Revista Aquaculture Brasil 3ed.
Novembro/Dezembro 2016
Novembro/Dezembro 2016
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a quacult u reb rasil.c o m<br />
EDIÇÃO<br />
3<br />
novembro/<br />
dezembro<br />
2016<br />
Exemplo para o <strong>Brasil</strong>:<br />
ISSN 2525-3379<br />
Integração<br />
universidade e<br />
empresa impulsiona a<br />
criação de atum
A melhor solução nutricional para camarões<br />
Chegou ao <strong>Brasil</strong> a linha de produtos mais completa para a nutrição de camarões.<br />
Produtos e serviços inovadores com qualidade e tecnologia mundial Skretting.<br />
www.skretting.com.br<br />
2<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
BEM-VINDO!<br />
2017<br />
Feliz ano novo!<br />
São os votos da equipe<br />
<strong>Aquaculture</strong> <strong>Brasil</strong>!<br />
www. aqu a cul tureb r asil.com<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
3
D<br />
Editorial<br />
urante a FENACAM 2016, realizada entre os dias 21 a 24 de<br />
novembro em Fortaleza (CE), gravamos uma série de entrevistas com<br />
a todos referia-se às suas perspectivas para a aquicultura brasileira em<br />
2017.<br />
É impossível que todos estes especialistas tivessem ensaiado a mesma<br />
resposta. Um otimismo absoluto sobre o crescimento, recuperação de<br />
algumas culturas e consolidação da aquicultura nacional. Sabe quando o<br />
treinador determina o que seus jogadores devem falar para a imprensa<br />
nas entrevistas coletivas? Pois é, até pareceu isto. Mas não foi! As respostas<br />
eram dadas com aquele brilho no olhar, de quem acredita na aquicultura<br />
brasileira.<br />
O resultado destas entrevistas será divulgado a partir de janeiro de 2017 no portal online<br />
da AQUACULTURE BRASIL e também em nossas mídias sociais.<br />
Paulo é um exemplo.<br />
Os frutos desta nova fase de maior sintonia entre os diferentes elos da cadeia produtiva<br />
aquícola brasileira serão despescados nos próximos anos. Aliás, já em 2017, cerca de 1.840<br />
toneladas de peixes serão despescadas por dia no <strong>Brasil</strong>. Enquanto você lê este editorial, mais um<br />
tanque-rede foi “pescado”.<br />
Algumas pessoas nos perguntaram o porquê do nome AQUACULTURE BRASIL. A ideia,<br />
entre outras, é mostrar a aquicultura brasileira para o mundo. Inclusive, dois artigos desta edição<br />
serão disponibilizados integralmente em inglês no nosso portal online. Neste sentido vem muito<br />
mais novidades por aí...<br />
Por outro lado, também se faz necessário trazer informações relevantes e conhecimento<br />
técnico de outros países. Há muito o que se aprender “lá fora”. O resultado é o nosso artigo de<br />
capa. Integração universidade e setor produtivo no México. Uma das grandes lutas da PeixeBR<br />
(Associação <strong>Brasil</strong>eira de Piscicultura) e atualmente questão essencial para o <strong>Brasil</strong>.<br />
As últimas palavras do último editorial de 2016 são de gratidão. Aproveito para agradecer<br />
a todos que acreditaram em nosso projeto, no portal online da AQUACULTURE BRASIL, em<br />
nossas mídias sociais, nos nossos cursos online e ao vivo, e em nossa revista.<br />
Obrigado de coração aos leitores, assinantes, colunistas, autores de artigos e de outras<br />
seções. Um agradecimento especial também às empresas parceiras. Sem vocês, nada disto seria<br />
possível.<br />
Um excelente 2017 a todos!!<br />
Giovanni Lemos de Mello<br />
Editor<br />
4<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
F<br />
Fala G rin go!<br />
azendo uma retrospectiva da FENACAM 2016<br />
(Feira Nacional do Camarão), em frente ao mar<br />
na Praia de Iracema (CE), consegui perceber a<br />
Como uma pequena molécula de RNA ou DNA<br />
pode nos impactar tanto?<br />
E como em tudo, o problema é dos outros<br />
até que vivenciamos na nossa própria pele.<br />
A FENACAM 2016 foi uma verdadeira festa<br />
de energia e motivação. Filas para obter informações<br />
nos stands sobre kits de análise de água, suplementos alimentares,<br />
geomembranas, aeradores, mangueiras micronizadas, blowers, etc.<br />
Raceways até uma grama (peso do juvenil de camarão marinho)<br />
asiático? Intensivo moderado ou superintensivo? Larva livre? Larva robusta<br />
ou de crescimento rápido?<br />
A importância da temperatura e da alcalinidade. Pequenos<br />
pensando no manejo de fases. No fundo, tudo depende do tamanho do<br />
seu bolso e da sua capacidade de execução técnica, mas também de sua<br />
motivação.<br />
E o que não faltou na FENACAM 2016 foi motivação.<br />
O primeiro da fase moderna da carcinicultura marinha brasileira,<br />
o IMNV, me atingiu no ano de 2003. Pegou-me trabalhando no programa<br />
de melhoramento genético de uma grande empresa do setor, vendida na<br />
sequência a uma multinacional da genética de suínos. Voltei para o Sul<br />
visando terminar meu doutorado e assumi a gerência de produção de um<br />
importante e recentemente construído laboratório de produção de larvas,<br />
separando diferentes populações, e motivado no desenho de um pequeno<br />
programa de melhoramento local.<br />
O segundo vírus letal chegou arrasador em 2004: o WSSV.<br />
Esse aí me fez perder a casa. O IMNV tinha reduzido a mão de obra<br />
especializada no Nordeste. A crise de dumping americano e a falta de<br />
mercado interno hoje consolidado, somado a vários problemas pessoais<br />
que me ataram ao <strong>Brasil</strong>. Sofri.<br />
e em função do plano de expansão das Universidades do Governo Lula<br />
(REUNI), me candidatei a pesquisador e professor universitário. O atual<br />
Marco Legal de Ciência e Tecnologia permite e estimula professores<br />
universitários a ter relações estritas e parceria com empresas privadas.<br />
Uma saída do governo para a crise do orçamento em pesquisa e educação.<br />
Sobrevivi, outros, morreram. Depende da quantidade de matéria<br />
orgânica acumulada em nossa inspiração.<br />
Muitos de vocês passaram por situações semelhantes à minha,<br />
Motivação e empreendedorismo é importante, porém, com o pé<br />
Como a AQUACULTURE BRASIL.<br />
Rodolfo Petersen<br />
Co-Editor<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
O MAIOR PORTAL DA AQUICULTURA BRASILEIRA!<br />
EDITOR:<br />
Giovanni Lemos de Mello<br />
redacao@aquaculturebrasil.com<br />
COLABORAÇÃO:<br />
Jéssica Brol<br />
jessica@aquaculturebrasil.com<br />
GERENTE COMERCIAL:<br />
Diego Molinari<br />
diego@aquaculturebrasil.com<br />
DIREÇÃO DE ARTE:<br />
Taiane Lacerda<br />
taiane@aquaculturebrasil.com<br />
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO:<br />
Aedrian Ortiz Johnson, Alex Augusto Gonçalves, Artur<br />
N. Rombenso, Danilo Alves Pimenta Neto, David S.<br />
Francis, Denise Aparecida Andrade de Oliveira, Felipe<br />
Matarazzo Suplicy, Fernando Barreto-Curiel, Gabriel<br />
Fernandes Alves Jesus, Giovanni M. Turchini, Jessica<br />
A. Conlan, Jorge Chávez Rigaíl, Jose A. Mata-Sotres,<br />
José Luiz Pedreira Mouriño, Karen Hermon, Katt<br />
Regina Lapa, Lilian Viana Teixeira, Marco Shizuo<br />
Owatari, Maria T. Viana, Matthew Jago, Maurício<br />
Laterça Martins, Michael Lewis e Thomas Mock.<br />
Os artigos assinados e imagens são de<br />
responsabilidade dos autores.<br />
COLUNISTAS:<br />
Alex Augusto Gonçalves<br />
Andre Muniz Afonso<br />
André Camargo<br />
Artur Nishioka Rombenso<br />
Eduardo Gomes Sanches<br />
Fábio Rosa Sussel<br />
Luís Alejandro Vinatea Arana<br />
Marcelo Roberto Shei<br />
Maurício Gustavo Coelho Emerenciano<br />
Ricardo Vieira Rodrigues<br />
Roberto Bianchini Derner<br />
Rodolfo Luís Petersen<br />
Santiago Benites de Pádua<br />
As colunas assinadas e imagens são de<br />
responsabilidade dos autores.<br />
QUER ANUNCIAR?<br />
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NOSSA REVISTA É IMPRESSA NA:<br />
COAN gráfica LTDA. / coan.com.br<br />
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A revista AQUACULTURE BRASIL é uma<br />
publicação bimestral da EDITORA<br />
AQUACULTURE BRASIL LTDA ME.<br />
(ISSN 2525-3379).<br />
www.aquaculturebrasil.com<br />
Av. Senador Galotti,329, Mar Grosso, Laguna/SC,<br />
88790-000.<br />
A AQUACULTURE BRASIL não se<br />
responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios<br />
de terceiros.<br />
5
É<br />
Bem-vindo<br />
com grande prazer que escrevo esta nota para a terceira edição da<br />
AQUACULTURE BRASIL. Quando recebi o convite do editor<br />
gostaria de dar boas-vindas aos novos leitores e agradecer a todos leitores,<br />
autores e colaboradores da nossa revista.<br />
Atualmente existe muita informação disponível sobre todos os temas,<br />
e autêntico e o que é equivocado. É nesse contexto que surge um dos<br />
objetivos da AQUACULTURE BRASIL: complementar as fontes de informação atualmente<br />
área, empresas, empreendedores, ou seja, todos do setor aquícola sem nenhuma restrição, através<br />
de um conteúdo relevante, autêntico, inovador e didático, mas sem competir com outras revistas<br />
e jornais aquícolas. Nossa equipe (colunistas, autores e equipe editorial) compartilha da visão e<br />
opinião de que é importante o envolvimento do leitor de tal maneira que sinta estar adquirindo<br />
o valor e o conhecimento do conteúdo de nossa revista. Após a leitura de um artigo esperamos<br />
respostas como: “Bem interessante, preciso tentar isso”, “Vou buscar mais sobre esse assunto”,<br />
“Agora entendo como isso funciona”, “Essa abordagem poderia ser implementada no meu campo<br />
de trabalho” ou “Isso poderia aprimorar meu sistema economizando tempo e dinheiro”. Nessa<br />
terceira edição esperamos superar sua expectativa através de artigos e informações originais de<br />
diversos segmentos aquícolas, numa apresentação clara e bonita, e também com novas seções.<br />
Em caso de dúvida, comentário ou sugestão, peço que nos contate através de nossos e-mails<br />
pessoais ou da equipe editorial. Ideias para temas de colunas e artigos são sempre bem-vindas,<br />
e também encorajamos você a interagir e a colaborar com a AQUACULTURE BRASIL através<br />
das seções “Foto do Leitor”, “Pescado no Varejo”, “Defendeu”, “Artigos”, entre outras. Queremos<br />
e publicamos nossa revista.<br />
AQUACULTURE BRASIL nasceu em um ano de profunda crise econômica e política em<br />
nosso país, e que nesses períodos de crise muitas vezes surgem novas ideias e soluções para<br />
AQUACULTURE BRASIL<br />
em contribuir com todos os leitores, principalmente na atual realidade brasileira que precisa ser<br />
enfrentada com amplo conhecimento. Aproveito também para desejar a todos um Natal repleto de<br />
alegrias e um Novo Ano de muitas realizações.<br />
Boa leitura!<br />
Artur Nishioka Rombenso<br />
Co-Editor<br />
6<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
Q<br />
O pin ião<br />
Desaf ios e supe raç ão: as palavras para 2 0 17!<br />
ue a vida do aquicultor brasileiro não é fácil, isso já sabemos.<br />
2016 foi atípico, particular e de muitas batalhas. O aquicultor<br />
tupiniquim vivenciou o aumento de diversos insumos utilizados na<br />
no Nordeste, tempestades torrenciais no Sudeste e até ciclones no Sul.<br />
Aqui no nosso querido Sul, por exemplo, foram mais de três episódios de<br />
ventos ultrapassando 120 km/h em menos de 45 dias! Cidades inteiras<br />
sem luz por dias e até nossa sofrida estufa experimental da UDESC,<br />
construída com muito suor, veio abaixo. São Pedro anda maluco lá em<br />
a exemplo do vírus da mancha branca que devastou a carcinicultura<br />
no Ceará. Não bastasse, bacterioses nas tilápias deram as caras em<br />
diversos estados e ainda endoparasitoses em peixes redondos não foram fatos isolados no Norte<br />
brasileiro. Nossa! Quanta coisa num só ano.<br />
tecnológica para vencer as doenças. Superação frente à crise hídrica. Superação econômica frente<br />
à recessão (aqui vale um parêntese: encontrar novos nichos de mercado e colocar todos os custos<br />
de produção minuciosamente na ponta do lápis serão tarefas contínuas para o aquicultor). Não<br />
prática, para empreendimentos pequenos, com áreas menores de 5 hectares?). Sem falar do tema<br />
mais que polêmico: a liberação da importação do camarão da Argentina. É meus amigos... temos<br />
que respirar fundo. Mas tenho a mais absoluta convicção que 2017 será um “divisor de águas”.<br />
Ano de nos reinventarmos e aprender com as lições do passado. Sou otimista. Sempre serei. Tenho<br />
certeza que será um ano de muito progresso para a aquicultura nacional!<br />
Feliz 2017 a todos!<br />
Maurício Gustavo Coelho Emerenciano<br />
Co-Editor<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
7
S UMÁ R I O<br />
AQUACULTURE BRASIL<br />
10 FOTO DO LEITOR<br />
12 MÉTRICAS DA FANPAGE<br />
14 Soft Crab a partir do Callinectes<br />
sapidus: um oportunidade de mercado<br />
22 NOVO PLANO ESTRATÉGICO POSICIONARÁ A<br />
MARICULTURA CATARINENSE PARA UM CICLO<br />
VIRTUOSO DE DESENVOLVIMENTO<br />
» p.14<br />
28 Estudos nutricionais na deakin<br />
university<br />
» p.22<br />
» p.28<br />
34 HISTÓRIA, MITOS, VERDADES E DICAS EM<br />
ÉPOCAS DE MANCHA BRANCA<br />
40 3 O high quality tilapia congress:<br />
desafios e oportunidades da<br />
aquicultura no brasil<br />
42 INTEGRAÇÃO UNIVERSIDADE E EMPRESA<br />
IMPULSIONA Avanços nutricionais na<br />
CRIAÇÃO DE ATUM<br />
48 mÍDIAS BIOLÓGICAS PARA SISTEMAS DE<br />
RECIRCULAÇÃO EM AQUICULTURA (ras)<br />
52 avaliação da substituição da biomassa<br />
natural utilizada na alimentação de<br />
reprodutores de camarão ( LITOpenaeus<br />
vannamei ) pela dieta vitalis 2.5 da<br />
skretting<br />
8<br />
» p.34<br />
» p.40<br />
60 A fraude em pescado e o método de dna<br />
barcode para identificação de espécies<br />
64 artigos para curtir e compartilhar<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
» p.84<br />
65 charGes<br />
» p.86<br />
66 BIOTECNOLOGIA DE ALGAS<br />
68 GREEN TECHNOLOGIES<br />
69 empreendedorismo aquícola<br />
70 nutrição<br />
72 atualidades e tendências na aquicultura<br />
74 aquicultura latino-americana<br />
» p.42<br />
76 RECIRCULATING AQUACULTURE SYSTEMS<br />
» p.48<br />
» p.52<br />
77 RANICULTURA<br />
78 Aquicultura de precisão<br />
79 Piscicultura MARINHA<br />
80 TECNOLOGIA DO PESCADO<br />
82 SANIDADE<br />
84 defendeu<br />
86 entrevista - Dr. Tzachi Samocha<br />
91 NOVOS LIVROS<br />
92 eles fazem a diferença<br />
96 ESPÉCIES AQUÍCOLAS<br />
» p.60<br />
98 Pescado no Varejo - apresentando o<br />
pescado para o consumidor final<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
9
FOTO DO LEITOR<br />
Captura e engorda de atum<br />
(Algarve, Portugal)<br />
Autora: Jéssica Brol<br />
Pesquisas com aquaponia<br />
(Laguna, SC)<br />
Autora: Tayná Sgnaulin<br />
Mamãe camarão<br />
(Paraipaba, CE)<br />
Autor: Augusto César<br />
Bernardo de Albuquerque<br />
10<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
Comporta 4 em 1<br />
(Parazinho, RN)<br />
Autor: Alessandro Ferreira<br />
Despesca de tambaqui<br />
(Macapá, AP)<br />
Autor: Paulo Roberto Melem<br />
Alimentando tilápias<br />
no doutorado<br />
(São Carlos, SP)<br />
Autor: Renato Almeida<br />
Envie suas fotos mostrando a aquicultura no seu dia-a-dia e participe desta seção.<br />
red acao @aquacult u reb rasil.c o m<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
11
Métricas d<br />
.<br />
.<br />
Saiba como criar o<br />
pirarucu em<br />
tanques artificiais<br />
Cooperativa no Ceará<br />
produz biodiesel a<br />
partir de resíduos de<br />
peixes<br />
14 de Setembro<br />
8.201 Pessoas alcançadas<br />
12 comentários<br />
102 compartilhamentos<br />
395 curtidas<br />
1 amei<br />
1 uau<br />
24 de Setembro<br />
14.895 Pessoas alcançadas<br />
23 comentários<br />
119 compartilhamentos<br />
696 curtidas<br />
13 amei<br />
16 uau<br />
Fonte: my.oceandrop<br />
Fonte: globo.com<br />
curta-nos no<br />
facebook:<br />
www.facebook.com/<br />
aquaculturebrasil<br />
21 de Setembro<br />
21.047 Pessoas alcançadas<br />
28 comentários<br />
95 compartilhamentos<br />
712 curtidas<br />
19 amei<br />
Betinho Oliveira,<br />
da FishTV<br />
26 de Setembro<br />
5.789 Pessoas<br />
alcançadas<br />
18 comentários<br />
79 compartilhamentos<br />
301 curtidas<br />
11 amei<br />
5 uau<br />
Microalgas: é<br />
de comer? Os<br />
segredos desse<br />
superalimento!<br />
12<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
.<br />
da Fanpage<br />
26 de Setembro<br />
II Seminário da Rede<br />
de Pesquisa do<br />
Camarão-da-<br />
Amazônia<br />
9.900 Pessoas alcançadas<br />
29 comentários<br />
96 compartilhamentos<br />
576 curtidas<br />
12 amei<br />
1 uau<br />
01 de Outubro<br />
Reportagem: Como<br />
criar pintado-real?<br />
5.802 Pessoas alcançadas<br />
47 compartilhamentos<br />
313 curtidas<br />
4 amei<br />
1 uau<br />
Charge<br />
do @nicanor -<br />
Aproveitamento<br />
Integral de<br />
Pescado?<br />
11.372 Pessoas<br />
alcançadas<br />
19 comentários<br />
61 compartilhamentos<br />
517 curtidas<br />
11 amei<br />
90 HaHa<br />
22 de Outubro<br />
Fonte: globorural.com<br />
27 de Setembro<br />
6.944 Pessoas<br />
alcançadas<br />
4 comentários<br />
56 compartilhamentos<br />
312 curtidas<br />
5 amei<br />
1 uau<br />
21 de Outubro<br />
11.357 Pessoas<br />
alcançadas<br />
44 comentários<br />
65 compartilhamentos<br />
726 curtidas<br />
19 amei<br />
2 uau<br />
Dica de terça: Preciso<br />
saber o pH do solo do<br />
meu viveiro, e agora?<br />
. .<br />
Em breve, nas<br />
suas mãos!!<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
13
© Blueshell <strong>Brasil</strong><br />
14<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
Soft crab a partir<br />
do Callinectes sapidus:<br />
u ma oportunida d e<br />
d e mercad o<br />
Alex Augusto Gonçalves<br />
Chefe do Laboratório de Tecnologia e Controle de Qualidade do Pescado<br />
(LAPESC), Departamento de Ciências Animais (DCAN)<br />
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)<br />
alaugo@gmail.com<br />
Introdução<br />
O<br />
s crustáceos são cobertos por um<br />
rígido exoesqueleto, ou cutícula, que<br />
consiste num complexo quitina–proteína<br />
impregnada por cálcio, que age como uma<br />
barreira física ao meio ambiente, e para o<br />
animal crescer, é necessária a troca deste<br />
exoesqueleto. A ecdise, ou seja, a troca do<br />
exoesqueleto é feita periodicamente durante<br />
a vida da maioria dos artrópodes, incluindo<br />
os crustáceos. O período de uma<br />
ecdise à outra é conhecido como ciclo de<br />
muda. [28]<br />
O portunídeo, Callinectes sapidus,<br />
conhecido vulgarmente por siri-azul<br />
(Figura 1), é um crustáceo de grande importância<br />
comercial, ocorrendo desde<br />
a nova Escócia (EUA) até o Rio da Prata<br />
[3, 14, 20, 23,<br />
(Uruguai) e o norte da Argentina.<br />
25, 35]<br />
Como todos os crustáceos, o siri-azul<br />
troca seu exoesqueleto pelo menos 18-20<br />
vezes (fêmeas) e de 20-25 vezes (machos)<br />
ao longo de sua vida para crescer. O siri<br />
mole desprotegido, emerge, expande sua<br />
nova carapaça mole, e cresce dentro do seu<br />
novo corpo. Este momento em que o siri<br />
emerge da sua antiga carapaça é conhecido<br />
como ou ou,<br />
21, 22, 30]<br />
(siri mole).<br />
[8, 15,<br />
A facilidade relativa com que os<br />
siris podem trocar de exoesqueleto e o<br />
alto valor comercial do siri mole tem ause<br />
da produção mundial de . [22]<br />
O método convencional da retirada de<br />
carne do siri apresenta um baixo rendimento:<br />
10-15% de carne fresca. A partir<br />
do pode-se conseguir até 85-<br />
95% de aproveitamento da carne e por<br />
este motivo seu cultivo vem crescendo<br />
desde a década passada. A produção e<br />
comercialização de (por exemplo,<br />
vas no comércio mundial de pescado.<br />
[22, 23]<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
15
Figura 1. Siri-azul, Callinectes sapidus<br />
(www.paleospirit.com).<br />
Sistemas d e c ult i v o<br />
do s i r i m ole<br />
Para a produção<br />
do<br />
São<br />
crab deve-se tomar<br />
cuidado com o adequado suprimento<br />
de siris, todos no estágio de<br />
pré-muda, com o método de captura,<br />
sendo que um sem o outro<br />
poderá limitar a produção. Os siris<br />
são coletados em diferentes locais,<br />
separados por sexo (as fêmeas são<br />
descartadas) e transportados para<br />
os tanques de cultivo. Nesta etapa,<br />
os siris são separados manualmente,<br />
de acordo com o estágio de<br />
muda (Figura 2, 4) e colocados nos<br />
tanques até o momento da ecdise<br />
[9, 15, 18, 21, 33]<br />
(muda).<br />
utilizadas, hoje em dia,<br />
três diferentes maneiras de culticontínuo<br />
de água e sistema de circulação<br />
fechada de água (Figura<br />
3). O sistema mais utilizado é o<br />
de circulação fechada oferecendo<br />
vantagens sobre os demais com<br />
relação ao monitoramento dos fatores<br />
ambientais: a salinidade pode<br />
ser mantida a níveis constantes; a<br />
temperatura pode ser controlada<br />
nas diversas estações do ano; pode<br />
ser utilizada em qualquer local; etc.<br />
[7,22,31]<br />
Entretanto, o custo de<br />
construção e manutenção do<br />
sistema fechado de água pode<br />
ser grande. Além da necessidade<br />
do controle dos resíduos tóxicos<br />
liberados pelos siris. [16,17,32] O sistema<br />
de circulação fechada deve<br />
manter a qualidade da água em<br />
níveis aceitáveis (Tabela 1) para que<br />
a operação de cultivo de<br />
seja feita com sucesso. [9,10,11,15,21,24,33]<br />
© Alex Augusto Gonçalves<br />
[7]<br />
.<br />
16<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
© Alex Augusto Gonçalves<br />
[7]<br />
.<br />
Tabela 1. Níveis aceitáveis da qualidade de água no sistema de recirculação fechada de água para o cultivo de . [11,12,13,22]<br />
Ide n t i f i cação do estágio<br />
d e m uda<br />
Os siris azuis na pré-muinspeção<br />
visual. O método mais<br />
utilizado envolve uma mudança<br />
de coloração associada à formação<br />
de uma nova carapaça. Estas mudanças<br />
de coloração também indicam<br />
o tempo até a muda. Assim<br />
que a muda se aproxima, o<br />
novo exoesqueleto do siri começa<br />
a se formar e torna-se visível por<br />
baixo do exoesqueleto duro. Este<br />
novo exoesqueleto é mais visível,<br />
com uma linha (sinal) ao longo<br />
da extremidade dos últimos dois<br />
segmentos achatados do último<br />
pereiópode, em forma de remo largo<br />
(Figura 4). [21,22]<br />
Nos estágios que precedem<br />
a muda, a linha é branca, indicando<br />
que o siri mudará em duas<br />
semanas. Com o tempo de muda<br />
mais próximo, a linha indicadora<br />
mudará de cor gradualmente, sen -<br />
do que a linha rósea indica que o<br />
siri mudará em uma semana; e a<br />
linha avermelhada, indica que o<br />
siri mudará em três dias. [7,22,30]<br />
O último estágio da<br />
pré-muda é reconhecido pela<br />
condição física do exoesqueleto<br />
duro e não por um sinal colori -<br />
do. Uma ruptura desenvolve-se<br />
por baixo dos espinhos laterais e<br />
ao longo da extremidade posterior<br />
da carapaça. Neste ponto, o siri<br />
é denominado buster e inicia-se a<br />
muda propriamente dita, que pode<br />
ser completada em 2-3 horas, dependendo<br />
das condições do siri.<br />
Assim que a ecdise tenha iniciado,<br />
15 a 30 minutos são necessários<br />
para sair de sua antiga carapaça.<br />
Neste ponto, o siri é extremamente<br />
mole e frágil (Figura 5).<br />
Outros 30-60 minutos são<br />
requeridos para o expandir<br />
ao máximo, ou seja, o siri absorve<br />
água (incha) para aumentar de ta -<br />
manho. Após atingir seu novo tamanho<br />
inicia-se o enrijecimento,<br />
sendo que sua nova carapaça se<br />
tornará rígida em 12 horas. O siri<br />
então começa a comer e adicionar<br />
peso dentro da nova carapaça.<br />
Entretanto, uma vez removido da<br />
água, o processo de enrijecimento<br />
cessa, devendo ser retirado em<br />
uma hora após a absorção de água<br />
e após a completa expansão. Caso<br />
contrário, o processo de enrijecimento<br />
continua, causando danos à<br />
[7,22,30]<br />
qualidade do<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
17
© Alex Augusto Gonçalves<br />
(Sequência da esquerda para direita: mid-cycle, white sign, pink sign e red sign) 1 .<br />
P r odução e mercad o<br />
Os<br />
são<br />
considerados como um item alimentar<br />
altamente valioso e, com<br />
isso, o desenvolvimento de tecnologias<br />
de cultivo, com sucesso,<br />
tem encorajado a expansão desta<br />
indústria. Muitos dos estados<br />
americanos localizados na costa<br />
do Atlântico Sul e Golfo do México<br />
expandiram o cultivo de<br />
devido ao retorno econômico,<br />
à grande demanda e o esforço<br />
[21,22,27]<br />
promocional do mesmo.<br />
A indústria do<br />
(EUA) no ano de 1870, e atualmente<br />
é uma indústria multimilionária ao<br />
longo da costa leste dos EUA (da<br />
Baía de Chesapeake até Texas), fornecendo<br />
milhões de toneladas de<br />
e ainda milhões de dólares<br />
para os criadores a cada ano, sendo<br />
que Maryland, Virginia e Louisiana<br />
são os maiores produtores. [2,21,22,32]<br />
A produção comercial de<br />
no mercado nacional não<br />
existe, talvez pela falta de mão-deobra<br />
especializada e/ou a falta de<br />
interesse por parte das indústrias<br />
processadoras de pescado. Alguns<br />
empreendimentos iniciaram já na<br />
década de 90, porém, experimentalmente.<br />
Em 1989, Michael J. Osterling<br />
[18,20] visitou o sul do <strong>Brasil</strong>,<br />
para avaliar o potencial das regiões<br />
ao redor da Lagoa dos Patos e sistemas<br />
lagunares, para o estabelecimento<br />
de uma pesca direcionada<br />
ao siri-azul (C. sapidus). Este concluiu<br />
que deveria ser dada maior<br />
ênfase no desenvolvimento da indústria<br />
de carne de siri tradicional,<br />
por ser mais fácil e exigir pessoas<br />
sem experiência e, posteriormente<br />
a produção de , que requer<br />
mais experiência e treinamento na<br />
coleta, manuseio e durante a muda<br />
do siri. Algumas iniciativas de<br />
processar carne de siri foram feitas<br />
no início da década de 90, mas hoje<br />
o cenário é outro.<br />
© Alex Augusto Gonçalves<br />
18<br />
Figura 5. Sequência do processo de muda AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
(http://azharzul.com/auuww-ketam-lembut.html).
