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Revista Aquaculture Brasil 3ed.

Novembro/Dezembro 2016

Novembro/Dezembro 2016

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a quacult u reb rasil.c o m<br />

EDIÇÃO<br />

3<br />

novembro/<br />

dezembro<br />

2016<br />

Exemplo para o <strong>Brasil</strong>:<br />

ISSN 2525-3379<br />

Integração<br />

universidade e<br />

empresa impulsiona a<br />

criação de atum


A melhor solução nutricional para camarões<br />

Chegou ao <strong>Brasil</strong> a linha de produtos mais completa para a nutrição de camarões.<br />

Produtos e serviços inovadores com qualidade e tecnologia mundial Skretting.<br />

www.skretting.com.br<br />

2<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


BEM-VINDO!<br />

2017<br />

Feliz ano novo!<br />

São os votos da equipe<br />

<strong>Aquaculture</strong> <strong>Brasil</strong>!<br />

www. aqu a cul tureb r asil.com<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

3


D<br />

Editorial<br />

urante a FENACAM 2016, realizada entre os dias 21 a 24 de<br />

novembro em Fortaleza (CE), gravamos uma série de entrevistas com<br />

a todos referia-se às suas perspectivas para a aquicultura brasileira em<br />

2017.<br />

É impossível que todos estes especialistas tivessem ensaiado a mesma<br />

resposta. Um otimismo absoluto sobre o crescimento, recuperação de<br />

algumas culturas e consolidação da aquicultura nacional. Sabe quando o<br />

treinador determina o que seus jogadores devem falar para a imprensa<br />

nas entrevistas coletivas? Pois é, até pareceu isto. Mas não foi! As respostas<br />

eram dadas com aquele brilho no olhar, de quem acredita na aquicultura<br />

brasileira.<br />

O resultado destas entrevistas será divulgado a partir de janeiro de 2017 no portal online<br />

da AQUACULTURE BRASIL e também em nossas mídias sociais.<br />

Paulo é um exemplo.<br />

Os frutos desta nova fase de maior sintonia entre os diferentes elos da cadeia produtiva<br />

aquícola brasileira serão despescados nos próximos anos. Aliás, já em 2017, cerca de 1.840<br />

toneladas de peixes serão despescadas por dia no <strong>Brasil</strong>. Enquanto você lê este editorial, mais um<br />

tanque-rede foi “pescado”.<br />

Algumas pessoas nos perguntaram o porquê do nome AQUACULTURE BRASIL. A ideia,<br />

entre outras, é mostrar a aquicultura brasileira para o mundo. Inclusive, dois artigos desta edição<br />

serão disponibilizados integralmente em inglês no nosso portal online. Neste sentido vem muito<br />

mais novidades por aí...<br />

Por outro lado, também se faz necessário trazer informações relevantes e conhecimento<br />

técnico de outros países. Há muito o que se aprender “lá fora”. O resultado é o nosso artigo de<br />

capa. Integração universidade e setor produtivo no México. Uma das grandes lutas da PeixeBR<br />

(Associação <strong>Brasil</strong>eira de Piscicultura) e atualmente questão essencial para o <strong>Brasil</strong>.<br />

As últimas palavras do último editorial de 2016 são de gratidão. Aproveito para agradecer<br />

a todos que acreditaram em nosso projeto, no portal online da AQUACULTURE BRASIL, em<br />

nossas mídias sociais, nos nossos cursos online e ao vivo, e em nossa revista.<br />

Obrigado de coração aos leitores, assinantes, colunistas, autores de artigos e de outras<br />

seções. Um agradecimento especial também às empresas parceiras. Sem vocês, nada disto seria<br />

possível.<br />

Um excelente 2017 a todos!!<br />

Giovanni Lemos de Mello<br />

Editor<br />

4<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


F<br />

Fala G rin go!<br />

azendo uma retrospectiva da FENACAM 2016<br />

(Feira Nacional do Camarão), em frente ao mar<br />

na Praia de Iracema (CE), consegui perceber a<br />

Como uma pequena molécula de RNA ou DNA<br />

pode nos impactar tanto?<br />

E como em tudo, o problema é dos outros<br />

até que vivenciamos na nossa própria pele.<br />

A FENACAM 2016 foi uma verdadeira festa<br />

de energia e motivação. Filas para obter informações<br />

nos stands sobre kits de análise de água, suplementos alimentares,<br />

geomembranas, aeradores, mangueiras micronizadas, blowers, etc.<br />

Raceways até uma grama (peso do juvenil de camarão marinho)<br />

asiático? Intensivo moderado ou superintensivo? Larva livre? Larva robusta<br />

ou de crescimento rápido?<br />

A importância da temperatura e da alcalinidade. Pequenos<br />

pensando no manejo de fases. No fundo, tudo depende do tamanho do<br />

seu bolso e da sua capacidade de execução técnica, mas também de sua<br />

motivação.<br />

E o que não faltou na FENACAM 2016 foi motivação.<br />

O primeiro da fase moderna da carcinicultura marinha brasileira,<br />

o IMNV, me atingiu no ano de 2003. Pegou-me trabalhando no programa<br />

de melhoramento genético de uma grande empresa do setor, vendida na<br />

sequência a uma multinacional da genética de suínos. Voltei para o Sul<br />

visando terminar meu doutorado e assumi a gerência de produção de um<br />

importante e recentemente construído laboratório de produção de larvas,<br />

separando diferentes populações, e motivado no desenho de um pequeno<br />

programa de melhoramento local.<br />

O segundo vírus letal chegou arrasador em 2004: o WSSV.<br />

Esse aí me fez perder a casa. O IMNV tinha reduzido a mão de obra<br />

especializada no Nordeste. A crise de dumping americano e a falta de<br />

mercado interno hoje consolidado, somado a vários problemas pessoais<br />

que me ataram ao <strong>Brasil</strong>. Sofri.<br />

e em função do plano de expansão das Universidades do Governo Lula<br />

(REUNI), me candidatei a pesquisador e professor universitário. O atual<br />

Marco Legal de Ciência e Tecnologia permite e estimula professores<br />

universitários a ter relações estritas e parceria com empresas privadas.<br />

Uma saída do governo para a crise do orçamento em pesquisa e educação.<br />

Sobrevivi, outros, morreram. Depende da quantidade de matéria<br />

orgânica acumulada em nossa inspiração.<br />

Muitos de vocês passaram por situações semelhantes à minha,<br />

Motivação e empreendedorismo é importante, porém, com o pé<br />

Como a AQUACULTURE BRASIL.<br />

Rodolfo Petersen<br />

Co-Editor<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

O MAIOR PORTAL DA AQUICULTURA BRASILEIRA!<br />

EDITOR:<br />

Giovanni Lemos de Mello<br />

redacao@aquaculturebrasil.com<br />

COLABORAÇÃO:<br />

Jéssica Brol<br />

jessica@aquaculturebrasil.com<br />

GERENTE COMERCIAL:<br />

Diego Molinari<br />

diego@aquaculturebrasil.com<br />

DIREÇÃO DE ARTE:<br />

Taiane Lacerda<br />

taiane@aquaculturebrasil.com<br />

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO:<br />

Aedrian Ortiz Johnson, Alex Augusto Gonçalves, Artur<br />

N. Rombenso, Danilo Alves Pimenta Neto, David S.<br />

Francis, Denise Aparecida Andrade de Oliveira, Felipe<br />

Matarazzo Suplicy, Fernando Barreto-Curiel, Gabriel<br />

Fernandes Alves Jesus, Giovanni M. Turchini, Jessica<br />

A. Conlan, Jorge Chávez Rigaíl, Jose A. Mata-Sotres,<br />

José Luiz Pedreira Mouriño, Karen Hermon, Katt<br />

Regina Lapa, Lilian Viana Teixeira, Marco Shizuo<br />

Owatari, Maria T. Viana, Matthew Jago, Maurício<br />

Laterça Martins, Michael Lewis e Thomas Mock.<br />

Os artigos assinados e imagens são de<br />

responsabilidade dos autores.<br />

COLUNISTAS:<br />

Alex Augusto Gonçalves<br />

Andre Muniz Afonso<br />

André Camargo<br />

Artur Nishioka Rombenso<br />

Eduardo Gomes Sanches<br />

Fábio Rosa Sussel<br />

Luís Alejandro Vinatea Arana<br />

Marcelo Roberto Shei<br />

Maurício Gustavo Coelho Emerenciano<br />

Ricardo Vieira Rodrigues<br />

Roberto Bianchini Derner<br />

Rodolfo Luís Petersen<br />

Santiago Benites de Pádua<br />

As colunas assinadas e imagens são de<br />

responsabilidade dos autores.<br />

QUER ANUNCIAR?<br />

publicidade@aquaculturebrasil.com<br />

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NOSSA REVISTA É IMPRESSA NA:<br />

COAN gráfica LTDA. / coan.com.br<br />

Av. Tancredo Neves,300, Tubarão/SC, 88704-700.<br />

A revista AQUACULTURE BRASIL é uma<br />

publicação bimestral da EDITORA<br />

AQUACULTURE BRASIL LTDA ME.<br />

(ISSN 2525-3379).<br />

www.aquaculturebrasil.com<br />

Av. Senador Galotti,329, Mar Grosso, Laguna/SC,<br />

88790-000.<br />

A AQUACULTURE BRASIL não se<br />

responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios<br />

de terceiros.<br />

5


É<br />

Bem-vindo<br />

com grande prazer que escrevo esta nota para a terceira edição da<br />

AQUACULTURE BRASIL. Quando recebi o convite do editor<br />

gostaria de dar boas-vindas aos novos leitores e agradecer a todos leitores,<br />

autores e colaboradores da nossa revista.<br />

Atualmente existe muita informação disponível sobre todos os temas,<br />

e autêntico e o que é equivocado. É nesse contexto que surge um dos<br />

objetivos da AQUACULTURE BRASIL: complementar as fontes de informação atualmente<br />

área, empresas, empreendedores, ou seja, todos do setor aquícola sem nenhuma restrição, através<br />

de um conteúdo relevante, autêntico, inovador e didático, mas sem competir com outras revistas<br />

e jornais aquícolas. Nossa equipe (colunistas, autores e equipe editorial) compartilha da visão e<br />

opinião de que é importante o envolvimento do leitor de tal maneira que sinta estar adquirindo<br />

o valor e o conhecimento do conteúdo de nossa revista. Após a leitura de um artigo esperamos<br />

respostas como: “Bem interessante, preciso tentar isso”, “Vou buscar mais sobre esse assunto”,<br />

“Agora entendo como isso funciona”, “Essa abordagem poderia ser implementada no meu campo<br />

de trabalho” ou “Isso poderia aprimorar meu sistema economizando tempo e dinheiro”. Nessa<br />

terceira edição esperamos superar sua expectativa através de artigos e informações originais de<br />

diversos segmentos aquícolas, numa apresentação clara e bonita, e também com novas seções.<br />

Em caso de dúvida, comentário ou sugestão, peço que nos contate através de nossos e-mails<br />

pessoais ou da equipe editorial. Ideias para temas de colunas e artigos são sempre bem-vindas,<br />

e também encorajamos você a interagir e a colaborar com a AQUACULTURE BRASIL através<br />

das seções “Foto do Leitor”, “Pescado no Varejo”, “Defendeu”, “Artigos”, entre outras. Queremos<br />

e publicamos nossa revista.<br />

AQUACULTURE BRASIL nasceu em um ano de profunda crise econômica e política em<br />

nosso país, e que nesses períodos de crise muitas vezes surgem novas ideias e soluções para<br />

AQUACULTURE BRASIL<br />

em contribuir com todos os leitores, principalmente na atual realidade brasileira que precisa ser<br />

enfrentada com amplo conhecimento. Aproveito também para desejar a todos um Natal repleto de<br />

alegrias e um Novo Ano de muitas realizações.<br />

Boa leitura!<br />

Artur Nishioka Rombenso<br />

Co-Editor<br />

6<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


Q<br />

O pin ião<br />

Desaf ios e supe raç ão: as palavras para 2 0 17!<br />

ue a vida do aquicultor brasileiro não é fácil, isso já sabemos.<br />

2016 foi atípico, particular e de muitas batalhas. O aquicultor<br />

tupiniquim vivenciou o aumento de diversos insumos utilizados na<br />

no Nordeste, tempestades torrenciais no Sudeste e até ciclones no Sul.<br />

Aqui no nosso querido Sul, por exemplo, foram mais de três episódios de<br />

ventos ultrapassando 120 km/h em menos de 45 dias! Cidades inteiras<br />

sem luz por dias e até nossa sofrida estufa experimental da UDESC,<br />

construída com muito suor, veio abaixo. São Pedro anda maluco lá em<br />

a exemplo do vírus da mancha branca que devastou a carcinicultura<br />

no Ceará. Não bastasse, bacterioses nas tilápias deram as caras em<br />

diversos estados e ainda endoparasitoses em peixes redondos não foram fatos isolados no Norte<br />

brasileiro. Nossa! Quanta coisa num só ano.<br />

tecnológica para vencer as doenças. Superação frente à crise hídrica. Superação econômica frente<br />

à recessão (aqui vale um parêntese: encontrar novos nichos de mercado e colocar todos os custos<br />

de produção minuciosamente na ponta do lápis serão tarefas contínuas para o aquicultor). Não<br />

prática, para empreendimentos pequenos, com áreas menores de 5 hectares?). Sem falar do tema<br />

mais que polêmico: a liberação da importação do camarão da Argentina. É meus amigos... temos<br />

que respirar fundo. Mas tenho a mais absoluta convicção que 2017 será um “divisor de águas”.<br />

Ano de nos reinventarmos e aprender com as lições do passado. Sou otimista. Sempre serei. Tenho<br />

certeza que será um ano de muito progresso para a aquicultura nacional!<br />

Feliz 2017 a todos!<br />

Maurício Gustavo Coelho Emerenciano<br />

Co-Editor<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

7


S UMÁ R I O<br />

AQUACULTURE BRASIL<br />

10 FOTO DO LEITOR<br />

12 MÉTRICAS DA FANPAGE<br />

14 Soft Crab a partir do Callinectes<br />

sapidus: um oportunidade de mercado<br />

22 NOVO PLANO ESTRATÉGICO POSICIONARÁ A<br />

MARICULTURA CATARINENSE PARA UM CICLO<br />

VIRTUOSO DE DESENVOLVIMENTO<br />

» p.14<br />

28 Estudos nutricionais na deakin<br />

university<br />

» p.22<br />

» p.28<br />

34 HISTÓRIA, MITOS, VERDADES E DICAS EM<br />

ÉPOCAS DE MANCHA BRANCA<br />

40 3 O high quality tilapia congress:<br />

desafios e oportunidades da<br />

aquicultura no brasil<br />

42 INTEGRAÇÃO UNIVERSIDADE E EMPRESA<br />

IMPULSIONA Avanços nutricionais na<br />

CRIAÇÃO DE ATUM<br />

48 mÍDIAS BIOLÓGICAS PARA SISTEMAS DE<br />

RECIRCULAÇÃO EM AQUICULTURA (ras)<br />

52 avaliação da substituição da biomassa<br />

natural utilizada na alimentação de<br />

reprodutores de camarão ( LITOpenaeus<br />

vannamei ) pela dieta vitalis 2.5 da<br />

skretting<br />

8<br />

» p.34<br />

» p.40<br />

60 A fraude em pescado e o método de dna<br />

barcode para identificação de espécies<br />

64 artigos para curtir e compartilhar<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


» p.84<br />

65 charGes<br />

» p.86<br />

66 BIOTECNOLOGIA DE ALGAS<br />

68 GREEN TECHNOLOGIES<br />

69 empreendedorismo aquícola<br />

70 nutrição<br />

72 atualidades e tendências na aquicultura<br />

74 aquicultura latino-americana<br />

» p.42<br />

76 RECIRCULATING AQUACULTURE SYSTEMS<br />

» p.48<br />

» p.52<br />

77 RANICULTURA<br />

78 Aquicultura de precisão<br />

79 Piscicultura MARINHA<br />

80 TECNOLOGIA DO PESCADO<br />

82 SANIDADE<br />

84 defendeu<br />

86 entrevista - Dr. Tzachi Samocha<br />

91 NOVOS LIVROS<br />

92 eles fazem a diferença<br />

96 ESPÉCIES AQUÍCOLAS<br />

» p.60<br />

98 Pescado no Varejo - apresentando o<br />

pescado para o consumidor final<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

9


FOTO DO LEITOR<br />

Captura e engorda de atum<br />

(Algarve, Portugal)<br />

Autora: Jéssica Brol<br />

Pesquisas com aquaponia<br />

(Laguna, SC)<br />

Autora: Tayná Sgnaulin<br />

Mamãe camarão<br />

(Paraipaba, CE)<br />

Autor: Augusto César<br />

Bernardo de Albuquerque<br />

10<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


Comporta 4 em 1<br />

(Parazinho, RN)<br />

Autor: Alessandro Ferreira<br />

Despesca de tambaqui<br />

(Macapá, AP)<br />

Autor: Paulo Roberto Melem<br />

Alimentando tilápias<br />

no doutorado<br />

(São Carlos, SP)<br />

Autor: Renato Almeida<br />

Envie suas fotos mostrando a aquicultura no seu dia-a-dia e participe desta seção.<br />

red acao @aquacult u reb rasil.c o m<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

11


Métricas d<br />

.<br />

.<br />

Saiba como criar o<br />

pirarucu em<br />

tanques artificiais<br />

Cooperativa no Ceará<br />

produz biodiesel a<br />

partir de resíduos de<br />

peixes<br />

14 de Setembro<br />

8.201 Pessoas alcançadas<br />

12 comentários<br />

102 compartilhamentos<br />

395 curtidas<br />

1 amei<br />

1 uau<br />

24 de Setembro<br />

14.895 Pessoas alcançadas<br />

23 comentários<br />

119 compartilhamentos<br />

696 curtidas<br />

13 amei<br />

16 uau<br />

Fonte: my.oceandrop<br />

Fonte: globo.com<br />

curta-nos no<br />

facebook:<br />

www.facebook.com/<br />

aquaculturebrasil<br />

21 de Setembro<br />

21.047 Pessoas alcançadas<br />

28 comentários<br />

95 compartilhamentos<br />

712 curtidas<br />

19 amei<br />

Betinho Oliveira,<br />

da FishTV<br />

26 de Setembro<br />

5.789 Pessoas<br />

alcançadas<br />

18 comentários<br />

79 compartilhamentos<br />

301 curtidas<br />

11 amei<br />

5 uau<br />

Microalgas: é<br />

de comer? Os<br />

segredos desse<br />

superalimento!<br />

12<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


.<br />

da Fanpage<br />

26 de Setembro<br />

II Seminário da Rede<br />

de Pesquisa do<br />

Camarão-da-<br />

Amazônia<br />

9.900 Pessoas alcançadas<br />

29 comentários<br />

96 compartilhamentos<br />

576 curtidas<br />

12 amei<br />

1 uau<br />

01 de Outubro<br />

Reportagem: Como<br />

criar pintado-real?<br />

5.802 Pessoas alcançadas<br />

47 compartilhamentos<br />

313 curtidas<br />

4 amei<br />

1 uau<br />

Charge<br />

do @nicanor -<br />

Aproveitamento<br />

Integral de<br />

Pescado?<br />

11.372 Pessoas<br />

alcançadas<br />

19 comentários<br />

61 compartilhamentos<br />

517 curtidas<br />

11 amei<br />

90 HaHa<br />

22 de Outubro<br />

Fonte: globorural.com<br />

27 de Setembro<br />

6.944 Pessoas<br />

alcançadas<br />

4 comentários<br />

56 compartilhamentos<br />

312 curtidas<br />

5 amei<br />

1 uau<br />

21 de Outubro<br />

11.357 Pessoas<br />

alcançadas<br />

44 comentários<br />

65 compartilhamentos<br />

726 curtidas<br />

19 amei<br />

2 uau<br />

Dica de terça: Preciso<br />

saber o pH do solo do<br />

meu viveiro, e agora?<br />

. .<br />

Em breve, nas<br />

suas mãos!!<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

13


© Blueshell <strong>Brasil</strong><br />

14<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


Soft crab a partir<br />

do Callinectes sapidus:<br />

u ma oportunida d e<br />

d e mercad o<br />

Alex Augusto Gonçalves<br />

Chefe do Laboratório de Tecnologia e Controle de Qualidade do Pescado<br />

(LAPESC), Departamento de Ciências Animais (DCAN)<br />

Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)<br />

alaugo@gmail.com<br />

Introdução<br />

O<br />

s crustáceos são cobertos por um<br />

rígido exoesqueleto, ou cutícula, que<br />

consiste num complexo quitina–proteína<br />

impregnada por cálcio, que age como uma<br />

barreira física ao meio ambiente, e para o<br />

animal crescer, é necessária a troca deste<br />

exoesqueleto. A ecdise, ou seja, a troca do<br />

exoesqueleto é feita periodicamente durante<br />

a vida da maioria dos artrópodes, incluindo<br />

os crustáceos. O período de uma<br />

ecdise à outra é conhecido como ciclo de<br />

muda. [28]<br />

O portunídeo, Callinectes sapidus,<br />

conhecido vulgarmente por siri-azul<br />

(Figura 1), é um crustáceo de grande importância<br />

comercial, ocorrendo desde<br />

a nova Escócia (EUA) até o Rio da Prata<br />

[3, 14, 20, 23,<br />

(Uruguai) e o norte da Argentina.<br />

25, 35]<br />

Como todos os crustáceos, o siri-azul<br />

troca seu exoesqueleto pelo menos 18-20<br />

vezes (fêmeas) e de 20-25 vezes (machos)<br />

ao longo de sua vida para crescer. O siri<br />

mole desprotegido, emerge, expande sua<br />

nova carapaça mole, e cresce dentro do seu<br />

novo corpo. Este momento em que o siri<br />

emerge da sua antiga carapaça é conhecido<br />

como ou ou,<br />

21, 22, 30]<br />

(siri mole).<br />

[8, 15,<br />

A facilidade relativa com que os<br />

siris podem trocar de exoesqueleto e o<br />

alto valor comercial do siri mole tem ause<br />

da produção mundial de . [22]<br />

O método convencional da retirada de<br />

carne do siri apresenta um baixo rendimento:<br />

10-15% de carne fresca. A partir<br />

do pode-se conseguir até 85-<br />

95% de aproveitamento da carne e por<br />

este motivo seu cultivo vem crescendo<br />

desde a década passada. A produção e<br />

comercialização de (por exemplo,<br />

vas no comércio mundial de pescado.<br />

[22, 23]<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

15


Figura 1. Siri-azul, Callinectes sapidus<br />

(www.paleospirit.com).<br />

Sistemas d e c ult i v o<br />

do s i r i m ole<br />

Para a produção<br />

do<br />

São<br />

crab deve-se tomar<br />

cuidado com o adequado suprimento<br />

de siris, todos no estágio de<br />

pré-muda, com o método de captura,<br />

sendo que um sem o outro<br />

poderá limitar a produção. Os siris<br />

são coletados em diferentes locais,<br />

separados por sexo (as fêmeas são<br />

descartadas) e transportados para<br />

os tanques de cultivo. Nesta etapa,<br />

os siris são separados manualmente,<br />

de acordo com o estágio de<br />

muda (Figura 2, 4) e colocados nos<br />

tanques até o momento da ecdise<br />

[9, 15, 18, 21, 33]<br />

(muda).<br />

utilizadas, hoje em dia,<br />

três diferentes maneiras de culticontínuo<br />

de água e sistema de circulação<br />

fechada de água (Figura<br />

3). O sistema mais utilizado é o<br />

de circulação fechada oferecendo<br />

vantagens sobre os demais com<br />

relação ao monitoramento dos fatores<br />

ambientais: a salinidade pode<br />

ser mantida a níveis constantes; a<br />

temperatura pode ser controlada<br />

nas diversas estações do ano; pode<br />

ser utilizada em qualquer local; etc.<br />

[7,22,31]<br />

Entretanto, o custo de<br />

construção e manutenção do<br />

sistema fechado de água pode<br />

ser grande. Além da necessidade<br />

do controle dos resíduos tóxicos<br />

liberados pelos siris. [16,17,32] O sistema<br />

de circulação fechada deve<br />

manter a qualidade da água em<br />

níveis aceitáveis (Tabela 1) para que<br />

a operação de cultivo de<br />

seja feita com sucesso. [9,10,11,15,21,24,33]<br />

© Alex Augusto Gonçalves<br />

[7]<br />

.<br />

16<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


© Alex Augusto Gonçalves<br />

[7]<br />

.<br />

Tabela 1. Níveis aceitáveis da qualidade de água no sistema de recirculação fechada de água para o cultivo de . [11,12,13,22]<br />

