RCIA - ED. 140 - MARÇO 2017
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53 ANOS DEPOIS<br />
Dois de nossos filhos foram<br />
mortos durante o regime<br />
Em Araraquara, duas figuras<br />
ganham relevância: José<br />
Roberto Arantes de Almeida<br />
e Luíza Augusta Garlippe. O<br />
primeiro foi morto em 4 de<br />
novembro de 1971, aos 28<br />
anos. Já ela, conhecida como<br />
Tuca, desapareceu em 1973<br />
durante a Guerrilha<br />
do Araguaia.<br />
José Roberto Arantes de Almeida, que<br />
durante seus anos de militância adotou<br />
os nomes de Luiz e Deo, é filho de Mário<br />
Arantes de Almeida e Aída Martoni de Almeida.<br />
Ele nasceu em 7 de fevereiro de<br />
1943, em Pirajui, que dista cerca de 160<br />
quilometros de Araraquara.<br />
Ainda menino se mudou com sua família<br />
para a nossa cidade, onde seu pai<br />
assumiu o cargo de professor de Botânica<br />
da Faculdade de Farmácia e Odontologia.<br />
Entre diversas atividades, o menino<br />
foi escoteiro, tocou piano, praticou<br />
natação e pólo aquático.<br />
Em 1961 foi aprovado no vestibular<br />
Instituto Tecnológico da Aeronáutica<br />
(ITA), mas por conta de sua posição<br />
política foi desligado do curso e transferido<br />
para a Base Aérea do Guarujá.<br />
Uma vez livre, retomou os estudos na<br />
Faculdade de Filosofia de Araraquara.<br />
Cinco anos depois foi eleito presidente<br />
do Centro Acadêmico da Filosofia e em<br />
1967 tornou-se vice-presidente da UNE<br />
- União Nacional dos Estudantes.<br />
Ainda nesse ano, foi preso durante<br />
a repressão ao 30º Congresso da entidade,<br />
em Ibiúna (SP). Porém, Zé Arantes,<br />
como era conhecido, conseguiu fugir<br />
de dentro do DOPS. Esteve em Cuba,<br />
onde realizou treinamento de guerrilha<br />
como militante da ALN.<br />
Lá, junto com outros companheiros,<br />
resolveu criar o Movimento de Libertação<br />
Popular (Molipo). Em 1971, foi<br />
preso, novamente, desta vez ao lado do<br />
amigo Aylton Adalberto Mortati.<br />
Os dois foram os primeiros militantes<br />
mortos de um grupo de 28 exilados<br />
que participaram de treinamento<br />
de guerrilha em Cuba e retornaram<br />
clandestinamente ao Brasil como integrantes<br />
do Molipo.<br />
“A morte de Arantes foi divulgada<br />
apenas cinco dias depois. A família só<br />
foi informada quando ele já estava enterrado<br />
como indigente no Cemitério<br />
Dom Bosco, em Perus, com o nome<br />
falso de José Carlos Pires de Andrade”,<br />
informa texto da Agência Brasil.<br />
Na requisição da necropsia, encontra-se:<br />
“por volta das 17 horas, manteve<br />
tiroteio com membros dos órgãos de<br />
segurança, sendo na oportunidade ferido<br />
e em consequência veio a falecer”.<br />
O corpo, entretanto, só chegou ao IML<br />
24 horas depois do suposto tiroteio.<br />
Zé Arantes esteve em Cuba, onde fez treinamentos de guerrilha e acabou sendo preso<br />
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