P r o cessamen t o<br />
Os siris azuis são comercializados<br />
de cinco formas: fresco<br />
inteiro, cozidos inteiros, carne fresca<br />
picada, carne pasteurizada pica-<br />
[29,34]<br />
da e na forma do<br />
Os<br />
são removidos do tanque<br />
de cultivo, limpos individualmente<br />
(Figura 6), sendo que o fronte (rostrum),<br />
as brânquias, os pedúnculos<br />
O processamento tradicional<br />
do siri azul envolve a retirada<br />
da carne manualmente, além<br />
de necessitar cuidados higiêni -<br />
co-sanitários, o rendimento é<br />
muito baixo (10-15%). A carne<br />
é vendida fresca ou congelada, e<br />
pasteurizada, para aumentar sua<br />
vida-de-prateleira. Com isso, a<br />
comercialização deste produto<br />
pode ser feita durante 6 a 12 meses.<br />
As pinças ou quelas dos siris de-<br />
do intestino, e o abdômen, devem vem ser picadas manualmente ou<br />
ser retirados antes de embalados e por máquinas, embaladas e vendi -<br />
acondicionados em freezer.<br />
[22,26,29]<br />
[23,29,34]<br />
das frescas ou pasteurizadas.<br />
O destinado à exportação<br />
(vivos) deve ser apenas resfriado, O siri azul nunca é consumido<br />
fresco, cru (in natura),<br />
embalado sob refrigeração (gelo),<br />
coberto com algas marinhas, e pois carrega muitas bactérias na<br />
comercializado.<br />
cavidade visceral, podendo causar<br />
doenças ao homem, quando consumido<br />
sem um tratamento térmi -<br />
co (cozimento prévio). Deve haver<br />
cuidados especiais durante o processamento<br />
do siri:<br />
(a) Condições sanitárias no<br />
setor de retirada da carne;<br />
( b ) O processo de cozimento e<br />
pasteurização;<br />
(c) Integridade da embalagem;<br />
( d ) Controle de tempo/temperatura.<br />
[23,29,34]<br />
Indústrias comerciais de<br />
“carne de siri” contam com 10-<br />
15% de rendimento, sendo que os<br />
demais 85-90% (carapaça, víscera<br />
e carne não picada) são moídos e<br />
adicionados ao alimento (ração<br />
animal). [7]<br />
Va lor<br />
nutri c iona l<br />
© Alex Augusto Gonçalves<br />
A carne de siri tem aproximadamente<br />
80% de umidade, 16%<br />
de proteína e há poucos dados<br />
publicados dos constituintes nutri -<br />
cionais de , mas sabe-se<br />
que o conteúdo de proteína destes<br />
(Tabela 2) é menor do que o hard<br />
crab, devido a pequena proporção<br />
de tecidos musculares. A perda de<br />
proteína é balanceada pelo aumen -<br />
to do conteúdo de água, a qual é ati -<br />
vamente absorvida para a expansão<br />
na nova muda. Há também mais<br />
cinzas resultante da alta proporção<br />
de tecido destinado a elaboração<br />
do novo exoesqueleto. Quanto ao<br />
conteúdo lipídico, não há diferença<br />
[24]<br />
embalado. [7]<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
19
Tabela 2. Composição centesimal do siri azul nas formas<br />
e hard.<br />
Marketing e c ons u m o<br />
do s o ft crab<br />
O , da mesma maneira<br />
que muitos outros produ -<br />
tos marinhos são comercializados<br />
por dúzias, e não pelo peso, e ainda<br />
são distribuídos por tamanho.<br />
Nomes tradicionais são designados<br />
de acordo com os diferentes<br />
tamanhos: Mediums (8,9-10,2<br />
cm); Hotels (10,2-11,4 cm); Primes<br />
(11,4-12,7 cm); Jumbos (12,7-14<br />
cm); e Whales (>14 cm). Os mais<br />
comercializados são os mediums e<br />
hotels. [5,21,22]<br />
Enquanto que os<br />
têm sido comercializados tradicionalmente<br />
pelo tamanho, há<br />
um grande interesse em comercializá-los<br />
pelo peso. Da mesma<br />
maneira temos: Mediums (34,02-<br />
53,87 g); Hotels (53,87-73,71 g);<br />
Primes (73,71-85,05 g); Jumbos<br />
(85,05-150,26 g); e Whales (superior<br />
a 150,26g). [22]<br />
Os<br />
vivos estão<br />
associados ao seu grau de frescor,<br />
e com isso o produto vivo<br />
tem alto preço, o que tem levado<br />
ao aumento desse tipo de comercialização.<br />
Se mantido sob-refrigeração<br />
(4,4°C), possui uma<br />
vida-de-prateleira de aproximadamente<br />
7 dias. Entretanto, como<br />
o pico de produção de é<br />
determinado pela estação do ano<br />
(primavera-verão), a necessidade<br />
de preservar este produto tem levado<br />
à comercialização de outras formas,<br />
sendo o congelado (-17,7°C)<br />
o mais utilizado, pois mantém sua<br />
qualidade por 6-8 meses, sendo<br />
que a embalagem, a limpeza e o<br />
congelamento individual determinarão<br />
sua qualidade. [19,21,22,30] A<br />
prática comum do varejo é estocar<br />
o pré-embalado congelado<br />
(-18°C) ou fresco (4,2°C).<br />
Podem ser processados de<br />
diversas maneiras, tais como: empanado<br />
e frito, temperado e cozido,<br />
e na forma de bolinhos com os<br />
crabs -<br />
tre outros. [4] (Figura 8).<br />
© Giovanni Lemos de Mello<br />
20<br />
Figura 7.<br />
prontos para comercialização.<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
© Blueshell <strong>Brasil</strong><br />
Figura 8. Algumas formas de preparo do<br />
C onc lus õ e s<br />
O siri azul (Callinectes<br />
sapidus) é um crustáceo de grande<br />
importância comercial, porém<br />
em sua forma fresca (hard crab)<br />
apresenta baixo rendimento, pelo<br />
método convencional de aproveitamento<br />
da carne (apenas 15 a 30%),<br />
enquanto que com o<br />
pode-se conseguir até 85 a 95% de<br />
rendimento.<br />
A captura do<br />
poderá representar uma impor -<br />
tante fonte de recursos extras para<br />
o setor pesqueiro, desde que se respeite<br />
a época de captura da espécie.<br />
O sistema de cultivo<br />
mais indicado é o de circulação<br />
fechada de água, oferecendo algumas<br />
vantagens com relação<br />
aos fatores ambientais: a salinidade<br />
pode ser mantida a níveis<br />
constantes; a temperatura pode<br />
ser controlada nas diversas estações<br />
do ano; pode ser utilizada<br />
em qualquer local; dentre outras.<br />
Existe um mercado no exterior<br />
para este produto e a produção<br />
mundial está em plena expansão<br />
devido à facilidade de obtenção, à<br />
grande demanda e, principalmente<br />
ao retorno econômico.<br />
A produção nacional de<br />
crab ainda que artesanalmente (não<br />
existe comercialmente), talvez pela<br />
falta de mão-de-obra especializada<br />
e/ou a falta de mercado consumidor<br />
e interesse por parte das indústrias<br />
processadoras de pescado,<br />
pode se tornar promissora, princi -<br />
palmente pelas vantagens oferecidas<br />
pelo cultivo, processamento e<br />
comercialização deste crustáceo.<br />
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Disponível em: http://www.bluecrab.info/<br />
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(USA), 2: 1-6, 1988(a)<br />
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Crab Fishery (Perry, H.M. & Malone, R.F. eds.),<br />
Gloucester Point (USA), 1985.<br />
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Point (USA), Virginia Sea Grant Marine Resource<br />
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Gloucester Point (USA), Virginia Sea Grant Marine<br />
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(USA): Fishery Bulletin, 72(3): 685-798, 1974.<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
21
Novo Plano Estratégico<br />
posicionará a maricultura<br />
catarinense para um<br />
ciclo virtuoso de<br />
desenvolvimento<br />
Felipe Matarazzo Suplicy, Ph. D.<br />
Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca – CEDAP/Epagri<br />
felipesuplicy@epagri.sc.gov.br<br />
22<br />
© Felipe Matarazzo Suplicy<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
C<br />
om o expressivo crescimento<br />
da aquicultura a nível<br />
mundial, o planejamento de seu<br />
desenvolvimento vem se tornando<br />
cada vez mais importante. Um<br />
planejamento apropriado pode<br />
estimular e guiar a evolução do<br />
setor através da provisão de incentivos<br />
e garantias, atraindo o investimento<br />
e acelerando o seu desenvolvimento.<br />
Mais do que isto, um<br />
bom planejamento assegura a<br />
sustentabilidade econômica, social<br />
e ambiental do setor em longo prazo<br />
e contribui para o crescimento<br />
econômico e redução da pobreza.<br />
Um bom plano de desenvolvimento<br />
precisa reconhecer<br />
quando surge uma oportunidade<br />
adequada para a adoção de uma<br />
série de mudanças, como o atual<br />
processo de ocupação ordenada<br />
das áreas aquícolas; assegurar a coordenação<br />
e a comunicação entre<br />
as partes interessadas; adotar uma<br />
abordagem participativa; aprender<br />
com exemplos de outros países<br />
onde esta atividade se encontra<br />
mais desenvolvida; e aceitar tame<br />
levar à tomada de decisões difíceis.<br />
Os aspectos centrais do<br />
planejamento bem-sucedido no<br />
setor de aquicultura são a coerência<br />
no processo de planejamento e<br />
a ênfase na interdisciplinaridade<br />
através da contribuição institucional,<br />
desenvolvimento de capacidade<br />
humana e participação. O<br />
-<br />
tegra, coordena e gerencia todos os<br />
esforços de desenvolvimento, reduzindo<br />
riscos, informando todos<br />
os envolvidos, estabelecendo con-<br />
Em todo o mundo, grandes<br />
grupos que comercializam frutos<br />
do mar desejam garantir o<br />
acesso às cadeias de suprimentos<br />
-<br />
tentáveis. Atender à crescente demanda<br />
do mercado e o interesse<br />
do setor privado no fornecimento<br />
uma grande oportunidade para os<br />
países em desenvolvimento preparados<br />
para investir na melhoria da<br />
gestão da aquicultura sustentável.<br />
Isto é conseguido pela construção<br />
de capital social e pelo reforço<br />
-<br />
tores fundamentais para a ob -<br />
tenção de uma qualidade de vida<br />
melhor para todos, sem exclusão.<br />
Um desenvolvimento econômico<br />
humano com respeito às comuni -<br />
dades locais e ao meio ambiente.<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
23
Não só o crescimento desta<br />
atividade, mas sua própria sustentabilidade<br />
depende da adoção<br />
de um planejamento estratégico<br />
de desenvolvimento orientado por<br />
cado e uma capacidade de atender<br />
a esta demanda. O planejamento<br />
integra as dimensões social, ambiental<br />
e econômica, já reconhecidas<br />
como os três pilares da sustentabilidade<br />
e indispensáveis não só para<br />
atingir como para assegurar<br />
os objetivos conquistados<br />
pela<br />
estratégia de<br />
desenvolvimento. Esta estratégia<br />
considera a maricultura de uma<br />
forma abrangente, integrada e<br />
de maneira estruturada, em uma<br />
abordagem ecossistêmica de planejamento<br />
e de gestão praticável e<br />
implementável para promover um<br />
desenvolvimento harmonioso e<br />
coerente.<br />
O Plano Estratégico para<br />
o Desenvolvimento Sustentável<br />
da Maricultura Catarinense prevê<br />
objetivos e ações para um período<br />
de dez anos, e contempla todos<br />
os aspectos econômicos, sociais e<br />
ambientais relacionados ao desenvolvimento<br />
sustentável da maricultura<br />
catarinense.<br />
O planejamento analisa em<br />
detalhes como a maricultura catarinense<br />
funciona, com uma abordagem<br />
multidisciplinar e coletiva<br />
para interpretar corretamente as<br />
propriedades econômicas, sociais<br />
e ecológicas, bem como as<br />
relações e feedbacks entre estas<br />
propriedades. Em um mercado<br />
globalizado, os produtos da maricultura<br />
catarinense precisam ser<br />
competitivos para assegurar seu<br />
mercado interno e abrir novos<br />
mercados, por isto, a mecanização<br />
dos cultivos com associada redução<br />
do custo de produção e<br />
rastreabilidade de lotes produzidos<br />
são componentes importantes<br />
da estratégia de desenvolvimento<br />
para a próxima década.<br />
A minuta de plano estratégico<br />
é formada por seis<br />
capítulos organizados da seguinte<br />
forma:<br />
© Felipe Matarazzo Suplicy
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
Introdução, explicando a sua motivação, propósito e importância;<br />
Diagnóstico da situação atual nos aspectos sociais, econômicos e ambientais;<br />
Estratégia com visão de futuro e objetivos;<br />
Plano de ação, com uma abordagem ecossistêmica da cadeia produtiva<br />
(aspecto social, econômico e ambiental);<br />
Mecanismos de inserção dos pequenos produtores, que apresenta opções para<br />
inclusão dos maricultores na cadeia formal de comércio e opções para adoção<br />
do cultivo mecanizado;<br />
6<br />
Considerações finais.<br />
O documento propõe uma<br />
visão de futuro, uma meta a ser<br />
alcançada coletivamente, e apresenta<br />
uma estratégia e um plano<br />
para inserir a maricultura na agenda<br />
de desenvolvimento do estado.<br />
A visão sugerida na minuta do plano<br />
é: “Reconhecimento internacional<br />
na produção sustentável de<br />
moluscos com alto valor agregado”.<br />
O plano de ação para realizar<br />
esta visão de futuro foca nos<br />
passos que precisam ser dados para<br />
implementar a estratégia, isto é, ele<br />
aponta claramente como as metas<br />
serão atingidas, quais as ações<br />
necessárias, quem são os atores<br />
diretamente envolvidos e quando<br />
estas atividades serão realizadas.<br />
Além disto, durante o processo<br />
de discussão e validação do plano<br />
de onde sairão os recursos para<br />
execução de cada atividade apontada.<br />
Outro ponto central do<br />
plano estratégico é a consolidação<br />
e fortalecimento da marca<br />
“Moluscos de Santa Catarina”,<br />
aproveitando o reconhecimento<br />
já conquistado por Santa Catarina<br />
como o estado produtor de excelentes<br />
moluscos cultivados. Esta<br />
marca deverá ser adotada e apoiada<br />
por todos os produtores e processadores,<br />
que estarão continuamente<br />
recebendo treinamento e capacitação<br />
para cumprirem com todas<br />
as exigências sanitárias e atingirem<br />
os padrões de qualidade e<br />
sustentabilidade da marca coletiva.<br />
A participação do setor<br />
produtivo, através das empresas<br />
processadoras, associações de<br />
pequenos produtores, e das instituições<br />
governamentais e do setor<br />
de pesquisa e extensão é essencial<br />
para assegurar que todos os envolvidos<br />
com a atividade estejam<br />
de acordo quanto à estratégia de<br />
desenvolvimento elaborada e discutida<br />
coletivamente. Apesar do<br />
processo participativo de planejamento<br />
ser mais trabalhoso e custoso,<br />
ele favorece o engajamento<br />
e comprometimento dos diversos<br />
atores facilitando enormemente<br />
a sua aceitação e implementação.<br />
Com este intuito, a minuta<br />
de plano de desenvolvimento está<br />
sendo apresentada aos atores da<br />
cadeia produtiva para discussão<br />
e aprimoramento, antes de sua<br />
implementação. Santa Catarina<br />
conta com um Conselho Estadual<br />
de Desenvolvimento Rural -<br />
Cederural - criado pela Lei Agrícola<br />
Estadual nº 8.676, para prover<br />
um fórum deliberativo e propositivo<br />
da sociedade e do governo, na<br />
formulação das políticas ligadas ao<br />
desenvolvimento da agricultura,<br />
pecuária e pesca em Santa Cataprioridades<br />
do setor e os recursos<br />
a serem aplicados nas áreas agrícoainda,<br />
os critérios de aplicação das<br />
verbas do Fundo de Desenvolvimento<br />
Rural. O Cederural conta<br />
com câmaras setoriais que são<br />
comissões formadas por representantes<br />
dos setores organizados da<br />
cadeia produtiva - consumidores,<br />
produtores e indústrias - formando<br />
uma paridade com instituições<br />
governamentais, que se reúnem<br />
para analisar, discutir e propor<br />
soluções relativas aos principais<br />
produtos e atividades das áreas<br />
agrícola, pecuária e pesqueira ca-<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
25
em nível local e regional. Todos os<br />
órgãos que possuem interface com<br />
a maricultura catarinense participarão<br />
do processo de discussão do<br />
plano estratégico de forma a idenpoderão<br />
contribuir com as metas<br />
e objetivos do plano, evitando assim<br />
duplicação ou sobreposição de<br />
esforços, e ações descoordenadas<br />
com desperdício de recursos hu-<br />
Para os leitores que tiverem<br />
interesse e quiserem conhecer<br />
mais sobre esta iniciativa, a minuta<br />
do plano estratégico pode ser<br />
solicitada diretamente ao autor do<br />
artigo.<br />
tarinense. A Câmara Setorial de<br />
Maricultura do Cederural, portanto,<br />
é o fórum onde esta minuta<br />
de plano de desenvolvimento está<br />
sendo discutida e aprimorada antes<br />
de ser adotada por todos os envolvidos<br />
com a atividade.<br />
Um aspecto básico<br />
reconhecido nesta proposta é que<br />
as instituições são potencialmente<br />
capazes de apoiar e fomentar decisivamente<br />
as inter-relações, favorecendo<br />
a cooperação e as sinergias<br />
26<br />
© Felipe Matarazzo Suplicy<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
27
© David S. Francis<br />
28<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
Estudos nutricionais<br />
na Deakin University<br />
Conheça o Nut rit ion and S eaf ood Laborat ory<br />
(NuS ea. Lab) da Deak in University: realiz adores<br />
de pesquis a e des env olviment o de pont a para a<br />
indústria aquícola global<br />
David S. Francis, Jessica A. Conlan, Karen Hermon, Matthew Jago, Michael Lewis,<br />
Thomas Mock & Giovanni M. Turchini<br />
NuSea.Lab – Nutrition and Seafood Laboratory, School of Life and Environmental<br />
Sciences, Deakin University, Warrnambool - Victoria – Australia. http://lab.org.au<br />
d.francis@deakin.edu.au<br />
O<br />
Nutrition and Seafood Laboratory da Deakin University - Austrália, ou NuSea.Lab<br />
como é mais conhecido, é amplamente reconhecido por suas pesquisas aquícolas<br />
aplicadas tanto nacional quanto internacionalmente. Estabelecido em 2007 pelo Professor<br />
Giovanni Turchini e pelo Dr. David Francis, sua visão consiste em “contribuir positivamente<br />
para o aprimoramento da sustentabilidade ambiental, viabilidade econômica<br />
e responsabilidade social dos setores de nutrição e pescado (frutos do mar)”, com uma<br />
como soluções para os setores de nutrição e pescado através de novas ideias, experimentação<br />
minuciosa e publicação dos resultados obtidos”. O NuSea.Lab reúne mais de<br />
35 anos de experiência direcionada à pesquisa e desenvolvimento, culminando em uma<br />
reputação excepcional com a indústria da aquicultura e também em um reconhecimento<br />
global por suas contribuições para a sustentabilidade aquícola.<br />
A grande experiência do NuSea.Lab em nutrição de peixes é respaldada por<br />
instalações aquícolas de última geração, dois laboratórios totalmente equipados e dedicados<br />
a análises nutricionais e uma planta de fabricação de alimentos aquícolas de pequena<br />
aplicados e teóricos, abrangendo uma variedade de tópicos pertinentes à aquicultura e<br />
uma variedade de espécies que vão desde corais, pepinos do mar e abalone até salmão do<br />
atlântico, robalo asiático, lagostins, enguias e algas marinhas. Além de oferecer pesquisa<br />
de ponta, o NuSea.Lab é também um centro de pós-graduação de primeira linha e atualmente<br />
conta com seis candidatos ao doutorado.<br />
As atividades de pesquisa do NuSea.Lab são extensivas, incluindo investigações<br />
sobre a substituição de farinha e do óleo de peixe nos alimentos aquícolas, metabolismo<br />
-<br />
sequente utilização de novos ingredientes para a próxima geração de alimentos aquícolas<br />
e a elucidação das exigências nutricionais das novas espécies aquícolas. As seções a seguir<br />
fornecem um breve panorama dos atuais projetos do NuSea.Lab, que incorporam o envolvimento<br />
de estudantes de doutorado e o subsequente treinamento dos futuros líderes<br />
na pesquisa de nutrição aquícola. Recomenda-se que futuros estudantes e pesquisadores<br />
com interesses colaborativos procurem informações de contato no site do NuSea.Lab<br />
(www.lab.org.au).<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
29
Previsão do teor de Ômega-3 no<br />
salmão do Atlântico (Salmo salar):<br />
A nutrição de peixes é<br />
inerentemente complexa e, por<br />
extensão, a previsão da composição<br />
de ácidos graxos e a<br />
qualidade do produto associado<br />
requer a consideração de<br />
inúmeras variáveis. Potencialmente,<br />
o método mais promissor<br />
para prever variáveis nutricionais<br />
em peixes, como o conteúdo de<br />
n-3 LC-PUFA (do inglês “longchain<br />
polyunsaturated fatty acids”<br />
– ácidos graxos poliinsaturados de<br />
cadeia longa da família n-3) e, em<br />
última instância, a otimização da<br />
inclusão de óleo de peixe nos alimentos<br />
aquícolas, tem sido através<br />
do desenvolvimento de modelos<br />
nutricionais.<br />
O principal objetivo da<br />
pesquisa deste projeto é criar e<br />
testar um modelo nutricional<br />
de n-3 LC-PUFA do Salmão do<br />
Atlântico de tamanho comercial,<br />
em resposta à mudança da composição<br />
nutricional das dietas,<br />
ácidos graxos. Os objetivos deste<br />
projeto serão alcançados através<br />
de uma série de abordagens, envolvendo<br />
em primeiro lugar uma<br />
meta-análise da literatura publiconhecimento<br />
atual e o subsequente<br />
preenchimento dessas lacunas<br />
de conhecimento por meio<br />
de testes de alimentação adaptados.<br />
Os resultados deste projeto<br />
melhorarão a sustentabilidade<br />
ambiental e econômica do setor<br />
-<br />
clusão do óleo de peixe nas dietas<br />
aquícolas. Além disso, um modelo<br />
-<br />
cessidade de experimentos alimentares<br />
dispendiosos e demora -<br />
dos para avaliar as consequências<br />
nutricionais da substituição de<br />
óleo de peixe em dietas aquícolas.<br />
O modelo abrangerá fatores<br />
primordiais inter-relacionados<br />
-<br />
salmão do Atlântico, incluindo:<br />
das dietas aquícolas, atividade<br />
metabólica e temperatura da água.<br />
30<br />
© David S. Francis<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
Novas tecnologias para<br />
a rápida avaliação<br />
de alternativas à<br />
farinha de peixe:<br />
Os subprodutos da indústria<br />
de animais terrestres são<br />
derivados do processamento dos<br />
descartes considerados inadequados<br />
para o consumo humano,<br />
mas de composição nutricional<br />
notável. Como tal, a utilização<br />
desses subprodutos é de interesse<br />
para os fabricantes de alimentos,<br />
dada a sua pronta disponibilidade<br />
e favorável composição de aminoácidos.<br />
No entanto, esses subprodutos<br />
estão sujeitos a uma elevada<br />
variação na digestibilidade, em<br />
grande parte atribuída a métodos<br />
de processamento inconsistentes<br />
e à qualidade das matérias-primas<br />
recebidas. A qualidade da farinha<br />
desses subprodutos, portanto,<br />
difere de lote para lote, exigindo<br />
uma avaliação contínua através<br />
de experimentos de alimentação<br />
para determinar a digestibilidade<br />
da mesma para a subsequente formulação<br />
de alimentos que irão<br />
ocasionar um desempenho ideal do<br />
animal. Esses experimentos consomem<br />
tempo e são logisticamente<br />
volvimento de novas metodologias<br />
de digestibilidade “laboratorial”<br />
in vitro para a rápida avaliação<br />
da farinha. As abordagens in vitro<br />
oferecem potencialmente uma<br />
variedade de benefícios em relação<br />
aos métodos de avaliação mais<br />
tradicionais, incluindo desenhos<br />
experimentais mais simples, rendimento<br />
mais rápido, custos mais<br />
baixos e a rápida avaliação de<br />
uma ampla gama de parâmetros<br />
Usando esta<br />
tecnologia<br />
inovadora, o<br />
pH ambiental, a<br />
temperatura, a duração<br />
do processo de digestão<br />
e a quantidade de enzimas<br />
que estão sendo<br />
usadas podem ser<br />
controladas...<br />
A colaboração do NuSea.<br />
Lab com o parceiro do setor industrial,<br />
a Ridley Aquafeed, e a Universidade<br />
de Almeria – Espanha,<br />
permitiu o desenvolvimento de<br />
câmaras de digestibilidade in vitro<br />
personalizadas para o rápido<br />
rastreio de uma variedade de<br />
matérias-primas. Usando extratos<br />
testino, a câmara de digestibilidade<br />
