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#2 Revista Voa

Publicação bianual do IDEF - Instituto de Desenvolvimento da Empresa Familiar com foco nos temas de Gestão e Governança Corporativa.

Publicação bianual do IDEF - Instituto de Desenvolvimento da Empresa Familiar com foco nos temas de Gestão e Governança Corporativa.

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Edição 02 • Ano 01 • MARÇO de 2020 • www.idefamiliar.com.br

MEMÓRIAS & APRENDIZADOS

MAGDA REGINA

WORMANN

Coragem, foco e determinação

na carreira profissional

Gestão do negócio

Agricultura

Familiar

A responsabilidade

dos herdeiros na

gestão do PATRIMÔNIO

PESQUISAS

Roadmap de empresas

portuguesas

Metodologia de

Gerenciamento

de Riscos na EATON


Agente Autônomo de Investimento

Bento Gonçalves • Tv. Fernandes Vieira, 81, sl. 403a - Cidade Alta

Caxias do Sul • Av. Therezinha Pauletti SanVitto, 208, sala 306, Desvio Rizzo

Telefone: 55 54 3452.4551



EXPEDIENTE

A Revista VOA é uma publicação bianual

do Instituto de Desenvolvimento da

Empresa Familiar - IDEF

/índice

PROJETO EDITORIAL

Conselho Editorial

Hana Witt

Gabriela Marcon

Ricardo Wisintainer

Tiago Falavigna De Biasi

Direção

Hana Witt

Memórias &

Aprendizados

08 / A Trajetória

de Magda Regina Wormann

Ex-secretária municipal de Gestão e Finanças

fala sobre o quanto a coragem e a determinação

impulsionaram sua carreira

11/ Mulheres, suas carreiras e

diversidade na alta gestão

A tendência global por

equidade de gênero em

cargos executivos

Editora de conteúdo

Gabriela Marcon | Jornalista MTb 9307

Reportagens

Gabriela Marcon

Hana Witt

Revisão técnica

Mariana Oselame | Jornalista MTb 13.040

Finanças

16 / A importância de educar os filhos

para administrar um patrimônio

O empreendedor Valdomiro Valente Remussi

compartilha sua visão e experiência

PROJETO GRÁFICO

Danielle Rossi

Colaborou nesta edição:

PhD. Ana Paula Marques

Universidade do Minho, Portugal

Impressão: Gráfica São Miguel

Tiragem: 1500 exemplares

Gestão do Negócio

20 / Programa “Sucessão Rural Familiar”

Iniciativa da Sicredi Pioneira RS contribui para o

fortalecimento do agronegócio regional

26 / Silvestrin Frutas

De pequena propriedade rural à

grande empresa de logística

Distribuição: Serra Gaúcha

Março de 2020

Revista VOA

Conhecimento é Semente

Publicação orientada para

Governança e Gestão Empresarial

Copyright: IDEF

idef@idefamiliar.com.br

Pesquisas

Ética & Integridade

28 / Roadmap Empresas Familiares Portuguesas

Projeto da Universidade do Minho investiga a governança na região Norte do país

32 / Gerenciamento de riscos

A metodologia utilizada pela empresa Eaton

Agenda

35 / Cursos e Eventos

www.idefamiliar.com.br



Caro leitor,

Partilhando

Saberes

Empoderando

Pessoas

Perpetuando

Negócios

Com o propósito de partilhar saberes e de empoderar as famílias

empresárias contribuindo na perpetuação de seus negócios, a segunda

edição da revista VOA se compromete, mais uma vez, a desenvolver

conteúdos de referência e com a profundidade necessária para dar luz

a temas fundamentais e necessários de serem discutidos no ambiente

empresarial. Para isso, novas histórias, entrevistas, cases e pesquisas são

apresentados.

Histórias de sucesso não surgem ao acaso. Carreiras bem-sucedidas

são resultado de um planejamento de longo prazo, de muito foco e

determinação. Nesta edição, a revista compartilha a trajetória de uma

mulher executiva que, agindo dessa forma, chegou ao topo de sua carreira.

Para complementar, a VOA aprofunda este tema com informações e dados

sobre a equidade de gênero em cargos executivos, uma discussão cada vez

mais presente no ambiente empresarial.

Ao desvendar os desafios da gestão na agricultura familiar, a revista

apresenta uma extensa matéria sobre a iniciativa do Sicredi para sucessão

rural, com histórias de famílias que inspiram e trazem um novo olhar a esse

importante segmento de negócios.

Reforçando o caráter educacional da revista VOA, trazemos, nesta

segunda edição, um assunto que precisa ser difundido no ambiente das

famílias empresárias: a preparação dos filhos para administrar o patrimônio.

Buscando experiências internacionais e boas práticas empresariais,

a VOA ainda apresenta a pesquisa realizada com empresas familiares

em Portugal, fruto de uma parceria entre iniciativa privada, governo e

universidade, além de uma matéria sobre a metodologia utilizada pela

EATON para o gerenciamento de riscos corporativos. Ambas as matérias

têm o intuito de provocar as famílias empresárias e a comunidade na busca

por novas soluções para questões empresariais recorrentes.

Desejo que esta leitura provoque as reflexões necessárias para a tomada

de boas decisões!

Hana Witt

Fundadora do IDEF



/ Memórias & Aprendizados

A TRAJETÓRIA DE

MAGDA REGINA WORMANN

Alcançar posições de destaque sempre foi uma meta constante na carreira de Magda Wormann,

primeira mulher a assumir as secretarias municipais de Gestão e Finanças e da Receita de Caxias

do Sul, a segunda maior economia do Rio Grande do Sul. Com experiência de mais de 30 anos na

área de Ciências Contábeis, ela recebeu a revista VOA para falar sobre aspectos que a levaram a

concretizar planos e, mais do que isso, a realizar grandes sonhos profissionais. É uma trajetória

que envolve foco no trabalho e no estudo, coragem e determinação, e que inspira e motiva outras

mulheres a irem ao encontro de seus propósitos.

por Gabriela Marcon

Ainda são poucas as mulheres que têm

a preocupação de elaborar uma estratégia

de desenvolvimento de suas carreiras. Sem

planejamento, muitas atividades e oportunidades

que surgem no meio de uma trajetória, ou são

interrompidas ou nem chegam a se concretizar.

Às vezes, o que falta é conexão consigo mesmas

e saber o que realmente se quer no contexto

profissional. Há embates, desafios e barreiras, mas

também histórias de conquistas que envolvem

muita dedicação para construir uma carreira sólida.

Em Caxias do Sul, encontramos na personalidade

de Magda Regina Wormann muito foco no trabalho

e no estudo. Graduada em Ciências Contábeis há

duas décadas, ela nunca parou de se qualificar e

soma, hoje, 32 anos de atuação nesta área. Em

2018, exatamente no dia em que completou seu

56° aniversário, ela realizou um grande sonho

profissional: assumir duas secretarias que tratam

de assuntos da Fazenda na cidade que representa

a segunda maior economia do Estado.

O fato de ser a primeira mulher que esteve

à frente das pastas responsáveis pela Gestão,

Finanças e Receita do município é resultado de

uma equação planejada para somar e crescer, que

abrange coragem, disposição e humildade para

alcançar objetivos. Além disso, é uma questão de

transmitir confiança às pessoas enquanto líder.

“Ao tratar de qualquer tema, precisamos ir a fundo,

estudar, conhecer. Liderança é conquistar pessoas.

Para se ter sucesso na vida, em qualquer situação,

é necessário sentir prazer naquilo que se faz e ter

empatia, se colocando no lugar do outro e tentando

perceber como ele se sente com a minha atitude e

com a ação que estou tomando”, afirma.

A CARREIRA

Fundadora de uma empresa de contabilidade

que já completou 25 anos de mercado, Magda tem

pós-graduação em Administração Financeira e

Gestão Estratégica de Custos. O encanto pela área

vem de longe. A princípio, não era a opção que ela

havia escolhido, mas acabou ingressando no Curso

Técnico de Contabilidade no Colégio Nossa Senhora

do Carmo. Na primeira aula, então na adolescência,

recorda que se identificou por completo com a

matéria e disse: “É isso que quero para a minha

vida”. Magda trabalhava dia e noite para pagar

os estudos. Quando se formou, em 1984, já havia

atuado como escriturária no Banco Mercantil do

Brasil e como secretária em várias empresas.

Naquela época, pensando em ser conselheira,

Magda foi acumulando mais experiência ao

ingressar no Sindicato dos Contadores e Técnicos

em Contabilidade de Caxias do Sul. Porém, quando

engravidou da primeira filha, pediu demissão da

entidade para prestar assessoria em contabilidade

a pequenas empresas. Foi quando surgiu a

oportunidade de trabalhar no escritório de

Waldevino Novello, “um grande marco da

profissão”, como ela define. “Mesmo grávida,

o senhor Waldevino me abriu uma porta.

Extremamente competente, lembro dele

dizendo para o filho que a faculdade não trazia

conhecimento suficiente, que era preciso ler

e estudar mais e mais. Eu prestava atenção e

levava aqueles ensinamentos comigo. Os bons

exemplos nos impulsionam, nos fazem seguir

em frente e vencer na vida dentro daquilo que

queremos”, ensina.

“Falta coragem às mulheres.

A minha vem de toda uma vida.

Tive de ser forte para superar

obstáculos e preconceitos,

sempre tendo de provar minha

capacidade, que a gente mostra

com competência. E para ter

competência é preciso ter

conhecimento e humildade”.