Ide n t i f i cação do estágio<br />

d e m uda<br />

Os siris azuis na pré-muinspeção<br />

visual. O método mais<br />

utilizado envolve uma mudança<br />

de coloração associada à formação<br />

de uma nova carapaça. Estas mudanças<br />

de coloração também indicam<br />

o tempo até a muda. Assim<br />

que a muda se aproxima, o<br />

novo exoesqueleto do siri começa<br />

a se formar e torna-se visível por<br />

baixo do exoesqueleto duro. Este<br />

novo exoesqueleto é mais visível,<br />

com uma linha (sinal) ao longo<br />

da extremidade dos últimos dois<br />

segmentos achatados do último<br />

pereiópode, em forma de remo largo<br />

(Figura 4). [21,22]<br />

Nos estágios que precedem<br />

a muda, a linha é branca, indicando<br />

que o siri mudará em duas<br />

semanas. Com o tempo de muda<br />

mais próximo, a linha indicadora<br />

mudará de cor gradualmente, sen -<br />

do que a linha rósea indica que o<br />

siri mudará em uma semana; e a<br />

linha avermelhada, indica que o<br />

siri mudará em três dias. [7,22,30]<br />

O último estágio da<br />

pré-muda é reconhecido pela<br />

condição física do exoesqueleto<br />

duro e não por um sinal colori -<br />

do. Uma ruptura desenvolve-se<br />

por baixo dos espinhos laterais e<br />

ao longo da extremidade posterior<br />

da carapaça. Neste ponto, o siri<br />

é denominado buster e inicia-se a<br />

muda propriamente dita, que pode<br />

ser completada em 2-3 horas, dependendo<br />

das condições do siri.<br />

Assim que a ecdise tenha iniciado,<br />

15 a 30 minutos são necessários<br />

para sair de sua antiga carapaça.<br />

Neste ponto, o siri é extremamente<br />

mole e frágil (Figura 5).<br />

Outros 30-60 minutos são<br />

requeridos para o expandir<br />

ao máximo, ou seja, o siri absorve<br />

água (incha) para aumentar de ta -<br />

manho. Após atingir seu novo tamanho<br />

inicia-se o enrijecimento,<br />

sendo que sua nova carapaça se<br />

tornará rígida em 12 horas. O siri<br />

então começa a comer e adicionar<br />

peso dentro da nova carapaça.<br />

Entretanto, uma vez removido da<br />

água, o processo de enrijecimento<br />

cessa, devendo ser retirado em<br />

uma hora após a absorção de água<br />

e após a completa expansão. Caso<br />

contrário, o processo de enrijecimento<br />

continua, causando danos à<br />

[7,22,30]<br />

qualidade do<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

17


© Alex Augusto Gonçalves<br />

(Sequência da esquerda para direita: mid-cycle, white sign, pink sign e red sign) 1 .<br />

P r odução e mercad o<br />

Os<br />

são<br />

considerados como um item alimentar<br />

altamente valioso e, com<br />

isso, o desenvolvimento de tecnologias<br />

de cultivo, com sucesso,<br />

tem encorajado a expansão desta<br />

indústria. Muitos dos estados<br />

americanos localizados na costa<br />

do Atlântico Sul e Golfo do México<br />

expandiram o cultivo de<br />

devido ao retorno econômico,<br />

à grande demanda e o esforço<br />

[21,22,27]<br />

promocional do mesmo.<br />

A indústria do<br />

(EUA) no ano de 1870, e atualmente<br />

é uma indústria multimilionária ao<br />

longo da costa leste dos EUA (da<br />

Baía de Chesapeake até Texas), fornecendo<br />

milhões de toneladas de<br />

e ainda milhões de dólares<br />

para os criadores a cada ano, sendo<br />

que Maryland, Virginia e Louisiana<br />

são os maiores produtores. [2,21,22,32]<br />

A produção comercial de<br />

no mercado nacional não<br />

existe, talvez pela falta de mão-deobra<br />

especializada e/ou a falta de<br />

interesse por parte das indústrias<br />

processadoras de pescado. Alguns<br />

empreendimentos iniciaram já na<br />

década de 90, porém, experimentalmente.<br />

Em 1989, Michael J. Osterling<br />

[18,20] visitou o sul do <strong>Brasil</strong>,<br />

para avaliar o potencial das regiões<br />

ao redor da Lagoa dos Patos e sistemas<br />

lagunares, para o estabelecimento<br />

de uma pesca direcionada<br />

ao siri-azul (C. sapidus). Este concluiu<br />

que deveria ser dada maior<br />

ênfase no desenvolvimento da indústria<br />

de carne de siri tradicional,<br />

por ser mais fácil e exigir pessoas<br />

sem experiência e, posteriormente<br />

a produção de , que requer<br />

mais experiência e treinamento na<br />

coleta, manuseio e durante a muda<br />

do siri. Algumas iniciativas de<br />

processar carne de siri foram feitas<br />

no início da década de 90, mas hoje<br />

o cenário é outro.<br />

© Alex Augusto Gonçalves<br />

18<br />

Figura 5. Sequência do processo de muda AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

(http://azharzul.com/auuww-ketam-lembut.html).


P r o cessamen t o<br />

Os siris azuis são comercializados<br />

de cinco formas: fresco<br />

inteiro, cozidos inteiros, carne fresca<br />

picada, carne pasteurizada pica-<br />

[29,34]<br />

da e na forma do<br />

Os<br />

são removidos do tanque<br />

de cultivo, limpos individualmente<br />

(Figura 6), sendo que o fronte (rostrum),<br />

as brânquias, os pedúnculos<br />

O processamento tradicional<br />

do siri azul envolve a retirada<br />

da carne manualmente, além<br />

de necessitar cuidados higiêni -<br />

co-sanitários, o rendimento é<br />

muito baixo (10-15%). A carne<br />

é vendida fresca ou congelada, e<br />

pasteurizada, para aumentar sua<br />

vida-de-prateleira. Com isso, a<br />

comercialização deste produto<br />

pode ser feita durante 6 a 12 meses.<br />

As pinças ou quelas dos siris de-<br />

do intestino, e o abdômen, devem vem ser picadas manualmente ou<br />

ser retirados antes de embalados e por máquinas, embaladas e vendi -<br />

acondicionados em freezer.<br />

[22,26,29]<br />

[23,29,34]<br />

das frescas ou pasteurizadas.<br />

O destinado à exportação<br />

(vivos) deve ser apenas resfriado, O siri azul nunca é consumido<br />

fresco, cru (in natura),<br />

embalado sob refrigeração (gelo),<br />

coberto com algas marinhas, e pois carrega muitas bactérias na<br />

comercializado.<br />

cavidade visceral, podendo causar<br />

doenças ao homem, quando consumido<br />

sem um tratamento térmi -<br />

co (cozimento prévio). Deve haver<br />

cuidados especiais durante o processamento<br />

do siri:<br />

(a) Condições sanitárias no<br />

setor de retirada da carne;<br />

( b ) O processo de cozimento e<br />

pasteurização;<br />

(c) Integridade da embalagem;<br />

( d ) Controle de tempo/temperatura.<br />

[23,29,34]<br />

Indústrias comerciais de<br />

“carne de siri” contam com 10-<br />

15% de rendimento, sendo que os<br />

demais 85-90% (carapaça, víscera<br />

e carne não picada) são moídos e<br />

adicionados ao alimento (ração<br />

animal). [7]<br />

Va lor<br />

nutri c iona l<br />

© Alex Augusto Gonçalves<br />

A carne de siri tem aproximadamente<br />

80% de umidade, 16%<br />

de proteína e há poucos dados<br />

publicados dos constituintes nutri -<br />

cionais de , mas sabe-se<br />

que o conteúdo de proteína destes<br />

(Tabela 2) é menor do que o hard<br />

crab, devido a pequena proporção<br />

de tecidos musculares. A perda de<br />

proteína é balanceada pelo aumen -<br />

to do conteúdo de água, a qual é ati -<br />

vamente absorvida para a expansão<br />

na nova muda. Há também mais<br />

cinzas resultante da alta proporção<br />

de tecido destinado a elaboração<br />

do novo exoesqueleto. Quanto ao<br />

conteúdo lipídico, não há diferença<br />

[24]<br />

embalado. [7]<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

19


Tabela 2. Composição centesimal do siri azul nas formas<br />

e hard.<br />

Marketing e c ons u m o<br />

do s o ft crab<br />

O , da mesma maneira<br />

que muitos outros produ -<br />

tos marinhos são comercializados<br />

por dúzias, e não pelo peso, e ainda<br />

são distribuídos por tamanho.<br />

Nomes tradicionais são designados<br />

de acordo com os diferentes<br />

tamanhos: Mediums (8,9-10,2<br />

cm); Hotels (10,2-11,4 cm); Primes<br />

(11,4-12,7 cm); Jumbos (12,7-14<br />

cm); e Whales (>14 cm). Os mais<br />

comercializados são os mediums e<br />

hotels. [5,21,22]<br />

Enquanto que os<br />

têm sido comercializados tradicionalmente<br />

pelo tamanho, há<br />

um grande interesse em comercializá-los<br />

pelo peso. Da mesma<br />

maneira temos: Mediums (34,02-<br />

53,87 g); Hotels (53,87-73,71 g);<br />

Primes (73,71-85,05 g); Jumbos<br />

(85,05-150,26 g); e Whales (superior<br />

a 150,26g). [22]<br />

Os<br />

vivos estão<br />

associados ao seu grau de frescor,<br />

e com isso o produto vivo<br />

tem alto preço, o que tem levado<br />

ao aumento desse tipo de comercialização.<br />

Se mantido sob-refrigeração<br />

(4,4°C), possui uma<br />

vida-de-prateleira de aproximadamente<br />

7 dias. Entretanto, como<br />

o pico de produção de é<br />

determinado pela estação do ano<br />

(primavera-verão), a necessidade<br />

de preservar este produto tem levado<br />

à comercialização de outras formas,<br />

sendo o congelado (-17,7°C)<br />

o mais utilizado, pois mantém sua<br />

qualidade por 6-8 meses, sendo<br />

que a embalagem, a limpeza e o<br />

congelamento individual determinarão<br />

sua qualidade. [19,21,22,30] A<br />

prática comum do varejo é estocar<br />

o pré-embalado congelado<br />

(-18°C) ou fresco (4,2°C).<br />

Podem ser processados de<br />

diversas maneiras, tais como: empanado<br />

e frito, temperado e cozido,<br />

e na forma de bolinhos com os<br />

crabs -<br />

tre outros. [4] (Figura 8).<br />

© Giovanni Lemos de Mello<br />

20<br />

Figura 7.<br />

prontos para comercialização.<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


© Blueshell <strong>Brasil</strong><br />

Figura 8. Algumas formas de preparo do<br />

C onc lus õ e s<br />

O siri azul (Callinectes<br />

sapidus) é um crustáceo de grande<br />

importância comercial, porém<br />

em sua forma fresca (hard crab)<br />

apresenta baixo rendimento, pelo<br />

método convencional de aproveitamento<br />

da carne (apenas 15 a 30%),<br />

enquanto que com o<br />

pode-se conseguir até 85 a 95% de<br />

rendimento.<br />

A captura do<br />

poderá representar uma impor -<br />

tante fonte de recursos extras para<br />

o setor pesqueiro, desde que se respeite<br />

a época de captura da espécie.<br />

O sistema de cultivo<br />

mais indicado é o de circulação<br />

fechada de água, oferecendo algumas<br />

vantagens com relação<br />

aos fatores ambientais: a salinidade<br />

pode ser mantida a níveis<br />

constantes; a temperatura pode<br />

ser controlada nas diversas estações<br />

do ano; pode ser utilizada<br />

em qualquer local; dentre outras.<br />

Existe um mercado no exterior<br />

para este produto e a produção<br />

mundial está em plena expansão<br />

devido à facilidade de obtenção, à<br />

grande demanda e, principalmente<br />

ao retorno econômico.<br />

A produção nacional de<br />

crab ainda que artesanalmente (não<br />

existe comercialmente), talvez pela<br />

falta de mão-de-obra especializada<br />

e/ou a falta de mercado consumidor<br />

e interesse por parte das indústrias<br />

processadoras de pescado,<br />

pode se tornar promissora, princi -<br />

palmente pelas vantagens oferecidas<br />

pelo cultivo, processamento e<br />

comercialização deste crustáceo.<br />

1. BLUE CRAB INFO – Blue Crab Archives.<br />

Disponível em: http://www.bluecrab.info/<br />

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3. CASTRO, K.M. et al. Resource assessment of<br />

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(Perry, H. M. & Malone, R.F. eds.), Gloucester<br />

Point (USA),1985.<br />

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Crab Fishery (Perry, H.M. & Malone, R.F. eds.),<br />

Gloucester Point (USA), 1985.<br />

7. GONÇALVES, A. A. Utilização de siri mole:<br />

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8. HALL-JÚNIOR, W. R. Delaware’s blue crab.<br />

Marine Advisory Service Bulletin, Delaware<br />

(USA), 1989.<br />

9. HOCHHEIMER, J. Water quality conversation<br />

Series, Maryland (USA), 1: 1-7, 1985.<br />

10. HOCHHEIMER, J. Water quality in crab<br />

shedding - Part I. What is good water quality?<br />

-<br />

Shedder, Maryland (USA), 1(1): 1-4, 1985.<br />

11. HOCHHEIMER, J. Water quality in crab<br />

shedding - Part II. Optimal ranges for good water<br />

1986.<br />

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(USA), 2: 1-6, 1988(a)<br />

13. HOCHHEIMER, J. Diluting water quality sam-<br />

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book Series, Maryland (USA), 3: 1-3, 1988(a).<br />

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Louisiana Sea Grant College Program, 1992.<br />

15. MALONE, R.F.; BURDEN, D.G. Design of<br />

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Rouge (USA): Louisiana Sea Grant College<br />

Program, 1988.<br />

16. MALONE, R. F.; MANTHE, D. P. Chemical<br />

Crab Fishery (Perry, H.M. & Malone, R.F. eds.),<br />

Gloucester Point (USA), 1985.<br />

17. MANTHE, D.P.et al. Elimination of oxygen<br />

used in closed recirculating aquaculture systems.<br />

Crab Fishery (Perry, H.M. & Malone, R.F. eds.),<br />

Gloucester Point (USA), 1985.<br />

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Point (USA), Virginia Sea Grant Marine Resource<br />

Advisory, no 6, 1982.<br />

Sea Grant Marine Resource Advisory, no 7, 1983.<br />

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Communication, 1989.<br />

VIMS, 1993.<br />

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1-91, 1995.<br />

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Gloucester Point (USA), Virginia Sea Grant Marine<br />

Resource Advisory Program, n. 1, 1995.<br />

24. OTWELL, W.S.; KOBURGER, J.A. Microbial<br />

(Perry, H.M. & Malone, R.F. eds.), Gloucester<br />

Point (USA), 1985.<br />

25. PAUL, R.K.G. Observation on the ecology<br />

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96-100, 1982.<br />

Bay Blue Crab Industry. Gloucester Point (USA),<br />

Virginia Sea Grant Marine Resource Advisory<br />

Program, n. 49, 1994.<br />

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Shelled Blue Crab Fishery (Perry, H.M. & Malone,<br />

R.F. eds.), Gloucester Point (USA), 1985.<br />

28. RUPPET, E.D.; R.D. BARNES. Zoologia dos<br />

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29. VIMS - Virginia Institute of Marine Science.<br />

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Marine Resource Bulletin, 24(3/4): 12-14, 1992.<br />

Raleigh (USA): UNC Sea Grant College Publication,<br />

1: 1-32, 1984.<br />

well water system. Raleigh (USA): BluePrints,<br />

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BluePrints, no 2, 1991.<br />

33. WHEATON, F. Design considerations in marine<br />

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& Malone, R.F.eds.), Gloucester Point (USA), 1985.<br />

34. WHEATON, F.W. & LAWSON, T.B. Processing<br />

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(USA): Fishery Bulletin, 72(3): 685-798, 1974.<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

21


Novo Plano Estratégico<br />

posicionará a maricultura<br />

catarinense para um<br />

ciclo virtuoso de<br />

desenvolvimento<br />

Felipe Matarazzo Suplicy, Ph. D.<br />

Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca – CEDAP/Epagri<br />

felipesuplicy@epagri.sc.gov.br<br />

22<br />

© Felipe Matarazzo Suplicy<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


C<br />

om o expressivo crescimento<br />

da aquicultura a nível<br />

mundial, o planejamento de seu<br />

desenvolvimento vem se tornando<br />

cada vez mais importante. Um<br />

planejamento apropriado pode<br />

estimular e guiar a evolução do<br />

setor através da provisão de incentivos<br />

e garantias, atraindo o investimento<br />

e acelerando o seu desenvolvimento.<br />

Mais do que isto, um<br />

bom planejamento assegura a<br />

sustentabilidade econômica, social<br />

e ambiental do setor em longo prazo<br />

e contribui para o crescimento<br />

econômico e redução da pobreza.<br />

Um bom plano de desenvolvimento<br />

precisa reconhecer<br />

quando surge uma oportunidade<br />

adequada para a adoção de uma<br />

série de mudanças, como o atual<br />

processo de ocupação ordenada<br />

das áreas aquícolas; assegurar a coordenação<br />

e a comunicação entre<br />

as partes interessadas; adotar uma<br />

abordagem participativa; aprender<br />

com exemplos de outros países<br />

onde esta atividade se encontra<br />

mais desenvolvida; e aceitar tame<br />

levar à tomada de decisões difíceis.<br />

Os aspectos centrais do<br />

planejamento bem-sucedido no<br />

setor de aquicultura são a coerência<br />

no processo de planejamento e<br />

a ênfase na interdisciplinaridade<br />

através da contribuição institucional,<br />

desenvolvimento de capacidade<br />

humana e participação. O<br />

-<br />

tegra, coordena e gerencia todos os<br />

esforços de desenvolvimento, reduzindo<br />

riscos, informando todos<br />

os envolvidos, estabelecendo con-<br />

Em todo o mundo, grandes<br />

grupos que comercializam frutos<br />

do mar desejam garantir o<br />

acesso às cadeias de suprimentos<br />

-<br />

tentáveis. Atender à crescente demanda<br />

do mercado e o interesse<br />

do setor privado no fornecimento<br />

uma grande oportunidade para os<br />

países em desenvolvimento preparados<br />

para investir na melhoria da<br />

gestão da aquicultura sustentável.<br />

Isto é conseguido pela construção<br />

de capital social e pelo reforço<br />

-<br />

tores fundamentais para a ob -<br />

tenção de uma qualidade de vida<br />

melhor para todos, sem exclusão.<br />

Um desenvolvimento econômico<br />

humano com respeito às comuni -<br />

dades locais e ao meio ambiente.<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

23


Não só o crescimento desta<br />

atividade, mas sua própria sustentabilidade<br />

depende da adoção<br />

de um planejamento estratégico<br />

de desenvolvimento orientado por<br />

cado e uma capacidade de atender<br />

a esta demanda. O planejamento<br />

integra as dimensões social, ambiental<br />

e econômica, já reconhecidas<br />

como os três pilares da sustentabilidade<br />

e indispensáveis não só para<br />

atingir como para assegurar<br />

os objetivos conquistados<br />

pela<br />

estratégia de<br />

desenvolvimento. Esta estratégia<br />

considera a maricultura de uma<br />

forma abrangente, integrada e<br />

de maneira estruturada, em uma<br />

abordagem ecossistêmica de planejamento<br />

e de gestão praticável e<br />

implementável para promover um<br />

desenvolvimento harmonioso e<br />

coerente.<br />

O Plano Estratégico para<br />

o Desenvolvimento Sustentável<br />

da Maricultura Catarinense prevê<br />

objetivos e ações para um período<br />

de dez anos, e contempla todos<br />

os aspectos econômicos, sociais e<br />

ambientais relacionados ao desenvolvimento<br />

sustentável da maricultura<br />

catarinense.<br />

O planejamento analisa em<br />

detalhes como a maricultura catarinense<br />

funciona, com uma abordagem<br />

multidisciplinar e coletiva<br />

para interpretar corretamente as<br />

propriedades econômicas, sociais<br />

e ecológicas, bem como as<br />

relações e feedbacks entre estas<br />

propriedades. Em um mercado<br />

globalizado, os produtos da maricultura<br />

catarinense precisam ser<br />

competitivos para assegurar seu<br />

mercado interno e abrir novos<br />

mercados, por isto, a mecanização<br />

dos cultivos com associada redução<br />

do custo de produção e<br />

rastreabilidade de lotes produzidos<br />

são componentes importantes<br />

da estratégia de desenvolvimento<br />

para a próxima década.<br />

A minuta de plano estratégico<br />

é formada por seis<br />

capítulos organizados da seguinte<br />

forma:<br />

© Felipe Matarazzo Suplicy


1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

Introdução, explicando a sua motivação, propósito e importância;<br />

Diagnóstico da situação atual nos aspectos sociais, econômicos e ambientais;<br />

