 47 UP São José –<br />

Seminário Interno<br />

34


Figura 199 - Apresentação do potencial<br />

produtivo da TMG 81 WS com 132 DAE. UP São<br />

José – Seminário Interno<br />

Figura 200 - Apresentação do potencial<br />

Produtivo TMG 44 B2RF, com 120 DAE. Faz Rubi, UP<br />

Parecis – Seminário Interno<br />

O segundo evento foi Panorama Agrícola do Algodão “6 0 Workshop – Qualidade do<br />

Algodão: Departamento Comercial e Algodoeiras. Realizado no dia 05/06, constituiu de<br />

um dia de atividades com a presença de todos os gerentes e coordenadores de produção,<br />

além de funcionários dos escritórios das UPs e do escritório corporativo central. Os<br />

diferentes segmentos da cadeia produtiva tiveram um determinado tempo para<br />

apresentar o trabalho desenvolvido, os erros e acertos que ocorreram e as perspectivas<br />

futuras. Objetivo principal foi tornar a cadeia produtiva ainda mais profissional.<br />

Uma das apresentações revelou que, na atual safra, foram cultivados 31.861 ha de<br />

algodão, assim distribuídos:<br />

- 2.852 ha (9%) na 4 a semana de dezembro, considerado “algodão safra”,<br />

- as demais áreas são “algodão safrinha”: 6.198 ha (19%) na 1 a quinzena de janeiro;<br />

19.280 ha (61%) na 2 a quinzena de janeiro, e 3530 ha (11%), na 1 a semana de fevereiro.<br />

Essa última área está fora da janela de plantio considerada como ideal, que seria até<br />

25/01. Portanto, pode ter um risco maior de chuva na colheita que deverá se estender<br />

até início de setembro.<br />

Também foram apresentadas as etapas do processo de manejo da lavoura. 50%<br />

delas se referem ao Planejamento Agrícola; Compra de Insumos; Plantio da Soja até<br />

15/10; Colheita da Soja/ Plantio de Algodão – 80% em janeiro; Adubação de Cobertura;<br />

MIP/ Controle de Plantas Daninhas; Manejo e Condução das lavouras, e Revisão da frota<br />

(máquinas e implementos/ Unidades de Beneficiamento – UBA).<br />

Os outros 50% dessas etapas se referem a: Contratação/ treinamento de equipe<br />

(safristas); Colheita do Algodão; Classificação Visual no Campo; Transporte dos fardões/<br />

rolinhos até o pátio das Algodoeiras; Beneficiamento; Classificação visual dos fardos já<br />

beneficiados; Classificação em HVI em Laboratório localizado em Sapezal-MT; Separação<br />

dos Lotes/Empilhamento; Transporte para o Porto de Santo e armazenar/estufar em<br />

Containers e finalmente o Embarque para a Exportação.<br />

Também nesse evento, de acordo com as metas preestabelecidas pela empresa<br />

de uma produtividade média 268,2@/ha de algodão em caroço, foi apresentado uma<br />

estimativa média de produtividade para cada unidade de produção, conforme quadro<br />

a seguir.<br />

Terra Santa Agro - 268,2@/ha de algodão em caroço - rendimento de fibra 40,5%<br />

(52.262 t. de fibra) e 68.393 t. de Caroço de algodão<br />

35


Estimativas de Produtividade para cada Unidade de Produção:<br />

Rend. Alg. Caroço(@) Rend. Fibra(%) @/ha de Fibra<br />

UP São José 282 41,3 116,6<br />

UP Guapirama 285 41,2 117,4<br />

UP Ribeiro do Céu 290,5 40,9 119,8<br />

UP Mãe Margarida 287 41,8 119,8<br />

UP Cachoeira 275 41,8 115,0<br />

UP Parecis 270 41,6 112,0<br />

UP 7 Placas 264 40,8 108,2<br />

UP Terra Santa 252 41,1 103,6<br />

Também foi estimado o início e fim da colheita para cada UP, em função de<br />

grande parte do algodão a ser colhido ter sido negociado antecipadamente e com<br />

data de entrega previamente acertada. O cumprimento desses prazos demonstra o<br />

profissionalismo na condução da lavoura de algodão pela empresa.<br />

Estimativas de datas de início e fim da colheita do algodão nas UPs<br />

Início<br />

Fim<br />

UP São José 02/07 27/08<br />

UP Guapirama 03/07 21/08<br />

UP Ribeiro do Céu 26/06 16/08<br />

UP Mãe Margarida 26/06 26/07<br />

UP Cachoeira 02/07 31/07<br />

UP Parecis 02/07 27/08<br />

UP 7 Placas 26/06 23/08<br />

UP Terra Santa 02/07 21/08<br />

O processo de colheita em si envolve várias operações. Em primeiro lugar, faz-se um<br />

planejamento por talhão a ser colhido, logicamente após a aplicação dos desfolhantes/<br />

maturadores, cujo efeito ocorre entre 7 e 14 dias, caso os produtos tenham sido aplicados<br />

em condições climáticas adequadas.<br />

A Terra Santa tem dois tipos de colhedeiras para o algodão: as máquinas de cesto,<br />

que, após uma operação onerosa, deixam um fardo de cerca de 10 t, pronto a ser<br />

transportado para a usina de beneficiamento; a máquina de rolo que, sozinha, produz<br />

um rolo de cerca de 2.2 t, posteriormente transportado para a usina.<br />

Figura 201 - Colheita com máquina de cesto.<br />

UP Guapirama<br />

Figura 202 - Colheita com máquina de rolo<br />

com peso aproximado de 2,2 t. de algodão em<br />

caroço. Totalmente automatizada, tem apenas um<br />

operador. UP Guapirama<br />

36


Figura 203 - A frente da máquina de rolo e o processo de colheita são iguais às da máquina de cesto,<br />

porém, a eficiência e a rapidez na colheita são bem superiores<br />

Para cada máquina de cesto, que colhe em média 15 ha por dia em dois turnos, tem<br />

uma prensa acoplada a um trator para fazer os fardões, um bass boy também acoplado<br />

a um trator, que recolhe o algodão das máquinas em pleno talhão e descarrega nas<br />

prensas. Com isso, as máquinas ficam paradas o menor tempo possível. Esse conjunto<br />

de equipamentos envolve um contingente humano de 12 a 15 colaboradores/máquina<br />

que executam diversas tarefas, como operar as máquinas; prensar o algodão para<br />

fazer os fardões; preparar o terreno nas bordas dos talhões, onde os fardões ficam<br />

provisoriamente, até serem transportados para o pátio da usina; colaboradores que<br />

cobrem os fardões com lona; colaboradores que recolhem o algodão junto às prensas e<br />

auxiliam no descarregamento do algodão das máquinas para os bass boy. Tais operações<br />

