#1 Revista Voa
Publicação bianual do IDEF - Instituto de Desenvolvimento da Empresa Familiar com foco nos temas de Gestão e Governança Corporativa.
Publicação bianual do IDEF - Instituto de Desenvolvimento da Empresa Familiar com foco nos temas de Gestão e Governança Corporativa.
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edição 01 • Ano 01 • SeTeMBrO de 2019 • www.idefamiliar.com.br<br />
MeMÓrIaS & aPrendIZadoS<br />
rOGÉriO TONdO<br />
“A terceira geração é o<br />
nosso maior capital”<br />
GeSTÃo do neGÓCIo<br />
CASA PeriNi<br />
Uma das vinícolas mais<br />
premiadas do Brasil<br />
PeSQUISaS<br />
KPMG e ideF mostram retratos<br />
de empresas familiares brasileiras<br />
CeO da Azimut Brasil Wealth<br />
Management fala sobre<br />
GeSTÃo de PaTrIMÔnIo<br />
Os impactos da<br />
LeI anTICorrUPÇÃo<br />
nas empresas
Agente Autônomo de Investimento<br />
Bento Gonçalves • Tv. Fernandes Vieira, 81, sl. 403a - Cidade Alta<br />
Caxias do Sul • Av. Therezinha Pauletti SanVitto, 208, sala 306, Desvio Rizzo<br />
Telefone: 55 54 3452.4551
a revista <strong>Voa</strong> é uma publicação bianual<br />
do Instituto de desenvolvimento da<br />
empresa Familiar — IdeF.<br />
Projeto editorial<br />
Conselho editorial<br />
Hana Witt<br />
Gabriela Marcon<br />
ricardo Wisintainer<br />
Tiago Falavigna de Biasi<br />
direção<br />
Hana Witt<br />
editora de conteúdo<br />
Gabriela Marcon | jornalista MTb 9307<br />
reportagens<br />
Gabriela Marcon<br />
Hana Witt<br />
revisão técnica<br />
Mariana Oselame | jornalista MTb 13.040<br />
Projeto Gráfico<br />
danielle rossi<br />
Colaboraram nesta edição:<br />
eduardo Bridi<br />
ivan Polidoro<br />
Tatiana regiani<br />
Impressão: Gráfica São Miguel<br />
Tiragem: 1500 exemplares<br />
distribuição: Serra Gaúcha<br />
Setembro de 2019<br />
revista <strong>Voa</strong><br />
Conhecimento é Semente<br />
Publicação bianual orientada para<br />
Governança e Gestão empresarial<br />
Copyright: IdeF<br />
idef@idefamiliar.com.br<br />
Memórias &<br />
aprendizados<br />
Finanças<br />
Gestão do negócio<br />
Pesquisa<br />
Ética & Integridade<br />
agenda<br />
artigo<br />
www.idefamiliar.com.br
índice<br />
09 / a Trajetória de rogério Joaquim Tondo<br />
Sucessor do pai, diretor-superintendente da Tondo S/A conta<br />
detalhes da empresa que se mantém familiar há 66 anos<br />
14 / Como Proteger e Maximizar seu Patrimônio<br />
A visão de Antonio Costa, CeO da Azimut Brasil Wealth Management<br />
18 / Casa Perini<br />
Planejamento sucessório fomenta<br />
a competitividade da vinícola<br />
21 / Governança estruturada<br />
Um dos pilares da análise<br />
de concessão de crédito<br />
22 / empresas<br />
brasileiras<br />
Pesquisa “retratos de Família”,<br />
elaborada pela KPMG em<br />
parceria com a dom Cabral<br />
24 / empresas<br />
da Serra Gaúcha<br />
ideF pesquisa o<br />
cenário da governança<br />
familiar na região<br />
26 / a Mulher na<br />
empresa Familiar<br />
Mulheres ocupam<br />
posições estratégicas<br />
nas empresas<br />
28 / Lei anticorrupção e os impactos na sua empresa<br />
A importância da prática do compliance e do cumprimento à Lei Anticorrupção (LAC)<br />
33 / Cursos e eventos<br />
34 / Hora de desaprender
PArTiLHANdO<br />
SABereS<br />
eMPOderANdO<br />
PeSSOAS<br />
PerPeTUANdO<br />
NeGóCiOS
Caro leitor,<br />
A revista que você tem em mãos foi elaborada com o claro propósito de<br />
partilhar saberes e de propiciar o empoderamento das famílias empresárias<br />
de modo a contribuir na perpetuação de seus negócios. Ela tem como<br />
missão reunir conhecimento e dar visibilidade a um tema bastante sensível<br />
à Serra Gaúcha: a gestão empresarial e o processo sucessório nas empresas<br />
familiares. Mais do que nunca, nos dias de hoje, ter acesso à informação<br />
é imprescindível para uma boa tomada de decisões, especialmente no<br />
contexto dos negócios que envolvem família, legado e sucessão. Fruto de<br />
um exaustivo trabalho de planejamento, pesquisa, reportagem e edição, a<br />
<strong>Revista</strong> VOA — palavra que significa “semente” em Madagascar — entrega<br />
sementes de conhecimento para que os seus leitores criem asas e possam<br />
alçar voos. Ela se propõe a selecionar, organizar, contextualizar e partilhar<br />
o conhecimento essencial sobre governança e gestão de tal forma que ele<br />
tenha significado e traga resultados diferenciados a quem o acessar.<br />
Já nesta primeira edição, especialistas, sucessores e acadêmicos<br />
de diversas áreas compartilham os seus saberes, trazendo conteúdo<br />
e análise crítica sobre as perspectivas de crescimento dos negócios.<br />
Histórias e trajetórias como a do sucessor Rogério Tondo, da Tondo S/A,<br />
são evidenciadas como referências para a longevidade de uma empresa<br />
familiar. A VOA também apresenta, em seu primeiro número, o case da<br />
vinícola Casa Perini que soube usar o planejamento sucessório como<br />
estratégia para propiciar crescimento do negócio, bem como informações<br />
de fundamental importância para os negócios como Gestão do Patrimônio e<br />
a Lei Anticorrupção. Ressaltando o seu caráter autoral e exclusivo, a revista<br />
ainda aborda pesquisas desenvolvidas em âmbito nacional pela KPMG e em<br />
âmbito regional pelo Instituto de Desenvolvimento da Empresa Familiar, o<br />
IDEF, que assina essa publicação.<br />
Caberá ao IDEF, distribuir a <strong>Revista</strong> VOA a entidades empresariais e a<br />
fundadores; a sucessores, acionistas e executivos das principais empresas<br />
da Serra Gaúcha, independentemente do porte e do setor de atuação.<br />
Levadas pela sólida rede de relacionamentos do IDEF, que essas sementes<br />
possam render bons frutos e que o conhecimento aqui compartilhado faça<br />
diferença na sua vida e na vida da sua empresa.<br />
Boa leitura!<br />
Hana Witt<br />
Fundadora do IDEF
<strong>Revista</strong> VOA • Edição 01 • Setembro de 2019
Memórias & aprendizados<br />
A TrAjeTóriA de<br />
rOGÉriO jOAQUiM TONdO<br />
Ele faz parte da segunda geração de sua família que trabalha no parque fabril de<br />
farinhas, massas, biscoitos e misturas de bolos da Orquídea, em Caxias do Sul. A origem<br />
do que viria a se tornar uma marca consolidada no mercado de alimentos vem de um<br />
pequeno moinho de trigo fundado pelos pais, no interior de Bento Gonçalves. Um dos<br />
responsáveis pela modernização da parte industrial, o diretor-superintendente da Tondo<br />
S/A — detentora da marca — traz à edição de estreia da revista VOA seus aprendizados<br />
em relação ao empreendedorismo do pai, falecido há cinco anos, e da mãe, que também<br />
ilustra as páginas a seguir. Ao priorizarem a educação dos sucessores, inclusive na gestão<br />
financeira, os fundadores atuaram ao lado dos filhos para perpetuar este legado que<br />
já completou 66 anos e que conta com a terceira geração para fortalecer a cultura que<br />
permeia a empresa: a de se manter familiar.<br />
por Gabriela Marcon<br />
A valorização do trabalho é um dos traços mais<br />
marcantes das famílias de origem italiana que<br />
colonizaram a Serra Gaúcha. Muitas construíram<br />
negócios familiares, ao longo do tempo,<br />
enfrentando desafios como a manutenção do<br />
diálogo e o alinhamento emocional entre pais e<br />
filhos — itens fundamentais para a garantia da<br />
longevidade das empresas e da harmonia entre<br />
as pessoas. “Todo filho quer trabalhar e ter o<br />
reconhecimento dos pais. É como se fosse uma<br />
forma de afeto. isso influencia bastante o ciclo<br />
familiar. No nosso caso, o trabalho implicava que<br />
cada filho tivesse o seu negócio, onde pudesse<br />
mostrar seu potencial e sua liderança”, observa<br />
rogério joaquim Tondo, diretor-superintendente<br />
da Tondo S/A, empresa que se mantém familiar<br />
desde sua fundação, em 1953.<br />
No meio de tantas memórias, até hoje ele<br />
lembra do pai lhe ensinando: “Precisa cheirar<br />
o trigo para saber se ele é bom ou ruim”. Filho<br />
mais novo dentre cinco irmãos, rogério, por<br />
vontade própria, decidiu trabalhar na indústria<br />
de alimentos da marca Orquídea, o carro-chefe<br />
dos negócios criados pelo pai ao longo de<br />
décadas. Além da vocação para empreender, a<br />
educação sempre foi prioridade sob o ponto de<br />
vista do pai, o fundador dalvino Aldo Tondo (in<br />
memorian) e da mãe, Thereza Verona Tondo, 88<br />
anos, presidente da Tondo S/A.<br />
A índole empreendedora da família vem de<br />
longe. O primeiro negócio do pai de rogério<br />
foi um comércio de secos e molhados em<br />
sociedade com tios e avós paternos, que logo<br />
incorporaram ao pequeno armazém a compra e<br />
venda de cereais, em especial o trigo. Segundo<br />
o empresário, os contatos que o pai fez à época<br />
lhe deram suporte para ingressar no ramo<br />
moageiro através da primeira compra de um<br />
moinho, no então distrito de Pinto Bandeira,<br />
hoje município distante 20km de Bento<br />
Gonçalves. “Naquela época havia o registro<br />
de cotas, que estabelecia que os moinhos só<br />
podiam moer uma determinada quantidade<br />
de trigo distribuída pelo governo, sempre<br />
de acordo com a capacidade de moagem.<br />
Até o governo Collor (Fernando Collor de<br />
Mello) eliminar essas cotas não havia muita<br />
possibilidade de crescimento”, conta.<br />
9