Ao adquirir conhecimento na parte fiscal,

de legislação e departamento pessoal, ela

queria ter seu próprio negócio. “Sabia que tinha

capacidade para isso”, diz. Magda abriu seu

escritório em casa e passou a fazer o imposto

de renda, a contabilidade e folha de pagamento

para o Sindicato dos Taxistas de Caxias do Sul,

atividade que considera um divisor de águas

da carreira, pois muitos clientes começaram

a surgir a partir dali. Aos 31 anos e com dois

filhos, Magda firmou sociedade com uma

amiga que, à época, tinha uma grande empresa

da cidade como cliente. “Tínhamos duas

mesas, uma máquina de calcular e outra de

datilografar, que logo seria substituída pelo

primeiro computador. Se precisasse, virava a

noite trabalhando”, lembra.

1978

1981

1983

1985

1987

1994

2000

2000/07

2001/13

2003

2007

2014/15

2016/17

2018/19

2018/19

Trilha do

Conhecimento

Recepcionista

TDE Serete Engenharia - SP

Escriturária

Banco Mercantil do Brasil

Técnico em Contabilidade

Colégio Nossa Senhora do Carmo - Caxias do Sul

Secretária

Sindicato dos Contabilistas de Caxias do Sul

Contadora autônoma

Fundadora da empresa Meta Contabilidade Ltda.

Bacharel em Ciências Contábeis

Universidade de Caxias do Sul - UCS

Integrante do Conselho da Mulher Empresária

CIC de Caxias do Sul

Diretora do Sescon Serra Gaúcha

Primeira mulher a participar da diretoria • 2001/03

Suplente da Diretora de Eventos e Negócios • 2004/10

Diretora de Integração Regional • 2010/13

Pós-graduação em Admi nistração Financeira

Universidade de Caxias do Sul - UCS

Pós-graduação em Gestão Estratégica de Custos

Universidade de Caxias do Sul - UCS

Vice-presidente de Controle Interno

Conselho Regional de Contabilidade do RS

Experiência em gestão pública

Vice-presidente de Desenvolvimento Profissional

Conselho Regional de Contabilidade do RS

Membro da Comissão de Educação Continuada

Conselho Federal de Contabilidade, representando

o Estado do Rio Grande do Sul

Secretária de Gestão e Finanças e da Receita

Prefeitura Municipal de Caxias do Sul

Revista VOA • Edição 02 • Março de 2020

9



Memórias & Aprendizados / A Trajetória de MAGDA REGINA WORMANN

CORAGEM, FOCO E DETERMINAÇÃO

Magda conta que sempre foi muito determinada e

focada naquilo que considera ser o caminho correto.

Para ela, é importante saber se relacionar com

entidades que agreguem conhecimento. “Gosto de

conversar e de conciliar, procurando não criar conflitos

para trabalhar em harmonia. Porém, quando tenho

de me impor, me imponho. Toda minha trajetória

me ajudou a chegar onde estou porque vamos

aprendendo com os outros. É uma troca”, reflete.

Sua obstinação a levou a atingir outro cargo até

então nunca ocupado por mulheres em Caxias do

Sul. De 2001 a 2003, Magda Wormann foi a primeira

mulher a participar da diretoria do Sindicato das

Empresas de Serviços Contábeis, Assessoramento,

Perícias, Informações e Pesquisas, o SESCON - Serra

Gaúcha. Entre 2004 e 2013 foi diretora de Eventos

e Negócios e diretora de Integração Regional da

entidade, onde criou o evento “Mulher em Foco”, que

em 2019 chegou à sua 12ª edição com o objetivo de

contribuir para o desenvolvimento de empresárias

contábeis e para o fortalecimento do setor. Indicada

para ser conselheira suplente no SESCON, ela

também assumiu a vice-presidência de Controle

Interno e de Desenvolvimento Pessoal do Conselho

Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul.

“Saber ouvir as pessoas é um dos

aprendizados que tive. Nem sempre

devemos falar. E a mulher nunca

é ouvida o suficiente. Tem de ter

firmeza. Sempre que posso as indico

para cargos, desde que tenham

competência e perfil para liderar”.

“Tudo isso fez com que eu me destacasse, fosse

para o Conselho e me tornasse vice-presidente

da entidade. Aprendi que em um grande grupo

de pessoas é preciso levar informações coesas

e uniformes, mesmo que haja divergência com

alguém. É um aprendizado que tive, inclusive, para

administrar minha empresa”, afirma. Com forte

atuação nas entidades da categoria, ela estava

caminhando em direção àquilo que, até então,

era um grande sonho de carreira: ser secretária

municipal da Fazenda. “Como sempre me mantive

Revista VOA • Edição 02 • Março de 2020

atualizada, pensava no quanto poderia contribuir

com a cidade tendo em vista todo o conhecimento

que havia adquirido. A contabilidade é uma ciência

que requer planejamento, orçamento, tudo o que

sempre estudei muito”, diz.

Quando o convite para ser secretária municipal

de Gestão e Finanças e da Receita foi formalizado,

Magda não desperdiçou a chance e mergulhou nos

estudos sobre contabilidade pública. “Senti emoção

porque era um sonho que estava se concretizando”,

revela.

“Liderança é saber conquistar as

pessoas. Para ter sucesso na vida,

em qualquer situação, é preciso ter

empatia, se colocando no lugar do

outro e tentando perceber como ele

se sente com a minha atitude e com a

ação que estou tomando”.

Trabalhando na esfera do poder público, ela

conta que descobriu ter capacidade para a gestão de

pessoas, conquistando-as para que elas trabalhem

a favor daquilo que é melhor para a comunidade. A

ex-secretária municipal destaca, ainda, que saber

ouvir é um dos principais aprendizados que teve na

vida. “Nem sempre devemos falar, e a mulher nunca é

ouvida o suficiente. Tem de ser muito forte. Sempre

que posso indico mulheres para cargos, desde que

tenham competência e perfil de liderança”.

Com pulso firme e forte atuação por onde passa,

Magda Regina Wormann continuou buscando

capacitação ao participar do Fórum Mulheres em

Conselhos, realizado pelo Capítulo Rio Grande do Sul

do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa

(IBGC), em Porto Alegre. E compartilha com

outras mulheres sua expertise, mostrando êxitos

e dificuldades. “Meu nome é sagrado. Portanto,

é preciso zelar pela reputação. Tento inspirar as

mulheres a terem coragem para assumir cargos e

responsabilidades maiores no âmbito da carreira,

pois falta a elas coragem. Não é apenas no ambiente

de trabalho que enfrentamos situações que nos

bloqueiam. É fundamental estar motivada e saber o

que realmente se quer para a vida”, ressalta.

MULHERES NA ALTA GESTÃO /

Mulheres, suas carreiras

e diversidade na

alta gestão

O entendimento de que empresas com diversidade de gênero

nas posições estratégicas têm melhor desempenho nos

negócios já está aceito pelo mundo empresarial.

Mesmo assim, muitas organizações não

assumem esse compromisso como estratégia

formal, o que resulta em uma presença ainda

insignificante de mulheres em altos cargos

de gestão. Muitas delas, mesmo tendo

ótima formação e qualificação para

cargos seniores, não conseguem

alcançar posições de destaque

em suas carreiras, fato que tem

sido objeto de estudo de várias

instituições de pesquisa no

Brasil e no mundo.

por Hana Witt

“Menina Sem Medo” de Kristen Visbal,

representa a luta da mulher pela igualdade.

Foi inaugurada no coração financeiro de

Nova York no Dia da Mulher, em 2017.

Conforme a 15ª edição do International Business

Report (IBR) – Women in Business – Construindo um

Plano de Ação, realizado em 2019 pela Grant Thornton,

nos últimos cinco anos, a proporção de empresas

globais que empregam pelo menos uma mulher na alta

administração subiu 20 pontos percentuais, sendo 12

pontos apenas em 2018. Entretanto, globalmente, a

proporção de mulheres em cargos de liderança ainda

não atingiu o nível mínimo esperado (30%) para

tratarmos como um início à paridade de gênero.

As lideranças entrevistadas para o relatório

apontaram as principais barreiras que haviam

superado no caminho até o topo. Dentre elas, encontrar

tempo em paralelo às principais responsabilidades do

trabalho (32%), a falta de acesso às oportunidades de

trabalho e desenvolvimento (27%) e responsabilidades

fora do ambiente profissional (25%). O estudo

mostra, também, que de acordo com o progresso

global positivo registrado, 75% das empresas estão

tomando medidas deliberadas para melhorar a

diversidade de gênero como garantia de acesso igual

às oportunidades de desenvolvimento (34%), criação

de uma cultura inclusiva (31%) e maior flexibilidade no

trabalho (29%).

Recentemente, a pesquisa Panorama Mulher

2019, feita pela Talenses e Insper com 532 empresas

brasileiras, documentou a evolução da presença das

mulheres nas posições de comando nas organizações

nos últimos três anos. O dado obtido pelo estudo -

25% de mulheres em posição de liderança - mostra

que os esforços para a paridade de gênero ainda estão

longe de serem alcançados. Estima-se, aliás, que sejam

necessários 202 anos para eliminar totalmente a

desigualdade de gênero na economia mundial.

11



Buscando avaliar o que impede as mulheres de

atingirem o topo da carreira, outro estudo, realizado

pela Bain&Company (2013), aponta alguns fatores

interessantes, estruturados em três correntes

de pensamento. O primeiro deles diz respeito às

prioridades conflitantes. Quarenta e cinco por cento

dos 514 entrevistados (entre homens e mulheres),

enxergam no conflito de prioridades a principal

razão para o baixo número de mulheres em cargos

de liderança. Na visão desse grupo, as mulheres não

chegam ao topo por causa de desafios associados ao

equilíbrio entre trabalho e família, ou porque dão

preferência a um estilo de vida mais balanceado. Os

entrevistados também consideram que a carreira

das mulheres avança mais lentamente ou não

avança por conta da combinação de compromissos

profissionais e familiares.

