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Juventudes, a arte de lutar por seus direitos

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((<br />

<strong>Juventu<strong>de</strong>s</strong>,<br />

a <strong>arte</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>lutar</strong> <strong>por</strong><br />

<strong>seus</strong> <strong>direitos</strong><br />

))<br />

Karla Renata Corrêa Viana<br />

(Organizadora)<br />

ChildFund . 1 . Brasil


. 2 . . 3 .


Karla Renata Corrêa Viana<br />

(Organizadora)<br />

1ª Edição<br />

Belo Horizonte<br />

ChildFund Brasil<br />

2019


Ficha técnica<br />

Realização<br />

ChildFund Brasil<br />

Fotos<br />

Luiz Antônio Reis da Silva<br />

Wen<strong>de</strong>l Jobert <strong>de</strong> Jesus<br />

Francisco Ítalo Juvino <strong>de</strong> Alencar (P. 101)<br />

Revisão<br />

Claudine Figueiredo Andrada<br />

Pedro Jorge Fonseca<br />

Capa, Projeto Gráfico e Diagramação<br />

Gisele Araujo<br />

Catalogação<br />

Wesley Viana Massena CRB-6 1909<br />

Dados Internacionais <strong>de</strong> Catalogação-na-Publicação (CIP)<br />

V614j<br />

<strong>Juventu<strong>de</strong>s</strong>: a <strong>arte</strong> <strong>de</strong> <strong>lutar</strong> <strong>por</strong> <strong>seus</strong> <strong>direitos</strong> [recurso<br />

eletrônico] / Karla Renata Corrêa Viana (Org.). – Dados eletrônicos.<br />

– Belo Horizonte : ChildFund Brasil - Fundo para Crianças : Re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Juventu<strong>de</strong>s</strong> em Defesa dos <strong>seus</strong> Direitos Sociais - REJUDES, 2019.<br />

ISBN 978-85-88000-06-3 (Impresso).<br />

ISBN 978-85-88000-05-6 (Eletrônico).<br />

Texto eletrônico.<br />

Modo <strong>de</strong> acesso: World Wi<strong>de</strong> Web.<br />

CDD B869<br />

1. Literatura Brasileira. 2. Associações Sociais. 3. Problemas<br />

Sociais. I. ChildFund Brasil - Fundo para Crianças II. Re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Juventu<strong>de</strong>s</strong> em Defesa dos <strong>seus</strong> Direitos Sociais - REJUDES III.<br />

Viana, Karla Renata Corrêa (Org.).<br />

Wesley Viana Massena CRB 6 1909<br />

Aos jovens e as jovens que<br />

sonham e fazem a cada dia<br />

da REJUDES uma realida<strong>de</strong>.


#<br />

Sumário<br />

Prefácio | 08<br />

Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Juventu<strong>de</strong>s</strong> em Defesa dos <strong>seus</strong> Direitos Sociais -<br />

REJUDES | 13<br />

A menina com coração <strong>de</strong> borboleta | 16<br />

Sâmia Ellen Amaro dos Santos<br />

Carta para mim mesma há <strong>de</strong>z anos... | 19<br />

Érica Maria Alves Fonseca Santos<br />

Adaptação da ‘’Canção do Exílio’’ <strong>de</strong> Gonçalves Dias | 22<br />

Sâmia Ellen Amaro dos Santos<br />

Ladrão <strong>de</strong> tempo | 24<br />

Sâmia Ellen Amaro dos Santos<br />

Sobre eleições... | 25<br />

Sâmia Ellen Amaro dos Santos<br />

Montanha Russa | 28<br />

Raiara Mariane Carvalho<br />

Querer, ter e vencer | 30<br />

Raiara Mariane Carvalho<br />

Amor recíproco | 32<br />

Raiara Mariane Carvalho<br />

O tempo passa | 34<br />

Ana Caroline Ferreira Rocha<br />

Até quando? | 36<br />

Jorge Luís Oliveira Ferreira<br />

Quem matou o negro <strong>de</strong> hoje? | 38<br />

José Everton Holanda Ferreira<br />

Meu choro mudo | 41<br />

José Everton Holanda Ferreira<br />

Diferenças | 44<br />

Raiara Mariane Carvalho; Cleidiane da Cunha Silva<br />

Ser jovem | 46<br />

Adna Kelly Melo Firmino<br />

Estamos cansados | 48<br />

Adna Kelly Melo Firmino<br />

Muitos falam | 50<br />

Wilton Nonato do Nascimento Dantas<br />

Semelhanças a anjos | 52<br />

Marcio Glísson Ferreira <strong>de</strong> Oliveira<br />

Poesia em homenagem às mulheres<br />

(voz para quem tem o que dizer) | 54<br />

Marcio Glísson Ferreira <strong>de</strong> Oliveira<br />

Crítica ao mundo e à socieda<strong>de</strong> | 56<br />

Gleisiana Ramos Nogueira


Racismo no Brasil | 58<br />

Francisco Robson Candido da Silva<br />

Juventu<strong>de</strong> | 60<br />

Leila <strong>de</strong> Oliveira Ferreira<br />

Estatística Estática | 62<br />

Andressa Andra<strong>de</strong> Silva<br />

Gritos Surdos | 64<br />

Andressa Andra<strong>de</strong> Silva<br />

Força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> | 68<br />

Israela Silva Melo e Maria Jaqueline Vilante<br />

Só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da gente | 70<br />

Victor Almeida Pereira<br />

Nossa luta | 72<br />

Maria Jaqueline Vilante<br />

Flor do inverno | 74<br />

Valeria Moreira Costa<br />

Caracterizou | 76<br />

Ivani Ramalho Pereira<br />

O teatro sou eu | 78<br />

Raquel Arcanjo Amorim<br />

O sonho | 81<br />

Maelen Rizia Morais da Silva<br />

Um pingo <strong>de</strong> esperança em um mar <strong>de</strong> caos | 85<br />

Anabel Almeida <strong>de</strong> Oliveira<br />

Jovens com sonhos na mente, REJUDES em frente | 87<br />

Roseane Vitória<br />

Juventu<strong>de</strong> na Luta | 89<br />

Natália Pinheiro Bezerra<br />

Visão <strong>de</strong> mundo | 92<br />

Rafaella Fernanda Rocha (Cacheada-da-Quebrada)<br />

Rebeldia | 94<br />

Rafaella Fernanda Rocha (Cacheada-da-Quebrada)<br />

O diferente | 96<br />

Rafaella Fernanda Rocha (Cacheada-da-Quebrada)<br />

Fotografia | 98<br />

Francisco Ítalo Juvino <strong>de</strong> Alencar<br />

Vonta<strong>de</strong> | 102<br />

Sâmia Ellen Amaro dos Santos<br />

Como é ser jovem na minha comunida<strong>de</strong> | 106<br />

Yuri Aldo Pereira; Raiara Mariane Carvalho<br />

Juventu<strong>de</strong> viva | 108<br />

Luiz Antônio Reis da Silva<br />

Juntos um Coral | 109<br />

Karen Antônia Ferreira<br />

Somos Jovens | 110<br />

Lauriane Vieira Soares<br />

Vida Nova | 111<br />

Lauriane Vieira Soares<br />

‘’Nós’’ pren<strong>de</strong>m melhor, mas o laço<br />

<strong>de</strong>ixa a vida mais bonita... | 113<br />

Sâmia Ellen Amaro dos Santos


#<br />

Prefácio<br />

Foi o encontro com Sâmia Ellen Amaro dos Santos, na<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará, em<br />

2016, que hoje me trouxe aqui, à escrita <strong>de</strong>ste prefácio. Agora,<br />

após a leitura dos poemas e pequenos contos e crônicas que<br />

compõem este livro, enxergo mais claramente que, afinal, eu e<br />

Sâmia <strong>de</strong>vemos muito do nosso encontro à REJUDES, que, <strong>de</strong><br />

certo modo, a conduziu ao curso <strong>de</strong> Pedagogia, <strong>de</strong>ntre outras<br />

aventuras.<br />

Estou, <strong>por</strong>tanto, muito feliz e honrada que Sâmia tenha me<br />

apresentado ao universo da REJUDES e, como uma pequena<br />

p<strong>arte</strong> <strong>de</strong>le, a este livro. Estou também honrada com o convite<br />

para prefaciá-lo.<br />

Começo <strong>por</strong> dizer que, se uma das intenções da REJUDES<br />

é <strong>de</strong>senvolver nas juventu<strong>de</strong>s a consciência sobre o seu lugar<br />

social, <strong>direitos</strong> e <strong>de</strong>veres, esta coletânea é uma prova vivíssima<br />

<strong>de</strong> que esse objetivo está sendo alcançado, pois a maioria do<br />

material literário aqui apresentado trata disto, do direito à vida<br />

e das estratégias cotidianas para a fuga da morte.<br />

À medida que lia estes poemas e contos sobre o <strong>de</strong>safio<br />

da sobrevivência das classes populares no Brasil urbano,<br />

vinha-me à mente o poeta João Cabral <strong>de</strong> Mello Neto e o seu<br />

clássico Morte e vida Severina. De fato, tal como na primeira<br />

meta<strong>de</strong> do século XX, era comum aos nor<strong>de</strong>stinos pobres a<br />

vida <strong>de</strong> retirante. As histórias, dores e dúvidas <strong>de</strong> que este livro<br />

é composto também parecem comuns aos jovens que hoje<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das políticas públicas do Estado brasileiro. Porém,<br />

. 8 . . 9 .


ao contrário da maioria <strong>de</strong>sses jovens, as vidas daqueles que<br />

aqui se expressam também contêm sonhos e esperanças. É<br />

sobre a tessitura <strong>de</strong>ssa fala que me concentrarei a partir daqui.<br />

O livro é aberto com o conto intitulado A menina com<br />

coração <strong>de</strong> borboleta, <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Sâmia Ellen. Delicado<br />

como a própria imagem da borboleta, o conto é uma espécie<br />

<strong>de</strong> manifesto da esperança e da <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za; uma o<strong>de</strong> ao sonho<br />

e aos sonhadores. Nada mais a<strong>de</strong>quado, pois, para iniciar um<br />

livro editado pela REJUDES e da autoria dos próprios jovens<br />

em que nela estão enredados. O sonho da menina era voar, <strong>por</strong><br />

isso tanto se i<strong>de</strong>ntificava com as borboletas! De tal modo que<br />

“não queria apenas admirar as cores, o voo das borboletas, ela<br />

queria ser uma <strong>de</strong>las” (p. 17).<br />

Embora inicie <strong>de</strong>sse modo, candidamente, não são o sonho e<br />

a esperança a única matéria <strong>de</strong> que é composta esta coletânea.<br />

Ao contrário, o lirismo que a atravessa é o mesmo que brota<br />

dos sentimentos que habitam a vida dos <strong>seus</strong> autores. Desse<br />

modo, a obra está também inundada pela dor, revolta, medo,<br />

angústia e outros sentimentos constitutivos <strong>de</strong> cada história,<br />

<strong>de</strong> cada subjetivida<strong>de</strong>.<br />

Com a adolescência, <strong>de</strong>scortinam-se os <strong>de</strong>safios do<br />

mundo dos adultos e a vida se revela em <strong>seus</strong> encantos,<br />

arrebatamentos, mas também em sua precarieda<strong>de</strong>. Raiane<br />

Mariane, <strong>por</strong> exemplo, observa que “a solidão inva<strong>de</strong> mesmo<br />

quando estamos ro<strong>de</strong>ados <strong>de</strong> pessoas” (p. 33). E Ana Caroline<br />

quase profetiza: “O tempo passa (...) nada é como antes” (p.35).<br />

O que não mais seria como antes? São inúmeras as coisas<br />

que se transformam, que se movem. Algumas <strong>de</strong>las são<br />

apresentadas <strong>por</strong> José Everton: “O santo dança / A fé encanta<br />

/ O sino ressoa / E morre mais uma pessoa” (p. 39). Mas não é<br />

apenas a morte, que <strong>de</strong> tão comum se banaliza e se transforma<br />

no tema central <strong>de</strong> vários poemas, também a convivência com<br />

certos <strong>de</strong>stinos angustia e inquieta. É novamente José Everton<br />

quem explica: “Não pedi a morte / Mas a sorte (...) e o azar dos<br />

povos escuros” (p. 42).<br />

Gleisiana Nogueira é ainda mais contun<strong>de</strong>nte: “O que dizer<br />

<strong>de</strong>sse mundo / On<strong>de</strong> pessoas são tratadas como lixo? (...)<br />

Jovens querem buscar os <strong>seus</strong> <strong>direitos</strong> / Antes que acabem<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um caixão” (p. 57).<br />

As coisas não são como antes <strong>por</strong>que a vida cotidiana cuida<br />