Memórias & aprendizados / A TrAjeTóriA de rOGÉriO jOAQUiM TONdO<br />
“Meu pai queria casar com uma<br />
contadora. então ali também tinha um<br />
olhar sobre a educação, de saber que<br />
aqueles que tinham mais conhecimento,<br />
tinham mais chances na vida”.<br />
A vontade de crescer faz parte do legado<br />
deixado pelo fundador. Ainda no período das cotas,<br />
dalvino comprava novos registros para aumentar<br />
a capacidade de moagem e, com isso, expandir<br />
os negócios. À procura de uma contadora para a<br />
casa comercial e que lhe ajudasse a administrar a<br />
firma, encontrou na jovem Thereza a companheira<br />
ideal, com quem casou-se em 1953, mesmo ano de<br />
fundação da empresa. “ele já prestava atenção no<br />
conhecimento que a pessoa tinha, de que quanto<br />
mais educação, mais chances de crescer”, relata<br />
rogério, que destaca o papel de sua mãe (uma das<br />
primeiras profissionais de Contabilidade de Caxias<br />
do Sul e diretora financeira da Tondo S/A durante<br />
mais de 50 anos) na educação financeira dos filhos.<br />
“Minha mãe sempre cuidou da<br />
parte financeira da empresa e da<br />
família, apoiando investimentos,<br />
mas ao mesmo tempo sendo<br />
criteriosa, nunca dando o passo<br />
maior do que a perna”.<br />
Por volta de 1966, os irmãos mais velhos de<br />
rogério, que frequentavam a escola em Pinto<br />
Bandeira, precisavam de uma educação melhor. Foi<br />
quando a família decidiu mudar-se para Caxias do<br />
Sul. O armazém de secos e molhados foi vendido e o<br />
pai comprou uma padaria para a esposa cuidar que,<br />
dois anos depois, também seria negociada para<br />
replicar o capital em um negócio maior: uma fábrica<br />
de massas e biscoitos, junto com um panifício.<br />
Nesse período, o pai também adquiriu uma unidade<br />
moageira em Flores da Cunha.<br />
“Minha mãe já era contadora e, assim como meu<br />
pai, tinha uma inquietude por empreender. então<br />
eles recomeçaram os negócios em Caxias, sempre<br />
comprando e vendendo empresas”, diz rogério. Nos<br />
anos 60, dalvino Tondo também começou a investir<br />
no setor da construção civil, comprovando seu<br />
feeling para as operações comerciais ao diversificar<br />
os negócios. “A geração dele tinha o hábito de criar<br />
novos negócios não por ser estratégico, mas para<br />
prover os filhos. Só que nem sempre tudo dá certo<br />
nesse sentido. Os pais serem muito permissivos<br />
com os filhos também atrapalha. dizer não é muito<br />
importante, pois ajuda a crescer”, avalia o diretorsuperintendente.<br />
rogério conta que a cautela da mãe foi<br />
fundamental para o crescimento da empresa e<br />
a manutenção da saúde financeira do negócio.<br />
Contudo, a ousadia fazia parte dos fundadores.<br />
Prova disso foi a construção, junto com os tios, de<br />
uma filial do moinho em Porto Alegre, um sonho<br />
concretizado em 1962. Também era o ano de<br />
nascimento de rogério, uma década após o início da<br />
bem-sucedida carreira do pai no ramo moageiro. “O<br />
pensamento era de que uma empresa familiar servia<br />
de local de trabalho para todos os filhos. Só que<br />
uma empresa não cresce na mesma velocidade para<br />
abrigar todos os grupos familiares. As confusões<br />
entre meu pai e meus tios começaram, resultando<br />
na ruptura da sociedade do moinho instalado na<br />
capital”, afirma.<br />
revista VOA • edição 01 • Setembro de 2019
o ProCeSSo de SUCeSSÃo<br />
Não faltaram convites dos pais para os filhos<br />
trabalharem na empresa principal da família. No<br />
entanto, jamais houve imposição. embora nem todos<br />
trabalhassem diretamente na indústria da Orquídea,<br />
os irmãos de rogério sempre estiveram próximos<br />
aos negócios criados pelo pai, administrando vários<br />
empreendimentos. “Meu pai tinha ideias, abria<br />
empresas em outros ramos e passava a operação<br />
para os filhos, porque era no moinho que ele havia<br />
extrapolado sua veia empreendedora. era onde ele<br />
se sentia mais seguro, dominando e controlando<br />
tudo”, acrescenta.<br />
“É importante saber se articular. isso<br />
serve para qualquer coisa na vida.<br />
Sempre trabalhei na empresa sem<br />
precisar de um cargo. Muitas vezes, as<br />
pessoas disputam um cargo. e cargo<br />
não se disputa, se conquista”.<br />
A trajetória de rogério na Tondo S/A se iniciou aos<br />
12 anos de idade como office boy, no turno contrário<br />
ao da escola. Ao mesmo tempo em que trabalhava,<br />
havia a preocupação constante dos pais com os<br />
estudos. ele reforça que nunca houve limites no<br />
orçamento para a educação. estudar e se qualificar<br />
dependia da iniciativa de cada um dos filhos, que<br />
contavam com o apoio dos pais. “Sempre gostei de<br />
aprender e de entender sobre o mercado. Quando<br />
entrei para o moinho não foi para substituir meu pai.<br />
Tive um período de imersão na empresa, conhecendo<br />
toda parte industrial, porque você não consegue<br />
vender nem estruturar bem um negócio se não tem<br />
conhecimento de todo processo tecnológico daquilo<br />
que produz”, ensina.<br />
Com o perfil adequado para assumir a gestão<br />
da empresa e fundamentos econômicos para<br />
administrar o negócio, rogério assumiu, em 1995, as<br />
áreas comercial e de desenvolvimento, consolidando<br />
a entrada da segunda geração da família no negócio.<br />
Com o início de um novo ciclo, novos desafios<br />
e oportunidades foram surgindo. Formado em<br />
Administração e Marketing e com especializações<br />
em técnica de moagem em Fortaleza e na França<br />
(onde ficou nove meses fazendo estágio em uma das<br />
melhores escolas do mundo), rogério foi responsável<br />
por expandir a atuação da empresa, ingressando<br />
no concorrido mercado de São Paulo e de outros<br />
estados focando nos supermercados, nas padarias e<br />
nos armazéns. O fundador, que nunca se afastou da<br />
empresa, estava lá, observando tudo, acompanhando<br />
a evolução do negócio, assistindo às transformações<br />
da fábrica que construiu e aconselhando o filho e sua<br />
filha eliane Tondo Pereira, que esteve presente na<br />
fase de transição da primeira para a segunda geração.<br />
Quanto mais conhecimento os filhos adquiriam,<br />
mais aumentava a confiança do pai na gestão deles.<br />
Numa transição discreta de liderança, o sucessor<br />
tocou a operação da indústria por muitos anos sem<br />
ter o cargo de diretor-superintendente formalizado.<br />
“Uma coisa é respeitar a hierarquia, outra é fazer<br />
acontecer. O papel que exerço é o de trabalhar na<br />
empresa e ser um líder, embora o cargo precisasse ser<br />
definido para me dar uma certa formalidade. Mas isso<br />
serve para qualquer coisa na vida. As pessoas têm que<br />
se articular. Muitas vezes, elas disputam um cargo. e<br />
cargo não se disputa, se conquista”, afirma rogério.<br />
11
Memórias & Aprendizados / A Trajetória de ROGÉRIO JOAQUIM TONDO<br />
“Quando não há uma transição tranquila entre uma geração e outra ou não<br />
tem para quem transmitir um cargo, o risco da empresa começar a patinar e<br />
perder potência é muito grande. O fato de já ter a terceira geração entrando<br />
é algo muito valioso para nós”.<br />
A TERCEIRA GERAÇÃO, O MAIOR CAPITAL<br />
A família faz parte da cultura que permeia a Tondo S/A<br />
e, conforme Rogério, a terceira geração é o maior ativo<br />
da empresa. Para ingressar nela, os netos do fundador<br />
devem seguir três regras: passar pela experiência de<br />
morar no exterior, cursar uma faculdade compatível<br />
com o ramo do negócio e ter trabalhado fora da<br />
empresa da família.<br />
Há 10 anos, o tio conversou com todos os sobrinhos<br />
que, à época, estavam com idades entre 20 e 25 anos,<br />
e questionou-os: “Perguntei qual era a pretensão<br />
deles em relação ao negócio, incentivando-os a<br />
estudar, a seguirem suas escolhas profissionais e<br />
serem felizes. E estava acordado que investiríamos na<br />
formação dos herdeiros que trabalhassem conosco”.<br />
Como a empresa vai estar daqui a 10 anos é uma<br />
provocação que Rogério faz aos dois sobrinhos que<br />
optaram por trabalhar na fábrica da Orquídea. “Quero<br />
plantar sementes com eles, pois o DNA desta terceira<br />
geração já está começando a se misturar com o<br />
nosso. Eles devem sentir orgulho da empresa, sendo<br />
ouvidos e participando de decisões. É uma questão de<br />
pertencimento”, complementa.<br />
Hoje, o diretor-superintendente se considera o motor<br />
de ideias da empresa e reconhece que sem o apoio<br />
que teve das três irmãs não teria condições de gerir<br />
o negócio. Ele acredita, ainda, que se a produção<br />
girasse em torno apenas do moinho de trigo e não<br />
houvesse a terceira geração atuando na empresa, ela<br />
seria menos dinâmica. “Quando não há uma transição<br />
tranquila entre uma geração e outra ou não tem<br />
para quem transmitir um cargo, o risco da empresa<br />
começar a patinar e perder potência para aproveitar<br />
as oportunidades é muito grande. O fato de já termos<br />
a terceira geração é uma coisa muito valiosa para nós”.<br />
Igualmente valioso é este legado de aprendizados que o<br />
sucessor teve com o pai, incluindo as características de ser<br />
curioso e investigativo. “Meu pai acordava cedo, sempre<br />
ativo e contente. Quando a Rota do Sol estava sendo<br />
