RCIA - ED. 155 - JUNHO 2018
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Edivilmo Moraes, na Yamaha 31 e Neto<br />
treinos começaram e tudo caminhava<br />
com normalidade, os ajustes de<br />
corrida iam sendo realizados por<br />
Edivilmo e Penha, até que a Yamaha<br />
quebrou. Quebraram os anéis, furou<br />
um pistão e o cilindro teve a sua<br />
“camisa” riscada. Para uma equipe<br />
normal a corrida estava terminada,<br />
para Araraquara, jamais. Edivilmo e<br />
Penha, de Chevette preto, tomaram<br />
o caminho de volta para Araraquara,<br />
somente com o motor e rumaram diretamente<br />
para a fábrica de pistões<br />
Rocatti, abusando da solidariedade<br />
de Joaquim Luis Caratti, que abriu a<br />
sua fábrica e cedeu gratuitamente as<br />
peças a serem repostas. Penha era<br />
genial, tinha sempre uma solução,<br />
além de todo seu conhecimento em<br />
mecânica, era um torneiro mecânico<br />
mágico. Edivilmo também muito talentoso.<br />
Conhecia o sistema eletromecânico<br />
como poucos. Neste intervalo<br />
de tempo, Eduardo Luzia, Dario e<br />
Selvino, com mais posses, foram para<br />
um hotel. Neto, eu, Baiano, Pinho,<br />
Vanderlei, Peixeiro e Edson (Dinho)<br />
Dall’acqua ficamos no autódromo,<br />
onde dormimos. Havia no local um<br />
vestiário simples, com um chuveiro de<br />
água fria, bem modesto, onde ali em<br />
mínimas condições tomamos nosso<br />
banho, que independentemente de<br />
suas condições, para nós estava tudo<br />
ótimo. O dia se recolheu, os treinos<br />
terminaram, a noite ficou estrelada,<br />
os motores foram se calando e restaram<br />
apenas nós no autódromo. A<br />
fome chegou e, como todos bons jovens,<br />
não tínhamos nada para comer,<br />
estávamos à deriva. Por sorte, Baiano<br />
e Pinho descobriram um carrinho de<br />
pipoca, ali deixado certamente para<br />
atender os boxes no dia seguinte, e<br />
com todo talento, o liberaram para<br />
funcionamento, não sobrando milho<br />
para nunca mais. Jantamos pipoca<br />
com os Refrigerantes Mimosa da família<br />
Ciomino, refeição inesquecível.<br />
Fomos acordados às três horas da<br />
manhã do domingo com a chegada<br />
dos dois, o motor já estava “refeito”.<br />
Ato contínuo, com a ajuda de todos,<br />
foi instalado e funcionou ainda no crepúsculo<br />
da madrugada. Serviço feito<br />
e descanso merecido até o sol raiar.<br />
Diante do ocorrido e com tanta<br />
determinação de Penha, meus planos<br />
de realizar uma corrida com a Yamaha<br />
TD2B, foi “justamente” adiado.<br />
Interlagos - Yamaha TD2B e Diogo<br />
Faito. À esquerda, o carrinho de<br />
pipoca e ao fundo, o vestiário<br />
Saudosa Ducati Mark 3, 250cc, do Benê<br />
Com muita determinação, Edivilmo,<br />
Penha, Luzia e Neto fizeram um corridaço<br />
de regularidade, chegando<br />
em posições superiores, muito além<br />
de suas possibilidades. A prova foi<br />
vencida magistralmente por Johnny<br />
Ceccotto e Carlos Alberto Pavan (Jacaré),<br />
dois jovens e pilotos excepcionais,<br />
ficando o segundo lugar para<br />
os pilotos oficiais da Team Yamaha,<br />
Valter “Tucano” Barchi e Nivanor Bernardes,<br />
que substituía Denisio Casarini,<br />
naquele dia acidentado. Tempos<br />
depois, no velho barracão nº 959 da<br />
Rua Carvalho Filho, num daqueles<br />
dias de “Remember”, entre um copo<br />
e outro, onde saudade se confunde<br />
com sonhos não realizados, Baiano<br />
Faito e Pinho me confidenciaram, que<br />
foram para Interlagos neste dia, com<br />
os mesmos objetivos que eu também<br />
sonhara. Imaginavam que na primeira<br />
“sopa”, seriam eles os pilotos substitutos.<br />
Quando perguntei, qual seria<br />
o critério, se por ventura uma vaga<br />
sobrasse, foi uma gargalhada geral,<br />
e cada um de nós, até hoje se sente<br />
no direito de ser o escolhido. O sonho<br />
é de cada um, e quem terá o direito<br />
e a coragem de renunciá-lo....... com<br />
certeza ia ser uma briga interminável.<br />
Restou-me a experiência e a magia de<br />
ter andado anteriormente na Yamaha<br />
TD2B em outras duas oportunidades.<br />
Maravilhosa, 100 km/h em 4 segundos<br />
e 215 km/h de velocidade final.<br />
Velhos tempos, belos dias...<br />
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