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RCIA - ED. 141 - ABRIL 2017

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Se você tem histórias<br />

para contar sobre o<br />

comércio da cidade, entre<br />

em contato com nossa<br />

redação: 3336.4433.<br />

Pesquisa: Roberto Dolfini<br />

MANCHETE DA FOLHA DE SÃO PAULO EM 4/07/1960<br />

Pode faltar pão no Estado;<br />

a farinha só dá até agosto<br />

Benedito de Oliveira, o “prefeito dos<br />

pobres” nos anos 60<br />

Quem abriu a Folha de São Paulo,<br />

naquela segunda-feira, 4 de julho<br />

de 1960, ficou apreensivo com a<br />

notícia: “Estoques de farinha garantem<br />

produção de pães até agosto”.<br />

Em Araraquara, os panificadores não<br />

sabiam o que fazer, depois que o então<br />

presidente do Sindicato da Indústria de<br />

Panificação, André Cecato, informou<br />

que a farinha existente no Estado de<br />

São Paulo seria suficiente apenas para<br />

a produção de pães até agosto.<br />

A falta de farinha de trigo para o pão<br />

já não era uma situação nova nos anos<br />

60. Em 1944 havia escassez de farinha<br />

no mercado interno não só pela menor<br />

produção, mas também porque o país<br />

exportava seu trigo. A falta de farinha<br />

provocou em consequência, a falta de<br />

pão. Então, o governo federal lançou o<br />

“pão de guerra”, integral, mais barato<br />

do que o feito com farinha comum.<br />

Para baratear a produção, aumentouse<br />

a extração da moagem do trigo, de<br />

70% para 85%, aproveitando-se parte<br />

dos envoltórios da semente e do germe<br />

(o atual e preferido “pão integral”).<br />

O pão feito com essa farinha era<br />

escuro e foi rejeitado pelo povo, que o<br />

chamava de pão de pobre. O pão era<br />

duro, com gosto de milho misturado<br />

com areia.<br />

No começo dos anos 60, com nova<br />

crise da farinha, os panificadores<br />

recorriam a quem podiam, no<br />

caso aos prefeitos que por sua vez<br />

pediam aos deputados da sua cidade<br />

que intercedessem junto à COAP<br />

(Comissão de Abastecimento e Preços)<br />

- órgão ligado à Comissão Federal<br />

de Abastecimento e Preços (Cofap),<br />

que passou a ser Superintendência<br />

Nacional de Abastecimento (Sunab),<br />

extinta em 1997.<br />

Em nossa cidade, os donos de padarias<br />

procuravam o prefeito Benedito de<br />

Oliveira que pedia ajuda ao deputado<br />

Scalamandré Sobrinho; ele recebia em<br />

sua casa na região de Santo Amaro,<br />

em São Paulo, os panificadores de<br />

Araraquara. Bastava o telefonema do<br />

deputado à COAP e depois a um dos<br />

moinhos da época para que a compra<br />

da farinha se concretizasse.<br />

Benedito de Oliveira por suas ações,<br />

era chamado de o “pai dos pobres”. Ele<br />

nasceu em fevereiro de 1907 e faleceu<br />

em 19 de abril de 1983. Em 1955, foi<br />

eleito vice-prefeito, juntamente com<br />

Rômulo Lupo, que disputou e tornou-se<br />

prefeito. Em1959, Benedito elegeu-se<br />

prefeito, juntamente com Pedro Cruz,<br />

que concorreu para vice-prefeito,<br />

ambos eleitos, tendo tomado posse no<br />

dia 1º de janeiro 1960.<br />

Apresentação de um panificador ao deputado Scalamandré Sobrinho<br />

Folha de São Paulo, em julho de 1960<br />

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