construída, ele ia até lá, descia do carro para conversar<br />
com os moradores, de olho nos empreendimentos que<br />
poderiam surgir na estrada. Era um pouco tímido em<br />
grandes grupos, mas individualmente se comunicava<br />
bem com as pessoas, o que é muito importante para<br />
desenvolver um mercado”.<br />
Sobre a Tondo S/A<br />
A Tondo S/A tem, hoje, 970 colaboradores e<br />
uma das maiores capacidades de moagem de<br />
trigo da região Sul: 36 mil toneladas por mês.<br />
Com um moderno pastifício, consolidou a<br />
marca de alimentos Orquídea entre o varejo e o<br />
consumidor final, produzindo 6.600 toneladas<br />
mensais de massa. A fábrica de biscoitos<br />
produz 1.800 toneladas por mês, entre<br />
biscoitos doces e salgados, wafers, recheados,<br />
sortidos e cookies.<br />
Tudo funciona numa estrutura de mais de 33<br />
mil metros quadrados, incluindo as unidades fabris<br />
de Bento Gonçalves e Caxias do Sul e os centros<br />
de distribuição em Garibaldi, Passo Fundo e Porto<br />
Alegre (RS), Florianópolis e Itajaí (SC) e Curitiba<br />
(PR). Em 1998, a Tondo S/A foi o primeiro moinho<br />
do Rio Grande do Sul e o terceiro do Brasil a receber<br />
a certificação ISO 9002. A empresa também é a<br />
mantenedora da Fundação Assistencial Joaquim<br />
Tondo, que investe na educação dos funcionários,<br />
do Ensino Fundamental à Graduação.<br />
<strong>Revista</strong> VOA • Edição 01 • Setembro de 2019
O OLHAr de THerezA VerONA TONdO<br />
“O segredo é a união dos fundadores com os herdeiros”<br />
O que a literatura traz a respeito da importância<br />
do papel das mulheres nas empresas familiares – a<br />
transmissão de valores, a orientação na carreira dos<br />
filhos e a mediação de conflitos — se personifica em<br />
Thereza Verona Tondo que, aos 88 anos, continua<br />
atuando na empresa da qual foi sócia-fundadora, e é,<br />
hoje, presidente. Nascida em Vila jansen, distrito do<br />
município de Farroupilha, dona Thereza conta que,<br />
desde jovem, sabia que não queria ficar no interior.<br />
Mesmo com o desejo de ser professora e tendo<br />
recebido incentivo para seguir nessa profissão muito<br />
valorizada à época, ela optou por outro caminho,<br />
pois tinha aptidão para trabalhar no comércio e na<br />
indústria, herança do ofício dos pais.<br />
Sendo assim, mudou-se para Caxias do Sul em<br />
1945, aos 15 anos de idade, para continuar os estudos<br />
no internato do Colégio São Carlos, das irmãs<br />
Scalabrinianas, onde residiu e fez curso de Técnico em<br />
Contabilidade. em 1951, dois meses antes de conhecer<br />
o empresário dalvino Aldo Tondo, com quem viria a se<br />
casar, ela se tornou a primeira mulher registrada no<br />
Conselho regional de Contabilidade. Ao saber que a<br />
jovem já estava formada em Contabilidade, dalvino<br />
a procurou e, segundo Thereza, foi amor à primeira<br />
vista. “ele queria casar com uma mulher de confiança<br />
para lhe ajudar nos negócios. e perguntei se ele estava<br />
casando com a pessoa ou com o título (de contadora).<br />
ele respondeu que com os dois”, recorda, com alegria.<br />
“eu e o dalvino tínhamos o mesmo objetivo:<br />
trabalhar, construir um futuro para que os<br />
filhos estudassem em bons colégios, para<br />
dar uma boa formação para eles”.<br />
aLInHaMenTo de ProPÓSIToS<br />
No retorno da lua-de-mel, em 1953, dona Thereza<br />
lançou, ao lado do marido, a pedra fundamental do<br />
moinho de trigo na localidade de Pinto Bandeira, já<br />
ficando responsável pela gestão contábil e financeira.<br />
Até hoje, ela guarda os livros de contabilidade da<br />
empresa e afirma que sempre teve o mesmo objetivo<br />
de vida do esposo: trabalhar e construir um futuro<br />
para os filhos estudarem em bons colégios, dando-lhes<br />
formação acadêmica. ela abdicou do papel de dona de<br />
casa, comum às mulheres de sua geração, para ajudar<br />
na administração do negócio familiar, ao mesmo tempo<br />
em que criava e orientava a educação dos cinco filhos.<br />
dedicada à família e à empresa, entusiasmou os filhos<br />
e, mais recentemente, os netos, a estudar e a seguir a<br />
profissão que escolhessem. “Quando eles começam a<br />
crescer, a entrar para a faculdade, é preciso perceber<br />
quem tem vocação para continuar com o negócio.<br />
Tem de ser espontâneo, nunca obrigá-los a trabalhar<br />
na empresa da família, pois isso não funciona. O papel<br />
dos fundadores é harmonizar as diferenças entre os<br />
herdeiros”, ressalta.<br />
“O segredo da longevidade de uma empresa<br />
familiar é a união dos fundadores com os<br />
herdeiros. Os pais precisam harmonizar as<br />
diferenças entre os filhos, senão a coisa não<br />
funciona”.<br />
dessa forma, a operação dos empreendimentos<br />
familiares foi dividida, pois nem todos os filhos<br />
apresentavam a tendência de trabalhar na indústria<br />
de alimentos da Orquídea. “Minha mãe sempre<br />
estimulou o bom convívio entre as pessoas. Lembro<br />
dela preparando, aos sábados, café da manhã para os<br />
meus amigos. e já faz um tempo que todas as quartasfeiras<br />
a família se reúne para almoçar na casa dela”, diz<br />
rogério Tondo, diretor-superintendente da Tondo S/A,<br />
detentora da marca Orquídea.<br />
dona Thereza revela que o marido demorou<br />
a “entregar o bastão” ao filho, sendo que o maior<br />
sentimento dele era não ter estudado numa<br />
universidade. “eu dizia que não é a faculdade<br />
que ensina uma pessoa a administrar. A pessoa,<br />
geralmente, nasce com aquele instinto”, acrescenta.<br />
Com sabedoria, ela ensina mais uma lição preciosa: “A<br />
minha história é de muito trabalho e paciência. O que<br />
destrói uma família é a discórdia. Quando pais, filhos e<br />
irmãos começam a brigar, a firma cai. então penso que<br />
o segredo da longevidade de uma empresa é a união<br />
dos fundadores com os herdeiros”.<br />
Assim como outras mulheres que desempenham<br />
os papéis de mães, esposas e empresárias, Thereza<br />
Tondo ocupa uma posição estratégica dentro da<br />
família e da empresa. É nítido o quanto sua razão e<br />
sensibilidade, aliadas ao propósito profissional e ao<br />
comprometimento com o trabalho e com a educação<br />
dos filhos, foram fundamentais para o alicerce da<br />
família e do negócio. Seu dalvino encontrava nela<br />
apoio e segurança. “ele confiava em mim, no meu<br />
trabalho. Conseguimos criar os filhos, dar uma boa<br />
formação a eles e ajudar os netos a se realizarem na<br />
vida. Meu papel foi de mãe e orientadora, procurando<br />
ser ética e correta. Não faltou carinho e amor. Acho que<br />
a recompensa por ter sido um pouco rígida é o respeito<br />
e o amor que sinto que eles têm por mim”, avalia.<br />
13
Finanças<br />
Como proteger e maximizar<br />
seu patrimônio<br />
A preservação do patrimônio é um processo dinâmico e para o qual a família empresária deve<br />
se preparar. Sem um planejamento e uma gestão adequada, a riqueza construída com muito<br />
esforço pode ser perdida em uma ou duas gerações. Para esclarecer alguns pontos deste assunto,<br />
a revista VOA conversou com especialistas da Azimut Brasil Wealth Management, empresa que<br />
analisa, assessora e administra investimentos de pessoas físicas de acordo com as necessidades<br />
do presente e do futuro que cada cliente vislumbra para si.<br />
por Gabriela Marcon | Hana Witt<br />
Quanto mais o patrimônio é gerido da forma<br />
correta, com investimentos adequados ao montante<br />
de recursos de uma pessoa, família ou empresa,<br />
mais estabilidade ele adquire. Ao evitar perdas<br />
geradas por equívocos na administração, a gestão<br />
de patrimônio traz mais segurança, aplicações mais<br />
lucrativas e aumento dos rendimentos. Representa<br />
não apenas manter o patrimônio protegido, mas<br />
torná-lo maior.<br />
São vários os instrumentos financeiros de<br />
proteção do patrimônio disponíveis no mercado.<br />
A escolha vai depender do perfil de risco, da<br />
necessidade e da maturidade de cada um. “O cliente<br />
financeiramente maduro demanda mais proteção,<br />
como seguro de vida e previdência privada, exigindo<br />
um pacote mais completo de gestão patrimonial”,<br />
afirma o agente de investimentos Tiago Falavigna<br />
De Biasi, que há três anos e meio está à frente do<br />
escritório da Azimut Brasil Wealth Management<br />
na Serra Gaúcha. Conforme Tiago, a principal razão<br />
que motiva as pessoas a querer proteger seus<br />
bens está ligada ao momento da vida pelo qual<br />
estão passando e às estratégias para garantir que<br />
nada falte na velhice. “É fundamentalmente uma<br />
questão de segurança, de solidez financeira para<br />
o futuro, principalmente de quem se encontra na<br />
faixa etária acima dos 40 anos. E é importante se<br />
questionar sobre as possibilidades de melhorar a<br />
gestão de patrimônio”.<br />
Com 30 anos de atuação no mercado e presente<br />
em 18 países, o Grupo Azimut foi fundado na Itália e é<br />
um dos maiores gestores de recursos independentes<br />
da Europa. No Brasil atua há seis anos, contando<br />
também com a Azimut Brasil Wealth Management –<br />
unidade de negócios voltada à gestão de patrimônio<br />
de pessoas físicas de alta renda, atualmente com um<br />
total de R$ 8 bilhões sob sua gestão no País.<br />