têm um único objetivo: retirar o algodão o mais rápido possível da lavoura, para não<br />

comprometer a qualidade das fibras.<br />

Figura 204 - Descarregamento em bass boy<br />

de duas máquinas de cesto em pleno talhão. UP<br />

Guapirama<br />

Figura 205 - Operários fazendo a limpeza na<br />

borda do talhão, onde será instalada a prensa para<br />

fazer um fardão. UP Guapirama<br />

37


Figura 206 - O bass boy, que recolheu o<br />

algodão da máquina no talhão, agora descarrega<br />

na prensa que irá fazer um fardão<br />

Figura 207 - Prensa ligada à tomada de força<br />

de um trator e, por meio de um pistão hidráulico,<br />

compacta o algodão e faz um fardo de 10 t, que<br />

depois será transportado para usina<br />

Figura 208 - Pistão hidráulico prensando o<br />

algodão em caroço, recém-colhido, para formar<br />

um fardão. UP Guapirama<br />

Figura 209 - Fardão pronto: a prensa montada<br />

sobre um eixo é suspensa e puxada por um trator<br />

para liberar o fardo. UP Guapirama<br />

Figura 210 - Fardão já recoberto por lona, só faltando ser amarrado e, em seguida, transportado para<br />

o pátio da usina. UP Guapirama<br />

As máquinas de rolinhos, que colhem em média 40 ha por dia em dois turnos, são<br />

mais eficientes e envolvem apenas três operadores e dois auxiliares: um operador<br />

da máquina, um do trator, que ajunta os rolinhos nos talhões e depois os coloca nos<br />

caminhões, que têm um motorista que transporta esses rolinhos para os pátios das<br />

usinas. Os auxiliares cobrem os rolos com uma lona, também chamada de “touca”, depois<br />

de terem sido colocados nos caminhões.<br />

38


Figura 211 - Máquina de rolo sendo<br />

abastecida com as bobinas de filme de plástico<br />

que vão cobrir o algodão em caroço durante o<br />

processo de colheita. UP Guapirama<br />

Figura 212 - Máquina de rolo em plena<br />

operação de colheita. UP Guapirama<br />

Figura 213 - Rolinho depois de pronto, sendo<br />

liberado pela máquina no próprio talhão. UP<br />

Guapirama<br />

Figura 214 - Rolinhos de algodão em caroço<br />

prontos devidamente classificados aguardando<br />

serem transportados para o pátio da usina. UP<br />

Guapirama<br />

À medida que estão prontos nos talhões, os fardões e os rolinhos são transportados<br />

para o pátio da usina, devidamente separados por variedade e pela classificação visual<br />

realizada ainda na lavoura por um técnico treinado para isso.<br />

Figura 215- Transmódulo com um fardão<br />

recolhido na lavoura, passando pela balança<br />

antes de ser armazenado no pátio da usina. UP<br />

Guapirama<br />

Figura 216 - Transporte de rolinhos da lavoura<br />

para o pátio da usina: recobertos por uma lona,<br />

chamada de touca, para evitar a contaminação<br />

por poeira durante o trajeto. UP Mãe Margarida/<br />

Ribeiro do Céu<br />

39


Figura 217 - Pesagem dos rolinhos que vieram<br />

da lavoura, antes de serem armazenados no pátio<br />

da usina, UP Guapirama<br />

Figura 218 - Transmódulo que transporta o<br />

fardão para o pátio e depois dali para dentro da<br />

usina. UP Guapirama<br />

Figura 219 - Término do descarregamento do<br />

fardão no pátio da usina, com a classificação visual<br />

feita ainda na lavoura escrita na lona que cobre o<br />

fardão. UP Guapirama<br />

Figura 220 - Fardões armazenados no pátio<br />

da usina em forma de escama de peixe e cada faixa<br />

distanciada uma da outra em 11m. UP Ribeiro do<br />

Céu<br />

Figura 221 - Descarregamento dos rolinhos<br />

com auxílio de uma carregadeira, com uma<br />

espécie de tridente na frente, que espeta o rolinho<br />

e deposita no pátio. UP Guapirama<br />

Figura 222 - Rolinhos armazenados no pátio<br />

da usina, já sendo cobertos com lona separados<br />

em lotes, conforme a classificação visual realizada<br />

na lavoura. UP Guapirama<br />

40


Existe uma logística que a empresa segue logo após o algodão ter<br />

sido colhido. Em cada fardão e em cada rolo, um técnico treinado faz<br />

a primeira classificação visual. Quando os fardões e os rolos chegam<br />

ao pátio da usina, são separados em lotes, de acordo com essa<br />

classificação; ou seja, serão beneficiados os lotes da mesma variedade<br />

e com a mesma classificação visual, e, somente após o termino desse(s)<br />

lote(s), um novo será beneficiado. Existe um mapa identificando esses<br />

lotes no pátio da usina.<br />

Õ<br />

Outro detalhe: os fardões sempre serão os primeiros a serem beneficiados, porque<br />

o algodão está diretamente em contato com o solo - normalmente o beneficiamento<br />

ocorre entre agosto e dezembro - portanto, em período de chuva, a partir de outubro.<br />

Além disso, ao beneficiar um fardão, libera uma lona, cujo tamanho possibilita cobrir<br />

quatro rolos, que, mesmo tendo um filme de plástico envolvendo-os, suas laterais ficam<br />

expostas.<br />

Figura 223 - Caminhão molhando a estrada entre os talhões, com objetivo de reduzir a poeira que<br />

pode prejudicar a qualidade da fibra. UP Guapirama<br />

Vale ressaltar que o processo de colheita é cercado por uma série de cuidados: início<br />

da colheita nos talhões que apresentem todos os capulhos abertos, e somente depois<br />

que o sol atinja toda a lavoura. A fibra do algodão é higroscópica e, portanto, pode<br />

absorver umidade durante a madrugada, provocando embuchamento, se a colheita se<br />

iniciar muito cedo..<br />

Por outro lado, como nessa época a umidade relativa do ar, nas condições de<br />

Cerrado, é muito baixa, a colheita pode se estender até pelas 2h ou 3h - se as condições<br />

forem favoráveis. Outra preocupação é com a poeira, devido à grande movimentação<br />

de máquinas e equipamentos. Por isso, as estradas que cortam os talhões são<br />

constantemente molhadas. Toda essa preocupação tem um único objetivo: retirar o<br />

mais rápido possível o algodão da lavoura, para não perder a qualidade. Além disso, a<br />

colheita mecânica é realizada uma única vez, pois não se admite a prática do repasse.<br />

41


Máquina de cesto x máquina de rolo<br />

Fazendo uma analogia entre colheita com máquina de cesto e de rolo podemos<br />

chegar ao seguinte resultado, analisando somente o operacional de colheita:<br />