<strong>de</strong> rasgar os véus das ilusões acalentadas na infância. O que<br />

significa, <strong>por</strong> exemplo, a sorte e o azar dos povos escuros?<br />

Além da solidão, quando ro<strong>de</strong>ados <strong>de</strong> pessoas, esses jovens<br />

têm <strong>de</strong> lidar com os <strong>de</strong>stinos socialmente <strong>de</strong>terminados e<br />

suas divisões e segregações. E, muitas vezes, a consequência<br />

<strong>de</strong>ssa repartição <strong>de</strong>sigual da riqueza social são as “estatísticas<br />

estáticas” às quais se refere Andressa Andra<strong>de</strong>, quando fala da<br />

sua perda:<br />

Hoje lembrei-me <strong>de</strong> quando (ele) sorria e dizia que eu era<br />

a filha mais linda do mundo.<br />

Lembrei-me <strong>de</strong> quando chegava da escola e corria ao teu<br />

encontro só pra te mostrar as notas e ouvir você dizer:<br />

“filha, tu és o meu orgulho”.<br />

Lembrei-me <strong>de</strong> quando era pequenininha e eu te pedia<br />

aflita pra você nunca me abandonar e você sorria e dizia:<br />

“filha, nada vai nos separar”.<br />

(...) Mas a violência nos separou e te levou pra longe <strong>de</strong><br />

mim... assim, sem mais nem menos (...). Hoje meu pai faz<br />

p<strong>arte</strong> da estatística <strong>de</strong> pretos pobres assassinados (...)”<br />

(p. 63).<br />

É <strong>por</strong> isso, pela forma como a diferença e a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong><br />

marcam e <strong>de</strong>finem <strong>de</strong>stinos, que muitos dos poetas aqui<br />

reunidos a tematizam como o faz Anabel Almeida, quando<br />

afirma: “Por mais diferentes que sejamos, ainda temos muito<br />

em comum, e é <strong>por</strong> sermos diferentes que precisamos uns dos<br />

outros...” (p. 86).<br />

Felizmente, do sofrimento consequente da discriminação e<br />

do preconceito nascem não apenas a luta e a consciência da<br />

. 10 . . 11 .


sua necessida<strong>de</strong>, mas também re<strong>de</strong>s, a exemplo da REJUDES,<br />

histórias <strong>de</strong> amor e amiza<strong>de</strong> e muita <strong>arte</strong>, inclusive música e<br />

poesia.<br />

É, pois, com a força da vida que sempre se metamorfoseia<br />

que a mesma Andressa que lamenta a perda do pai, no poema<br />

transcrito na página anterior, também alerta <strong>de</strong>safiadora: “O<br />

amor aqui <strong>de</strong>ntro pulsa forte / E sem pudor te mostro” (p. 66).<br />

Repito e concluo com Andressa: “O amor aqui <strong>de</strong>ntro pulsa<br />

forte”. Vocês, leitores, estão convidados a nele se aventurar<br />

através dos <strong>seus</strong> diversos caminhos, tal como revelado pelos<br />

autores <strong>de</strong>sta coletânea.<br />

REDE DE JUVENTUDES<br />

EM DEFESA DOS SEUS<br />

DIREITOS SOCIAIS<br />

Berna<strong>de</strong>te Beserra<br />

Professora titular da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará,<br />

autora <strong>de</strong> Solidão equilibrista<br />

. 12 . . 13 .


Inspirados pela metodologia <strong>de</strong> Monitoramento Jovem <strong>de</strong><br />

Políticas Públicas (MJPOP) e pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer<br />

sua própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> enquanto re<strong>de</strong>, jovens com ida<strong>de</strong> entre<br />

15 e 24 anos participantes dos projetos executados pelo<br />

ChildFund Brasil e organizações sociais parceiras em municípios<br />

do Ceará, Minas Gerais, Rio Gran<strong>de</strong> do Norte e Pernambuco<br />

conduziram <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>mocrática o processo <strong>de</strong> construção e<br />

estruturação da REJUDES.<br />

Assim, a Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Juventu<strong>de</strong>s</strong> em Defesa dos <strong>seus</strong> Direitos<br />

Sociais (REJUDES) se estabelece em julho <strong>de</strong> 2015, tendo como<br />

missão contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento das juventu<strong>de</strong>s,<br />

fomentando a participação autêntica na busca e <strong>de</strong>fesa dos<br />

<strong>seus</strong> <strong>direitos</strong> sociais, através <strong>de</strong> diversas metodologias e formas<br />

<strong>de</strong> expressão artística, es<strong>por</strong>tiva e cultural. Fundamenta-se<br />

em três pilares: <strong>de</strong>senvolvimento pessoal, <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sociopolítico e <strong>de</strong>senvolvimento holístico.<br />

Adota boas práticas <strong>de</strong> governança e se organiza em comitês<br />

(nacional, regional, local) para aten<strong>de</strong>r a todos(as) os(as) jovens<br />

que fazem p<strong>arte</strong> da re<strong>de</strong>, possibilitando a <strong>de</strong>mocratização<br />

dos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, a não hierarquização das relações,<br />

a transparência nos procedimentos <strong>de</strong> planejamento e a<br />

organização <strong>de</strong> todas as ações que serão realizadas.<br />

Assim, <strong>de</strong>senvolve intervenções em âmbito local e nacional<br />

<strong>por</strong> meio <strong>de</strong> campanhas e ações que venham ao encontro das<br />

necessida<strong>de</strong>s dos(as) jovens em suas localida<strong>de</strong>s, ocupando<br />

espaços <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, atuando na <strong>de</strong>fesa dos <strong>direitos</strong><br />

das juventu<strong>de</strong>s.<br />

Por estar alinhada às questões sociais, ambientais e<br />

econômicas, a REJUDES estabeleceu como eixos norteadores<br />

<strong>de</strong> sua estratégia os <strong>direitos</strong> humanos, o empreen<strong>de</strong>dorismo,<br />

os Objetivos <strong>de</strong> Desenvolvimento Sustentável - ODS (elencando<br />

os cinco principais que se relacionam com a sua atuação: 4-5-<br />

8-10-16) e o Estatuto da Juventu<strong>de</strong> – Lei nº 12.852/2013 –, que<br />

dispõe sobre os <strong>direitos</strong> dos jovens, os princípios e as diretrizes<br />

das políticas públicas <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>.<br />

Atualmente, 769 jovens participam diretamente dos comitês<br />

locais, regionais e nacional, representando cerca <strong>de</strong> 7.000<br />

jovens e sendo interlocutores junto a <strong>seus</strong> pares, contribuindo<br />

para o engajamento da socieda<strong>de</strong> nas pautas das juventu<strong>de</strong>s.<br />

Os jovens e as jovens <strong>de</strong>monstram sua vocação ao utilizar as<br />

palavras para criar <strong>arte</strong> e fortalecer sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. <strong>Juventu<strong>de</strong>s</strong>,<br />

a <strong>arte</strong> <strong>de</strong> <strong>lutar</strong> <strong>por</strong> <strong>seus</strong> <strong>direitos</strong> reúne gêneros textuais que<br />

colocam em voga o ser jovem no Brasil, <strong>seus</strong> <strong>de</strong>safios e suas<br />

belezas.<br />

Karla Renata Corrêa Viana<br />

Assessora Desenvolvimento<br />

Comunitário do ChildFund Brasil<br />

. 14 . . 15 .


#<br />

A menina com<br />

coração <strong>de</strong><br />

borboleta<br />

Sâmia Ellen Amaro dos Santos<br />

Era uma vez uma menina que possuía um sorriso mais<br />

iluminado que o sol, bochechas rosadas, cabelos encaracolados<br />

e olhos bem redondos, cor <strong>de</strong> mel, olhos doces, assim como<br />

seu coração. A menina gostava <strong>de</strong> brincar; sua brinca<strong>de</strong>ira<br />

favorita era imaginar, e nessa brinca<strong>de</strong>ira ela viajava sem sair<br />

do lugar. Essa menina sempre foi sonhadora, e um dos <strong>seus</strong><br />

gran<strong>de</strong>s sonhos era voar, mas ficava triste, pois não sabia como<br />

realizar esse sonho, já que asas ela não tinha. O pássaro tinha<br />

asas, o avião tinha asas e até o super-homem tinha asa, e ela<br />

não conseguia compreen<strong>de</strong>r <strong>por</strong> que não po<strong>de</strong>ria ter também.<br />

Como faço para ter asas? Ela perguntava para os adultos, que<br />

logo se espantavam com a pergunta, alguns diziam ser besteira<br />

<strong>de</strong> criança, outros nem respondiam. A menina ficava cada vez<br />

mais aflita, <strong>por</strong>que sonhava com suas asas, sabia também que<br />

uma hora ou outra teria que realizar o sonho <strong>de</strong> infância e não<br />

po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixá-lo morrer, pois ela morreria junto. Na sua busca<br />

incessante, encontrou um senhor contemplando a natureza;<br />

ele observava com olhos <strong>de</strong> encantamento os pássaros. A<br />

menina viu <strong>de</strong> longe a sensibilida<strong>de</strong> daquele homem e logo se<br />

aproximou <strong>de</strong>le. O senhor logo disse que bastava contemplar<br />

aquilo que ele amava para se sentir completo, mas a menina,<br />

<strong>de</strong> tão sonhadora que era, não queria apenas admirar as cores,<br />

o voo das borboletas, ela queria ser uma <strong>de</strong>las. Todos diziam<br />

que aquilo era coisa <strong>de</strong> criança, mas no fundo ela sabia que<br />

seu coração era <strong>de</strong> borboleta e, <strong>por</strong> isso, ela era uma também.<br />

A menina foi crescendo, crescendo, crescendo, diferentemente<br />

. 16 . . 17 .


<strong>de</strong> suas asas, que não cresceram. Ela quase se entristeceu,<br />

mas, <strong>de</strong> tanto contemplar as borboletas, assim como o senhor<br />

fazia com os pássaros, ela apren<strong>de</strong>u a ser como uma, mesmo<br />

sem asas. Na verda<strong>de</strong> ela tinha asas, mas só os sensíveis<br />

conseguiam ver. Ela apren<strong>de</strong>u que a borboleta é leve e livre,<br />

parece uma flor que dança com o vento, a borboleta passa<br />

<strong>por</strong> transformações, e a menina que já não era mais menina<br />

também tinha passado <strong>por</strong> transformações. E, quando pensou<br />

que era o fim, foi quando na verda<strong>de</strong> começou sua vida, <strong>por</strong>que<br />

a borboleta per<strong>de</strong> o chão para ganhar o céu, e ela sabia que<br />

com Deus também po<strong>de</strong>ria voar; e <strong>de</strong> vez em quando Deus<br />

mandava um pedaço do céu para ela em forma <strong>de</strong> borboleta.<br />

#<br />

Carta para mim<br />

mesma há<br />

<strong>de</strong>z anos<br />

Érica Maria Alves Fonseca Santos<br />

. 18 .<br />

. 19 .


