Livreto Um Pouco de Muita Vida - edição 2019
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UM POUCO DE MUITA VIDA<br />
um gran<strong>de</strong> aprendizado.<br />
Algumas vezes a memória das entrevistas acompanhavam silenciosamente<br />
meus dias e me pegava pensando: Qual é a minha relação com o trabalho hoje?<br />
Em que medida a minha atuação profissional se confun<strong>de</strong> com quem eu sou na<br />
íntegra? Quanto sobra <strong>de</strong> mim, ou quem eu sou quando não penso em produzir<br />
algo para alguém? Ou melhor: Eu penso mesmo em ser útil para alguém? Ou tudo<br />
que faço, no fundo, é para me sentir melhor comigo mesmo? Bem, nem todas as<br />
percepções se transformaram em questões existenciais. Algumas tornavam-se,<br />
<strong>de</strong> imediato, num sentimento <strong>de</strong> prazer simplesmente por estar ali; era quando<br />
eu pensava “trabalhar é exatamente isso: é ter o prazer <strong>de</strong> trocar algo com as outras<br />
pessoas”; outras percepções transformavam-se num sentimento <strong>de</strong> esperança<br />
e liberda<strong>de</strong> do tipo “Quando eu me aposentar serei assim, viverei numa busca<br />
tranquila por Ser melhor e estar em sintonia com o mundo”; outras me <strong>de</strong>ixavam<br />
um tanto triste por perceber a dificulda<strong>de</strong> que os anos <strong>de</strong> mergulho intenso no<br />
rotina estruturante do trabalho nos traz, acabamos per<strong>de</strong>ndo a capacida<strong>de</strong> nata<br />
<strong>de</strong> vivenciar a vida em sua completu<strong>de</strong>, para além do Ser que racionaliza, questiona<br />
e produz.<br />
Enfim, não ousarei dizer, embora já ousei pensar, que tenho um material <strong>de</strong><br />
pesquisa em mãos. Embora eu talvez esteja no cume da fase produtiva em minha<br />
vida e, portanto, muitos no meu lugar, transformariam esses conteúdos em artigo,<br />
pesquisa e outras coisas que para mim não fazem sentido, prefiro dizer que<br />
assisti a vários filmes e que eles me ajudaram a refletir sobre ciclos e <strong>de</strong>spedidas.<br />
Na <strong>de</strong>spedida do Ser que trabalha, nos ciclos <strong>de</strong> construção e transformação do<br />
Ego, e em todas as pequenas transformações cíclicas que vão acontecendo ao longo<br />
<strong>de</strong> nossa vida: surgimento <strong>de</strong> pêlos, primeiro amor, caretira <strong>de</strong> motorista, pele<br />
flácida, casamento, careca, formaturas, memória curta, primeiro trabalho, viagens,<br />
aposentadoria. Transformações, ciclos, <strong>de</strong>spedidas, assuntos com os quais<br />
po<strong>de</strong>mos estabelecer mais intimida<strong>de</strong> afim <strong>de</strong> nos harmonizarmos com a natureza<br />
da vida que tem uma sabaedoria intrínseca e faz todos os ciclos acontecerem,<br />
quer aceitemos, quer não. Tudo em nosso mundo é energia em renovação e cada<br />
manifestação energética que fica para trás marca um novo ciclo a partir daquele<br />
ponto. Aceite a nova onda <strong>de</strong> águas renovadas. As águas serão sempre novas se<br />
você permitir.<br />
Jefferson Arruda<br />
Coor<strong>de</strong>nador do Qualivita<br />
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