permite que as matérias-primas<br />
sejam digeridas em um ambiente<br />
idêntico ao estômago “ácido” e às<br />
fases “alcalinas” da digestão intestinal<br />
das espécies de peixe-alvo. As<br />
farinhas são digeridas e divididas<br />
continuamente a partir da fase de<br />
digestão e removidas da câmara<br />
tecnologia inovadora, o pH ambiental,<br />
a temperatura, a duração do<br />
processo de digestão e a quantidade<br />
de enzimas que estão sendo usadas<br />
podem ser controladas, permitindo<br />
uma “imitação” do processo de<br />
digestão. Com a pesquisa contínua,<br />
o objetivo principal é avaliar uma<br />
calibrar uma Espectroscopia de infravermelho<br />
próximo (em inglês<br />
“Near-Infrared-Spectroscopy ”)<br />
que irá escanear as matérias-primas<br />
recebidas e prever a digestibilidade<br />
sem nenhuma avaliação adicional.<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
31<br />
© David S. Francis
© David S. Francis<br />
Impactos ambientais sazonais sobre<br />
a saúde e o estado nutricional do<br />
salmão do Atlântico de cultivo:<br />
A criação de salmão do<br />
Atlântico na Tasmânia – Austrália<br />
-<br />
biente adjacente que ditam as cirpeixes<br />
se encontram. Os extensos<br />
períodos de temperatura elevada<br />
da superfície do mar (>20˚C)<br />
são condições ambientais desade<br />
salmão do Atlântico, incluindo<br />
o crescimento e a saúde dos<br />
organismos. Embora as tendências<br />
sazonais de crescimento, função<br />
metabólica e qualidade do prosejam<br />
conhecidas, muito poucos<br />
estudos analisaram as tendências<br />
sazonais de longo prazo, em um<br />
ambiente comercial, expostas às<br />
mudanças ambientais reais. Uma<br />
série de estudos de qualidade de<br />
de um único ponto em diferentes<br />
épocas para comparação, porém<br />
muitas vezes compara-se o tamanho<br />
do peixe na despesca e não<br />
é feita análise das mudanças sazonais<br />
no metabolismo, qualidade<br />
nutricional ou estado de saúde.<br />
Embora as informações desses<br />
estudos sejam inestimáveis, elas<br />
não representam inteiramente o<br />
ciclo de produção e as condições<br />
enfrentadas pelas coortes de<br />
peixes. Como tal, as decisões<br />
relativas aos requisitos nutricionais<br />
e de saúde do salmão do<br />
Atlântico em cativeiro requerem<br />
uma compreensão aprofundada<br />
das condições ambientais de curto<br />
(diárias) e longo (sazonais) prazos<br />
que são encontradas.<br />
Este projeto está<br />
examinando o desempenho do<br />
salmão do Atlântico em uma<br />
produção de crescimento total, a<br />
partir de um tamanho de aproxi -<br />
madamente 100g até o tamanho<br />
de despesca de 5kg. Três coortes<br />
de peixes de fazendas comerciais<br />
monitoradas e amostradas duran -<br />
te o período de aproximadamente<br />
13 meses de crescimento, em concordância<br />
com o registro de dados<br />
de seu ambiente adjacente, fornecendo<br />
um quadro para decisões<br />
adaptativas comercialmente relevantes<br />
a serem tomadas por uma<br />
gama de empresas produtoras de<br />
salmão. Essas informações, juntamente<br />
com o estado nutricional e<br />
de saúde do salmão do Atlântico,<br />
fornecerão uma base sólida para<br />
tomar decisões de manejo, alimentação,<br />
tratamento, tempo de<br />
despesca e qualidade esperada<br />
do produto. Além disso, os dados<br />
emanados deste monitoramento<br />
serão utilizados para estabelecer<br />
correlações entre os parâmetros<br />
ambientais e os marcadores nutricionais<br />
e de saúde, bem como o<br />
status do salmão do Atlântico da<br />
Tasmânia. Em última análise, os<br />
principais resultados desta pesquisa<br />
abrirão caminho para uma in -<br />
tervenção mais orientada respala<br />
formulação de dietas adaptativas<br />
sob medida para as necessidades<br />
sazonais dos peixes. A capacidade<br />
de otimizar as dietas para<br />
o metabolismo alterado durante<br />
o período de crescimento aprimorará<br />
a conversão alimentar, diminuirá<br />
a produção de nitrogênio<br />
e melhorará a saúde dos peixes.<br />
os principais resultados<br />
desta pesquisa<br />
abrirão caminho para uma<br />
intervenção mais orientada<br />
e permitirão a formulação de<br />
dietas adaptativas sob medida<br />
para as necessidades<br />
sazonais dos peixes.<br />
32<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
Francis<br />
S.<br />
© David<br />
© David S. Francis<br />
Compreensão e otimização da saúde<br />
e do estado nutricional dos corais<br />
em cativeiro:<br />
Além da produção de alimentos aquícolas, o<br />
NuSea.Lab está empenhado em explorar as perspectivas<br />
de novos candidatos para a aquicultura. Em<br />
particular, a aquicultura de corais é promissora para<br />
avaliar a degradação dos recifes de coral através da<br />
produção em massa de propágulos de corais para a<br />
reabilitação dos recifes e aquarismo.<br />
Instalações de engorda em terra têm o potencial<br />
de melhorar drasticamente a sobrevivência do<br />
coral, eliminando estressores naturais dentro de um<br />
ambiente controlado de temperatura ideal, fotoperíode<br />
coral ainda está amplamente em fase experimental<br />
devido a grandes obstáculos como mortalidade<br />
cessidades nutricionais dos corais continua sendo uma<br />
das principais tarefas na manutenção e reprodução<br />
dos corais em cativeiro. Portanto, o objetivo deste projeto<br />
é elucidar uma dieta ideal e um regime<br />
de alimentação subsequente para o coral em cativeiro,<br />
crescimento, bem como a capacidade para enfrentar,<br />
reagir e recuperar-se quando confrontado com vários<br />
estressores.<br />
Isto está sendo alcançado através da implementação<br />
de uma série de experimentos de alimentação<br />
e nutrição realizados em colaboração com o<br />
Australian Institute of Marine Science. A experimentação<br />
abrangeu uma série de estágios de vida relevantes<br />
e incorporou intervenções nutricionais. Isso<br />
elucidará as principais demandas e exigências para<br />
lipídios e ácidos graxos, e proteínas e aminoácidos em<br />
corais e, ao mesmo tempo, determinará um veículo<br />
ideal de fornecimento de uma dieta de coral “pronta”<br />
que promova a saúde ideal e sobrevivência em<br />
cativeiro.<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
33
© Giovanni Lemos de Mello<br />
H i stó r i a , m i t o s , verd a d es e dicas<br />
em é pocas d e man c h a b ran c a<br />
Jorge Chávez Rigaíl, Biólogo<br />
jorgechavezrr@hotmail.com<br />
A<br />
A NTECEDENTES<br />
indústria mundial de cultivo<br />
de camarões marinhos tem se<br />
desenvolvido aceleradamente<br />
nos últimos 10 anos, já que desde<br />
seu início (anos 60), a produção<br />
de camarão em fazendas passou<br />
de níveis artesanais para uma indústria<br />
com milionários ingressos<br />
econômicos, provendo trabalhos<br />
diretos e indiretos a inúmeras pessoas<br />
no mundo todo.<br />
Os sistemas de cultivo<br />
até essa data eram relativamente<br />
simples, se usavam altas taxas de<br />
renovação de água e muito pouco<br />
alimento balanceado. As medidas<br />
de biossegurança eram mínimas<br />
ou não existiam, pois nessa época<br />
se conhecia muito pouco sobre<br />
qualidade da água, doenças do camarão<br />
e quase nada dos mecanismos<br />
de defesa humoral e celular<br />
contra os agentes virais. Também<br />
não era dado atenção ao manejo da<br />
variável solo.<br />
Paralelamente, outro setor<br />
gravemente afetado com a enfermidade<br />
da mancha branca foi a<br />
indústria dos alimentos balanceados<br />
para camarão. A mesma se<br />
viu obrigada a atualizar-se para<br />
poder crescer, com mudanças<br />
exigidas pela crescente demanda<br />
nacional ao “alimento melhorado”.<br />
Atualmente se fala muito de<br />
"alimentos balanceados compensados<br />
com balanço iônico, alimentos<br />
balanceados com determinada<br />
cadeia de aminoácidos, enzimas,<br />
etc”.<br />
Os problemas do início, na<br />
realidade seguem sendo os mesmos<br />
hoje em dia, pois a capacidade<br />
de fazer análises e diagnósticos no<br />
setor aquícola é muito limitada<br />
em função da falta de especialistas<br />
neste ramo do conhecimento.<br />
Desde 1989, com o aumento<br />
explosivo da indústria camaroeira<br />
em nosso continente, se fez<br />
necessário produzir de forma mais<br />
sultados.<br />
No início de 1999, os<br />
34<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
efeitos negativos do vírus da mancha<br />
branca (WSSV), obrigou os<br />
produtores a mudar a origem da<br />
pós larva que comumente era utilizada<br />
para povoar as fazendas,<br />
pois a partir destes anos o produtor<br />
passou a depender 100% de<br />
pós-larvas de laboratório a partir<br />
de reprodutores maturados em<br />
cativeiro. As pós-larvas passaram<br />
por um melhoramento genético,<br />
e os laboratórios a oferecerem um<br />
produto de melhor qualidade. Em<br />
virtude disso, ao longo dos anos, as<br />
pós-larvas equatorianas passaram<br />
a ter uma boa aceitação e um<br />
reconhecimento a nível internacional,<br />
já que se obtiveram melhoras na<br />
resistência sobre as enfermidades<br />
10 anos depois de terem iniciado.<br />
Igualmente durante o ano<br />
de 1999, vários países asiáticos<br />
iniciaram a substituição das principais<br />
populações domesticadas<br />
de Penaeus monodon , e Penaeus<br />
japonicus, pelo camarão branco do<br />
Litopenaeus vannamei,<br />
sendo competência direta de nossa<br />
produção, gerando nova pressão<br />
ao produtor latino-americano, que<br />
em todos os sentidos, para seguir<br />
sendo competitivo em escala internacional.<br />
Na atualidade, Tailândia,<br />
Vietnã, Malásia, Índia, Coréia,<br />
China, Sumatra, Austrália e Nova<br />
Caledônia, contam com vários<br />
programas de domesticação e<br />
melhoramento genético para estas<br />
espécies.<br />
No Equador, a partir do<br />
ano de 2003, por pressões ambientais,<br />
se resolve por legislação, a<br />
restrição no uso de antibióticos,<br />
transformando a aquicultura em<br />
uma atividade mais responsável<br />
e amigável com o meio ambiente.<br />
Esse fato exigiu ao setor novas e<br />
rança para os sistemas de produção<br />
e como resultado dessas mudanças,<br />
além de boas práticas de manejo<br />
(BPM) orientadas a reduzir as<br />
condições de estresse dos cultivo,<br />
tivemos:<br />
· Redução da densidade de estocagem (12/<br />
m²);<br />
· Redução do consumo de antibióticos;<br />
· Otimização das práticas de fertilização,<br />
relação 18N:1P;<br />
· Desenvolvimento e utilização de probióticos<br />
- produção massiva de Lactobacillus spe<br />
Bacillus sp,<br />
· Desenvolvimento e aplicação de biorremerápida,<br />
melhorando a qualidade e o controle<br />
técnico da variável solo;<br />
· A utilização das normas do balanço iônico,<br />
que apesar de ser uma das ferramentas<br />
mais antigas era pouco usada, marcando<br />
uma importante mudança e sendo uma das<br />
ações mais importantes nas “soluções” que<br />
permitiram a muitos produtores sair à frente<br />
dessa gravíssima patologia, cujo momento<br />
mais crítico, afetou 100% da produção nacional;<br />
· Auxílio do melhoramento genético nas<br />
pós-larvas;<br />
· Correto uso dos probióticos;<br />
· Melhorias na qualidade dos alimentos concentrados<br />
e peletizados;<br />
· Constantes manejos feitos nas fazendas de<br />
modo a corrigir o desequilíbrio iônico do<br />
meio.<br />
© Jorge Chávez Rigaíl<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
35
O S MITOS<br />
Com a enfermidade da mancha branca<br />
se desenvolvendo no Equador, uma indústria<br />
paralela, baseada em “utopias – sonhos” também<br />
surgia, se incrementando no mercado os “técnicos<br />
– sábios – assessores – laboratórios de análises”<br />
todos preparados para evitar e erradicar o<br />
vírus com os mais diversos produtos. Criaram<br />
até sabonetes contra a mancha branca. Porém,<br />
mente mitos, e de alguma forma os produtores<br />
equatorianos provaram quase todos os produtos<br />
do mercado que prometiam eliminar o vírus.<br />
No início dos surtos houveram morconhecidas<br />
pela expressão “o evento”, pois todos<br />
os produtores falavam do “evento de mortalidade”<br />
que ocorria em um dia determinado. Para muitos<br />
coincidia com o dia 28, para outros com o dia 30,<br />
outros com o dia 40, 90, ou o dia 100. Mesmo<br />
sem ter claro o panorama, o quadro abaixo foi<br />
um dos primeiros esquemas que se publicou no<br />
ano 2000, e de alguma forma auxiliou os técnicos<br />
e pesquisadores a entender e compreender a enfermidade<br />
de outra ótica, já que pouco a pouco a<br />
doença começou a ceder espaço.<br />
O evento ocorria mais cedo se existisse<br />
um solo muito deteriorado, uma água de má<br />
qualidade e um povoamento com pós-larvas de<br />
qualidade duvidosa. Este era batizado como “O<br />
evento de mortalidade do dia 29”, mas que não<br />
ocorria em todas as fazendas no dia exato, meshavia<br />
algo bastante em comum, a primeira mortalidade<br />
era mais forte (50%-60%) que a segunda<br />
(20%-30%) e esses eventos se repetiam 40/50 dias após<br />
o primeiro surto.<br />
36<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
© Jorge Chávez Rigaíl<br />
A S VERDADES<br />
Os casos típicos comprovados de WSSV tinham uma<br />
característica importante, de que sempre havia uma repetição, tendo<br />
dois eventos de mortalidade mais ou menos fortes, entre os dias<br />
30-40 e os dias 80-90.<br />
O manejo do solo e a incansável série de produtos<br />
milagrosos foram uns dos itens mais explorados durante os surtos<br />
da mancha branca. O consumo de cal hidratada cresceu exponencialmente<br />
já que o solo era um dos parâmetros menos trabalhados,<br />
e onde se faziam grandes alterações com a aplicação dos pro-<br />
Ao estudarmos esta patologia com mais atenção, encontramos<br />
que não tratava-se de uma enfermidade “biológica”, mas<br />
que é na verdade uma enfermidade “ecológica” onde coexistem algumas<br />
variáveis de cultivo, e que só com o domínio destas variáveis<br />
se obtém êxito dos cultivo. Compreendida a razão, sabíamos agora<br />
porque é necessário conhecer com antecedência “Qual é o dia<br />
exato?”, “Como se ativa?”, perguntas básicas que podem se aplicar<br />
a esta ou qualquer outra patologia, pois conhecendo estes detalhes,<br />
é possível realizar um manejo<br />
diferenciado em cada um dos<br />
viveiros, convertendo-se na<br />
garantia de um cultivo exitoso.<br />
...não tratava-se de<br />
uma enfermidade<br />
“biológica”, mas<br />
que é na verdade<br />
uma enfermidade<br />
“ecológica”...<br />
O manejo diferenciado<br />
a cada tanque, sigpor<br />
protocolos” (exemplo; Ao<br />
dia X coloque tantos quilos de<br />
A; Ao dia Y coloque tantos quilos<br />
de B), uma vez que não existe somente uma variável,<br />
são várias variáveis que atuam e se mostram de formas<br />
diferentes na maioria dos casos, e o conjunto delas pode mostrar-se<br />
de diferentes formas.<br />
Nossos produtores usaram muitos produtos do mercado, como ácidos orgânicos, antibióticos, vitaminas,<br />
enzimas, colesterol, etc, que eram incorporados nas rações e se converteram na receita conhecida<br />
como “O protocolo”, para atenuar o evento, quando na realidade, esta receita funcionava bem para combater<br />
outras patologias oportunistas do meio.<br />
Esta fase de ensaios foi o tempo empregado para desenvolver estratégias ao bom manejo da enfermidade,<br />
que ao longo de vários anos (por volta de 10) atingiu o setor produtivo do país. Se fez, se provou,<br />
e se utilizou quase tudo que era conhecido para o mercado do camarão, e o que mais ajudou, foi a<br />
existência dos chamados “agentes ou parâmetros detonantes das mortalidades” e que a biologia de campo<br />
as denominou de “gatilhos”, que devem ser monitorados e corrigidos o mais breve possível, e que não há<br />
uma data certa, podem apresentar-se em qualquer momento do cultivo.<br />
Outro produto usado com êxito foram os ácidos orgânicos, embora há muitos e de muitas marcas,<br />
sua ação se dava contra as bactérias oportunistas, patógenos típicos da doença. O segredo consistia em<br />
conhecer as porcentagens de pureza de cada elemento, já que quanto mais puro melhor a ação contra as<br />
bactérias.<br />
Resgatando o melhor destas épocas, me permito sugerir algumas dicas que auxiliaram vários carcinicultores<br />
ao longo de nossa América Latina.<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
37
DICAS<br />
O desenvolvimento de todas estas tecnologias se baseia principalmente no conhecimento de “QUE?<br />
COMO? E QUANDO?” se ativa a enfermidade e iniciam-se as mortalidades. Evita-las é a meta de todos<br />
os aquicultores e pesquisadores que a fazem atualizando seus conhecimentos técnicos, permitindo compreender<br />
e interpretar da melhor maneira a relação: água – camarão – solo.<br />
novos e antigos métodos de cultivo:<br />
1.<br />
O principal gatilho desta enfermidade<br />
é a qualidade da<br />
água. A correta interpretação<br />
das análises semanais permite<br />
conhecer como está se comportando<br />
o sistema. O parâmetro<br />
mais básico e mais viável economicamente<br />
chama-se “pH”,<br />
e deve ser medido as 06:00 e as<br />
17:00h do mesmo dia.<br />
2.<br />
A interpretação da alcalinidade,<br />
primeiro da maioria dos<br />
problemas chamados “eventos” ou<br />
“síndromes”, e portanto o principal<br />
indicador, possuí para cada fase de<br />
cultivo valores ideais: para a fase<br />
naúplio 100; misis 120; pós-larvas<br />
140; para raceways 150 e para<br />
engorda 120 mg/L de CaCO 3<br />
.<br />
3.<br />
A utilização indicada para<br />
sistemas intensivos ou raceways,<br />
na fase inicial de povoamento<br />
é de 35/40 PL 12<br />
/L, até 18<br />
dias de cultivo, e a transferência<br />
de juvenis de 0,015 mg à engorda.<br />
4.<br />
38<br />
A utilização da densidade nos<br />
sistemas semi-intensivos para<br />
venis/ha.<br />
5.<br />
Utilização de sistemas de recirculação<br />
bem desenhados<br />
e calculados exatamente para as<br />
diferentes fases do sistema: desuspender,<br />
e recondicionar a<br />
água usada.<br />
6.<br />
O monitoramento da temperatura<br />
é muito importante,<br />
principalmente quando as oscilações<br />
entre as horas do dia e<br />
noite são maiores do que 5°C.<br />
O ideal é manter o cultivo por<br />
volta de 30°± 2°C, com a menor<br />
variação possível.<br />
7.<br />
A utilização dos probióticos<br />
Lactobacillus<br />
sp, como alimento para<br />
ajudar contra as bactérias patogênicas.<br />
8.<br />
Utilização dos Bacillus sp. para<br />
degradar a matéria orgânica<br />
dos sedimentos, acelerando o processo<br />
com a mistura das bactérias<br />
Nitrosomonas<br />
sp, Nitrobacter sp, Azotobacter<br />
sp, formando assim os “Consórcios<br />
Bacterianos remediadores do<br />
facultativas requerem a condição<br />
de estarem vivas no momento de<br />
serem aplicadas ao viveiro.<br />
9.<br />
A mistura de 7/10 ppm de<br />
ácidos orgânicos na ração,<br />
resultou em uma técnica muito<br />
conhecida e aplicada no auxílio<br />
contra bactérias oportunistas do<br />
tipo Vibrio sp.<br />
10.<br />
A utilização de métodos<br />
que permitam desenvolver<br />
naturalmente os carotenos<br />
como agentes estimuladores<br />
do sistema imunológico e dos carotenoides,<br />
como agentes estimuladores<br />
do crescimento, atingido<br />
através das diatomáceas com a<br />
correta fertilização dos tanques<br />
(18N:1P:0,1Si).<br />
11.<br />
Melhores sobrevivências e<br />
melhores crescimentos no<br />
cultivo são apoiados com a adequada<br />
relação “Cálcio:Magnésio:Potássio”,<br />
e que a relação (1 – 3 – 1), não<br />
se aplica, porque a densidade de<br />
muito diferente da densidade de povoamento<br />
de seu viveiro.<br />
Informação do Autor: Jorge Chávez Rigaíl; Biólogo graduado na Universidade de Guayaquil,<br />
Facultad de Ciencias Naturales, 1985; Secretário Geral da Fundação Sociedade Latino-americana<br />
de Aquicultura SLA; Autor de vários manuais sobre o critério biológico na interpretação<br />
de análises de qualidade de água; Patologia em fresco; Microbiologia de campo; Análises para<br />
* “Não existe patologia alguma que não inicia-se de um desequilibro iônico do meio” J.Chávez R,<br />
2005.<br />
12.<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
Com esta nova sequência<br />
de controles na produção<br />
aquícola, os cultivos de<br />
dos, marcando o início do êxito<br />
da indústria camaroeira latino-americana.<br />
Realizar rotina semanal<br />
13.<br />
dade de cada viveiro, priorizando:<br />
qualidade da água, análise<br />
da microbiologia, patologia, e ao<br />
mentos básicos.<br />
14.<br />
A Mancha Branca é uma<br />
enfermidade viral, portanto<br />
não existe antibiótico que<br />
controle ou elimine o vírus.<br />
15.<br />
Tem relação direta com<br />
qualidade do solo +<br />
qualidade da água + qualidade da<br />
larva.<br />
16.<br />
Obter o diagnostico no<br />
campo será muito mais<br />
fácil para determinar qual a ferramenta<br />
de controle utilizar,<br />
poder avalia-la diariamente se<br />
funciona ou não, e se devemos<br />
optar por outra alternativa de<br />
controle, conseguindo desta forma<br />
trabalhar sob uma trilogia<br />
bastante justa: Seguridade – Ordem<br />
– Rapidez.<br />
17.<br />
Sugestão: nunca tratem<br />
de “curar” um problema,<br />
primeiro analisem qual é a causa<br />
desse problema, qual a origem<br />
desse problema, e trabalhando<br />
sobre essas respostas, seus diagnósticos<br />
serão sempre mais precisos.<br />
18.<br />
Dado que: não existe os<br />
“eventos de mortalidade”<br />
por mancha branca, o que existe<br />
é: um parâmetro fora de controle,<br />
que não foi analisado em tempo
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
39
© www.msd-saude-animal.com.br<br />
À<br />
Pelo terceiro ano consecutivo MSD Saúde Animal reúne grandes nomes<br />
nacionais e internacionais do setor<br />
medida que necessitamos<br />
atender a crescente demanda<br />
mundial de alimentos,<br />
uma maior atenção e importância<br />
têm sido atribuídas à aquicultura<br />
como uma fonte futura de produção<br />
de proteína saudável e sustentável.<br />
No início deste ano, o Rabobank<br />
publicou um artigo intitulado<br />
“A ascensão do frango aquático”,<br />
destacando o crescente mercado<br />
da tilápia e sua oportunidade para<br />
suprir a cadeia global de proteína,<br />
além do potencial de produção<br />
junto aos países latino-americanos<br />
como futuros candidatos em abastecer<br />
o mercado doméstico, assim<br />
como o mercado mundial,<br />
em particular o grande mercado<br />
consumidor norte-americano.<br />
Estes temas foram a base do<br />
3º High Quality Tilapia Congress<br />
realizado pela MSD Saúde Animal<br />
entre os dias 5 e 6 de outubro na<br />
cidade de Campinas, São Paulo.<br />
Estiveram presentes os principais<br />
produtores de tilápia do <strong>Brasil</strong>,<br />
Costa Rica, Colômbia, Equador,<br />
Honduras, México e também pro -<br />
dutores do continente Africano.<br />
A equipe de aquicultura da MSD<br />
Saúde Animal convidou líderes de<br />
opinião nacionais e internacionais<br />
para palestrar sobre 3 diferentes<br />
temas, sendo eles: Mercado global<br />
da tilápia; Marketing com ênfase<br />
em aquicultura e Boas práticas de<br />
produção.<br />
Não foram apenas<br />
palestrantes oriundos do setor de<br />
aquicultura, mas sim, especialistas<br />
de outras cadeias de produção<br />
de proteína intensiva, como aves e<br />
suínos, por exemplo, que vieram<br />
compartilhar suas experiências<br />
com os produtores de tilápia.<br />
Lívia Machado, da Asso -<br />
ciação <strong>Brasil</strong>eira dos Criadores de<br />
40<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
Suínos (ABCS), compartilhou a<br />
estratégia de marketing da associação,<br />
que ajudou a impulsionar<br />
um crescimento de 10% no consumo<br />
doméstico de suínos nos<br />
últimos cinco anos. Estes resultados<br />
foram alcançados através de<br />
uma abordagem de marketing estratégica<br />
em diferentes canais que<br />
abrangeram consumidores, restau -<br />