Cara eu,<br />

Abri hoje a carta que você escreveu para mim há <strong>de</strong>z anos e,<br />

antes <strong>de</strong> tudo, gostaria <strong>de</strong> dizer que escrevo do mesmo quarto<br />

em que você me escreveu. A propósito, ainda durmo na mesma<br />

cama e tenho o mesmo guarda-roupa; a única coisa que mudou<br />

foi que agora tem uma escrivaninha com um computador on<strong>de</strong><br />

antes ficavam <strong>seus</strong> brinquedos; então, já lhe peço <strong>de</strong>sculpas <strong>por</strong><br />

não estar em Paris ou Nova York, como você imaginava. Na sua<br />

carta você pedia para que eu <strong>de</strong>sse um beijo nos meus filhos,<br />

no cachorrinho Bob, na Eliza (sua boneca favorita) e dissesse ao<br />

meu marido o quanto eu o amo. Então, a verda<strong>de</strong> é que o Bob<br />

morreu no ano seguinte ao que me escreveu, mas antes ele<br />

<strong>de</strong>struiu a Eliza. Quanto a filhos, ainda não tive nenhum e, <strong>por</strong><br />

falar nisso, pensei melhor quanto àquela i<strong>de</strong>ia que você tinha <strong>de</strong><br />

ter quatro: acho que, hoje em dia, se for pra ter, quero só um.<br />

Quanto ao marido, lamento informar, mas você não se casou<br />

com o Justin Bieber.<br />

Sabe, quando li sua carta, senti vergonha <strong>por</strong> não ser<br />

exatamente a pessoa que você esperava, mas, afinal, qual<br />

criança se orgulharia do adulto no qual se transformou? Não<br />

me formei em Medicina, como era o seu sonho, e <strong>de</strong>scobri nesse<br />

tempo que os sonhos mudam; na verda<strong>de</strong> parei <strong>de</strong> sonhar há<br />

algum tempo.<br />

Sua adolescência foi meio conturbada, mas a <strong>de</strong> quem não é?<br />

Até sua cantora preferida, a quem você tinha como exemplo,<br />

passou <strong>por</strong> momentos complicados e agora está em uma<br />

clínica <strong>de</strong> reabilitação. Você não passou <strong>por</strong> isso, mas, olha, foi<br />

<strong>por</strong> pouco.<br />

Sabe o rio em que você ia para se divertir? Pois é, ele está se<br />

acabando aos poucos, já não tem mais a areia fina e branquinha<br />

que tinha e não mais aquela quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água que corria <strong>por</strong><br />

<strong>de</strong>baixo da ponte. Os córregos? Esses secaram <strong>por</strong> completo.<br />

Quase não existe mais fogão a lenha, e as pessoas não usam<br />

mais se sentar nas calçadas como na sua época. As crianças<br />

só querem saber <strong>de</strong> eletrônicos e não sabem mais o que é<br />

brincar nas ruas, nem sequer sabem como se brinca <strong>de</strong> roda<br />

ou se joga queimada. As pessoas agora trancam suas casas<br />

durante o dia, pois o índice <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> cresceu bastante.<br />

É quase como viver em outro mundo, e, pensando agora em<br />

você, sei o quanto tudo isso parece estranho, mas infelizmente<br />

as pessoas se acostumaram a viver assim.<br />

Só tenho que te agra<strong>de</strong>cer <strong>por</strong> ter aproveitado bem o seu<br />

tempo e ter se divertido, pois hoje já não tenho mais tempo<br />

nem energia pra isso. Quero também te pedir <strong>de</strong>sculpas <strong>por</strong><br />

ter <strong>de</strong>struído <strong>seus</strong> sonhos. Você não <strong>de</strong>veria ter <strong>de</strong>sejado tanto<br />

crescer, <strong>por</strong>que aqui estou eu, <strong>de</strong>sejando encontrar uma forma<br />

<strong>de</strong> voltar a ser você.<br />

Bom, tenho que parar <strong>por</strong> aqui, vou aproveitar os poucos<br />

minutos que ainda tenho livres para escrever uma carta para<br />

mim daqui a <strong>de</strong>z anos. Espero que as coisas até lá mu<strong>de</strong>m para<br />

melhor.<br />

. 20 . . 21 .


#<br />

Adaptação da<br />

Canção do Exílio,<br />

<strong>de</strong> Gonçalves<br />

Dias<br />

Sâmia Ellen Amaro dos Santos<br />

Minha favela tem beleza<br />

coisa linda <strong>de</strong> se olhar<br />

mas a mídia não diz isso<br />

<strong>por</strong>que só sabe discriminar.<br />

Os meninos são estrelas<br />

as meninas, uns amores<br />

eles merecem ter direito à vida<br />

e vivê-la com todos os <strong>seus</strong> sabores<br />

Mas quando chega a noite<br />

começo a me preocupar<br />

com o futuro dos meus vizinhos<br />

que tanto a socieda<strong>de</strong> quer calar<br />

Minha favela tem primores<br />

vejo isso do lado <strong>de</strong> cá<br />

todos os dias da varanda<br />

tenho o prazer <strong>de</strong> contemplar<br />

Minha favela tem belezas<br />

e disso posso falar<br />

não permita Deus que eu morra<br />

sem a beleza da comunida<strong>de</strong> mostrar.<br />

Para que outros <strong>de</strong>sfrutem os primores<br />

que vejo do lado <strong>de</strong> cá<br />

sem que vejam que na favela<br />

temos sonhos a realizar<br />

. 22 . . 23 .


#<br />

Ladrão<br />

<strong>de</strong> Tempo<br />

Sâmia Ellen Amaro dos Santos<br />

Estava tudo apagado, nenhuma luz acesa, o homem já dormia<br />

há horas, estava muito cansado dos afazeres diários. De<br />

repente, uma música tocou, e a luz daquele objeto estranho<br />

automaticamente acen<strong>de</strong>u. O homem encostou o ouvido ali e,<br />

sem saber como, ouvia uma voz que ele, muito sonolento, não<br />

sabia <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vinha. Aquele objeto parecia mágico, o homem<br />

conseguia ouvir a voz <strong>de</strong> seu filho, que não estava na cozinha<br />

ou no quarto <strong>de</strong> casa, mas em outra cida<strong>de</strong>. Como isso era<br />

possível? Com o passar do tempo, ele encontrou outro objeto<br />

bem parecido, mas esse tinha uma tela maior. O homem<br />

ficou surpreso, pois nesse não havia nenhum botão, então<br />

ele encostou o <strong>de</strong>do na tela e logo apareceu a imagem <strong>de</strong><br />

sua mulher. Quando apertou <strong>de</strong> novo, ele conseguiu se ver no<br />

objeto, foi um espanto medonho; ele jogou o objeto no chão,<br />

mas logo se arrepen<strong>de</strong>u... era tão bonito! Ele viu que naquela<br />

peça que cabia na palma da sua mão estavam vozes, fotos,<br />

músicas, mensagens etc. Ele ficou <strong>de</strong>slumbrado, pois a partir<br />

daquele momento não precisaria <strong>de</strong> tanto “entulho” na casa,<br />

po<strong>de</strong>ria jogar fora os álbuns <strong>de</strong> fotografias, as cartas que sua<br />

amada havia lhe entregado, os discos que fizeram p<strong>arte</strong> <strong>de</strong> sua<br />

história. E, nessa loucura, nem sentia tanta falta <strong>de</strong> seu filho,<br />

pois na hora que queria ligava e logo ouvia a voz que tanto<br />

lhe agradava. O homem passava horas olhando para aquele<br />

objeto. Então, um belo dia, olhando ao seu redor, percebeu que<br />

havia se perdido ali <strong>de</strong>ntro; parecia que ele estava ro<strong>de</strong>ado <strong>de</strong><br />

pessoas, mas estava sozinho. Teclava sozinho, ouvia músicas<br />

sozinho, via fotos sozinho, lia mensagens sozinho. O objeto,<br />

apesar <strong>de</strong> lindo, era pequeno <strong>de</strong>mais para a imensidão que era<br />

a vida do homem.<br />

. 24 . . 25 .


#<br />

Sobre<br />

eleições<br />

Sâmia Ellen Amaro dos Santos<br />

Querido eleitor<br />

eu sei que há corrupção<br />

mas, <strong>por</strong> favor, meu querido<br />

não <strong>de</strong>ixe ninguém na mão<br />

As crianças não po<strong>de</strong>m votar<br />

alguns adolescentes também<br />

não <strong>por</strong> isso cabe a você<br />

essa gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão<br />

O voto é um direito<br />

tem nada <strong>de</strong> obrigação<br />

é momento <strong>de</strong> escolha<br />

e <strong>de</strong> expressar opinião<br />

Tem presi<strong>de</strong>nte e <strong>de</strong>putado<br />

até um tal <strong>de</strong> senador<br />

candidatos conhecidos<br />

muitas vezes como dotô<br />

Dotô coisa nenhuma<br />

só se tiver formação<br />

com isso toco num assunto<br />

o direito à educação.<br />

Você tem muitos <strong>direitos</strong><br />

alguns <strong>de</strong>les vou lhe dizer<br />

saú<strong>de</strong>, lazer, moradia<br />

e comida pra comer<br />

Não adianta se omitir<br />

dizer que nada está<br />

acontecendo<br />

o pior cego é aquele<br />

que não quer ver<br />

aquele que finge que<br />

não está vendo<br />

Não adianta nada cobrar<br />

<strong>de</strong>pois da eleição<br />

lugar <strong>de</strong> revolução é na urna<br />

com o <strong>de</strong>do no botão<br />

. 26 .<br />

. 27 .


#<br />

Montanha<br />

Russa<br />

Raiara Mariane Carvalho<br />

Chuva, mais do que água, formas <strong>de</strong> sentimentos<br />

Garoa, talvez sentimentos sendo perdidos<br />

Sol, felicida<strong>de</strong>, que, quando forçada <strong>de</strong>mais pra ser vista, se<br />

torna insu<strong>por</strong>tável<br />

Lua, a paixão que às vezes se escon<strong>de</strong> numa multidão <strong>de</strong><br />

nuvens escuras, sentimentos confusos, talvez envergonhados<br />

A vida tem seu tempo, o tempo tem <strong>seus</strong> limites e estações,<br />

o limite é indispensável e nunca calculado, a estação é a prática<br />

em formas inusitadas, on<strong>de</strong> você po<strong>de</strong> e tem a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

escolher como vai ser. Afinal, a vida é uma montanha russa:<br />

você escolhe se vai curtir ou se vai sofrer.<br />

. 28 . . 29 .


#<br />

Querer, ter<br />

e vencer<br />

Raiara Mariane Carvalho<br />

Esperar!<br />

Esperar o quê?<br />

Pra quê?<br />

Se tudo po<strong>de</strong>mos fazer.<br />

Esperar pra viver?<br />

Pra ser?<br />

Pra crescer?<br />

Vamos fluir, adquirir, conquistar as coisas ao nosso redor.<br />

Vamos fazer além, fazer para o bem, não pra ele ou pra ela,<br />

mas sempre <strong>por</strong> alguém.<br />

Po<strong>de</strong>mos, sim, ir e querer, querer e ter, e vencer.<br />

Se torne melhor pra você mesmo, faça mudanças<br />

quando <strong>de</strong>cidir que <strong>de</strong>ve, viva o hoje com a certeza <strong>de</strong> que,<br />

se a o<strong>por</strong>tunida<strong>de</strong> do amanhã não vier, você venceu, ganhou,<br />

conquistou ou pelo menos lutou e tentou ter ser o que queria.<br />

. 30 . . 31 .


#<br />

Amor<br />

Recíproco<br />

Raiara Mariane Carvalho<br />

Tentar enten<strong>de</strong>r; pra quê?<br />

O ser humano é o animal mais complexo, mesmo sendo o<br />

mais vivido. É o menos amigo. É o mais dividido.<br />

Ninguém te enten<strong>de</strong>, mas muitos buscam enten<strong>de</strong>r;<br />

percebam, <strong>por</strong> favor, que só queremos ter alguém para<br />

compreen<strong>de</strong>r que precisamos, na verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> mais carinho,<br />

<strong>de</strong> mais companhia, mais sorriso, mais abraços, mais amor<br />

recíproco. A solidão inva<strong>de</strong>, mesmo estando ro<strong>de</strong>ados <strong>de</strong><br />

pessoas; às vezes, é questão espiritual ou até mesmo está<br />

faltando aquela pessoa em especial.<br />

. 32 . . 33 .


#<br />

O tempo<br />

passa<br />

Ana Caroline Ferreira Rocha<br />

O tempo passa<br />

e logo você percebe<br />

que tudo passa<br />

nada é como antes<br />

As folhas secam<br />

as pessoas envelhecem<br />

as árvores morrem<br />

as pessoas falecem<br />

O tempo passa<br />

passa tão rápido<br />

e ainda sinto seu cheiro<br />

mas já não te vejo<br />

As pessoas se vão<br />

as coisas ficam<br />

os sentimentos ficam<br />

nada se leva<br />

mas a sauda<strong>de</strong> é eterna<br />

. 34 . . 35 .


#<br />

Até<br />

quando?<br />

Jorge Luís Oliveira Ferreira<br />

São Luís do Curu<br />

quem diria<br />

fevereiro <strong>de</strong> 2018<br />

um campo, vários disparos<br />

mais um<br />

o silêncio rodou e<br />

<strong>de</strong>pois o alvoroço<br />

Gabriel, 18 anos,<br />

uma vida inteira<br />

Enquanto o som alto rolava<br />

mais um silêncio,<br />

quatro disparos<br />

o som do paredão calou<br />

a música que rolava parou<br />

Mateus, 21 anos,<br />

mais uma voz calada<br />

Dia cansado, muito trabalho<br />

reagi<br />

<strong>de</strong>ssa vez foram mais 4<br />

correram, fui <strong>de</strong> encontro<br />

ao chão<br />

Leandro, 29 anos,<br />

mais uma voz calada<br />

Até quando?<br />

Até quando, sonhos<br />

serão roubados<br />

<strong>por</strong> um tiro disparado?<br />

Até quando vozes<br />

serão caladas<br />

pelo som <strong>de</strong> um tiro<br />

disparado?<br />

Como se não bastasse<br />

a violência da retirada<br />

<strong>de</strong> nossos <strong>direitos</strong><br />

querem os nossos sonhos<br />

a nossa voz assaltados<br />

a mão armada<br />

Nomes fictícios<br />

mas histórias tão reais<br />

<strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> que<br />

já foi conhecida pela paz<br />

e o conforto visto hoje<br />

tão raramente<br />

já quase não se vê mais<br />

Até quando?<br />

Até quando?<br />

. 36 .<br />

. 37 .