Outro aspecto tem relação com as diferenças

de estilo. Um segundo grupo de participantes

(totalizando 32%) lista esse fator como sendo crítico

para a mulher assumir posições de liderança, pela

tendência em “ficar para trás” apenas porque atua

de modo diferente do homem em um ambiente

profissional. Os entrevistados apontam que

as mulheres fazem menos marketing de suas

experiências e habilidades, e que as diferentes

perspectivas que elas trazem para as equipes não

são realmente valorizadas nas organizações.

O viés organizacional é o terceiro fator apontado

pelo estudo da Bain&Company. Em um grupo menor

de respondentes (somando 23%) há uma visão cética

em relação às barreiras que impedem as mulheres

de progredir. São fatores do contexto corporativo,

misturados a questões de estilo e capacitação,

citando como exemplo o fato de haver menos

mulheres com experiência e background necessários

às posições de alta liderança. Esse grupo considera

que alguns setores e posições são mais adequados

ao estilo masculino, e que líderes deste sexo estão

mais propensos a indicar ou promover profissionais

que tenham perfil semelhante ao seu.

Diante desse cenário e da tendência global por

equidade de gênero, as organizações precisam se

adaptar aos novos tempos. Dentre as ferramentas

possíveis de serem utilizadas estão: programas

de desenvolvimento de carreira específicos

para mulheres; estabelecimento de métricas de

avaliações de desempenho de forma equitativa;

Revista VOA • Edição 02 • Março de 2020

proporcionar iguais oportunidades de carreiras, e

trabalhar fortemente na cultura corporativa para

incentivar de maneira consistente a mudança de

comportamento de toda liderança.

Já o papel das mulheres neste processo de mudança

é muito importante. Elas precisam ser protagonistas

de suas trajetórias. Apesar de todas as dificuldades,

o avanço da carreira depende de uma postura de

maior aceitação ao risco e de mudanças internas e, às

vezes, profundas. Características intrínsecas, traços

culturais e o medo constroem a maioria das barreiras

enfrentadas, que dependem de decisões próprias para

que o modo de agir seja diferente.

A empresária norte-americana Sheryl Sandberg,

em seu livro Faça Acontecer, destaca que a mulher

enfrenta constantemente o medo de não ser

apreciada, o medo de fazer a escolha certa, o medo

de atrair uma atenção negativa, o medo de ser uma

fraude, o medo de ser julgada, o medo do fracasso e a

santíssima trindade do medo: de ser má filha, mãe e

esposa. Sheryl encerra o assunto citando a seguinte

questão: “O que você faria se não tivesse medo”?

Entrevista /

Michelle Squeff, coordenadora-geral do Capítulo Rio Grande do Sul do Instituto

Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), fala sobre as iniciativas relacionadas

à diversidade em conselhos de administração. O IBGC – organização sem fins

lucrativos – contribui para o desempenho sustentável das organizações por

meio da geração e disseminação de conhecimentos das melhores práticas em

governança corporativa.

Qual a sua análise sobre a diversidade de gênero nos

conselhos de administração de empresas brasileiras

em relação a outros países?

A diversidade de gênero nos conselhos de

administração das empresas brasileiras ainda

caminha a passos lentos. A publicação Brasil Board

Index 2019, da Spencer Stuart, aponta para uma

evolução tímida, embasada na pesquisa realizada

desde 2015 e que, em 2019, contemplou mais de

186 companhias listadas no Novo Mercado, N1 e

N2. Como resultado, observamos que o percentual

médio internacional de mulheres em conselhos de

administração é de 24,1%. No Brasil, esse percentual

é de 10,5%, ou 8,2% (se excluídas as suplentes). Se

considerarmos apenas as conselheiras titulares não

pertencentes ao grupo controlador, o percentual cai

para 6,2%. Além disso, 53% dessas empresas não têm

mulheres no board, quando a média internacional é

de apenas 17%. Outro dado interessante é o número

de mulheres que já realizaram o curso de conselheiras

de administração do IBGC. Desde o ano 2000, já

passaram por ele mais de 6.500 pessoas, sendo

1.282 mulheres. Na comunidade de conselheiros

certificados do IBGC, composta por 1.143 pessoas, 192

são mulheres.

Como o IBGC pretende mudar ou já está mudando

esta realidade? Existe alguma ação específica do

Capítulo Rio Grande do Sul?

No âmbito nacional, o IBGC criou um Comitê

Diversidade em Conselho, que mantém um

programa de mentoria para conselheiras pelo qual já

passaram quase 150 mulheres desde 2014. Em 2020,

se encaminha para a quinta edição. O programa é

gratuito e é realizado em parceria entre o IBGC, a

B3, a International Finance Corporation (IFC) e a

WomenCorporateDirectors (WCD). Inspirado por esse

movimento, em 2018 o Capítulo Rio Grande do Sul

do IBGC lançou o Fórum de Mulheres em Conselho,

iniciativa idealizada por mim e também por Doris

Wilhem, Lires Bilibio e Rose Russowski, reunindo 30

mulheres em sua primeira edição. O grupo se dividia

entre conselheiras já atuantes em organizações

de diferentes portes e segmentos e uma futura

geração de conselheiras. Na segunda edição do

Fórum, em 2019, o grupo cresceu e passou a contar

com 45 mulheres. A pauta dos encontros foi variada

e contemplou as grandes temáticas que orientam a

atuação de conselheiros de administração, sempre

combinando teoria e prática e promovendo dinâmicas

interativas. Em 2020, o Capítulo Rio Grande do Sul

pretende ampliar o alcance e impacto desse grupo:

além dos encontros da terceira edição do Fórum,

estão previstas ações de advocacy em prol da causa

da diversidade em conselhos a partir da elaboração de

um banco de talentos para promover ações concretas,

visando o aumento do número de mulheres em

posições de conselho.

Em termos de inscrições, como vem sendo a

participação das mulheres nos cursos de conselheiros

de administração realizados pelo Capítulo Rio Grande

do Sul?

Em 2016, dos 44 inscritos, seis foram mulheres. Em

2017, tivemos 48 inscritos, sendo 14 mulheres. No ano

seguinte, também foram 48 pessoas inscritas, oito

delas mulheres. E em 2019, os cursos de conselheiros

de administração tiveram a participação de 46

pessoas, sendo nove mulheres.

Diante das iniciativas do IBGC, quais resultados

você considera mais perceptíveis?

As iniciativas do IBGC já surtiram resultados no

Rio Grande do Sul. Conectamos conselheiras de todo

o Estado nos encontros do Fórum, promovendo

um networking qualificado que, inclusive, ensejou

oportunidades de negócios e vagas em conselhos.

Integrantes do Fórum fizeram a formação para

conselho de administração do IBGC e, em 2020,

pretendem obter a certificação como CCI - Conselheiras

Certificadas Independentes do Instituto. O número

de associadas do IBGC-RS cresceu significativamente

desde a primeira edição do Fórum, em 2018. Temos

um total de 41 associadas no Capítulo Rio Grande

do Sul, sendo que 11 delas se associaram em 2019.

Também sensibilizamos a comunidade gaúcha para a

causa. Com as ações previstas para 2020, esperamos

novos resultados, concretizando os objetivos do

grupo de modo a consolidar um banco de dados com

as conselheiras do Estado, incentivar a formação e

desenvolvimento de mulheres como conselheiras de

administração e aumentar o número de conselheiras

certificadas no Rio Grande do Sul.



/ Informe Publicitário

CONTADOR,

UM PARCEIRO DO

AGRONEGÓCIO

Diante das especificidades do setor

agrícola, é fundamental, para o empresário

rural, contar com a eficiência de um

profissional de contabilidade

A atividade agrícola se diferencia de outros

setores da economia como o comércio e a

indústria por estar sujeita às intempéries do

clima e por depender dos recursos naturais.

Devido a essa especificidade, o empresário

do setor agrícola precisa manter, entre outros

aspectos, a rigidez do processo produtivo e

a sazonalidade da produção, utilizando a

tecnologia a favor da diminuição da margem

de perdas provocadas, por exemplo, por

alterações climáticas.

O setor convive, ainda, com outros riscos

relacionados à logística precária em um país

de dimensões continentais, às dificuldades de

armazenamento e às políticas de formação de

preços, que impactam consideravelmente - de

forma negativa - nos negócios.

Diante deste cenário, a figura do contador

se faz necessária. É ele, com sua experiência

e conhecimento nas leis e tributos, que poderá

orientar a melhor opção para o regime tributário

da atividade e os reflexos na pessoa física do

produtor.

O contador pode ser o principal parceiro

do empresário rural na busca por uma gestão

eficiente e voltada ao crescimento dos negócios.

Razão Centro Contábil • Caxias do Sul — Rua Sinimbú, 520/10° Andar — 54 3028.1551

ContaSul • Novo Hamburgo — Rua Joaquim P. Soares, 560/901 — 51 3398.9763

Razão POA • Porto Alegre — Av. Praia de Belas, nº 1212 sala 1420 — 51 3508.4248

www.envelrazao.com.br

Desde 1965 cuidando da sua contabilidade para você poder cuidar do seu negócio



/ Finanças

EDUCAr OS FILHOS PARA

ADMINISTRAR o PATRIMÔNIO

Educar os filhos para gerir um patrimônio herdado é tão ou mais desafiador do

que construí-lo. Diante dessa realidade, a revista VOA compartilha nesta edição a

experiência de Valdomiro Valente Remussi, empreendedor que veio do interior do Rio

Grande do Sul, formou-se no Curso Técnico de Contabilidade e, desde então, não parou

de ler e estudar sobre tudo o que considera essencial para si mesmo e para os filhos.