rantes, varejos e chefes de cozinha,<br />
por exemplo.<br />
Joe DePippo, que anteriormente<br />
trabalhou como<br />
vice-presidente sênior da empresa<br />
de alimentos Tyson, compartilhou<br />
uma visão geral do mercado Norte<br />
Americano de<br />
proteínas, destacando<br />
as principais<br />
tendências do mercado<br />
e oportuni -<br />
que até 90% do pescado<br />
consumido<br />
nos EUA (5,6<br />
bilhões de libras<br />
ou 20,2 bilhões de<br />
dólares em 2014)<br />
são importados.<br />
Com consumidores<br />
cada vez mais exigentes, há uma<br />
oportunidade para que nossos<br />
produtores latino-americanos ex -<br />
plorem esse potencial de mercado<br />
contando a “história” de como sua<br />
tilápia foi produzida de forma sustentável<br />
e focada em qualidade ao<br />
saúde e bem-estar dos peixes.<br />
Silvio Romero Coelho explorou<br />
e compartilhou com os produtores<br />
a importância da rastre -<br />
diferencial competitivo futuro<br />
de alcançar e penetrar em novos<br />
mercados de exportação, além da<br />
agregação de valor. Outra palestra<br />
de destaque foi proferida por Jose<br />
Luiz Tejon, umas das 100 maiores<br />
personalidades do agronegócio<br />
brasileiro. Tejon explicou a importância<br />
estratégica das ações de<br />
marketing para promover a carne<br />
de tilápia junto ao consumidor<br />
como o piscicultor terá que ser<br />
-<br />
viver de forma competitiva.<br />
Outros palestrantes de destaque<br />
do evento foram: Meg Caetano<br />
Felippe (grupo GPA) discorrendo<br />
sobre a comercialização de<br />
-<br />
tunidades; Dalton Casaletti (BRF)<br />
discorrendo sobre excelência na<br />
cadeia de produção intensiva de<br />
proteína; Fernando Oyarzún Al -<br />
barracin (Open Blue) discorrendo<br />
sobre processamento de pescado<br />
e a excelência no produto; Osler<br />
Desouzart (OD Consulting)<br />
abordando o tema mercado global<br />
de proteínas e as oportunidades<br />
para tilápia em níveis regionais e<br />
globais, entre outros palestrantes<br />
de renome.<br />
O evento também contou<br />
com uma atividade de integração<br />
entre os participantes, onde pro -<br />
dutores de diferentes regiões e<br />
países tiveram a oportunidade de<br />
interagirem entre si, trocando ex -<br />
periências e aumentando seus con-<br />
-<br />
dade de integração houve uma ação<br />
social, com montagem de bicicletas<br />
que foram destinadas para crianças<br />
na cidade de Campinas.<br />
“Com investimentos em<br />
eventos como o High Quality<br />
Tilápia Congress a MSD Saúde<br />
Animal demonstra todo seu com -<br />
prometimento com o avanço e<br />
desenvolvimento sustentável da indústria<br />
da tilápia em nível mundial”,<br />
complementa Rodrigo Zanolo, gerente<br />
de mercado de Aquicultura<br />
da MSD Saúde Animal.<br />
Sobre a MSD Saúde Animal<br />
Hoje a MSD é a líder<br />
mundial em assistência à saúde,<br />
trabalhando para ajudar o mun -<br />
do a viver bem. A MSD Animal<br />
Health, conhecida como Merck<br />
Animal Health nos Estados Unidos<br />
e Canadá, e como MSD<br />
Saúde Animal no <strong>Brasil</strong>,<br />
é a unidade de negócios<br />
global de saúde animal<br />
da MSD. Através do<br />
seu compromisso com<br />
a Ciência para Animais<br />
mais Saudáveis, a MSD<br />
Saúde Animal oferece<br />
aos veterinários, fazendeiros,<br />
proprietários de<br />
animais de estimação e<br />
governos a mais ampla<br />
variedade de produtos<br />
farmacêuticos veterinários, vacinas<br />
e soluções e serviços de gerenciamento<br />
de saúde. A MSD Saúde<br />
Animal se dedica a preservar e<br />
melhorar a saúde, o bem-estar e o<br />
desempenho dos animais, investindo<br />
extensivamente em recursos de<br />
pesquisa e desenvolvimento amplos<br />
e dinâmicos e em uma rede de<br />
suprimentos global e moderna. A<br />
MSD Saúde Animal está presente<br />
em mais de 50 países, enquanto<br />
seus produtos estão disponíveis em<br />
150 mercados.<br />
Para mais informações visite:<br />
www.msd-saude-animal.com.br<br />
Fanpage no Facebook:<br />
www.facebook.com/<br />
msdsaudeanimal<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
41
42<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
I n t egraç ão univ ers idade<br />
e empres a<br />
impuls iona a v anços<br />
nut ric ionais n a<br />
c riaç ão de a t u m<br />
Maria T. Viana, Artur N. Rombenso, Jose A. Mata-Sotres, Fernando Barreto-Curiel<br />
Universidade Autônoma de Baja California – Ensenada – México<br />
viana@uabc.edu.mx | mtviana.com<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
43
O<br />
atum é uma das espécies de<br />
peixes mais apreciadas mundialmente<br />
e vem despertando o interesse<br />
no desenvolvimento de sua<br />
aquicultura, que está cada vez mais<br />
aprimorada. Embora a produção<br />
de juvenis seja incipiente, a engorda<br />
em tanques-rede com juvenis selvagens<br />
capturados já é realizada<br />
em vários países como Austrália,<br />
Espanha, Grécia, Japão e México,<br />
com uma produção anual de<br />
aproximadamente 50 mil toneladas<br />
(Wijkstrom, 2012). Os atuns são<br />
na sua maioria alimentados com<br />
peixes pelágicos frescos ou congelados<br />
de espécies como sardinha e<br />
cavalinha, resultando em uma conversão<br />
alimentar elevada entre 10:1<br />
- 17:1. O uso de peixes pelágicos<br />
inteiros como alimento aquícola é<br />
uma prática bastante criticada em<br />
termos de sustentabilidade e não<br />
deve ser estimulada pois:<br />
Esse alimento poderia<br />
ser utilizado para<br />
consumo humano;<br />
Aumenta a incidência<br />
de patógenos na<br />
criação;<br />
Existe variabilidade<br />
nutricional entre lotes<br />
de alimento e épocas<br />
do ano;<br />
Eleva a quantidade<br />
de perda de<br />
nutrientes (nitrogênio<br />
e fósforo) para o<br />
ambiente adjacente;<br />
Fomenta a pressão<br />
pesqueira sobre os estoques<br />
naturais dessas<br />
espécies alvo.<br />
Assim, o desenvolvimento<br />
de uma dieta formulada é essencial<br />
para garantir a sustentabilidade da<br />
aquicultura de atum. A região da<br />
Baja Califórnia no México (Figura<br />
1) é propícia para o desenvolvimento<br />
da maricultura, principalmente<br />
a piscicultura marinha,<br />
devido às características geomoroferecem<br />
locais profundos com<br />
boa circulação de água e próximos<br />
à costa, à proximidade com os Estados<br />
Unidos que é um dos maiores<br />
mercados consumidores mundiais<br />
de pescado, e à presença de centros<br />
de pesquisa e universidades desenvolvendo<br />
tecnologia e conhecimento<br />
que fazem desta região uma<br />
opção viável para o desenvolvimento<br />
aquícola. As espécies de<br />
peixes marinhos mais importantes<br />
criadas na região são o olhete (Seriola<br />
dorsalis), a totoaba (Totoaba<br />
macdonaldi), a corvina (Scianoeps<br />
ocellatus<br />
( ). Atualmente<br />
existem cinco fazendas ativas de<br />
engorda de atum (Figura 2). Resumidamente,<br />
o processo de engorda<br />
consiste em:<br />
© Artur Nishioka Rombenso<br />
Figura 1. Região de Baja Califórnia, México.<br />
44<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
1<br />
Captura<br />
de juvenis selvagens<br />
e transporte para os<br />
locais de engorda;<br />
2<br />
Engorda em<br />
tanques-rede;<br />
3<br />
Despesca e comercialização<br />
para mercados internacionais,<br />
em particular o<br />
mercado japonês.<br />
Durante a engorda<br />
(Figura 3), que dura entre 18-24<br />
meses, os peixes são alimentados<br />
com sardinha e cavalinha uma vez<br />
ao dia até a saciedade aparente e,<br />
carte mencionados anteriormente,<br />
a utilização desse tipo de alimento<br />
poderia parecer economicamente<br />
viável já que a maioria das empresas<br />
(fazendas marinhas) possuem<br />
suas próprias embarcações para<br />
peixes pelágicos, porém sua captura<br />
representa um custo elevado<br />
para a sustentabilidade da pesca<br />
e da produção de alimentos para<br />
consumo humano.<br />
Nesse contexto, o Feed-<br />
Aqua - Laboratório de Nutrição<br />
e Fisiologia da Universidade<br />
Autônoma de Baja Califórnia<br />
(UABC), que desde 1990 trabalha<br />
de organismos aquáticos, decidiu<br />
contribuir para o desenvolvimento<br />
de dietas formuladas para atum.<br />
Desde 2007 uma série de projetos<br />
são realizados para entender<br />
melhor as enzimas digestivas e a<br />
absorção de aminoácidos em atum<br />
ra et al., 2007; Rosas et al., 2008;<br />
Martínez-Montaña et al., 2010,<br />
2011, 2013; Román-Gavilanes et<br />
al., 2015; Castillo-Lopez et al.,<br />
2016; Rueda-López et al., 2016).<br />
Em seguida foi desenvolvido o projeto<br />
LINDEAACUA que consistiu<br />
na construção de um laboratório<br />
piloto para produção de alimentos,<br />
único da América<br />
Latina, com o objetivo de desenvolver<br />
pesquisa e tecnologia em<br />
formulações e em dietas extrusadas<br />
para organismos aquáticos, facilitar<br />
o estabelecimento de convênios<br />
e parcerias com a indústria aquícoem<br />
quantidades menores para empresas<br />
em desenvolvimento. Nosso<br />
laboratório é equipado com uma<br />
extrusora Extrutech E325 (Figura<br />
4) capaz de produzir até 400 kg/h,<br />
um secador de gás horizontal<br />
(Figura 5) e outros equipamentos<br />
para preparação e fabricação<br />
de alimentos formulados.<br />
© Diane Rome Peebles<br />
Figura 2. Ilustração de atum<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
45
Fotos: © Artur Nishioka Rombenso<br />
Figura 3. Fazenda Baja Aqua Farms.<br />
Desafios para a fabricação de<br />
uma dieta para atum<br />
Figura 4. Extrusora Extrutech do laboratório Feed Aqua.<br />
Figura 5. Secadora de gás horizontal do laboratório Feed<br />
Aqua.<br />
Figura 6. Dieta formulada para Atum<br />
Assim como em muitas espécies<br />
aquícolas, existe uma carência<br />
de informação e conhecimento<br />
lação e fabricação de uma dieta.<br />
Além disso, a obtenção desses organismos<br />
é complexa devido ao<br />
ciclo produtivo dessa espécie não<br />
estar completamente dominado e<br />
talvez ainda mais difícil seja sua<br />
manutenção em cativeiro devido<br />
à exigência de grandes estruturas<br />
e investimento elevado. Portanto,<br />
apenas um número reduzido de<br />
centros de pesquisa e empresas no<br />
mundo todo podem realmente trabalhar<br />
com essa espécie.<br />
ça por parte dos produtores de<br />
que o alimento “natural” seja o<br />
único que o atum aceite, fato que<br />
e desenvolvimento de dietas formuladas<br />
uma vez que os pesquisadores<br />
têm que primeiro quebrar<br />
essa barreira e em seguida convencer<br />
os produtores da importância<br />
de experimentação em campo<br />
com essas dietas formuladas.<br />
Pelo fato de não existir uma<br />
dieta formulada para atum, muitos<br />
aspectos da própria dieta estão indrico,<br />
retangular, redondo) e o tamanho<br />
do pellet (3, 5, 10, 15 cm).<br />
processo de extrusão: como extruir<br />
um alimento tão rico em proteínas<br />
e lipídios que mantenha a forma,<br />
a textura e as características físicas<br />
desejadas?<br />
Esse cenário desalecimento<br />
de uma integração<br />
universidade-empresa, através de<br />
um projeto de pesquisa e desenvolvimento<br />
disponível pela agência<br />
nacional de pesquisa do México.<br />
Resumidamente, o laboratório<br />
FEED-AQUA, com sua linha de<br />
pesquisa LINDEAACUA, aprimora<br />
a formulação e fabricação<br />
de dietas para atum e a empresa<br />
LITGO SA de CV patrocina o<br />
desenvolvimento. Um dos grandes<br />
benefícios desse tipo de parceria<br />
é a possibilidade de desenvolver<br />
esse alimento para ser validado<br />
nas fazendas marinhas de atum.<br />
46<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
Formulação<br />
O processo de formulação<br />
foi baseado nos seguintes aspectos:<br />
nível de carnivoria da espécie,<br />
hábito de alimentação, composição<br />
de suas dietas naturais e<br />
composição proximal corporal da<br />
espécie. Em seguida, buscou-se o<br />
uso de ingredientes disponíveis no<br />
mercado mexicano que atendesda<br />
formulação. Como existe uma<br />
indústria regional de engorda de<br />
atum, é muito importante a busca<br />
por matérias-primas que sejam<br />
regionais e nacionais, disponíveis<br />
durante todo o ano, e com preço<br />
favorável.<br />
O projeto<br />
consistiu na<br />
construção de um<br />
laboratório piloto<br />
para produção de<br />
alimentos, único da<br />
América Latina.<br />
Desenvolvimento de dietas e<br />
Patente<br />
de afundamento, estabilidade em<br />
água, índice de penetração, índice<br />
de absorção de óleo, índice de absorção<br />
de água, perda de óleo, entre<br />
outros.<br />
Alimentação com<br />
dietas formuladas<br />
Com o intuito de validar<br />
os processos de formulação<br />
e fabricação de alimentos aquícoforam<br />
alimentados com as dietas<br />
formuladas em experimentos<br />
pontuais. Em todas as ocasiões os<br />
peixes aceitaram as dietas de imediato,<br />
comprovando que é possível<br />
o uso de dietas formuladas na engorda<br />
de atum. Porém, vale ressaltar<br />
que isso é apenas um pequeno<br />
passo para o desenvolvimento de<br />
uma dieta comercial. Como resultado<br />
desses experimentos, um<br />
registro de patente já está em andamento<br />
e projetos para a validação<br />
das dietas formuladas em sistemas<br />
experimentais em tanques-rede<br />
serão realizados nos próximos<br />
anos.<br />
Considerações finais<br />
Esses experimentos perde<br />
dietas formuladas para engorda<br />
de atum e que isso pode se tornar<br />
realidade por meio de pesquisas e<br />
aprimoramento de protocolos de<br />
fabricação de alimentos aquícolas,<br />
e da integração universidade-empresa,<br />
juntamente com o apoio das<br />
fazendas de engorda e mercado<br />
consumidor. Esse tipo de parceria<br />
já é bem sucedida e pode servir<br />
de modelo para outros locais,<br />
principalmente aqueles em que a<br />
aquicultura ou setores da mesma<br />
se encontram em fase inicial de<br />
desenvolvimento.<br />
Fabricação<br />
Para a fabricação da dieta<br />
(Figura 6) foi selecionada uma<br />
forma cilíndrica com tamanho<br />
entre 5-15 cm com o intuito de<br />
simular o alimento natural. Porém,<br />
foi necessária uma série de experimentos<br />
com diversas formulações e<br />
ingredientes e com diferentes conaté<br />
obter uma dieta satisfatória.<br />
Para a avaliação da qualidade dos<br />
pellets foram analisados os seguintes<br />
parâmetros: densidade, co-<br />
Figura 7. Alimentação com dietas formuladas.<br />
© Artur Nishioka Rombenso<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
47
Mídias biológicas para<br />
sistemas de recirculação<br />
em aquicultura (RAS)<br />
Marco Shizuo Owatari 1, 2 *, Gabriel Fernandes Alves Jesus 2 , Katt Regina Lapa 1 , Maurício<br />
Laterça Martins 2 , José Luiz Pedreira Mouriño 2 .<br />
1<br />
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, Departamento de Aquicultura, Centro de<br />
Ciências Agrárias - CCA.<br />
2<br />
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Departamento de Aquicultura,<br />
– Laboratório de Patologia e Sanidade de Organismos Aquáticos - AQUOS.<br />
*owatarimarco@hotmail.com<br />
S<br />
egundo a FAO (2014), o número<br />
de pessoas que dependem<br />
da pesca e da aquicultura como<br />
fonte de renda e alimentação é cada<br />
vez maior, estimando que cerca de<br />
10 % a 12 % da população mundial<br />
dependam diretamente dessas<br />
atividades. No <strong>Brasil</strong> o consumo<br />
per capita de produtos derivados<br />
do pescado deve aumentar nas<br />
próximas décadas, fazendo com<br />
que o setor seja cada vez mais dependente<br />
da aquicultura. Contudo,<br />
as ingerências dos recursos ambientais<br />
ameaçam a sustentabilidade<br />
da atividade, especialmente no uso<br />
da água e na devolução da mesma<br />
sem tratamento ao ambiente.<br />
Segundo Timmons & Ebeling<br />
(2010), os sistemas convencionais<br />
de aquicultura se tornarão<br />
insustentáveis a longo prazo, tanto<br />
por problemas ambientais como<br />
por biosseguridade. Dessa forma,<br />
para aumentar a produção de alimentos<br />
em uma mesma dimensão<br />
pactos ambientais. Nesse modelo<br />
alternativo de produção surgem<br />
os sistemas de recirculação para<br />
aquicultura, conhecidos pela sigla<br />
em inglês, RAS – “Recirculating<br />
<strong>Aquaculture</strong> Systems” – os quais<br />
possibilitam atingir altos índices<br />
de produção, minimizando os impactos<br />
ao meio ambiente, podendo<br />
ser modelados de muitas maneiras<br />
e utilizando-se vasta gama de componentes<br />
em sua estrutura para<br />
remoção dos resíduos indesejáveis<br />
na água, como o nitrogênio amoniacal.<br />
Segundo Timmons<br />
& Ebeling (2010), os<br />
sistemas convencionais de<br />
aquicultura se tornarão<br />
insustentáveis<br />
a longo prazo...<br />
No campo da aquicultura,<br />
os processos biológicos são os mais<br />
importantes para o tratamento de<br />
águas residuais, destacando-se o<br />
rações de RAS) pode ser afetada<br />
por uma série de fatores, tais como<br />
o tipo de material suporte (conhecido<br />
também por mídia, utilizada<br />
como suporte biológico para bactérias),<br />
concentração de oxigênio<br />
dissolvido, quantidade de matéria<br />
orgânica, temperatura, pH, alcalinidade,<br />
salinidade entre outros.<br />
biológicos e dos processos de nisistema<br />
estão diretamente relacionados<br />
com os tipos de mídias utilizadas<br />
como suporte biológico para<br />
adesão de bactérias. É importante<br />
que as mídias utilizadas ofereçam<br />
maior crescimento bacteriano por<br />
unidade de volume das mídias do<br />
tos nitrogenados.<br />
O tempo de vida útil das<br />
mídias alternativas para uso em<br />
48<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
© Marco Shizuo Owatari
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
49
© Marco Shizuo Owatari<br />
© Marco Shizuo Owatari<br />
vado levando em conta a composição<br />
do material empregado.<br />
Mídias como lascas de madeiras,<br />
por exemplo, podem ser utilizadas,<br />
contudo têm vida útil reduzida<br />
quando comparada às mídias<br />
plásticas, podendo entrar<br />
em decomposição<br />
e causar problemas<br />
secundários no sistema,<br />
como alterações<br />
nos parâmetros<br />
físico-químicos<br />
da água.<br />
Em RAS,<br />
uma série<br />
de suportes<br />
b i o lóg ico s<br />
ais, não tóxicos, são utilizadevem<br />
favorecer o crescicantes<br />
(RIDHA & CRUZ, 2001).<br />
tantos outros). Existem muitos tipos<br />
de mídias que são comumente<br />
utilizadas como suportes biológicos<br />
em sistemas de recirculação,<br />
dentre elas podemos destacar:<br />
A escolha dos componentes<br />
do RAS, assim<br />
como das mídias a serem<br />
utilizadas, pode infl uenciar<br />
diretamente nos custos de<br />
mesmo.<br />
Bioesferas: estruturas em polietileno<br />
com formato de elipse<br />
conhecidas como bioballs, muito<br />
percoladores (conhecidos também<br />
como<br />
ou biorreator<br />
por gotejamento). Na produção<br />
aquícola o alto custo de implantação<br />
pode ser um fator limitante<br />
ladores devido à necessidade de<br />
Argila expandida: é um produto<br />
de argila, seco e expandido, em formato<br />
de pequenas esferas. Alguns<br />
relatos na literatura indicam que<br />
argila expandida varia entre 500 e<br />
comparada a outras mídias. A argila<br />
expandida é um material de<br />
baixo custo de implantação, sendo<br />
gem física e biológica.<br />
Bobes de cabelo: a busca por alternativas<br />
para aquicultura nos fez<br />
chegar ao uso desse material para<br />
suporte biológico em sistemas de<br />
recirculação de baixo custo. O bobe<br />
de cabelo pode ser considerado<br />
uma adaptação da mídia do tipo<br />
bioesfera e pode ser utilizado<br />
cantes sobre sua superfície. O uso<br />
de aeração constante nos biorreatores<br />
contendo esse tipo de mídia<br />
50<br />
A escolha dos componentes<br />
do RAS, assim como das mídias<br />
a serem utilizadas, pode inmesmo.<br />
Por exemplo, a construção<br />
mídias com grandes áreas superde<br />
custos, uma vez que necessitaremos<br />
de menor espaço físico para<br />
montá-los.<br />
A escolha da mídia deve<br />
ser uma tomada de decisão que<br />
respeite as características de funcontraremos<br />
situações distintas<br />
mersos, quando comparados aos<br />
a vantagem de poder reduzir em<br />
até dez vezes o volume necessário<br />
(BLANCHETON, 2007), sendo<br />
uma alternativa viável. Porém a<br />
submersos deve ser condicionada<br />
ao uso de aeração para agitação<br />
constante das esferas evitando o<br />
acúmulo de matéria orgânica na<br />
superfície da mídia e a necessidade<br />
de lavagem.<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
© Marco Shizuo Owatari
minimiza o risco de obstrução dos<br />
poros pelo acúmulo de matéria<br />
orgânica.<br />
Espuma de poliuretano: fabricada<br />
com material sintético e resistente<br />
é muito utilizada no ramo<br />
fácil manutenção. Proporciona a<br />
retenção de partículas sem a interou<br />
biológica.<br />
fabricada para uso doméstico com<br />
material sintético e de grande durabilidade,<br />
podem ser utilizadas<br />
preliminares realizados pelo grupo<br />
de pesquisas do laboratório<br />
AQUOS – Sanidade de Organismos<br />
Aquáticos/UFSC, sob a orientação<br />
do professor José Luiz<br />
Pedreira Mouriño e coordenado<br />
pelo professor Maurício Laterça<br />
Martins, indicaram que o material<br />
funciona como um tapete, no qual<br />
ponibilizada em pequenos volumes<br />
da mídia, otimizando a área para<br />
Tendo em vista essa grande<br />
variedade de mídias biológicas,<br />
torna-se indispensável entender<br />
a interação entre os parâmetros<br />
tros com as mídias, sendo essa<br />
uma etapa muito importante para<br />
sionamento, layout e manutenção<br />
É fundamental salientar<br />
que estudos para<br />
são complexos devido à<br />
grande quantidade de<br />
parâmetros que devem<br />
ser monitorados e controlados.<br />
Além disso, é<br />
imprescindível o desenvolvimento<br />
de protocolos<br />
com informações como<br />
capacidade de suporte e<br />
cinéticas de degradação de<br />
compostos nitrogenados para que<br />
a indústria possa fazer uso dessas<br />
tecnologias na cadeia produtiva<br />
com maior planejamento para sua<br />
© Marco Shizuo Owatari<br />
single pass and reuse systems. Aquacultural Engineering and Environment, p. 21-47, 2007.<br />
mis niloticus L. reared in a simple recirculating system. Aquacultural Engineering, v. 24, n. 2, p. 157-166, 2001.<br />
TIMMONS, M. B., EBELING, J. M., 2010. Recirculating <strong>Aquaculture</strong>, 2nd edition. Cayuga Aqua Ventures, Ithaca, NY.<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
51
© Aedrian Ortiz Johnson<br />
Avaliação da substituição da biomassa natural<br />
utilizada na alimentação de reprodutores de<br />
camarão (Litopenaeus vannamei) pela dieta<br />
Vitalis 2.5 da Skretting<br />
Aedrian Ortiz Johnson<br />
Shrimp Technical Manager, Skretting Marine Hatchery Feeds<br />
aedrian.ortiz@skretting.com<br />
52<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
Tradicionalmente, de forma global, os setores de maturação das larviculturas<br />
de camarão alimentam seus reprodutores com alimentos frescos a 25-30% da biomassa.<br />
Esta técnica busca satisfazer a demanda nutricional otimizando o número<br />
de acasalamentos, desova e produção de náuplios. A utilização de alimentos frescos<br />
para reprodutores a base de lula, poliquetas, moluscos, ostras e também artêmia<br />
normalmente resultam nas seguintes médias de produção:<br />
· 15% - 20% de acasalamentos/dia;<br />
· 150.000-200.000 náuplios/fêmea;<br />
· Taxa de eclosão entre 60% -90%;<br />
· Taxa de mortalidade de fêmeas menor que 3%.<br />
Ensaios comerciais demonstraram que reprodutores em maturação alimentados<br />
com a dieta seca Vitalis 2.5 somada a 5% de alimento fresco (lulas ou poliquetas)<br />
obtiveram equivalentes parámetros de produção aos organismos alimentados<br />