• Máquina de cesto: consome 18,2 l de diesel/ha; o conjunto do bass boy<br />

+ prensa consomem 4,7 l de diesel/ha, o que dá um total geral de 22,9 l de<br />

diesel/ha. No entanto, é uma máquina que colhe somente 15 ha/dia em dois<br />

turnos, o que equivale a um total aproximado de 680 ha/máquina durante o<br />

período previsto para a colheita que é de 37 dias.<br />

• Máquina de rolo: colhe sozinha sem equipamentos adicionais, consome<br />

35,5 l de diesel/ha. No entanto, colhe 42 ha/dia em dois turnos chegando a<br />

um total de 1900 ha/máquina, durante o período previsto de colheita, que<br />

é de 37 dias.<br />

Se olharmos somente o consumo de diesel, a vantagem é para a máquina de<br />

cesto. No entanto, a máquina de rolo, apesar de consumir mais diesel e ter um<br />

custo adicional da bobina de filme plástico que envolve o algodão, no valor de<br />

US$ 1200/bobina (para recobrir 24 rolinhos), tem seu custo diluído pela maior<br />

eficiência operacional de colheita. Em função disso, para a próxima safra, a<br />

empresa deverá processar a colheita somente com máquinas de rolo.<br />

4.1.Destruição da soqueira do algodão<br />

O algodoeiro cultivado atualmente se originou de uma planta arbustiva e perene,<br />

com características de armazenamento de amido na raiz e no caule - Taliercio et al.<br />

(2010) citado por SILVA et al. (2015) -, o que tornou essa espécie bastante resistente.<br />

Apesar de seu cultivo ser feito como cultura anual, a natureza perene do algodoeiro<br />

permite que rebrote após a colheita e até produza frutos - Greenberg et al. (2007) citado<br />

por SILVA et al. (2015).<br />

O processo de rebrota, provavelmente, ocorre em decorrência do rápido<br />

desenvolvimento vegetativo das folhas dos ramos, que passam a funcionar como fontes<br />

de fotoassimilados, pois a planta ainda não tem drenos suficientemente desenvolvidos.<br />

Esses fotoassimilados são redirecionados para as raízes e caule, onde ficam acumulados<br />

na forma de amido que poderão ser utilizados durante o ciclo da planta e ainda mais no<br />

processo de rebrota após a colheita.<br />

A destruição das soqueiras reduz a população de pragas, como bicudo, lagarta<br />

rosada e broca da raiz. Tal prática não só traz benefícios ao próprio produtor, como<br />

também às lavouras vizinhas, sendo obrigatória por lei. Existem, na maioria dos estados<br />

produtores de algodão, leis que regulamentam a obrigatoriedade dessa prática (SILVA<br />

et al., 2015). Em Mato Grosso, maior produtor de algodão do país, o vazio sanitário tem<br />

duas datas: no Médio Norte, acontece entre 15/10 e 15/12; na região de Cuiabá e Sul,<br />

entre 01/10 e 01/12.<br />

Para a safra 2017/18, a Terra Santa Agro adotou a prática de passar o correntão sobre<br />

as plantas de algodão, de acordo com este procedimento:<br />

Após a colheita do algodão, espera-se a rebrota de forma natural das folhas que,<br />

quando estiverem com uma área foliar satisfatória, é aplicado o 2,4 D (2,5 a 2,8 l/ha<br />

em dose única) junto com óleo mineral e um espalhante adesivo para assegurar que o<br />

produto não escorra da folha. Essa aplicação normalmente é realizada à noite.<br />

É necessário esperar cerca de 10 dias para que o produto faça efeito. Somente aí será<br />

passado o correntão, que nada mais é do que amarrar uma corrente bem grossa entre<br />

dois tratores, de modo a formar um semicírculo de 50m.<br />

42


Figura 224 - Dois tratores puxando um<br />

correntão fazendo um semicírculo de 50m,<br />

passando por cima da soqueira que recebeu<br />

aplicação de 2,4 D 10 dias antes. UP Ribeiro do Céu<br />

Figura 225 - Correntão passando por cima da<br />

soqueira do algodão, provocando retirada da casca<br />

do caule para evitar futuras rebrotas. UP Ribeiro<br />

do Céu<br />

Õ<br />

Figura 226 – Na área em que foi passado o correntão, a planta apresenta ferimentos no caule<br />

Essa corrente é arrastada próxima ao solo e, quando passa por<br />

cima das plantas, provoca uma raspagem na casca do caule com o<br />

objetivo de não permitir o aparecimento de novas gemas. Quando os<br />

tratores chegam ao final do talhão retornam sobre as mesmas fileiras,<br />

provocando raspagem na casca do caule - agora, porém, do outro<br />

lado. Esse método de eliminação da soqueira permite que a planta,<br />

mesmo estando morta, permaneça em pé, sem, no entanto, prejudicar<br />

o semeio da soja. É feito dessa forma para garantir o máximo de<br />

eficiência na destruição das soqueiras.<br />

Nessa safra, provavelmente, a aplicação do 2,4 D não será suficiente para eliminar<br />

toda a soqueira, pois foi um ano muito bom para o algodão: choveu bem, a lavoura foi<br />

bem adubada e, com isso, as plantas cresceram mais vigorosas e o sistema radicular<br />

aprofundou-se mais no solo.<br />

Portanto, com o retorno das chuvas e o início do plantio da soja, poderá ocorrer<br />

alguma rebrota em plantas de algodão que sobreviveram nas entrelinhas da soja. Nesse<br />

caso, a rebrota deverá ser controlada com o uso de glifosato, já que a soja a ser cultivada<br />

é resistente a ele.<br />

43


44<br />

4.2. Beneficiamento<br />

A Terra Santa tem 3 unidades de beneficiamento de algodão (UBA): uma no Distrito<br />

de Deciolândia; outra na UP Guapirama, localizadas no município de Diamantino, e a<br />

terceira na UP Ribeiro do Céu, no município de Nova Mutum. Esse parque industrial<br />

atende a todas as unidades produtoras, que na atual safra cultivaram 31.861 ha.<br />

A cotonicultura brasileira vive, atualmente, seu melhor momento quanto ao retorno<br />

financeiro, apresentando em média uma receita líquida acima dos 35%. Vários fatores<br />

estão envolvidos nesse processo, com destaque para a China, que voltou às compras<br />

para recompor seu estoque. Além disso, há no Brasil e no mundo, uma tendência de<br />

substituir a fibra sintética, originária do petróleo, pela fibra natural do algodão. Esse<br />

processo de valorização da cotonicultura vem se manifestando nas duas últimas safras<br />

e, segundo alguns analistas de mercado, ainda deve perdurar pelas próximas duas ou<br />

três safras.<br />

No entanto, em uma matéria jornalística no Valor Econômico, de 28/11/2017, Onda<br />

verde chinesa ajuda algodão brasileiro, o analista do Rabobank para o Brasil Victor<br />