Com simplicidade e clareza de ideias, ele expõe algumas verdades e preocupações em

relação ao conhecimento necessário sobre finanças. Ciente da importância de seu

papel de pai, o empresário nos conta um pouco de sua história, como fez para superar

os obstáculos do início da carreira profissional e sua forma de orientar os filhos para

que estes saibam dar continuidade ao seu legado.

por Gabriela Marcon | Hana Witt

EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA A VIDA

“A educação financeira é a base de tudo que

você vai fazer na vida. Quando eu vim do interior,

lembro que a primeira coisa que me perguntei

foi: Como vou enfrentar este mundo com tanta

gente competente? Como vou alcançar o sucesso?

Concluí que deveria aprender um pouco de tudo

para dominar as coisas que iriam surgir. Então fui

aprender contabilidade, um pouco sobre contratos,

finanças e comecei a ler livros de economia, porque

essa é a base de tudo para qualquer profissão, tanto

para um arquiteto, engenheiro, psicólogo, médico,

para um pequeno, médio ou grande empresário.

Não adianta ser o melhor ou a melhor

profissional do mercado se você não tem gestão

financeira para gerir sua renda. Você pode delegar

algumas coisas, mas você tem de fiscalizar tudo,

sempre, além de conhecer matemática, fluxo de

caixa, ter noção de contabilidade, um pouco de

finanças, tudo isso é importante.”

“Sempre digo que o patrimônio

é da família, não é meu, e precisa

continuar sendo produzido para

as gerações seguintes, dando

perpetuidade”.

ORIENTAR OS ESTUDOS DESDE O INÍCIO

“Quando começamos a dar mesada aos nossos

filhos para arrumar a cama e lavar a louça também

estamos começando a educá-los financeiramente.

Tem muita gente que diz: ‘Dou dinheiro para meu

filho e ele faz o que quiser, depois lá na frente o

problema é dele’. Isso não vai resolver o problema,

isso é bolsa família! Se você quer ser eleito pelos

filhos para ser o pai querido, faça isso, você está

comprando votos através do bolsa família! Tem

de ensinar, fazer fluxo de caixa e acompanhar.

Mostrar as melhores alternativas de investimentos

e deixar fazer para aprender. Orientar sobre

a questão tributária também é importante.

Atualmente, são muitas variáveis neste quesito.

Outro ponto importante é criar estruturas para

abrigar os investimentos facilitando a sucessão do

patrimônio para futuras gerações. Se os pais não

sabem nada, não tem problema, podem buscar o

conhecimento e aprender ao passo que ensinam os

filhos. Sempre digo que o patrimônio é da família,

não é meu, e precisa continuar sendo produzido

para as gerações seguintes, dando perpetuidade.

Quanto mais cedo puder começar a ensinar, melhor.

Então o que fazer para educar os filhos nesse

sentido? Atualmente, existem muitos cursos de

educação financeira, estágios em empresas, mas

envolvê-los é fundamental! Dar responsabilidades,

orientar e conversar em casa. Deixa fazer, não é

problema cometer erros. O problema, mesmo, é

nunca ter feito por medo de errar, isso sim, é um

grande erro. Quando eles veem o ganho, vão vibrar.

Não é só cobrar e dar mesada, isso é não fazer

nada. Só na conversa não funciona, precisa fazer.

Não concordo com aprender apenas com os erros

dos outros, é preciso cometer seus próprios erros

para aprender de verdade.”

“Uma coisa importante é saber

administrar o tempo: usá-lo

a favor para produzir. Com o

dinheiro não se compra tempo,

mas com o tempo se pode

produzir muito dinheiro. Visito

profissionais de gestão de

patrimônio, vou na fonte falar

com o gestor do negócio e sempre

gostei de ler notícias”.

“Quanto mais cedo puder começar

a ensinar, melhor. É importante

orientar e conversar dentro de

casa. Deixa fazer, não é problema

cometer erros. O problema, mesmo,

é nunca ter feito por medo de errar,

isso sim, é um grande erro”.

BUSCAR O QUE É PRECISO SABER

“No início da minha carreira profissional, fiz

alguns cursos, mas estes que fiz, hoje, estão

todos ultrapassados. Minha trajetória de vida veio

sempre com a busca de informações, conhecimento

e de fazer, fazer, fazer. E de tanto fazer vem a

experiência que é tudo o que se precisa. Uma coisa

importante é saber administrar o tempo: usálo

a favor para produzir. Com o dinheiro não se

compra tempo, mas com o tempo se pode produzir

muito dinheiro. Visito profissionais de gestão de

patrimônio, vou na fonte falar com o gestor do

negócio e sempre gostei de ler notícias. Mesmo

quando não tinha patrimônio, pensava: Como vou

me defender? Então buscava informação, lendo

livros de economistas há muito tempo. Essas

coisas a gente aprende indo atrás, não é algo

pronto. Vai atrás, aprende com as informações

que têm no mercado, vê o que é certo e o que cabe

para você. O que não cabe, deleta! Não espere

que você vá ganhar dinheiro entregando as coisas

para os outros fazerem, você pode ‘delegar’ mas

não ‘entregar’. Aprendo e leio todos os dias. Tinha

momentos em que não entendia três palavras do

que lia, daí lia mais uma vez. Vou atrás e prefiro as

coisas que me fazem pensar. Assim, minha mente

fica mais jovem”, finaliza Remussi.

Revista VOA • Edição 02 • Março de 2020

17



Finanças / EDUCAr OS FILHOS PARA ADMINISTRAR o PATRIMÔNIO

Para contribuir com este tema, a revista VOA

também conversou com a consultora financeira

Elena Susin, profissional com mais de 30 anos de

experiência neste mercado. Em Caxias do Sul, ela

é instrutora do módulo sobre responsabilidade

financeira do programa “Jovens do Futuro –

Capacitando a Nova Geração”, desenvolvido pela

Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC).

“Eles aprendem a compreender conceitos sobre

economia que irão contribuir para a construção de

uma base equilibrada na relação entre o dinheiro

e o consumo consciente, em busca de uma vida

financeira saudável”, afirma. Em 2019, 28 jovens com

idades entre 15 e 18 anos participaram do programa.

A formação econômica do sucessor e a

competência financeira são pilares que devem ser

desenvolvidos. “É fundamental que os herdeiros

deem continuidade ao trabalho que os provedores

fizeram, pois eles ergueram um patrimônio que

os filhos têm a responsabilidade de cuidar”, avalia

Elena. A maioria dos jovens sucessores não busca

aprender sobre finanças de forma natural, no

seu dia a dia, sendo raras as exceções em que

eles têm a iniciativa de se aprofundar no tema.

Para contribuir com esta deficiência, o ensino

escolar também não traz em sua grade curricular

conteúdos sobre finanças, deixando, assim, uma

lacuna no conhecimento dos jovens sobre educação

financeira. Elena considera, ainda, que a visão da

responsabilidade financeira é, na verdade, parte de

um contexto em que há carência de aprendizado

na população de várias classes sociais. “Mesmo nos

ambientes onde há mais conhecimento, muitos

jovens não sabem o que é, por exemplo, inflação e

o quanto isso pode impactar a curto e a longo prazo

no seu patrimônio”, explica.

A consultora financeira aponta que uma das

formas de zelar pelo patrimônio já adquirido pelos

fundadores é olhar para o mercado financeiro

como um aliado, buscando entender sobre taxas

de juros, metas de inflação, políticas econômicas,

enfim, conceitos básicos de economia que farão

a diferença na tomada de decisões sobre gestão

de patrimônio. Compreender sobre os diferentes

tipos de investimentos que o mercado financeiro

oferece para fazer o seu patrimônio crescer é

essencial em um cenário em que as taxas de juros

atuais são as menores praticadas nos últimos anos

na economia brasileira. “Os sucessores precisam

ser protagonistas de suas histórias, adquirindo

conhecimento, estudando, buscando informações

ou, até mesmo, uma assessoria de profissionais

nesta área de gestão de patrimônio para a conquista

de melhores resultados”, ressalta.

“Desde criança, é possível começar

a entender que existe diferença

entre poupar, economizar e investir

dinheiro. Poupar é guardar parte do

que se ganha. Economizar significa

não gastar desnecessariamente.

Investir é buscar uma remuneração

para a reserva conquistada”.

Aspectos como o consumo consciente e o

entendimento de que é possível e necessário tomar

crédito em algum momento da vida, desde que isso

seja analisado da forma correta e compreendendo

a finalidade da utilização do recurso, devem estar

na pauta da família. As diferentes linhas de crédito

disponíveis no mercado financeiro irão atender

às diversas necessidades da família. Porém, elas

precisam ser negociadas de forma consciente e com

total conhecimento das cláusulas de um contrato.

“Em algumas situações é melhor adiar a decisão

de consumir algo que precisa ser adquirido com

financiamento e, a partir desse contexto, passar

a ter responsabilidade no sentido de que os filhos

podem, eles mesmos, começar a administrar seu

patrimônio”, complementa Elena, que ensina lições

básicas que têm como ponto de partida o diálogo

entre pais e filhos. “Acredito na questão do poupar,

no consumo consciente, para depois investir o

seu dinheiro. Desde criança, é possível começar

a entender que existe diferença entre poupar,

economizar e investir dinheiro. Poupar é guardar

parte do que se ganha. Economizar significa não

gastar desnecessariamente. Investir é buscar uma

remuneração para a reserva conquistada.”