Estratégia com visão de futuro e objetivos;<br />

Plano de ação, com uma abordagem ecossistêmica da cadeia produtiva<br />

(aspecto social, econômico e ambiental);<br />

Mecanismos de inserção dos pequenos produtores, que apresenta opções para<br />

inclusão dos maricultores na cadeia formal de comércio e opções para adoção<br />

do cultivo mecanizado;<br />

6<br />

Considerações finais.<br />

O documento propõe uma<br />

visão de futuro, uma meta a ser<br />

alcançada coletivamente, e apresenta<br />

uma estratégia e um plano<br />

para inserir a maricultura na agenda<br />

de desenvolvimento do estado.<br />

A visão sugerida na minuta do plano<br />

é: “Reconhecimento internacional<br />

na produção sustentável de<br />

moluscos com alto valor agregado”.<br />

O plano de ação para realizar<br />

esta visão de futuro foca nos<br />

passos que precisam ser dados para<br />

implementar a estratégia, isto é, ele<br />

aponta claramente como as metas<br />

serão atingidas, quais as ações<br />

necessárias, quem são os atores<br />

diretamente envolvidos e quando<br />

estas atividades serão realizadas.<br />

Além disto, durante o processo<br />

de discussão e validação do plano<br />

de onde sairão os recursos para<br />

execução de cada atividade apontada.<br />

Outro ponto central do<br />

plano estratégico é a consolidação<br />

e fortalecimento da marca<br />

“Moluscos de Santa Catarina”,<br />

aproveitando o reconhecimento<br />

já conquistado por Santa Catarina<br />

como o estado produtor de excelentes<br />

moluscos cultivados. Esta<br />

marca deverá ser adotada e apoiada<br />

por todos os produtores e processadores,<br />

que estarão continuamente<br />

recebendo treinamento e capacitação<br />

para cumprirem com todas<br />

as exigências sanitárias e atingirem<br />

os padrões de qualidade e<br />

sustentabilidade da marca coletiva.<br />

A participação do setor<br />

produtivo, através das empresas<br />

processadoras, associações de<br />

pequenos produtores, e das instituições<br />

governamentais e do setor<br />

de pesquisa e extensão é essencial<br />

para assegurar que todos os envolvidos<br />

com a atividade estejam<br />

de acordo quanto à estratégia de<br />

desenvolvimento elaborada e discutida<br />

coletivamente. Apesar do<br />

processo participativo de planejamento<br />

ser mais trabalhoso e custoso,<br />

ele favorece o engajamento<br />

e comprometimento dos diversos<br />

atores facilitando enormemente<br />

a sua aceitação e implementação.<br />

Com este intuito, a minuta<br />

de plano de desenvolvimento está<br />

sendo apresentada aos atores da<br />

cadeia produtiva para discussão<br />

e aprimoramento, antes de sua<br />

implementação. Santa Catarina<br />

conta com um Conselho Estadual<br />

de Desenvolvimento Rural -<br />

Cederural - criado pela Lei Agrícola<br />

Estadual nº 8.676, para prover<br />

um fórum deliberativo e propositivo<br />

da sociedade e do governo, na<br />

formulação das políticas ligadas ao<br />

desenvolvimento da agricultura,<br />

pecuária e pesca em Santa Cataprioridades<br />

do setor e os recursos<br />

a serem aplicados nas áreas agrícoainda,<br />

os critérios de aplicação das<br />

verbas do Fundo de Desenvolvimento<br />

Rural. O Cederural conta<br />

com câmaras setoriais que são<br />

comissões formadas por representantes<br />

dos setores organizados da<br />

cadeia produtiva - consumidores,<br />

produtores e indústrias - formando<br />

uma paridade com instituições<br />

governamentais, que se reúnem<br />

para analisar, discutir e propor<br />

soluções relativas aos principais<br />

produtos e atividades das áreas<br />

agrícola, pecuária e pesqueira ca-<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

25


em nível local e regional. Todos os<br />

órgãos que possuem interface com<br />

a maricultura catarinense participarão<br />

do processo de discussão do<br />

plano estratégico de forma a idenpoderão<br />

contribuir com as metas<br />

e objetivos do plano, evitando assim<br />

duplicação ou sobreposição de<br />

esforços, e ações descoordenadas<br />

com desperdício de recursos hu-<br />

Para os leitores que tiverem<br />

interesse e quiserem conhecer<br />

mais sobre esta iniciativa, a minuta<br />

do plano estratégico pode ser<br />

solicitada diretamente ao autor do<br />

artigo.<br />

tarinense. A Câmara Setorial de<br />

Maricultura do Cederural, portanto,<br />

é o fórum onde esta minuta<br />

de plano de desenvolvimento está<br />

sendo discutida e aprimorada antes<br />

de ser adotada por todos os envolvidos<br />

com a atividade.<br />

Um aspecto básico<br />

reconhecido nesta proposta é que<br />

as instituições são potencialmente<br />

capazes de apoiar e fomentar decisivamente<br />

as inter-relações, favorecendo<br />

a cooperação e as sinergias<br />

26<br />

© Felipe Matarazzo Suplicy<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

27


© David S. Francis<br />

28<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


Estudos nutricionais<br />

na Deakin University<br />

Conheça o Nut rit ion and S eaf ood Laborat ory<br />

(NuS ea. Lab) da Deak in University: realiz adores<br />

de pesquis a e des env olviment o de pont a para a<br />

indústria aquícola global<br />

David S. Francis, Jessica A. Conlan, Karen Hermon, Matthew Jago, Michael Lewis,<br />

Thomas Mock & Giovanni M. Turchini<br />

NuSea.Lab – Nutrition and Seafood Laboratory, School of Life and Environmental<br />

Sciences, Deakin University, Warrnambool - Victoria – Australia. http://lab.org.au<br />

d.francis@deakin.edu.au<br />

O<br />

Nutrition and Seafood Laboratory da Deakin University - Austrália, ou NuSea.Lab<br />

como é mais conhecido, é amplamente reconhecido por suas pesquisas aquícolas<br />

aplicadas tanto nacional quanto internacionalmente. Estabelecido em 2007 pelo Professor<br />

Giovanni Turchini e pelo Dr. David Francis, sua visão consiste em “contribuir positivamente<br />

para o aprimoramento da sustentabilidade ambiental, viabilidade econômica<br />

e responsabilidade social dos setores de nutrição e pescado (frutos do mar)”, com uma<br />

como soluções para os setores de nutrição e pescado através de novas ideias, experimentação<br />

minuciosa e publicação dos resultados obtidos”. O NuSea.Lab reúne mais de<br />

35 anos de experiência direcionada à pesquisa e desenvolvimento, culminando em uma<br />

reputação excepcional com a indústria da aquicultura e também em um reconhecimento<br />

global por suas contribuições para a sustentabilidade aquícola.<br />

A grande experiência do NuSea.Lab em nutrição de peixes é respaldada por<br />

instalações aquícolas de última geração, dois laboratórios totalmente equipados e dedicados<br />

a análises nutricionais e uma planta de fabricação de alimentos aquícolas de pequena<br />

aplicados e teóricos, abrangendo uma variedade de tópicos pertinentes à aquicultura e<br />

uma variedade de espécies que vão desde corais, pepinos do mar e abalone até salmão do<br />

atlântico, robalo asiático, lagostins, enguias e algas marinhas. Além de oferecer pesquisa<br />

de ponta, o NuSea.Lab é também um centro de pós-graduação de primeira linha e atualmente<br />

conta com seis candidatos ao doutorado.<br />

As atividades de pesquisa do NuSea.Lab são extensivas, incluindo investigações<br />

sobre a substituição de farinha e do óleo de peixe nos alimentos aquícolas, metabolismo<br />

-<br />

sequente utilização de novos ingredientes para a próxima geração de alimentos aquícolas<br />

e a elucidação das exigências nutricionais das novas espécies aquícolas. As seções a seguir<br />

fornecem um breve panorama dos atuais projetos do NuSea.Lab, que incorporam o envolvimento<br />

de estudantes de doutorado e o subsequente treinamento dos futuros líderes<br />

na pesquisa de nutrição aquícola. Recomenda-se que futuros estudantes e pesquisadores<br />

com interesses colaborativos procurem informações de contato no site do NuSea.Lab<br />

(www.lab.org.au).<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

29


Previsão do teor de Ômega-3 no<br />

salmão do Atlântico (Salmo salar):<br />

A nutrição de peixes é<br />

inerentemente complexa e, por<br />

extensão, a previsão da composição<br />

de ácidos graxos e a<br />

qualidade do produto associado<br />

requer a consideração de<br />

inúmeras variáveis. Potencialmente,<br />

o método mais promissor<br />

para prever variáveis nutricionais<br />

em peixes, como o conteúdo de<br />

n-3 LC-PUFA (do inglês “longchain<br />

polyunsaturated fatty acids”<br />

– ácidos graxos poliinsaturados de<br />

cadeia longa da família n-3) e, em<br />

última instância, a otimização da<br />

inclusão de óleo de peixe nos alimentos<br />

aquícolas, tem sido através<br />

do desenvolvimento de modelos<br />

nutricionais.<br />

O principal objetivo da<br />

pesquisa deste projeto é criar e<br />

testar um modelo nutricional<br />

de n-3 LC-PUFA do Salmão do<br />

Atlântico de tamanho comercial,<br />

em resposta à mudança da composição<br />

nutricional das dietas,<br />

ácidos graxos. Os objetivos deste<br />

projeto serão alcançados através<br />

de uma série de abordagens, envolvendo<br />

em primeiro lugar uma<br />

meta-análise da literatura publiconhecimento<br />

atual e o subsequente<br />

preenchimento dessas lacunas<br />

de conhecimento por meio<br />

de testes de alimentação adaptados.<br />

Os resultados deste projeto<br />

melhorarão a sustentabilidade<br />

ambiental e econômica do setor<br />

-<br />

clusão do óleo de peixe nas dietas<br />

aquícolas. Além disso, um modelo<br />

-<br />

cessidade de experimentos alimentares<br />

dispendiosos e demora -<br />

dos para avaliar as consequências<br />

nutricionais da substituição de<br />

óleo de peixe em dietas aquícolas.<br />

O modelo abrangerá fatores<br />

primordiais inter-relacionados<br />

-<br />

salmão do Atlântico, incluindo:<br />

das dietas aquícolas, atividade<br />

metabólica e temperatura da água.<br />

30<br />

© David S. Francis<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


Novas tecnologias para<br />

a rápida avaliação<br />

de alternativas à<br />

farinha de peixe:<br />

Os subprodutos da indústria<br />

de animais terrestres são<br />

derivados do processamento dos<br />

descartes considerados inadequados<br />

para o consumo humano,<br />

mas de composição nutricional<br />

notável. Como tal, a utilização<br />

desses subprodutos é de interesse<br />

para os fabricantes de alimentos,<br />

dada a sua pronta disponibilidade<br />

e favorável composição de aminoácidos.<br />

No entanto, esses subprodutos<br />

estão sujeitos a uma elevada<br />

variação na digestibilidade, em<br />

grande parte atribuída a métodos<br />

de processamento inconsistentes<br />

e à qualidade das matérias-primas<br />

recebidas. A qualidade da farinha<br />

desses subprodutos, portanto,<br />

difere de lote para lote, exigindo<br />

uma avaliação contínua através<br />

de experimentos de alimentação<br />

para determinar a digestibilidade<br />

da mesma para a subsequente formulação<br />

de alimentos que irão<br />

ocasionar um desempenho ideal do<br />

animal. Esses experimentos consomem<br />

tempo e são logisticamente<br />

volvimento de novas metodologias<br />

de digestibilidade “laboratorial”<br />

in vitro para a rápida avaliação<br />

da farinha. As abordagens in vitro<br />

oferecem potencialmente uma<br />

variedade de benefícios em relação<br />

aos métodos de avaliação mais<br />

tradicionais, incluindo desenhos<br />

experimentais mais simples, rendimento<br />

mais rápido, custos mais<br />

baixos e a rápida avaliação de<br />

uma ampla gama de parâmetros<br />

Usando esta<br />

tecnologia<br />

inovadora, o<br />

pH ambiental, a<br />

temperatura, a duração<br />

do processo de digestão<br />

e a quantidade de enzimas<br />

que estão sendo<br />

usadas podem ser<br />

controladas...<br />

A colaboração do NuSea.<br />

Lab com o parceiro do setor industrial,<br />

a Ridley Aquafeed, e a Universidade<br />

de Almeria – Espanha,<br />

permitiu o desenvolvimento de<br />

câmaras de digestibilidade in vitro<br />

personalizadas para o rápido<br />

rastreio de uma variedade de<br />

matérias-primas. Usando extratos<br />

testino, a câmara de digestibilidade<br />

permite que as matérias-primas<br />

sejam digeridas em um ambiente<br />

idêntico ao estômago “ácido” e às<br />

fases “alcalinas” da digestão intestinal<br />

das espécies de peixe-alvo. As<br />

farinhas são digeridas e divididas<br />

continuamente a partir da fase de<br />

digestão e removidas da câmara<br />

tecnologia inovadora, o pH ambiental,<br />

a temperatura, a duração do<br />

processo de digestão e a quantidade<br />

de enzimas que estão sendo usadas<br />

podem ser controladas, permitindo<br />

uma “imitação” do processo de<br />

digestão. Com a pesquisa contínua,<br />

o objetivo principal é avaliar uma<br />

calibrar uma Espectroscopia de infravermelho<br />

próximo (em inglês<br />

“Near-Infrared-Spectroscopy ”)<br />

que irá escanear as matérias-primas<br />

recebidas e prever a digestibilidade<br />

sem nenhuma avaliação adicional.<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