“Existem algumas formas de fazer gestão<br />
patrimonial, com ativos líquidos e ilíquidos. Uma<br />
família com muitos recursos tende a diversificar<br />
a liquidez em diversas instituições, além de ter<br />
um patrimônio imobilizado (imóveis, terrenos,<br />
obras de arte) e, às vezes, participações em outras<br />
companhias. Gestão do patrimônio é você gerir<br />
essa massa de ativos, observando o cliente de<br />
forma holística e montando estruturas eficientes<br />
do ponto de vista tributário e sucessório”, afirma o<br />
CEO da Azimut Brasil Wealth Management, Antonio<br />
Costa.<br />
O processo de investimentos se inicia com uma<br />
reunião em que são definidas as necessidades<br />
da família investidora e seus objetivos. A partir<br />
daí, traça-se uma estratégia personalizada e se<br />
sugere a alocação mais adequada e um portfólio<br />
com uma seleção customizada de ativos para a<br />
composição da carteira. Alguns aspectos a serem<br />
levados em consideração são: perfil da família<br />
investidora incluindo seus objetivos; tamanho da<br />
família; qual estratégia a ser adotada com a gestão<br />
do patrimônio ao longo do tempo; se os membros<br />
da família são conservadores ou arrojados; se há<br />
ou não diversificação; se há ou não restrição de<br />
investimento, e quais são as áreas prioritárias para<br />
investir.<br />
Nesse sentido, Antonio Costa orienta que o<br />
primeiro passo que um empresário deve dar é<br />
escolher um bom advisor, que são pessoas ligadas<br />
a uma empresa de gestão patrimonial. Com um<br />
advisor de total confiança, a família consegue abrir<br />
as informações de forma transparente, incluindo<br />
seus anseios, suas necessidades e expectativas, sua<br />
tolerância a riscos, o seu perfil propriamento dito.<br />
“O processo começa com uma avaliação detalhada<br />
do perfil dos clientes, suas características e<br />
<strong>Revista</strong> VOA • Edição 01 • Setembro de 2019
preferências individuais. Na gestão do patrimônio, a<br />
gestora vai indicar as melhores estruturas de acordo<br />
com o perfil e o volume de cada um. Por exemplo, se<br />
há uma estrutura que é cara e não vale a pena pelo<br />
volume, é melhor partir para uma simplificação<br />
adequada ao tamanho do patrimônio”, explica.<br />
FaMÍLIaS eMPreSÁrIaS<br />
existem particularidades da gestão de<br />
patrimônio de famílias empresárias. Quando uma<br />
gestora de patrimônio estiver se posicionando para<br />
trabalhar com uma empresa familiar, que tenha<br />
herdeiros e sucessores, ela deve montar estruturas<br />
de acordo com os anseios de cada um. Muitas vezes,<br />
o próprio patriarca quer gerir a liquidez e distribuir<br />
dividendos para os herdeiros. Outras vezes, ele já<br />
fez a distribuição do patrimônio em vida e cada um<br />
vai fazer a gestão da maneira que achar melhor.<br />
“Quando o dinheiro já foi repartido, cada um tem<br />
a sua vontade própria de fazer o que quiser, como<br />
quiser e onde quiser. Quando você ainda tem os<br />
recursos e as ações nas mãos, sob controle do<br />
fundador, a estrutura vai ser montada para ele, que<br />
vai se precaver de algumas coisas e se preparar para<br />
um evento sucessório ou de liquidez”, diz o CeO.<br />
Para Antonio Costa, é importante selecionar<br />
de forma criteriosa o advisor e observar se a<br />
empresa que é contratada para gerir o patrimônio<br />
tem ou não conflitos de interesses. Segundo ele,<br />
a consequência da falta de um bom advisor é<br />
haver, justamente, uma má gestão do patrimônio,<br />
com perda de recursos diante de uma estrutura<br />
inadequada para aquela realidade. “As pessoas que<br />
têm patrimônio e não contam com uma gestão<br />
adequada podem correr riscos desnecessários,<br />
acima da sua própria tolerância, pois não têm ao<br />
seu lado um especialista para oferecer o suporte<br />
necessário”, acrescenta.<br />
GOVerNANçA PATriMONiAL<br />
O caminho para o surgimento da família investidora<br />
Um empreendedor de sucesso bem sabe todo o<br />
esforço e dedicação que são destinados à construção<br />
de um negócio que possa subsistir ao tempo, garanta<br />
um padrão de vida para a sua família e um patrimônio<br />
que possibilite uma existência tranquila.<br />
Viabilizar que, no futuro, a empresa, a família<br />
e o patrimônio sejam preservados é essencial para<br />
a manutenção do sucesso. este é o ponto no qual<br />
a governança patrimonial se apresenta como uma<br />
forma de estruturar os caminhos pelos quais o<br />
empreendedor e sua família superarão as ameaças<br />
diárias e caminharão seguros.<br />
Um estudo aprofundado da atividade empresarial<br />
e da sua vinculação ao patrimônio construído<br />
pelo empreendedor possibilita verificar qual parte<br />
(do patrimônio) efetivamente necessita estar<br />
essencialmente ligada ao dia a dia da empresa<br />
(direta ou indiretamente para a manutenção das<br />
relações com colaboradores, investidores e parceiros<br />
estratégicos).<br />
Neste contexto, é essencial buscar apoio que<br />
possibilite tratar profissionalmente a relação<br />
entre o lucro obtido com a atividade econômica, o<br />
reinvestimento deste em novos projetos da própria<br />
empresa e os projetos e investimentos da família.<br />
Não se trata simplesmente de criar uma “holding”<br />
para realizar uma “blindagem patrimonial” (palavras<br />
muitíssimo utilizadas), mas de tratar o futuro<br />
da família por meio de um trabalho profissional,<br />
dedicado e eficiente e, em muitos casos, separado<br />
daquele que trata da rotina da atividade empresarial.<br />
É importante ter maturidade para tratar dos<br />
diversos aspectos do contexto familiar de cada<br />
empreendedor, que, por inúmeras circunstâncias<br />
da vida pode ter criado uma nova família e tem a<br />
necessidade de que seja traçado um caminho seguro<br />
e adequado para o patrimônio.<br />
É essencial salvaguardar as relações pessoais e<br />
empresariais entre fundadores e sucessores, mesmo<br />
porque nem sempre os sucessores tenham as mesmas<br />
características ou aspirações do empreendedor.<br />
Somente com uma visão sistêmica das relações entre<br />
empresa e família é possível tratar o patrimônio<br />
de forma a viabilizar o surgimento de uma família<br />
investidora, e que esta alcance a perpetuidade.<br />
eduardo bridi<br />
Advogado, especialista em direito de empresa e Professor Universitário<br />
Associado ao iBGC • instituto Brasileiro de Governança Corporativa • eduardo@bridiadvogados.com.br<br />
15
Informe Publicitário<br />
As Normas IFRS<br />
e seus benefícios<br />
IFRS — International Financial Reporting Standards (Normas Internacionais de<br />
Contabilidade) derivadas do IASB (International Accounting Standards Board)<br />
A IFRS é adotada em mais de 120 países<br />
e, no Brasil, foi regulamentada pelo Comitê de<br />
Pronunciamentos Contábeis (CPC) Lei 11.638/2007.<br />
Essas normas passam por constantes revisões<br />
e atualizações com o objetivo da adequação da<br />
realidade brasileira com a internacional, razão pela<br />
qual é importante o acompanhamento de uma<br />
contabilidade atualizada e com experiência no<br />
tema. Elas também auxiliam bastante o trabalho<br />
das auditorias.<br />
Muitas empresas estão adotando as normas<br />
IFRSs pois, além de ficarem com a contabilidade<br />
em um formato internacional, o que facilita sua<br />
interpretação e leitura por profissionais de outros<br />
países, permite na sua adoção uma reavaliação<br />
patrimonial, fazendo com que o patrimônio líquido<br />
aumente consideravelmente, dependendo do<br />
tempo de depreciação dos bens, pois passa a<br />
considerar o seu valor econômico.<br />
Um dos principais objetivos é demonstrar<br />
de forma confiável a situação patrimonial das<br />
empresas, eliminando as distorções temporais pela<br />
não correção de informações e valores justos de<br />
seus ativos e passivos. Desde 2009, empresas de<br />
pequeno e médio porte também podem adotar as<br />
normas IFRS, visto que possuem necessidades e<br />
ambições semelhantes às grandes empresas.<br />
Com isso, a empresa deixa de ter um balanço<br />
meramente fiscal e passa a ter um balanço<br />
patrimonial, que faz com que os dados da<br />
contabilidade sejam usados também de maneira<br />
gerencial e auxiliem ainda mais na tomada de<br />
decisões, além da redução da complexidade e maior<br />
transparência das transações contábeis. Para que o<br />
resultado seja positivo e atenda às necessidades da<br />
empresa, é importante que a adoção das normas<br />
seja promovida por um contador com experiência e<br />
conhecimento sobre o assunto.<br />
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Gestão do negócio<br />
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Transformar, melhorar e evoluir a estrutura da governança para ser uma empresa organizada<br />
enquanto família e negócio são desafios das famílias empresárias. e sempre é importante<br />
manter o diálogo e a comunicação sobre questões que envolvem o futuro da empresa.<br />
Muitas vezes, o fundador toma decisões que nem sempre estão alinhadas às expectativas<br />
dos herdeiros. em outros casos, os sucessores têm liberdade para contribuir com ideias que<br />
reforcem a presença de uma marca no mercado, tornando a empresa mais competitiva. Nesta<br />