Na visão de Elena Susin não existe uma idade

definida para começar a educar os herdeiros em

relação ao uso do dinheiro, pois isso parte do

convívio entre as pessoas de um núcleo familiar,

desde os primeiros anos de vida, de uma forma

construtiva e prazerosa, e não como sendo algo

difícil de entender. “O dinheiro é um instrumento

de troca, então ele deve ser entendido como

algo simples de ser tratado, e não algo místico.

Normalmente, ninguém quer falar quanto se ganha

e quanto se tem, mas as pessoas vivem e têm

projetos e objetivos juntos”, analisa.

Revista VOA • Edição 02 • Março de 2020



/ Gestão do Negócio

Programa de sucessão rural

fortalece a economia da regiÃo

Ao perceber que as famílias de produtores rurais estavam perdendo força por falta de

sucessores, a Sicredi Pioneira RS decidiu se mobilizar e agir. Desde 2017, com a criação do

programa Sucessão Rural Familiar, muitas famílias estão aprendendo sobre gestão de suas

propriedades e, dessa forma, sendo preparadas para fazer seus negócios crescerem com

a continuidade do trabalho pelos filhos. Subsidiado pela primeira cooperativa de crédito

da América Latina, localizada em Nova Petrópolis, o programa está fazendo a diferença no

segmento ao transformar a realidade dos negócios na agricultura familiar, principalmente

através do diálogo entre pais e filhos, fortalecendo as relações familiares e, consequentemente,

o desenvolvimento econômico da região.

por Gabriela Marcon

A preparação enquanto família para o crescimento

do negócio é o grande trunfo do programa Sucessão

Rural Familiar, criado há pouco mais de dois anos

pela Sicredi Pioneira RS. Olhando para o aspecto

do aprendizado e da educação que impulsiona e

desenvolve economias, o programa se tornou uma

marca registrada da tradicional agência de Nova

Petrópolis, fundada em 1902 por um padre suíço

e um grupo de 20 produtores rurais. Destinado

aos produtores associados que têm filhos ou

parentes jovens com interesse em permanecer nas

propriedades, o programa foi idealizado pelo Conselho

de Administração da cooperativa, em parceria com

entidades e produtores do agronegócio regional.

“Visualizamos que a sucessão rural é um fator crítico

de sucesso para o desenvolvimento da região, pela

representatividade do agronegócio em nossa matriz

econômica. Por isso, precisávamos fazer algo, pois

vários agricultores estavam deixando de produzir

por falta de sucessores. Não adiantava termos este

cenário e ficarmos olhando para as propriedades

envelhecendo, sem inovação e com os filhos indo

embora”, conta o diretor de Negócios da Sicredi

Pioneira RS, Luiz César Wazlawick.

Com duração de dois anos e ênfase na capacitação

das famílias de agricultores, o programa possui

atividades práticas e teóricas, tendo como prérequisito

de participação a presença dos pais e filhos.

Revista VOA • Edição 02 • Março de 2020

Ou seja, é necessário que toda a família se envolva.

A partir desse movimento, o grupo também visita

propriedades dos próprios participantes, além de

fazer viagens técnicas para fora do Estado para

conhecer a estrutura da cadeia produtiva de empresas

do segmento. “Além do conteúdo programático

que envolveu a sucessão de empreendimentos

rurais, tendências de mercado, gestão de custos e

da qualidade, foi uma oportunidade para o grupo

refletir quanto às mudanças comportamentais e de

visão sobre o negócio familiar, bem como valorizar

o histórico de cada um, tanto pela perspectiva dos

pais quanto dos filhos”, acrescenta Glauco Schultz.

Professor de pós-graduação em Agronegócio e em

Desenvolvimento Rural, vinculado ao Departamento

de Economia e Relações Internacionais da UFRGS,

ele foi convidado pela cooperativa para atuar na

concepção pedagógica do programa.

Ao acompanhar a execução das ações, Schultz

percebeu o amadurecimento das famílias e a

melhoria das relações humanas, que refletiram na

reorganização das contas, implantação de novos

processos, motivação, cooperação e mais segurança

para a tomada de decisões. “A sucessão vai além

das questões técnicas. Nos deparamos com a

complexidade do relacionamento de gerações e o

quanto a capacidade de diálogo pode fazer a diferença

no planejamento de uma propriedade rural”, atesta.

Na primeira turma, 23 famílias pertencentes à

área de abrangência da Sicredi Pioneira RS iniciaram

o programa, sendo que 14 concluíram os 10 módulos

e se formaram em outubro de 2019. “A formatura

foi um momento especial, com famílias que nunca

haviam conquistado um diploma e se sentindo

orgulhosas de si mesmas”, lembra Wazlawick.

Segundo ele, o programa (que está com a segunda

e terceira turmas em andamento) vem gerando um

impacto forte nas famílias. “Não apenas sobre o

conhecimento que eles adquiriram, mas também na

relação entre eles. Houve muita conversa, com o pai

e a mãe entendendo que o filho tem de participar

ativamente na construção de ideias e estratégias, e

ser remunerado de acordo com a função que exerce,

algo que trabalhamos bastante nas aulas”.

TRABALHO, GESTÃO E PLANEJAMENTO

Para que a transformação e a evolução

aconteçam, o ambiente da família deve ser propício

à aceitação de mudanças. Na avaliação realizada

com a primeira turma, foram identificados quatro

principais impactos sociais e econômicos do

programa: a mudança comportamental; a melhoria

na organização e no trabalho; a implantação e o

aperfeiçoamento da gestão financeira; e a troca de

conhecimento entre os participantes, construindo

uma nova rede de relacionamentos. Para Wazlawick,

o segredo do sucesso do programa é proporcionar

o diálogo verdadeiro entre os familiares, o que

fortalece o relacionamento entre pais e filhos. “Ter

esse momento de transparência e divisão de papéis,

responsabilidades e competências que fazem parte

da construção de uma empresa é muito importante.

Além disso, o programa fez surgir o plano de negócio

das propriedades. Todas as famílias ampliaram o

entendimento sobre a atividade, enxergando na

diversificação um potencial de expansão”.

A Sicredi Pioneira RS já investiu, desde o início do

programa, mais de R$ 252 mil no desenvolvimento

da sucessão rural familiar, imprescindível

“Visualizamos que a sucessão rural

é um fator crítico de sucesso para

o desenvolvimento da região, pela

representatividade do agronegócio

em nossa matriz econômica. Por isso,

precisávamos fazer algo, pois vários

agricultores estavam deixando de

produzir por falta de sucessores”.

para a continuidade da produção agrícola nas

comunidades - as famílias não precisam apresentar

uma contrapartida para participar. A mão-de-obra

nas propriedades é essencialmente familiar, sendo

que alguns integrantes trabalham em outros

setores (indústria e comércio da região) e residem

na propriedade (pluriatividade). “Não estamos

preocupados com o custo para viabilizar o programa,

e sim, com o impacto que ele está gerando. Até

mesmo quem não se formou na primeira turma agora

quer voltar e continuar”, acrescenta. Os projetos

futuros das famílias com relação às atividades

agropecuárias são: aumentos dos pomares;

diversificação dos cultivos; mudanças nos canais

de comercialização; implantação de agroindústria;

aumento das benfeitorias na propriedade (galpão);

sistema de irrigação; vendas diretas no mercado;

compra de máquinas; implantação de câmara fria;

ordenha robotizada e; turismo rural.

Apesar dos resultados não serem imediatos, pois

refletem na transformação de comportamentos,

alguns dos maiores benefícios adquiridos pelo

grupo são o respeito familiar, a maior autonomia

e a consciência patrimonial. “Acreditamos que o

programa tangibiliza o nosso propósito de Juntos

Construímos Comunidades Melhores, auxiliando

diretamente na educação e formação dos produtores,

diversificando os negócios, aumentando a gestão e

produtividade, agregando renda e, principalmente,

buscando melhorar a qualidade de vida“, completa

Luiz César Wazlawick.

SISTEMA SICREDI

A Sicredi Pioneira RS possui, hoje, 155 mil associados em uma área de atuação de 21 municípios. Com crescimento médio

anual de 20%, em 2019 o lucro líquido da cooperativa ultrapassou a marca dos R$ 83 milhões. No Brasil, todo o sistema de

crédito está presente em 22 estados, com 1800 agências, 28 mil colaboradores e quatro milhões de associados, gerando

R$ 3,1 bilhões de resultado em 2019.

21



Gestão do Negócio /

Os desafios Da gestão

na agricultura

familiar

“Ficamos orgulhosos por ele estar aqui. A gente sabe que é puxado, precisa

trabalhar muito, mas os filhos enxergam além. Estudando, eles ampliam a visão

do negócio e pensam em coisas diferentes para agregar valor à propriedade”.

Simone Motter Uez

A sucessão é um dilema que preocupa as famílias

empresárias não apenas da cidade, mas também do

interior. Os filhos crescem e começam a tomar suas

próprias decisões. No contexto dessas famílias,

sejam elas da área urbana ou rural, há uma história

e a construção de um legado. “A ideia do meu filho

é continuar na propriedade. E a melhor herança que

podemos deixar a ele é o estudo, uma boa educação.

Estudando, eles ampliam a visão do negócio e

pensam em coisas diferentes para agregar valor à

propriedade”, diz Simone Motter Uez.