Ikeda alertou: “Há limites, contudo, para os produtores brasileiros aproveitarem a onda<br />

positiva - se realmente ela se mantiver. Expandir a área de algodão no país não é tarefa<br />

fácil. Existe um limite de área que podemos aumentar sem investimentos elevados<br />

para o beneficiamento. Portanto, a continuidade da expansão dependerá de margens<br />

rentáveis por mais de uma temporada”.<br />

Isso deve servir de alerta para produtores que pretendem iniciar atividades na<br />

cotonicultura, que apresenta um dos mais altos custos (de R$ 7.000,00 a R$ 9.000,00/<br />

ha) da atual agricultura, além de exigirem uma equipe altamente profissional. Como<br />

disse a matéria do Valor Econômico, hoje a expansão de área tem no beneficiamento<br />

uma barreira, pois a aquisição de uma unidade de beneficiamento de algodão, que leva<br />

um ano para ser instalada, tem um custo entre R$12 milhões a R$15 milhões. Por outro<br />

lado, o Mato Grosso, que na atual safra cultivou aproximadamente 780.000 ha, deverá<br />

ter um aumento considerável de área para a próxima safra, podendo chegar próximo a<br />

1milhão de hectares, pois os grandes grupos empresariais e produtores já consolidados<br />

na cotonicultura deverão expandir suas áreas, aproveitando o bom momento pelo qual<br />

passa a cultura do algodão.<br />

A seguir, serão descritas as diferentes etapas do beneficiamento do algodão em<br />

caroço em uma das UBAs da Terra Santa.<br />

• Transporte dos fardões/rolinhos<br />

É a primeira etapa do beneficiamento, já devidamente classificados, da lavoura<br />

para o pátio da usina. Ali, onde um colaborador com um mapa do pátio determina a<br />

colocação dos fardões/ rolinhos que irão formar um lote para serem beneficiados de<br />

forma conjunta. Esses lotes são formados em função de variedade, classificação visual<br />

e teor de umidade do algodão colhido. Tal logística tem que ser adotada para agilizar<br />

o processo de beneficiamento. Antes de irem para o pátio, os fardões/rolinhos passam<br />

pela balança para pesagem, e o pessoal do escritório da UP lança esses pesos no sistema<br />

GATEC (Plataforma de lançamento de recursos produtivos), separadamente, para cada<br />

talhão em cada unidade produtora.


Figura 227 - Pesagem dos fardões após serem<br />

transportados da lavoura, porém antes de serem<br />

armazenados no pátio da Usina. UP Guapirama<br />

Figura 228 - Pesagem de caminhão com 9<br />

rolinhos que vieram da lavoura, antes de serem<br />

armazenados no pátio da usina. UP Guapirama<br />

Figura 229 - Fardões devidamente<br />

identificados quanto à variedade, classificação<br />

visual e teor de umidade, armazenados no pátio<br />

da Usina UP Guapirama<br />

Figura 230 - Descarregamento de rolinhos no<br />

pátio da usina orientados por um colaborador para<br />

o posicionamento correto, para facilitar a logística<br />

no beneficiamento. UP Guapirama<br />

Figura 231 - Conjunto de rolinhos devidamente armazenados no pátio da Usina. UP Guapirama<br />

Esses dados de produção de algodão em caroço, quando lançados no sistema<br />

GATEC, permitem que todos os funcionários envolvidos com a produção, a diretoria e o<br />

conselho de administração possam acompanhar diariamente o processo de colheita e o<br />

desempenho de cada unidade produtora.<br />

45


O pátio da UBA na unidade de produção Ribeiro do Céu tem 20 ha de área. Além de<br />

beneficiar sua própria produção, também atende as UPs Mãe Margarida e Terra Santa.<br />

Por isso, a separação por lotes devidamente identificados facilita o trabalho.<br />

Figura 232 - Vista parcial do pátio da usina de beneficiamento de algodão. UP Ribeiro do Céu<br />

A UBA funciona durante 20h por dia em dois turnos – só para entre 17h e 21h,<br />

quando o custo da energia é maior, e esse tempo também é utilizado para eventuais<br />

manutenções do maquinário. Aos fins de semana, a UBA funciona 24h seguidas. Vale<br />

ressaltar que a usina só para de funcionar quando tem problema na descompactadora<br />

(descompacta o algodão que vem da lavoura), na rosca sem fim (distribui o algodão nas<br />

descaroçadeiras) ou ainda na prensa (faz o fardo).<br />

Figura 233 - Descompactadora (piranha)<br />

descompactando o algodão. UP Guapirama<br />

Figura 234 - Rosca alimentadora, abaixo do<br />

batedor de 2 o estágio e acima do descaroçador<br />

46


Figura 235 - À esquerda, fardo pronto sendo amarrado. À direita, fardo sendo compactado. UP Ribeiro<br />

do Céu<br />

Os primeiros algodões a serem beneficiados são os fardões, que devem apresentar<br />

umidade entre 5% e 10%. A usina tem dois descompactadores (também chamados de<br />

piranhas), que são devidamente abastecidos com quatro fardões cada. Cada piranha<br />

apresenta dois conjuntos de rolos com pinos, que atuam separando o algodão que está<br />

compactado, ao mesmo tempo em que é feita a primeira pré-limpeza retirando grande<br />

parte das impurezas que vêm do campo.<br />

Em seguida, esse algodão é jogado numa esteira e encaminhado para uma caixa<br />

de ar quente hot box, que mistura o calor que vem da caldeira – que alimenta a usina,<br />

em média, com 4 kg de vapor (ar quente) de forma constante - com o ar frio que puxa o<br />

algodão da esteira, com objetivo de dar um choque na secagem.<br />

Figura 236 - Primeira etapa do<br />

beneficiamento: as duas descompactadoras<br />

abastecidas com 4 fardões cada. UP Ribeiro do Céu<br />

Figura 237 - Ao fundo, a descompactador,a<br />

com os dois conjuntos de batedores de pinos<br />

acabando de processar um fardão. Na frente, a<br />

esteira com o algodão descompactado sendo<br />

encaminhado à caixa hot box, que tem uma<br />

mistura de ar frio com o quente para dar um<br />

choque de secagem. UP Ribeiro do Céu<br />

47


Figura 238 - Torre de secagem: o algodão recebe mais um pouco de calor fazendo mais um processo.<br />