reportagem, destacamos a gestão de negócios da Casa Perini, em que o fundador permanece<br />
no comando, mas os filhos participam das decisões estratégicas, inovando e impulsionando a<br />
atividade vitivinícola que está na raiz da família.<br />
por Gabriela Marcon<br />
O trabalho, a persistência e paixão pela atividade<br />
vitivinícola acompanham três gerações da família<br />
Perini. Transformar uva em vinho sempre fez parte da<br />
vida da família, assim como a ousadia em empreender.<br />
Tanto é assim que a Casa Perini foi a primeira vinícola<br />
de capital nacional a produzir espumantes, a partir<br />
de 1998. “O que fez com que meu pai resolvesse abrir<br />
uma vinícola que nunca parou de crescer também<br />
foi a ambição e a vontade de inovar, que nos torna<br />
inquietos. Sempre queremos fazer mais e melhor. Se<br />
não deu de um jeito, vai de outro. Nós insistimos”, diz<br />
Franco Perini, 39 anos, diretor comercial.<br />
desde cedo, Franco se envolveu com o trabalho<br />
da família. Como ele mesmo diz, “se criou dentro<br />
da vinícola”, onde muitas das suas horas vagas no<br />
turno contrário ao da escola eram dedicadas ao<br />
negócio. Ainda na pré-adolescência, ele ajudava nas<br />
mais diversas tarefas, desde descarregar caminhões<br />
de açúcar até lavar pipas de vinho. “Com o passar<br />
do tempo, fui desenvolvendo outras capacidades,<br />
entrei para a faculdade de Administração, fui me<br />
aperfeiçoando, sempre com a preocupação em fazer a<br />
empresa crescer”, afirma.<br />
já a graduação em Publicidade e Propaganda deu<br />
ao irmão mais novo, Pablo, 35 anos, qualificação<br />
e experiência na área de divulgação. Mas, antes<br />
de assumir a direção do marketing da vinícola, ele<br />
trabalhou em agências de propaganda realizando<br />
tarefas e assumindo funções ligadas à área de design<br />
e gestão de marcas. Além disso, para entender mais<br />
sobre o negócio da família e representar melhor<br />
as marcas da vinícola nos eventos do setor, Pablo<br />
ampliou seu conhecimento ao se formar como<br />
sommelier internacional de vinho.<br />
revista VOA • edição 01 • Setembro de 2019
SUCESSORES CONTRIBUEM NA INOVAÇÃO<br />
Com quase 50 anos de história, a Casa Perini segue<br />
sob o comando de seu fundador, o empresário Benildo<br />
Perini, que transformou um pequeno negócio familiar<br />
em uma das vinícolas mais premiadas do Brasil. Os<br />
sucessores estão à frente de dois setores estratégicos:<br />
o Comercial e o Marketing. Apesar das funções<br />
específicas, eles foram criando competências no que<br />
o negócio precisa para se destacar e se diferenciar,<br />
transitando por vários setores da vinícola, interagindo<br />
com os funcionários e o corpo técnico responsável<br />
pela elaboração dos vinhos e participando da evolução<br />
qualitativa dos produtos.<br />
Além da primogênita jota Pe e da linha de vinhos<br />
finos e espumantes que leva o nome da vinícola, a Casa<br />
Perini tem outras três marcas: Arbo, Macaw e, mais<br />
recentemente, Noblesse. em termos de notoriedade<br />
em vinhos finos, o produto principal é o espumante.<br />
Com a presença em guias, exposições e a participação<br />
em provas e concursos nacionais e internacionais, a<br />
vinícola acumula mais de 200 premiações em diversas<br />
categorias de vinhos e espumantes, incluindo a<br />
distinção, em 2017, de 5º Melhor Vinho do Mundo para<br />
o espumante Moscatel Casa Perini, concedida pela<br />
WAWWj (World Association of Writes & journalists of<br />
Wines & Spirits), a Associação Mundial de jornalistas e<br />
escritores de Vinhos e espirituosos.<br />
Todas essas distinções têm relação com o fato de<br />
Benildo Perini ter confiado na capacidade da geração<br />
seguinte, delegando funções aos filhos e permitindo<br />
que eles implementassem inovações que ajudaram a<br />
impulsionar a empresa.<br />
“Os filhos vão para o mercado e trazem<br />
novidades. No complemento do trabalho<br />
da geração mais jovem reside a riqueza da<br />
longevidade do negócio.”<br />
Benildo Perini<br />
Na visão de Franco, na medida em que os sucessores<br />
começam a apresentar um número maior de acertos<br />
do que de erros nos negócios, eles adquirem mais<br />
permissão dos fundadores para colocar suas ideias<br />
em prática, ainda que haja resistência no início. No<br />
case da Perini, uma prova disso é a marca de cerveja<br />
Matarelo – nome que é uma homenagem à pequena<br />
cidade da região do Trento, na itália, de onde partiram<br />
os imigrantes que se estabeleceram na Serra Gaúcha<br />
a partir de 1875.<br />
19
Gestão do negócio / PLANejAMeNTO SUCeSSóriO<br />
elaborar receitas exclusivas de cerveja era sonho<br />
dos filhos de Seu Benildo. “Mantemos o hábito de<br />
jantar em diversos ambientes gastronômicos. e<br />
quando vamos nesses lugares sempre encontramos<br />
cervejas especiais. Por isso que liberei o negócio<br />
da cerveja e também porque o Franco acabou<br />
transformando em marca a cidade dos nossos<br />
antepassados”, ressalta o fundador.<br />
já com o aval do pai, em 2015 foi firmada parceria com<br />
um produtor de cerveja para elaboração das receitas.<br />
“A gente vive o mercado e temos foco na inovação.<br />
Precisávamos ser a primeira vinícola a ter uma marca de<br />
cerveja. Hoje temos a marca, a receita e a distribuição<br />
da Matarelo”, revela Franco. Pablo acrescenta que foi<br />
assertivo o fato de criar e registrar a marca da cerveja<br />
com um nome vinculado às origens da família, mas sem<br />
misturá-la à história da marca Casa Perini. “A construção<br />
das marcas na categoria de vinhos e espumantes já é<br />
bastante reconhecida e isso precisava ficar claro para o<br />
consumidor e para o mercado”.<br />
O crescimento da empresa, segundo Pablo, passa<br />
pela questão de muito alinhamento interno em<br />
relação aos investimentos em ações de marketing,<br />
sendo o enoturismo o principal medidor de sucesso.<br />
ele e o irmão incluíram atividades de lazer para<br />
melhorar a experiência dos turistas no consumo de<br />
vinho, como a Vino run — corrida que acontece no<br />
inverno e termina com degustação de vinhos, o Bike<br />
Tour — passeio de bicicleta em meio aos vinhedos, e<br />
a Wine experience — experiência sensorial na qual os<br />
visitantes, com os olhos vendados, têm de identificar<br />
ingredientes naturais que contêm aromas utilizados<br />
no vinho, aproximando-os do universo da bebida de<br />
maneira descontraída.<br />
em 2016, a Casa Perini fechou o ano com quatro mil<br />
visitantes. em 2019, a expectativa é receber mais de 30<br />
mil pessoas. Além de todas as ações relacionadas ao<br />
enoturismo, os filhos associam o expressivo aumento<br />
do número de turistas à participação da vinícola no<br />
programa MasterChef, exibido no Brasil pela Band.<br />
Para Seu Benildo, que no início resistiu à ideia de<br />
investir no programa, a inserção dos produtos da Casa<br />
Perini no maior reality show de culinária do mundo<br />
foi uma das iniciativas mais inteligentes que os<br />
filhos tiveram para projetar a marca. A primeira<br />
participação no programa foi em 2017 junto com<br />
outras vinícolas da região. depois, a Casa Perini<br />
recebeu toda a produção, os apresentadores e<br />
participantes de uma das edições para gravar uma<br />
prova em equipe, onde a família participou como<br />
jurada dos pratos elaborados pelos competidores<br />
em harmonização com os vinhos da empresa.<br />
esbanjando vitalidade, Benildo Perini diz<br />
que fez “uma solicitação a deus” para que ele<br />
lhe conservasse. “e tenho me empenhado para<br />
isso (risos), mas é hora de formalizar a sucessão.<br />
Acompanho o setor de longa data e a gente<br />
vê colegas nossos partindo e ficando muitos<br />
desentendimentos entre os familiares. Têm casos<br />
graves de empresas que estavam bem e estão<br />
passando por momentos delicados. e a Casa Perini<br />
é uma empresa que sempre acreditou que amanhã<br />
será um dia melhor”, reflete.<br />
“Sabemos da importância da nossa missão<br />
e, inevitavelmente, a partir do momento em<br />
que sei que vou ter filhos, a gente começa a<br />
pensar em sucessão, a projetar o futuro em<br />
cima das pessoas que estão vindo.”<br />
Franco Perini<br />
Assim como o ciclo da videira, a sucessão na<br />
Casa Perini está seguindo o processo natural:<br />
foi brotada, cresceu, floresceu e está na fase de<br />
amadurecimento. O fundador e diretor-presidente<br />
plantou a semente e os sucessores estão tendo o<br />
cuidado de fazê-la crescer saudável, para colher<br />
as uvas mais frescas, produzir vinhos saborosos e<br />
perpetuar todo esse legado.<br />
“Fui trabalhando, adquirindo o respaldo<br />
e a confiança do meu pai e tendo a<br />
permissão de fazer parte de decisões mais<br />
estratégicas. Temos consciência de que<br />
existe uma sucessão que vai acontecer,<br />
ainda que a empresa esteja bem enraizada<br />
na figura do Seu Benildo.”<br />
Pablo Perini<br />
revista VOA • edição 01 • Setembro de 2019
Gestão do negócio /<br />
GOVerNANçA eSTrUTUrAdA É UM dOS<br />
iTeNS ANALiSAdOS PeLO SiCredi PArA<br />
CONCeder CrÉdiTO ÀS eMPreSAS<br />
Quando as empresas familiares têm o olhar de que a sucessão representa a continuidade<br />
do negócio pelo início de um novo ciclo de gestão, há menos conflitos na etapa de transição<br />