exclusivamente com alimentos frescos (lula, poliquetas, moluscos, ostras e também<br />
artêmia salina).<br />
branca (WSSV), Síndrome de Taura (TSV), Infecção Hipodermal e Necrose Hematopoiética<br />
(IHHNV), Bacterioses por Vibrio harveyi e Vibrio parahaemolyticus, são<br />
A maioria destas doenças pode ser transmitida através dos alimentos frescos.<br />
Por muitos anos, esse tipo de alimento têm sido o principal componente da<br />
alimentação dos reprodutores no setor de maturação dos laboratórios de produção<br />
de larvas de camarão.<br />
alimento fresco são:<br />
1.<br />
Fonte de ingredientes de origem marinha - como o consumo humano destas<br />
espécies e a disponibilidade é limitada, esse tipo de alimento torna-se mais caro<br />
e com uma logística complexa;<br />
2. Poliquetas - são fontes difíceis de serem encontradas em alguns países devido à<br />
sobrepesca;<br />
3. Biosegurança - As doenças representam o principal risco para os reprodutores<br />
utilizados na maturação, bem como para sua prole (náuplio). A maioria destas<br />
fontes de alimentos é de origem marinha, o que as torna um possível vetor de<br />
doenças para o camarão, causando, por exemplo, WSSV e bacterioses por Vibrio<br />
Harvey ou Vibrio parahaemolyticus. Mesmo quando provenientes de países onde<br />
não possuem criação de camarão, o risco de introdução de novos agentes patogêni-<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
53
Vitalis 2.5 é um alimento granulado macio, extrusado a frio. É formulado e produzido no centro<br />
de excelência de dietas de incubação da Skretting na França. A fórmula é baseada em um nível elevado de<br />
componentes proteicos marinhos, algas, ácidos graxos poliinsaturados (DHA / EPA), vitaminas e minerais.<br />
A dieta é formulada com um elevado teor proteico para promover a elevada fecundidade e frequência de<br />
desova, possui 2,5 mm de diâmetro e aproximadamente 5,0 mm de comprimento.<br />
Protocolo com a dieta seca Vitalis 2.5:<br />
%Peso Vivo* – Total de oferta de alimento para o camarão por dia (total =8%)<br />
A metodologia e resultados dos ensaios comerciais que têm sido realizados em laboratórios no<br />
México e no <strong>Brasil</strong> são descritos a seguir:<br />
MÉXICO<br />
no México. Em operação desde 1992, a empresa localiza-se em Mazatlán, Estado de Sinaloa. Desde o início<br />
de suas operações tem desfrutado de uma localização privilegiada, dando-lhe acesso ao mercado, clima<br />
favorável, boa qualidade da água e possui uma capacidade de produção de 500 milhões de pós-larvas por<br />
mês. No momento, conta com um núcleo genético e um centro de incubação, que consiste em: maturação,<br />
larvicultura, berçário, engorda e um laboratório de diagnóstico.<br />
Metodologia<br />
O ensaio foi dividido em uma população controle em tanques de maturação alimentados com a<br />
dieta tradicional e uma população teste alimentada com o seguinte protocolo:<br />
54<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
www.7siusa.com<br />
Os tanques de maturação foram estocados com oito reprodutores por metro quadrado, com uma<br />
proporção de 1: 1 entre machos e fêmeas. A renovação de água foi de 200% ao dia, com temperatura e salinidade<br />
média de 28°C e 35 ppt, respectivamente. O peso médio das fêmeas foi de 40 e 32,8 gramas para o grupo<br />
controle e teste, respectivamente. A alimentação diária foi dividida em cinco frequências alimentares.<br />
Resultados<br />
Nota: O número de ovos e náuplios foram calculados como taxa de biomassa.<br />
Vitalis 2.5 + poliquetas teve uma produção 4% maior de náuplios por fêmea. O estudo também mostrou que os<br />
animais mudaram livremente a ingestão entre alimentos frescos e formulados sem qualquer restrição.<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
55
BRASIL<br />
No Brail, o expêrimento foi realizado em um dos maiores laboratórios do País, líder do mercado<br />
nacional, localizado no Rio Grande do Norte, com capacidade de produção de 250 milhões de pós-larvas<br />
por mês.<br />
Metodologia<br />
O experimento foi dividido em dois grupos, o controle, que foi alimentado com a dieta tradicional<br />
de maturação e o grupo tratado com a dieta teste (3% Vitalis 2.5 + 5% lula), conforme tabela abaixo.<br />
Os tanques de maturação foram estocados com oito reprodutores por metro quadrado, na protura<br />
e salinidade média de 28 ° C e 35 ppt, respectivamente. O peso médio inicial das fêmeas do grupo<br />
controle foi de 53,5 gramas enquanto as fêmeas do tratamento Vitalis 2.5 tinham 51,2 gramas. Os animais<br />
foram alimentados com as dietas experimentais em cinco frequências diárias.<br />
Resultados<br />
56<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
experimental Vitalis 2.5 + lula resultou em apenas 10% menos número de náuplios por fêmea.<br />
redução da mortalidade das fêmeas e na redução da necessidade de renovação de água, quando comparado<br />
ao tratamento controle.<br />
Conclusão<br />
Após vários ensaios, observou-se que a dieta seca Vitalis 2.5 pode ser utilizada como ingrediente<br />
principal na alimentação da maturação apresentando excelentes números de produção. Portanto, a dependência<br />
das dietas frescas com várias fontes, que representam um perigo para a saúde na primeira fase<br />
Ambas as combinações: Vitalis 2.5 + lula e Vitalis 2.5 + poliquetas mostraram resultados similares,<br />
tanto no <strong>Brasil</strong> quanto no México. Seguindo diferentes protocolos os resultados foram estatisticamente<br />
dieta Seca Vitalis 2.5 está em uso em ambos os países, utilizando 3% dieta seca + 5% de<br />
lulas mostrando os mesmos resultados.<br />
© Aedrian Ortiz Johnson<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
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59
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A F raude em p escado e o<br />
método de DNA Barcode<br />
p ara ide n t i f i cação de esp éci e s<br />
Danilo Alves Pimenta Neto¹*, Denise Aparecida Andrade de Oliveira² e<br />
Lilian Viana Teixeira³<br />
¹Analista no Laboratório de Genética Animal da Escola de Veterinária-UFMG<br />
² Professora do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária-UFMG<br />
³Professora do Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de<br />
Origem Animal da Escola de Veterinária-UFMG<br />
*danilo.evufmg@gmail.com<br />
60<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
Mercado do<br />
pescado<br />
C<br />
om captura de peixes relativamente escultura<br />
tem mostrado ainda mais sua importância<br />
no mercado do pescado. Em 2015<br />
com 77,3 milhões de toneladas no mundo<br />
(FAO, 2016).<br />
A aquicultura brasileira<br />
continua em crescimento,<br />
com todos os 27<br />
Estados apresentado dados<br />
sobre essa atividade,<br />
e sua produção gerando<br />
em 2015, mais de R$ 4,39<br />
bilhões, sendo quase 70%<br />
(R$ 3,64 bilhões) proveniente<br />
da criação de peixes<br />
(IBGE, 2015). Desde 2013,<br />
o IBGE começou a computar<br />
os dados da aquicultura em suas estatísticas,<br />
entre elas está a produção de<br />
peixes, bem como de camarões; alevinos;<br />
larvas e pós-larvas de camarões; ostras, vieiras<br />
e mexilhões. A produção de peixes saiu<br />
© Giovanni Lemos de Mello<br />
A diversidade de sequências de DNA<br />
é reconhecidamente uma ferramenta para<br />
distinção entre espécies. Cerca de 40 anos<br />
pela eletroforese de proteínas em gel de amido.<br />
A abordagem com DNA mitocondrial<br />
passou a predominar na sistemática molecular<br />
nas décadas de 1970 e 1980 (Avise, 1994).<br />
Segundo Hebert et al., (2003) na tentativa<br />
de padronizar o marcador utilizado na<br />
em 2003, pesquisadores da Universidade de<br />
Guelph (Ontário, Canadá) propuseram a<br />
criação de um sistema diagnóstico universal,<br />
baseado em um fragmento de aproximadamente<br />
650 pares de bases (pb), a partir da<br />
base 58 da extremidade 5’ do gene COI. Esse<br />
marcador foi denominado DNA Barcode,<br />
pois sequências desse gene funcionariam<br />
de 392 mil toneladas em 2013, para 483 mil<br />
toneladas em 2015, tendo um aumento de<br />
18,8% (IBGE 2013; 2014; 2015). O peixe que<br />
mais é produzido no <strong>Brasil</strong> é a tilápia, com<br />
219,33 mil toneladas.<br />
Dados da FAO (2013; 2014; 2016)<br />
mostram que, com o crescimento da população,<br />
o consumo de proteína<br />
animal, principalmente<br />
do pescado, vem aumentando<br />
também. No <strong>Brasil</strong>, o<br />
pescado é em sua maioria<br />
comercializado inteiro, fresco<br />
ou refrigerado congelado,<br />
e uma pequena parce-<br />
Na América do Sul, o<br />
consumo de quilos de pescado<br />
por habitante ao ano é menor do que o<br />
recomendado pela OMS, que é de 12 quilos.<br />
No <strong>Brasil</strong>, o consumo chega a 14,50 quilos<br />
por habitante/ano de acordo com o levantamento<br />
feito em 2013 (FAO, 2014; 2016).<br />
O código de barras<br />
do DNA<br />
como um código de barras.<br />
A idéia é a mesma do código de barras<br />
universal de produtos do mercado varejista,<br />
que emprega 10 números alternados em<br />
11 posições para gerar 100 bilhões de identipode<br />
haver até quatro possibilidades de nucleotídeos<br />
(adenina, citosina, guanina e timina)<br />
em cada posição, mas com uma cadeia de<br />
sítios mais longa que 11 posições (Figura 1).<br />
A combinação de apenas 15 dessas posições<br />
de nucleotídeos, por exemplo, criaria um<br />
bilhão de códigos únicos, um número muito<br />
maior do que o de espécies conhecidas,<br />
que é de aproximadamente 15 milhões. Isso<br />
apresentar uma sequência única de DNA<br />
Barcode (Hebert et al., 2003).<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
61
Figuras: © Danilo Alves Pimenta Neto<br />
Análise<br />
Foi criado um banco de sequências do DNA<br />
Barcode para todas as espécies existentes. Preferencialmente<br />
utilizando amostras depositadas em mudas<br />
por taxonomistas (Ratnasingham e Hebert, 2007).<br />
Esse banco de dados, denominado de BOLD (Barcode<br />
of Life Data System) permite associar outros tipos<br />
de dados às amostras tais como: fotos do espécimen<br />
(voucher); informações, como ponto, data da coleta<br />
e coletor; número do espécimen e instituição na<br />
qual foi depositado; dados taxonômicos; informações<br />
moleculares, como eletroferogramas das sequências,<br />
quais primers<br />
sequenciamento (BOLD, 2013).<br />
Além disso, no BOLD é possível realizar análises<br />
das sequências depositadas, como por exemplo,<br />
proteínas) de parada inesperados e ambiguidade na<br />
sequência (Ratnasingham e Hebert, 2007).<br />
é realizada pela comparação de uma sequência de interesse<br />
com sequências lá depositadas. Primeiramente<br />
a sequência de interesse é alinhada com as sequências<br />
DNA Barcoding na<br />
indústria do pescado<br />
Figura 1. Demonstrativo do código de barras do varejo e do DNA.<br />
depositadas no BOLD; em seguida é feita uma busca<br />
das 100 sequências mais similares com aquela de interesse;<br />
uma árvore de Neighbor-Joining é construída<br />
a espécie é atribuída àquela da sequência mais<br />
similar a ela (Frézal e Leblois 2008). Segunda<br />
espécie de insetos, aves e<br />
mamíferos só pode ser aceita se<br />
houver similaridade com alguma<br />
sequência do BOLD maior<br />
do que 97%, 98% e 98%, respectivamente.<br />
ovos a adultos - e seus produtos é importante para diversas<br />
áreas e pode viabilizar, por exemplo, a detecção<br />
de fraude ou substituição de espécies em transações<br />
comerciais (Smith et al., 2008).<br />
Atualmente o comércio de pescado é regulado<br />
por barreiras tanto econômicas, quanto sanitárias. A<br />
Existem dois tipos de erro de<br />
rotulagem em pescado: a substituição<br />
acidental e a intencional. A substituição<br />
acidental pode ocorrer devido à semelhança<br />
morfológica de espécies (Cawthorn et al,<br />
2012), mas também porque algumas espécies podem<br />
receber diferentes nomes comerciais dentro ou<br />
fora do país (Triantafyllidis et al., 2010), tornando a<br />
uma ferramenta importante para detecção de substituições<br />
ou fraudes intencionais frequentemente encontradas<br />
na forma de substituições por produtos de<br />
maior disponibilidade e menor valor comercial (CE-<br />
PAL, 2005).<br />
As fraudes por adulteração de alimentos podem<br />
ser realizadas intencionalmente com o intuito de<br />
mascarar más condições do produto, ludibriar o consumidor<br />
com produtos de menor valor comercial ou<br />
até mesmo esconder questões sanitárias.<br />
cada. Já a substituição intencional pode ser utilizada<br />
com espécies que normalmente seriam descartadas<br />
por não serem atrativas (Huxley-Jones et al., 2012) ou<br />
mesmo para vender espécies ameaçadas de extinção<br />
ou sobre-exploradas (Rasmussen e Morrissey, 2008).<br />
Há também casos de espécies de alto valor comercial<br />
sendo substituídas por outras de baixo valor comercial<br />
(Cawthorn et al., 2012).<br />
Substituições de pescado têm sido relatadas<br />
em vários países como o Canadá e Estados Unidos<br />
62<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
da América (Wong e Hanner,<br />
2008), Japão e Coreia (Baker,<br />
2008), Itália (Barbuto et al.,<br />
2010, Filonzi et al., 2010), Grécia<br />
(Triantafyllidis et al., 2010),<br />
Egito (Galal-Khallaf et al.,<br />
2014), África do Sul (Cawthorn<br />
et al., 2012) entre outros.<br />
No <strong>Brasil</strong>, um exemplo da<br />
aplicação do uso de análises<br />
de espécies, foi feita no Laboratório<br />
de Genética da Escola<br />
de Veterinária da UFMG que<br />
constatou a substituição do<br />
surubim comercializado na cidade<br />
de Belo Horizonte (Pseu-<br />
Tabela 1. Espécies com diferentes nomes comerciais dentro ou fora do país.<br />
doplatystoma corruscans) (Carvalho et al., 2011) e também em diversos outros peixes, comercializados no<br />
Sudeste, por espécies de menor valor comercial (Pimenta Neto, 2013; MGTV, 2013).<br />
No <strong>Brasil</strong>, algumas empresas que comercializam pescados tem um grande interesse por esse<br />
Estadual de Florestas de Minas Gerias (IEF) (Jornal Nacional, 2009).<br />
Agradecimento<br />
Agradecemos ao CNPq (INCT 573899/2008-8) e<br />
Avise, J.C. Molecular Markers, Natural History and Evolution, Chapman Hall,<br />
1994.<br />
wildlife trade. Molecular Ecology, 17(18), 3985–3998, 2008.<br />
Barbuto, M., Galimberti, A., Ferri, E., et al. DNA barcoding reveals fraudulent<br />
spp.). Food Research International, 43(1), 376–381, 2010.<br />
Carvalho, D.C., Neto, D.A.P., <strong>Brasil</strong>, B.S.A.F., et al. DNA barcoding unveils a high<br />
DNA, 22(S1), 97–105, 2011.), 30–40, 2012<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
analisando apenas características externas.<br />
63
A R T I G O S PA R A C U R T I R<br />
E C O M PA R T I L H A R<br />
E COLOGICAL ENGINEERING IN AQUACULTURE<br />
P OTENTIAL FOR INTEGRATED MULTI -TROPHIC AQUACULTURE (IMTA)<br />
IN MARINE OFFSHORE SYSTEMS<br />
Cientistas renomados<br />
na temática da aquicultura<br />
(Troell,<br />
Chopin, Neori, entre outros),<br />
de seis diferentes países,<br />
reuniram-se para escrever<br />
este excelente manuscrito<br />
publicado originalmente em<br />
setembro de 2009 na revista<br />
“<strong>Aquaculture</strong>”.<br />
P OR QUE DESENVOLVER A AQUICULTURA<br />
MULTITRÓFICA INTEGRADA (AMTI)?<br />
Longlines de kelp (Saccharina latissima) cultivada próximo<br />
a gaiolas de salmão do Atlântico (Salmo salar) em AMTI<br />
na empresa Cooke <strong>Aquaculture</strong> Inc., na Baía de Fundy,<br />
ponível em: www2.unb.ca/chopinlab/S...S...S/<br />
Nos últimos anos houve um aumento expressivo no interesse por informações sobre sistemas de cultivo<br />
que combinem espécies que se alimentam de ração (ex.: peixes), com espécies extrativas inorgânicas (ex.: algas)<br />
midades.<br />
(macroalgas, ostras, lagostas, pepinos-do-mar, etc).<br />
, entre eles, a exposição da<br />
Saiba mais acessando o artigo completo em www.journals.elsevier.com/aquaculture.<br />
64<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
C H A R G E S<br />
C AMARÃO A PREÇO DE OURO HIDROMASSAGEM<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
65
Poderá o conce ntrado substituir a<br />
pro dução local (“ on-site ”) de microalgas?<br />
D r . R o b e r t o B i a n c h i n i D e r n e r - r o b e r t o . d e r n er@ u f s c . b r<br />
Laboratório de Cultivo de Algas, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC.<br />
M<br />
uitos dos animais produzidos<br />
em aquicultura dependem<br />
das microalgas para sua nutrição.<br />
Reconhecidamente, a quantidade<br />
de microalgas consumida (tanto<br />
cultivadas quanto provenientes do<br />
ambiente natural) é muito maior<br />
do que a quantidade de pescado<br />
produzido, levando em conta o somatório<br />
da produção mundial de<br />
peixes, camarões e de moluscos.<br />
Desta forma, as microalgas não devem<br />
ser consideradas meramente<br />
como alimentos naturais, mas sim<br />
como um setor de produção e, na<br />
verdade, o maior em volume.<br />
© http://reedmariculture.com/<br />
Geralmente, maior atenção<br />
tem sido dada à produção de microalgas<br />
na etapa de larvicultura<br />
destes animais, uma vez que, em<br />
nível comercial não é possível a<br />
substituição das microalgas por<br />
redução dos índices (parâmetros)<br />
zootécnicos (sobrevivência, ganho<br />
em peso, resistência à doenças, etc.).<br />
Para suprir esta demanda, os laboratórios<br />
de larvicultura precisam<br />
desenvolver seus próprios cultivos<br />
de microalgas (produção local<br />
ou “on-site”), sendo que, diversas<br />
questões devem ser consideradas:<br />
o setor de produção de microalgas<br />
implica num grande investimento<br />
em infraestrutura;<br />
tem elevado custo de<br />
operação, considerando<br />
a necessidade de mão de<br />
obra especializada e os<br />
insumos, bem como, os<br />
sistemas de baixíssima<br />
produtividade; a produção<br />
das culturas<br />
pode ter variações em<br />
volume (épocas do ano,<br />
contaminação etc.) e<br />
na qualidade da bioco<br />
das células, valor<br />
nutricional); além disso,<br />
nem sempre a produção<br />
das culturas de<br />
microalgas está alinhada<br />
à demanda, assim,<br />
ora faltam microalgas,<br />
enquanto noutros momentos<br />
as culturas são<br />
desperdiçadas. Cabe esclarecer<br />
que, quando menor o laboratório<br />
mais complicada e dispendiosa<br />
será a produção local de microalgas.<br />
Diversos laboratórios em<br />
outros países têm empregado concentrados<br />
(ou pasta) de microalgas<br />
como uma alternativa, ou de<br />
forma complementar, à produção<br />
“on-site”. Visando esta demanda,<br />
algumas empresas oferecem estes<br />
concentrados como um produto<br />
comercial: InstantAlgae® e<br />
EasyAlgae®, por exemplo. Estes produtos<br />
têm sido empregados, principalmente,<br />
no cultivo de larvas e<br />
juvenis de moluscos, na larvicultura<br />
de camarões marinhos, e na produção<br />
de organismos forrageiros<br />
(copépodes, rotíferos e artêmia)<br />
para uso na alimentação de larvas<br />
de peixes marinhos.<br />
Na literatura internacional,<br />
diversos estudos dão conta de que<br />
o emprego da pasta de microalgas<br />
não causa redução nos índices<br />
zootécnicos em comparação<br />
ao uso das culturas (frescas) de<br />
microalgas. Mesmo assim, alguns<br />
pontos devem ser considerados:<br />
existe uma demanda por parte dos<br />
laboratórios brasileiros, entretanto,<br />
a aquisição depende de importação,<br />
ou seja, não existe produção<br />
comercial no <strong>Brasil</strong> e, por falta de<br />
regras de importação e de conhena<br />
alfândega e/ou sob condições<br />
inadequadas de conservação; outro<br />
fato que desestimula o uso das pas-<br />
66<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
BIOTECNOLOGIA DE ALGAS<br />
tas são as altas taxas<br />
de importação, tornando<br />
a aquisição<br />
do concentrado<br />
inacessível para<br />
muitos produtores.<br />
Assim, são raros os<br />
laboratórios nacionais<br />
que têm alguma<br />
experiência no<br />
uso deste produto.<br />
© Roberto Derner<br />
Visando suprir<br />
esta lacuna, no<br />
Laboratório de Cultivo<br />
de Algas da UFSC estão sendo<br />
desenvolvidas pesquisas relacionadas<br />
aos processos de produção, de<br />
armazenamento e de utilização da<br />
pasta de microalgas. Inicialmente,<br />
as pesquisas têm como objetivo o<br />
desenvolvimento de um pacote<br />
tecnológico para a produção da<br />
pasta da microalga Nannochloropsis<br />
oculata, que é uma espécie<br />
amplamente usada em laboratórios<br />
de larvicultura de peixes marinhos,<br />
entretanto, outras espécies já estão<br />
sendo avaliadas.<br />
A produção da pasta de microalgas<br />
tem algumas limitações,<br />
como o emprego de sistemas de<br />
cultivo de baixa produtividade<br />
ta a separação das células algais<br />
do meio de cultura, seja pela baixa<br />
sumo de energia, demanda de mão<br />
de obra, etc.<br />
Para a obtenção da pasta, as<br />
culturas podem ser<br />
concentradas de<br />
diferentes formas:<br />
por exemplo; sendo<br />
que somente<br />
a centrifugação é<br />
aplicada comercialmente.<br />
Além disso,<br />
cia no processo<br />
de separação, são potencialmente<br />
tóxicos para os organismos que<br />
serão alimentados. Quanto à estocagem<br />
(tempo de prateleira), a<br />
pasta de microalgas pode apresentar<br />
variações na composição<br />
bioquímica e, consequentemente,<br />
perda na qualidade nutricional.<br />
Com o tempo, e/ou má conservação,<br />
pode haver proliferação<br />
microbiana e degradação dos<br />
compostos, principalmente dos<br />
ácidos graxos poli-insaturados,<br />
carboidratos e proteínas. Assim,<br />
faz-se necessária uma série de estudos<br />
focada na produção e na conservação<br />
da pasta de microalgas, a<br />
produto nacional.<br />
Esta matéria contou<br />
com a colaboração do acadêmico<br />
Rafael Sales, doutorando do<br />
PPGAQI/UFSC.<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
67
G r een T e chn olo g ies<br />
Carbono:nitrogênio, a “doce” relação<br />
empregada nos sistemas de bioflocos<br />
Dr. Maurício Gustavo Coelho Emerenciano - UDESC, Laguna, SC<br />
mauricioemerenciano@hotmail.com<br />
A<br />
coluna “Green Technologies” desta edição aborda<br />
um tema que intriga muitos produtores e técnicarbono:nitrogênio<br />
(C:N) e o motivo de utilizarmos<br />
“açúcares” ou fontes de carbono externo, como melaço<br />
© Sara Pinho<br />
Como já sabemos, a “essência” do sistema de<br />
to? Correto! E essa riqueza é devido essencialmente pelas<br />
trocas de água mínimas ou nulas, que concentram<br />
os nutrientes no ambiente de cultivo, ambiente este<br />
que possui constante aeração e movimento (turbulência)<br />
de água. Mas não basta somente concentrar estes<br />
nutrientes, eles tem que estar presentes de uma maneira<br />
balanceada. Em outras palavras, com uma relação<br />
C:N adequada (ou “mais elevada”), geralmente entre<br />
12-20:1, fomenta-se o crescimento de microrganismos<br />
desejáveis do sistema: degradadores de matéria<br />
Além disso, e não menos importantes, grupos<br />
se desenvolvem paralelamente por encontrar um amtivo,<br />
onde gradualmente se reduz a incorporação do<br />
carbono externo, este grupo representará cerca de 2/3<br />
da transformação do nitrogênio amoniacal. Mas vale<br />
ressaltar um ponto extremamente importante: estas<br />
bactérias não degradam a matéria orgânica. Não é seu<br />
papel, sua natureza. E sim oxidam a amônia em nitrito<br />
e nitrito a nitrato, utilizando carbono inorgânico para<br />
seu metabolismo, que é considerado mais lento, e que<br />
demoram em colonizar o ambiente de cultivo. Para fomentar<br />
e manter esses grupos estáveis é fundamental<br />
um pH mais neutro, alcalinidade acima dos 100mg/L<br />
e concentrações elevadas de oxigênio dissolvido.<br />
Figura 1 . Uso de fontes de carbono devem ser sempre acompanhado<br />
do monitoramento periódico dos sólidos no ambiente de cultivo.<br />
Mas se a tarefa é controlar e diminuir eventuais<br />
picos de nitrogênio amoniacal em um ciclo já<br />