#<br />

Quem matou o<br />

negro <strong>de</strong> hoje?<br />

José Everton Holanda Ferreira<br />

A pressa é castigo para alguém<br />

Armas do tráfico circulam<br />

Mas <strong>por</strong> quem?<br />

Gritos anormais<br />

Anomia dos iguais<br />

O santo dança<br />

A fé encanta<br />

O sino ressoa<br />

E morre mais uma pessoa<br />

O socorro grita<br />

O soco é normal<br />

Enquanto a comunida<strong>de</strong><br />

se agita<br />

Leva-te o policial<br />

O arrastado se vai<br />

Olhe, veja sua cor!<br />

A cor que era para simbolizar braveza<br />

Infelizmente simboliza dor<br />

Injustiça <strong>por</strong> trás <strong>de</strong> injustiça<br />

Mas quem matou o negro <strong>de</strong> hoje?<br />

Se matam pra <strong>de</strong>monstrar po<strong>de</strong>r<br />

Então quem irá nos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r?<br />

Nasce mais um pobre<br />

Sabe logo que vai sofrer<br />

. 38 .<br />

. 39 .


Morre mais um jovem<br />

Morre mais uma esperança<br />

Morre então a ética<br />

Morrem outras crianças<br />

Morre a dignida<strong>de</strong><br />

E leva junto a felicida<strong>de</strong><br />

Morrem nossos valores<br />

Morrem nossas cores<br />

Morre um negro<br />

ESPERA AÍ!<br />

Mas quem foi o negro <strong>de</strong> hoje?<br />

Morreu mais um alguém<br />

Mas ninguém percebeu<br />

Morreu! Mas é comum<br />

Estranho seria alguém os salvar<br />

Morreu mais um negro<br />

E mais um<br />

Não só hoje, todos os dias<br />

Morreu mais um futuro<br />

Morreu a falsa <strong>de</strong>mocracia<br />

Quem matou o negro <strong>de</strong> hoje?<br />

Ninguém saberá<br />

Fardas escon<strong>de</strong>m atrocida<strong>de</strong><br />

Desmoronam a comunida<strong>de</strong><br />

#<br />

Meu choro<br />

mudo<br />

José Everton Holanda Ferreira<br />

Morreu mais um jovem hoje<br />

Morreu no <strong>de</strong>sespero<br />

A mídia con<strong>de</strong>nou seu caso:<br />

<strong>por</strong> ser negro<br />

ele foi culpado.<br />

Não queremos esperar mais<br />

Um jovem negro morre a cada 23 minutos<br />

Queremos que reine a paz<br />

Quer mais justo<br />

. 40 .<br />

. 41 .


Este corpo que não me pertence<br />

foi tirado <strong>por</strong> um presi<strong>de</strong>nte<br />

Minhas risadas são tão falsas<br />

quanto a sua cara<br />

Eu morro pela fome que mata os pobres<br />

e sofro pelo sofrimento dos que não têm on<strong>de</strong> morar<br />

Eu choro<br />

quando me esqueço <strong>de</strong> viver<br />

Eu choro<br />

quando me esqueço do mundo que eu sempre quis ter<br />

Minha cabeça gira sem enten<strong>de</strong>r<br />

Meu pulso firme-fraco luta<br />

E resiste em vão<br />

Pois os contras nos moralizam com inúmeros sermões<br />

Não pedi a morte<br />

Mas perdi a sorte<br />

E o azar dos povos escuros<br />

É vítima <strong>de</strong> chicote do racismo <strong>de</strong> brutos<br />

A vida não quis me dar uma lição<br />

Mas me torturou<br />

Quando me mostrou a cena daquela criança,<br />

símbolo <strong>de</strong> esperança, falecida no chão<br />

Quem a matou?<br />

Talvez tenha sido eu<br />

Pois sou culpado <strong>de</strong> tudo neste mundo<br />

Até pelo <strong>de</strong>rramamento do sangue daqueles ju<strong>de</strong>us<br />

Mas não sou assassino<br />

Pelo menos não me chamam assim<br />

Mas parado, estável<br />

Busco a saída a cada dia para o fim<br />

Estou indo para a morte<br />

Que não é ver<strong>de</strong><br />

Não é politizada<br />

Arranho-me com as unhas<br />

Mas sempre estou parado<br />

Ninguém po<strong>de</strong> me salvar<br />

Pois não salvaram a vida <strong>de</strong>les<br />

Eu pedi <strong>por</strong> ajuda, mas ninguém veio<br />

Imagina se vão ajudar eles...<br />

Temos força<br />

Tememos o po<strong>de</strong>r<br />

Lutamos fracamente<br />

Bradamos cautelosamente<br />

Então<br />

Deixamos eles surdos<br />

E eu todos os dias escuto<br />

Meu choro mudo<br />

. 42 . . 43 .


#<br />

Diferenças<br />

Raiara Mariane Carvalho<br />

Cleidiane da Cunha Silva<br />

Que o homem não aprenda com a fé nem com a ciência a<br />

conviver e respeitar a diferença. Respeite minha cultura que<br />

eu respeito a sua, fazemos todos p<strong>arte</strong> da mesma mistura;<br />

às vezes o que é bom pra você outros estão dispensando e<br />

não querem saber. Sabemos que nunca acharemos ninguém<br />

no mundo inteiro igual a nós, às vezes parecidos, mas nunca<br />

iguais. Somos poucos <strong>de</strong>mais, na verda<strong>de</strong> fazemos pouco<br />

<strong>de</strong>mais, então vamos começar a notar o óbvio, perceber que<br />

existem várias formas <strong>de</strong> gente, vários tipos e estilos, várias<br />

fisionomias, em que se nota basicamente o que a pessoa está<br />

sentindo; olhando ao seu redor, dá pra ver muitos tipos <strong>de</strong><br />

brasileiros. Triste saber que, num país tão diversificado, existe<br />

tanto preconceito. Vamos mudar nossos pensamentos para<br />

com as pessoas, vamos mudar nossas atitu<strong>de</strong>s para com o<br />

próximo. É tão clichê ficar falando que existe o preconceito e<br />

que <strong>de</strong>vemos mudar, mas o que estamos fazendo com o que<br />

sabemos?! Você tem a informação, mas não tem o básico <strong>de</strong><br />

conhecimento para praticar e fazer acontecer. Quando isso<br />

acontece, você não passa <strong>de</strong> um inútil, ouvindo a socieda<strong>de</strong>,<br />

mas não agindo como cidadão. Você, que é tão preconceituoso,<br />

po<strong>de</strong> aceitar que seu mundinho seja apenas seu quarto, on<strong>de</strong><br />

você se isola, tornando-se um ser nojento. Mas quando você<br />

pisa no asfalto, querido, é on<strong>de</strong> todos andam, on<strong>de</strong> todos<br />

mandam, o preto, o branco, o alto, o baixo, o triste, o alegre, o<br />

homem, a mulher, o gay, o mendigo, o ateu, o ju<strong>de</strong>u, o católico,<br />

todos po<strong>de</strong>m tomar posse, todos po<strong>de</strong>m chamar <strong>de</strong> seu. Você<br />

não vive isolado <strong>por</strong> não querer pisar ali, você tem que passar,<br />

mesmo que seja <strong>por</strong> obrigação, então olhe ao seu redor, note<br />

as diferenças, respeite-as; e ao menos as engula <strong>por</strong> educação.<br />

Uma das causas <strong>de</strong> maior sofrimento do homem é a rejeição,<br />

<strong>por</strong>que, ao rejeitar o outro, rejeita a si mesmo, uma vez que<br />

vivemos da mesma fonte, sofremos <strong>por</strong>que rejeitamos,<br />

sofremos <strong>por</strong>que somos rejeitados. Deixo um recado para<br />

você: não se iluda: se quer que o mundo mu<strong>de</strong>, erga a cabeça e<br />

lute, faça a diferença e seja a diferença!<br />

. 44 . . 45 .


#<br />

Ser<br />

jovem<br />

Adna Kelly Melo Firmino<br />

Ser jovem...<br />

Ser jovem não é apenas aquela ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> florescer,<br />

amadurecer, namorar e beijar...<br />

Ser é jovem é protagonizar, reivindicar, é <strong>lutar</strong>!<br />

E a cada luta se fortalecer, para fazer valer, para fazer<br />

acontecer!<br />

Muitos acham que a juventu<strong>de</strong> não tem atitu<strong>de</strong><br />

Mas sinto em dizer...<br />

Nós neste momento<br />

Não queremos o seu simples “lamento”<br />

Ou o seu “não posso ajudar”<br />

E como resposta vou lhe dizer<br />

A juventu<strong>de</strong> vai <strong>lutar</strong>!<br />

. 46 . . 47 .


#<br />

Estamos<br />

cansados<br />

Adna Kelly Melo Firmino<br />

Drogas lícitas e ilícitas<br />

Tudo havia misturado<br />

Mas não se imaginaria<br />

O tamanho do estrago<br />

Disparados sobre ele<br />

Dois tiros <strong>de</strong> oitão<br />

Que o atingiram bem no coração...<br />

Não tinha mais jeito<br />

Sua mãe até hoje chora<br />

O choro mais forte<br />

Dentro do peito<br />

Infelizmente ele se foi<br />

E que Deus o perdoe!<br />

E os que o julgam<br />

Por que será, rapaz?<br />

Será que é <strong>por</strong>que ele era preto, pobre, pardo...<br />

Ou favelado?<br />

Talvez um drogado<br />

Mas era um jovem!<br />

Tinha um mundo pela frente<br />

Po<strong>de</strong>ria hoje estar vivendo contente<br />

Livre <strong>de</strong> drogas<br />

Sorrindo para muita gente<br />

Dando a volta <strong>por</strong> cima<br />

Vivendo em paz<br />

Mostrando que a juventu<strong>de</strong> é capaz!<br />

Estamos cansados<br />

Falo em nome da juventu<strong>de</strong><br />

Estamos cansados <strong>de</strong> tanta violência<br />

De tanta má atitu<strong>de</strong><br />

Estamos cansados do extermínio da juventu<strong>de</strong>!<br />

. 48 . . 49 .


#<br />

!Muitos<br />

falam<br />

Wilton Nonato do Nascimento Dantas<br />

Muitos falam que é horrível<br />

que é nojento e um pecado<br />

Falam com tanto gosto<br />

e nem olham para o seu<br />

lado<br />

On<strong>de</strong> está o seu irmão<br />

que segue a mesma religião<br />

Em que se encontra no<br />

coração<br />

uma angústia inexplicável<br />

Frases <strong>de</strong> ódio, raiva e<br />

rancor<br />

Foi isso que pregou o seu<br />

senhor?<br />

On<strong>de</strong> se encontram as belas<br />

frases<br />

em que sempre é citado<br />

sobre o perdão e o amor?<br />

Deverás amar ao próximo<br />

como amas a ti mesmo<br />

On<strong>de</strong> está isso quando me<br />

faltas com o respeito?<br />

Também dizes em outra<br />

p<strong>arte</strong><br />

Não julgue para não ser<br />

julgado<br />

É isso mesmo que estás<br />

fazendo<br />

Ou será que estás fazendo<br />

errado?<br />

Se for isso, meu querido,<br />

frase forte eu te digo<br />

Que no dia do juízo<br />

no inverno bem quentinho<br />

sentarás bem ao meu lado<br />

A nossa luta é constante<br />

dificulda<strong>de</strong>s sempre vamos<br />

enfrentar<br />

mas diferentemente <strong>de</strong><br />

muita gente<br />

é o amor que iremos pregar<br />

Sempre andamos com<br />

alegria<br />

viveremos nossas vidas<br />

sempre na frente da guerra<br />

E antes que acabe<br />

não adianta mal <strong>de</strong> nós falar<br />

pois <strong>de</strong> nada nos im<strong>por</strong>ta<br />

quando falas, nos julgas<br />

e no dia do juízo<br />

Só Deus quem vai falar<br />

. 50 .<br />

. 51 .