de uma geração para outra. importante para a economia de uma região, a longevidade das<br />
empresas familiares depende do mercado de atuação, do momento econômico do país<br />
e, fundamentalmente, do alinhamento e do compromisso dos herdeiros em perpetuar o<br />
legado construído pelos fundadores.<br />
estudos apontam que a primeira geração vive<br />
a lucratividade e a estabilidade. A segunda fica<br />
entre a estabilidade e a crise, e a terceira geração<br />
acompanha a tendência de dissolvição por falta de<br />
sucessores. “Não ter sucessores preparados é um<br />
dos grandes dilemas enfrentados pelas empresas<br />
familiares. Várias delas ficam órfãs. O que os pais<br />
podem fazer? Não é exigindo que os filhos fiquem,<br />
já que a vontade própria do herdeiro tem de ser<br />
ouvida. Porém, independentemente de trabalhar ou<br />
não na empresa, os filhos devem se conectar a ela”,<br />
avalia a pesquisadora e especialista em Governança<br />
Familiar, Hana Witt.<br />
Ter um planejamento sucessório também é<br />
fundamental para captar recursos e garantir o<br />
crescimento das empresas, tornando-as mais<br />
competitivas. Na Casa Perini, os investimentos em<br />
inovação, tecnologia e enoturismo representam<br />
uma estratégia de composição de patrimônio do<br />
negócio. e para viabilizar seus projetos, a vinícola<br />
mantém parceria com o Sicredi Serrana. “É um<br />
sistema de crédito que oferece uma forma flexível de<br />
negociar, tornando possível a realização de muitas<br />
ações dentro da nossa política de posicionamento<br />
da empresa como um todo, principalmente nos<br />
diferenciais que buscamos ter pelas nossas<br />
características de inovação que agregam valor<br />
aos produtos da categoria”, comenta Pablo Perini,<br />
diretor de marketing.<br />
Para conceder crédito às empresas, o Sicredi<br />
observa a equidade dos associados, baseando-se<br />
em critérios de risco, patrimônio e tipo de linha —<br />
investimento ou financiamento. Nesse sentido,<br />
alguns pilares são levados em consideração na<br />
análise quantitativa e qualitativa, dentre eles estão<br />
a viabiliadade da empresa, o mercado de atuação,<br />
a estratégia de produto, a sucessão e a governança.<br />
O Sicredi Serrana rS, com sede em Carlos Barbosa<br />
e atendimento em 23 municípios da região analisa<br />
se a empresa se renova, se busca tecnologia, se<br />
acompanha as tendências do mercado e se já teve de<br />
se reposicionar para lançar novos produtos.<br />
O critério governança diz respeito ao processo de<br />
sucessão, risco sócio-ambiental e comportamento<br />
ético frente à sociedade. Porém, em algumas<br />
situações a empresa não tem um processo<br />
sistematizado de sucessão familiar, mas tem uma<br />
governança estruturada. Ainda que o crédito não<br />
seja liberado no momento em que uma empresa<br />
busca por recursos, o Sicredi contribui com uma<br />
consultoria, sinalizando as melhores linhas de crédito<br />
e mostrando o plano de ação que deve ser seguido<br />
para uma possível reestruturação. O Sicredi Serrana<br />
atende mais de 10.400 empresas, correspondendo a<br />
40% de todas as pessoas jurídicas da região. em 2018,<br />
a unidade com sede em Carlos Barbosa foi a principal<br />
instituição financeira no crédito ao agronegócio e<br />
comercial na região onde atua.<br />
21
Pesquisas<br />
KPMG — eMPreSAS<br />
FAMiLiAreS BrASiLeirAS<br />
Terceira edição da pesquisa “retratos de Família”, elaborada pela KPMG em<br />
parceria com a Fundação dom Cabral, levantou dados de 217 grandes empresas<br />
brasileiras de diferentes setores. O estudo apresenta informações amplas e<br />
atualizadas sobre os negócios familiares brasileiros — seus anseios, práticas<br />
de governança, expectativas e perspectivas de futuro.<br />
A empresa familiar, conforme apresentada na pesquisa, tem<br />
características próprias e está confiante no seu negócio para<br />
os próximos anos, dando importância às boas práticas de<br />
governança corporativa. Também demonstra ser relevante<br />
para a continuidade dos negócios o nível de preparação e a<br />
capacidade dos sucessores, bem como a comunicação, a<br />
harmonia e o diálogo entre a família, avaliando problemas<br />
e decisões.<br />
AMOSTRAGEM<br />
Na pesquisa da KPMG, 35% das empresas participantes<br />
têm faturamento entre r$ 100 milhões e r$ 499 milhões,<br />
23% até r$ 49 milhões e 19% faturam mais de r$ 1 bilhão.<br />
do total, 40% das companhias têm entre 21 e 40 anos de<br />
existência, 28% de 41 a 70 anos e 14% mais de 70 anos.<br />
22%<br />
deSCONHeCeM<br />
O iNTereSSe<br />
dA PróxiMA<br />
GerAçãO<br />
CONTROLE ACIONÁRIO<br />
Confirmando dados pesquisados em edições anteriores, as<br />
empresas familiares brasileiras expressam o desejo em manter<br />
o comando do negócio com a família fundadora, sendo que 43%<br />
das companhias entrevistadas pela KPMG estão sob o comando<br />
da segunda geração, enquanto 31% são lideradas pelo fundador e<br />
26% distribuídas entre a terceira geração em diante.<br />
KPMG — rede global de firmas-membro independentes que<br />
prestam serviços profissionais de auditoria, consultoria tributária<br />
e consultoria de negócios. Acesse os dados completos da pesquisa.<br />
revista VOA • edição 01 • Setembro de 2019
PREPARAÇÃO DAS FUTURAS GERAÇÕES<br />
A pesquisa também revela que, apesar de 55% dos participantes confirmarem que a próxima<br />
geração tem interesse em participar da gestão do negócio, apenas 13% consideram que os sucessores<br />
estão preparados para assumir o desafio. Nesse aspecto, 22% dos respondentes desconhecem o<br />
interesse da próxima geração em participar da gestão do negócio, demonstrando que há nas famílias<br />
empresárias uma ausência de comunicação entre as gerações. As mulheres da família ocupam cargos<br />
em 59% das empresas participantes da pesquisa, sendo que na sua maioria estas empresas possuem<br />
até três membros da família trabalhando no negócio.<br />
Algumas das ações priorizadas pelas empresas familiares para o desenvolvimento dos sucessores<br />
foram: trabalhar na empresa (41%); educação em escolas de referência (32%); coaching (30%) e<br />
especializações e programas executivos específicos para herdeiros (51%). Somente 18% apontaram<br />
programas de estágios em outras organizações e 10% experiência de vida internacional. já os<br />
atributos mais importantes citados pelos participantes para a escolha do sucessor são<br />
o conhecimento do negócio e a capacidade de negociação e de articulação entre a<br />
empresa e a família que, segundo eles, ainda não estão desenvolvidas nos<br />
possíveis sucessores.<br />
BrASiL<br />
iTÁLiA<br />
eSTAdOS UNidOS<br />
eMPreSAS FAMiLiAreS NO MUNdO<br />
Fonte: revista exame (2016)<br />
95%<br />
99%<br />
96%<br />
55%<br />
CONFirMAM QUe A PróxiMA GerAçãO TeM<br />
iNTereSSe eM ASSUMir OS NeGóCiOS dA FAMÍLiA<br />
A terceira edição da pesquisa KPMG “retratos de<br />
Família” consolida dados obtidos em anos anteriores e<br />
demonstra que as grandes empresas brasileiras pretendem<br />
expandir geograficamente e investir no negócio atual.<br />
Valorização de seus pontos fortes, formação de sucessores e<br />
tendência de aplicação de estruturas mais formais de governança<br />
corporativa mostram o foco na perpetuidade do negócio e o empenho<br />
na manutenção da empresa no âmbito familiar.<br />
23
Pesquisas<br />
ideF — eMPreSAS FAMiLiAreS<br />
dA SerrA GAÚCHA<br />
inspirado nos estudos da KPMG e com o objetivo de conhecer o cenário<br />
da Governança Familiar na Serra Gaúcha, o ideF se dedica, desde 2016,<br />
ao levantamento sistemático de dados sobre pequenas e médias<br />
empresas da região.<br />
explorando diferentes regiões e segmentos de negócios, as pesquisas realizadas<br />
pelo instituto de desenvolvimento da empresa Familiar (ideF) totalizaram, até o<br />
momento, 253 respondentes, entrevistando fundadores, esposas e sucessores<br />
das famílias proprietárias. É uma amostragem representativa que permite<br />
compreender o estilo de gestão e a maturidade das empresas, fornecendo<br />
subsídios para comparações com práticas já consolidadas de<br />
governança apontadas em estudos nacionais e internacionais.<br />
Os dados coletados na Serra Gaúcha<br />
demonstram sincronicidade com a pesquisa<br />
realizada pela KPMG em grandes empresas<br />
brasileiras. Percebe-se também que é um<br />
desejo da maioria dos fundadores manter<br />
o comando do negócio com a família.<br />
Os fundadores ainda estão à frente dos<br />
negócios na maior parcela das empresas<br />
entrevistadas, sendo que algumas já<br />
compartilham a gestão com a segunda<br />
geração. É possível identificar a tendência de<br />
que no médio prazo ocorra a transferência do<br />
controle acionário das empresas da região.<br />
43%<br />
dAS eMPreSAS<br />
PeSQUiSAdAS<br />
eSTãO SOB O<br />
COMANdO dA<br />
2ª GerAçãO<br />
eMPreSAS<br />
FAMiLiAreS<br />
de ANTôNiO<br />
PrAdO<br />
Na cidade de Antônio Prado, em pesquisa realizada exclusivamente para<br />
a Câmara de indústria, Comércio, Serviços, Agropecuária e Turismo (CiC) no<br />
primeiro semestre de 2019, o ideF constatou dados semelhantes aos de<br />
Caxias do Sul e região. O estudo apontou que 81% das empresas entrevistadas<br />