Aos 46 anos, ela conta que nasceu, cresceu

e começou a ajudar a família desde cedo, assim

que conseguiu alcançar as uvas nos parreirais em

meio ao cultivo da fruta iniciado pelo bisavô na

localidade da Terceira Légua, em Caxias do Sul.

Simone aprendeu a administrar a propriedade com

os irmãos e, quando casou, há 21 anos, passou a

dividir a gestão com o marido, Vilmar, 52. “Tenho

oito irmãos. Todos casaram, criaram asas, saíram

daqui. Quando meu pai faleceu, fiquei com a minha

mãe tocando a propriedade”, conta ela. Dentre os

principais desafios da gestão de uma propriedade

rural, o marido de Simone destaca a falta de mãode-obra

qualificada, o preço mínimo da uva vendida

às vinícolas e atravessadores inadimplentes. A

família se mantém concentrada no cultivo de três

variedades de uva (com uma colheita média anual

de 80 mil quilos) e frutas cítricas (em especial

quatro variedades de bergamota), que têm um ciclo

mais longo.

A maior parte da produção é comercializada no

Ponto de Safra, programa da Prefeitura Municipal

de Caxias do Sul que existe há 20 anos, onde

Vilmar e Simone aproveitam para levar temperos,

hortaliças e frutas cultivadas para consumo

próprio, como açafrão, gengibre, batata yacon,

carambola, jabuticaba e butiá. “Sempre plantamos

um pouco a mais porque tem uma boa aceitação

pelo consumidor. Assim, vamos diversificando o

negócio”, afirma Vilmar.

O pai reconhece a importância do filho na

continuidade da administração da propriedade,

que possui seis hectares de uva e 2 mil pés de

citrus. “A gente tem muito ainda pela frente,

mas se o Victor não tivesse interesse seria um

problema. Aqui na comunidade tem produtor

com quase 80 anos de idade trabalhando

sozinho porque os filhos não ficaram. Então

a falta do sucessor na família rural é um

problema”, acrescenta.

EDUCAR PARA SUCEDER

O investimento na educação dos sucessores,

para que eles consigam enxergar a agricultura

familiar com uma visão estratégica e ajudem a

fortalecer o negócio no futuro, teve influência

direta no caminho escolhido pelo filho mais velho

do casal, Victor Motter Uez. Aos 18 anos, ele está

no terceiro semestre da faculdade de Agronomia,

na Universidade de Caxias do Sul (UCS). “No

começo, achava que não tinha vocação, não

pensava em seguir. Depois do segundo ano de

Efaserra comecei a ver o nosso potencial e a

pensar na hipótese de ficar. Coloquei a mão na

massa junto com meus pais, terminei o curso

técnico e decidi continuar estudando, sem fugir

da área”, relata o jovem.

Na Efaserra – Escola Família Agrícola da Serra

Gaúcha, que também fica na Terceira Légua –

Victor concluiu o Curso Técnico em Agropecuária.

Através de um projeto pedagógico focado nas

propriedades rurais, a escola incentiva os alunos

a criarem soluções de fomento à agricultura,

promovendo a qualificação profissional concreta e

eficaz do jovem da área rural, dando continuidade

aos agronegócios familiares e valorizando o

legado de seus antepassados. “Meus pais me

ensinaram a ter vontade de trabalhar, a ver que

aquilo que produzimos dá certo. Muita coisa

aprendi em casa, de um jeito simples, depois

adquiri mais conhecimento no curso técnico, e

agora, na faculdade, estou analisando tudo de

forma mais detalhada. Dá para relacionar os dois

e isso é o máximo”, reconhece Victor.

Em 2018, a pesquisa “A Mulher na

Empresa Familiar”, realizada pelo IDEF com

82 respondentes – entre esposas e filhas de

fundadores de empresas familiares da Serra

Gaúcha –, incluiu um recorte com mães de alunos

da Efaserra, sendo todas produtoras rurais de

três municípios da região, dentre elas Simone,

mãe de Victor.

Revista VOA • Edição 02 • Março de 2020

23



Gestão do Negócio / OS DESAFIOS dA Gestão na Agricultura Familiar

Por meio das respostas desse grupo específico

de mulheres foi possível constatar que 89% das

propriedades rurais são comandadas pela família.

“O objetivo foi observar como estas famílias

tratam o processo sucessório, considerando o

trabalho pedagógico da escola”, diz a pesquisadora

e fundadora do IDEF, Hana Witt. O papel da escola

é tão relevante que 66% das mães disseram que

os filhos querem permanecer nas propriedades.

De acordo com elas, os herdeiros também trazem

assuntos financeiros que aprenderam na Efaserra

para casa e conversam sobre qual seria a melhor

forma de investir no negócio. Em 78% dos casos,

as mães falam sobre o futuro da propriedade com

seus filhos.

“Continuar é uma responsabilidade. As gerações anteriores

administravam o negócio de qualquer jeito e dava certo.

Hoje em dia não dá para fazer de qualquer jeito.

Temos de ser profissionais na agricultura”.

Victor Motter Uez

“Adotamos práticas corretas,

respeitamos limites.

A rastreabilidade na

agricultura vai diferenciar

os produtores

que são sérios daqueles

que só querem vender”.

Victor Motter Uez

“Antigamente, as famílias tinham a lógica de

não fazer muita conta, comprando os insumos

que precisavam para produzir. Produzi, deu tanto.

Lucrei, então está dando certo. Não lucrei, está

dando errado. Era essa a gestão”, resume Victor.

Para ele, continuar é uma responsabilidade. “As

gerações anteriores administravam o negócio de

qualquer jeito e dava certo. Hoje em dia não é mais

assim. Temos de ser profissionais na agricultura”,

observa. Conforme Hana, “se percebe que a escola

influencia não somente os filhos, mas o sistema

familiar inteiro”. A pesquisadora complementa

que os resultados deste recorte validam a missão

que a escola está buscando realizar junto às

famílias rurais da região, nos convidando a refletir

se na zona urbana temos escolas preocupadas

em contribuir com a permanência dos jovens na

sucessão de empresas familiares. “Não havendo

essa contribuição por parte das escolas, a

responsabilidade de continuidade da gestão

familiar nos negócios recai totalmente na família,

em especial nas mães”.

Na questão de recursos, caso seja necessário

buscar, a família Motter Uez encontra suporte por

meio de linhas de financiamento da cooperativa

Sicredi, considerada por Vilmar o “braço forte”

do pequeno agricultor. Eles contam, ainda, com

assessorias técnicas de instituições públicas

como Emater e Embrapa, além de participarem

do programa Juntos para Competir do Serviço

Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS), que

desenvolve as principais cadeias produtivas do

Rio Grande do Sul através de ações de formação

e capacitação profissional para melhorar a

qualidade dos produtos e agregar valor à

produção agropecuária.

“Meus pais me ensinaram a ter

vontade de trabalhar e a ver que

aquilo que estamos fazendo dá

certo. Muita coisa técnica aprendi

em casa, e agora, na faculdade,

estou analisando de forma mais

detalhada. Dá para relacionar os

dois e isso é o máximo”.

Victor Motter Uez

A propriedade da família também já está seguindo as regras do

sistema de rastreabilidade de produtos – norma federal que estabelece

a obrigatoriedade de informações de origem em todas as frutas

e hortaliças. A identificação pode ser feita por meio de etiquetas

impressas com caracteres alfanuméricos, código de barras, QR Code

ou outro sistema que permita identificar a qualidade dos produtos

de forma única, sem equívocos. “Se o produtor não tiver um bom

caderno de campo da propriedade, com o histórico de registros de

práticas de plantio, amadurecimento e colheita, não vai conseguir gerar

rastreabilidade. Nós adotamos práticas corretas, respeitamos limites.

E a rastreabilidade na agricultura vem para diferenciar os produtores

que são sérios daqueles que só querem vender”, reforça Victor.

A pesquisa Famílias Rurais surgiu

a partir de um recorte da pesquisa

Mulher na Empresa Familiar,

ambas realizadas pelo IDEF.

Para outras informações e dados

sobre essas e outras pesquisas,

acesse o código abaixo.

Revista VOA • Edição 02 • Março de 2020

25



Gestão do Negócio /

De pequena propriedade rural

à grande empresa de logística

Uma grande família com uma pequena produção rural. Dessa forma, João Silvestrin

define o início de seu trabalho na agricultura junto aos pais e irmãos no município

de Farroupilha. Reforçando que o incentivo familiar em relação aos estudos foi

fundamental para o seu desenvolvimento profissional, o empresário, que vislumbrou

no kiwi um produto próspero, também criou um negócio especializado em importação e

exportação de frutas que hoje está entre os maiores do segmento no Brasil.

“Aprendi que trabalhar sozinho é mais Ao relembrar do início de seu trabalho no

difícil. É preciso buscar pessoas que tenham ramo da agricultura, o empresário destaca

sintonia com o seu pensamento e a sua visão o fator educacional. “A família transmite

de negócio, e manter o foco no crescimento. princípios que norteiam a nossa conduta e nos

Nesse sentido, é importante que o dinheiro mantêm alinhados. A vida nos abre janelas que,

que se ganha seja reinvestido. Quando os às vezes, parecem ser importantes, mas não

interesses dos sócios estão dispersos, o estão de acordo com aquilo que acreditamos. E

negócio enfraquece”, afirma o empresário João são os valores que nos colocam no rumo”, ensina.