Acima e ao fundo, encontra-se o batedor para retirada de folhas e caule<br />

Nessas torres de secagem, também chamadas torres de flutuação, o algodão recebe<br />

mais um pouco de ar quente (vapor). Essas torres trabalham a uma temperatura em<br />

torno de 40 o C, podendo variar para mais ou menos, dependendo de como está o teor de<br />

umidade do algodão. O objetivo é fazer mais uma etapa de secagem para que o algodão<br />

esteja bem solto, o que facilita a retirada de impurezas que vêm da lavoura. A seguir,<br />

ocorre o 1 o estágio de limpeza. Ao sair das torres de secagem, o algodão em caroço<br />

passa por um batedor individual, composto de grelhas e rolos de pinos, que têm como<br />

objetivo retirar caule e folhas.<br />

Aqui, vale uma observação: se os desfolhantes/maturadores não<br />

forem aplicados no momento certo, pode ter maior quantidade dessas<br />

impurezas, interferindo diretamente na qualidade da fibra e, quando<br />

da classificação visual, receber nota menor.<br />

Õ<br />

Depois disso, o algodão em caroço passa pelo HLST – limpador extrator, com o<br />

objetivo de eliminar a casca na qual fica inserido o algodão em caroço.<br />

Figura 239 - HLST limpador extrator – elimina as cascas do capulho<br />

48


A partir daí, vai para o batedor de 2 o estágio, com o objetivo de tirar caule e folha que<br />

passaram no 1 o estágio. Segue para uma rosca alimentadora, que também tem função<br />

de retirar mais impurezas que, por acaso, não foram eliminadas nas etapas anteriores.<br />

Figura 240 - No alto e acima, estão os batedores de 2 o estágio e, logo abaixo, a rosca alimentadora<br />

seguida das máquinas descaroçadoras. UP Ribeiro do Céu<br />

Logo após, o algodão em caroço segue para as máquinas descaroçadoras para a<br />

separação da fibra do caroço. Em seguida, passa por mais um processo de limpeza,<br />

chamado de limpador centrifugo, para retirar as impurezas que passaram pelo<br />

descaroçador, como fibra imatura, carimã, casca, pedaço de caroço; ou seja, tudo o que<br />

é pesado é retirado.<br />

Figura 241 - Máquinas descaroçadoras da<br />

UBA (Usina de Beneficiamento de Algodão). UP<br />

Guapirama<br />

Figura 242 - Conjunto de serras que<br />

compõem a máquina de descaroçamento, cujo<br />

objetivo é separação da fibra do caroço. UP<br />

Guapirama<br />

Nesse processo de descaroçamento, o caroço de algodão segue por uma tubulação<br />

e vai para o armazém, com capacidade de até 16 mil t de caroço. Daí, segue para<br />

comercialização para a Indústria de óleo e também para confinamento de bovinos, pois<br />

o caroço de algodão é rico em óleo e proteínas.<br />

49


Figura 243 - Depósito de caroço de algodão, que é subproduto comercializado para a Indústria de<br />

óleo e confinamento bovino. UP Ribeiro do Céu<br />

O próximo passo é o condensador limpador de pluma para formar a manta de<br />

algodão. Daí, segue para o limpador de pluma, com o objetivo de pentear o algodão e<br />

ainda retirar impurezas que passaram pelos processos de limpezas anteriores. Por meio<br />

de sucção, a pluma segue para um condensador principal que forma a manta do algodão<br />

e que, passando por uma bica de inox, recebe um vapor d’água que vem da caldeira.<br />

Isso faz o processo de umidificação do algodão e melhora o processo de prensagem.<br />

Figura 244 - Condensador limpador de pluma,<br />

etapa após o descaroçamento. UP Guapirama<br />

Figura 245 - Condensador principal: pluma<br />

pronta para ser enfardada. UP Ribeiro do Céu<br />

Última etapa do beneficiamento é a prensagem que forma os fardos com peso<br />

médio de 202kg envoltos em tecido de algodão, devidamente costurados e etiquetados,<br />

que são armazenados no galpão. Quando da prensagem dos fardos, são retiradas duas<br />

amostras: uma para a classificação visual e outra para o HVI.<br />

Figura 246 - Fardo de 202 kg, devidamente prensado e amarrado. UP Ribeiro do Céu<br />

50


Figura 247 - Fardo recebendo a capa de tecido de algodão com a logomarca da empresa. UP Ribeiro<br />

do Céu<br />

Figura 248 – Fardo, após receber a capa de<br />

tecido de algodão, é costurado e etiquetado. UP<br />

Ribeiro do Céu<br />

Figura 249 - Fardos de algodão devidamente<br />

etiquetados e armazenados, aguardando<br />

classificação final para formar os lotes para serem<br />

embarcados. UP Ribeiro do Céu<br />

Após passar por esses processos, as fibras imaturas, de diferentes tamanhos, passam<br />

por outro processo de limpeza. Elas vão para uma prensa, que faz um fardo de algodão<br />

chamado de Fibrilha, comercializado no mercado interno para confeccionar o tecido<br />

que envolve os fardos de algodão.<br />

51


Figura 250 - Bica que recebe as fibras curta,<br />

imaturas que formam as “fibrilhas”. UP Guapirama<br />

Figura 251 - Fardo de fibrilas, devidamente<br />

amarrado, pronto para comercialização. UP<br />

Guapirama<br />

O restante de todas as sujeiras que passaram por todos os processos de limpeza<br />

vai para um grupo de torres de ciclone, nos quais a poeira sai pela parte posterior e se<br />

dissipa no ar, e a parte pesada vai para uma área externa da usina. Esse material também<br />

é comercializado para confinamentos ou mesmo pode ser espalhado nos talhões e com<br />

o tempo se transformar em matéria orgânica nos solos.<br />

Figura 252 - Torres de Ciclone, que recebem todas as impurezas geradas dentro da usina para<br />

posterior comercialização<br />

4.3. Classificação da fibra<br />

O processo de classificação do algodão na Terra Santa ocorre em três etapas. Antes de<br />

descrevê-las, porém, são apresentadas as etapas de classificação visual, em duas tabelas<br />

universais de comprimento de fibra, código universal para fins de comercialização e<br />

código de determinação do tipo de algodão.<br />

Código de Determinação do tipo do algodão<br />

Branco<br />

Ligeiramente<br />

Creme<br />

Creme Avermelhado Amarelado<br />

11 * 12 13* - -<br />

21* 22 23* 24 25<br />

31* 32 33* 34* 35<br />

41* 42 43* 44* -<br />

51* 52 53* 54* -<br />

61* 62 63* - -<br />

71* - - - -<br />

Abaixo<br />

82 83 84 85<br />

padrão 81*<br />

-Tabela universal para determinar cor do algodão<br />

52


Código Universal para a Determinação do Comprimento da Fibra<br />

Algodão em Pluma de Comprimento Curto e Médio<br />

Comprimento de Fibra em Polegadas<br />

(UHM)<br />

Comprimento<br />

da Fibra em<br />

Milímetros<br />

Código<br />

Universal<br />

Abaixo 13/16 0,79 +curta 20,1 + curta 24<br />

13/16 0,80 - 0,85 20,2 - 21,6 26<br />

7/8 0,86 - 0,89 21,7 - 22,6 28<br />

29/32 0,90 - 0,92 22,7 - 23,4 29<br />

15/16 0,93 - 0,95 23,5 - 24,1 30<br />

31/32 0,96 - 0,98 24,2 - 24,9 31<br />

1 0,99 - 1,01 25,0 -25,7 32<br />

1.1/32 1,02 - 1,04 25,8 - 26,4 33<br />

1.1/16 1,05 - 1,07 26,5 - 27,2 34<br />

1.3/32 1,08 - 1,10 27,3 - 27,9 35<br />

1.1/8 1,11 - 1,13 28,0 - 28,7 36<br />

1.5/32 1,14 - 1,17 28,8 - 29,7 37<br />

1.3/16 1,18 - 1,20 29,8 - 30,5 38<br />

1.7/32 1,21 - 1,23 30,6 -31,2 39<br />

Determinação universal do comprimento de fibra e código universal para fins de comercialização<br />