#<br />

Semelhanças<br />

a anjos<br />

Marcio Glísson Ferreira <strong>de</strong> Oliveira<br />

Semelhanças a anjos, pessoas que vieram para ajudar.<br />

Super-heróis. Não os vemos, não os tocamos, não os<br />

presenciamos em ação. Mas imaginamos como são, nos vemos<br />

ao seu lado e agra<strong>de</strong>cemos pela bonda<strong>de</strong>.<br />

Não im<strong>por</strong>ta se está longe ou se mora ali do lado. Na<br />

ausência <strong>de</strong> um abraço, vem a preocupação e sensibilização <strong>de</strong><br />

ajudar o próximo.<br />

Um anjo superior, anjo dos anjos, já os reservou um cantinho<br />

especial. Além <strong>de</strong> terem ocupado corações, essas pessoas já<br />

estão garantidas entre os melhores seres, lá em cima com o<br />

maior.<br />

Aqui recebemos a solidarieda<strong>de</strong> com carinho, logo somos<br />

gratos <strong>por</strong> essa bonda<strong>de</strong>. Um ato <strong>de</strong> amor, <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>, em que<br />

<strong>por</strong> muito tempo se concretiza a afetivida<strong>de</strong>.<br />

A bonda<strong>de</strong> está entre os homens, mas amor só para quem<br />

ama <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>.<br />

Somos filhos <strong>de</strong>ssa casa, nosso berço <strong>de</strong> o<strong>por</strong>tunida<strong>de</strong>s.<br />

Somos [frutos <strong>de</strong> trabalhos que <strong>por</strong> heróis são realizados].<br />

Obrigado aos padrinhos, às madrinhas, aos heróis. Obrigado<br />

pela bonda<strong>de</strong> e pelo amor que têm <strong>por</strong> nós. Somos gratos <strong>por</strong><br />

vocês, <strong>por</strong> serem tão especiais.<br />

Desejamos a todos muitos anos <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>, pois quem<br />

semeia amor na vida no futuro colhe frutos doces dignos <strong>de</strong><br />

bonda<strong>de</strong>.<br />

. 52 . . 53 .


#<br />

Poesia em<br />

homenagem às<br />

mulheres (Voz<br />

para quem tem<br />

o que dizer)<br />

Marcio Glísson Ferreira <strong>de</strong> Oliveira<br />

É tão notável quando o sol <strong>de</strong> cada dia se põe e, ao se pôr,<br />

<strong>de</strong>ixa a esperança <strong>de</strong> renascer <strong>de</strong> novo, trazendo no modo <strong>de</strong><br />

viver o brilho incomparável <strong>de</strong> ser mulher. Ser a mais bela, ter<br />

mais amor, ser a mais amada, a mais forte e <strong>de</strong>dicada, ser um<br />

anjo protetor.<br />

Responsável pela vida, cada um <strong>de</strong> nós pertence a uma<br />

<strong>de</strong>usa. Obrigado, minha diva, minha mãe, minha riqueza.<br />

Como é ser mulher? Não sei, mas pela que tenho <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> casa, minha mãe, vejo que é fundamental para minha<br />

sobrevivência, é <strong>por</strong> ela que estou vivo e foi <strong>de</strong>la a inteligência<br />

<strong>de</strong> ter ensinado o que é certo e evitado consequências.<br />

Como seria o mundo sem a feminilida<strong>de</strong>? Que mundo!?<br />

Como seria a vida sem o toque feminino? Certamente não<br />

seria tão gratificante.<br />

Mulher faz do mundo sua vida, das lutas saem as glórias,<br />

mesmo que sobrem feridas.<br />

Por que só um dia <strong>de</strong>dicado a elas, quando na verda<strong>de</strong> o<br />

infinito é tão próximo?<br />

Vamos agra<strong>de</strong>cer todos os dias, se possível gritar em<br />

silêncio, pois mulher é <strong>de</strong>licada e exige com<strong>por</strong>tamento. Claro!<br />

Não é chegar, é se aproximar. Não é falar, mas, sim, dialogar.<br />

Não é achar que tudo está certo, é rever e concordar a dois.<br />

Há quem as julgue, quem fale mal ou agrida. Esses não são<br />

homens. Pois quem é homem <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> cuida e zela pelo<br />

amor que alguém lhe entrega.<br />

Nesse dia tão relevante, vocês são as protagonistas, as mais<br />

belas e im<strong>por</strong>tantes, se sintam como artistas. Sejam o centro<br />

das atenções, libertem as sensações e <strong>de</strong>ixem a vida mais<br />

bonita.<br />

Sejam a mulher <strong>de</strong> sempre, dando amor, carinho e <strong>de</strong>dicação.<br />

Vocês merecem. Enfim, só me resta dizer que moram no meu<br />

coração.<br />

A vocês digo: obrigado <strong>por</strong> terem comparecido, <strong>por</strong> serem<br />

quem são e <strong>por</strong> terem nascido. Pois quem é mulher sabe a dor<br />

<strong>de</strong> um parto e a alegria <strong>de</strong> ter um filho.<br />

. 54 . . 55 .


#<br />

Crítica<br />

ao mundo e<br />

à socieda<strong>de</strong><br />

Gleisiana Ramos Nogueira<br />

O que há <strong>de</strong> se dizer <strong>de</strong>ste mundo<br />

On<strong>de</strong> pessoas são tratadas como lixo<br />

A socieda<strong>de</strong> per<strong>de</strong>u a noção do perigo<br />

E não existe mais aquele sentimento profundo<br />

O mundo está quase todo perdido<br />

Os valores estão sendo esquecidos<br />

Os ladrões querem ter autorida<strong>de</strong><br />

E os policiais estão se tornando bandidos<br />

Mas eu me pergunto, <strong>por</strong> que isso tudo?<br />

Por que o direito <strong>de</strong> expressão<br />

Está se acabando entre a população?<br />

Jovens querem buscar os <strong>seus</strong> <strong>direitos</strong><br />

Antes que acabem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um caixão<br />

Ainda acredito em dias melhores<br />

Acredito em heróis<br />

Herói <strong>de</strong> uma vida só<br />

Aquele que trabalha, batalha todos os dias<br />

Para tornar o mundo melhor<br />

O jovem sempre quis falar<br />

Mas nem sempre teve chance<br />

Tudo o que ele queria estava fora do seu alcance<br />

Mas isso tudo vai mudar<br />

A luta da juventu<strong>de</strong><br />

Está acabando <strong>de</strong> começar<br />

. 56 .<br />

. 57 .


#<br />

Racismo<br />

no Brasil<br />

Francisco Robson Candido da Silva<br />

Já vem <strong>de</strong> muito tempo<br />

Des<strong>de</strong> a colonização,<br />

O racismo no Brasil<br />

Espalha-se na nação<br />

O assunto é comum<br />

Mas causa preocupação<br />

O africano brasileiro<br />

Foi escravizado<br />

De um lado branco e livre<br />

Do outro negro explorado<br />

E assim continuou<br />

Preconceito <strong>por</strong> todo lado<br />

Portanto, meu amigo<br />

Preste muita atenção<br />

Deus criou o mundo<br />

Com muita perfeição<br />

Somos todos iguais<br />

Somos todos irmãos<br />

Olhe para o próximo<br />

Com carinho e amor<br />

Deixe <strong>de</strong> besteira<br />

Não se im<strong>por</strong>te com a cor<br />

O mundo é pequeno<br />

Para viver com esse rancor<br />

. 58 . . 59 .


Juventu<strong>de</strong> empo<strong>de</strong>rada busca<br />

segundo a Constituição<br />

sua gran<strong>de</strong> im<strong>por</strong>tância<br />

não só na socieda<strong>de</strong><br />

mas também<br />

nesta enorme nação<br />

A verda<strong>de</strong> é nossa meta<br />

cantamos em coro<br />

uma gran<strong>de</strong> realida<strong>de</strong><br />

juventu<strong>de</strong> empo<strong>de</strong>rada<br />

busca <strong>por</strong> uma bela im<strong>por</strong>tância<br />

nesta socieda<strong>de</strong><br />

#<br />

Juventu<strong>de</strong><br />

Leila <strong>de</strong> Oliveira Ferreira<br />

Princípio da igualda<strong>de</strong><br />

direito à vida igualitária<br />

jovens empo<strong>de</strong>rados vestem<br />

a camisa da REJUDES na busca<br />

pelos <strong>direitos</strong> realizados<br />

Sabemos tanto dos nossos <strong>direitos</strong><br />

quanto dos <strong>de</strong>veres<br />

esperamos um final <strong>de</strong> história<br />

em que tudo <strong>por</strong> nós sonhado forme<br />

um lindo sonho realizado<br />

. 60 . . 61 .


#<br />

Estatística<br />

estática<br />

Andressa Andra<strong>de</strong> Silva<br />

Hoje lembrei-me <strong>de</strong> quando sorria e dizia que eu era a filha<br />

mais linda do mundo.<br />

Lembrei-me <strong>de</strong> quando chegava da escola e corria ao teu<br />

encontro, só pra te mostrar as notas e ouvir você dizer: “filha,<br />

tu és o meu orgulho”.<br />

Lembrei-me <strong>de</strong> quando era pequenininha e eu te pedia aflita<br />

pra você nunca me abandonar, e você sorria e dizia: “filha, nada<br />

vai nos separar”.<br />

Mas a violência nos separou, te levou pra longe <strong>de</strong> mim...<br />

assim, sem mais nem menos... Deu nem tempo <strong>de</strong> a gente se<br />

<strong>de</strong>spedir.<br />

Se eu soubesse que naquele dia, após os barulhos dos tiros,<br />

eu iria te encontrar morto no chão, jamais teria <strong>de</strong>ixado você<br />

passar pelo <strong>por</strong>tão.<br />

Hoje meu pai faz p<strong>arte</strong> da estatística <strong>de</strong> pretos pobres<br />

assassinados que NÃO tiveram ESCOLHA e seguiram o caminho<br />

errado.<br />

. 62 . . 63 .


#<br />

Gritos<br />

surdos<br />

Andressa Andra<strong>de</strong> Silva<br />

Cadê os sorrisos?<br />

Cadê os abraços?<br />

Cadê os beijos?<br />

Cadê os carinhos?<br />

(...)<br />

Cadê o Amor? Me digam on<strong>de</strong> está!<br />

Eu não quero esse falso amor cheio <strong>de</strong> ódio.... Minha alma não<br />

resiste a ele... Esse amor é tóxico!<br />

Tenho que encontrá-lo!<br />

Preciso nutrir minh’alma<br />

A alma precisa viver<br />

Preciso estancar o sangue que em mim corre... todos os dias!<br />

Preciso salvar essa leviana<br />

Cl (AMOR)<br />

AME<br />

AME<br />

AME<br />

. 64 . . 65 .


AME<br />

AME...<br />

AMAR É RESISTÊNCIA<br />

AMAR ME FAZ FORTE<br />

SOU UMA MULHER DE SORTE<br />

O AMOR AQUI DENTRO PULSA FORTE<br />

E SEM PUDOR TE MOSTRO<br />

TODO AMOR QUE ME INVADE<br />

CHEIA DE AMOR, ME TORNO O SER MAIS PLENO DESTE<br />

UNI(VERSO)<br />

E ENTRE MEUS VERSOS CLAMO<br />

AME-SE<br />

AME<br />

AMAR<br />

AMOR<br />

RESISTIREMOS ATÉ A ÚLTIMA GOTA DE AMOR!<br />

E SE ACABAR?<br />

RE(INVENTAREMOS) POIS O AMOR NASCE FACIN FACIN... SÓ<br />

EM TE VER SORRIR O AMOR JÁ GRITA BEM AQUI... DENTRO DE<br />

MIM!<br />

. 66 . . 67 .


O que engran<strong>de</strong>ce a alma<br />

É o que você faz <strong>de</strong> melhor<br />

Abraçar o mundo<br />

<strong>por</strong> uma causa melhor<br />

valorizar cada sorriso<br />

que anda perdido<br />

em um mundo sofrido<br />

<strong>por</strong> pessoas que não têm dó<br />

#<br />

Força <strong>de</strong><br />

vonta<strong>de</strong><br />

Israela Silva Melo<br />

Maria Jaqueline Vilante<br />

Abrace mais<br />

contemple os bons momentos<br />

grite para todo mundo<br />

o que se passa <strong>por</strong> <strong>de</strong>ntro<br />

e convi<strong>de</strong> a todos<br />

a relembrar os velhos tempos<br />

e não esqueça <strong>de</strong> dizer<br />

o quanto é magnífico viver<br />

e fazer p<strong>arte</strong> <strong>de</strong>ste gran<strong>de</strong> elenco<br />

Somos protagonistas<br />

e vivemos para transformar<br />

tudo aquilo que é ruim<br />

e que vem para nos pertubar<br />

mas só esqueceram <strong>de</strong> uma coisa<br />

que a ferida fortalece a pessoa<br />

nos <strong>de</strong>ixando motivados a <strong>lutar</strong><br />

Vamos fazer diferente<br />

mostrar para toda a gente<br />

que o amor po<strong>de</strong> vencer<br />

e <strong>de</strong>ixar todos contentes<br />

fazendo o mundo crescer<br />

e o amor prevalecer<br />

atingindo todas as mentes<br />

. 68 . . 69 .