estão com seus fundadores no comando do negócio — são empresas mais<br />
jovens e apenas 29% delas têm a segunda geração no comando. A ausência<br />
de planejamento sucessório e plano de carreira para os jovens também é uma<br />
realidade na região.<br />
revista VOA • edição 01 • Setembro de 2019
No entanto, essa transição vem sendo feita de maneira natural, sem planejamento sucessório,<br />
pois poucas empresas relataram a existência de um projeto de desenvolvimento para seus<br />
sucessores. A prática de trabalhar desde cedo com o pai é comum nas empresas entrevistadas,<br />
sendo pequeno o número de jovens que passam, antes, por uma experiência profissional externa<br />
— mesmo que pesquisas comprovem que este tipo de vivência favorece o preparo, a confiança e<br />
a credibilidade na hora de o jovem assumir os negócios da família.<br />
entre os temas identificados nas pesquisas realizadas pelo ideF, destacaram-se necessidades<br />
de formar e aperfeiçoar de forma contínua a família proprietária, presente ou não na gestão,<br />
assim como compartilhar informações sobre os negócios com todos os envolvidos, tornandoos<br />
ativos e cientes das decisões, respeitando seus papéis e responsabilidades. Além disso,<br />
é essencial que o processo de sucessão comece cedo: quanto mais o sucessor e seu<br />
sucedido estiverem preparados, menor o impacto nos resultados do negócio.<br />
12%<br />
Pensam em<br />
sucessão em um<br />
prazo entre<br />
3 e 5 anos<br />
28%<br />
Afirmam que a<br />
transição aconteceu<br />
naturalmente<br />
sem planejamento<br />
Os desafios desta etapa provocam<br />
rupturas e mudanças. Há, portanto, a<br />
necessidade de um plano de continuidade<br />
que considere o momento de transição.<br />
É preciso levar em conta expectativas<br />
e necessidades de fundadores e novas<br />
gerações, sem perder de vista a preservação<br />
do legado e a busca pelos resultados<br />
almejados, pois é certo que o momento<br />
de deixar o comando é de angústia para o<br />
fundador. Saber construir um novo papel<br />
dentro do seu próprio negócio e fazer<br />
parte de uma nova estrutura de comando<br />
é uma habilidade a ser desenvolvida, que<br />
demanda tempo, planejamento e coragem.<br />
Acesse as<br />
pesquisas do ideF<br />
através do site.<br />
O propósito da pesquisa foi despertar para a importância do tema planejamento sucessório<br />
para a longevidade das empresas familiares da região. “Com os dados e as informações levantadas,<br />
poderemos ser mais assertivos ao dialogarmos com os nossos associados, correspondendo melhor às<br />
expectativas e necessidades quanto às demandas. A pesquisa também será um marco para o município,<br />
pois não há registro destas informações. Acredito que termos estes dados representa uma importante<br />
ferramenta para futuras análises socioeconômicas e para estratégias de negócios, fomentando não<br />
apenas a economia local, mas também sendo um motivador para outros empreendedores”, avalia<br />
Marcelo Maschio Piazza, presidente da CiC de Antônio Prado.<br />
25
Pesquisas<br />
A MULHer NA<br />
eMPreSA FAMiLiAr<br />
Transmitir valores, orientar a carreira dos filhos, mediar conflito. As mulheres<br />
ocupam posições estratégicas não apenas dentro das famílias, mas também<br />
dentro das empresas.<br />
A pesquisa do ideF mostra que, na Serra<br />
Gaúcha, existe um número significativo de<br />
mulheres na gestão das empresas familiares.<br />
Muitas filhas já estão no comando do negócio,<br />
tendo sido escolhidas como sucessoras de<br />
seus pais pelo alinhamento com os valores da<br />
família, comprometimento e competência para<br />
assumir a função.<br />
Praticamente a metade das filhas<br />
entrevistadas desejam ser sucessoras de<br />
seus pais, e a maioria afirma que trabalhar<br />
na empresa da família está alinhado ao<br />
seu propósito de vida. O diálogo familiar,<br />
A FiLHA NO COMANdO<br />
Atitudes, valores, confiança<br />
e competência definem<br />
quem assume a sucessão.<br />
52%<br />
deSejAM ASSUMir<br />
OS NeGóCiOS dA<br />
FAMÍLiA<br />
importante para a harmonização dos<br />
propósitos familiares, ainda é uma questão a<br />
ser melhorada, visto que muitas mães e filhas<br />
não conversam sobre assuntos como regime de<br />
casamento, situação financeira do negócio e<br />
da família. O papel da mãe na sucessão familiar<br />
é percebido como fundamental em diversas<br />
entrevistas realizadas, apontando as mulheres<br />
como importantes mediadoras, orientadoras<br />
de carreira, educadoras e fortalecedoras dos<br />
valores e princípios familiares.<br />
20%<br />
dAS HerdeirAS jÁ<br />
eSTãO À FreNTe<br />
dOS NeGóCiOS<br />
72%<br />
NãO TÊM<br />
PLANO de<br />
CArreirA PArA A<br />
SUCeSSãO<br />
PAi FUNdAdOr<br />
Há casos em que o pai tem<br />
sentimentos contraditórios: ao<br />
mesmo tempo em que deseja<br />
ver sua filha no comando,<br />
nutre por ela um sentimento<br />
de proteção e cuidado. Prefere<br />
poupá-la da função e a exclui do<br />
processo sucessório.<br />
revista VOA • edição 01 • Setembro de 2019
Ética & Integridade<br />
LEI Anticorrupção E os<br />
impactos na sua empresa<br />
Nos últimos anos, o Brasil tem dado mais atenção à questão da corrupção,<br />
regulando com mais rigor atos ilícitos de pessoas físicas e jurídicas. Em agosto<br />
de 2013, impulsionada pelo escândalo da Lava Jato, foi aprovada a Lei nº 12.846<br />
em vigor desde janeiro de 2014.<br />
Mais conhecida como Lei Anticorrupção<br />
(LAC), a Lei n° 12.846/2013 foi um importante<br />
avanço em direção ao combate a crimes contra a<br />
administração pública e outros atos ilícitos que<br />
podem impactar empresas de qualquer porte<br />
ou tipo. Entre outros aspectos, a legislação<br />
passou a prever severas punições a envolvidos<br />
em práticas relacionadas à corrupção.<br />
A principal novidade da LAC é a<br />
responsabilização objetiva, civil e administrativa<br />
da empresa que praticar o ato lesivo, seja por<br />
meio de funcionários, seja por terceiros. Dessa<br />
forma, não é necessário comprovar se houve<br />
intenção dos dirigentes ou donos das empresas<br />
em lesar a administração pública, nem se o<br />
benefício gerado pelo ato ilícito chegou a ser<br />
auferido concretamente.<br />
Com esse entendimento acerca da<br />
responsabilização, o Decreto nº 8.420/2015<br />
tornou indispensável as empresas adotarem<br />
normas e práticas para prevenção, identificação<br />
e punição de condutas ilícitas. E o principal<br />
meio para se estar em conformidade com essa<br />
regulamentação é implementar um Programa<br />
de Integridade.<br />
A LAC atinge todas as esferas da<br />
administração pública federal, estadual e<br />
municipal. Nesse sentido, o Rio Grande do<br />
Sul e diversos municípios deste estado já a<br />
regulamentaram, incluindo questões sobre<br />
o processo de apuração de responsabilidade<br />
em tais esferas. Contudo, o principal objetivo<br />
dessa lei não é apenas punir com mais rigor, mas<br />
também prevenir e corrigir, criando uma cultura<br />
de ética que deve ser cultivada por todos os<br />
membros da empresa, desde seus sócios ou<br />
acionistas até seus funcionários, parceiros e<br />
fornecedores.<br />
Para as empresas, o custo e as consequências<br />
da corrupção são muito altos, e podem<br />
acarretar diversos impactos negativos:<br />
despesas com apuração ou punição, perda<br />
de confiança, reputação negativa, perda de<br />
clientes e parceiros, inabilitação para participar<br />
de licitações ou contratos com entes públicos,<br />
entre outros prejuízos. Tudo isso também<br />
se torna insustentável do ponto de vista<br />
financeiro, e a competitividade, vital para a<br />
empresa, é ameaçada. Por outro lado, pode ser<br />
uma grande oportunidade para as pequenas e<br />
médias empresas que agem com prevenção.<br />
<strong>Revista</strong> VOA • Edição 01 • Setembro de 2019
a QUeM aTInGe<br />
Todo e qualquer tipo de empresa, instituição,<br />
fundação, associação ou cooperativa, com ou<br />
sem fins lucrativos, micro, pequena, média<br />
ou grande porte, pode responder em casos de<br />
constatação de atos de corrupção, mesmo as<br />
que não estiverem diretamente envolvidas<br />
ou seus administradores ou responsáveis<br />
não tiverem sido envolvidos. A LAC abrange<br />
todo os níveis de atuação e a pessoa jurídica<br />
poderá ser penalizada pela prática de atos<br />
cometidos por funcionários de qualquer nível<br />
ou até por seus terceirizados, lembrando que<br />
a responsabilização das empresas não impede<br />
a responsabilização da pessoa física envolvida<br />
no ato de fraude ou corrupção. Portanto, todos<br />
devem se responsabilizar pelo que acontece<br />
nas instituições, já que a empresa em questão<br />
responderá pelo ato lesivo, independentemente<br />
de culpa, dolo ou comprovação de intenção da<br />
prática do ilícito.<br />
Com essa visão mais holística da situação, é<br />
possível ver que os custos e as consequências<br />
da corrupção passaram a impactar todos —<br />
empresas, governo e sociedade civil — e, em caso<br />
de ato ilícito, pode constituir um obstáculo para<br />
o desenvolvimento social e econômico do País.<br />
Sobre aS PenaLIdadeS<br />
depende da gravidade e do tipo de crime<br />
cometido. Na esfera judicial, pode haver a<br />