31<br />

© David S. Francis


© David S. Francis<br />

Impactos ambientais sazonais sobre<br />

a saúde e o estado nutricional do<br />

salmão do Atlântico de cultivo:<br />

A criação de salmão do<br />

Atlântico na Tasmânia – Austrália<br />

-<br />

biente adjacente que ditam as cirpeixes<br />

se encontram. Os extensos<br />

períodos de temperatura elevada<br />

da superfície do mar (>20˚C)<br />

são condições ambientais desade<br />

salmão do Atlântico, incluindo<br />

o crescimento e a saúde dos<br />

organismos. Embora as tendências<br />

sazonais de crescimento, função<br />

metabólica e qualidade do prosejam<br />

conhecidas, muito poucos<br />

estudos analisaram as tendências<br />

sazonais de longo prazo, em um<br />

ambiente comercial, expostas às<br />

mudanças ambientais reais. Uma<br />

série de estudos de qualidade de<br />

de um único ponto em diferentes<br />

épocas para comparação, porém<br />

muitas vezes compara-se o tamanho<br />

do peixe na despesca e não<br />

é feita análise das mudanças sazonais<br />

no metabolismo, qualidade<br />

nutricional ou estado de saúde.<br />

Embora as informações desses<br />

estudos sejam inestimáveis, elas<br />

não representam inteiramente o<br />

ciclo de produção e as condições<br />

enfrentadas pelas coortes de<br />

peixes. Como tal, as decisões<br />

relativas aos requisitos nutricionais<br />

e de saúde do salmão do<br />

Atlântico em cativeiro requerem<br />

uma compreensão aprofundada<br />

das condições ambientais de curto<br />

(diárias) e longo (sazonais) prazos<br />

que são encontradas.<br />

Este projeto está<br />

examinando o desempenho do<br />

salmão do Atlântico em uma<br />

produção de crescimento total, a<br />

partir de um tamanho de aproxi -<br />

madamente 100g até o tamanho<br />

de despesca de 5kg. Três coortes<br />

de peixes de fazendas comerciais<br />

monitoradas e amostradas duran -<br />

te o período de aproximadamente<br />

13 meses de crescimento, em concordância<br />

com o registro de dados<br />

de seu ambiente adjacente, fornecendo<br />

um quadro para decisões<br />

adaptativas comercialmente relevantes<br />

a serem tomadas por uma<br />

gama de empresas produtoras de<br />

salmão. Essas informações, juntamente<br />

com o estado nutricional e<br />

de saúde do salmão do Atlântico,<br />

fornecerão uma base sólida para<br />

tomar decisões de manejo, alimentação,<br />

tratamento, tempo de<br />

despesca e qualidade esperada<br />

do produto. Além disso, os dados<br />

emanados deste monitoramento<br />

serão utilizados para estabelecer<br />

correlações entre os parâmetros<br />

ambientais e os marcadores nutricionais<br />

e de saúde, bem como o<br />

status do salmão do Atlântico da<br />

Tasmânia. Em última análise, os<br />

principais resultados desta pesquisa<br />

abrirão caminho para uma in -<br />

tervenção mais orientada respala<br />

formulação de dietas adaptativas<br />

sob medida para as necessidades<br />

sazonais dos peixes. A capacidade<br />

de otimizar as dietas para<br />

o metabolismo alterado durante<br />

o período de crescimento aprimorará<br />

a conversão alimentar, diminuirá<br />

a produção de nitrogênio<br />

e melhorará a saúde dos peixes.<br />

os principais resultados<br />

desta pesquisa<br />

abrirão caminho para uma<br />

intervenção mais orientada<br />

e permitirão a formulação de<br />

dietas adaptativas sob medida<br />

para as necessidades<br />

sazonais dos peixes.<br />

32<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


Francis<br />

S.<br />

© David<br />

© David S. Francis<br />

Compreensão e otimização da saúde<br />

e do estado nutricional dos corais<br />

em cativeiro:<br />

Além da produção de alimentos aquícolas, o<br />

NuSea.Lab está empenhado em explorar as perspectivas<br />

de novos candidatos para a aquicultura. Em<br />

particular, a aquicultura de corais é promissora para<br />

avaliar a degradação dos recifes de coral através da<br />

produção em massa de propágulos de corais para a<br />

reabilitação dos recifes e aquarismo.<br />

Instalações de engorda em terra têm o potencial<br />

de melhorar drasticamente a sobrevivência do<br />

coral, eliminando estressores naturais dentro de um<br />

ambiente controlado de temperatura ideal, fotoperíode<br />

coral ainda está amplamente em fase experimental<br />

devido a grandes obstáculos como mortalidade<br />

cessidades nutricionais dos corais continua sendo uma<br />

das principais tarefas na manutenção e reprodução<br />

dos corais em cativeiro. Portanto, o objetivo deste projeto<br />

é elucidar uma dieta ideal e um regime<br />

de alimentação subsequente para o coral em cativeiro,<br />

crescimento, bem como a capacidade para enfrentar,<br />

reagir e recuperar-se quando confrontado com vários<br />

estressores.<br />

Isto está sendo alcançado através da implementação<br />

de uma série de experimentos de alimentação<br />

e nutrição realizados em colaboração com o<br />

Australian Institute of Marine Science. A experimentação<br />

abrangeu uma série de estágios de vida relevantes<br />

e incorporou intervenções nutricionais. Isso<br />

elucidará as principais demandas e exigências para<br />

lipídios e ácidos graxos, e proteínas e aminoácidos em<br />

corais e, ao mesmo tempo, determinará um veículo<br />

ideal de fornecimento de uma dieta de coral “pronta”<br />

que promova a saúde ideal e sobrevivência em<br />

cativeiro.<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

33


© Giovanni Lemos de Mello<br />

H i stó r i a , m i t o s , verd a d es e dicas<br />

em é pocas d e man c h a b ran c a<br />

Jorge Chávez Rigaíl, Biólogo<br />

jorgechavezrr@hotmail.com<br />

A<br />

A NTECEDENTES<br />

indústria mundial de cultivo<br />

de camarões marinhos tem se<br />

desenvolvido aceleradamente<br />

nos últimos 10 anos, já que desde<br />

seu início (anos 60), a produção<br />

de camarão em fazendas passou<br />

de níveis artesanais para uma indústria<br />

com milionários ingressos<br />

econômicos, provendo trabalhos<br />

diretos e indiretos a inúmeras pessoas<br />

no mundo todo.<br />

Os sistemas de cultivo<br />

até essa data eram relativamente<br />

simples, se usavam altas taxas de<br />

renovação de água e muito pouco<br />

alimento balanceado. As medidas<br />

de biossegurança eram mínimas<br />

ou não existiam, pois nessa época<br />

se conhecia muito pouco sobre<br />

qualidade da água, doenças do camarão<br />

e quase nada dos mecanismos<br />

de defesa humoral e celular<br />

contra os agentes virais. Também<br />

não era dado atenção ao manejo da<br />

variável solo.<br />

Paralelamente, outro setor<br />

gravemente afetado com a enfermidade<br />

da mancha branca foi a<br />

indústria dos alimentos balanceados<br />

para camarão. A mesma se<br />

viu obrigada a atualizar-se para<br />

poder crescer, com mudanças<br />

exigidas pela crescente demanda<br />

nacional ao “alimento melhorado”.<br />

Atualmente se fala muito de<br />

"alimentos balanceados compensados<br />

com balanço iônico, alimentos<br />

balanceados com determinada<br />

cadeia de aminoácidos, enzimas,<br />

etc”.<br />

Os problemas do início, na<br />

realidade seguem sendo os mesmos<br />

hoje em dia, pois a capacidade<br />

de fazer análises e diagnósticos no<br />

setor aquícola é muito limitada<br />

em função da falta de especialistas<br />

neste ramo do conhecimento.<br />

Desde 1989, com o aumento<br />

explosivo da indústria camaroeira<br />

em nosso continente, se fez<br />

necessário produzir de forma mais<br />

sultados.<br />

No início de 1999, os<br />

34<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


efeitos negativos do vírus da mancha<br />

branca (WSSV), obrigou os<br />

produtores a mudar a origem da<br />

pós larva que comumente era utilizada<br />

para povoar as fazendas,<br />

pois a partir destes anos o produtor<br />

passou a depender 100% de<br />

pós-larvas de laboratório a partir<br />

de reprodutores maturados em<br />

cativeiro. As pós-larvas passaram<br />

por um melhoramento genético,<br />

e os laboratórios a oferecerem um<br />

produto de melhor qualidade. Em<br />

virtude disso, ao longo dos anos, as<br />

pós-larvas equatorianas passaram<br />

a ter uma boa aceitação e um<br />

reconhecimento a nível internacional,<br />

já que se obtiveram melhoras na<br />

resistência sobre as enfermidades<br />

10 anos depois de terem iniciado.<br />

Igualmente durante o ano<br />

de 1999, vários países asiáticos<br />

iniciaram a substituição das principais<br />

populações domesticadas<br />

de Penaeus monodon , e Penaeus<br />

japonicus, pelo camarão branco do<br />

Litopenaeus vannamei,<br />

sendo competência direta de nossa<br />

produção, gerando nova pressão<br />

ao produtor latino-americano, que<br />

em todos os sentidos, para seguir<br />

sendo competitivo em escala internacional.<br />

Na atualidade, Tailândia,<br />

Vietnã, Malásia, Índia, Coréia,<br />

China, Sumatra, Austrália e Nova<br />

Caledônia, contam com vários<br />

programas de domesticação e<br />

melhoramento genético para estas<br />

espécies.<br />

No Equador, a partir do<br />

ano de 2003, por pressões ambientais,<br />

se resolve por legislação, a<br />

restrição no uso de antibióticos,<br />

transformando a aquicultura em<br />

uma atividade mais responsável<br />

e amigável com o meio ambiente.<br />

Esse fato exigiu ao setor novas e<br />

rança para os sistemas de produção<br />

e como resultado dessas mudanças,<br />

além de boas práticas de manejo<br />

(BPM) orientadas a reduzir as<br />

condições de estresse dos cultivo,<br />

tivemos:<br />

· Redução da densidade de estocagem (12/<br />

m²);<br />

· Redução do consumo de antibióticos;<br />

· Otimização das práticas de fertilização,<br />

relação 18N:1P;<br />

· Desenvolvimento e utilização de probióticos<br />

- produção massiva de Lactobacillus spe<br />

Bacillus sp,<br />

· Desenvolvimento e aplicação de biorremerápida,<br />

melhorando a qualidade e o controle<br />

técnico da variável solo;<br />

· A utilização das normas do balanço iônico,<br />

que apesar de ser uma das ferramentas<br />

mais antigas era pouco usada, marcando<br />

uma importante mudança e sendo uma das<br />

ações mais importantes nas “soluções” que<br />

permitiram a muitos produtores sair à frente<br />

dessa gravíssima patologia, cujo momento<br />

mais crítico, afetou 100% da produção nacional;<br />

· Auxílio do melhoramento genético nas<br />

pós-larvas;<br />

· Correto uso dos probióticos;<br />

· Melhorias na qualidade dos alimentos concentrados<br />

e peletizados;<br />

· Constantes manejos feitos nas fazendas de<br />

modo a corrigir o desequilíbrio iônico do<br />

meio.<br />

© Jorge Chávez Rigaíl<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

35


O S MITOS<br />

Com a enfermidade da mancha branca<br />

se desenvolvendo no Equador, uma indústria<br />

paralela, baseada em “utopias – sonhos” também<br />

surgia, se incrementando no mercado os “técnicos<br />

– sábios – assessores – laboratórios de análises”<br />

todos preparados para evitar e erradicar o<br />

vírus com os mais diversos produtos. Criaram<br />

até sabonetes contra a mancha branca. Porém,<br />

mente mitos, e de alguma forma os produtores<br />

equatorianos provaram quase todos os produtos<br />

do mercado que prometiam eliminar o vírus.<br />

No início dos surtos houveram morconhecidas<br />

pela expressão “o evento”, pois todos<br />

os produtores falavam do “evento de mortalidade”<br />

que ocorria em um dia determinado. Para muitos<br />

coincidia com o dia 28, para outros com o dia 30,<br />

outros com o dia 40, 90, ou o dia 100. Mesmo<br />

sem ter claro o panorama, o quadro abaixo foi<br />

um dos primeiros esquemas que se publicou no<br />

ano 2000, e de alguma forma auxiliou os técnicos<br />

e pesquisadores a entender e compreender a enfermidade<br />

de outra ótica, já que pouco a pouco a<br />

doença começou a ceder espaço.<br />

O evento ocorria mais cedo se existisse<br />

um solo muito deteriorado, uma água de má<br />

qualidade e um povoamento com pós-larvas de<br />

qualidade duvidosa. Este era batizado como “O<br />

evento de mortalidade do dia 29”, mas que não<br />

ocorria em todas as fazendas no dia exato, meshavia<br />

algo bastante em comum, a primeira mortalidade<br />

era mais forte (50%-60%) que a segunda<br />

(20%-30%) e esses eventos se repetiam 40/50 dias após<br />

o primeiro surto.<br />

36<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


© Jorge Chávez Rigaíl<br />

A S VERDADES<br />

Os casos típicos comprovados de WSSV tinham uma<br />

característica importante, de que sempre havia uma repetição, tendo<br />

dois eventos de mortalidade mais ou menos fortes, entre os dias<br />

30-40 e os dias 80-90.<br />

O manejo do solo e a incansável série de produtos<br />

milagrosos foram uns dos itens mais explorados durante os surtos<br />

da mancha branca. O consumo de cal hidratada cresceu exponencialmente<br />

já que o solo era um dos parâmetros menos trabalhados,<br />

e onde se faziam grandes alterações com a aplicação dos pro-<br />

Ao estudarmos esta patologia com mais atenção, encontramos<br />

que não tratava-se de uma enfermidade “biológica”, mas<br />

que é na verdade uma enfermidade “ecológica” onde coexistem algumas<br />

variáveis de cultivo, e que só com o domínio destas variáveis<br />

se obtém êxito dos cultivo. Compreendida a razão, sabíamos agora<br />

porque é necessário conhecer com antecedência “Qual é o dia<br />

exato?”, “Como se ativa?”, perguntas básicas que podem se aplicar<br />

a esta ou qualquer outra patologia, pois conhecendo estes detalhes,<br />

é possível realizar um manejo<br />

diferenciado em cada um dos<br />

viveiros, convertendo-se na<br />

garantia de um cultivo exitoso.<br />

...não tratava-se de<br />

uma enfermidade<br />

“biológica”, mas<br />

que é na verdade<br />

uma enfermidade<br />

“ecológica”...<br />

O manejo diferenciado<br />

a cada tanque, sigpor<br />

protocolos” (exemplo; Ao<br />

dia X coloque tantos quilos de<br />

A; Ao dia Y coloque tantos quilos<br />

de B), uma vez que não existe somente uma variável,<br />

são várias variáveis que atuam e se mostram de formas<br />

diferentes na maioria dos casos, e o conjunto delas pode mostrar-se<br />

de diferentes formas.<br />

Nossos produtores usaram muitos produtos do mercado, como ácidos orgânicos, antibióticos, vitaminas,<br />

enzimas, colesterol, etc, que eram incorporados nas rações e se converteram na receita conhecida<br />

como “O protocolo”, para atenuar o evento, quando na realidade, esta receita funcionava bem para combater<br />

outras patologias oportunistas do meio.<br />

Esta fase de ensaios foi o tempo empregado para desenvolver estratégias ao bom manejo da enfermidade,<br />

que ao longo de vários anos (por volta de 10) atingiu o setor produtivo do país. Se fez, se provou,<br />

e se utilizou quase tudo que era conhecido para o mercado do camarão, e o que mais ajudou, foi a<br />

existência dos chamados “agentes ou parâmetros detonantes das mortalidades” e que a biologia de campo<br />

as denominou de “gatilhos”, que devem ser monitorados e corrigidos o mais breve possível, e que não há<br />

uma data certa, podem apresentar-se em qualquer momento do cultivo.<br />

Outro produto usado com êxito foram os ácidos orgânicos, embora há muitos e de muitas marcas,<br />

sua ação se dava contra as bactérias oportunistas, patógenos típicos da doença. O segredo consistia em<br />

conhecer as porcentagens de pureza de cada elemento, já que quanto mais puro melhor a ação contra as<br />

bactérias.<br />

Resgatando o melhor destas épocas, me permito sugerir algumas dicas que auxiliaram vários carcinicultores<br />

ao longo de nossa América Latina.<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

37


DICAS<br />

O desenvolvimento de todas estas tecnologias se baseia principalmente no conhecimento de “QUE?<br />

COMO? E QUANDO?” se ativa a enfermidade e iniciam-se as mortalidades. Evita-las é a meta de todos<br />

os aquicultores e pesquisadores que a fazem atualizando seus conhecimentos técnicos, permitindo compreender<br />

e interpretar da melhor maneira a relação: água – camarão – solo.<br />

novos e antigos métodos de cultivo:<br />

1.<br />

O principal gatilho desta enfermidade<br />

é a qualidade da<br />

água. A correta interpretação<br />

das análises semanais permite<br />

conhecer como está se comportando<br />

o sistema. O parâmetro<br />

mais básico e mais viável economicamente<br />

chama-se “pH”,<br />

e deve ser medido as 06:00 e as<br />

17:00h do mesmo dia.<br />

2.<br />

A interpretação da alcalinidade,<br />

primeiro da maioria dos<br />

problemas chamados “eventos” ou<br />

“síndromes”, e portanto o principal<br />

indicador, possuí para cada fase de<br />

cultivo valores ideais: para a fase<br />

naúplio 100; misis 120; pós-larvas<br />

140; para raceways 150 e para<br />

engorda 120 mg/L de CaCO 3<br />

.<br />

3.<br />

A utilização indicada para<br />

sistemas intensivos ou raceways,<br />

na fase inicial de povoamento<br />

é de 35/40 PL 12<br />

/L, até 18<br />

dias de cultivo, e a transferência<br />

de juvenis de 0,015 mg à engorda.<br />

4.<br />

38<br />

A utilização da densidade nos<br />

sistemas semi-intensivos para<br />

venis/ha.<br />

5.<br />

Utilização de sistemas de recirculação<br />

bem desenhados<br />

e calculados exatamente para as<br />

diferentes fases do sistema: desuspender,<br />

e recondicionar a<br />

água usada.<br />

6.<br />

O monitoramento da temperatura<br />

é muito importante,<br />

principalmente quando as oscilações<br />

entre as horas do dia e<br />

noite são maiores do que 5°C.<br />

O ideal é manter o cultivo por<br />

volta de 30°± 2°C, com a menor<br />

variação possível.<br />

7.<br />

A utilização dos probióticos<br />

Lactobacillus<br />

sp, como alimento para<br />

ajudar contra as bactérias patogênicas.<br />

8.<br />

Utilização dos Bacillus sp. para<br />

degradar a matéria orgânica<br />

dos sedimentos, acelerando o processo<br />

com a mistura das bactérias<br />

Nitrosomonas<br />

sp, Nitrobacter sp, Azotobacter<br />

sp, formando assim os “Consórcios<br />

Bacterianos remediadores do<br />

facultativas requerem a condição<br />

de estarem vivas no momento de<br />

serem aplicadas ao viveiro.<br />

9.<br />

A mistura de 7/10 ppm de<br />

ácidos orgânicos na ração,<br />

resultou em uma técnica muito<br />

conhecida e aplicada no auxílio<br />

contra bactérias oportunistas do<br />

tipo Vibrio sp.<br />

10.<br />

A utilização de métodos<br />

que permitam desenvolver<br />

naturalmente os carotenos<br />

como agentes estimuladores<br />

do sistema imunológico e dos carotenoides,<br />

como agentes estimuladores<br />

do crescimento, atingido<br />

através das diatomáceas com a<br />

correta fertilização dos tanques<br />

(18N:1P:0,1Si).<br />

11.<br />

Melhores sobrevivências e<br />

melhores crescimentos no<br />

cultivo são apoiados com a adequada<br />

relação “Cálcio:Magnésio:Potássio”,<br />

e que a relação (1 – 3 – 1), não<br />

se aplica, porque a densidade de<br />

muito diferente da densidade de povoamento<br />

de seu viveiro.<br />

Informação do Autor: Jorge Chávez Rigaíl; Biólogo graduado na Universidade de Guayaquil,<br />

Facultad de Ciencias Naturales, 1985; Secretário Geral da Fundação Sociedade Latino-americana<br />

de Aquicultura SLA; Autor de vários manuais sobre o critério biológico na interpretação<br />

de análises de qualidade de água; Patologia em fresco; Microbiologia de campo; Análises para<br />

* “Não existe patologia alguma que não inicia-se de um desequilibro iônico do meio” J.Chávez R,<br />

2005.<br />

12.<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

Com esta nova sequência<br />

de controles na produção<br />

aquícola, os cultivos de<br />

dos, marcando o início do êxito<br />

da indústria camaroeira latino-americana.<br />

Realizar rotina semanal<br />

13.<br />

dade de cada viveiro, priorizando:<br />

qualidade da água, análise<br />

da microbiologia, patologia, e ao<br />

mentos básicos.<br />

14.<br />

A Mancha Branca é uma<br />

enfermidade viral, portanto<br />

não existe antibiótico que<br />

controle ou elimine o vírus.<br />

15.<br />

Tem relação direta com<br />

qualidade do solo +<br />

qualidade da água + qualidade da<br />

larva.<br />

16.<br />

Obter o diagnostico no<br />

campo será muito mais<br />

fácil para determinar qual a ferramenta<br />

de controle utilizar,<br />

poder avalia-la diariamente se<br />

funciona ou não, e se devemos<br />

optar por outra alternativa de<br />

controle, conseguindo desta forma<br />

trabalhar sob uma trilogia<br />

bastante justa: Seguridade – Ordem<br />

– Rapidez.<br />

17.<br />

Sugestão: nunca tratem<br />

de “curar” um problema,<br />

primeiro analisem qual é a causa<br />

desse problema, qual a origem<br />

desse problema, e trabalhando<br />

sobre essas respostas, seus diagnósticos<br />

serão sempre mais precisos.<br />

18.<br />

Dado que: não existe os<br />

“eventos de mortalidade”<br />

por mancha branca, o que existe<br />

é: um parâmetro fora de controle,<br />

que não foi analisado em tempo


AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

39


© www.msd-saude-animal.com.br<br />

À<br />

Pelo terceiro ano consecutivo MSD Saúde Animal reúne grandes nomes<br />

nacionais e internacionais do setor<br />

medida que necessitamos<br />

atender a crescente demanda<br />

mundial de alimentos,<br />

uma maior atenção e importância<br />

têm sido atribuídas à aquicultura<br />

como uma fonte futura de produção<br />

de proteína saudável e sustentável.<br />

No início deste ano, o Rabobank<br />

publicou um artigo intitulado<br />

“A ascensão do frango aquático”,<br />

destacando o crescente mercado<br />

da tilápia e sua oportunidade para<br />

suprir a cadeia global de proteína,<br />

além do potencial de produção<br />

junto aos países latino-americanos<br />

como futuros candidatos em abastecer<br />

o mercado doméstico, assim<br />

como o mercado mundial,<br />

em particular o grande mercado<br />

consumidor norte-americano.<br />

Estes temas foram a base do<br />

3º High Quality Tilapia Congress<br />

realizado pela MSD Saúde Animal<br />

entre os dias 5 e 6 de outubro na<br />

cidade de Campinas, São Paulo.<br />

Estiveram presentes os principais<br />

produtores de tilápia do <strong>Brasil</strong>,<br />

Costa Rica, Colômbia, Equador,<br />

Honduras, México e também pro -<br />

dutores do continente Africano.<br />

A equipe de aquicultura da MSD<br />

Saúde Animal convidou líderes de<br />

opinião nacionais e internacionais<br />

para palestrar sobre 3 diferentes<br />

temas, sendo eles: Mercado global<br />

da tilápia; Marketing com ênfase<br />

em aquicultura e Boas práticas de<br />

produção.<br />

Não foram apenas<br />

palestrantes oriundos do setor de<br />

aquicultura, mas sim, especialistas<br />

de outras cadeias de produção<br />

de proteína intensiva, como aves e<br />

suínos, por exemplo, que vieram<br />

compartilhar suas experiências<br />

com os produtores de tilápia.<br />

Lívia Machado, da Asso -<br />

ciação <strong>Brasil</strong>eira dos Criadores de<br />

40<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


Suínos (ABCS), compartilhou a<br />

estratégia de marketing da associação,<br />

que ajudou a impulsionar<br />

um crescimento de 10% no consumo<br />

doméstico de suínos nos<br />

últimos cinco anos. Estes resultados<br />

foram alcançados através de<br />

uma abordagem de marketing estratégica<br />

em diferentes canais que<br />

abrangeram consumidores, restau -<br />

rantes, varejos e chefes de cozinha,<br />

por exemplo.<br />

Joe DePippo, que anteriormente<br />

trabalhou como<br />

vice-presidente sênior da empresa<br />

de alimentos Tyson, compartilhou<br />

uma visão geral do mercado Norte<br />

Americano de<br />

proteínas, destacando<br />

as principais<br />

tendências do mercado<br />

e oportuni -<br />

que até 90% do pescado<br />

consumido<br />

nos EUA (5,6<br />

bilhões de libras<br />

ou 20,2 bilhões de<br />

dólares em 2014)<br />

são importados.<br />

Com consumidores<br />

cada vez mais exigentes, há uma<br />

oportunidade para que nossos<br />

produtores latino-americanos ex -<br />

plorem esse potencial de mercado<br />

contando a “história” de como sua<br />

tilápia foi produzida de forma sustentável<br />

e focada em qualidade ao<br />

saúde e bem-estar dos peixes.<br />

Silvio Romero Coelho explorou<br />

e compartilhou com os produtores<br />

a importância da rastre -<br />

diferencial competitivo futuro<br />

de alcançar e penetrar em novos<br />

mercados de exportação, além da<br />

agregação de valor. Outra palestra<br />

de destaque foi proferida por Jose<br />

Luiz Tejon, umas das 100 maiores<br />

personalidades do agronegócio<br />

brasileiro. Tejon explicou a importância<br />

estratégica das ações de<br />

marketing para promover a carne<br />

de tilápia junto ao consumidor<br />

como o piscicultor terá que ser<br />

-<br />

viver de forma competitiva.<br />

Outros palestrantes de destaque<br />

do evento foram: Meg Caetano<br />

Felippe (grupo GPA) discorrendo<br />

sobre a comercialização de<br />

-<br />

tunidades; Dalton Casaletti (BRF)<br />

discorrendo sobre excelência na<br />

cadeia de produção intensiva de<br />

proteína; Fernando Oyarzún Al -<br />

barracin (Open Blue) discorrendo<br />

sobre processamento de pescado<br />

e a excelência no produto; Osler<br />

Desouzart (OD Consulting)<br />

abordando o tema mercado global<br />

de proteínas e as oportunidades<br />

para tilápia em níveis regionais e<br />

globais, entre outros palestrantes<br />

de renome.<br />

O evento também contou<br />

com uma atividade de integração<br />

entre os participantes, onde pro -<br />

dutores de diferentes regiões e<br />

países tiveram a oportunidade de<br />

interagirem entre si, trocando ex -<br />

periências e aumentando seus con-<br />

-<br />

dade de integração houve uma ação<br />

social, com montagem de bicicletas<br />

que foram destinadas para crianças<br />

na cidade de Campinas.<br />

“Com investimentos em<br />

eventos como o High Quality<br />

Tilápia Congress a MSD Saúde<br />

Animal demonstra todo seu com -<br />

prometimento com o avanço e<br />

desenvolvimento sustentável da indústria<br />

da tilápia em nível mundial”,<br />

complementa Rodrigo Zanolo, gerente<br />

de mercado de Aquicultura<br />

da MSD Saúde Animal.<br />

Sobre a MSD Saúde Animal<br />

Hoje a MSD é a líder<br />

mundial em assistência à saúde,<br />

trabalhando para ajudar o mun -<br />

do a viver bem. A MSD Animal<br />

Health, conhecida como Merck<br />

Animal Health nos Estados Unidos<br />

e Canadá, e como MSD<br />

Saúde Animal no <strong>Brasil</strong>,<br />

é a unidade de negócios<br />

global de saúde animal<br />

da MSD. Através do<br />

seu compromisso com<br />

a Ciência para Animais<br />

mais Saudáveis, a MSD<br />

Saúde Animal oferece<br />

aos veterinários, fazendeiros,<br />

proprietários de<br />

animais de estimação e<br />

governos a mais ampla<br />

variedade de produtos<br />

farmacêuticos veterinários, vacinas<br />

e soluções e serviços de gerenciamento<br />

de saúde. A MSD Saúde<br />

Animal se dedica a preservar e<br />

melhorar a saúde, o bem-estar e o<br />

desempenho dos animais, investindo<br />

extensivamente em recursos de<br />

pesquisa e desenvolvimento amplos<br />

e dinâmicos e em uma rede de<br />

suprimentos global e moderna. A<br />

MSD Saúde Animal está presente<br />

em mais de 50 países, enquanto<br />

seus produtos estão disponíveis em<br />

150 mercados.<br />

Para mais informações visite:<br />

www.msd-saude-animal.com.br<br />

Fanpage no Facebook:<br />

www.facebook.com/<br />

msdsaudeanimal<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

41


42<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


I n t egraç ão univ ers idade<br />

e empres a<br />

impuls iona a v anços<br />

nut ric ionais n a<br />

c riaç ão de a t u m<br />

Maria T. Viana, Artur N. Rombenso, Jose A. Mata-Sotres, Fernando Barreto-Curiel<br />

Universidade Autônoma de Baja California – Ensenada – México<br />

viana@uabc.edu.mx | mtviana.com<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

