Separata Sector Financeiro 2019
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SEPARATA<br />
S E C T O R<br />
FINANCEIRO<br />
Portugal | Moçambique<br />
Mateus Magala<br />
VICE-PRESIDENTE DO BANCO AFRICANO DE DESENVOLVIMENTO<br />
ESTIMULAR MAIS O INVESTIMENTO<br />
PRIVADO EM ÁFRICA<br />
Contribuindo para a concretização dos Objectivos de<br />
Desenvolvimento Sustentável, o Banco Africano de<br />
Desenvolvimento (BAD) visa contribuir para que o continente<br />
africano possa oferecer uma vida digna a cada cidadão.<br />
O seu papel é tão ou mais importante quando se estima<br />
que faltarão mais de 70 mil milhões de dólares por ano de<br />
investimento necessário em África e quando investidores<br />
e bancos privados ainda mostram algum receio de investir<br />
neste continente. Por isso, como nos refere em entrevista<br />
Mateus Magala, vice-presidente do BAD desde setembro<br />
de 2018, o Banco tem tomado um conjunto de iniciativas<br />
para reforçar o seu apoio e para captar mais financiamento<br />
de outras fontes. Mateus Magala, que é o primeiro nacional<br />
de um país lusófono a ascender à vice-presidência do BAD,<br />
ficando responsável pelos Assuntos Corporativos e Recursos<br />
Humanos, realça ainda o crescente apoio ao sector privado<br />
e a criação, em Novembro de 2018, do Compacto Lusófono<br />
para o financiamento do desenvolvimento nos PALOP, em<br />
parceria com Portugal.<br />
Qual a importância de uma instituição<br />
financeira como o BAD para apoio ao<br />
desenvolvimento dos países africanos?<br />
O BAD é o Banco dos africanos, para os africanos.<br />
60% do capital do BAD é detido pelos<br />
países africanos e os restantes 40% pelos<br />
países não africanos da Ásia, Europa e América,<br />
o que garante que as nossas prioridades<br />
reflectem as ambições do continente.<br />
Sob a liderança do presidente Akinwumi<br />
Adesina, o Banco adoptou uma nova estratégia<br />
operacional a que chamámos os “High 5”. São<br />
as cinco prioridades que norteiam as nossas<br />
actividades: electrificar, alimentar, industrializar,<br />
integrar África e melhorar a qualidade de vida<br />
dos africanos.<br />
O papel do BAD e das outras instituições financeiras<br />
com as quais trabalhamos é fundamental<br />
para que o continente africano possa<br />
transformar-se e oferecer uma vida digna a cada<br />
cidadão, nomeadamente energia, alimentação,<br />
água potável, emprego de qualidade e outros<br />
propósitos contemplados nos Objectivos de<br />
Desenvolvimento Sustentável.<br />
Infelizmente, apesar dos grandes avanços nas<br />
últimas duas décadas em Moçambique e em<br />
muitos outros países africanos, investidores e<br />
bancos privados ainda têm receio de investir<br />
em África. Estima-se que faltem mais de 70 mil<br />
milhões de dólares por ano de investimento<br />
necessário em África. Digo isto para salientar<br />
o importante papel do BAD. Nós financiamos<br />
projectos estruturantes em todo o continente,<br />
inclusive em países em conflito. Estamos precisamente<br />
neste Verão de <strong>2019</strong> no processo<br />
de aumento de capital do BAD, visando responder<br />
à grande procura que temos para o nosso<br />
financiamento e para as nossas garantias.<br />
Sendo a única instituição de rating de crédito<br />
“AAA” em África – o melhor nível que há em<br />
todo o mundo –, conseguimos ainda catalisar e<br />
alavancar mais financiamento de outras fontes,<br />
inclusive de bancos privados. Gozamos da<br />
confiança tanto dos nossos países membros<br />
(africanos e não africanos), como também das<br />
instituições fora do continente.<br />
Pode especificar a actividade do BAD no<br />
apoio ao investimento privado nos PALOP<br />
e, neste caso, em Moçambique, nomeadamente<br />
com a criação do Compacto<br />
Lusófono e, em particular, do Compacto<br />
Moçambique?<br />
Há muitos anos que o BAD financia projectos<br />
do sector privado em toda a África, incluindo nos<br />
PALOP e, neste caso, Moçambique. A nossa<br />
participação nos projectos e a nossa relação<br />
privilegiada, tanto com os países anfitriões como<br />
com os investidores e financiadores estrangeiros,<br />
coloca-nos numa posição forte para estimular<br />
mais investimento privado. Para além disso,<br />
podemos ajudar os países a nível da legislação,<br />
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