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Revista DIGI_TAL

Projeto Acadêmico - Design Editorial 2019

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RELIGIÃO PROFUNDA<br />

COMO E POR QUE<br />

AS RELIGIÕES<br />

EVOLUÍRAM<br />

Por Brandon Ambrosino<br />

Da BBC Future<br />

Essas palavras, gravadas nos testamentos<br />

como tendo sido pronunciadas por Jesus<br />

durante a Última Ceia, são ditas diariamente<br />

em igrejas do mundo todo antes da comunhão.<br />

Quando cristãos ouvem essas palavras faladas<br />

no presente, somos lembrados do passado, que<br />

está sempre conosco. Mas quanto do passado é<br />

lembrado pelos cristãos? Sem dúvida os últimos<br />

dois milênios, marcados também por disputas de<br />

doutrinas, divisão de igrejas, episódios de violência,<br />

excomunhões, pronunciamentos papais e<br />

vários debates metafísicos, todos orbitando em<br />

torno da comunhão. Mas nós podemos ir ainda<br />

mais para trás no tempo, para o desenvolvimento<br />

das tradições orais que foram fixadas em<br />

textos que incorporaram o Novo Testamento. E<br />

podemos retroceder ainda mais, muito antes do<br />

surgimento do Cristianismo. Afinal de contas,<br />

Jesus era judeu e seu ato de partir o pão com os<br />

discípulos nos lembra da história inteira do povo<br />

judeu, incluindo sua fuga da escravidão egípcia<br />

e o recebimento do Torah no Sinai. É possível,<br />

porém, ir ainda mais longe. Qualquer refeição<br />

religiosa é, antes de mais nada, uma refeição. É<br />

um ato de compartilhar uma mesa, certamente<br />

um ritual importante no Antigo Oriente. O<br />

sêder (jantar cerimonial judaico em que se<br />

recorda a libertação do povo de Israel), e<br />

depois a comunhão, foram “apropriados” teológica<br />

e liturgicamente, mas os sentimentos<br />

positivos sobre compartilhar uma refeição já<br />

estavam lá. Esses sentimentos existem desde<br />

a emergência dos humanos modernos, há<br />

200 mil anos.<br />

E, ainda assim, o homo sapiens não foi<br />

a única espécie a descobrir os benefícios do<br />

compartilhamento de comida. Os neandertais<br />

certamente compartilhavam seus<br />

recursos, por exemplo.“Pense em caçadores<br />

e coletores comendo”, me disse um de meus<br />

professores de teologia quando comecei<br />

a me perguntar sobre a profunda história<br />

evolucionária por trás da eucaristia. “Os<br />

caçadores se orgulhavam de ter se dado bem<br />

e compartilhavam com sua família, os que<br />

preparavam a comida são reconhecidos e<br />

apreciados, todas as barrigas ficam cheias<br />

e todos se sentem bem. Surgem diversas<br />

interações sociais positivas. Não é à toa que<br />

tanto conteúdo mitológico é construído<br />

em torno da comida.” Mas o compartilhamento<br />

de comida precede nossos ancestrais<br />

humanos e é observada em chimpanzés e<br />

bonobos. Aliás, um artigo recentemente<br />

publicado documentou uma pesquisa sobre<br />

bonobos dividindo comida com bonobos<br />

de fora de seu grupo social. Barbara Fruth,<br />

uma das autoras do estudo, disse à revista<br />

digital Sapiens que a divisão de comida<br />

“deve ter origem no nosso último ancestral<br />

em comum”. Com base no relógio molecular,<br />

o último ancestral em comum de humanos e<br />

macacos viveu há 19 milhões de anos.<br />

Quando eu ouço as palavras “este é meu<br />

corpo”, minha mente imediatamente me leva<br />

para uma linha da evolução humana.<br />

Comecei este texto com uma discussão<br />

sobre a eucaristia porque minha tradição<br />

religiosa em particular é a cristã. Mas o<br />

argumento que estou fazendo - que as<br />

experiências religiosas têm histórias muito<br />

específicas e longas - poderia ser feito com<br />

a maioria dos fenômenos religiosos. Isso é<br />

porque, nas palavras do sociólogo Robert<br />

Bellah, “nada é perdido”. A história vai até o<br />

fim da linha para trás, e quem, como e onde<br />

estamos agora é o resultado de seu desenrolar.<br />

Qualquer fenômeno humano que existe é<br />

um fenômeno humano que se tornou o que<br />

é. Não há uma religião menos verdadeira.<br />

Se nós formos pensar sobre a profunda história<br />

da religião, precisamos ser claros sobre<br />

que religião é essa. Em seu livro O Bonobo e<br />

o Ateu, o primatologista Frans de Waal conta<br />

uma história engraçada sobre sua participação<br />

em um painel da Academia Americana<br />

da Religião. Quando um participante sugeriu<br />

“metade da<br />

audiência<br />

raivosamente<br />

deixou o local”.<br />

“E isso em uma<br />

academia com<br />

esse nome!”<br />

disse Waal<br />

que eles começassem definindo o que é<br />

religião, alguém comentou que, da última<br />

vez que tentaram fazer isso.<br />

Ainda assim, precisamos começar de<br />

algum lugar, então Waal sugere a seguinte<br />

definição: “a reverência compartilhada ao<br />

sobrenatural, sagrado ou espiritual, assim<br />

como os símbolos, rituais e adoração<br />

associados”. A definição de de Waal ecoa<br />