perda de bens, direitos ou valores; suspensão<br />
ou interdição parcial das atividades; dissolução<br />
compulsória da pessoa jurídica; proibição<br />
de recebimento de subsídios, incentivos,<br />
subvenções, doações ou empréstimos de<br />
instituições públicas por um a cinco anos, sem<br />
prejuízo de aplicação de multas, na esfera<br />
administrativa, de até 20% do faturamento.<br />
CoMo Se PreParar<br />
É fundamental implementar um Programa<br />
de integridade customizado ao tipo e estágio<br />
de maturidade de sua empresa. Tal programa<br />
consiste em um conjunto de mecanismos e<br />
procedimentos internos de uma empresa, cujo<br />
objetivo é identificar, sanar e prevenir desvios,<br />
fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados<br />
por uma empresa contra a administração<br />
pública, nacional ou estrangeira.<br />
A intenção da LAC é, sobretudo, prevenir a<br />
corrupção, criando um ambiente de integridade<br />
nas instituições brasileiras. daí a importância<br />
de as empresas cumprirem todas as normas,<br />
pois ainda que sejam constatados eventuais<br />
atos ilícitos, o fato de sua empresa ter um<br />
Programa de integridade pode ser considerado<br />
um atenuante na aplicação de sanções.<br />
A implementação de um programa desse tipo<br />
demonstra preocupação e comprometimento<br />
com os padrões éticos, responsabilidade,<br />
transparência, sustentabilidade e eficiência<br />
de sua gestão. O inverso é verdade, uma vez<br />
que a ausência do programa pode demonstrar<br />
falta de interesse em evitar atos de corrupção,<br />
constituindo um agravante.<br />
29
Ética & Integridade / Lei Anticorrupção E os impactos na sua empresa<br />
Na prática, o Programa de Integridade é<br />
o compliance — mecanismo preventivo para<br />
identificar e erradicar riscos empresariais. É<br />
implementar, de fato, além de uma cultura de<br />
ética, uma gestão de riscos e controles internos<br />
de forma eficaz. Embora a legislação não dê<br />
uma fórmula, é necessário que o programa<br />
seja elaborado sob medida para cada empresa,<br />
levando em consideração suas especificidades e<br />
a realidade do negócio.<br />
Com a clara demonstração, nas últimas<br />
eleições, pela sociedade clamando por mais<br />
ética, mais integridade e menos corrupção,<br />
e considerando o novo governo que propôs<br />
medidas como o “Pacote Anticrime”, a tendência<br />
é que a questão da corrupção seja cada vez mais<br />
demandada pela sociedade e tratada de forma<br />
ainda mais rigorosa. Somente assumindo a<br />
responsabilidade enquanto sociedade é que<br />
será possível criar uma cultura de ética em nível<br />
individual, organizacional e nacional, resultando<br />
em mais transparência e competitividade às<br />
empresas.<br />
Programa de Integridade: Conjunto<br />
de medidas de integridade (valores, regras,<br />
procedimentos) adotado por uma empresa<br />
com o objetivo de evitar, detectar e<br />
interromper a ocorrência de irregularidades,<br />
fraudes e corrupção. (CGU, Integridade para<br />
pequenos negócios, 2017)<br />
Saiba MAis<br />
Lei nº 12.846 (“Lei Anticorrupção”) de 1º de agosto de 2013.<br />
Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos<br />
contra a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá outras providências.<br />
Decreto nº 8.420, de 18 de março de 2015.<br />
Regulamenta a Lei Anticorrupção que dispõe sobre a responsabilização administrativa de pessoas<br />
jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira e dá outras<br />
providências.<br />
Portaria nº 909, de 7 de abril de 2015.<br />
Dispõe sobre a avaliação de programas de integridade de pessoas jurídicas.<br />
Portaria nº 910, de 7 de abril de 2015.<br />
Dispõe sobre os procedimentos para apuração da responsabilidade administrativa e para<br />
celebração do acordo de leniência de que trata a Lei Anticorrupção.<br />
Programa de Integridade: trata das diretrizes para empresas privadas.<br />
Compliance à luz da governança corporativa. São Paulo: IBGC, 2017.<br />
Tatiana Regiani<br />
Advogada • Mestre em Competitividade pela FGV/EAESP • Fundadora da TregiGovernança e Integridade<br />
Conselheira de Administração e Fiscal Independente • tati.jgd@gmail.com
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Representante na Serra Gaúcha<br />
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Secretaria de Governança<br />
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SUCeSSÃo naS eMPreSaS<br />
FaMILIareS<br />
Horário: 18h30 às 22h30<br />
31/10<br />
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MobI CaXIaS<br />
Horário: 8h45 às 9h15<br />
24/09<br />
ÉTICa: PreVenÇÃo de<br />
CoMPorTaMenToS<br />
anTIÉTICoS na orGanIZaÇÃo<br />
Horário: 13h30 às 18h30<br />
10/10<br />
InnoVaTIon daY 2019<br />
Horário: 8h às 18h<br />
31/10<br />
CoMPLIanCe e InTeGrIdade -<br />
anÁLISe PrÁTICa<br />
Horário: 13h30 às 18h30<br />
07/10<br />
GrUPo de InTeGraÇÃo:<br />
PLaneJaMenTo eSTraTÉGICo<br />
orIenTado Para reSULTadoS<br />
Horário: 17h30 às 19h<br />
16/10<br />
12º CoMÉrCIo eXTerIor<br />
eM PaUTa - aCordo enTre<br />
MerCoSUL e UnIÃo eUroPeIa<br />
Horário: 7h45 às 9h15<br />
13/11<br />
deGUSTando eXPerIÊnCIaS -<br />
ConVerGÊnCIa de GeraÇÕeS<br />
e dIVerSIdadeS<br />
Horário: 19h30 às 21h30<br />
33
Artigo<br />
Hora de desaprender<br />
Quando, em 1995, em seu livro Competindo pelo Futuro (Editora Campus), C. K. Prahalad<br />
afirmava que é necessário “aprender e desaprender simultaneamente, porque aceitamos<br />
o novo, mas não abandonamos o antigo”, antevia, ou já sentia mesmo, que a máxima de<br />
Heráclito, de que nada é permanente além da mudança, iria se intensificar de tal maneira<br />
que, nos dias atuais, está muito difícil acompanhar a evolução do ambiente de negócios e do<br />
comportamento de compradores, sejam eles organizacionais ou consumidores finais.<br />
Na verdade, parece um chavão falar de dinâmica<br />
dos negócios e do ambiente, mas o fato é que<br />
verdades antigas não têm nos ajudado muito a passar<br />
pela turbulência. Elege-se governos de ideologias<br />
diferentes, incorpora-se novas tecnologias e, apesar<br />
disso, há sempre um sentimento de que não estamos<br />
conseguindo fazer tudo quanto se deveria fazer para<br />
passarmos incólumes pelas crises ou, ao menos, para<br />
permanecermos vivos e com alguma perspectiva.<br />
Essa angústia tem levado muitas empresas a<br />
aperfeiçoar seus processos atuais (o que também<br />
é necessário), porém sem questionar se eles ainda<br />
têm valor de fato. Busca-se certificações, estruturase<br />
a gestão da qualidade, implementa-se a gestão<br />
de projetos, mas pouco se questiona a validade<br />
desses processos, supondo que a simples repetição<br />
melhorada do que fizemos até agora é suficiente<br />
para enfrentar os novos desafios que o mundo dos<br />
negócios nos impõe.<br />
Talvez a máxima de Taylor de que “sempre há<br />
uma melhor maneira de realizar um trabalho” esteja<br />
superada, pelo menos em parte. O que se exige agora<br />
é fazer diferente, não apenas fazer melhor. O melhor<br />
pode não ser suficiente porque as condições não são<br />
mais as mesmas. O mundo mudou, o cliente mudou<br />
e nossas empresas também mudaram.<br />
Então, será que não deveríamos desaprender<br />
e começar do zero? Exercitar nossa capacidade de<br />
análise a partir da visão do nosso cliente tal como ele<br />
é hoje (tenha ele os níveis que tiver) e não do ponto<br />
de vista de um cliente que já tivemos e que não é<br />
mais o mesmo? Há ferramentas para isso. O velho<br />
e bom planejamento estratégico continua muito<br />
válido enquanto filosofia que nos conduz a projetar<br />
o que queremos ou necessitamos, mas precisa cada<br />
vez mais de diagnósticos abrangentes e técnicos.<br />
Sentar com um grupo e revisar a Matriz Swot<br />
anterior não é mais a melhor maneira de planejar.<br />
Há de se começar como se fosse a primeira vez, sem<br />
paradigmas ou premissas arraigadas e, acima de<br />
tudo, sem percepções individuais que podem ser<br />
enganosas, porquanto decorrentes de experiências<br />
vividas, a maior parte de sucesso, é bem verdade,<br />
mas fora do contexto atual.<br />
Isso é disrupção, então? Exatamente, porém não<br />
apenas tecnológica, como tendemos a interpretála.<br />
Vai muito além e, me arrisco a dizer, começa pela<br />
disrupção da gestão, adotando cada vez mais técnica<br />
para validar ou modificar o feeling. É essa junção<br />
de intuição com técnica que pode nos tornar mais<br />
competitivos, mais produtivos e, de modo particular,<br />
mais orientados para o mercado. Para isso, é preciso<br />
desenvolver nossa percepção a partir do ambiente<br />
externo, e não de nossas crenças e arcabouço de<br />
conhecimento acumulado, tanto pessoal quanto<br />
empresarial. O passado já não nos ensina muito<br />
porque há um novo que não repete o velho.<br />
Considerar essa nova realidade pode não nos<br />
levar ao sucesso pleno, mas certamente contribui<br />
para minimizar os efeitos de não fazer o certo. Pense<br />
nisso um pouco!<br />
Ivan Polidoro<br />
Administrador • Consultor de Planejamento e Gestão Estratégica, Marketing e Vendas • icp@terra.combr<br />
<strong>Revista</strong> VOA • Edição 01 • Setembro de 2019
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