#<br />

Só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

da gente<br />

Victor Almeida Pereira<br />

ão bom viver <strong>de</strong> boas coisas<br />

E pensar que tudo po<strong>de</strong> ser perfeito<br />

On<strong>de</strong> as pessoas são felizes<br />

Com amor e respeito<br />

O mundo anda tão ferido<br />

Maltratado e violentado<br />

Mas se <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da gente<br />

Ele voltará a ser arrumado<br />

Precisamos <strong>de</strong> AMOR<br />

Imploramos <strong>por</strong> RESPEITO<br />

Precisamos <strong>de</strong> carinho<br />

E <strong>de</strong> garantia <strong>de</strong> <strong>direitos</strong><br />

Somos massacrados a cada dia<br />

Por um povo que acha que tem po<strong>de</strong>r<br />

Só esqueceram que também temos força<br />

Para os problemas resolver<br />

O mundo vai melhorar<br />

E eu não me canso <strong>de</strong> sonhar<br />

De <strong>lutar</strong> <strong>por</strong> um mundo <strong>de</strong>cente<br />

On<strong>de</strong> as pessoas vão valorizar<br />

As diferenças <strong>de</strong> todas as gentes<br />

. 70 . . 71 .


#<br />

Nossa<br />

luta<br />

Maria Jaqueline Vilante<br />

Todos os dias são dias <strong>de</strong> luta<br />

De mostrar a força<br />

De mostrar bravura<br />

Para construir um mundo<br />

melhor<br />

Diante <strong>de</strong> tanta loucura<br />

Quem persiste alcança<br />

Sabemos que não é fácil<br />

Mas todo mundo merece<br />

Viver em um mundo tranquilo<br />

Carinhoso, bondoso e alegre<br />

Tantos planos nós temos<br />

Para seguirmos em frente<br />

Alcançar nossos objetivos<br />

E fazer um mundo diferente<br />

Mas não fique parado<br />

Pois só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da gente<br />

De mudar o mundo<br />

De forma consciente<br />

Vamos espalhar amor<br />

Em qualquer lugar<br />

Seja on<strong>de</strong> for<br />

No céu, na terra, no mar<br />

Pois é com nossa juventu<strong>de</strong><br />

Que faremos o mundo mudar<br />

Vamos fazer valer nossos<br />

<strong>direitos</strong><br />

Mostrar a revolução<br />

Para construir um mundo<br />

perfeito<br />

Com qualida<strong>de</strong> e educação<br />

Com menos violência<br />

Sabedoria e inteligência<br />

E mais <strong>de</strong>terminação<br />

A juventu<strong>de</strong> precisa<br />

enten<strong>de</strong>r<br />

Que é com<br />

empo<strong>de</strong>ramento que<br />

po<strong>de</strong>mos crescer<br />

Mostrar o po<strong>de</strong>r feroz<br />

Que tem a minha, a sua, a<br />

nossa voz<br />

Para o mundo engran<strong>de</strong>cer<br />

Temos também a REJUDES<br />

Que veio contribuir<br />

Dando força à juventu<strong>de</strong><br />

Para juntos seguir<br />

Fazendo a transformação<br />

De mãos dadas e união<br />

Com propósito <strong>de</strong> agir<br />

Também convido você<br />

A fazer p<strong>arte</strong> <strong>de</strong>sta luta<br />

A se juntar à nossa re<strong>de</strong><br />

Com o propósito <strong>de</strong> busca<br />

De efetivar os ODS<br />

Para na vida futura<br />

Termos igualda<strong>de</strong>,<br />

equida<strong>de</strong><br />

E sentimentos <strong>de</strong> fartura<br />

. 72 .<br />

. 73 .


#<br />

Flor do<br />

inverno<br />

Valéria Moreira Costa<br />

No campo, sozinha<br />

Ela, o céu, a sós<br />

Eu amava aquela menina<br />

Ela amava os girassóis<br />

Floresceste, menina<br />

Sozinha, junto ao sol<br />

Já é inverno, ficarás sozinha?<br />

Só te resta um girassol<br />

Manter-te fria te fez feliz sozinha<br />

No meu silêncio, tua voz<br />

Egoísta, insensível menina<br />

Só amas girassóis!<br />

. 74 . . 75 .


#<br />

Caracterizou<br />

Ivani Ramalho Pereira<br />

Da beleza dos contos<br />

Sai a caixa mágica<br />

Que parece nunca calar<br />

De repente o som levando a gente<br />

Gente <strong>de</strong> animação<br />

Surge a criação<br />

Do terço <strong>de</strong><br />

Zé do Chicão<br />

Raça inteligente<br />

Seguida pelo Deus da gente<br />

Tudo bem diferente<br />

Dos olhos arregalados<br />

Daquele que vive distante<br />

Pra ouvir: ouvir o som da alegria<br />

Enriquecida pela simplicida<strong>de</strong><br />

Daquela comunida<strong>de</strong><br />

Da nobre capacida<strong>de</strong><br />

Da poesia envolvida pela felicida<strong>de</strong><br />

. 76 . . 77 .


#<br />

O teatro<br />

sou eu<br />

Raquel Arcanjo Amorim<br />

Certa vez, caminhando pelos corredores do teatro, fitei<br />

um senhor que olhava insistentemente para a coxia do palco.<br />

Calado, sereno, como se estivesse prestigiando uma peça<br />

muito im<strong>por</strong>tante, seu cabelo gran<strong>de</strong> e branco repousava no<br />

terno preto e <strong>seus</strong> olhos brilhavam. Não pu<strong>de</strong> me conter e<br />

interrompi o silêncio: – Olá, está esperando alguém?<br />

O senhor me olhou, levantou-se e subiu no palco. Me fez um<br />

gesto com a mão, dizendo para subir. Ele tapou meus olhos<br />

com a mão e disse: sinta. E pu<strong>de</strong> perceber o vento que nos<br />

envolvia e comecei a escutar o dançar <strong>de</strong> folhas, o som <strong>de</strong><br />

pássaros e comecei a sentir uma grama em meus pés, pu<strong>de</strong><br />

sentir a umida<strong>de</strong> do ar e comecei a ouvir o som <strong>de</strong> muitas<br />

águas, como uma cachoeira. E me disse: esta p<strong>arte</strong> <strong>de</strong> mim se<br />

chama escutar, ela vai além <strong>de</strong> apenas ouvir; então, aprendi a<br />

<strong>arte</strong> <strong>de</strong> estar apta a escutar.<br />

E tirou a mão dos meus olhos e a princípio só pu<strong>de</strong> ver a<br />

luz do sol, meus olhos <strong>de</strong>sfocaram e vi um campo com muitas<br />

flores e uma enorme árvore. E eis que, olhando fixo para uma<br />

árvore, me disse: – Veja! E apontou para uma formiga que<br />

subia sem esforço pelo tronco carregando uma folha; então,<br />

pu<strong>de</strong> ver o sol refletindo em uma gota <strong>de</strong> orvalho na folha que<br />

estava sendo carregada.<br />

Eis que virando me disse: esta p<strong>arte</strong> <strong>de</strong> mim chama-se<br />

<strong>de</strong>talhes; então, aprendi a <strong>arte</strong> <strong>de</strong> dar im<strong>por</strong>tância àquilo que<br />

muitos <strong>de</strong>sprezam.<br />

. 78 . . 79 .


E olhando ao meu redor, fiquei encantada ao perceber que<br />

um velho teatro havia se transformado em um lindo campo<br />

florido.<br />

– Está surpresa? Ele me perguntou, antes mesmo <strong>de</strong> eu<br />

conseguir pensar em uma resposta. Ele prosseguiu: esta p<strong>arte</strong><br />

<strong>de</strong> mim chama-se imaginação; então, aprendi que posso ir<br />

aon<strong>de</strong> quiser sem mesmo sair do lugar.<br />

– Feche os olhos novamente.<br />

Obe<strong>de</strong>ci. E ouvi a voz <strong>de</strong>le distante dizendo: este lugar no<br />

qual está pisando po<strong>de</strong> ser apenas uma ma<strong>de</strong>ira velha <strong>de</strong> um<br />

teatro velho ou po<strong>de</strong> ser sagrado. O que ele vai ser <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

você antes mesmo <strong>de</strong> caminhar sobre ele. Cada vez a voz ia se<br />

distanciando ainda mais... a emoção, a intensida<strong>de</strong>, a mágica<br />

estão <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> você, e não neste velho teatro.<br />

Ao dizer a palavra teatro em um sussurro bem perto <strong>de</strong><br />

meu ouvido, abri subitamente os olhos, e vi apenas o teatro<br />

vazio...<br />

Então, percebi que quem conversava comigo era a própria<br />

<strong>arte</strong>. Era o próprio teatro, e aprendi daí a <strong>arte</strong> <strong>de</strong> atuar.<br />

#<br />

O sonho<br />

Maelen Rizia Morais da Silva<br />

. 80 . . 81 .


Ontem à noite, eu tive um sonho<br />

Nas ruas só havia paz<br />

Acor<strong>de</strong>i assustada com o barulho dos tiros<br />

Mataram mais um na rua <strong>de</strong>trás<br />

E quem morreu?<br />

Foi Maelen? Não!<br />

Quem morreu foi mais um preto e pobre<br />

Para com<strong>por</strong> a coleção<br />

E quem matou? Não há quem suspeite<br />

A polícia tem facilida<strong>de</strong><br />

De colocar caso “fútil”<br />

Debaixo do tapete<br />

Eles dizem que combatem o crime<br />

Reduzindo a maiorida<strong>de</strong> penal<br />

Pergunta como eles combatem<br />

A <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social?<br />

Falta <strong>de</strong> remédio em hospital?<br />

Ser humano que também é humano<br />

Passando fome em terminal?<br />

A polícia corrupta na manutenção<br />

Do tráfico em nível mundial?<br />

Do que im<strong>por</strong>ta se o Brasil<br />

É hexa ou não?<br />

A fome permanece em cada esquina<br />

Angústia do coração!<br />

O dinheiro é investido<br />

Nos jogadores que têm “nome”<br />

Quero ver pensar no pobre<br />

Que, a todo instante, passa fome<br />

Hoje em dia, alguns assaltos<br />

Não são mais à mão armada<br />

Pai <strong>de</strong> família dá o sangue,<br />

Para ter casa sustentada<br />

Os impostos que te esperam<br />

No final <strong>de</strong> cada mês<br />

São teus assaltos constantes<br />

Cada um em sua vez<br />

Há alguns meses atrás<br />

Queria ver o meu amor<br />

Triste fim para o meu governo<br />

A passagem aumentou<br />

E assim, pouco a pouco,<br />

A distância me dilacerou<br />

“Ser ou não ser, eis a questão”<br />

Sendo ou não sendo<br />

Todo dia tem jovens<br />

Estirados pelo chão<br />

Fernando Pessoa ensinou<br />

Que matar um sonho é mutilar uma alma<br />

Imagina quantos sonhos são mortos<br />

na insensata madrugada?<br />

Me pediram para acreditar na esperança,<br />

Esperança que a gente tanto acredita<br />

O que mais quero é findar essa aliança<br />

Que só coloca mais jovens na estatística<br />

Semana passada, João ia ver a namorada<br />

Mas no caminho foi assaltado<br />

. 82 .<br />

. 83 .


Roubaram todos os <strong>seus</strong> sonhos<br />

João levou três tiros <strong>por</strong> engano<br />

E o sangue escorreu pela calçada.<br />

“Me poupa do vexame <strong>de</strong> morrer tão moço”<br />

Dizia João<br />

João “dizia” como diz o verbo,<br />

Agora reflita: o que garante que você<br />

Não possa ser a próxima vítima?<br />

A juventu<strong>de</strong> quer voz, vez e lugar<br />

Quer viver, construir e sonhar<br />

A juventu<strong>de</strong> tem fome, <strong>de</strong>sejo e se<strong>de</strong><br />

E, nesse <strong>de</strong>sfecho, <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> indagar: não posso não!<br />

“Você tem fome <strong>de</strong> quê?”<br />

Vai acordar e reagir ou vai dormir que nem João?<br />

#<br />

Um pingo <strong>de</strong><br />

esperança em<br />

um mar <strong>de</strong><br />

caos<br />

Anabel Almeida <strong>de</strong> Oliveira<br />

. 84 . . 85 .