Fernando Silvestrin, 60 anos, que muito tempo Ele conta que os pais enxergavam nos estudos

antes de começar a trabalhar com logística e uma alavanca para desenvolver os filhos. “No

transporte de frutas foi seminarista e cursou verão, além de estudar, a família inteira ficava

duas faculdades: Filosofia e Direito.

em casa, ajudando eles na colheita da uva,

nada de praia. Éramos uma grande família com

Nascido em uma família de produtores uma pequena produção rural”. Aos 23 anos,

rurais, ele tem nove irmãos, dentre os quais Silvestrin começou a se envolver, de fato, com as

dois também são sócios-fundadores da questões relacionadas à agricultura no âmbito

Silvestrin Frutas – hoje um grupo de seis dos negócios. Isso ocorreu quando ele assumiu

empresas, com 550 funcionários, matriz e a presidência do Sindicato dos Trabalhadores

filiais localizadas em dois estados brasileiros Rurais de Farroupilha. Na entidade, o então

(Rio Grande do Sul e São Paulo) e no Distrito produtor rural organizava viagens para fora do

Federal, e faturamento anual próximo aos R$ Brasil com agricultores da região, para conhecer

400 milhões.

a atividade do cultivo de frutas em países como

Chile, Uruguai e Argentina.

Foi no Chile que ele e o irmão enxergaram que

o kiwi era originário de uma região parecida com a

Serra Gaúcha. Por volta de 1989, eles decidiram que

iriam trabalhar com aquela fruta exótica, até então

inexistente no Brasil, e importaram 10 mil mudas

chilenas. O projeto era substituir as parreiras pelo

kiwi, que era muito valorizado à época. “Observamos

que cultivar mudas para comercializar era viável

não apenas para a nossa família, mas também para

outros agricultores”, revela. No primeiro ano, um erro

técnico causou a perda de toda produção de 50 mil

mudas e, consequentemente, de um ano de trabalho.

“Foi um desastre. Até plantar a muda novamente,

esperar amadurecer, colher, vender e ganhar dinheiro

demoraríamos muito tempo. Então resolvemos

trabalhar também com a fruta”.

A primeira carreta do Chile, com 22 mil quilos de kiwi,

chegou em Farroupilha no ano de 1991. Para Silvestrin, o

que fez a família tomar a decisão de iniciar este negócio

foi o estado de necessidade, de querer melhorar as

condições de vida. “O kiwi era novidade, vimos nele um

produto próspero, com que poderíamos ter uma boa

fonte de renda”, conta. Com o passar do tempo e os

negócios crescendo, os irmãos adquiriram um box na

Ceasa em Porto Alegre e começaram a importar outras

frutas, como maçãs do Chile e da Argentina. Havia

chegado a hora de aprimorar a gestão e constituir,

de fato, uma firma. “Nossa ideia era criar um negócio

especializado em importação de mudas e frutas com a

condição de que ninguém seria remunerado. Vivíamos

de outras economias. Chamamos outro profissional, de

fora da família, para tocar a parte comercial”, afirma.

A matriz da Silvestrin Frutas foi na casa do

irmão. Depois, eles negociaram a compra de meio

hectare de área de um vizinho para construir a

estrutura e comprar equipamentos adequados

para armazenar os produtos. Já com a empresa

criada, o empresário recorda de um acordo que

fez com os irmãos. “Nunca misturamos o dinheiro

da empresa com o dinheiro pessoal. Quando você

faz uma boa venda se vê com a possibilidade de

receber um bom dinheiro, mas dentro do nosso

planejamento a empresa distribuiu resultados

para os sócios apenas a partir de 2003. Antes

disso, passamos a receber dois salários mínimos,

que reinvestíamos no negócio”.

Conforme o empresário, os filhos só

irão assumir cargos de gestão se estiverem

preparados para isso, apresentando resultados.

Atualmente, a empresa está reestruturando a

gestão do negócio, que inclui o desenvolvimento

de novas lideranças. A filosofia e a missão

continuam as mesmas desde a fundação, em

01/12/94: dentro do segmento de frutas há um

mundo a ser explorado. As frutas comercializadas

pela Silvestrin têm três origens: local (Rio

Grande do Sul), de outras regiões brasileiras

(principalmente o Nordeste) e do exterior. A

empresa já exporta caqui para o Canadá, sendo

que a previsão para 2020 é a de negociar cerca

de 140 toneladas. Anualmente, são importados

três milhões de quilos de kiwi do Chile, da Nova

Zelândia e da Itália, incluindo cinco variedades.

Revista VOA • Edição 02 • Março de 2020

27



/ Pesquisas

Roadmap

empresas familiares

portuguesas

Assim como no Brasil e na região da Serra Gaúcha, as empresas familiares de

Portugal representam a maioria dos sistemas empresariais, sendo cruciais

para o desenvolvimento social e contribuindo de forma significativa

com a economia local. Nesta edição da VOA, compartilhamos os

principais dados do relatório Empresas Familiares da Região

Norte – Mapeamento, Retratos e Testemunhos, realizado pela

Universidade do Minho (UMinho).

por Hana Witt

Algumas semelhanças interessantes com a

região da Serra Gaúcha podem ser percebidas

na caracterização das empresas participantes

do projeto Roadmap para Empresas Familiares

Portuguesas, em especial, o modelo de

governança, a participação das mulheres e

as questões de sucessão. Coordenado pela

professora e investigadora da Universidade do

Minho, a PhD. Ana Paula Marques, o projeto é

uma iniciativa pioneira, orientado para identificar

as empresas familiares e os fatores críticos

de sucesso de empresas da região do Norte de

Portugal. A pesquisa foi feita em parceria com o

Centro Interdisciplinar em Ciências Sociais, Polo

UMinho (CICS-UMinho) e Associação Empresarial

de Portugal (AEP).

De acordo com a professora, o tecido

empresarial português é muito pequeno, formado

por “nano empresas”, geralmente marido, mulher

e filhos. O número estatístico para caracterizar as

grandes empresas é de 1%, tratando-se, portanto,

de uma economia muito fragmentada e que,

por isso, tem muitas fragilidades. “Elas vivem o

dia a dia, com uma gestão de sobrevivência para

gerir diariamente tudo. Um ou dois empresários

fazem muitas coisas ao mesmo tempo, tem uma

particularidade

quase doméstica,

como o próprio espaço de

habitação”, explica.

O projeto cruzou dados

estatísticos convencionais

econômicos e financeiros, com

informações mais aprofundadas como,

por exemplo, modelos de governança e sucessão,

organização empresarial e perfis dos recursos

humanos. O resultado foi um mapeamento das

empresas familiares por distrito, o que permitiu a

atualização dos dados sobre este setor econômico,

bem como o reconhecimento de seu impacto

financeiro e de criação de emprego no mercado,

junto às entidades governamentais e econômicas.

Quase metade das empresas pesquisadas

localizam-se na área metropolitana do Porto,

sendo relativamente jovens, com menos de

20 anos de existência. São sobretudo micro

e pequenas empresas, constituídas como

sociedades por quotas. A área de negócio focalizase,

em especial, no comércio, na indústria

transformadora e nos serviços/consultoria,

incluindo o setor de turismo e informática.

Estima-se que as empresas familiares

de Portugal representem de 70% a 80%

do total de empresas do país, absorvendo

50% da força de trabalho e contribuindo

com 2/3 do PIB. São negócios que

apresentam diversos perfis em função

de aspectos como dimensão, setores

de atividade, antiguidade, mercados de

exportação, grau de profissionalização e

governo. Além disso, elas potencializam a

O capital social é detido majoritariamente por membros familiares

(94,3%), havendo ausência de participações de membros não familiares

em mais de 90% dos casos, indiciando um comportamento de reserva,

que busca privilegiar sobretudo relações de parentesco consanguíneo

na sua estrutura de gestão. Também foi possível constatar que há

uma maior permeabilidade da presença de mulheres com laços de

parentescos na gerência, fator explicável, em grande parte, pelo papel

de proprietária/acionista, ainda que uma proporção significativa

mantenha já funções de gestão ou direção.

Quanto à preparação da nova sucessão, há 22% de expectativa de

realizar uma mudança na gestão entre os próximos três a cinco anos.

Neste caso, a mudança passará pela transferência da propriedade

entre familiares, sendo menos provável a abertura do capital social a

membros não familiares ou a venda da empresa. Para a maioria das

empresas familiares portuguesas, o sucessor da liderança da empresa

deve ser procurado naturalmente no seio da família, sendo poucas

as que admitem a entrada de gestores/líderes externos ou dentro do

quadro de colaboradores/trabalhadores. Segundo Ana Paula Marques,

há uma vertente nova de empresas muito profissionalizadas com a

segunda geração, com formação acadêmica que trazem evolução do

ponto de vista da inovação.

Razões que sustentam o estudo

identificação de novas oportunidades de

inovação e transmissão de conhecimento

em uma perspectiva intergeracional e de

longo prazo. Empresas familiares são

portadoras de um “rosto”, de um legado

com capacidade de atração e fixação de

recursos humanos e desenvolvimento

de comunidades locais, em especial

em zonas geográficas fora dos grandes

centros.

Revista VOA • Edição 02 • Março de 2020

29



Pesquisas /

O interessante e peculiar em Portugal é que o

pai e a mãe permanecem com uma empresa e o filho

tende a criar outra, aprofundando ou explorando um

segmento do mercado. Essa estratégia é utilizada

pelas famílias portuguesas como forma de solucionar

eventuais problemas de conflito de gerações e a

convivência da gestão no dia a dia. Pode também

resultar em uma oportunidade de negócio identificada

pela geração de sucessores, em regra filhos ou filhas

jovens e qualificados academicamente.

Acesse o link para mais informações

sobre o projeto Roadmap de

Empresas Familiares Portuguesas.