outra dada pelo sociólogo Émile Durkheim,<br />

que também enfatizou a importância das<br />

experiências compartilhadas que “unem<br />

uma comunidade moral”. A importância da<br />

experiência compartilhada não pode ser desconsiderada<br />

já que, na história que estamos<br />

contando, a evolução da religião humana é<br />

inseparável da cada vez maior sociabilidade<br />

da linha hominídea. Como diz Bellah, a<br />

religião é uma maneira de ser. Nós também<br />

podemos encará-la como uma maneira de<br />

sentir, uma maneira de sentir juntos.<br />

O 5G SERÁ 10 VEZES MAIS RÁPIDO,<br />

MAS AMEAÇA A PREVISÃO DO TEMPO<br />

Por Raúl Limón<br />

do El País Tecnologia<br />

O 5G, que começou a ser implantado nos<br />

Estados Unidos e na Coreia do Sul, mas no<br />

Brasil não deve chegar antes de 2022, promete<br />

um mundo novo: melhores conexões, com<br />

transferência de dados 10 vezes mais rápidas<br />

que as atuais, e resposta em questão de milissegundos<br />

entre a ordem e sua execução. Não<br />

é uma melhora só para os usos pessoais: a robotização,<br />

as cidades inteligentes, a internet<br />

das coisas, a condução autônoma de veículos<br />

e as cirurgias remotas dependem da sua implantação.<br />

As aplicações são enormes. Mas,<br />

como em todos os avanços, sempre há vítimas<br />

colaterais. Uma pesquisa publicada pela<br />

Nature alerta para a influência dessa tecnologia<br />

sobre os satélites que monitoram o clima.<br />

Além disso, o consumo elétrico e as decorrentes<br />

emissões poluentes crescerão.<br />

Os satélites que monitoram a concentração<br />

de vapor de água na atmosfera terrestre<br />

são cruciais para elaborar as previsões<br />

meteorológicas, e eles serão afetados pelas<br />

interferências causadas por aparelhos que<br />

operem com 5G. Os Estados Unidos começaram<br />

a atribuir a esse sistema as faixas entre<br />

os 24,25 e os 25,25 gigaherz. Os dispositivos<br />

que utilizarem a banda mais próxima dos 23,8<br />

gigaherz, a mesma usada pelos medidores de<br />

vapor, causarão interferências que impedirão<br />

a detecção das concentrações e a elaboração<br />

confiável de prognósticos meteorológicos,<br />

aponta a pesquisa publicada na Nature.<br />

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica<br />

dos Estados Unidos (NOAA, na sigla<br />

em inglês) e a NASA pediram à Comissão<br />

Federal de Comunicações (FCC) que colabore<br />

para evitar o problema, que não afetará só<br />

os EUA, mas todas as agências meteorológicas<br />

que se alimentam desses dados. O Centro<br />

Europeu para Previsões Meteorológicas de<br />

Médio Prazo, com sede no Reino Unido, se<br />

alinhou aos seus colegas norte-americanos<br />

na reivindicação de acordos que preservem as<br />

frequências de seus equipamentos.<br />

O diretor do Observatório 5G da Espanha,<br />

Federico Ruiz, explica que as interferências<br />

podem ocorrer nos satélites ou radares com frequências<br />

incluídas na banda a ser utilizada pela<br />

nova geração de telefonia, mas garante que isso<br />

é apenas questão de reordenação. “É como urbanizar<br />

de novo um território que já está cheio<br />

de casas. Se for preciso fazer uma rua, pode ser<br />

que afete o jardim de uma delas”, compara.<br />

Os reguladores mundiais se reunirão em outubro<br />

em Sharm el Sheikh (Egito) a fim de definir<br />

as frequências em que as companhias devem<br />

operar e os níveis aceitáveis de interferências.<br />

CONSUMO E POLUIÇÃO<br />

ELÉTRICA<br />

“Baixar uma série equivale ao consumo de uma<br />

antiga lâmpada de 60 watts acesa durante 20<br />

horas”, alerta Ramón Rodríguez, diretor associado<br />

de Sustentabilidade e Energia na Arup<br />

Espanha, uma empresa de engenharia e consultoria<br />

de abrangência mundial que trabalha em<br />

projetos de sustentabilidade. Este maior consumo<br />

decorrente do enorme uso previsto das<br />

redes e subsequente aumento das emissões de<br />

poluentes é outro dos efeitos colaterais da nova<br />

telefonia.<br />

Os técnicos da Arup explicam que os centros<br />

de processamento de dados consomem<br />

uma média de 200 terawatts-hora (TWh) por<br />

ano, o equivalente ao consumo de um país<br />

como a Espanha. Esta demanda representa 1%<br />

do total de eletricidade do mundo e gera 0,3%<br />

das emissões globais de carbono. Se forem contabilizados<br />

também todos os aparelhos e redes<br />

vinculados a esses centros de processamento,<br />

toda esta tecnologia necessita entre 5% e 9%<br />

do consumo mundial de eletricidade e eleva a<br />

2% sua participação na poluição mundial, similar<br />

à gerada pelo transporte aéreo.<br />

A implantação da nova tecnologia também<br />

terá outros efeitos. O 5G exigirá aparelhos que<br />

sejam capazes de aproveitar o potencial desta<br />

tecnologia, por isso gerará um novo fluxo de<br />

equipamentos obsoletos que passarão à cadeia<br />

de resíduos.

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