em andamento (em virtude, por exemplo, de uma<br />
novamente utilizar a “doce relação” até que a mesma<br />
se reestabeleça. No entanto, deve-se empregar uma<br />
relação mais baixa (ou 6:1; proposto por Ebeling et al.<br />
2006) que leva em consideração os valores de nitrogênio<br />
amoniacal total presente na água de cultivo. Mas<br />
prudência e controle criterioso são a chave do sucesso!<br />
O excesso da adição destes açúcares tendem a aumencomo<br />
resultado pode ser observado uma diminuição<br />
dos níveis de oxigênio dissolvido, redução do pH e novos<br />
picos de amônia e nitrito no sistema. A tarefa não é<br />
fácil. Cautela, monitoramento e muita observação são<br />
palavras que não devem ser esquecidas. Mãos a obra!<br />
68<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
E m p r eendedorismo<br />
Aqu í c ola<br />
D i n â m i c a X<br />
E s t á t i c a<br />
André Camargo<br />
Escama Forte<br />
andre@escamaforte.com.br<br />
ontrariando sempre<br />
as leis da física<br />
a aquicultura apresenta componentes biológicos,<br />
climáticos e humanos que a tornam uma ciência<br />
inexata. Inexata a ponto de empresarialmente causar<br />
reviravoltas de grande porte neste setor pujante do<br />
agronegócio brasileiro.<br />
O exemplo de fascínio<br />
que exploraremos<br />
agora é a carcinicultura brasileira,<br />
a qual passa por um<br />
momento histórico e decisivo<br />
em sua história. Depois<br />
de anos de convivência com<br />
o vírus da mancha branca no<br />
país o mesmo atinge o maior<br />
estado produtor do país, o<br />
Ceará. Tal fato, somado à seca<br />
e falta de água, incidem sobre<br />
este importante produtor nacional,<br />
elevando mortalidades<br />
a níveis nunca antes vistos,<br />
assustando os produtores e<br />
levando cerca de noventa por<br />
vazios por no mínimo precaução.<br />
C<br />
Por outro lado, os<br />
mercados consumidores<br />
brasileiros, que se habituaram<br />
a consumir o camarão de<br />
criação pressionaram a oferta<br />
restrita e ativaram a famosa lei<br />
da “Oferta e Demanda”, como conclusão temos hoje os<br />
preços praticamente duplicados nos centros urbanos<br />
quando comparamos com o início do ano de 2016.<br />
Esta auto-regulação do mercado vem a premiar<br />
e estimular aqueles produtores de outros estados,<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
como Rio Grande do Norte e Paraíba entre outros,<br />
que por anos sofreram com a tal “mancha branca” e<br />
aos poucos aprenderam a conviver com ela, gerando<br />
números aceitáveis e remuneradores, sem falar<br />
naqueles projetos que investiram em novos processos<br />
tecnológicos que protegem suas criações das infecções<br />
e trazem produtividades que batem qualquer grande<br />
número ao longo do mundo.<br />
Neste momento então a<br />
dinâmica venceu a estática,<br />
os produtores que aprenderam<br />
a conviver com a<br />
doença, os produtores que<br />
investiram em novas tecnologias<br />
e as empresas que<br />
acreditaram no potencial<br />
de produção de nossa gente,<br />
venceram. Se tivessem<br />
camarote mais um caso de<br />
sucesso da aquicultura brasileira.<br />
Caso de sucesso este que<br />
hoje traz ao perseverante<br />
um preço excelente e que<br />
remunera sua produção<br />
de forma justa e honrada,<br />
sucesso este que a pouco<br />
tempo não era imaginado<br />
nem pelo mais otimista dos<br />
carcinicultores que tinham<br />
“mancha branca” em suas<br />
áreas. Cabe agora ao carcinicultor cearense, arregaçar<br />
as mangas, seguir os passos de boas práticas de manejo<br />
necessárias para vencer o vírus e com certeza em breve<br />
voltar ao topo da aquicultura cearense e brasileira.<br />
Figura: © André Camargo<br />
69
NUTRIÇÃO<br />
O valor dos carboidratos na<br />
nutrição aquícola<br />
Dr. Artur Nishioka Rombenso<br />
Universidade Autônoma de Baja California, Ensenada, México.<br />
arturnr@yahoo.com.br<br />
O<br />
s carboidratos são macronutrientes encontrados<br />
naturalmente, sendo compostos por carbono, hidrogênio<br />
e oxigênio em proporções que geralmente<br />
seguem a fórmula CH 2<br />
O. Esses nutrientes são uma<br />
ótima fonte de energia (17 kj/g) e estão amplamente<br />
dos quanto à complexidade de sua composição química,<br />
baseada no número de monossacarídeos (açúcares<br />
simples) existentes na cadeia da molécula e em como<br />
eles são conectados. Compostos simples como os<br />
monossacarídeos (glucose, frutose) são prontamente<br />
utilizados. O mesmo é válido para os dissacarídeos (sucrose,<br />
lactose) e alguns oligossacarídeos (amido), porém<br />
compostos mais complexos como os polissacarídeos<br />
(celulose e quitina) são mais difíceis de digerir.<br />
Diferentemente das proteínas e dos lipídios,<br />
os carboidratos não são exigidos nutricionalmente<br />
por peixes e camarões, pois eles podem sintetizar, de<br />
que não sejam carboidratos, como por exemplo, os<br />
aminoácidos. Estudos relatam que esses organismos<br />
podem viver felizes e saudáveis quando alimentados<br />
com dietas sem carboidratos. Então, por que os carboidratos<br />
são incluídos nas dietas aquícolas? E por<br />
que existe tanta pesquisa aplicada buscando compreender<br />
o metabolismo desses nutrientes? No processo<br />
de formulação, após satisfazer as exigências nutricionais<br />
por aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas<br />
e minerais, é comum a inclusão de carboidratos, pois:<br />
1<br />
2<br />
Os carboidratos são disponíveis globalmente<br />
e constituem uma fonte barata de energia;<br />
Em termos de energia disponível para os organismos,<br />
os carboidratos podem ser utilizados<br />
no lugar das proteínas e dos lipídios (processo<br />
conhecido em inglês como “protein- and<br />
lipid-sparing”), possibilitando formulações mais<br />
3<br />
Esses nutrientes funcionam como ligantes, possibilitando<br />
a peletização e extrusão das dietas,<br />
pois seria impossível a fabricação de dietas à base<br />
de apenas proteínas e lipídios, sem contar o custo<br />
altíssimo dessa dieta, e a garantia da qualidade<br />
do pellet<br />
estabilidade em água, etc.) conforme o desejado;<br />
Os carboidratos auxiliam na estabilidade fecal e<br />
4<br />
gastrointestinal.<br />
O ambiente aquático é rico em proteínas e<br />
lipídios, porém pobre em carboidratos. Dessa forma,<br />
é esperado que os organismos aquáticos possuam certas<br />
limitações para utilizar esses nutrientes. Porém,<br />
devido à grande variedade de organismos aquáticos,<br />
certas espécies utilizam melhor os carboidratos como<br />
fonte nutricional (energética) através de determinacategoriza<br />
em três grandes grupos os multi-fatores que<br />
1<br />
Biologia, que inclui hábitos de alimentação, exercício<br />
e genótipo;<br />
Dieta, que inclui fonte de carboidrato (origem<br />
2 botânica, complexidade molecular e estado físico),<br />
nível de inclusão e regime alimentar, e interação de<br />
nutrientes;<br />
Ambiente, que inclui temperatura, salinidade, estresse<br />
e fotoperíodo (Kamalam et al.,<br />
3<br />
2016).<br />
pécies menos carnívoras) e que vivem em ambientes<br />
menos salinos utilizam os carboidratos de maneira<br />
pela temperatura, as espécies de águas tropicais são<br />
comparadas com espécies subtropicais e temperadas.<br />
Além disso, uma espécie criada na extremidade supe-<br />
70<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
ior de seu intervalo térmico (intervalo de temperatura ideal de criação) irá digerir carboidratos mais prontamente<br />
do que a mesma espécie criada na extremidade inferior do seu intervalo térmico. Em segundo lugar,<br />
de água doce também utilizam melhor os carboidratos do que espécies marinhas. Uma tentativa de generalizar<br />
a utilização de carboidratos em peixes consistiria em:<br />
> > > ><br />
Carpa capim Carpa comum Tilápia Olhete Salmão<br />
Figura: © Artur Nishioka Rombenso<br />
Hábito alimentar<br />
O intuito desse artigo<br />
foi relatar, em termos<br />
gerais, a importância dos<br />
carboidratos na nutrição<br />
mente quanto em termos<br />
de fabricação dos alimentos,<br />
e também ressaltar<br />
que existem vários grupos<br />
de pesquisa focados na nutrição<br />
de carboidratos, embora<br />
o enfoque ainda seja<br />
menor do que em relação<br />
às proteínas e lipídios.<br />
Fatores Biológicos<br />
Exercício<br />
Genótipo<br />
Origem<br />
botânica<br />
Uso do CHO<br />
Complecidade<br />
Molecular<br />
Temperatura<br />
Fatores Nutricionais<br />
Salinidade<br />
Fatores Ambientais<br />
Estresse<br />
Outros<br />
nutrientes<br />
Fotoperíodo<br />
Processamento<br />
and future strategies. <strong>Aquaculture</strong>, in press. Doi: 10.1016/j.aquaculture.2016.02.007<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
71<br />
__
L<br />
Fábio Rosa Sussel - Zootecnista, Dr.;<br />
Pirassununga, SP.<br />
sussel@apta.sp.gov.br<br />
egalização dos projetos aquícolas.<br />
Sem sombra de dúvidas<br />
este é o maior desejo de todos<br />
os aquicultores do <strong>Brasil</strong>. Recentemente<br />
o estado de São Paulo deu<br />
um importante passo para isto, já<br />
que em 1º de novembro de 2016<br />
o governador do estado assinou<br />
processo de licenciamento, redução<br />
das taxas e regras a serem cumpridas,<br />
é o resumo e é o que se espera,<br />
na prática, deste novo decreto. Os<br />
aquicultores terão o prazo de 1 ano<br />
para se adequarem às novas regras.<br />
O mesmo é fruto de um<br />
trabalho árduo de pelo menos 3<br />
anos que envolveu várias reuniões<br />
entre setor produtivo, lideranças<br />
políticas, Secretaria de Agricultura<br />
e Secretaria do Meio Ambiente<br />
do Estado. O que resultou em<br />
decisões maduras e equilibradas<br />
no que se refere à necessidade de<br />
produzirmos alimentos com res -<br />
peito ao meio ambiente.<br />
Atrelado ao novo decreto<br />
-<br />
cial do estado, em 1º de dezembro<br />
de 2016, uma lista das espécies permitidas<br />
para criação. Tal lista foi<br />
elaborada pelo Instituto de Pesca de<br />
São Paulo em consenso com o setor<br />
produtivo. Num primeiro momen -<br />
to esta publicação contempla uma<br />
séria de espécies alóctones, exóticas<br />
e híbridas que possuem algum<br />
potencial econômico e zootécnico<br />
pra serem cultivadas. A cada 2<br />
anos esta lista será revista e aquelas<br />
espécies que não apresentarem<br />
relevância econômica/zootécnica<br />
serão retiradas da lista.<br />
demonstrar na prática<br />
que podemos sim<br />
produzir alimentos sem<br />
prejuízos ao<br />
meio ambiente. ”<br />
Em poucas palavras, foi isto<br />
que ocorreu nos últimos meses no<br />
estado de São Paulo. Quer dizer que<br />
agora esta fácil criar peixes, inclusive<br />
exóticos e híbridos, em águas<br />
paulistas? Não, muito pelo contrário.<br />
A responsabilidade sobre o<br />
Até porque, a partir do regramen -<br />
to, os órgãos ambientais passarão<br />
maior. E o setor produtivo precisa<br />
responder a altura este novo desa-<br />
Na coluna da edição passada<br />
escrevi que “cultivamos água,<br />
não peixe ou camarão ou moluscos...”.<br />
Fazendo alusão a necessidade<br />
de cuidarmos ainda mais<br />
do nosso bem mais precioso. Sem<br />
perder este foco, sugiro um olhar<br />
diferente para a atividade: “cultivamos<br />
água para produzirmos proteí -<br />
na animal”. Sem qualquer vaidade<br />
em relação a espécies ou sistemas<br />
de cultivo. Sem vaidades, mas com<br />
responsabilidade! Não tenho dúvidas<br />
que temos condições técnicas e<br />
viabilidade econômica para nos anteciparmos<br />
de futuros problemas<br />
ambientais. Mais do que qualquer<br />
outra atividade agropecuária,<br />
a aquicultura depende de um<br />
ambiente de qualidade e em<br />
equilíbrio. Então, por que esperar<br />
Ainda sem usufruirmos<br />
dos 30% de ganho em produtividade<br />
que o melhoramento genético<br />
e a nutrição proporcionam, a aqui -<br />
de se produzir proteína animal. E<br />
temos plenas condições de também<br />
sermos a forma mais sustentável.<br />
Para tanto, é urgente a necessidade<br />
de pensarmos em planos de contenção<br />
para evitar escapes, bem<br />
como na reutilização da água de<br />
“descarte” das pisciculturas em<br />
tanques escavados.<br />
72<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
ATUALIDADES & TENDÊNCIAS NA<br />
AQUICULTURA<br />
Os trâmites para se chegar ao<br />
novo decreto<br />
A construção deste novo<br />
decreto se deu a partir de um trabalho<br />
árduo envolvendo as partes<br />
interessadas. Considerando que<br />
o mesmo pode servir de<br />
modelo para que os outros<br />
estados da federação também<br />
criem seus próprios<br />
decretos, vou tentar resumir<br />
as etapas envolvidas.<br />
Acho importante<br />
citar alguns nomes tanto<br />
para deixar claro como<br />
a questão avançou quanto<br />
também uma forma<br />
de reconhecimento<br />
ao excelente trabalho<br />
realizado por estas pessoas.<br />
Mesmo que eu<br />
cometa a injustiça de<br />
deixar algum nome de<br />
fora, acho importante relatar isto.<br />
Do lado do setor produtivo,<br />
houve a liderança dos piscicultores<br />
Martinho Colpani e Emerson<br />
Esteves. O primeiro na condição<br />
de presidente da Câmara Setorial<br />
do Pescado e o segundo como<br />
presidente da Associação Peixe<br />
SP. Outros produtores deram incondicional<br />
apoio, mas estes dois<br />
foram além e não mediram esforços<br />
para lutar pela causa. Estes<br />
produtores tiveram o apoio do<br />
diretor do Instituto de Pesca de<br />
SP, Dr. Luiz Ayroza, que prontamente<br />
abraçou a causa e foi peça<br />
fundamental para fazer a ligação<br />
entre setor produtivo e governo,<br />
contando sempre com o apoio do<br />
Dr. Orlando de Melo Castro, diretor<br />
geral da APTA, José Fontes,<br />
assessor técnico da Secretaria de<br />
Agricultura e Alberto Amorim,<br />
secretário-executivo das Câmaras<br />
Setoriais.<br />
Inicialmente, várias<br />
reuniões entre setor produtivo,<br />
Secretaria de Agricultura<br />
e Secretaria do Meio Ambiente<br />
do Estado. Em seguida, buscou-se<br />
apoio político para que as discussões<br />
ganhassem status de decreto.<br />
E aí os deputados estaduais<br />
Sebastião Santos, Barros Munhoz e<br />
Itamar Borges se comprometeram<br />
em apoiar a causa.<br />
Por parte da Secretaria do<br />
Meio Ambiente, o secretário Ricardo<br />
Salles teve a sensibilidade<br />
de ouvir e discutir com sua equipe<br />
técnica as demandas do setor produtivo.<br />
Do lado da Secretaria da<br />
Agricultura, o secretário Arnaldo<br />
Jardim, o qual teve como premissa<br />
que os piscicultores são os maiores<br />
interessados em cuidar do meio<br />
ambiente e dos recursos hídricos,<br />
também foi peça chave para o<br />
desenrolar deste novo decreto.<br />
Setor produtivo<br />
unido, com objetivos<br />
claros, texto amplamente<br />
discutido e debatido entre<br />
as partes envolvidas,<br />
proposta devidamente<br />
lastreada com o apoio de<br />
lideranças políticas, culminou<br />
na sensibilização<br />
do governador Geraldo<br />
Alckmin que, em seu discurso<br />
no dia da assinatura<br />
do decreto, demonstrou<br />
grande conhecimento sobre<br />
o assunto e grande segurança<br />
sobre o ato.<br />
Em resumo, a aquicultura<br />
paulista alcançou o objetivo e<br />
a sensação é que deu-se um imé<br />
demonstrar na prática que podemos<br />
sim produzir alimentos sem<br />
prejuízos ao meio ambiente. E volmas<br />
que com bom senso e usando<br />
de tecnologias já disponíveis, po-<br />
Figura: © Imprensa Itamar Borges<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
73
A Argentina sempre<br />
foi o campo de testes de tudo.<br />
Só faltou a bomba nuclear.<br />
Em outubro, na minha última<br />
viagem ao país vizinho, a televisão<br />
só comentava a crise com<br />
a Inglaterra porque o país do Norte iria fazer uns testes<br />
de armas pela região das Ilhas Malvinas no Atlântico<br />
Sul. Os argentinos também lideraram no passado os<br />
testes da soja transgênica. Os testes deram certo. Hoje<br />
a Argentina produz milhões de toneladas e transformou-se<br />
em um dos maiores produtores do planeta.<br />
Uma notícia bombástica circulou numa importante<br />
lista de discussão da aquicultura brasileira<br />
(16/09/2016) mais ninguém deu muita importância,<br />
até porque todos acharam que não era verdadeira.<br />
Para introduzir nas terras tupiniquins um lote de<br />
animais exóticos que se cultivem normalmente no país<br />
é uma novela, alevinos transgênicos seria impossível.<br />
Participei como professor em outubro de um<br />
curso de Piscicultura Marinha no INIDEP (Instituto<br />
Nacional de Desenvolvimento Pesqueiro – Mar del Plata<br />
- Argentina) ministrando um par de aulas de genética.<br />
Na minha segunda participação dissertei sobre ferramentas<br />
aplicadas ao melhoramento genético, onde<br />
mergulhei no melhoramento clássico, manipulações<br />
nalizar com os transgênicos. Apresentei alguns slides<br />
com o constructo do transgênico do salmão, a região<br />
meu último slide a notícia da internet e deixei no ar:<br />
Será v e rdad e?<br />
Na turma de alunos estava o Secretário de Pesca<br />
e Aquicultura da Argentina, que tinha ido abrir o curso<br />
com uma palestra introdutória do status da aquicultura<br />
no país, sendo que na ocasião de sua fala não mencionou<br />
nada dos testes com os peixes geneticamente<br />
Aquicult u r a<br />
L a tino - a meric ana<br />
Trans gê nico s n a Améric a do S u l :<br />
Vo cê é a fa v o r o u cont ra a l ibera ç ão do salmão<br />
t ra nsgê n i co?<br />
Dr. Rodolfo Luís Petersen - Universidade Federal do Paraná (UFPR), Pontal, PR.<br />
rodolfopetersen@hotmail.com<br />
“De repente, o secretário nos possa dar uma<br />
luz sobre a veracidade da Notícia”<br />
“Estão sendo realizados testes no Estado de<br />
Santa Cruz, na Patagônia, em condições de biossegurança”.<br />
Perguntei-lhe:<br />
dução dos alevinos? ”<br />
E sem titubear mais uma vez respondeu:<br />
“Montamos uma comissão de biossegurança<br />
que analisou a proposta da empresa canadense em parceria<br />
com uma empresa argentina e aprovamos”.<br />
Assim como estava participando o secretário,<br />
haviam também alunos de muitas instituições de pesquisa<br />
e universidades, inclusive do <strong>Brasil</strong>, Uruguai e Peru.<br />
Quando comentava com meus amigos fora do<br />
âmbito acadêmico me comentaram:<br />
“Macri e suas equipes estão fazendo isso. Não<br />
negócio topam sem vacilar e sem consultar a ninguém”.<br />
Os ictiólogos argentinos conservacionistas não<br />
sabem nada. Os poucos aquicultores tampouco sabem.<br />
Os organizadores do curso de piscicultura marinha tampouco<br />
sabiam.<br />
Os alevinos canadenses já pousaram em território<br />
sul-americano. Pareceu-me entender do<br />
secretário que há algumas empresas chilenas envolvidas<br />
no negócio.<br />
Vo cê é a fa v o r ou co ntra o s<br />
t ra n s gêni co s?<br />
Como tudo depende de tudo, em princípio,<br />
sou a favor!<br />
74 AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
AQUACULTURE BRASIL - JULHO/AGOSTO 2016<br />
75
Recirculating <strong>Aquaculture</strong><br />
Systems<br />
Chegou a hora de retenção de<br />
sólidos em RAS<br />
Dr. Marcelo Shei - Altamar Equipamentos<br />
e Sistemas Aquáticos. Santos, SP.<br />
shei@altamar.com.br<br />
www.altamar.com.br<br />
A<br />
remoção de sólidos é uma das principais etapas<br />
em um sistema de recirculação de água (RAS).<br />
Como é previsível, os sólidos presentes em um<br />
RAS são provenientes basicamente de restos de alimentos<br />
e fezes. A decomposição dessas partículas na<br />
Figura: © www.altamar.com.br<br />
Filtro Bag<br />
e na produção de grandes quantidades de amônia nitrogenada,<br />
o que torna a remoção desse material uma<br />
prioridade em um RAS.<br />
Quanto a divisão, os sólidos são divididos em<br />
três diferentes categorias: sedimentáveis (SS), suspencessitam<br />
da nossa atenção são os SS e os suspensos.<br />
Os SS são os maiores, possuem uma faixa de tamanho<br />
de cerca de 100 micras, sendo os mais fáceis de manejar<br />
e, por isso, devem ser removidos dos tanques<br />
rapidamente.<br />
O uso da saída de água dos tanques pelo fundo<br />
e a utilização de padrões de circulação e de tanques<br />
com formatos arredondados e sem agitação, tornam a<br />
tarefa mais fácil. Com isso, após se acumularem, os SS<br />
podem ser removidos diretamente do tanque através<br />
O que tenho observado é que os centros de<br />
pesquisa e produção que visito no <strong>Brasil</strong> ainda estão<br />
repetindo metodologias antigas, iniciadas pelos professores<br />
dos professores. Muitos dos sistemas geralmente<br />
não levam em consideração as faixas de tamanho<br />
de partículas e esquecem que após a remoção<br />
dos sólidos dos tanques de cultivo, estes precisam ser<br />
removidos do sistema, o que mantém o problema<br />
descrito no primeiro parágrafo sobre o consumo de<br />
oxigênio e da produção de nitrogenados no sistema.<br />
mentação com passagem lenta.<br />
É muito comum encontrar sistemas que utilizam<br />
toneladas de brita, cascalho ou areia como meio<br />
Sistemas para aquicultura, geralmente removem<br />
sólidos até a faixa de 50 micras. Para essa<br />
faixa de partículas, os métodos mais utilizados são as<br />
mídias granulares, telas e hidrociclone pressurizado.<br />
nam a tarefa de remoção dos sólidos acumulados<br />
Atualmente existe uma gama crescente de<br />
soluções para a remoção de sólidos da água. Alguns<br />
tamanho (
RANICULTURA<br />
A<br />
SERÁ A ESPECIALIZAÇÃO O CAMINHO?<br />
Dr. Andre Muniz Afonso<br />
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Palotina, PR.<br />
andremunizafonso@gmail.com<br />
ranicultura é uma atividade zootécnica por essência<br />
e seu ciclo produtivo pode ser dividido em 3 fases distintas<br />
– reprodução, larvicultura ou girinagem e engorda.<br />
A atividade completou 80 anos de existência no <strong>Brasil</strong> em<br />
2015. Muitos modelos de produção foram criados, uns<br />
em uso, ainda que aprimorados, outros completamente<br />
abolidos. A alimentação também continua sendo motivo<br />
maior percentual de custo da produção, além disso, seu<br />
desenvolvimento resulta em melhor aproveitamento dos<br />
nutrientes da dieta e menor descarga de dejetos. Porém,<br />
o ranicultor ainda desenvolve todas as etapas de criação.<br />
Um ranário clássico é conhecido por desenvolver a ranicultura<br />
integral, onde todas as suas fases estão representadas.<br />
Devemos manter esse formato ou seguir o exemplo<br />
de outras cadeias produtivas, como as do frango, dos<br />
suínos e dos peixes? Será a especialização o caminho?<br />
Para respondermos é necessário entender primeiro<br />
cada etapa do ciclo produtivo. A reprodução<br />
é composta por animais que, desejavelmente, devem<br />
possuir características zootécnicas interessantes e baixa<br />
consanguinidade, de modo a obter-se o máximo de<br />
heterose possível aliada às características de produção<br />
transformam em juvenis<br />
são pequenos. A falta de padrão<br />
se dá pela ausência de<br />
no que tange a esse segmento.<br />
Reprodução e engorda acontecem ainda que o produtor<br />
erre, mas a girinagem não. Ela é um grande gargalo.<br />
cia, rendimento de carcaça, entre outras. Devido à não<br />
especialização, hoje os ranários não possuem reprodutores<br />
selecionados, muitas vezes são consanguíneos e não<br />
existe marcação dos animais, logo não se pode traçar<br />
um esquema de cruzamentos favoráveis, nem tampouco<br />
conhecer sua história reprodutiva. Como a reprodução<br />
é o berço de qualquer atividade de criação, a falta de<br />
conhecimento e investimento nessa etapa provoca uma<br />
A fase seguinte, representada pela criação dos girinos,<br />
é realizada em tanques de dimensões diversas, por<br />
materiais de cobertura diversos, com densidades animais<br />
diversas, ainda que existam orientações relacionadas a<br />
esses detalhes. Por que isso ocorre? Normalmente<br />
porque se superdimensiona a reprodução e se<br />