• Primeira etapa da classificação visual<br />

Ela ocorre ainda no campo. Um técnico devidamente treinado retira uma amostra<br />

de capulhos e, por meio de um determinador de umidade digital, avalia a umidade do<br />

algodão. Se estiver abaixo de 10%, é autorizado o início da colheita. Após a colheita,<br />

seja um fardão ou um rolinho, esse mesmo técnico irá fazer a primeira avaliação visual<br />

do algodão em caroço, baseado no tipo, na cor e no grau de impureza (o que vem do<br />

campo durante a colheita), baseado na seguinte tabela:<br />

6/0 algodão limpo<br />

6/7 algodão com - impurezas e ++ brilho<br />

7/0 algodão com + impurezas e + brilho<br />

7/8 algodão com ++ impurezas - brilho<br />

8/0 algodão muito sujo<br />

Essas impurezas misturadas ao algodão em caroço colhido se referem a:<br />

- presença de plantas daninhas;<br />

- fungo fumagina;<br />

- presença de cascas e pecíolo de folha;<br />

- presença de pimentinhas – que são pedaços de folhas secas aderidas ao algodão;<br />

- presença de maçãs que não se abriram;<br />

- presença de pedaços de fibra do caule;<br />

- presença de “clorofila”, que são pedaços verdes do caule que também podem se<br />

misturar ao algodão em caroço.<br />

Após determinar quais as impurezas e o grau de contaminação, o classificador,<br />

com base na escala descrita na tabela, determina a nota a ser aplicada ao fardão/<br />

53


olinho colhido. Ele cola uma etiqueta com código de barra no fardão/rolinho, além<br />

de escrever essa mesma classificação na lona ou no plástico que envolve o fardão ou<br />

rolinho, respectivamente. Além disso, numa folha descreve as impurezas encontradas; a<br />

classificação (nota) dada e prega uma etiqueta nessa folha (talhão, variedade e data de<br />

colheita), com o mesmo código de barra já colado no fardão/rolinho lá no campo. Nessa<br />

etiqueta, também consta a unidade de produção onde o algodão foi colhido.<br />

Após esse procedimento no campo, o técnico repassa todos esses dados para o<br />

sistema de informática da empresa, ao qual todos os colaboradores ligados à área de<br />

produção têm acesso. Esse processo dá uma dimensão se a colheita está sendo bem<br />

manejada; auxilia na programação da retirada desses fardões/rolinhos da lavoura e<br />

transportá-los até o pátio da usina, onde são agrupados por talhão; variedade e a nota<br />

da classificação, o que também facilita na hora do beneficiamento.<br />

A Terra Santa tem 3 UBAs. No entanto, a classificação visual da fibra é concentrada<br />

na UP Ribeiro do Céu, que conta com uma sala específica para isso. O segundo processo<br />

de classificação é descrito a seguir.<br />

• Segunda etapa da classificação visual<br />

Para padronizar a classificação, o beneficiamento é realizado por talhão, por<br />

variedade e pela nota de classificação visual no campo. Todo o algodão da empresa<br />

tem uma identificação SAI (Sistema Abrapa de Identificação). É uma etiqueta com uma<br />

numeração, identificação da Terra Santa e um mesmo código de barras com seis letras,<br />

assim distribuídas: o código de barras com as letras A e C são colocadas na amostra para<br />

classificação visual; o código de barras com a letra B segue na amostra, que vai para a<br />

classificação do HVI; O código de barras com as demais letras (D, E, F) é costurado junto<br />

com a embalagem que recobre o fardinho, sendo que o código com a letra D vai dentro<br />

desse fardinho. Toda essa operação é para garantir que não ocorra mistura de fardos e<br />

que não se perca a avaliação visual e do HVI que foram realizados em cada fardinho, ou<br />

seja, mantém a qualidade do produto comercializado pela empresa.<br />

Figura 253 - Sistema Abrapa de Identificação utilizado pela Terra Santa Agro<br />

Quando o fardinho sai da prensa, são retiradas duas amostras/fardinho: uma vai<br />

para a sala de classificação visual, localizada na UP Ribeiro do Céu, e a outra para o<br />

Laboratório de HVI, em Sapezal (MT), onde são determinadas 16 características. Cada<br />

lote contém 50 amostras equivalentes a 50 fardos.<br />

54


Figura 254 - Sala de classificação com um lote de 50 fardinhos já classificados e separados por blocos.<br />

Ao fundo e embaixo das mesas, lotes com amostra para serem classificados<br />

Na sala de classificação visual, existem dois técnicos devidamente treinados que, ao<br />

abrirem esses lotes, os classificam de acordo com as amostras contidas nas caixas das<br />

fotos seguintes e montam blocos com a mesma classificação.<br />

Figura 255 - Sala de classificação: lotes sendo preparados, blocos de amostras já classificados e as<br />

caixas-padrão em cima da mesa para facilitar o processo de classificação<br />

Exemplo da escala de classificação visual usado pela empresa<br />

21.2 2 – refere-se a cor, brilho e reflectância<br />

1- refere-se a cor 1- branco<br />

2 – ligeiramente branco<br />

3 – manchado<br />

4 – avermelhado<br />

5 – amarelado<br />

2 – refere-se ao grau de impureza – quanto mais pedaços de folha,<br />

maior o grau de impureza.<br />

Essa avaliação visual tem como referência amostras padrão feitas pelo Departamento<br />

de Agricultura USDA – EUA, aceito e usado por 21 associações/ entidades espalhadas<br />

pelo mundo. Cada caixa com essas amostras custa em média US$ 800,00 e tem prazo de<br />

validade de um ano.<br />

55


Figura 256 - Duas amostras com classificações visuais diferentes. A da esquerda, mais branca, com<br />

mais brilho e menos impurezas, comparada à da direita (menos brilho e mais impurezas)<br />