Por mais diferente que sejamos, ainda temos muito em<br />

comum, e é exatamente <strong>por</strong> sermos diferentes que precisamos<br />

uns dos outros, pois a diferença dá sentido, faz unir, agrega<br />

valores. O meu diferente po<strong>de</strong> ser bom, mas <strong>por</strong>que me<br />

conformar com o bom se posso avançar ainda mais?<br />

Temos tanto para compartilhar, pessoas para cuidar, e<br />

mesmo assim sempre acabamos centralizando tudo em nós<br />

mesmos. O egoísmo é o nosso inimigo, mas lidamos como se<br />

fosse nosso melhor amigo. Valorizamos o “eu”, priorizamos<br />

aquilo que nos traz benefício; e, em troca <strong>de</strong> status, acabamos<br />

vivendo o que não somos. Uma geração sem i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> tem<br />

surgido, e ela é incapaz <strong>de</strong> enxergar as necessida<strong>de</strong>s que há<br />

em sua volta.<br />

Portanto, nisso dá para perceber o quanto precisamos<br />

mudar, e bom seria se começássemos a ouvir mais do que<br />

falar, a amar mais do que julgar e a abraçar mais do que<br />

brigar. Vamos nos erguer, precisamos abrir os nossos olhos e<br />

atentar para o nosso próximo, pois o problema não é só <strong>de</strong>le,<br />

é nosso. “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os<br />

que choram”. – Romanos 12:15<br />

#<br />

Jovens com<br />

sonhos na<br />

mente,<br />

REJUDES<br />

em frente<br />

Roseane Vitória Santos<br />

. 86 . . 87 .


Sem medo <strong>de</strong> tentar,<br />

Sem medo <strong>de</strong> errar, posso não mudar o mundo, a REJUDES<br />

vai mudar.<br />

Está cansado <strong>de</strong> sofrer, cansado <strong>de</strong> chorar? A REJUDES te<br />

ajuda tua vida melhorar.<br />

Somos estouro, somos fogo, REJUDES em ação, mostrando<br />

que o jovem é o futuro da nação.<br />

Os jovens estão lutando pelos <strong>direitos</strong> sociais, pela paz, pela<br />

cultura e o fim da guerra mundial, lutando pela justiça. Não<br />

po<strong>de</strong>mos fraquejar, buscamos igualda<strong>de</strong>, dignida<strong>de</strong> e saú<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong>!<br />

Somos a minoria ajudando a maioria, lutando com a nação<br />

pelo pão <strong>de</strong> cada dia.<br />

Jovens sem medo, é hora <strong>de</strong> im<strong>por</strong> respeito, viver <strong>de</strong>ssa<br />

maneira é algo que não aceito, chega <strong>de</strong> miséria, chega <strong>de</strong><br />

escuridão. Vamos, REJUDES, somos a luz <strong>de</strong>sta nação.<br />

Para finalizar: chega <strong>de</strong> notícias <strong>de</strong> jovens morrendo em<br />

capitais; e mais notícias: “esses jovens têm i<strong>de</strong>ias geniais”.<br />

#<br />

Juventu<strong>de</strong><br />

na luta<br />

Natália Pinheiro Bezerra<br />

. 88 . . 89 .


Vamos lá, juventu<strong>de</strong><br />

Está na hora <strong>de</strong> acordar<br />

Mostrar que não nos falta atitu<strong>de</strong><br />

E garra para transformar<br />

Essa tal realida<strong>de</strong><br />

Que nos <strong>de</strong>sperta e envolve<br />

E que a nossa liberda<strong>de</strong><br />

Problemática nenhuma dissolve<br />

No Fórum, a juventu<strong>de</strong> unida<br />

Vem pensando e <strong>de</strong>batendo<br />

Sem se dar <strong>por</strong> vencida<br />

E assim se fortalecendo<br />

Conhecendo os nossos <strong>direitos</strong><br />

Sem esquecer os <strong>de</strong>veres ditos<br />

Lutando do nosso jeito<br />

Para assim sermos ouvidos<br />

Temos tantos anseios e palavras<br />

Que são tão somente nossos<br />

E para que possam escutá-las<br />

Não mediremos os nossos esforços<br />

Dizem que toda a vida<br />

Teremos pela frente<br />

Pois que ela seja uma batalha ávida<br />

Em que façamos diferente<br />

Proteção integral e diversificada<br />

E enfrentamento das violências<br />

É o que propõe essa jornada<br />

De <strong>de</strong>bates e vivências<br />

Jovens em interação<br />

Querendo ser escutados<br />

Lutando contra qualquer violação<br />

Daqueles <strong>por</strong> lei assegurados<br />

Tantas são as violências ainda no nosso percurso<br />

Apesar do nosso direito à proteção<br />

Queremos que ultrapasse o nível do discurso<br />

O dito sobre sermos “o futuro da nação”<br />

Somos força, somos vida<br />

Juventu<strong>de</strong> que luta em união<br />

Somos diversida<strong>de</strong>, voz que grita<br />

Somos, acima <strong>de</strong> tudo, revolução!<br />

. 90 . . 91 .


#<br />

Visão <strong>de</strong> mundo<br />

Rafaella Fernanda Rocha (Cacheada-da-Quebrada)<br />

É nossa vida, nossas quedas, que nos permitem crescer<br />

e todo dia nossa luta pra ter o que comer, e o <strong>de</strong>sespero do<br />

pai ao ver o seu filho morrer, e o caminho sem volta on<strong>de</strong> e<br />

impossível viver. A verda<strong>de</strong> nós já sabemos, que o essencial<br />

é invisível aos olhos, a máquina do <strong>de</strong>semprego que fabrica<br />

criminosos, em que a escolha é certa falta <strong>de</strong> o<strong>por</strong>tunida<strong>de</strong>;<br />

quem muito julga os outros não sabe a sua realida<strong>de</strong>. Tem<br />

muitos mendigando o pão <strong>por</strong> não ter condição, e a cruelda<strong>de</strong><br />

do ser os afirma ladrão, se preto na sua casa só entrava com<br />

coca cola, hoje o respeito on<strong>de</strong> eles pisam na real, diferente <strong>de</strong><br />

outrora. O Brasil não vai pra frente, tá faltando respeito, e é da<br />

boca <strong>de</strong> malditos que tá o preconceito. Muitos olham aparência<br />

sem saber da essência, e quando o mundo girar que vêm as<br />

consequências. Muitos andam sem rumo em meio às calçadas<br />

e carregam no peito o sonho da morada. Quantos no meio da<br />

noite, em meio à madrugada, acordaram com barulho <strong>de</strong> bala<br />

na quebrada. É choro sincero, muito sangue no chão, vítimas<br />

<strong>de</strong> bala perdida em meio à operação. On<strong>de</strong> o menor <strong>de</strong>scalço<br />

acredita na reação. É <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> mãos vazias os políticos ladrão.<br />

Um lugar que muitos julgam sem saber, on<strong>de</strong> preto, pobre<br />

da quebrada, criminoso acusam ser, on<strong>de</strong> todos apontam o<br />

<strong>de</strong>do; cadê a União; a República tomada pela corrupção? No<br />

coração uma esperança, na mente uma meta vai que daqui<br />

uns anos um justo futuro nos espera? Hoje venho falar o que<br />

sinto em meio à contrariação, é através <strong>de</strong>sta letra que eu digo:<br />

liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão.<br />

. 92 . . 93 .


#<br />

Rebeldia<br />

Rafaella Fernanda Rocha<br />

(Cacheada-da-Quebrada)<br />

É que essa rebeldia me fez crescer, acreditando nos meus<br />

sonhos que vieram a prevalecer, eu escolhi viver do meu jeitinho<br />

<strong>de</strong> ser, e as opiniões <strong>de</strong>sse mundo apaguei com a borracha,<br />

não me interessa saber. Muitos têm no limite o céu, não vejo<br />

limites, eles ultrapassei, sou réu, nunca saí gritando pela<br />

liberda<strong>de</strong> e é na agitação do meu dia que vem a intensida<strong>de</strong>.<br />

Ser livre não é fazer tudo que quer, é ter direito <strong>de</strong> escolha, é a<br />

coisa certa fazer.<br />

. 94 . . 95 .


#<br />

O diferente<br />

Rafaella Fernanda Rochaaella Fernanda Rocha<br />

(Cacheada-da-Quebrada)<br />

Qual foi, socieda<strong>de</strong>? Não entendi! Isso é moda, tá na<br />

tendência, tem que vestir? Eu não sou obrigada a ser igual a todo<br />

mundo; minha essência não é ego, vai mais além que isso tudo.<br />

Pois muitos não conheceram a verda<strong>de</strong>ira felicida<strong>de</strong>, brigam<br />

<strong>por</strong> bens que se atracam na malda<strong>de</strong>, num país capitalista<br />

que a real realida<strong>de</strong>, que, passado carnaval, as máscaras<br />

permanecem na socieda<strong>de</strong>. Terno e gravata, maletinha na mão;<br />

se pra muitos tu és chefe, pra mim não passa <strong>de</strong> vacilão, on<strong>de</strong><br />

os da alta te extorquem com celular <strong>de</strong> última geração, você<br />

sem conhecimento sofre <strong>de</strong> alienação, até on<strong>de</strong> você permite<br />

ser enganado? Enquanto não correr atrás, do capitalismo você<br />

será explorado.<br />

. 96 . . 97 .


#<br />

Fotografia<br />

Francisco Ítalo<br />

J. <strong>de</strong> Alencar<br />

A fotografia, para mim, é muito mais que um simples clique,<br />

vai muito mais além disso, é saber transmitir o sentimento<br />

<strong>de</strong> cada pessoa, <strong>de</strong> cada lugar, e se jogar <strong>de</strong> corpo e alma. A<br />

fotografia me pro<strong>por</strong>cionou tudo <strong>de</strong> mais belo e enriquecedor<br />

que se po<strong>de</strong> imaginar.<br />

Ao pegar na câmera, é o momento meu e <strong>de</strong>la, é uma<br />

relação <strong>de</strong> pai para filho e uma sintonia incrível que é difícil<br />

explicar. Ao pegar na câmera, consigo viajar bem fundo para<br />

po<strong>de</strong>r registrar o melhor momento <strong>de</strong> fotografar, mas não<br />

basta só isso: é necessário ter o conhecimento, explorar outros<br />

mundos, sair <strong>de</strong> sua zona <strong>de</strong> conforto, querer sempre ir em<br />

busca do novo, estar sempre em busca <strong>de</strong> inovar, para obter<br />

sucesso não só na sua vida financeira, mas no seu espírito.<br />

Minha alma é totalmente <strong>de</strong>dicada àquilo que mais gosto <strong>de</strong><br />

fazer, que é a fotografia.<br />

Fotografar é transmitir o que o outro está sentindo, saber<br />

o que o próximo está sentido para, através da câmera, po<strong>de</strong>r<br />

transmitir a emoção daquele momento, não apenas registrar,<br />

é mergulhar <strong>de</strong> fato naquilo gosta.<br />

Fotografia para mim? A fotografia é o meu modo <strong>de</strong> ver<br />

a vida! É seguir em frente <strong>por</strong> mais que seja difícil, pois nem<br />

tudo é glória, as críticas e os elogios virão, cabe somente a<br />

você saber como lidar com eles. Hoje em dia eu sou um<br />

vitorioso <strong>por</strong> tudo que estou conquistando, mas sei que não é<br />

o suficiente, sei que tenho que apren<strong>de</strong>r mais, mas nunca <strong>de</strong>ixe<br />

sua essência agreste, você e não o próximo, pense em você, se<br />

ame, faça tudo com amor, que consequentemente você estará<br />

ajudando o próximo. Se for fazer algo faça sem pedir nada em<br />

troca, pense sempre na frente com os pés firmes no chão. A<br />

fotografia é tudo isso, e você se entrega <strong>de</strong> corpo e alma para<br />

saber reconhecer quando o outro for melhor que você e ter a<br />

humilda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir atrás <strong>de</strong> pessoas que possam te ajudar, pois<br />

toda forma <strong>de</strong> conhecimento vale a pena para sua construção<br />

não só profissional, mas como pessoa também. Seja amor,<br />

faça <strong>por</strong> amor, o resto vem naturalmente.<br />

. 98 . . 99 .