43


O<br />

atum é uma das espécies de<br />

peixes mais apreciadas mundialmente<br />

e vem despertando o interesse<br />

no desenvolvimento de sua<br />

aquicultura, que está cada vez mais<br />

aprimorada. Embora a produção<br />

de juvenis seja incipiente, a engorda<br />

em tanques-rede com juvenis selvagens<br />

capturados já é realizada<br />

em vários países como Austrália,<br />

Espanha, Grécia, Japão e México,<br />

com uma produção anual de<br />

aproximadamente 50 mil toneladas<br />

(Wijkstrom, 2012). Os atuns são<br />

na sua maioria alimentados com<br />

peixes pelágicos frescos ou congelados<br />

de espécies como sardinha e<br />

cavalinha, resultando em uma conversão<br />

alimentar elevada entre 10:1<br />

- 17:1. O uso de peixes pelágicos<br />

inteiros como alimento aquícola é<br />

uma prática bastante criticada em<br />

termos de sustentabilidade e não<br />

deve ser estimulada pois:<br />

Esse alimento poderia<br />

ser utilizado para<br />

consumo humano;<br />

Aumenta a incidência<br />

de patógenos na<br />

criação;<br />

Existe variabilidade<br />

nutricional entre lotes<br />

de alimento e épocas<br />

do ano;<br />

Eleva a quantidade<br />

de perda de<br />

nutrientes (nitrogênio<br />

e fósforo) para o<br />

ambiente adjacente;<br />

Fomenta a pressão<br />

pesqueira sobre os estoques<br />

naturais dessas<br />

espécies alvo.<br />

Assim, o desenvolvimento<br />

de uma dieta formulada é essencial<br />

para garantir a sustentabilidade da<br />

aquicultura de atum. A região da<br />

Baja Califórnia no México (Figura<br />

1) é propícia para o desenvolvimento<br />

da maricultura, principalmente<br />

a piscicultura marinha,<br />

devido às características geomoroferecem<br />

locais profundos com<br />

boa circulação de água e próximos<br />

à costa, à proximidade com os Estados<br />

Unidos que é um dos maiores<br />

mercados consumidores mundiais<br />

de pescado, e à presença de centros<br />

de pesquisa e universidades desenvolvendo<br />

tecnologia e conhecimento<br />

que fazem desta região uma<br />

opção viável para o desenvolvimento<br />

aquícola. As espécies de<br />

peixes marinhos mais importantes<br />

criadas na região são o olhete (Seriola<br />

dorsalis), a totoaba (Totoaba<br />

macdonaldi), a corvina (Scianoeps<br />

ocellatus<br />

( ). Atualmente<br />

existem cinco fazendas ativas de<br />

engorda de atum (Figura 2). Resumidamente,<br />

o processo de engorda<br />

consiste em:<br />

© Artur Nishioka Rombenso<br />

Figura 1. Região de Baja Califórnia, México.<br />

44<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


1<br />

Captura<br />

de juvenis selvagens<br />

e transporte para os<br />

locais de engorda;<br />

2<br />

Engorda em<br />

tanques-rede;<br />

3<br />

Despesca e comercialização<br />

para mercados internacionais,<br />

em particular o<br />

mercado japonês.<br />

Durante a engorda<br />

(Figura 3), que dura entre 18-24<br />

meses, os peixes são alimentados<br />

com sardinha e cavalinha uma vez<br />

ao dia até a saciedade aparente e,<br />

carte mencionados anteriormente,<br />

a utilização desse tipo de alimento<br />

poderia parecer economicamente<br />

viável já que a maioria das empresas<br />

(fazendas marinhas) possuem<br />

suas próprias embarcações para<br />

peixes pelágicos, porém sua captura<br />

representa um custo elevado<br />

para a sustentabilidade da pesca<br />

e da produção de alimentos para<br />

consumo humano.<br />

Nesse contexto, o Feed-<br />

Aqua - Laboratório de Nutrição<br />

e Fisiologia da Universidade<br />

Autônoma de Baja Califórnia<br />

(UABC), que desde 1990 trabalha<br />

de organismos aquáticos, decidiu<br />

contribuir para o desenvolvimento<br />

de dietas formuladas para atum.<br />

Desde 2007 uma série de projetos<br />

são realizados para entender<br />

melhor as enzimas digestivas e a<br />

absorção de aminoácidos em atum<br />

ra et al., 2007; Rosas et al., 2008;<br />

Martínez-Montaña et al., 2010,<br />

2011, 2013; Román-Gavilanes et<br />

al., 2015; Castillo-Lopez et al.,<br />

2016; Rueda-López et al., 2016).<br />

Em seguida foi desenvolvido o projeto<br />

LINDEAACUA que consistiu<br />

na construção de um laboratório<br />

piloto para produção de alimentos,<br />

único da América<br />

Latina, com o objetivo de desenvolver<br />

pesquisa e tecnologia em<br />

formulações e em dietas extrusadas<br />

para organismos aquáticos, facilitar<br />

o estabelecimento de convênios<br />

e parcerias com a indústria aquícoem<br />

quantidades menores para empresas<br />

em desenvolvimento. Nosso<br />

laboratório é equipado com uma<br />

extrusora Extrutech E325 (Figura<br />

4) capaz de produzir até 400 kg/h,<br />

um secador de gás horizontal<br />

(Figura 5) e outros equipamentos<br />

para preparação e fabricação<br />

de alimentos formulados.<br />

© Diane Rome Peebles<br />

Figura 2. Ilustração de atum<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

45


Fotos: © Artur Nishioka Rombenso<br />

Figura 3. Fazenda Baja Aqua Farms.<br />

Desafios para a fabricação de<br />

uma dieta para atum<br />

Figura 4. Extrusora Extrutech do laboratório Feed Aqua.<br />

Figura 5. Secadora de gás horizontal do laboratório Feed<br />

Aqua.<br />

Figura 6. Dieta formulada para Atum<br />

Assim como em muitas espécies<br />

aquícolas, existe uma carência<br />

de informação e conhecimento<br />

lação e fabricação de uma dieta.<br />

Além disso, a obtenção desses organismos<br />

é complexa devido ao<br />

ciclo produtivo dessa espécie não<br />

estar completamente dominado e<br />

talvez ainda mais difícil seja sua<br />

manutenção em cativeiro devido<br />

à exigência de grandes estruturas<br />

e investimento elevado. Portanto,<br />

apenas um número reduzido de<br />

centros de pesquisa e empresas no<br />

mundo todo podem realmente trabalhar<br />

com essa espécie.<br />

ça por parte dos produtores de<br />

que o alimento “natural” seja o<br />

único que o atum aceite, fato que<br />

e desenvolvimento de dietas formuladas<br />

uma vez que os pesquisadores<br />

têm que primeiro quebrar<br />

essa barreira e em seguida convencer<br />

os produtores da importância<br />

de experimentação em campo<br />

com essas dietas formuladas.<br />

Pelo fato de não existir uma<br />

dieta formulada para atum, muitos<br />

aspectos da própria dieta estão indrico,<br />

retangular, redondo) e o tamanho<br />

do pellet (3, 5, 10, 15 cm).<br />

processo de extrusão: como extruir<br />

um alimento tão rico em proteínas<br />

e lipídios que mantenha a forma,<br />

a textura e as características físicas<br />

desejadas?<br />

Esse cenário desalecimento<br />

de uma integração<br />

universidade-empresa, através de<br />

um projeto de pesquisa e desenvolvimento<br />

disponível pela agência<br />

nacional de pesquisa do México.<br />

Resumidamente, o laboratório<br />

FEED-AQUA, com sua linha de<br />

pesquisa LINDEAACUA, aprimora<br />

a formulação e fabricação<br />

de dietas para atum e a empresa<br />

LITGO SA de CV patrocina o<br />

desenvolvimento. Um dos grandes<br />

benefícios desse tipo de parceria<br />

é a possibilidade de desenvolver<br />

esse alimento para ser validado<br />

nas fazendas marinhas de atum.<br />

46<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


Formulação<br />

O processo de formulação<br />

foi baseado nos seguintes aspectos:<br />

nível de carnivoria da espécie,<br />

hábito de alimentação, composição<br />

de suas dietas naturais e<br />

composição proximal corporal da<br />

espécie. Em seguida, buscou-se o<br />

uso de ingredientes disponíveis no<br />

mercado mexicano que atendesda<br />

formulação. Como existe uma<br />

indústria regional de engorda de<br />

atum, é muito importante a busca<br />

por matérias-primas que sejam<br />

regionais e nacionais, disponíveis<br />

durante todo o ano, e com preço<br />

favorável.<br />

O projeto<br />

consistiu na<br />

construção de um<br />

laboratório piloto<br />

para produção de<br />

alimentos, único da<br />

América Latina.<br />

Desenvolvimento de dietas e<br />

Patente<br />

de afundamento, estabilidade em<br />

água, índice de penetração, índice<br />

de absorção de óleo, índice de absorção<br />

de água, perda de óleo, entre<br />

outros.<br />

Alimentação com<br />

dietas formuladas<br />

Com o intuito de validar<br />

os processos de formulação<br />

e fabricação de alimentos aquícoforam<br />

alimentados com as dietas<br />

formuladas em experimentos<br />

pontuais. Em todas as ocasiões os<br />

peixes aceitaram as dietas de imediato,<br />

comprovando que é possível<br />

o uso de dietas formuladas na engorda<br />

de atum. Porém, vale ressaltar<br />

que isso é apenas um pequeno<br />

passo para o desenvolvimento de<br />

uma dieta comercial. Como resultado<br />

desses experimentos, um<br />

registro de patente já está em andamento<br />

e projetos para a validação<br />

das dietas formuladas em sistemas<br />

experimentais em tanques-rede<br />

serão realizados nos próximos<br />

anos.<br />

Considerações finais<br />

Esses experimentos perde<br />

dietas formuladas para engorda<br />

de atum e que isso pode se tornar<br />

realidade por meio de pesquisas e<br />

aprimoramento de protocolos de<br />

fabricação de alimentos aquícolas,<br />

e da integração universidade-empresa,<br />

juntamente com o apoio das<br />

fazendas de engorda e mercado<br />

consumidor. Esse tipo de parceria<br />

já é bem sucedida e pode servir<br />

de modelo para outros locais,<br />

principalmente aqueles em que a<br />

aquicultura ou setores da mesma<br />

se encontram em fase inicial de<br />

desenvolvimento.<br />

Fabricação<br />

Para a fabricação da dieta<br />

(Figura 6) foi selecionada uma<br />

forma cilíndrica com tamanho<br />

entre 5-15 cm com o intuito de<br />

simular o alimento natural. Porém,<br />

foi necessária uma série de experimentos<br />

com diversas formulações e<br />

ingredientes e com diferentes conaté<br />

obter uma dieta satisfatória.<br />

Para a avaliação da qualidade dos<br />

pellets foram analisados os seguintes<br />

parâmetros: densidade, co-<br />

Figura 7. Alimentação com dietas formuladas.<br />

© Artur Nishioka Rombenso<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

47


Mídias biológicas para<br />

sistemas de recirculação<br />

em aquicultura (RAS)<br />

Marco Shizuo Owatari 1, 2 *, Gabriel Fernandes Alves Jesus 2 , Katt Regina Lapa 1 , Maurício<br />

Laterça Martins 2 , José Luiz Pedreira Mouriño 2 .<br />

1<br />

Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, Departamento de Aquicultura, Centro de<br />

Ciências Agrárias - CCA.<br />

2<br />

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Departamento de Aquicultura,<br />

– Laboratório de Patologia e Sanidade de Organismos Aquáticos - AQUOS.<br />

*owatarimarco@hotmail.com<br />

S<br />

egundo a FAO (2014), o número<br />

de pessoas que dependem<br />

da pesca e da aquicultura como<br />

fonte de renda e alimentação é cada<br />

vez maior, estimando que cerca de<br />

10 % a 12 % da população mundial<br />

dependam diretamente dessas<br />

atividades. No <strong>Brasil</strong> o consumo<br />

per capita de produtos derivados<br />

do pescado deve aumentar nas<br />

próximas décadas, fazendo com<br />

que o setor seja cada vez mais dependente<br />

da aquicultura. Contudo,<br />

as ingerências dos recursos ambientais<br />

ameaçam a sustentabilidade<br />

da atividade, especialmente no uso<br />

da água e na devolução da mesma<br />

sem tratamento ao ambiente.<br />

Segundo Timmons & Ebeling<br />

(2010), os sistemas convencionais<br />

de aquicultura se tornarão<br />

insustentáveis a longo prazo, tanto<br />

por problemas ambientais como<br />

por biosseguridade. Dessa forma,<br />

para aumentar a produção de alimentos<br />

em uma mesma dimensão<br />

pactos ambientais. Nesse modelo<br />

alternativo de produção surgem<br />

os sistemas de recirculação para<br />

aquicultura, conhecidos pela sigla<br />

em inglês, RAS – “Recirculating<br />

<strong>Aquaculture</strong> Systems” – os quais<br />

possibilitam atingir altos índices<br />

de produção, minimizando os impactos<br />

ao meio ambiente, podendo<br />

ser modelados de muitas maneiras<br />

e utilizando-se vasta gama de componentes<br />

em sua estrutura para<br />

remoção dos resíduos indesejáveis<br />

na água, como o nitrogênio amoniacal.<br />

Segundo Timmons<br />

& Ebeling (2010), os<br />

sistemas convencionais de<br />

aquicultura se tornarão<br />

insustentáveis<br />

a longo prazo...<br />

No campo da aquicultura,<br />

os processos biológicos são os mais<br />

importantes para o tratamento de<br />

águas residuais, destacando-se o<br />

rações de RAS) pode ser afetada<br />

por uma série de fatores, tais como<br />

o tipo de material suporte (conhecido<br />

também por mídia, utilizada<br />

como suporte biológico para bactérias),<br />

concentração de oxigênio<br />

dissolvido, quantidade de matéria<br />

orgânica, temperatura, pH, alcalinidade,<br />

salinidade entre outros.<br />

biológicos e dos processos de nisistema<br />

estão diretamente relacionados<br />

com os tipos de mídias utilizadas<br />

como suporte biológico para<br />

adesão de bactérias. É importante<br />

que as mídias utilizadas ofereçam<br />

maior crescimento bacteriano por<br />

unidade de volume das mídias do<br />

tos nitrogenados.<br />

O tempo de vida útil das<br />

mídias alternativas para uso em<br />

48<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

© Marco Shizuo Owatari


AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

49


© Marco Shizuo Owatari<br />

© Marco Shizuo Owatari<br />

vado levando em conta a composição<br />

do material empregado.<br />

Mídias como lascas de madeiras,<br />

por exemplo, podem ser utilizadas,<br />

contudo têm vida útil reduzida<br />

quando comparada às mídias<br />

plásticas, podendo entrar<br />

em decomposição<br />

e causar problemas<br />

secundários no sistema,<br />

como alterações<br />

nos parâmetros<br />

físico-químicos<br />

da água.<br />

Em RAS,<br />

uma série<br />

de suportes<br />

b i o lóg ico s<br />

ais, não tóxicos, são utilizadevem<br />

favorecer o crescicantes<br />

(RIDHA & CRUZ, 2001).<br />

tantos outros). Existem muitos tipos<br />

de mídias que são comumente<br />

utilizadas como suportes biológicos<br />

em sistemas de recirculação,<br />

dentre elas podemos destacar:<br />

A escolha dos componentes<br />

do RAS, assim<br />

como das mídias a serem<br />

utilizadas, pode infl uenciar<br />

diretamente nos custos de<br />

mesmo.<br />

Bioesferas: estruturas em polietileno<br />

com formato de elipse<br />

conhecidas como bioballs, muito<br />

percoladores (conhecidos também<br />

como<br />

ou biorreator<br />

por gotejamento). Na produção<br />

aquícola o alto custo de implantação<br />

pode ser um fator limitante<br />

ladores devido à necessidade de<br />

Argila expandida: é um produto<br />

de argila, seco e expandido, em formato<br />

de pequenas esferas. Alguns<br />

relatos na literatura indicam que<br />

argila expandida varia entre 500 e<br />

comparada a outras mídias. A argila<br />

expandida é um material de<br />

baixo custo de implantação, sendo<br />

gem física e biológica.<br />

Bobes de cabelo: a busca por alternativas<br />

para aquicultura nos fez<br />

chegar ao uso desse material para<br />

suporte biológico em sistemas de<br />

recirculação de baixo custo. O bobe<br />

de cabelo pode ser considerado<br />

uma adaptação da mídia do tipo<br />

bioesfera e pode ser utilizado<br />

cantes sobre sua superfície. O uso<br />

de aeração constante nos biorreatores<br />

contendo esse tipo de mídia<br />

50<br />

A escolha dos componentes<br />

do RAS, assim como das mídias<br />

a serem utilizadas, pode inmesmo.<br />

Por exemplo, a construção<br />

mídias com grandes áreas superde<br />

custos, uma vez que necessitaremos<br />

de menor espaço físico para<br />

montá-los.<br />

A escolha da mídia deve<br />

ser uma tomada de decisão que<br />

respeite as características de funcontraremos<br />

situações distintas<br />

mersos, quando comparados aos<br />

a vantagem de poder reduzir em<br />

até dez vezes o volume necessário<br />

(BLANCHETON, 2007), sendo<br />

uma alternativa viável. Porém a<br />

submersos deve ser condicionada<br />

ao uso de aeração para agitação<br />

constante das esferas evitando o<br />

acúmulo de matéria orgânica na<br />

superfície da mídia e a necessidade<br />

de lavagem.<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

© Marco Shizuo Owatari


minimiza o risco de obstrução dos<br />

poros pelo acúmulo de matéria<br />

orgânica.<br />

Espuma de poliuretano: fabricada<br />

com material sintético e resistente<br />

é muito utilizada no ramo<br />

fácil manutenção. Proporciona a<br />

retenção de partículas sem a interou<br />

biológica.<br />

fabricada para uso doméstico com<br />

material sintético e de grande durabilidade,<br />

podem ser utilizadas<br />

preliminares realizados pelo grupo<br />

de pesquisas do laboratório<br />

AQUOS – Sanidade de Organismos<br />

Aquáticos/UFSC, sob a orientação<br />

do professor José Luiz<br />

Pedreira Mouriño e coordenado<br />

pelo professor Maurício Laterça<br />

Martins, indicaram que o material<br />

funciona como um tapete, no qual<br />

ponibilizada em pequenos volumes<br />

da mídia, otimizando a área para<br />

Tendo em vista essa grande<br />

variedade de mídias biológicas,<br />

torna-se indispensável entender<br />

a interação entre os parâmetros<br />

tros com as mídias, sendo essa<br />

uma etapa muito importante para<br />

sionamento, layout e manutenção<br />

É fundamental salientar<br />

que estudos para<br />

são complexos devido à<br />

grande quantidade de<br />

parâmetros que devem<br />

ser monitorados e controlados.<br />

Além disso, é<br />

imprescindível o desenvolvimento<br />

de protocolos<br />

com informações como<br />

capacidade de suporte e<br />

cinéticas de degradação de<br />

compostos nitrogenados para que<br />

a indústria possa fazer uso dessas<br />

tecnologias na cadeia produtiva<br />

com maior planejamento para sua<br />

© Marco Shizuo Owatari<br />

single pass and reuse systems. Aquacultural Engineering and Environment, p. 21-47, 2007.<br />

mis niloticus L. reared in a simple recirculating system. Aquacultural Engineering, v. 24, n. 2, p. 157-166, 2001.<br />

TIMMONS, M. B., EBELING, J. M., 2010. Recirculating <strong>Aquaculture</strong>, 2nd edition. Cayuga Aqua Ventures, Ithaca, NY.<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

51


© Aedrian Ortiz Johnson<br />

Avaliação da substituição da biomassa natural<br />

utilizada na alimentação de reprodutores de<br />

camarão (Litopenaeus vannamei) pela dieta<br />

Vitalis 2.5 da Skretting<br />

Aedrian Ortiz Johnson<br />

Shrimp Technical Manager, Skretting Marine Hatchery Feeds<br />

aedrian.ortiz@skretting.com<br />

52<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


Tradicionalmente, de forma global, os setores de maturação das larviculturas<br />

de camarão alimentam seus reprodutores com alimentos frescos a 25-30% da biomassa.<br />

Esta técnica busca satisfazer a demanda nutricional otimizando o número<br />

de acasalamentos, desova e produção de náuplios. A utilização de alimentos frescos<br />

para reprodutores a base de lula, poliquetas, moluscos, ostras e também artêmia<br />

normalmente resultam nas seguintes médias de produção:<br />

· 15% - 20% de acasalamentos/dia;<br />

· 150.000-200.000 náuplios/fêmea;<br />

· Taxa de eclosão entre 60% -90%;<br />

· Taxa de mortalidade de fêmeas menor que 3%.<br />

Ensaios comerciais demonstraram que reprodutores em maturação alimentados<br />

com a dieta seca Vitalis 2.5 somada a 5% de alimento fresco (lulas ou poliquetas)<br />

obtiveram equivalentes parámetros de produção aos organismos alimentados<br />

exclusivamente com alimentos frescos (lula, poliquetas, moluscos, ostras e também<br />

artêmia salina).<br />

branca (WSSV), Síndrome de Taura (TSV), Infecção Hipodermal e Necrose Hematopoiética<br />

(IHHNV), Bacterioses por Vibrio harveyi e Vibrio parahaemolyticus, são<br />

A maioria destas doenças pode ser transmitida através dos alimentos frescos.<br />

Por muitos anos, esse tipo de alimento têm sido o principal componente da<br />

alimentação dos reprodutores no setor de maturação dos laboratórios de produção<br />

de larvas de camarão.<br />

alimento fresco são:<br />

1.<br />

Fonte de ingredientes de origem marinha - como o consumo humano destas<br />

espécies e a disponibilidade é limitada, esse tipo de alimento torna-se mais caro<br />

e com uma logística complexa;<br />

2. Poliquetas - são fontes difíceis de serem encontradas em alguns países devido à<br />

sobrepesca;<br />

3. Biosegurança - As doenças representam o principal risco para os reprodutores<br />

utilizados na maturação, bem como para sua prole (náuplio). A maioria destas<br />

fontes de alimentos é de origem marinha, o que as torna um possível vetor de<br />

doenças para o camarão, causando, por exemplo, WSSV e bacterioses por Vibrio<br />

Harvey ou Vibrio parahaemolyticus. Mesmo quando provenientes de países onde<br />

não possuem criação de camarão, o risco de introdução de novos agentes patogêni-<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