Em seguida, funcionários utilizam um equipamento de luz infravermelho, no qual<br />

estão contidas as propriedades intrínsecas obtidas no HVI (resistência, comprimento<br />

de fibra e micronaire), que, ao passarem o infravermelho sobre o código de barras da<br />

amostra, identificam em qual lote a amostra se encaixa: premium plus; premium; padrão;<br />

baixo ou alto. Desse modo, conseguem formar lotes, com 109 fardinhos de 235 kg cada<br />

ou com 124 fardinhos de 202 kg cada, o mais uniforme possível.<br />

Figura 257 - Blocos de amostras já classificados e com código de barra sendo identificados pelo<br />

infravermelho para posterior composição dos lotes<br />

Separação de HVI - Tipos Melhores ou Igual a 31-3<br />

Premium<br />

Plus<br />

Premium Padrão Baixo Alto<br />

RES >=28 >=28<br />

27 a<br />

27,99<br />

=1,14 >=1,11<br />

1,08 a<br />

1,10<br />


Figura 258 – Caixa-padrão com amostra de fibra de algodão feito pelo USDA-EUA, aceito e usado por<br />

diversas entidades no mundo<br />

Figura 259 - Caixa com amostra de fibra USDA-EUA classificada como 21.2. Detalhe: na tampa tem<br />

uma foto com as amostras que estão na caixa para evitar adulteração. UP Ribeiro do Céu<br />

Vale lembrar que essas caixas são usadas somente para classificação visual, no que<br />

se refere ao brilho, cor e grau de impurezas (pedaços de folha misturadas à fibra). Isso<br />

porque as características intrínsecas da fibra são classificadas pelo HVI. Para 2018, a<br />

empresa renovou quatro caixas nas quais todo o seu algodão foi classificado, conforme<br />

as próximas fotos.<br />

57


Figura 260 - Caixa padrão 31.3 USDA – EUA,<br />

2018<br />

Figura 261 - Caixa padrão 51.5 USDA – EUA,<br />

2018<br />

• Terceira etapa da classificação visual<br />

É realizada em laboratório com equipamento HVI, na cidade de Sapezal – MT. Nessa<br />

etapa, são classificadas as características intrínsecas da fibra. Ao todo são 16 itens<br />

descritos:<br />

UHML<br />

UI<br />

STR<br />

ELG<br />

MIC<br />

Rd<br />

Comprimento de Fibra<br />

Uniformidade de Comprimento<br />

Resistência da Fibra<br />

Elongação<br />

Micronaire<br />

Reflectância<br />

+ b Amarelecimento<br />

COLOR GRADE<br />

TR - CNT<br />

TR<br />

LEEF<br />

MR<br />

SFI<br />

SCI<br />

CSP<br />

Resultado +b com Rd<br />

Número de partículas presentes na superfície do<br />

corpo de prova analisado<br />

Área dentro da amostra que o HVI fez a leitura<br />

Impurezas<br />

Maturidade<br />

Índice de fibra curta<br />

índice consistência de fiação<br />

Índice de fiabilidade<br />

CÓD. UNIV.<br />

Comercial<br />

Devido à qualidade do algodão, a Terra Santa consegue comercializar grande<br />

parte do seu produto de forma antecipada – assunto a ser descrito posteriormente.<br />

Para que essa compra seja efetivada, a trading que contratou o algodão recebe a<br />

classificação do HVI e a classificação visual desses lotes. No entanto, as tradings enviam<br />

um classificador de sua confiança, cujo objetivo é concordar ou não com a classificação<br />

58


visual que foi realizada pelos classificadores e revisada pelo classificador responsável<br />

pela qualidade do algodão da empresa. Essa operação se chama take up. Vale ressaltar<br />

que esse classificador só poderá concordar/alterar a classificação visual (cor, brilho e<br />

grau de impurezas), uma vez que as demais características foram realizadas no HVI e são<br />

incontestáveis.<br />

Figura 262 - Classificador de trading fazendo o take up de um lote. UP Ribeiro do Céu<br />

De posse da classificação visual realizada na UP Ribeiro do Céu e no HVI, cada fardo<br />

recebe um número e, com base nesse número, são montados os lotes com 109 fardinhos<br />

de 235 kg cada ou 124 de 202 kg cada, o que corresponde ao volume de um contêiner,<br />

onde o algodão é exportado.<br />

Quando esses lotes estão montados, são transportados do galpão para o pátio<br />

da usina, devidamente recobertos por lona plástica e identificados, aguardando o<br />

embarque.<br />

Figura 263 - Fardos devidamente classificados<br />

e etiquetados, prontos para exportação. UP<br />

Guapirama<br />

Figura 264 - Carregamento de fardos do<br />

galpão para o pátio da usina, devidamente<br />

etiquetados, pronto para exportação. UP Ribeiro<br />

do Céu<br />

59


Figura 265 - Lotes prontos, etiquetados: o<br />

algodão não tem contato com o solo. UP Ribeiro<br />

do Céu<br />

Figura 266 - Lotes prontos, com volume<br />

equivalente a um contêiner, cobertos por lona<br />

plástica, aguardando transporte para o porto. UP<br />

Ribeiro do Céu<br />

Além dessas três classificações, o algodão da Terra Santa é certificado e, em cada<br />

fardinho, vai uma etiqueta ABR (Algodão Brasileiro Responsável), relacionada às condições<br />

de trabalho, segurança, sustentabilidade e cuidado com os colaboradores e com o<br />

manejo do solo e da água.<br />

Figura 267 - Etiquetas que acompanham cada fardo ao ser exportado: SAI (Sistema Abrapa de<br />

Identificação) e ABR (Algodão Brasileiro Responsável)<br />

5. COMERCIALIZAÇÃO DA FIBRA<br />

A comercialização é a etapa final do trabalho que começa um ano antes, quando<br />

são definidas: as áreas a serem cultivadas, em função das condições físicas do solo, em<br />

quais talhões os solos terão que ser preparados; em função das análises químicas qual<br />

o nível de adubação a ser aplicado; em função da disponibilidade de sementes, quais<br />

as variedades que serão semeadas em quais espaçamentos e densidades, tudo isso<br />

visando à produtividade de algodão em caroço, à qualidade e ao rendimento de fibra<br />

que poderão ser alcançados.<br />

Também nesse planejamento leva-se em consideração todo o manejo realizado<br />

durante a safra, envolvendo o controle de plantas daninhas; pragas e doenças. São<br />

operações previsíveis e planejadas, mas que se não forem realizadas na hora certa<br />

podem comprometer a qualidade do algodão a ser colhido. As operações de aplicação<br />

de reguladores de crescimento e desfolhantes/ maturadores, dentre outros, são<br />

dependentes diretamente dos fatores climáticos (luz, temperatura e água).<br />

60


Portanto, se esses hormônios forem mal manejados podem<br />

comprometer a produção e a qualidade da fibra a ser produzida. O<br />

processo de colheita, cujo objetivo é retirar quanto mais cedo o<br />

algodão da lavoura, uma vez que quanto mais tempo o algodão ficar<br />

na lavoura, fatores, como excesso de luz e água, podem comprometer<br />

a qualidade extrínseca da fibra, impactando diretamente na sua<br />

comercialização. Finalmente, há o beneficiamento e a classificação, que<br />

somente separam a fibra do caroço e a classificam, não interferindo na<br />

sua qualidade, pois somente uma lavoura bem manejada é capaz de<br />

produzir algodão de qualidade.<br />

Õ<br />

A Terra Santa, por ter uma equipe altamente qualificada e profissional, produz<br />

algodão de excelente qualidade, permitindo a comercialização antecipada de 70% a<br />