Você é tudo na minha vida<br />

Tudo que eu tenho é você<br />

Mesmo fraco, em pedaços,<br />

eu preciso te dizer<br />

Obrigado <strong>por</strong> estar aqui<br />

Comigo sempre<br />

Oh querida e maravilhosa<br />

Câmera fotográfica<br />

Com você <strong>de</strong>scobri<br />

A ser quem eu sou<br />

A ir mais além do que eu<br />

posso imaginar<br />

E saber dar valor não<br />

somente a mim<br />

Mas saber reconhecer o<br />

valor do próximo<br />

E ser amor, e fazer com que<br />

esse amor<br />

Seja transmitido através <strong>de</strong><br />

minha fotografia<br />

Não im<strong>por</strong>ta o que tenha<br />

que passar, quantas<br />

tempesta<strong>de</strong>s, quantos<br />

muros eu vou ter que passar<br />

para atingir meu objetivo<br />

Se eu estiver com você, sei<br />

que posso ir muito mais<br />

além<br />

Tua luz<br />

Me faz ver que<br />

Alguém po<strong>de</strong> me escutar<br />

Eu pu<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r que é a<br />

luz<br />

da fotografia que irradia<br />

minha alma<br />

Trouxe paz on<strong>de</strong> não<br />

Havia a luz<br />

Minha vida<br />

Minha história<br />

Só fez sentido<br />

Quando te conheci<br />

Seu diafragma<br />

Sua lente<br />

Me levam além do que<br />

pensei<br />

Se às vezes me escondo,<br />

em você me acho<br />

Nem dá pra disfarçar<br />

Esse é o sentimento que<br />

temos <strong>de</strong> ter sobre a<br />

fotografia, a tratar como<br />

alguém da família, é<br />

simples: AMAR.<br />

. 100 .<br />

. 101 .


#<br />

Vonta<strong>de</strong><br />

Sâmia Ellen Amaro dos Santos<br />

Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrever todas as cartas <strong>de</strong> amor que ainda<br />

não escrevi;<br />

Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar um bilhetinho embaixo do travesseiro da<br />

minha mãe;<br />

Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> tirar um dia para assistir meus <strong>de</strong>senhos<br />

favoritos ou até mesmo a Lagoa Azul e me lembrar das tar<strong>de</strong>s<br />

livres que eu tinha;<br />

Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> passar o dia brincando na rua e ver pessoas se<br />

olhando, se tocando, brigando e fazendo as pazes;<br />

Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> chorar e gritar assim como na minha infância<br />

e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> alguns minutos me sentir livre para <strong>de</strong>ixar a<br />

primavera ficar não apenas nos meus lábios, mas nos meus<br />

olhos. Muitas vezes estamos com a primavera no sorriso e o<br />

inverno no olhar;<br />

Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter tempo para ir à igreja sem me im<strong>por</strong>tar com<br />

horários, não <strong>por</strong> religiosida<strong>de</strong>, mas <strong>por</strong>que Deus é meu amigo<br />

e sempre gostei <strong>de</strong> passar bastante tempo com meus amigos;<br />

Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> passar uma tar<strong>de</strong> com meus avós, ouvindo<br />

aquelas mesmas histórias <strong>de</strong> sempre;<br />

Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistir um filme bem clichê;<br />

Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> tomar banho <strong>de</strong> chuva;<br />

Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer tantas coisas...<br />

Oh Deus, não permita que eu fique só na vonta<strong>de</strong>!<br />

. 102 . . 103 .


Músicas<br />

. 104 . . 105 .


Esse rap aqui vai para o sistema que manipula a gente, mas<br />

pra eles sem problemas, e preferem nos atacar, dizendo que<br />

“preto <strong>de</strong> havaianas aqui não po<strong>de</strong> entrar”, mas aqui eu tô<br />

falando, meu parceiro, a rua me criou e meu pensamento é<br />

ligeiro, aqui também mando um alô.<br />

Como é ser jovem<br />

na minha comunida<strong>de</strong><br />

Yuri Aldo Pereira<br />

Raiara Mariane Carvalho<br />

Me perguntaram como é ser jovem na comunida<strong>de</strong> e aqui tô<br />

mostrando a nossa realida<strong>de</strong>, a gente não tem voz <strong>por</strong> causa<br />

da ida<strong>de</strong>, nunca me <strong>de</strong>ram nada – nem sincerida<strong>de</strong>. Quantas<br />

vezes escapei <strong>de</strong> tanta malda<strong>de</strong>, mas não adianta, é muita<br />

cruelda<strong>de</strong>.<br />

Ser jovem aqui é muito difícil, a vida é corrida e perigosa igual<br />

a um míssil, é muito difícil, mas sigo em frente, a vida é sofrida,<br />

mas a gente ainda é gente; no pouco que eu rimo, eu já vou<br />

falando: a culpa é do governo, ou da gente que não tá cobrando?<br />

“Aí, governo, vou te falar: interligados está no ar” (2x)<br />

Agora no sapatinho eu chego <strong>de</strong> fininho, me esquivando da<br />

malda<strong>de</strong>, pra não ficar no caminho, sei que não tô sozinho e<br />

assim eu vou chegando... aê população, vamo cobrar, que tá<br />

faltando....<br />

“Interligados, a chapa é quente não tem governo que bata <strong>de</strong><br />

frente” (2x)<br />

Ser duas vezes melhor? Não, cansei <strong>de</strong>ssa parada. Não roubei<br />

o celular, chega <strong>de</strong> tapa na cara, e nem vem <strong>de</strong> caô dizendo não<br />

é preconceito, cê acha que pobre é ladrão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que mama<br />

no peito, e o x da questão? Ninguém explica direito, pô minha<br />

<strong>de</strong>scrição sempre bate com a do suspeito, aí, governo, presta<br />

atenção no que o pobre fala, o cheiro da revolta aqui não bola,<br />

aqui exala, o que eu faço aqui é <strong>por</strong> mim e <strong>por</strong> ti, a minha meta<br />

é rimar, até ver o jovem sorrir, é claro que eu quero mel, não<br />

quero ser mais um réu, a lei do Brasil é bonita, mas só está no<br />

papel.<br />

Um sonho <strong>de</strong> criança, eu quero um Brasil melhor, ainda tenho<br />

esperança, progresso para meu povo, dinheiro no meu bolso,<br />

traz um filé para os que ficaram no osso.<br />

E sou só mais um no ensino médio, provando aqui que nos<br />

dão doenças e nos ven<strong>de</strong>m remédios, e não im<strong>por</strong>ta sua ida<strong>de</strong>,<br />

enquanto alguns dormem outros sonham com a liberda<strong>de</strong>, o<br />

que vai ser da gente, meu irmão? Querem nos pren<strong>de</strong>r e ainda<br />

falam que somos o futuro da nação? Sem essa, <strong>por</strong> favor... Eu<br />

acho que o Brasil precisa mesmo é <strong>de</strong> paz e amor.<br />

“Interligados e com respeito, eu vou atrás dos meus <strong>direitos</strong>”<br />

(6x)<br />

Link para a música: https://youtu.be/3X1N6lNa3B4<br />

. 106 . . 107 .


Juventu<strong>de</strong><br />

viva<br />

Luiz Antônio Reis da Silva<br />

A história não vai mais se repetir<br />

Sempre taxado como mais um sobrevivente<br />

Mas levanto minha voz, hoje sei, posso gritar<br />

Não aceito morrer<br />

Estou disposto a <strong>lutar</strong><br />

A juventu<strong>de</strong> vai viver<br />

Não im<strong>por</strong>ta, eu vou correr<br />

Buscando uma vida melhor<br />

Empo<strong>de</strong>rado – e sei que não estou só<br />

Juntos<br />

um coral<br />

Karen Antônia Ferreira<br />

Juntos somos pássaros a assobiar<br />

No céu, somos estrelas a brilhar<br />

Em Ribeirão <strong>de</strong> Areia, um coral<br />

Alegre a cantar, lá, lá, lá, lá, lá, lá<br />

Festivos a dançar, lá, lá, lá, lá, lá, lá<br />

Juntos pelo mundo a viajar, a cantar, a cantar<br />

No mundo viajar, a bailar, a bailar<br />

Agra<strong>de</strong>cemos a Deus <strong>por</strong> nos agraciar<br />

Graciar, graciar.<br />

A juventu<strong>de</strong> vai viver<br />

Não im<strong>por</strong>ta, eu vou correr<br />

Buscando uma vida melhor<br />

Empo<strong>de</strong>rado – e sei que não estou só<br />

Sei que há muito pra fazer, mas vou <strong>lutar</strong><br />

E vou VENCER!!!<br />

Link para a música: https//youtu.be/l_QGOYoTGcg<br />

. 108 . . 109 .


Somos jovens<br />

Lauriane Vieira Soares<br />

Eu sei que você tem regras<br />

Pra seguir<br />

Eu sei que você tem objetivos<br />

Pra cumprir<br />

Mas se precisar <strong>de</strong> ajuda<br />

É só chamar<br />

Eu estarei lá<br />

Muitos objetivos você quer alcançar<br />

E se você sonhar<br />

E se você <strong>lutar</strong><br />

Tudo po<strong>de</strong> alcançar<br />

Refrão:<br />

Eu e você somos jovens<br />

Vamos viver diferente<br />

Vamos mudar tudo<br />

Eu e você somos jovens<br />

Vamos viver diferente<br />

Pra que o mundo seja bem melhor<br />

Vida nova<br />

Lauriane Vieira Soares<br />

Como vai ser o dia <strong>de</strong> amanhã<br />

Eu não posso fazer<br />

Viva o hoje como se não houvesse o amanhã<br />

Sonhe, sorria<br />

Viva a vida, aproveite<br />

Cada segundo<br />

Sonhe, sorria<br />

Pois sei que um dia<br />

Não estaremos mais aqui<br />

Refrão:<br />

Viver, sonhar<br />

Longe <strong>de</strong> acabar<br />

Não <strong>de</strong>sista dos <strong>seus</strong> sonhos<br />

Viva cada segundo<br />

Viver, sonhar longe<br />

De acabar<br />

Não <strong>de</strong>sista dos <strong>seus</strong> sonhos<br />

Viva cada segundo<br />

Viva, adore a ele<br />

Viva, exalte a ele (2x)<br />

. 110 . . 111 .


#<br />

‘’NÓS’’ pren<strong>de</strong>m<br />

melhor, mas o laço<br />

<strong>de</strong>ixa a vida mais<br />

bonita...<br />

Sâmia Ellen Amaro dos Santos<br />

Que a chuva não atrapalhe a praia <strong>de</strong> domingo.<br />

Que a <strong>de</strong>pressão do fim <strong>de</strong> domingo não atrapalhe o início<br />

da segunda.<br />

Que o <strong>de</strong>spertador não atrapalhe o sono, os sonhos.<br />

Que o dinheiro não atrapalhe a vida, muito menos a falta<br />

<strong>de</strong>le.<br />

Que a gente não se atrapalhe nem se perca nessa ilha<br />

chamada quarta-feira.<br />

Que a gente não se atrapalhe com etimologia, <strong>de</strong>ixando<br />

nossa quinta ser um dia <strong>de</strong> quinta. Que a empolgação que a<br />

sexta nos traz não atrapalhe, tirando a graça dos outros dias.<br />

Que os nós (NÓS) não atrapalhem em nada, <strong>por</strong>que nós<br />

pren<strong>de</strong>m melhor, mas o laço <strong>de</strong>ixa a vida mais bonita.<br />

Depen<strong>de</strong> <strong>de</strong> nós...<br />

. 112 .<br />

. 113 .


CONHEÇA A REJUDES<br />

Fontes utilizadas: Exo (corpo <strong>de</strong> texto),<br />

Fauna One e Boris Black Bloxx Dirty (títulos),<br />

Alternate Gothic 2 BT (capitulares)<br />

Impresso em papel Polen Soft LD 80g<br />

www.facebook.com/REJUDES<br />

YouTube: REJUDES Comunica<br />

. 114 . . 115 .


#<br />

À medida que lia estes poemas e contos sobre o <strong>de</strong>safio<br />

da sobrevivência das classes populares no Brasil urbano,<br />

vinha-me à mente o poeta João Cabral <strong>de</strong> Mello Neto e o<br />

seu clássico Morte e vida Severina. De fato, tal como na<br />

primeira meta<strong>de</strong> do século XX, era comum aos nor<strong>de</strong>stinos<br />

pobres a vida <strong>de</strong> retirante. As histórias, dores e dúvidas <strong>de</strong><br />

que este livro é composto também parecem comuns aos<br />

jovens que hoje <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das políticas públicas do Estado<br />

brasileiro. Porém, ao contrário da maioria <strong>de</strong>sses jovens,<br />

as vidas daqueles que aqui se expressam também contêm<br />

sonhos e esperanças.<br />

Começo <strong>por</strong> dizer que, se uma das intenções da REJUDES<br />

é <strong>de</strong>senvolver nas juventu<strong>de</strong>s a consciência sobre o seu<br />

lugar social, <strong>direitos</strong> e <strong>de</strong>veres, esta coletânea é uma prova<br />

vivíssima <strong>de</strong> que esse objetivo está sendo alcançado, pois a<br />

maioria do material literário aqui apresentado trata disto,<br />

do direito à vida e das estratégias cotidianas para a fuga da<br />

morte.<br />

Berna<strong>de</strong>te Beserra<br />

. 116 .

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