subdimensiona a larvicultura, logo são obtidas<br />
muitas desovas e o produtor, por não<br />
querer desperdiçá-las, acaba por adensar<br />
taxas de mortalidade se<br />
e os animais<br />
elevam<br />
que se<br />
Figura 1. Instalações de laboratório de reprodução de um ranicultor<br />
especializado na produção de juvenis (Afonso, 2013).<br />
subdividida em inicial (criação dos imagos ou juveseu<br />
peso e tamanho são inferiores ao padrão ideal.<br />
Pode ocorrer maior mortalidade e mais ração será<br />
empregada no sentido de conduzir o animal ao<br />
o custo de produção. Após 50 gramas passamos a<br />
chamá-los somente de rãs e sua criação é extremante<br />
fácil, ainda que desenvolvida de diferentes maneiras.<br />
Agora podemos responder que manter o formato<br />
atual não é o melhor caminho, portanto somos<br />
favoráveis à especialização. Ela pode promover uma mudança<br />
conceitual na forma como se produzem as rãs.<br />
e permite a concentração de esforços e investimentos.<br />
Figura 2. Técnico aplicando hormônio indutor da reprodução em<br />
macho de rã-touro americana (Afonso, 2014).<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
77
Aquicultura de Precisão<br />
Robôs na piscicultura marinha:<br />
uma realidade chilena<br />
Dr. Eduardo Gomes Sanches - Instituto de Pesca de São Paulo, Ubatuba, SP<br />
esanches@pesca.sp.gov.br<br />
E<br />
stive no Chile em outubro visitando a AquaSur<br />
(uma das maiores feiras de aquicultura) e<br />
aproveitando para conhecer o que nossos colegas<br />
chilenos andam fazendo em piscicultura marinha.<br />
Foram quase vinte dias de viagem. Saímos do sul<br />
do Chile (Puerto Montt, local da AquaSur) e rodamos<br />
mais de 2.000 km até Caldera (norte do Chile).<br />
Visitamos diversos empreendimentos e conhecemos<br />
desde cultivos de trutas e salmões até um cultivo<br />
de olhetes (Seriola lalandi) em tanques-rede submo<br />
e o grau de tecnologia que é adotado pela piscicultura<br />
marinha chilena.<br />
remota. Na prática, são<br />
pequenos submarinos<br />
com câmeras e braços que fazem diversas atividades<br />
subaquáticas.<br />
Atualmente diversas operações de rotina<br />
na piscicultura marinha (inspeção das panagens e<br />
das estruturas de fundeio, retirada de peixes mortos,<br />
coleta de água e sedimentos) são realizadas<br />
por mergulhadores. Estes trabalhos trazem uma série<br />
de riscos não sendo raro a ocorrência de acidentes,<br />
muitas vezes fatais. A atividade de mergulho possui<br />
alto grau de incidência de problemas laborais.<br />
Preocupados com isto algumas empresas no<br />
Chile trabalham com o desenvolvimento e a implementação<br />
da tecnologia robótica visando automatizar<br />
e potencializar os manejos submarinos nos empreendimentos<br />
de piscicultura marinha. Já existe em testes<br />
até um ROV que costura panagens! E engana-se<br />
quem acha que os ROVs vão tirar o emprego dos mergulhadores.<br />
Os mini-submarinos fazem o “trabalho<br />
duro” indicando exatamente onde os mergulhadores<br />
devem realizar suas tarefas, poupando horas de submersão<br />
em inspeções perigosas e possibilitando uma<br />
ação “cirúrgica”<br />
s o bre os<br />
© Eduardo Gomes Sanches<br />
pontos que demandam<br />
ações<br />
de correção.<br />
© Eduardo Gomes Sanches<br />
Poderia escrever muito sobre tudo que<br />
vi mas nesta coluna vou contar sobre o que mais<br />
me chamou atenção. A utilização de ROVs.<br />
O que é isto ? Rovs (Remote Operated Vehicle) são<br />
pequenos veiculos submarinos (40 a 50 kg) impulsionados<br />
por motores elétricos e operados de forma<br />
Pude<br />
operar um<br />
destes ROVs<br />
na AquaSur<br />
(e confesso<br />
que apesar das<br />
minhas limitadas<br />
habilidades<br />
até que me saí bem) e conhecer o potencial desta tecnologia<br />
de precisão. Nas próximas colunas vou contar<br />
mais sobre as diversas tecnologias de precisão que os<br />
piscicultores marinhos chilenos utilizam. Quem sabe<br />
um dia não veremos ROVs inspecionado cultivos de<br />
bijupirá no <strong>Brasil</strong>!<br />
78<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
que podemos observar é que a piscicultura<br />
O marinha de peixes de corte a nível mundial é<br />
basicamente direcionada para espécies carnívoras.<br />
Como exemplo temos o salmão, as diversas espécies<br />
de linguado e mais recentemente o bijupirá e o atum.<br />
Diferentemente, na piscicultura dulcícola o que podemos<br />
observar é a grande dominação e expansão<br />
da produção de espécies onívoras. Apenas como<br />
exemplo as duas principais espécies produzidas na<br />
piscicultura brasileira são a tilápia e o tambaqui,<br />
que juntas representam 70% da produção nacional.<br />
Piscicultura Marinha<br />
PORQUE A PISCICULTURA MARINHA PRODUZ<br />
APENAS ESPÉCIES CARNÍVORAS?<br />
Dr. Ricardo Vieira Rodrigues - vr.ricardo@gmail.com<br />
Estação Marinha de Aquicultura (EMA)<br />
Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande, RS<br />
Em termos gerais a larvicultura de peixes marinhos<br />
não é realizada de forma extensiva, pois para as espécies<br />
carnívoras apresenta<br />
baixas taxas de<br />
sobrevivência e praticamente<br />
sua totalidade<br />
de juvenis produzidos<br />
é realizado em sistema<br />
intensivo, o que vem<br />
sendo copiado para<br />
as espécies onívoras<br />
marinhas. A larvicultura<br />
intensiva, além de<br />
ser trabalhosa é bastante<br />
longa, durando de 30<br />
a 60 dias para a maioria<br />
das espécies e possui<br />
um elevado custo. Esses custos estão relacionados<br />
principalmente com a produção do alimento<br />
vivo que é extremamente elevado. A nível mundial<br />
o zooplâncton que é crucial na alimentação das<br />
larvas desses peixes está baseado nos rotíferos e<br />
nas artêmias, que possuem um custo de produção<br />
muito elevado. Esses aspectos supracitados resultam<br />
em um juvenil de peixe marinho com elevado<br />
custo de produção. Por exemplo, um juvenil<br />
de bijupirá vendido no <strong>Brasil</strong> hoje custa de 3 a 5<br />
reais. Esse valor de juvenil seria impraticável para<br />
juvenis de peixes onívoros, que produzidos em<br />
sistema intensivo não possuem um valor de mercado<br />
muito mais baixo que espécies carnívoras. A<br />
grande questão é que espécies carnívoras apresende<br />
investir em um juvenil de elevado valor.<br />
No <strong>Brasil</strong>, espécies como a tainha<br />
Mugil liza e a carapeva Eugerres brasilianus<br />
estão sendo estudadas. Além dos entraves<br />
que citei previamente, a tainha é uma espécie<br />
que apresenta desova total ainda possui<br />
elevado custo para sua indução hormonal,<br />
enquanto a carapeva possui uma acentuada<br />
mortalidade possivelmente atribuída ao<br />
diminuto tamanho da larva. A mortalidade na<br />
larvicultura da carapeva pode também estar<br />
associada a alguma etapa da sua metamorfose,<br />
como por exemplo a formação da sua boca<br />
nutricional do alimento ofertado. Contudo,<br />
saliento que para ambas as espécies as informações<br />
disponíveis ainda<br />
são muito escassas.<br />
De qualquer forma,<br />
essas espécies são<br />
promissoras para novos<br />
estudos. Para a tainha<br />
eu aponto a necessidade<br />
de investir em estudos<br />
que reduzam os custos<br />
com indução hormonal,<br />
que são elevados, porém<br />
a espécie apresenta boa<br />
sobrevivência na larvicultura.<br />
E para a larvicultura<br />
de ambas as<br />
espécies seria importante<br />
investir em produção de uma espécie<br />
de alimento vivo de menor custo, principalmente<br />
em substituição a artêmia (algo que já<br />
vem se tentando a algum tempo, mas ainda<br />
sem sucesso). Outra possibilidade para redução<br />
dos custos seria avaliar larviculturas<br />
de forma extensiva para essas espécies, assim<br />
como é realizado para algumas espécies<br />
de peixes de água doce. De qualquer<br />
forma ainda é necessária uma demanda<br />
para essas espécies no mercado nacional.<br />
O tema dessa coluna foi sugestão do<br />
meu grande amigo Gabriel Passini que em<br />
breve defenderá seu doutorado em aquicultura<br />
na UFSC, em piscicultura marinha.<br />
Figura: © Gabriel Passini<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
79
O PH DO PESCADO:<br />
UM PROBLEMA<br />
QUE MERECE SER<br />
ESCLARECIDO<br />
Prof. Dr. Alex Augusto<br />
Gonçalves<br />
Universidade Federal Rural do<br />
Semi Árido (UFERSA)<br />
Mossoró, RN<br />
alaugo@gmail.com<br />
Nos últimos anos, a Coordenação Geral de<br />
Inspeção (CGI), do Departamento de Inspeção de Produtos<br />
de Origem Animal (DIPOA) do Ministério da<br />
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) têm intoneladas<br />
de pescado importados (ou não) estão sendo<br />
apreendidas e de imediato lavrado o auto de infração<br />
por estarem em desacordo com Art. 443, Item 2 (As<br />
determinações físicas e químicas para caracterização<br />
do pescado fresco são: pH de carne externa < 6,8 e da<br />
interna < 6,5 nos peixes) do Regulamento da Inspeção<br />
Industrial e Sanitária<br />
de Produtos<br />
de Origem Animal<br />
– RIISPOA.<br />
Alguns containers<br />
de pescado estão<br />
sendo apreendidos,<br />
devolvidos e infelizmente<br />
outros estão<br />
sendo incinerados,<br />
por estarem, segundo<br />
a CGI/DIPOA/<br />
MAPA, impróprios<br />
para o consumo.<br />
Diante dessa<br />
situação lamentável,<br />
o parâmetro pH está causado polêmica tanto no meio<br />
reconhecido internacionalmente que variação de pH na<br />
carne do pescado somente pode indicar que houve alguma<br />
alteração (bioquímica ou microbiológica), porém, não<br />
pode ser tratado como um único parâmetro para julgar a<br />
qualidade do pescado, ou até mesmo o considerá-lo como<br />
impróprio para o consumo.<br />
Já é sabido que o pescado é um produto perecível,<br />
sua vida útil e integridade durante armazenamento em<br />
condições de refrigeração (resfriamento ou congela-<br />
mento) e transporte (nas mesmas condições) é<br />
crobiológicas; técnicas adequadas para manter<br />
sua qualidade e frescor fazem-se necessário.<br />
A rapidez com que se desenvolvem cada uma<br />
dessas alterações depende de como foram<br />
aplicados os princípios básicos de conservação,<br />
higiene, manutenção da cadeia do frio, assim<br />
como as espécies capturadas e os métodos de<br />
captura.<br />
O potencial hidrogeniônico (pH) tem a<br />
função de indicar a acidez ou alcalinidade ou<br />
neutralidade do músculo do pescado em um<br />
meio aquoso. A determinação do pH representa<br />
um dado importante na avaliação da qualidade<br />
de diversos alimentos, como o pescado.<br />
Este é considerado um alimento de baixa acidez,<br />
ou seja, tem pH<br />
maior do que 4,5.<br />
A concentração dos<br />
íons-hidrogênio é<br />
quase sempre alterada<br />
quando se<br />
processa a decomposição<br />
hidrolítica,<br />
oxidativa ou fermentativa<br />
de seu<br />
músculo. Quanto<br />
mais elevado o pH<br />
maior a atividade<br />
bacteriana.<br />
No entanto, não<br />
é conclusivo como<br />
único parâmetro para avaliação do grau de frescor<br />
do pescado, devendo ser realizadas também<br />
análises química, microbiológica, microscópica<br />
nos resultados. Dependendo de como foi o processo<br />
desde a captura, armazenamento a bordo,<br />
desembarque, processamento, congelamento<br />
e armazenamento, o pH poderá ser alterado,<br />
sem mesmo que o pescado tenha perdido sua<br />
qualidade inicial, uma vez que no post-mortem<br />
do pescado inúmeras reações químicas e bioquímicas<br />
se desencadeiam.<br />
80<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
TECNOLOGIA DO<br />
PESCADO<br />
O que diz a legislação? O Codex Alimentarius<br />
(ou o código alimentar) é o ponto de referência<br />
global para os consumidores, produtores e processadores<br />
de alimentos, agências nacionais de controle<br />
de alimentos e do comércio internacional de<br />
alimentos. Todos os países são signatários do Codex<br />
Alimentarius, e se baseiam em suas legislações, tan-<br />
No Codex Alimentarius – para Filés<br />
de peixes congelados; na Legislação <strong>Brasil</strong>eira–<br />
Portaria No. 185, de 13/05/1997– RTIQ Peixe Fresco<br />
(Inteiro e Eviscerado); na Legislação da União<br />
Europeia<br />
dutos da pesca; na Legislação Americana – USFDA<br />
– Procedimentos para o processamento seguro e<br />
sanitário, e importação de pescado e derivados; e<br />
na Legislação Canadense – CFIA– Padrão geral para<br />
produto fresco e congelado (peixe magro) – Não<br />
consta a análise de pH como índice de frescor do pescado<br />
ou que este parâmetro enquadre o pescado como<br />
impróprio para consumo. Apenas na Legislação Argentina<br />
– Código Alimentar Argentino– enquadra<br />
o pescado como impróprio para consumo quando<br />
o pH > 7,5 e teor de nitrogênio amoniacal superior<br />
que 125 mg/100g de matéria seca, e características<br />
sensoriais anormais.<br />
Baseado nas divergências de valores de<br />
pH, e num recente estudo elaborado pelo MAPA,<br />
e publicado no Ofício Circular No. 02/2016/CGI-DI-<br />
POA/SDA/GM/MAPA<br />
pécies da família Merluccidae, o pH pode apresentar<br />
valores ligeiramente maiores em relação à<br />
legislação brasileira vigente (RIISPOA) sem rejeição<br />
sensorial, e dessa forma, determinaram que<br />
para os peixes congelados da família Merluccidae,<br />
que fosse adotado o pH 7,0 como limite máximo<br />
para efeito de condenação, o que comprova a divergência<br />
nos valores de pH entre as espécies, e<br />
que a legislação brasileira (i.e., o RIISPOA, e mais<br />
recente o Regulamento Técnico sobre a identidade e<br />
requisitos mínimos de qualidade que deve atender o<br />
peixe congelado - Portaria N° 136, de 15 de Dezembro<br />
Dúvidas ainda persistem no meio acadêmido<br />
valor do pH da carne do pescado e o possível<br />
uso do aditivo alimentar fosfato (umectante). O uso<br />
deste aditivo antes do congelamento deve ser visde<br />
garantir melhor qualidade sensorial e extensa<br />
vida-de-prateleira. Além disso, não existe nenhum<br />
existente entre o uso de fosfato (ou misturas de poportanto<br />
não<br />
da neutralidade, indique que o mesmo foi exclusivamente<br />
tratado com polifosfatos.<br />
Ao mesmo tempo, um pH muito alto pode<br />
indicar processo deteriorativo. No entanto, um<br />
pequeno aumento do pH na ordem de 0,1-0,4 unidades<br />
poderia estar relacionado com a produção de<br />
um álcali, e no tecido muscular este deve ser pela<br />
produção de amoníaco ou uma amina biogênica,<br />
comprovado pelo aumento do teor de N-BVT (desde<br />
que esteja no limite).<br />
Para maiores informações e referênmatéria<br />
na íntegra nas próximas edições da<br />
revista AQUACULTURE BRASIL.<br />
Figuras : © Alex Augusto Gonçalves<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
81
SANIDADE<br />
Estreptococoses<br />
na tilapicultura<br />
Dr. Santiago Benites de Pádua<br />
AQUIVET Saúde Aquática,<br />
São José do Rio Preto, SP.<br />
tualmente as<br />
santiago@aquivet.com.br Adoenças bacterianas<br />
são os<br />
principais problesando<br />
impactos econômico, social e ambiental com a<br />
ocorrência de surtos de mortalidade. Entre os agentes<br />
etiológicos, três espécies de estreptococos se destacam,<br />
sendo Streptococcus agalactiae, Streptococcus<br />
iniae e Streptococcus dysgalactiae, os agentes causadores<br />
destas enfermidades. No <strong>Brasil</strong>, temos a ocorrência<br />
das três espécies de estreptococos como causadores<br />
de infecção em tilápia, no entanto, S. agalactiae<br />
é a bactéria que apresenta maior prevalência e possui<br />
ampla distribuição territorial,<br />
sendo detectada em praticamente<br />
todos os polos de tilapicultura<br />
estabelecidos no <strong>Brasil</strong>.<br />
Tradicionalmente, a infecção<br />
pelo Streptococcus spp.<br />
ocasiona infecção sistêmica, contudo,<br />
este agente possui tropismo<br />
pelo sistema nervoso central, o<br />
que leva ao quadro de meningoencefalite<br />
bacteriana, com a<br />
evolução de sinais clínicos neurológicos<br />
(nado em rodopio) e<br />
– Figura 1); podendo ainda haver pericardite supuratio<br />
que por sua vez pode se tornar uma efusão celomática<br />
(acúmulo de líquido na cavidade celomática). A<br />
manifestação clínica da doença pode variar conforme<br />
sua fase, virulência da estirpe bacteriana e fatores de<br />
riscos associados. Na fase aguda da doença observamos<br />
principalmente sinais clínicos neurológicos e<br />
observamos caquexia, efusão celomática, bem como<br />
musculatura dos animais infectados.<br />
O principal fator de risco associado à infecção<br />
pelos estreptococos é o aumento da temperatura da<br />
água, sendo, portanto, uma doença de maior impacto<br />
no período de primavera e verão. Geralmente<br />
a infecção por esta bactéria ocorre em temperaturas<br />
acima de 28 ºC, além disso, altas densidades de estocagem,<br />
baixos níveis de oxigênio dissolvido na água<br />
e más condições de limpeza das telas dos tanques-rede<br />
são fatores adicionais que aumentam o risco de<br />
emergência de surtos pelos estreptococos. O principal<br />
grupo de risco para esta doença na tilapicultura são<br />
les que tornam o tratamento com antibioticoterapia<br />
mais oneroso.<br />
Figura 1. Tilápia do Nilo infectada naturalmente por<br />
Streptococcus agalactiae<br />
Nos últimos anos, temos observado algumas<br />
variações nestes padrões da doença, onde os animais<br />
mais jovens, muitas vezes juvenis<br />
com menos de 30g, ou até<br />
mesmo alevinos, manifestando<br />
a doença de forma clássica.<br />
Além disso, já detectamos sua<br />
ocorrência durante os dois últimos<br />
invernos, causando surtos<br />
importantes com temperatura<br />
da água na faixa de 19,5º C<br />
a 23ºC. Estas observações nos<br />
levam a acreditar na adaptabilidade<br />
do agente infeccioso em<br />
toda a cadeia de produção, com<br />
potencial risco de transmissão a<br />
partir do plantel de matrizes.<br />
Para contenção de surtos agudos de estreptococos,<br />
a melhor estratégia é a partir do uso de ração<br />
medicada com antibióticos. Para mortalidades de<br />
menor proporção, pode-se fazer o uso de algumas<br />
estratégias de manejo que são responsivas, tais como<br />
cessar o arraçoamento temporariamente, uma vez que<br />
a infecção por esta bactéria ocorre via trato gastrointestinal.<br />
A redução da densidade de estocagem para<br />
períodos de altas na temperatura da água também é<br />
uma estratégia que auxilia a reduzir o impacto pela enfermidade.<br />
No entanto, a ferramenta mais efetiva para<br />
ativa das formas jovens, com uso de vacina injetável<br />
que atualmente já se encontra disponível no mercado<br />
nacional.<br />
Figura : © Santiago Benites de Pádua<br />
82<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
10 anos no mercado<br />
nacional<br />
AQUACONSULT<br />
AQUICULTURA E MEIO AMBIENTE<br />
Projetos e Serviços em<br />
Aquicultura e Meio Ambiente<br />
Áreas de atuação:<br />
Elaboração de Projetos<br />
Dimensionamento de sistemas<br />
intensivos de produção<br />
Consultorias técnicas em geral<br />
Licenciamento ambiental<br />
Cursos, palestras e treinamentos<br />
Equipe multidisciplinar com ampla<br />
experiência profi ssional<br />
Know-how comprovado nos novos<br />
modelos intensivos de produção<br />
(biofl ocos, entre outros).<br />
Agende uma consultoria:<br />
(48) 99805-2704<br />
aquicultura.meioambiente@gmail.com
DEFENDEU!<br />
Novidades em teses e dissertações<br />
Em algum lugar do <strong>Brasil</strong>, um acadêmico de pós-graduação<br />
contribui com novas informações para nossa aquicultura.<br />
© Eduardo Bellester<br />
Acadêmico: Ademir Heldt<br />
Orientador:Dr. Eduardo Luis Cupertino Ballester<br />
Coorientador: Dr. Alexandre Leandro Pereira<br />
Programa: Programa de Pós-graduação em Aquicultura e Desenvolvimento<br />
Sustentável – UFPR – Setor Palotina – Palotina - PR<br />
Título da dissertação:<br />
Contribuição de diversas fontes alimentares para Macrobrachium<br />
amazonicum<br />
Entre as espécies nativas brasileiras de camarões de água doce o Macrobrachium amazonicum é a que<br />
apresenta maior potencial para produção em cativeiro. A avaliação do espectro alimentar de uma dada espécie<br />
pode ser efetuada através da análise de conteúdo estomacal e complementada com estudos no ambiente e sobre<br />
um dado organismo a utilização da técnica de isótopos estáveis de carbono e nitrogênio (δ13C e δ15N) tem<br />
O BJETIVO : Este trabalho teve como objetivo utilizar a técnica de isótopos estáveis para estimar a contribuição<br />
das diversas fontes alimentares presentes em ambientes semi-controlados para ganho de biomassa<br />
do M. amazonicum.<br />
METODOLOGIA<br />
: Foram realizados dois experimentos. O primeiro foi realizado para determinar o<br />
foram avaliados 4 tratamentos com diferente disponibilidade de fontes alimentares:<br />
84<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
T1 Os camarões estocados em tanque sem substrato de terra, com<br />
fornecimento de ração (POTIMAR 40J - GUABI®). Nesse tratamento<br />
suspensão (plâncton) e material orgânico precipitado;<br />
T2 Era composto dos mesmos elementos do Tratamento 1, sem a<br />
adição de ração;<br />
T3 Camarões alojados em tanque contendo substrato de terra com<br />
Elodea sp. bem como o desenvolvimento<br />
de organismos bentônicos como possíveis fontes alimentares aos camarões<br />
e fornecimento de ração;<br />
T4 Delineado nas mesmas condições do T3 sem a adição de ração.<br />
© Eduardo Bellester<br />
R ESULTADOS :<br />
de cada fonte alimentar para os camarões em cada tratamento. Todas as análises de isótopos estáveis foram<br />
realizadas no Laboratório de Ecologia Isotópica do CENA - ESALQ-USP (Piracicaba, SP).<br />
Os resultados do primeiro experimento indicaram um fracionamento isotópico de 0,57±0,07 para carbono<br />
e 2,14±0,18 para nitrogênio, os quais foram aplicados no experimento 2. Os resultados de contribuição<br />
das fontes alimentares encontrados no segundo experimento, considerando sua disponibilidade e estimativa<br />
de contribuição para o ganho de biomassa, reforçam as conclusões de estudos anteriores sobre a onivoria dos<br />
camarões e da sua plasticidade no uso das fontes alimentares. Merecem destaque a contribuição de organismos<br />
bentônicos e o fornecimento de ração que, nas condições experimentais, foi fundamental para o melhor desempenho<br />
zootécnico dos juvenis de M. amazonicum quer seja pelo seu consumo direto ou pelo enriquecimento<br />
na qualidade das outras fontes de alimento disponíveis. Por outro lado, nos tratamentos onde não houve disponibilidade<br />
de organismos bentônicos e ração, a contribuição das comunidades de microrganismos presentes<br />
Figura 1. Variação do sinal isotópico de carbono dos camarões<br />
experimento (D1 a D30).<br />
TABELA DE DESEMPENHO ZOOTÉCNICO<br />
Experimento 2<br />
Figura 2. Variação do sinal isotópico do nitrogênio dos camarões<br />
experimento (D1 a D30).<br />
A GRADECIMENTOS :<br />
CNPQ, FINEP e MEC-PROEXT<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
85<br />
© Nicator
ENTREVISTA<br />
86<br />
© Diego Molinari<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
Tza chi<br />
M a t zlia c h<br />
S amo c h a<br />
De I srael para o mundo<br />
V isit ando o B rasil a convit e da organização do I W ork shop S u l<br />
B ras ileiro de B iof loc o s , realizado pelo Depart ament o d e<br />
A quic ult ura da Univ ersidade F ederal de S ant a Cat arina (UFSC),<br />
o i s raelens e Tza c hi Mat zliach S amocha, considerado um dos<br />
precursores e maiores especialist a s mundiais na t ecnologia d e<br />
biof locos , ministrou palest ras em S C e t ambém concedeu uma<br />
ent revista e xclus iva para a AQU A CUL T URE BR ASIL .<br />
S amoc ha é prof e ssor na Texas A&M A griLif e Research<br />
Maric ult ure Laborat ory a t Flour B luf f ,<br />
Corpus Christi , Te x as ( E U A ) .<br />
AQUACULTURE BRASIL:Como foram<br />
seus primeiros anos de trabalho em Israel?<br />
Samocha: Comecei minhas pesquisas com carcinicultura<br />