O relatório Empresas Familiares da Região

Norte – Mapeamento, Retratos e Testemunhos

apontou que mapear as empresas familiares

(EFs) é de importância crucial para Portugal e

Europa. “Elas possuem uma tipologia empresarial

dominante e contribuem significativamente

para o produto nacional bruto e a criação de

emprego. Assumem uma importância estratégica

pela socialização para a iniciativa, o risco e a

capacidade de identificação de potenciais áreas

de negócio. São também relevantes para a coesão

territorial de qualquer comunidade local pela sua

durabilidade e ligação histórica do(a) fundador(a)

da mesma”, avalia Ana Paula Marques. Este

projeto foi financiado pelo NORTE-02-0853-FEDER,

inserindo-se no eixo prioritário do “Sistema de

Apoio às Ações Coletivas – Qualificação”, com o

objetivo temático de “Reforçar a competividade

das pequenas e médias empresas”.

Revista VOA • Edição 02 • Março de 2020



/ Ética & Integridade

GERENCIAMENTO DE RISCOS

NA EATON CORPORATION

por Hana Witt

Compreender a natureza do risco é parte importante do cenário empresarial atual.

A cada escolha, novos riscos surgem, tornando o gerenciamento parte importante do

processo decisório de todas as organizações. A gestão de riscos precisa estar diretamente

relacionada ao planejamento estratégico e aos objetivos de negócio, otimizando os

resultados de forma consolidada.

O gerenciamento de riscos corporativos não

é uma área específica de uma empresa. Está

muito mais ligado à cultura e às práticas que as

organizações realizam, iniciando na definição

da estratégia até o momento da sua execução,

indo muito além de controles internos e sendo

aplicado a todos os níveis e todas as funções da

organização.

Conhecer boas práticas contribui para o

aprendizado e melhoria de performance. Para

isso, VOA conversou com o Gerente de Engenharia

Industrial da unidade da EATON de Caxias do Sul,

Alexandre Gardin.

Como o gerenciamento de riscos corporativo é

entendido pela sua organização?

A EATON tem por prática há mais de uma

década conhecer e implantar práticas de

Gerenciamento de Riscos Corporativos. A

liderança reconhece que riscos são inerentes a

todo e qualquer processo, sejam eles conhecidos

ou não. Por outro lado, a EATON tem em sua

missão e valores o compromisso de atendimento

aos requisitos de seus “stakeholders” (clientes,

acionistas, fornecedores, funcionários e

sociedade), e assim, o planejamento preventivo

para eliminação e/ou redução da gravidade de

riscos é uma necessidade e parte integrante

de “como fazer negócio da forma certa”. Para

isso, utilizamos globalmente uma vasta gama

de meios de aprendizado, incluindo lições

aprendidas de outras empresas, benchmarking

interno, conhecimento e utilização de requisitos

e práticas dos clientes, uso de ferramentas como

“Business Continuity Management”, D/P FMEA

(Design/Process Failure Mode and Effect Analysis

– ferramenta de mapeamento e tomada de ação

para redução de riscos na indústria automotiva),

entre outros.

É utilizada a estrutura COSO/ISO 31000 pela EATON?

A EATON utiliza uma metodologia interna,

desenvolvida, implementada pela corporação e que

é continuamente aprimorada. A ISO31000 é uma

destas referências de aprimoramento das práticas

internas. As práticas são regularmente avaliadas e

atualizadas, estando alinhadas globalmente com

o EBS – EATON Business System, que é o modo de

realizar negócios da companhia, e que contempla

políticas, procedimentos, processos e ferramentas

de gestão padronizadas e aplicadas em todas as

localidades da EATON globalmente.

O modelo utilizado é o de “Business Continuity

Management” que consiste na identificação de

riscos inerentes ao processo – riscos estes reais

ou potenciais – a avaliação da sua gravidade e

probabilidade de ocorrência, e a partir destas

informações, a elaboração de ações ou planos de

ação para eliminar os riscos, ou caso seja inviável,

a sua mitigação e/ou atenuação de efeitos.

Quais os principais objetivos do GRC na empresa e

como estão sendo observados os resultados e seus

benefícios para organização?

Por se tratar de uma ferramenta de trabalho

eminentemente preventiva, o reconhecimento

e o planejamento em avançado de ações para

redução de risco deixam a organização e seus

stakeholders menos vulneráveis a efeitos danosos

como interrupção de fornecimento, paralisação

inesperada/indesejada de atividades, lacunas em

sua cadeia de fornecimento, entre outras áreas. As

áreas de atenção e planejamento são tão diversas

quanto transporte de material, riscos de epidemia,

situações de risco de conflitos, avaliação da “saúde”

de fornecedores, riscos de causas meteorológicas

baseadas na região de atuação, e várias outras mais.

Como a empresa vem trabalhando a cultura para GRC?

Tão importante quanto entender e planejar as

ações, é o fato de – na ocorrência de um evento ou

na sua iminência – cada um dos colaboradores da

empresa saiba o que deve fazer. Assim, nos vários

segmentos são tomadas ações de divulgação do

plano de ação, e em muitos casos, da sua aplicação

em forma de simulação, tais quais simulação de

abandono em caso de emergência, recuperação de

desastres no campo de tecnologia de Informação

(cibersegurança), política de manutenção de

inventário de peças e conjuntos finais, entre

outros. E com estas políticas implantadas ao longo

de vários anos a EATON tem se mostrado uma

empresa sólida para seus parceiros e confiável

para seus clientes.

Sobre a empresa

É uma das maiores empresas de gerenciamento

de energia do mundo, fornecendo soluções

inteligentes que ajudam os clientes a gerenciar

energia elétrica, hidráulica e mecânica de

forma mais eficiente, segura e sustentável. Sua

expertise pode ser encontrada em carros de

passeio, caminhões, ônibus, veículos agrícolas,

industriais e fora de estrada, data centeres,

edifícios residenciais e empresariais, estádios

de futebol e em outras inúmeras aplicações

do dia a dia. Em 2018, as vendas totalizaram

US$ 21,6 bilhões. Diariamente, a equipe

de 101 mil talentos em 175 países se dedica

constantemente a melhorar a qualidade

de vida das pessoas, o meio ambiente e a

performance de inúmeros segmentos da

economia e da sociedade.

www.eaton.com.br

SAIBA MAIS:

COSO Gerenciamento de Riscos Corporativos

Integrado com Estratégia e Performance

Enterprise Risk Management (ERM)

IBGC Guia de Orientação para o

Gerenciamento de Riscos Corporativos

Instituto Brasileiro de Governança Corporativa

São Paulo, SP

IBGC 2007

A Lógica do Cisne Negro

O Impacto do Altamente Improvável

Nassim Nicholas Taleb

Rio de Janeiro, RJ

Best Seller, 2007



/ Agenda

17 e 18 MAR • 08 ABR • 12 e 13 MAI • 9 e 10 JUN

Curso para Conselheiros

de Administração

IBGC - INSTITUTO BRASILEIRO DE

GOVERNANÇA CORPORATIVA

Local: Instituto Ling - Porto Alegre - RS

Carga horária: 64 horas

Investimento associado R$ 17.160,00

Não associado: R$ 20.750,00

www.ibgc.org.br

19 MAR

Governança Corporativa

para Startups

IBGC - INSTITUTO BRASILEIRO DE

GOVERNANÇA CORPORATIVA

Local: Sede do IBGC São Paulo – SP

Carga horária: 8 horas

Investimento associado R$ 2.260,00

Não associado: R$ 2.675,00

www.ibgc.org.br

28 e 29 ABR

Governança Corporativa

para Empresas Familiares

IBGC - INSTITUTO BRASILEIRO DE

GOVERNANÇA CORPORATIVA

Local: Sede do IBGC São Paulo - SP

Carga horária: 16 horas

Investimento associado R$ 3.640,00

Não associado: R$ 4.675,00

www.ibgc.org.br

5 e 6 MAI

Gestão

de Riscos

IBGC - INSTITUTO BRASILEIRO DE

GOVERNANÇA CORPORATIVA

Local: Sede do IBGC São Paulo - SP

Carga horária: 16 horas

Investimento associado R$ 3.640,00

Não associado: R$ 4.675,00

www.ibgc.org.br

29 e 30 JUN

Negociação e Resolução

de Conflitos

FDC – Fundação Dom Cabral

Local: Associado Regional, CEDEM Porto Alegre - RS

Carga horária: 32 horas

Investimento: R$ 4.500,00

www.fdc.org.br

10 e 14 AGO

Finanças

Corporativas

FDC – Fundação Dom Cabral

Local: FDC Campus Aloysio Farias Nova Lima - MG

Carga horária: 16 horas

Investimento: R$ 15.120,00

www.fdc.org.br

Cursos & Eventos • CIC

10 e 11 • 17 e 18 de março

Gestão para Resultados

18h30 às 22h30

02 de abril a 26 de dezembro

Jovens do Futuro

14h30 às 18h

25 de março

LGPD – Lei Geral de Proteção

de Dados

8h30 às 17h30

30 de abril

Café com

Informação

7h45 às 9h15

18 de março

CIC Conecta

Rodada de Negócios

17h30 às 19h30

20 e 21 de maio

Sucessão nas Empresas

Familiares

18h30 às 22h30

Informações e inscrições:(54) 3218.8058 / 3218.8038 | www.ciccaxias.org.br

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Partilhando

Saberes

Empoderando

Pessoas

Perpetuando

Negócios

Caxias do Sul • (54) 3039.5889 | Bento Gonçalves • (54) 3452.1277

www.idefamiliar.com.br

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