80% de safras que ainda serão semeadas. O processo da empresa funciona da seguinte<br />

maneira: somente depois que as equipes dos departamentos de planejamento agrícola<br />

e de compras definem quais os insumos e as quantidades necessárias para o bom<br />

manejo da lavoura é que o pessoal de comercialização vai vender o algodão. Como<br />

comercializam sempre a safra ainda a ser plantada, à medida que a equipe de compras<br />

vai realizando os pedidos dos fornecedores, o setor comercial vai efetuando a venda do<br />

algodão na mesma proporção; ou seja, se fechar a compra de 10% de insumos, consegue<br />

evoluir na mesma proporção com as vendas.<br />

O processo de comercialização antecipada é realizado por meio de um contrato<br />

firmado entre a empresa e a trading, baseado em alguns parâmetros relacionados ao<br />

tipo, cor, grau de impureza e propriedades tecnológicas, como resistência, comprimento,<br />

micronaire. Nesse contrato, com a concordância de ambas as partes, podem estar<br />

previstos: ágio, se o algodão no momento da entrega for melhor do que o acordado, ou<br />

deságio, se for de qualidade inferior ao acordo.<br />

Na presente safra, foi comercializado de forma antecipada, aproximadamente, 90%<br />

ao preço de US$80,08 cts/lbp. Para a safra 2018/19 já foi comercializado 64% a um<br />

preço de US$ 80,36 (80,47) cts/lbp. Essa comercialização antecipada só vem confirmar a<br />

seriedade e o profissionalismo que a Terra Santa tem em produzir e entregar no prazo o<br />

algodão contratado.<br />

No processo de comercialização, a empresa é responsável pelo transporte (frete) até<br />

o porto, seu armazenamento e estocagem, documentação necessária para a exportação<br />

e, finalmente, o processo de estufar os fardinhos em contêiner e embarcá-los nos<br />

navios - isso quando efetua venda FOB porto. Outras vezes, efetua-se a venda a retirar<br />

na fazenda, pelo cliente, onde ele assume as despesas de frete e custas portuárias,<br />

deduzidas do preço a ser recebido, já no momento do fechamento do contrato, o que<br />

seria exportação indireta.<br />

Quanto ao frete, as 3 UBAs (duas localizadas no município de Diamantino e uma<br />

em Nova Mutum) pagam o mesmo valor que nessa safra deverá ficar em torno de<br />

R$360,00/t., visto que a distância até o porto de Santos (o principal para escoamento de<br />

algodão brasileiro) é praticamente a mesma.<br />

Os demais custos se referem às “despesas portuárias para desembaraço”, cujo valor<br />

aproximado é de R$ 135,00/t., assim distribuídas (pode variar a cada ano e também em<br />

função do câmbio, devido a parte das despesas ser em dólares):<br />

1 – Despesa para estocar e armazenar os fardinhos no Porto de Santos – R$<br />

56,70/t., o que corresponde a 42% do valor total. A empresa não opera com estocagem<br />

e armazenagem, somente com embarques na modalidade de cross docking, ou seja, o<br />

caminhão já descarrega o algodão direto no container, não ficando o produto guardado<br />

em armazéns.<br />

61


2 – Taxa de Manuseio de carga no terminal portuário (THC – sigla em inglês):<br />

valor pago ao armador (proprietário do navio) para embarcar o algodão – máquinas e<br />

movimentação dos containers no porto - R$ 44,55, correspondente a 33% do valor total.<br />

3 – Despachante e Gerenciamento para obtenção da Documentação para<br />

exportação: R$ 18,90/t., o que equivale a 14% do valor total<br />

4 – Imposto para obtenção de Guias e Certificados – R$ 14,85/t., equivalente a<br />

11% do valor total.<br />

Õ<br />

Todos esses valores são pagos à vista. Aqui, vale destacar que, além<br />

dos altos custos, existe muita burocracia para que os produtores/<br />

exportadores possam colocar o algodão de alta qualidade (equiparado<br />

ao da Austrália) no mercado externo.<br />

Com comercialização antecipada, em torno de 79%, o algodão é exportado para<br />

cinco países:<br />

- Indonésia – 26%<br />

- Vietnã – 18%<br />

- Bangladesh – 13%<br />

- China – 11%<br />

- Turquia – 11%<br />

Todo o algodão comercializado pala Terra Santa é realizado por meio de trading que<br />

compra o produto e o encaminha aos mercados consumidores.<br />

Quando o algodão é “estufado” nos contêineres, teoricamente termina o compromisso<br />

da Terra Santa (pelo contrato, encerra-se quando são embarcados os contêineres<br />

estufados no navio) e a trading que comprou o produto assume a entrega até o destino.<br />

No entanto, devido ao compromisso e à seriedade, de maneira indireta, a empresa se<br />

sente responsável pelo seu produto até chegar ao destino final. Por exemplo, se durante<br />

o transporte, algum fardinho se romper (causado por arame de baixa qualidade ou o<br />

pelo tecido que o envolvem), esses transtornos podem causar sérios prejuízos à imagem<br />

da empresa, dificultando vendas futuras.<br />

6. CONCLUSÕES<br />

Após nove meses acompanhando o manejo das lavouras de algodão na Terra Santa,<br />

podemos concluir:<br />

• O profissionalismo da equipe faz com que a empresa consiga alcançar novos<br />

recordes de produção e produtividade a cada safra;<br />

• O manejo do algodoeiro da Terra Santa Agro engloba o que há de mais moderno<br />

em tecnologias para o Cerrado brasileiro;<br />

• A qualidade da fibra produzida é de alto padrão, podendo ser comparada<br />

ao algodão australiano, o melhor do mundo. Com uma diferença, aqui ele é<br />

produzido em condições de sequeiro e lá em condições de irrigação;<br />

• A responsabilidade com a entrega do produto em data preestabelecida<br />

demonstra a seriedade, dedicação e competência da empresa, o que é<br />

confirmado pela comercialização antecipada de 70% da próxima safra.<br />

62


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