#2 Revista Voa
Publicação bianual do IDEF - Instituto de Desenvolvimento da Empresa Familiar com foco nos temas de Gestão e Governança Corporativa.
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Finanças / EDUCAr OS FILHOS PARA ADMINISTRAR o PATRIMÔNIO
Para contribuir com este tema, a revista VOA
também conversou com a consultora financeira
Elena Susin, profissional com mais de 30 anos de
experiência neste mercado. Em Caxias do Sul, ela
é instrutora do módulo sobre responsabilidade
financeira do programa “Jovens do Futuro –
Capacitando a Nova Geração”, desenvolvido pela
Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC).
“Eles aprendem a compreender conceitos sobre
economia que irão contribuir para a construção de
uma base equilibrada na relação entre o dinheiro
e o consumo consciente, em busca de uma vida
financeira saudável”, afirma. Em 2019, 28 jovens com
idades entre 15 e 18 anos participaram do programa.
A formação econômica do sucessor e a
competência financeira são pilares que devem ser
desenvolvidos. “É fundamental que os herdeiros
deem continuidade ao trabalho que os provedores
fizeram, pois eles ergueram um patrimônio que
os filhos têm a responsabilidade de cuidar”, avalia
Elena. A maioria dos jovens sucessores não busca
aprender sobre finanças de forma natural, no
seu dia a dia, sendo raras as exceções em que
eles têm a iniciativa de se aprofundar no tema.
Para contribuir com esta deficiência, o ensino
escolar também não traz em sua grade curricular
conteúdos sobre finanças, deixando, assim, uma
lacuna no conhecimento dos jovens sobre educação
financeira. Elena considera, ainda, que a visão da
responsabilidade financeira é, na verdade, parte de
um contexto em que há carência de aprendizado
na população de várias classes sociais. “Mesmo nos
ambientes onde há mais conhecimento, muitos
jovens não sabem o que é, por exemplo, inflação e
o quanto isso pode impactar a curto e a longo prazo
no seu patrimônio”, explica.
A consultora financeira aponta que uma das
formas de zelar pelo patrimônio já adquirido pelos
fundadores é olhar para o mercado financeiro
como um aliado, buscando entender sobre taxas
de juros, metas de inflação, políticas econômicas,
enfim, conceitos básicos de economia que farão
a diferença na tomada de decisões sobre gestão
de patrimônio. Compreender sobre os diferentes
tipos de investimentos que o mercado financeiro
oferece para fazer o seu patrimônio crescer é
essencial em um cenário em que as taxas de juros
atuais são as menores praticadas nos últimos anos
na economia brasileira. “Os sucessores precisam
ser protagonistas de suas histórias, adquirindo
conhecimento, estudando, buscando informações
ou, até mesmo, uma assessoria de profissionais
nesta área de gestão de patrimônio para a conquista
de melhores resultados”, ressalta.
“Desde criança, é possível começar
a entender que existe diferença
entre poupar, economizar e investir
dinheiro. Poupar é guardar parte do
que se ganha. Economizar significa
não gastar desnecessariamente.
Investir é buscar uma remuneração
para a reserva conquistada”.
Aspectos como o consumo consciente e o
entendimento de que é possível e necessário tomar
crédito em algum momento da vida, desde que isso
seja analisado da forma correta e compreendendo
a finalidade da utilização do recurso, devem estar
na pauta da família. As diferentes linhas de crédito
disponíveis no mercado financeiro irão atender
às diversas necessidades da família. Porém, elas
precisam ser negociadas de forma consciente e com
total conhecimento das cláusulas de um contrato.
“Em algumas situações é melhor adiar a decisão
de consumir algo que precisa ser adquirido com
financiamento e, a partir desse contexto, passar
a ter responsabilidade no sentido de que os filhos
podem, eles mesmos, começar a administrar seu
patrimônio”, complementa Elena, que ensina lições
básicas que têm como ponto de partida o diálogo
entre pais e filhos. “Acredito na questão do poupar,
no consumo consciente, para depois investir o
seu dinheiro. Desde criança, é possível começar
a entender que existe diferença entre poupar,
economizar e investir dinheiro. Poupar é guardar
parte do que se ganha. Economizar significa não
gastar desnecessariamente. Investir é buscar uma
remuneração para a reserva conquistada.”
Na visão de Elena Susin não existe uma idade
definida para começar a educar os herdeiros em
relação ao uso do dinheiro, pois isso parte do
convívio entre as pessoas de um núcleo familiar,
desde os primeiros anos de vida, de uma forma
construtiva e prazerosa, e não como sendo algo
difícil de entender. “O dinheiro é um instrumento
de troca, então ele deve ser entendido como
algo simples de ser tratado, e não algo místico.
Normalmente, ninguém quer falar quanto se ganha
e quanto se tem, mas as pessoas vivem e têm
projetos e objetivos juntos”, analisa.
Revista VOA • Edição 02 • Março de 2020