53


Vitalis 2.5 é um alimento granulado macio, extrusado a frio. É formulado e produzido no centro<br />

de excelência de dietas de incubação da Skretting na França. A fórmula é baseada em um nível elevado de<br />

componentes proteicos marinhos, algas, ácidos graxos poliinsaturados (DHA / EPA), vitaminas e minerais.<br />

A dieta é formulada com um elevado teor proteico para promover a elevada fecundidade e frequência de<br />

desova, possui 2,5 mm de diâmetro e aproximadamente 5,0 mm de comprimento.<br />

Protocolo com a dieta seca Vitalis 2.5:<br />

%Peso Vivo* – Total de oferta de alimento para o camarão por dia (total =8%)<br />

A metodologia e resultados dos ensaios comerciais que têm sido realizados em laboratórios no<br />

México e no <strong>Brasil</strong> são descritos a seguir:<br />

MÉXICO<br />

no México. Em operação desde 1992, a empresa localiza-se em Mazatlán, Estado de Sinaloa. Desde o início<br />

de suas operações tem desfrutado de uma localização privilegiada, dando-lhe acesso ao mercado, clima<br />

favorável, boa qualidade da água e possui uma capacidade de produção de 500 milhões de pós-larvas por<br />

mês. No momento, conta com um núcleo genético e um centro de incubação, que consiste em: maturação,<br />

larvicultura, berçário, engorda e um laboratório de diagnóstico.<br />

Metodologia<br />

O ensaio foi dividido em uma população controle em tanques de maturação alimentados com a<br />

dieta tradicional e uma população teste alimentada com o seguinte protocolo:<br />

54<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


www.7siusa.com<br />

Os tanques de maturação foram estocados com oito reprodutores por metro quadrado, com uma<br />

proporção de 1: 1 entre machos e fêmeas. A renovação de água foi de 200% ao dia, com temperatura e salinidade<br />

média de 28°C e 35 ppt, respectivamente. O peso médio das fêmeas foi de 40 e 32,8 gramas para o grupo<br />

controle e teste, respectivamente. A alimentação diária foi dividida em cinco frequências alimentares.<br />

Resultados<br />

Nota: O número de ovos e náuplios foram calculados como taxa de biomassa.<br />

Vitalis 2.5 + poliquetas teve uma produção 4% maior de náuplios por fêmea. O estudo também mostrou que os<br />

animais mudaram livremente a ingestão entre alimentos frescos e formulados sem qualquer restrição.<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

55


BRASIL<br />

No Brail, o expêrimento foi realizado em um dos maiores laboratórios do País, líder do mercado<br />

nacional, localizado no Rio Grande do Norte, com capacidade de produção de 250 milhões de pós-larvas<br />

por mês.<br />

Metodologia<br />

O experimento foi dividido em dois grupos, o controle, que foi alimentado com a dieta tradicional<br />

de maturação e o grupo tratado com a dieta teste (3% Vitalis 2.5 + 5% lula), conforme tabela abaixo.<br />

Os tanques de maturação foram estocados com oito reprodutores por metro quadrado, na protura<br />

e salinidade média de 28 ° C e 35 ppt, respectivamente. O peso médio inicial das fêmeas do grupo<br />

controle foi de 53,5 gramas enquanto as fêmeas do tratamento Vitalis 2.5 tinham 51,2 gramas. Os animais<br />

foram alimentados com as dietas experimentais em cinco frequências diárias.<br />

Resultados<br />

56<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


experimental Vitalis 2.5 + lula resultou em apenas 10% menos número de náuplios por fêmea.<br />

redução da mortalidade das fêmeas e na redução da necessidade de renovação de água, quando comparado<br />

ao tratamento controle.<br />

Conclusão<br />

Após vários ensaios, observou-se que a dieta seca Vitalis 2.5 pode ser utilizada como ingrediente<br />

principal na alimentação da maturação apresentando excelentes números de produção. Portanto, a dependência<br />

das dietas frescas com várias fontes, que representam um perigo para a saúde na primeira fase<br />

Ambas as combinações: Vitalis 2.5 + lula e Vitalis 2.5 + poliquetas mostraram resultados similares,<br />

tanto no <strong>Brasil</strong> quanto no México. Seguindo diferentes protocolos os resultados foram estatisticamente<br />

dieta Seca Vitalis 2.5 está em uso em ambos os países, utilizando 3% dieta seca + 5% de<br />

lulas mostrando os mesmos resultados.<br />

© Aedrian Ortiz Johnson<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

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como hobby ou intuito comercial. Parabéns<br />

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59


© University of Michigan School of Natural Resources & Environment<br />

A F raude em p escado e o<br />

método de DNA Barcode<br />

p ara ide n t i f i cação de esp éci e s<br />

Danilo Alves Pimenta Neto¹*, Denise Aparecida Andrade de Oliveira² e<br />

Lilian Viana Teixeira³<br />

¹Analista no Laboratório de Genética Animal da Escola de Veterinária-UFMG<br />

² Professora do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária-UFMG<br />

³Professora do Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de<br />

Origem Animal da Escola de Veterinária-UFMG<br />

*danilo.evufmg@gmail.com<br />

60<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


Mercado do<br />

pescado<br />

C<br />

om captura de peixes relativamente escultura<br />

tem mostrado ainda mais sua importância<br />

no mercado do pescado. Em 2015<br />

com 77,3 milhões de toneladas no mundo<br />

(FAO, 2016).<br />

A aquicultura brasileira<br />

continua em crescimento,<br />

com todos os 27<br />

Estados apresentado dados<br />

sobre essa atividade,<br />

e sua produção gerando<br />

em 2015, mais de R$ 4,39<br />

bilhões, sendo quase 70%<br />

(R$ 3,64 bilhões) proveniente<br />

da criação de peixes<br />

(IBGE, 2015). Desde 2013,<br />

o IBGE começou a computar<br />

os dados da aquicultura em suas estatísticas,<br />

entre elas está a produção de<br />

peixes, bem como de camarões; alevinos;<br />

larvas e pós-larvas de camarões; ostras, vieiras<br />

e mexilhões. A produção de peixes saiu<br />

© Giovanni Lemos de Mello<br />

A diversidade de sequências de DNA<br />

é reconhecidamente uma ferramenta para<br />

distinção entre espécies. Cerca de 40 anos<br />

pela eletroforese de proteínas em gel de amido.<br />

A abordagem com DNA mitocondrial<br />

passou a predominar na sistemática molecular<br />

nas décadas de 1970 e 1980 (Avise, 1994).<br />

Segundo Hebert et al., (2003) na tentativa<br />

de padronizar o marcador utilizado na<br />

em 2003, pesquisadores da Universidade de<br />

Guelph (Ontário, Canadá) propuseram a<br />

criação de um sistema diagnóstico universal,<br />

baseado em um fragmento de aproximadamente<br />

650 pares de bases (pb), a partir da<br />

base 58 da extremidade 5’ do gene COI. Esse<br />

marcador foi denominado DNA Barcode,<br />

pois sequências desse gene funcionariam<br />

de 392 mil toneladas em 2013, para 483 mil<br />

toneladas em 2015, tendo um aumento de<br />

18,8% (IBGE 2013; 2014; 2015). O peixe que<br />

mais é produzido no <strong>Brasil</strong> é a tilápia, com<br />

219,33 mil toneladas.<br />

Dados da FAO (2013; 2014; 2016)<br />

mostram que, com o crescimento da população,<br />

o consumo de proteína<br />

animal, principalmente<br />

do pescado, vem aumentando<br />

também. No <strong>Brasil</strong>, o<br />

pescado é em sua maioria<br />

comercializado inteiro, fresco<br />

ou refrigerado congelado,<br />

e uma pequena parce-<br />

Na América do Sul, o<br />

consumo de quilos de pescado<br />

por habitante ao ano é menor do que o<br />

recomendado pela OMS, que é de 12 quilos.<br />

No <strong>Brasil</strong>, o consumo chega a 14,50 quilos<br />

por habitante/ano de acordo com o levantamento<br />

feito em 2013 (FAO, 2014; 2016).<br />

O código de barras<br />

do DNA<br />

como um código de barras.<br />

A idéia é a mesma do código de barras<br />

universal de produtos do mercado varejista,<br />

que emprega 10 números alternados em<br />

11 posições para gerar 100 bilhões de identipode<br />

haver até quatro possibilidades de nucleotídeos<br />

(adenina, citosina, guanina e timina)<br />

em cada posição, mas com uma cadeia de<br />

sítios mais longa que 11 posições (Figura 1).<br />

A combinação de apenas 15 dessas posições<br />

de nucleotídeos, por exemplo, criaria um<br />

bilhão de códigos únicos, um número muito<br />

maior do que o de espécies conhecidas,<br />

que é de aproximadamente 15 milhões. Isso<br />

apresentar uma sequência única de DNA<br />

Barcode (Hebert et al., 2003).<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

61


Figuras: © Danilo Alves Pimenta Neto<br />

Análise<br />

Foi criado um banco de sequências do DNA<br />

Barcode para todas as espécies existentes. Preferencialmente<br />

utilizando amostras depositadas em mudas<br />

por taxonomistas (Ratnasingham e Hebert, 2007).<br />

Esse banco de dados, denominado de BOLD (Barcode<br />

of Life Data System) permite associar outros tipos<br />

de dados às amostras tais como: fotos do espécimen<br />

(voucher); informações, como ponto, data da coleta<br />

e coletor; número do espécimen e instituição na<br />

qual foi depositado; dados taxonômicos; informações<br />

moleculares, como eletroferogramas das sequências,<br />

quais primers<br />

sequenciamento (BOLD, 2013).<br />

Além disso, no BOLD é possível realizar análises<br />

das sequências depositadas, como por exemplo,<br />

proteínas) de parada inesperados e ambiguidade na<br />

sequência (Ratnasingham e Hebert, 2007).<br />

é realizada pela comparação de uma sequência de interesse<br />

com sequências lá depositadas. Primeiramente<br />

a sequência de interesse é alinhada com as sequências<br />

DNA Barcoding na<br />

indústria do pescado<br />

Figura 1. Demonstrativo do código de barras do varejo e do DNA.<br />

depositadas no BOLD; em seguida é feita uma busca<br />

das 100 sequências mais similares com aquela de interesse;<br />

uma árvore de Neighbor-Joining é construída<br />

a espécie é atribuída àquela da sequência mais<br />

similar a ela (Frézal e Leblois 2008). Segunda<br />

espécie de insetos, aves e<br />

mamíferos só pode ser aceita se<br />

houver similaridade com alguma<br />

sequência do BOLD maior<br />

do que 97%, 98% e 98%, respectivamente.<br />

ovos a adultos - e seus produtos é importante para diversas<br />

áreas e pode viabilizar, por exemplo, a detecção<br />

de fraude ou substituição de espécies em transações<br />

comerciais (Smith et al., 2008).<br />

Atualmente o comércio de pescado é regulado<br />

por barreiras tanto econômicas, quanto sanitárias. A<br />

Existem dois tipos de erro de<br />

rotulagem em pescado: a substituição<br />

acidental e a intencional. A substituição<br />

acidental pode ocorrer devido à semelhança<br />

morfológica de espécies (Cawthorn et al,<br />

2012), mas também porque algumas espécies podem<br />

receber diferentes nomes comerciais dentro ou<br />

fora do país (Triantafyllidis et al., 2010), tornando a<br />

uma ferramenta importante para detecção de substituições<br />

ou fraudes intencionais frequentemente encontradas<br />

na forma de substituições por produtos de<br />

maior disponibilidade e menor valor comercial (CE-<br />

PAL, 2005).<br />

As fraudes por adulteração de alimentos podem<br />

ser realizadas intencionalmente com o intuito de<br />

mascarar más condições do produto, ludibriar o consumidor<br />

com produtos de menor valor comercial ou<br />

até mesmo esconder questões sanitárias.<br />

cada. Já a substituição intencional pode ser utilizada<br />

com espécies que normalmente seriam descartadas<br />

por não serem atrativas (Huxley-Jones et al., 2012) ou<br />

mesmo para vender espécies ameaçadas de extinção<br />

ou sobre-exploradas (Rasmussen e Morrissey, 2008).<br />

Há também casos de espécies de alto valor comercial<br />

sendo substituídas por outras de baixo valor comercial<br />

(Cawthorn et al., 2012).<br />

Substituições de pescado têm sido relatadas<br />

em vários países como o Canadá e Estados Unidos<br />

62<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


da América (Wong e Hanner,<br />

2008), Japão e Coreia (Baker,<br />

2008), Itália (Barbuto et al.,<br />

2010, Filonzi et al., 2010), Grécia<br />

(Triantafyllidis et al., 2010),<br />

Egito (Galal-Khallaf et al.,<br />

2014), África do Sul (Cawthorn<br />

et al., 2012) entre outros.<br />

No <strong>Brasil</strong>, um exemplo da<br />

aplicação do uso de análises<br />

de espécies, foi feita no Laboratório<br />

de Genética da Escola<br />

de Veterinária da UFMG que<br />

constatou a substituição do<br />

surubim comercializado na cidade<br />

de Belo Horizonte (Pseu-<br />

Tabela 1. Espécies com diferentes nomes comerciais dentro ou fora do país.<br />

doplatystoma corruscans) (Carvalho et al., 2011) e também em diversos outros peixes, comercializados no<br />

Sudeste, por espécies de menor valor comercial (Pimenta Neto, 2013; MGTV, 2013).<br />

No <strong>Brasil</strong>, algumas empresas que comercializam pescados tem um grande interesse por esse<br />

Estadual de Florestas de Minas Gerias (IEF) (Jornal Nacional, 2009).<br />

Agradecimento<br />

Agradecemos ao CNPq (INCT 573899/2008-8) e<br />

Avise, J.C. Molecular Markers, Natural History and Evolution, Chapman Hall,<br />

1994.<br />

wildlife trade. Molecular Ecology, 17(18), 3985–3998, 2008.<br />

Barbuto, M., Galimberti, A., Ferri, E., et al. DNA barcoding reveals fraudulent<br />

spp.). Food Research International, 43(1), 376–381, 2010.<br />

Carvalho, D.C., Neto, D.A.P., <strong>Brasil</strong>, B.S.A.F., et al. DNA barcoding unveils a high<br />

DNA, 22(S1), 97–105, 2011.), 30–40, 2012<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

analisando apenas características externas.<br />

63


A R T I G O S PA R A C U R T I R<br />

E C O M PA R T I L H A R<br />

E COLOGICAL ENGINEERING IN AQUACULTURE<br />

P OTENTIAL FOR INTEGRATED MULTI -TROPHIC AQUACULTURE (IMTA)<br />

IN MARINE OFFSHORE SYSTEMS<br />

Cientistas renomados<br />

na temática da aquicultura<br />

(Troell,<br />

Chopin, Neori, entre outros),<br />

de seis diferentes países,<br />

reuniram-se para escrever<br />

este excelente manuscrito<br />

publicado originalmente em<br />

setembro de 2009 na revista<br />

“<strong>Aquaculture</strong>”.<br />

P OR QUE DESENVOLVER A AQUICULTURA<br />

MULTITRÓFICA INTEGRADA (AMTI)?<br />

Longlines de kelp (Saccharina latissima) cultivada próximo<br />

a gaiolas de salmão do Atlântico (Salmo salar) em AMTI<br />

na empresa Cooke <strong>Aquaculture</strong> Inc., na Baía de Fundy,<br />

ponível em: www2.unb.ca/chopinlab/S...S...S/<br />

Nos últimos anos houve um aumento expressivo no interesse por informações sobre sistemas de cultivo<br />

que combinem espécies que se alimentam de ração (ex.: peixes), com espécies extrativas inorgânicas (ex.: algas)<br />

midades.<br />

(macroalgas, ostras, lagostas, pepinos-do-mar, etc).<br />

, entre eles, a exposição da<br />

Saiba mais acessando o artigo completo em www.journals.elsevier.com/aquaculture.<br />

64<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


C H A R G E S<br />

C AMARÃO A PREÇO DE OURO HIDROMASSAGEM<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

65


Poderá o conce ntrado substituir a<br />

pro dução local (“ on-site ”) de microalgas?<br />

D r . R o b e r t o B i a n c h i n i D e r n e r - r o b e r t o . d e r n er@ u f s c . b r<br />

Laboratório de Cultivo de Algas, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC.<br />