em 1974 na Universidade de Tel Aviv.<br />
Em 1980 mudei-me para uma cidade na parte<br />
sul de Israel, onde trabalhei 8 anos como chefe<br />
do programa do centro de pesquisa nacional de<br />
camarão de marinho. Neste centro realizamos<br />
inúmeros trabalhos acerca dos diferentes aspectos<br />
relacionados ao cultivo do camarão marinho,<br />
com ênfase nos camarões do gênero Penaeus. Trabalhamos<br />
com Penaeus japonicus, Penaeus semisulcatus<br />
e Penaeus vannamei, desenvolvendo estudos<br />
sobre as necessidades nutricionais, indução<br />
à maturação e diferentes aspectos relacionados ao<br />
cultivo destas espécies.<br />
AQUACULTURE BRASIL:Após oito anos<br />
trabalhando em Israel, você se mudou para os<br />
Estados Unidos. Inicialmente para um sabático,<br />
entre 1988 e 1989, em Corpus Christi. O que<br />
país?<br />
Samocha: Quando me mudei para os EUA tinha<br />
o objetivo de continuar minhas pesquisas iniciadas<br />
durante os primeiros anos em Israel e também<br />
ministrar aulas na Universidade Texas A&M<br />
Corpus Christi. Quanto às pesquisas, estava focado<br />
principalmente no cultivo de camarões na fase<br />
de berçário, desde a formulação de dietas para<br />
pós-larvas até o desenvolvimento de sistemas de<br />
produção. Logo depois começamos a estudar aspectos<br />
relacionados à maturação, em parte devido<br />
à evolução das dietas destes animais. Também<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
87
ENTREVISTA<br />
© Diego Molinari<br />
começamos a estudar sobre a engorda em viveiros intensivos,<br />
sem troca de água durante o ciclo de cultivo.<br />
uma comunidade biológica nos ajudaria a gerenciar a<br />
sem a necessidade de troca de água. Com sucesso<br />
chegamos a essa comunidade<br />
biológica,<br />
capaz de converter os<br />
metabólitos tóxicos<br />
para o camarão em me-<br />
Esta comunidade<br />
biológica (bactérias),<br />
além de melhorar a<br />
tabólitos menos tóxicos,<br />
manutenção da qualidade<br />
permitindo a produção<br />
de água, pode servir como<br />
complemento alimentar<br />
de uma alta biomassa de<br />
para os camarões, devido<br />
mais de 9 quilos de ca-amarão por metro cúbico nutricional.<br />
seu elevado valor<br />
sem troca de água. Esta<br />
comunidade biológica (bactérias), além de<br />
melhorar a manutenção da qualidade de água, pode<br />
servir como complemento alimentar para os camarões,<br />
devido ao seu elevado valor nutricional.<br />
AQUACULTURE BRASIL:Recentemente, um<br />
vídeo divulgado nas redes sociais trouxe um questionamento<br />
sobre o porquê os EUA exploram tão<br />
pouco o potencial da sua aquicultura. Para um<br />
país com tanta tecnologia, poder aquisitivo, clima,<br />
terra e água em abundância, os norte-americanos<br />
produzem muito pouco (comparado, principalmente,<br />
com alguns países asiáticos). Esta questão<br />
é estratégica do país, ou seja, os Estados Unidos<br />
preferem importar pescado a um custo mais baixo<br />
do que produzir? Você acredita que este panorama<br />
pode mudar, ou seja, poderemos ver, no futuro,<br />
os Estados Unidos entre os principais produtores<br />
aquícolas mundiais?<br />
AQUACULTURE BRASIL:Você acredita que no<br />
futuro essa situação possa mudar nos EUA?<br />
Samocha: Eu realmente não consigo ver o desenvolvimento<br />
desta atividade em grande escala nos EUA,<br />
comparando-se com outros países. O fator climático<br />
é muito limitante para nós. Precisamos manter a temperatura<br />
alta no sistema de produção, e isso é muito<br />
custoso. Nos EUA podemos ver claramente o desenvolvimento<br />
de indústrias de produção de camarão<br />
intensivo, mas em pequena escala, onde é possível<br />
controlar os parâmetros, como oxigênio dissolvido da<br />
água e, principalmente, a temperatura. Mesmo assim<br />
é difícil ver esse tipo de indústria com um crescimento<br />
Samocha: Para a maior parte dos EUA as condições<br />
são mais propícias para a pesquisa e desenvolvimento<br />
de tecnologia do que para o cultivo em si. Os EUA<br />
não são propícios para esse tipo de atividade por<br />
conta do alto custo de produção, por exemplo, relacionado<br />
ao custo de mão-de-obra. Parece muito mais<br />
fácil desenvolver a tecnologia e exportá-la ao invés<br />
de produzir o camarão em solo norte-americano. Se<br />
cultivarmos o camarão nos EUA o custo de produção<br />
seria maior comparando-se com outros países. Entre<br />
outras razões, além da mão de obra, eu destacaria<br />
ainda questões ambientais, entre outras. Portanto, é<br />
preferível desenvolver o cultivo na América Central,<br />
América do Sul ou Sul da Ásia, do que nos EUA.<br />
88<br />
duzindo camarões de alta qualidade para um nicho<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
Equipe <strong>Aquaculture</strong> <strong>Brasil</strong> e Samocha<br />
© Diego Molinari
petir com o camarão importado. Esta indústria especongelado,<br />
e com isso você tem um preço mais elevado<br />
em comparação com o camarão importado.<br />
AQUACULTURE BRASIL:Como a tecnolo-<br />
Samocha: Sim, alguns peixes têm demonstrado um<br />
como a tilápia, por exemplo. Vários estudos hoje já<br />
comprovam o sucesso desta espécie nesse tipo de<br />
sistema. Para outros peixes esse sistema ainda não é<br />
o mais adequado. Sei que aqui no <strong>Brasil</strong> há muitos<br />
trabalhos realizados por pesquisadores em diferentes<br />
estados, avaliando-se diferentes espécies de peixes nativos<br />
de sua região e suas respectivas capacidades de<br />
Samocha: Basicamente surgiu ao longo dos anos<br />
através da necessidade de se desenvolver práticas mais<br />
sustentáveis para o cultivo do camarão. Iniciei com<br />
pesquisas em conjunto com a iniciativa privada e mais<br />
tarde nosso centro de pesquisa da Texas A&M viu a<br />
possibilidade de cultivar camarões com troca zero ou<br />
mínima de água e demos foco neste tipo de pesquisa.<br />
AQUACULTURE BRASIL:No futuro, os biocamarões<br />
marinhos? Se sim, você acredita que<br />
esta inversão ocorrerá daqui a<br />
quantos anos?<br />
Parece muito mais<br />
fácil desenvolver a<br />
tecnologia e exportá-la<br />
ao invés de produzir<br />
Samocha: Acredito que a teca<br />
evoluir, mas em sistemas indoor ,<br />
controlados, onde por exemplo se<br />
pode cultivar 9 quilos de camarão<br />
por metro cúbico, enquanto que em<br />
sistemas convencionais são produzidos de 2 a 3 quilos<br />
de camarão por metro quadrado. E tudo isso sem a<br />
troca de água, o que dá maior biosseguridade e controle<br />
sobre o sistema, diminuindo assim a incidência<br />
de doenças.<br />
AQUACULTURE BRASIL:<br />
Várias espécies<br />
de peixes têm<br />
demonstrado potencial<br />
para o cul-<br />
Os peixes, de fato,<br />
poderão no futuro<br />
serem igualmente<br />
cultivados em<br />
como os camarões<br />
marinhos?<br />
o camarão em solo<br />
norte-americano<br />
me parecem muito promissores, então a resposta é<br />
sempre tentar introduzir novas espécies e avaliar sua<br />
capacidade de crescer de maneira sustentável, com<br />
limitada ou nenhuma troca de água.<br />
AQUACULTURE BRASIL:Qual a sua visão a<br />
respeito da aquicultura brasileira? O <strong>Brasil</strong> será um<br />
gigante na aquicultura mundial? O que nos falta?<br />
Samocha: Eu acredito que a aquicultura brasileira<br />
tem um grande potencial, desde que as<br />
universidades trabalhem em conjunto com<br />
o setor privado. O <strong>Brasil</strong> tem tudo para<br />
ser um dos maiores produtores de pescado,<br />
uma vez que tem clima favorável, disponibilidade<br />
de água e um bom número de<br />
pessoas para trabalhar. Vejo que a parceria<br />
com as indústrias pode trazer um maior<br />
desenvolvimento de tecnologia, que é o que<br />
mais precisamos, especialmente devido a<br />
difícil situação na qual os brasileiros estão enfrentando,<br />
com o vírus da mancha branca em cultivos<br />
de camarão. Novamente, esse tipo de pesquisa e cooperação<br />
com as indústrias penso ser essencial para<br />
minimizar os efeitos causados por doenças, e aí sim,<br />
tornar o <strong>Brasil</strong> um país com grande potencial em termos<br />
de uma aquicultura sustentável.<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
89<br />
© Diego Molinari
ENTREVISTA<br />
Experiênc ias prof i ssionais do D r . Tza c hi S amoc h a<br />
D r . T z a c hi S amocha , s e aposentou recentemente do Texas A&M A griLife<br />
Researc h Maricult ure Laborat ory , em Corpus Christ i , no Texas. A o<br />
logo de s ua carreira t rabalhou com diversas linhas de pesquis a e m<br />
dif erent e s laborat órios.<br />
2002-2016:<br />
Christi, Texas. Suas atuações incluíam: Realização de pesquisas com camarão cultivados emraceways e viveiros,<br />
desenvolvendo novos conceitos em sistemas intensivos de berçários e engorda. Trabalhos de extensão, com<br />
transferência de tecnologia de setor aquícola para produtores comerciais e empresas. Sintetização de pesquisas<br />
programas de pesquisa e pós-graduação.<br />
2002-2006: Professor na Texas A & M University - Corpus Christi (TAMU-CC), Corpus Christi, lecionando<br />
nos cursos de pós-graduação e orientando alunos de pós-graduação.<br />
1992-2002: Professor associado da Texas Agricultural Experiment Station (TAES), Shrimp Mariculture<br />
Research Facility (SMRF), Corpus Christi, Texas and TAMU-CC.<br />
1989-1992: Pesquisador visitante, TAES-SMRF, Corpus Christi, Texas.<br />
1988-1989: Sabático, TAES-SMRF, Corpus Christi, Texas.<br />
1980-1988: Cientista Sênior, Chefe da unidade de pesquisa com camarões do Oceanographic and Limnological<br />
Research (IOLR) - National Center for Mariculture (NCM), em Israel. Responsável pela realização<br />
de pesquisas com maturação induzida, reprodução, larvicultura, berçário e engorda de camarão marinho. Trabalhou<br />
com toxicidade de metabólitos, nutrição e doenças. Realizou pesquisas visando o desenvolvimento de<br />
uma indústria comercial de cultivo de camarão em Israel. Buscou integrar a academia com os setores privados<br />
que trabalhavam com cultivo de camarão. Participou de programas de educação de estudantes de pós-graduação<br />
da Universidade de Tel Aviv em Israel.<br />
1988-pres ent e : Consultoria ao setor privado: assistência técnica, avaliação de locais, elaboração de<br />
projetos conceituais e treinamento de pessoal para realização de maturação induzida, cultivo de larvas de camarão<br />
e de microalgas, sistemas de viveiros intensivos e de engorda para camarão peneídeo.<br />
© Diego Molinari<br />
90<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
NOVOS LIVROS<br />
Tilapia in Intensive Co-culture<br />
Editores: Peter Perschbacher e Robert R. Stickney<br />
Editora:Wiley-Blackwell<br />
Idioma: Inglês - 368 páginas<br />
Lançamento: 14 de dezembro de 2016<br />
Co-cultivos intensivos de tilápia referem-se à produção comercial de várias espécies<br />
de tilápia em conjunto com uma ou outras espécies que apresentem potencial<br />
de mercado (aquaponia ou policultivos, por exemplo). As tilápias são utilizadas neste<br />
sistema em razão do seu potencial para melhorar a qualidade de água, especialmente em<br />
viveiros de carcinicultura, através do consumo de plâncton e detritos, além de propiciarem<br />
uma redução nas populações de bactérias patogênicas do sistema.<br />
Echinoderm <strong>Aquaculture</strong><br />
Editores: Nicholas Brown e Steve Eddy<br />
Editora: Wiley-Blackwell<br />
Idioma: Inglês - 384 páginas<br />
Lançamento:Setembro de 2015<br />
Não só de peixes, camarões, moluscos e algas vive a aquicultura! “Echinoderm<br />
<strong>Aquaculture</strong>” aborda em seus primeiros capítulos os conceitos de ecologia básica e biologia<br />
de ouriços-do-mar e pepinos-do-mar. Uma revisão geral do emprego destes organismos<br />
como fonte de alimento e compostos bioativos também é apresentada. Os<br />
capítulos subsequentes abordam as espécies de interesse comercial para distintas regiões<br />
Dietary Nutrients, Additives<br />
and Fish Health<br />
Editores: Cheng-Sheng Lee, Chhorn Lim e Delbert M. Gatlin III<br />
Editora: Wiley-Blackwell<br />
Idioma: Inglês - 376 páginas<br />
Lançamento: Junho de 2015<br />
Este livro apresenta uma ampla revisão sobre os nutrientes das dietas, fatores<br />
antinutricionais, toxinas, aditivos alimentares, além dos seus efeitos na performance<br />
dos peixes e na funcionalidade do sistema imunológico, bem como na saúde dos animais<br />
em geral.<br />
DIVULGUE AQUI O SEU LANÇAMENTO EDITORIAL!<br />
r e dac a o @ a q u a c u l t u r e b r a s i l . c o m<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
91
Eles faz e m<br />
a diferen ça!<br />
U<br />
movido<br />
a<br />
Com reconhecido<br />
destaque em sua<br />
área de atuação, o<br />
Prof. Dr. Ronaldo<br />
Olivera Cavalli abrilhanta as páginas de nossa<br />
terceira edição apresentando um pouco de sua<br />
história aos leitores da AQUACULTURE BRASIL.<br />
Agrônomo formado pela UFRGS (Porto<br />
Alegre/RS), a aquicultura entrou em<br />
sua vida no quinto e último ano do curso:<br />
“Me apaixonei pela disciplina de aquicultura”.<br />
Por ser uma atividade ainda pouco conhecida no <strong>Brasil</strong>, mas uma realidade<br />
em outros países, principalmente os asiáticos, vislumbrei uma tremenda oportunidade<br />
de crescimento e trabalho. Foi também no último ano da faculdade que<br />
fiquei sabendo de um colega que havia ganhado uma bolsa de estudos para estudar<br />
no Japão. Não tive dúvidas: fui atrás. Um ano depois estava aprendendo japonês em<br />
Nagoya como bolsista do Monbusho, o então Ministério da Educação daquele país.<br />
Fiz o mestrado em piscicultura marinha na Universidade de Mie e em 1990 voltei ao<br />
<strong>Brasil</strong>. Como sempre fui um cara de sorte, fiquei pouco tempo desempregado. Em<br />
março de 1991 comecei trabalhando como professor-substituto no Departamento de<br />
Oceanografia da FURG, e em novembro daquele ano passei no concurso para professor<br />
assistente. A FURG havia acabado de construir um laboratório na praia do Cassino,<br />
a Estação Marinha de Aquacultura – EMA. Na EMA/FURG, aprendi, com o Prof.<br />
Marcos Marchiori e vários outros colegas, sobre carcinicultura, área que<br />
acabei trabalhando apesar de não ter nenhuma experiência prévia.<br />
92<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
A pós o Mest rado no J apão, chegou a<br />
vez de dout orar-se na B élgica<br />
© Ronaldo Olivera Cavalli<br />
Na época do doutorado<br />
(Ghent, Bélgica)<br />
No doutorado, tive a<br />
oportunidade de vivenciar<br />
o jeito “europeu” de se<br />
fazer pesquisa, baseado<br />
não só em procurar respostas<br />
a questões de cunho<br />
também com a preocupação<br />
em atender as demandas do<br />
setor produtivo.<br />
“Depois de 5 anos na EMA/FURG,<br />
senti a necessidade de me aperfeiçoar.<br />
Como queria trabalhar com<br />
a interação nutrição/reprodução, acabei<br />
optando em fazer o Doutorado na<br />
Ghent University, Bélgica, sob a orientação<br />
do Dr. Patrick Sorgeloos, que contava<br />
com uma equipe de altíssimo nível.<br />
No doutorado, tive a oportunidade de<br />
vivenciar o jeito “europeu” de se fazer pesquisa, basepreocupação<br />
em atender as demandas do setor produtivo.<br />
Ter a oportunidade de estudar fora do país foi um diferencial na minha vida acadêmica,<br />
já que me abriu muitas portas. Outro diferencial foi o estudo do inglês, que só aconteceu por<br />
ter rodado na minha primeira prova, ainda no ensino fundamental... Se não fosse isso, talvez a<br />
minha história tivesse sido diferente. Hoje em dia, quando seleciono um estagiário ou bolsista,<br />
sempre pergunto, e recomendo fortemente sobre o inglês”.<br />
Após uma carreira consolidada como professor<br />
efetivo na Universidade Federal do Rio Grande<br />
– FURG (1991 a 2007), o que motivou você a<br />
Sul para trabalhar com piscicultura marinha<br />
em Pernambuco?<br />
dade o Nordeste do <strong>Brasil</strong>, queria fazer algo novo, e Pernambuco<br />
oferecia tudo isso. Óbvio que morar em Recife, uma cidade<br />
Ronaldo e sua equipe do Laboratório de Piscicultura<br />
Marinha da UFRPE (2013)<br />
era uma mudança extremamente interessante. Lá tive a oportunidade de começar uma linha de trabalho<br />
nova, pois, apesar da UFRPE ter o mais antigo curso de Engenharia de Pesca do <strong>Brasil</strong>, não havia a<br />
disciplina de Piscicultura Marinha. Consequentemente, haviam muito poucos trabalhos nessa área.”<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
93
Eles faz e m<br />
a diferen ça!<br />
com seu retorno para a FURG?<br />
“Por razões familiares, nesse momento da minha vida, voltar ao RS e estar próximo da família<br />
foi à escolha mais sensata. À medida que a idade avança, deixamos de ser tão egoístas e nos preocupamos ainda<br />
mais com os que estão a nossa volta.<br />
ainda há muito que fazer. Tudo está sendo diferente. A FURG mudou e eu também. Hoje tenho mais experiência<br />
e novos interesses.”<br />
“Por exemplo, estamos organizando um livro sobre a aquicultura do beijupirá, que será uma<br />
síntese dos trabalhos da REPIMAR – Rede de Piscicultura Marinha, financiada pelo extinto<br />
MPA e CNPq. Também estou coletando material para escrever um livro sobre a história da<br />
aquicultura no <strong>Brasil</strong>. O livro do beijupirá sairá em 2017, mas o outro deverá ser lançado em<br />
2017 ou 2018”.<br />
Principais projetos desenvolvidos na carreira:<br />
Em ordem cronológica, o trabalho do Doutorado, quando tive a oportunidade de sentir<br />
na pele o que é trabalhar em um ambiente que oferece todas as condições para que se<br />
possa desenvolver o potencial. E não estou falando de infraestrutura ou de, por exemplo, ter<br />
os reagentes que precisas imediatamente à tua disposição. Me refiro principalmente à clareza<br />
de objetivos. Tudo isso certamente faz a diferença no nosso trabalho.<br />
Também ressalto o trabalho da equipe da EMA/FURG no desenvolvimento de um “pacote<br />
tecnológico” para a criação do camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis, incluindo<br />
reprodução, larvicultura, berçário, engorda em diferentes sistemas, nutrição, genética, etc.<br />
Em Recife, tive a oportunidade de coordenar uma fazenda experimental de criação de<br />
beijupirá em mar aberto, o projeto “Cação de Escama”. Foi um tremendo desafio.<br />
Imagine instalar e operar uma fazenda com quatro tanques-rede de 1.200 m³ instalados a 6<br />
km da linha de costa dentro de uma universidade pública, em que tudo depende de licitações<br />
e outras burocracias? Conseguimos, mas infelizmente o projeto acabou sepultado pela política<br />
da terra arrasada, em que um novo ministro assume e resolve que somente as suas<br />
“prioridades” devem ser apoiadas.<br />
94<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
© Ronaldo Olivera Cavalli<br />
Tanques-rede do Projeto Cação de Escama (Recife/PE)<br />
No âmbito da piscicultura marinha, onde o governo deveria apostar<br />
suas fichas?<br />
apoiando o que está sendo feito em SP e RJ. Ali estão sendo construídas experiências, e se aprendendo com os<br />
insumos (alevinos, rações, etc.) e entendendo o mercado consumidor. Sempre gosto de lembrar que as cadeias<br />
do camarão e da tilápia não surgiram de um dia para o outro. Por<br />
que a do peixe marinho seria diferente?<br />
E os planos para o futuro? Onde vamos encontrar<br />
o Ronaldo Cavalli daqui há 10 ou 20<br />
anos?<br />
Daqui a 10 anos ainda estarei na volta, provavelmente dando<br />
aula, orientando alunos e participando dos eventos da área de<br />
aquicultura. Há 20, certamente aposentado. Espero que com saúde<br />
e uma mochila nas costas dando uma volta pelo mundo...<br />
Para finalizar, deixe uma mensagem para<br />
os leitores da AQUACULTURE BRASIL,<br />
muitos dos quais te conhecem e admiram<br />
bastante o seu trabalho.<br />
Na minha sala acabei de colocar um cartaz que diz:<br />
“Work hard & be nice to people”. Meu lema nessa nova fase<br />
da vida.<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
95
© Fábio Rosa Sussel<br />
Camarão<br />
Gigante<br />
da<br />
Malásia<br />
Macrobrachium roseMbergii<br />
Nativo da região Indo-Pacífica,<br />
o cultivo de M.<br />
rosembergii se espalhou pelo<br />
mundo, sendo considerada a espécie<br />
de camarão de água doce<br />
mais empregada em cultivos<br />
comerciais.<br />
No <strong>Brasil</strong> foi introduzida<br />
pelo Departamento de<br />
Oceanografia da Universidade<br />
Federal de Pernambuco, em<br />
1977 e se difundiu principalmente<br />
nos estados do Maranhão,<br />
Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro,<br />
São Paulo e Santa Catarina.<br />
Em meio natural o M.<br />
rosenbergii é uma espécie<br />
tropical com hábito bentônico,<br />
presente em rios, lagos e<br />
reservatórios que possuem comunicação<br />
com águas salobras.<br />
As fêmeas já maturas migram<br />
para estes estuários onde completam<br />
o desenvolvimento larval<br />
até a eclosão.<br />
Aparência<br />
fêmeas menores e com garras menos<br />
desenvolvidas, apresentam diferenças<br />
morfológicas entre si, sendo possível<br />
distinguir três grupos de machos adultos:<br />
SM (Small Male) - forma menor e mais<br />
translúcida<br />
OC (Orange Claw) - tamanho<br />
intermediário, cor laranja dourada<br />
BC (Blue Claw) - é o maior, com<br />
pereiópodos azuis e extremamente grandes<br />
© Fábio Rosa Sussel<br />
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AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016
Alimentação<br />
Fase larval: naúplios de<br />
artemia.<br />
Fase inicial (juvenil):<br />
Ração comercial com 35% de<br />
proteína bruta.<br />
Fase final: ração comercial<br />
com 32% de proteína bruta.<br />
Reprodução<br />
As fêmeas estão prontas para reprodução<br />
com 15-20g. Depois da cópula ocorre<br />
a fertilização externa e os ovos são transferidos<br />
para debaixo do abdômen da fêmea, por<br />
cerca de 3 semanas, quando ocorre a eclosão.<br />
As fêmeas produzem entre 80 e 100 mil ovos<br />
que são de cor laranja até 2-3 dias antes de<br />
eclodir, quando passam a cinza-escuro.<br />
Faixa de<br />
Temperatura<br />
ideal<br />
A temperatura ideal para<br />
o cultivo é entre os 25 e<br />
31°C. Temperaturas mais<br />
baixas já ocorre uma<br />
redução no crescimento.<br />
Principais países produtores<br />
Volume mundial produzido:<br />
216 856 toneladas em 2014 (FAO)<br />
Densidade de estocagem:<br />
Sistemas extensivos: 1-4 PL ou<br />
juvenis/m²<br />
Sistemas semi-intensivos: 4-20 PL ou<br />
juvenis/m²<br />
Sistemas intensivos: > 20 PL ou<br />
juvenis/m²<br />
Pode ser cultivado em sistema de policultivo<br />
com tilápia, cuja densidade é de um<br />
camarão para até dois peixes.<br />
Os viveiros são bem menores que os de<br />
camarão marinho (em média 10x100m ou<br />
20x50m), o que facilita o manejo.<br />
Entraves/desafios<br />
na produção<br />
para a espécie. Atualmente na região nordeste utiliza-se<br />
ração para camarão marinho, ou de peixe<br />
carnívoro, com 40% de proteína bruta.<br />
Características positivas<br />
-A maior vantagem do cultivo desses animais é o<br />
baixo custo de produção;<br />
-Alto ganho de peso com uma conversão<br />
alimentar por volta de 1,2:1;<br />
-Boa aceitação e valorização no mercado.<br />
Preço de mercado<br />
No varejo o preço varia muito, de R$ 60 até 120 o kg.<br />
Fontes: acesse www.aquaculturebrasil.com - Consulta Técnica: Edson Pereira dos Santos<br />
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P e s c a d o n o Varejo<br />
2<br />
1<br />
3<br />
Banda de Pintado Filé de Pintado 1 - Filé do Lombo; 2- Filé da costela e<br />
3- Umbigo/Asa de Pintado<br />
Pintado Inteiro Filé de Tilápia Salmão Chileno<br />
Autores: Daniel Garcia de Carvalho Melo<br />
(Chapada dos Guimarães, MT);<br />
Ângelo de Oliveira Orechio<br />
(Belo Horizonte, MG).<br />
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Sistemas experimentais<br />
Sistemas de Aquecimento e Resfriamento<br />
Tanques para larvicultura e alimento-vivo<br />
Ferramentas<br />
Alta mar<br />
www.altamar.com.br<br />
contato@altamar.com.br<br />
facebook.com/aquaaltamar<br />
(13) 3877-3610<br />
Santos - SP