M<br />

uitos dos animais produzidos<br />

em aquicultura dependem<br />

das microalgas para sua nutrição.<br />

Reconhecidamente, a quantidade<br />

de microalgas consumida (tanto<br />

cultivadas quanto provenientes do<br />

ambiente natural) é muito maior<br />

do que a quantidade de pescado<br />

produzido, levando em conta o somatório<br />

da produção mundial de<br />

peixes, camarões e de moluscos.<br />

Desta forma, as microalgas não devem<br />

ser consideradas meramente<br />

como alimentos naturais, mas sim<br />

como um setor de produção e, na<br />

verdade, o maior em volume.<br />

© http://reedmariculture.com/<br />

Geralmente, maior atenção<br />

tem sido dada à produção de microalgas<br />

na etapa de larvicultura<br />

destes animais, uma vez que, em<br />

nível comercial não é possível a<br />

substituição das microalgas por<br />

redução dos índices (parâmetros)<br />

zootécnicos (sobrevivência, ganho<br />

em peso, resistência à doenças, etc.).<br />

Para suprir esta demanda, os laboratórios<br />

de larvicultura precisam<br />

desenvolver seus próprios cultivos<br />

de microalgas (produção local<br />

ou “on-site”), sendo que, diversas<br />

questões devem ser consideradas:<br />

o setor de produção de microalgas<br />

implica num grande investimento<br />

em infraestrutura;<br />

tem elevado custo de<br />

operação, considerando<br />

a necessidade de mão de<br />

obra especializada e os<br />

insumos, bem como, os<br />

sistemas de baixíssima<br />

produtividade; a produção<br />

das culturas<br />

pode ter variações em<br />

volume (épocas do ano,<br />

contaminação etc.) e<br />

na qualidade da bioco<br />

das células, valor<br />

nutricional); além disso,<br />

nem sempre a produção<br />

das culturas de<br />

microalgas está alinhada<br />

à demanda, assim,<br />

ora faltam microalgas,<br />

enquanto noutros momentos<br />

as culturas são<br />

desperdiçadas. Cabe esclarecer<br />

que, quando menor o laboratório<br />

mais complicada e dispendiosa<br />

será a produção local de microalgas.<br />

Diversos laboratórios em<br />

outros países têm empregado concentrados<br />

(ou pasta) de microalgas<br />

como uma alternativa, ou de<br />

forma complementar, à produção<br />

“on-site”. Visando esta demanda,<br />

algumas empresas oferecem estes<br />

concentrados como um produto<br />

comercial: InstantAlgae® e<br />

EasyAlgae®, por exemplo. Estes produtos<br />

têm sido empregados, principalmente,<br />

no cultivo de larvas e<br />

juvenis de moluscos, na larvicultura<br />

de camarões marinhos, e na produção<br />

de organismos forrageiros<br />

(copépodes, rotíferos e artêmia)<br />

para uso na alimentação de larvas<br />

de peixes marinhos.<br />

Na literatura internacional,<br />

diversos estudos dão conta de que<br />

o emprego da pasta de microalgas<br />

não causa redução nos índices<br />

zootécnicos em comparação<br />

ao uso das culturas (frescas) de<br />

microalgas. Mesmo assim, alguns<br />

pontos devem ser considerados:<br />

existe uma demanda por parte dos<br />

laboratórios brasileiros, entretanto,<br />

a aquisição depende de importação,<br />

ou seja, não existe produção<br />

comercial no <strong>Brasil</strong> e, por falta de<br />

regras de importação e de conhena<br />

alfândega e/ou sob condições<br />

inadequadas de conservação; outro<br />

fato que desestimula o uso das pas-<br />

66<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


BIOTECNOLOGIA DE ALGAS<br />

tas são as altas taxas<br />

de importação, tornando<br />

a aquisição<br />

do concentrado<br />

inacessível para<br />

muitos produtores.<br />

Assim, são raros os<br />

laboratórios nacionais<br />

que têm alguma<br />

experiência no<br />

uso deste produto.<br />

© Roberto Derner<br />

Visando suprir<br />

esta lacuna, no<br />

Laboratório de Cultivo<br />

de Algas da UFSC estão sendo<br />

desenvolvidas pesquisas relacionadas<br />

aos processos de produção, de<br />

armazenamento e de utilização da<br />

pasta de microalgas. Inicialmente,<br />

as pesquisas têm como objetivo o<br />

desenvolvimento de um pacote<br />

tecnológico para a produção da<br />

pasta da microalga Nannochloropsis<br />

oculata, que é uma espécie<br />

amplamente usada em laboratórios<br />

de larvicultura de peixes marinhos,<br />

entretanto, outras espécies já estão<br />

sendo avaliadas.<br />

A produção da pasta de microalgas<br />

tem algumas limitações,<br />

como o emprego de sistemas de<br />

cultivo de baixa produtividade<br />

ta a separação das células algais<br />

do meio de cultura, seja pela baixa<br />

sumo de energia, demanda de mão<br />

de obra, etc.<br />

Para a obtenção da pasta, as<br />

culturas podem ser<br />

concentradas de<br />

diferentes formas:<br />

por exemplo; sendo<br />

que somente<br />

a centrifugação é<br />

aplicada comercialmente.<br />

Além disso,<br />

cia no processo<br />

de separação, são potencialmente<br />

tóxicos para os organismos que<br />

serão alimentados. Quanto à estocagem<br />

(tempo de prateleira), a<br />

pasta de microalgas pode apresentar<br />

variações na composição<br />

bioquímica e, consequentemente,<br />

perda na qualidade nutricional.<br />

Com o tempo, e/ou má conservação,<br />

pode haver proliferação<br />

microbiana e degradação dos<br />

compostos, principalmente dos<br />

ácidos graxos poli-insaturados,<br />

carboidratos e proteínas. Assim,<br />

faz-se necessária uma série de estudos<br />

focada na produção e na conservação<br />

da pasta de microalgas, a<br />

produto nacional.<br />

Esta matéria contou<br />

com a colaboração do acadêmico<br />

Rafael Sales, doutorando do<br />

PPGAQI/UFSC.<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

67


G r een T e chn olo g ies<br />

Carbono:nitrogênio, a “doce” relação<br />

empregada nos sistemas de bioflocos<br />

Dr. Maurício Gustavo Coelho Emerenciano - UDESC, Laguna, SC<br />

mauricioemerenciano@hotmail.com<br />

A<br />

coluna “Green Technologies” desta edição aborda<br />

um tema que intriga muitos produtores e técnicarbono:nitrogênio<br />

(C:N) e o motivo de utilizarmos<br />

“açúcares” ou fontes de carbono externo, como melaço<br />

© Sara Pinho<br />

Como já sabemos, a “essência” do sistema de<br />

to? Correto! E essa riqueza é devido essencialmente pelas<br />

trocas de água mínimas ou nulas, que concentram<br />

os nutrientes no ambiente de cultivo, ambiente este<br />

que possui constante aeração e movimento (turbulência)<br />

de água. Mas não basta somente concentrar estes<br />

nutrientes, eles tem que estar presentes de uma maneira<br />

balanceada. Em outras palavras, com uma relação<br />

C:N adequada (ou “mais elevada”), geralmente entre<br />

12-20:1, fomenta-se o crescimento de microrganismos<br />

desejáveis do sistema: degradadores de matéria<br />

Além disso, e não menos importantes, grupos<br />

se desenvolvem paralelamente por encontrar um amtivo,<br />

onde gradualmente se reduz a incorporação do<br />

carbono externo, este grupo representará cerca de 2/3<br />

da transformação do nitrogênio amoniacal. Mas vale<br />

ressaltar um ponto extremamente importante: estas<br />

bactérias não degradam a matéria orgânica. Não é seu<br />

papel, sua natureza. E sim oxidam a amônia em nitrito<br />

e nitrito a nitrato, utilizando carbono inorgânico para<br />

seu metabolismo, que é considerado mais lento, e que<br />

demoram em colonizar o ambiente de cultivo. Para fomentar<br />

e manter esses grupos estáveis é fundamental<br />

um pH mais neutro, alcalinidade acima dos 100mg/L<br />

e concentrações elevadas de oxigênio dissolvido.<br />

Figura 1 . Uso de fontes de carbono devem ser sempre acompanhado<br />

do monitoramento periódico dos sólidos no ambiente de cultivo.<br />

Mas se a tarefa é controlar e diminuir eventuais<br />

picos de nitrogênio amoniacal em um ciclo já<br />

em andamento (em virtude, por exemplo, de uma<br />

novamente utilizar a “doce relação” até que a mesma<br />

se reestabeleça. No entanto, deve-se empregar uma<br />

relação mais baixa (ou 6:1; proposto por Ebeling et al.<br />

2006) que leva em consideração os valores de nitrogênio<br />

amoniacal total presente na água de cultivo. Mas<br />

prudência e controle criterioso são a chave do sucesso!<br />

O excesso da adição destes açúcares tendem a aumencomo<br />

resultado pode ser observado uma diminuição<br />

dos níveis de oxigênio dissolvido, redução do pH e novos<br />

picos de amônia e nitrito no sistema. A tarefa não é<br />

fácil. Cautela, monitoramento e muita observação são<br />

palavras que não devem ser esquecidas. Mãos a obra!<br />

68<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


E m p r eendedorismo<br />

Aqu í c ola<br />

D i n â m i c a X<br />

E s t á t i c a<br />

André Camargo<br />

Escama Forte<br />

andre@escamaforte.com.br<br />

ontrariando sempre<br />

as leis da física<br />

a aquicultura apresenta componentes biológicos,<br />

climáticos e humanos que a tornam uma ciência<br />

inexata. Inexata a ponto de empresarialmente causar<br />

reviravoltas de grande porte neste setor pujante do<br />

agronegócio brasileiro.<br />

O exemplo de fascínio<br />

que exploraremos<br />

agora é a carcinicultura brasileira,<br />

a qual passa por um<br />

momento histórico e decisivo<br />

em sua história. Depois<br />

de anos de convivência com<br />

o vírus da mancha branca no<br />

país o mesmo atinge o maior<br />

estado produtor do país, o<br />

Ceará. Tal fato, somado à seca<br />

e falta de água, incidem sobre<br />

este importante produtor nacional,<br />

elevando mortalidades<br />

a níveis nunca antes vistos,<br />

assustando os produtores e<br />

levando cerca de noventa por<br />

vazios por no mínimo precaução.<br />

C<br />

Por outro lado, os<br />

mercados consumidores<br />

brasileiros, que se habituaram<br />

a consumir o camarão de<br />

criação pressionaram a oferta<br />

restrita e ativaram a famosa lei<br />

da “Oferta e Demanda”, como conclusão temos hoje os<br />

preços praticamente duplicados nos centros urbanos<br />

quando comparamos com o início do ano de 2016.<br />

Esta auto-regulação do mercado vem a premiar<br />

e estimular aqueles produtores de outros estados,<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

como Rio Grande do Norte e Paraíba entre outros,<br />

que por anos sofreram com a tal “mancha branca” e<br />

aos poucos aprenderam a conviver com ela, gerando<br />

números aceitáveis e remuneradores, sem falar<br />

naqueles projetos que investiram em novos processos<br />

tecnológicos que protegem suas criações das infecções<br />

e trazem produtividades que batem qualquer grande<br />

número ao longo do mundo.<br />

Neste momento então a<br />

dinâmica venceu a estática,<br />

os produtores que aprenderam<br />

a conviver com a<br />

doença, os produtores que<br />

investiram em novas tecnologias<br />

e as empresas que<br />

acreditaram no potencial<br />

de produção de nossa gente,<br />

venceram. Se tivessem<br />

camarote mais um caso de<br />

sucesso da aquicultura brasileira.<br />

Caso de sucesso este que<br />

hoje traz ao perseverante<br />

um preço excelente e que<br />

remunera sua produção<br />

de forma justa e honrada,<br />

sucesso este que a pouco<br />

tempo não era imaginado<br />

nem pelo mais otimista dos<br />

carcinicultores que tinham<br />

“mancha branca” em suas<br />

áreas. Cabe agora ao carcinicultor cearense, arregaçar<br />

as mangas, seguir os passos de boas práticas de manejo<br />

necessárias para vencer o vírus e com certeza em breve<br />

voltar ao topo da aquicultura cearense e brasileira.<br />

Figura: © André Camargo<br />

69


NUTRIÇÃO<br />

O valor dos carboidratos na<br />

nutrição aquícola<br />

Dr. Artur Nishioka Rombenso<br />

Universidade Autônoma de Baja California, Ensenada, México.<br />

arturnr@yahoo.com.br<br />

O<br />

s carboidratos são macronutrientes encontrados<br />

naturalmente, sendo compostos por carbono, hidrogênio<br />

e oxigênio em proporções que geralmente<br />

seguem a fórmula CH 2<br />

O. Esses nutrientes são uma<br />

ótima fonte de energia (17 kj/g) e estão amplamente<br />

dos quanto à complexidade de sua composição química,<br />

baseada no número de monossacarídeos (açúcares<br />

simples) existentes na cadeia da molécula e em como<br />

eles são conectados. Compostos simples como os<br />

monossacarídeos (glucose, frutose) são prontamente<br />

utilizados. O mesmo é válido para os dissacarídeos (sucrose,<br />

lactose) e alguns oligossacarídeos (amido), porém<br />

compostos mais complexos como os polissacarídeos<br />

(celulose e quitina) são mais difíceis de digerir.<br />

Diferentemente das proteínas e dos lipídios,<br />

os carboidratos não são exigidos nutricionalmente<br />

por peixes e camarões, pois eles podem sintetizar, de<br />

que não sejam carboidratos, como por exemplo, os<br />

aminoácidos. Estudos relatam que esses organismos<br />

podem viver felizes e saudáveis quando alimentados<br />

com dietas sem carboidratos. Então, por que os carboidratos<br />

são incluídos nas dietas aquícolas? E por<br />

que existe tanta pesquisa aplicada buscando compreender<br />

o metabolismo desses nutrientes? No processo<br />

de formulação, após satisfazer as exigências nutricionais<br />

por aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas<br />

e minerais, é comum a inclusão de carboidratos, pois:<br />

1<br />

2<br />

Os carboidratos são disponíveis globalmente<br />

e constituem uma fonte barata de energia;<br />

Em termos de energia disponível para os organismos,<br />

os carboidratos podem ser utilizados<br />

no lugar das proteínas e dos lipídios (processo<br />

conhecido em inglês como “protein- and<br />

lipid-sparing”), possibilitando formulações mais<br />

3<br />

Esses nutrientes funcionam como ligantes, possibilitando<br />

a peletização e extrusão das dietas,<br />

pois seria impossível a fabricação de dietas à base<br />

de apenas proteínas e lipídios, sem contar o custo<br />

altíssimo dessa dieta, e a garantia da qualidade<br />

do pellet<br />

estabilidade em água, etc.) conforme o desejado;<br />

Os carboidratos auxiliam na estabilidade fecal e<br />

4<br />

gastrointestinal.<br />

O ambiente aquático é rico em proteínas e<br />

lipídios, porém pobre em carboidratos. Dessa forma,<br />

é esperado que os organismos aquáticos possuam certas<br />

limitações para utilizar esses nutrientes. Porém,<br />

devido à grande variedade de organismos aquáticos,<br />

certas espécies utilizam melhor os carboidratos como<br />

fonte nutricional (energética) através de determinacategoriza<br />

em três grandes grupos os multi-fatores que<br />

1<br />

Biologia, que inclui hábitos de alimentação, exercício<br />

e genótipo;<br />

Dieta, que inclui fonte de carboidrato (origem<br />

2 botânica, complexidade molecular e estado físico),<br />

nível de inclusão e regime alimentar, e interação de<br />

nutrientes;<br />

Ambiente, que inclui temperatura, salinidade, estresse<br />

e fotoperíodo (Kamalam et al.,<br />

3<br />

2016).<br />

pécies menos carnívoras) e que vivem em ambientes<br />

menos salinos utilizam os carboidratos de maneira<br />

pela temperatura, as espécies de águas tropicais são<br />

comparadas com espécies subtropicais e temperadas.<br />

Além disso, uma espécie criada na extremidade supe-<br />

70<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


ior de seu intervalo térmico (intervalo de temperatura ideal de criação) irá digerir carboidratos mais prontamente<br />

do que a mesma espécie criada na extremidade inferior do seu intervalo térmico. Em segundo lugar,<br />

de água doce também utilizam melhor os carboidratos do que espécies marinhas. Uma tentativa de generalizar<br />

a utilização de carboidratos em peixes consistiria em:<br />

> > > ><br />

Carpa capim Carpa comum Tilápia Olhete Salmão<br />

Figura: © Artur Nishioka Rombenso<br />

Hábito alimentar<br />

O intuito desse artigo<br />

foi relatar, em termos<br />

gerais, a importância dos<br />

carboidratos na nutrição<br />

mente quanto em termos<br />

de fabricação dos alimentos,<br />

e também ressaltar<br />

que existem vários grupos<br />

de pesquisa focados na nutrição<br />

de carboidratos, embora<br />

o enfoque ainda seja<br />

menor do que em relação<br />

às proteínas e lipídios.<br />

Fatores Biológicos<br />

Exercício<br />

Genótipo<br />

Origem<br />

botânica<br />

Uso do CHO<br />

Complecidade<br />

Molecular<br />

Temperatura<br />

Fatores Nutricionais<br />

Salinidade<br />

Fatores Ambientais<br />

Estresse<br />

Outros<br />

nutrientes<br />

Fotoperíodo<br />

Processamento<br />

and future strategies. <strong>Aquaculture</strong>, in press. Doi: 10.1016/j.aquaculture.2016.02.007<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

71<br />

__


L<br />

Fábio Rosa Sussel - Zootecnista, Dr.;<br />

Pirassununga, SP.<br />

sussel@apta.sp.gov.br<br />

egalização dos projetos aquícolas.<br />

Sem sombra de dúvidas<br />

este é o maior desejo de todos<br />

os aquicultores do <strong>Brasil</strong>. Recentemente<br />

o estado de São Paulo deu<br />

um importante passo para isto, já<br />

que em 1º de novembro de 2016<br />

o governador do estado assinou<br />

processo de licenciamento, redução<br />

das taxas e regras a serem cumpridas,<br />

é o resumo e é o que se espera,<br />

na prática, deste novo decreto. Os<br />

aquicultores terão o prazo de 1 ano<br />

para se adequarem às novas regras.<br />

O mesmo é fruto de um<br />

trabalho árduo de pelo menos 3<br />

anos que envolveu várias reuniões<br />

entre setor produtivo, lideranças<br />

políticas, Secretaria de Agricultura<br />

e Secretaria do Meio Ambiente<br />

do Estado. O que resultou em<br />

decisões maduras e equilibradas<br />

no que se refere à necessidade de<br />

produzirmos alimentos com res -<br />

peito ao meio ambiente.<br />

Atrelado ao novo decreto<br />

-<br />

cial do estado, em 1º de dezembro<br />

de 2016, uma lista das espécies permitidas<br />

para criação. Tal lista foi<br />

elaborada pelo Instituto de Pesca de<br />

São Paulo em consenso com o setor<br />

produtivo. Num primeiro momen -<br />

to esta publicação contempla uma<br />

séria de espécies alóctones, exóticas<br />

e híbridas que possuem algum<br />

potencial econômico e zootécnico<br />

pra serem cultivadas. A cada 2<br />

anos esta lista será revista e aquelas<br />

espécies que não apresentarem<br />

relevância econômica/zootécnica<br />

serão retiradas da lista.<br />

demonstrar na prática<br />

que podemos sim<br />

produzir alimentos sem<br />

prejuízos ao<br />

meio ambiente. ”<br />

Em poucas palavras, foi isto<br />

que ocorreu nos últimos meses no<br />

estado de São Paulo. Quer dizer que<br />

agora esta fácil criar peixes, inclusive<br />

exóticos e híbridos, em águas<br />

paulistas? Não, muito pelo contrário.<br />

A responsabilidade sobre o<br />

Até porque, a partir do regramen -<br />

to, os órgãos ambientais passarão<br />

maior. E o setor produtivo precisa<br />

responder a altura este novo desa-<br />

Na coluna da edição passada<br />

escrevi que “cultivamos água,<br />

não peixe ou camarão ou moluscos...”.<br />

Fazendo alusão a necessidade<br />

de cuidarmos ainda mais<br />

do nosso bem mais precioso. Sem<br />

perder este foco, sugiro um olhar<br />

diferente para a atividade: “cultivamos<br />

água para produzirmos proteí -<br />

na animal”. Sem qualquer vaidade<br />

em relação a espécies ou sistemas<br />

de cultivo. Sem vaidades, mas com<br />

responsabilidade! Não tenho dúvidas<br />

que temos condições técnicas e<br />

viabilidade econômica para nos anteciparmos<br />

de futuros problemas<br />

ambientais. Mais do que qualquer<br />

outra atividade agropecuária,<br />

a aquicultura depende de um<br />

ambiente de qualidade e em<br />

equilíbrio. Então, por que esperar<br />

Ainda sem usufruirmos<br />

dos 30% de ganho em produtividade<br />

que o melhoramento genético<br />

e a nutrição proporcionam, a aqui -<br />

de se produzir proteína animal. E<br />

temos plenas condições de também<br />

sermos a forma mais sustentável.<br />

Para tanto, é urgente a necessidade<br />

de pensarmos em planos de contenção<br />

para evitar escapes, bem<br />

como na reutilização da água de<br />

“descarte” das pisciculturas em<br />

tanques escavados.<br />

72<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


ATUALIDADES & TENDÊNCIAS NA<br />

AQUICULTURA<br />

Os trâmites para se chegar ao<br />

novo decreto<br />

A construção deste novo<br />

decreto se deu a partir de um trabalho<br />

árduo envolvendo as partes<br />

interessadas. Considerando que<br />

o mesmo pode servir de<br />

modelo para que os outros<br />

estados da federação também<br />

criem seus próprios<br />

decretos, vou tentar resumir<br />

as etapas envolvidas.<br />

Acho importante<br />

citar alguns nomes tanto<br />

para deixar claro como<br />

a questão avançou quanto<br />

também uma forma<br />

de reconhecimento<br />

ao excelente trabalho<br />

realizado por estas pessoas.<br />

Mesmo que eu<br />

cometa a injustiça de<br />

deixar algum nome de<br />

fora, acho importante relatar isto.<br />

Do lado do setor produtivo,<br />

houve a liderança dos piscicultores<br />

Martinho Colpani e Emerson<br />

Esteves. O primeiro na condição<br />

de presidente da Câmara Setorial<br />

do Pescado e o segundo como<br />

presidente da Associação Peixe<br />

SP. Outros produtores deram incondicional<br />

apoio, mas estes dois<br />

foram além e não mediram esforços<br />

para lutar pela causa. Estes<br />

produtores tiveram o apoio do<br />

diretor do Instituto de Pesca de<br />

SP, Dr. Luiz Ayroza, que prontamente<br />

abraçou a causa e foi peça<br />

fundamental para fazer a ligação<br />

entre setor produtivo e governo,<br />

contando sempre com o apoio do<br />

Dr. Orlando de Melo Castro, diretor<br />

geral da APTA, José Fontes,<br />

assessor técnico da Secretaria de<br />

Agricultura e Alberto Amorim,<br />

secretário-executivo das Câmaras<br />

Setoriais.<br />

Inicialmente, várias<br />

reuniões entre setor produtivo,<br />

Secretaria de Agricultura<br />

e Secretaria do Meio Ambiente<br />

do Estado. Em seguida, buscou-se<br />

apoio político para que as discussões<br />

ganhassem status de decreto.<br />

E aí os deputados estaduais<br />

Sebastião Santos, Barros Munhoz e<br />

Itamar Borges se comprometeram<br />

em apoiar a causa.<br />

Por parte da Secretaria do<br />

Meio Ambiente, o secretário Ricardo<br />

Salles teve a sensibilidade<br />

de ouvir e discutir com sua equipe<br />

técnica as demandas do setor produtivo.<br />

Do lado da Secretaria da<br />

Agricultura, o secretário Arnaldo<br />

Jardim, o qual teve como premissa<br />

que os piscicultores são os maiores<br />

interessados em cuidar do meio<br />

ambiente e dos recursos hídricos,<br />

também foi peça chave para o<br />

desenrolar deste novo decreto.<br />

Setor produtivo<br />

unido, com objetivos<br />

claros, texto amplamente<br />

discutido e debatido entre<br />

as partes envolvidas,<br />

proposta devidamente<br />

lastreada com o apoio de<br />

lideranças políticas, culminou<br />

na sensibilização<br />

do governador Geraldo<br />

Alckmin que, em seu discurso<br />

no dia da assinatura<br />

do decreto, demonstrou<br />

grande conhecimento sobre<br />

o assunto e grande segurança<br />

sobre o ato.<br />

Em resumo, a aquicultura<br />

paulista alcançou o objetivo e<br />

a sensação é que deu-se um imé<br />

demonstrar na prática que podemos<br />

sim produzir alimentos sem<br />

prejuízos ao meio ambiente. E volmas<br />

que com bom senso e usando<br />

de tecnologias já disponíveis, po-<br />

Figura: © Imprensa Itamar Borges<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

73


A Argentina sempre<br />

foi o campo de testes de tudo.<br />

Só faltou a bomba nuclear.<br />

Em outubro, na minha última<br />

viagem ao país vizinho, a televisão<br />

só comentava a crise com<br />

a Inglaterra porque o país do Norte iria fazer uns testes<br />

de armas pela região das Ilhas Malvinas no Atlântico<br />

Sul. Os argentinos também lideraram no passado os<br />

testes da soja transgênica. Os testes deram certo. Hoje<br />

a Argentina produz milhões de toneladas e transformou-se<br />

em um dos maiores produtores do planeta.<br />

Uma notícia bombástica circulou numa importante<br />

lista de discussão da aquicultura brasileira<br />

(16/09/2016) mais ninguém deu muita importância,<br />

até porque todos acharam que não era verdadeira.<br />

Para introduzir nas terras tupiniquins um lote de<br />

animais exóticos que se cultivem normalmente no país<br />

é uma novela, alevinos transgênicos seria impossível.<br />

Participei como professor em outubro de um<br />

curso de Piscicultura Marinha no INIDEP (Instituto<br />

Nacional de Desenvolvimento Pesqueiro – Mar del Plata<br />

- Argentina) ministrando um par de aulas de genética.<br />

Na minha segunda participação dissertei sobre ferramentas<br />

aplicadas ao melhoramento genético, onde<br />

mergulhei no melhoramento clássico, manipulações<br />

nalizar com os transgênicos. Apresentei alguns slides<br />

com o constructo do transgênico do salmão, a região<br />

meu último slide a notícia da internet e deixei no ar:<br />

Será v e rdad e?<br />

Na turma de alunos estava o Secretário de Pesca<br />

e Aquicultura da Argentina, que tinha ido abrir o curso<br />

com uma palestra introdutória do status da aquicultura<br />

no país, sendo que na ocasião de sua fala não mencionou<br />

nada dos testes com os peixes geneticamente<br />

Aquicult u r a<br />

L a tino - a meric ana<br />

Trans gê nico s n a Améric a do S u l :<br />

Vo cê é a fa v o r o u cont ra a l ibera ç ão do salmão<br />

t ra nsgê n i co?<br />

Dr. Rodolfo Luís Petersen - Universidade Federal do Paraná (UFPR), Pontal, PR.<br />

rodolfopetersen@hotmail.com<br />

“De repente, o secretário nos possa dar uma<br />

luz sobre a veracidade da Notícia”<br />

“Estão sendo realizados testes no Estado de<br />

Santa Cruz, na Patagônia, em condições de biossegurança”.<br />

Perguntei-lhe:<br />

dução dos alevinos? ”<br />

E sem titubear mais uma vez respondeu:<br />

“Montamos uma comissão de biossegurança<br />

que analisou a proposta da empresa canadense em parceria<br />

com uma empresa argentina e aprovamos”.<br />

Assim como estava participando o secretário,<br />

haviam também alunos de muitas instituições de pesquisa<br />

e universidades, inclusive do <strong>Brasil</strong>, Uruguai e Peru.<br />

Quando comentava com meus amigos fora do<br />

âmbito acadêmico me comentaram:<br />

“Macri e suas equipes estão fazendo isso. Não<br />

negócio topam sem vacilar e sem consultar a ninguém”.<br />

Os ictiólogos argentinos conservacionistas não<br />

sabem nada. Os poucos aquicultores tampouco sabem.<br />

Os organizadores do curso de piscicultura marinha tampouco<br />

sabiam.<br />

Os alevinos canadenses já pousaram em território<br />

sul-americano. Pareceu-me entender do<br />

secretário que há algumas empresas chilenas envolvidas<br />

no negócio.<br />

Vo cê é a fa v o r ou co ntra o s<br />

t ra n s gêni co s?<br />

Como tudo depende de tudo, em princípio,<br />

sou a favor!<br />

74 AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

AQUACULTURE BRASIL - JULHO/AGOSTO 2016<br />

75


Recirculating <strong>Aquaculture</strong><br />

Systems<br />

Chegou a hora de retenção de<br />

sólidos em RAS<br />

Dr. Marcelo Shei - Altamar Equipamentos<br />

e Sistemas Aquáticos. Santos, SP.<br />

shei@altamar.com.br<br />

www.altamar.com.br<br />

A<br />

remoção de sólidos é uma das principais etapas<br />

em um sistema de recirculação de água (RAS).<br />

Como é previsível, os sólidos presentes em um<br />

RAS são provenientes basicamente de restos de alimentos<br />

e fezes. A decomposição dessas partículas na<br />

Figura: © www.altamar.com.br<br />

Filtro Bag<br />

e na produção de grandes quantidades de amônia nitrogenada,<br />

o que torna a remoção desse material uma<br />

prioridade em um RAS.<br />

Quanto a divisão, os sólidos são divididos em<br />

três diferentes categorias: sedimentáveis (SS), suspencessitam<br />

da nossa atenção são os SS e os suspensos.<br />

Os SS são os maiores, possuem uma faixa de tamanho<br />

de cerca de 100 micras, sendo os mais fáceis de manejar<br />

e, por isso, devem ser removidos dos tanques<br />

rapidamente.<br />

O uso da saída de água dos tanques pelo fundo<br />

e a utilização de padrões de circulação e de tanques<br />

com formatos arredondados e sem agitação, tornam a<br />

tarefa mais fácil. Com isso, após se acumularem, os SS<br />

podem ser removidos diretamente do tanque através<br />

O que tenho observado é que os centros de<br />

pesquisa e produção que visito no <strong>Brasil</strong> ainda estão<br />

repetindo metodologias antigas, iniciadas pelos professores<br />

dos professores. Muitos dos sistemas geralmente<br />

não levam em consideração as faixas de tamanho<br />

de partículas e esquecem que após a remoção<br />

dos sólidos dos tanques de cultivo, estes precisam ser<br />

removidos do sistema, o que mantém o problema<br />

descrito no primeiro parágrafo sobre o consumo de<br />

oxigênio e da produção de nitrogenados no sistema.<br />

mentação com passagem lenta.<br />

É muito comum encontrar sistemas que utilizam<br />

toneladas de brita, cascalho ou areia como meio<br />

Sistemas para aquicultura, geralmente removem<br />

sólidos até a faixa de 50 micras. Para essa<br />

faixa de partículas, os métodos mais utilizados são as<br />

mídias granulares, telas e hidrociclone pressurizado.<br />

nam a tarefa de remoção dos sólidos acumulados<br />

Atualmente existe uma gama crescente de<br />

soluções para a remoção de sólidos da água. Alguns<br />

tamanho (


RANICULTURA<br />

A<br />

SERÁ A ESPECIALIZAÇÃO O CAMINHO?<br />

Dr. Andre Muniz Afonso<br />

Universidade Federal do Paraná (UFPR), Palotina, PR.<br />

andremunizafonso@gmail.com<br />

ranicultura é uma atividade zootécnica por essência<br />

e seu ciclo produtivo pode ser dividido em 3 fases distintas<br />

– reprodução, larvicultura ou girinagem e engorda.<br />

A atividade completou 80 anos de existência no <strong>Brasil</strong> em<br />

2015. Muitos modelos de produção foram criados, uns<br />

em uso, ainda que aprimorados, outros completamente<br />

abolidos. A alimentação também continua sendo motivo<br />

maior percentual de custo da produção, além disso, seu<br />

desenvolvimento resulta em melhor aproveitamento dos<br />

nutrientes da dieta e menor descarga de dejetos. Porém,<br />

o ranicultor ainda desenvolve todas as etapas de criação.<br />

Um ranário clássico é conhecido por desenvolver a ranicultura<br />

integral, onde todas as suas fases estão representadas.<br />

Devemos manter esse formato ou seguir o exemplo<br />

de outras cadeias produtivas, como as do frango, dos<br />

suínos e dos peixes? Será a especialização o caminho?<br />

Para respondermos é necessário entender primeiro<br />

cada etapa do ciclo produtivo. A reprodução<br />

é composta por animais que, desejavelmente, devem<br />

possuir características zootécnicas interessantes e baixa<br />

consanguinidade, de modo a obter-se o máximo de<br />

heterose possível aliada às características de produção<br />

transformam em juvenis<br />

são pequenos. A falta de padrão<br />

se dá pela ausência de<br />

no que tange a esse segmento.<br />

Reprodução e engorda acontecem ainda que o produtor<br />

erre, mas a girinagem não. Ela é um grande gargalo.<br />

cia, rendimento de carcaça, entre outras. Devido à não<br />

especialização, hoje os ranários não possuem reprodutores<br />

selecionados, muitas vezes são consanguíneos e não<br />

existe marcação dos animais, logo não se pode traçar<br />

um esquema de cruzamentos favoráveis, nem tampouco<br />

conhecer sua história reprodutiva. Como a reprodução<br />

é o berço de qualquer atividade de criação, a falta de<br />

conhecimento e investimento nessa etapa provoca uma<br />

A fase seguinte, representada pela criação dos girinos,<br />

é realizada em tanques de dimensões diversas, por<br />

materiais de cobertura diversos, com densidades animais<br />

diversas, ainda que existam orientações relacionadas a<br />

esses detalhes. Por que isso ocorre? Normalmente<br />

porque se superdimensiona a reprodução e se<br />

subdimensiona a larvicultura, logo são obtidas<br />

muitas desovas e o produtor, por não<br />

querer desperdiçá-las, acaba por adensar<br />

taxas de mortalidade se<br />

e os animais<br />

elevam<br />

que se<br />

Figura 1. Instalações de laboratório de reprodução de um ranicultor<br />

especializado na produção de juvenis (Afonso, 2013).<br />

subdividida em inicial (criação dos imagos ou juveseu<br />

peso e tamanho são inferiores ao padrão ideal.<br />

Pode ocorrer maior mortalidade e mais ração será<br />

empregada no sentido de conduzir o animal ao<br />

o custo de produção. Após 50 gramas passamos a<br />

chamá-los somente de rãs e sua criação é extremante<br />

fácil, ainda que desenvolvida de diferentes maneiras.<br />

Agora podemos responder que manter o formato<br />

atual não é o melhor caminho, portanto somos<br />

favoráveis à especialização. Ela pode promover uma mudança<br />

conceitual na forma como se produzem as rãs.<br />

e permite a concentração de esforços e investimentos.<br />

Figura 2. Técnico aplicando hormônio indutor da reprodução em<br />

macho de rã-touro americana (Afonso, 2014).<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

77


Aquicultura de Precisão<br />

Robôs na piscicultura marinha:<br />

uma realidade chilena<br />

Dr. Eduardo Gomes Sanches - Instituto de Pesca de São Paulo, Ubatuba, SP<br />

esanches@pesca.sp.gov.br<br />

E<br />

stive no Chile em outubro visitando a AquaSur<br />

(uma das maiores feiras de aquicultura) e<br />

aproveitando para conhecer o que nossos colegas<br />

chilenos andam fazendo em piscicultura marinha.<br />

Foram quase vinte dias de viagem. Saímos do sul<br />

do Chile (Puerto Montt, local da AquaSur) e rodamos<br />

mais de 2.000 km até Caldera (norte do Chile).<br />

Visitamos diversos empreendimentos e conhecemos<br />

desde cultivos de trutas e salmões até um cultivo<br />

de olhetes (Seriola lalandi) em tanques-rede submo<br />

e o grau de tecnologia que é adotado pela piscicultura<br />

marinha chilena.<br />

remota. Na prática, são<br />

pequenos submarinos<br />

com câmeras e braços que fazem diversas atividades<br />

subaquáticas.<br />

Atualmente diversas operações de rotina<br />

na piscicultura marinha (inspeção das panagens e<br />

das estruturas de fundeio, retirada de peixes mortos,<br />

coleta de água e sedimentos) são realizadas<br />

por mergulhadores. Estes trabalhos trazem uma série<br />

de riscos não sendo raro a ocorrência de acidentes,<br />

muitas vezes fatais. A atividade de mergulho possui<br />

alto grau de incidência de problemas laborais.<br />

Preocupados com isto algumas empresas no<br />

Chile trabalham com o desenvolvimento e a implementação<br />

da tecnologia robótica visando automatizar<br />

e potencializar os manejos submarinos nos empreendimentos<br />

de piscicultura marinha. Já existe em testes<br />

até um ROV que costura panagens! E engana-se<br />

quem acha que os ROVs vão tirar o emprego dos mergulhadores.<br />

Os mini-submarinos fazem o “trabalho<br />

duro” indicando exatamente onde os mergulhadores<br />

devem realizar suas tarefas, poupando horas de submersão<br />

em inspeções perigosas e possibilitando uma<br />

ação “cirúrgica”<br />

s o bre os<br />

© Eduardo Gomes Sanches<br />

pontos que demandam<br />

ações<br />

de correção.<br />

© Eduardo Gomes Sanches<br />

Poderia escrever muito sobre tudo que<br />

vi mas nesta coluna vou contar sobre o que mais<br />

me chamou atenção. A utilização de ROVs.<br />

O que é isto ? Rovs (Remote Operated Vehicle) são<br />

pequenos veiculos submarinos (40 a 50 kg) impulsionados<br />

por motores elétricos e operados de forma<br />

Pude<br />

operar um<br />

destes ROVs<br />

na AquaSur<br />

(e confesso<br />

que apesar das<br />

minhas limitadas<br />

habilidades<br />

até que me saí bem) e conhecer o potencial desta tecnologia<br />

de precisão. Nas próximas colunas vou contar<br />

mais sobre as diversas tecnologias de precisão que os<br />

piscicultores marinhos chilenos utilizam. Quem sabe<br />

um dia não veremos ROVs inspecionado cultivos de<br />

bijupirá no <strong>Brasil</strong>!<br />

78<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


que podemos observar é que a piscicultura<br />

O marinha de peixes de corte a nível mundial é<br />

basicamente direcionada para espécies carnívoras.<br />

Como exemplo temos o salmão, as diversas espécies<br />

de linguado e mais recentemente o bijupirá e o atum.<br />

Diferentemente, na piscicultura dulcícola o que podemos<br />

observar é a grande dominação e expansão<br />

da produção de espécies onívoras. Apenas como<br />

exemplo as duas principais espécies produzidas na<br />

piscicultura brasileira são a tilápia e o tambaqui,<br />

que juntas representam 70% da produção nacional.<br />

Piscicultura Marinha<br />

PORQUE A PISCICULTURA MARINHA PRODUZ<br />

APENAS ESPÉCIES CARNÍVORAS?<br />

Dr. Ricardo Vieira Rodrigues - vr.ricardo@gmail.com<br />

Estação Marinha de Aquicultura (EMA)<br />

Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande, RS<br />

Em termos gerais a larvicultura de peixes marinhos<br />

não é realizada de forma extensiva, pois para as espécies<br />

carnívoras apresenta<br />

baixas taxas de<br />

sobrevivência e praticamente<br />

sua totalidade<br />

de juvenis produzidos<br />

é realizado em sistema<br />

intensivo, o que vem<br />

sendo copiado para<br />

as espécies onívoras<br />

marinhas. A larvicultura<br />

intensiva, além de<br />

ser trabalhosa é bastante<br />

longa, durando de 30<br />

a 60 dias para a maioria<br />

das espécies e possui<br />

um elevado custo. Esses custos estão relacionados<br />

principalmente com a produção do alimento<br />

vivo que é extremamente elevado. A nível mundial<br />

o zooplâncton que é crucial na alimentação das<br />

larvas desses peixes está baseado nos rotíferos e<br />

nas artêmias, que possuem um custo de produção<br />

muito elevado. Esses aspectos supracitados resultam<br />

em um juvenil de peixe marinho com elevado<br />

custo de produção. Por exemplo, um juvenil<br />

de bijupirá vendido no <strong>Brasil</strong> hoje custa de 3 a 5<br />

reais. Esse valor de juvenil seria impraticável para<br />

juvenis de peixes onívoros, que produzidos em<br />

sistema intensivo não possuem um valor de mercado<br />

muito mais baixo que espécies carnívoras. A<br />

grande questão é que espécies carnívoras apresende<br />

investir em um juvenil de elevado valor.<br />

No <strong>Brasil</strong>, espécies como a tainha<br />

Mugil liza e a carapeva Eugerres brasilianus<br />

estão sendo estudadas. Além dos entraves<br />

que citei previamente, a tainha é uma espécie<br />

que apresenta desova total ainda possui<br />

elevado custo para sua indução hormonal,<br />

enquanto a carapeva possui uma acentuada<br />

mortalidade possivelmente atribuída ao<br />

diminuto tamanho da larva. A mortalidade na<br />

larvicultura da carapeva pode também estar<br />

associada a alguma etapa da sua metamorfose,<br />

como por exemplo a formação da sua boca<br />

nutricional do alimento ofertado. Contudo,<br />

saliento que para ambas as espécies as informações<br />

disponíveis ainda<br />

são muito escassas.<br />

De qualquer forma,<br />

essas espécies são<br />

promissoras para novos<br />

estudos. Para a tainha<br />

eu aponto a necessidade<br />

de investir em estudos<br />

que reduzam os custos<br />

com indução hormonal,<br />

que são elevados, porém<br />

a espécie apresenta boa<br />

sobrevivência na larvicultura.<br />

E para a larvicultura<br />

de ambas as<br />

espécies seria importante<br />

investir em produção de uma espécie<br />

de alimento vivo de menor custo, principalmente<br />

em substituição a artêmia (algo que já<br />

vem se tentando a algum tempo, mas ainda<br />

sem sucesso). Outra possibilidade para redução<br />

dos custos seria avaliar larviculturas<br />

de forma extensiva para essas espécies, assim<br />

como é realizado para algumas espécies<br />

de peixes de água doce. De qualquer<br />

forma ainda é necessária uma demanda<br />

para essas espécies no mercado nacional.<br />

O tema dessa coluna foi sugestão do<br />

meu grande amigo Gabriel Passini que em<br />

breve defenderá seu doutorado em aquicultura<br />

na UFSC, em piscicultura marinha.<br />

Figura: © Gabriel Passini<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

79


O PH DO PESCADO:<br />

UM PROBLEMA<br />

QUE MERECE SER<br />

ESCLARECIDO<br />

Prof. Dr. Alex Augusto<br />

Gonçalves<br />

Universidade Federal Rural do<br />

Semi Árido (UFERSA)<br />

Mossoró, RN<br />

alaugo@gmail.com<br />

Nos últimos anos, a Coordenação Geral de<br />

Inspeção (CGI), do Departamento de Inspeção de Produtos<br />

de Origem Animal (DIPOA) do Ministério da<br />

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) têm intoneladas<br />

de pescado importados (ou não) estão sendo<br />

apreendidas e de imediato lavrado o auto de infração<br />

por estarem em desacordo com Art. 443, Item 2 (As<br />

determinações físicas e químicas para caracterização<br />

do pescado fresco são: pH de carne externa < 6,8 e da<br />

interna < 6,5 nos peixes) do Regulamento da Inspeção<br />

Industrial e Sanitária<br />

de Produtos<br />

de Origem Animal<br />

– RIISPOA.<br />

Alguns containers<br />

de pescado estão<br />

sendo apreendidos,<br />

devolvidos e infelizmente<br />

outros estão<br />

sendo incinerados,<br />

por estarem, segundo<br />

a CGI/DIPOA/<br />

MAPA, impróprios<br />

para o consumo.<br />

Diante dessa<br />

situação lamentável,<br />

o parâmetro pH está causado polêmica tanto no meio<br />

reconhecido internacionalmente que variação de pH na<br />

carne do pescado somente pode indicar que houve alguma<br />

alteração (bioquímica ou microbiológica), porém, não<br />

pode ser tratado como um único parâmetro para julgar a<br />

qualidade do pescado, ou até mesmo o considerá-lo como<br />

impróprio para o consumo.<br />

Já é sabido que o pescado é um produto perecível,<br />

sua vida útil e integridade durante armazenamento em<br />

condições de refrigeração (resfriamento ou congela-<br />

mento) e transporte (nas mesmas condições) é<br />

crobiológicas; técnicas adequadas para manter<br />

sua qualidade e frescor fazem-se necessário.<br />

A rapidez com que se desenvolvem cada uma<br />

dessas alterações depende de como foram<br />

aplicados os princípios básicos de conservação,<br />

higiene, manutenção da cadeia do frio, assim<br />

como as espécies capturadas e os métodos de<br />

captura.<br />

O potencial hidrogeniônico (pH) tem a<br />

função de indicar a acidez ou alcalinidade ou<br />

neutralidade do músculo do pescado em um<br />

meio aquoso. A determinação do pH representa<br />

um dado importante na avaliação da qualidade<br />

de diversos alimentos, como o pescado.<br />

Este é considerado um alimento de baixa acidez,<br />

ou seja, tem pH<br />

maior do que 4,5.<br />

A concentração dos<br />

íons-hidrogênio é<br />

quase sempre alterada<br />

quando se<br />

processa a decomposição<br />

hidrolítica,<br />

oxidativa ou fermentativa<br />

de seu<br />

músculo. Quanto<br />

mais elevado o pH<br />

maior a atividade<br />

bacteriana.<br />

No entanto, não<br />

é conclusivo como<br />

único parâmetro para avaliação do grau de frescor<br />

do pescado, devendo ser realizadas também<br />

análises química, microbiológica, microscópica<br />

nos resultados. Dependendo de como foi o processo<br />

desde a captura, armazenamento a bordo,<br />

desembarque, processamento, congelamento<br />

e armazenamento, o pH poderá ser alterado,<br />

sem mesmo que o pescado tenha perdido sua<br />

qualidade inicial, uma vez que no post-mortem<br />

do pescado inúmeras reações químicas e bioquímicas<br />

se desencadeiam.<br />

80<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


TECNOLOGIA DO<br />

PESCADO<br />

O que diz a legislação? O Codex Alimentarius<br />

(ou o código alimentar) é o ponto de referência<br />

global para os consumidores, produtores e processadores<br />

de alimentos, agências nacionais de controle<br />

de alimentos e do comércio internacional de<br />

alimentos. Todos os países são signatários do Codex<br />

Alimentarius, e se baseiam em suas legislações, tan-<br />

No Codex Alimentarius – para Filés<br />

de peixes congelados; na Legislação <strong>Brasil</strong>eira–<br />

Portaria No. 185, de 13/05/1997– RTIQ Peixe Fresco<br />

(Inteiro e Eviscerado); na Legislação da União<br />

Europeia<br />

dutos da pesca; na Legislação Americana – USFDA<br />

– Procedimentos para o processamento seguro e<br />

sanitário, e importação de pescado e derivados; e<br />

na Legislação Canadense – CFIA– Padrão geral para<br />

produto fresco e congelado (peixe magro) – Não<br />

consta a análise de pH como índice de frescor do pescado<br />

ou que este parâmetro enquadre o pescado como<br />

impróprio para consumo. Apenas na Legislação Argentina<br />

– Código Alimentar Argentino– enquadra<br />

o pescado como impróprio para consumo quando<br />

o pH > 7,5 e teor de nitrogênio amoniacal superior<br />

que 125 mg/100g de matéria seca, e características<br />

sensoriais anormais.<br />

Baseado nas divergências de valores de<br />

pH, e num recente estudo elaborado pelo MAPA,<br />

e publicado no Ofício Circular No. 02/2016/CGI-DI-<br />

POA/SDA/GM/MAPA<br />

pécies da família Merluccidae, o pH pode apresentar<br />

valores ligeiramente maiores em relação à<br />

legislação brasileira vigente (RIISPOA) sem rejeição<br />

sensorial, e dessa forma, determinaram que<br />

para os peixes congelados da família Merluccidae,<br />

que fosse adotado o pH 7,0 como limite máximo<br />

para efeito de condenação, o que comprova a divergência<br />

nos valores de pH entre as espécies, e<br />

que a legislação brasileira (i.e., o RIISPOA, e mais<br />

recente o Regulamento Técnico sobre a identidade e<br />

requisitos mínimos de qualidade que deve atender o<br />

peixe congelado - Portaria N° 136, de 15 de Dezembro<br />

Dúvidas ainda persistem no meio acadêmido<br />

valor do pH da carne do pescado e o possível<br />

uso do aditivo alimentar fosfato (umectante). O uso<br />

deste aditivo antes do congelamento deve ser visde<br />

garantir melhor qualidade sensorial e extensa<br />

vida-de-prateleira. Além disso, não existe nenhum<br />

existente entre o uso de fosfato (ou misturas de poportanto<br />

não<br />

da neutralidade, indique que o mesmo foi exclusivamente<br />

tratado com polifosfatos.<br />

Ao mesmo tempo, um pH muito alto pode<br />

indicar processo deteriorativo. No entanto, um<br />

pequeno aumento do pH na ordem de 0,1-0,4 unidades<br />

poderia estar relacionado com a produção de<br />

um álcali, e no tecido muscular este deve ser pela<br />

produção de amoníaco ou uma amina biogênica,<br />

comprovado pelo aumento do teor de N-BVT (desde<br />

que esteja no limite).<br />

Para maiores informações e referênmatéria<br />

na íntegra nas próximas edições da<br />

revista AQUACULTURE BRASIL.<br />

Figuras : © Alex Augusto Gonçalves<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

81


SANIDADE<br />

Estreptococoses<br />

na tilapicultura<br />

Dr. Santiago Benites de Pádua<br />

AQUIVET Saúde Aquática,<br />

São José do Rio Preto, SP.<br />

tualmente as<br />

santiago@aquivet.com.br Adoenças bacterianas<br />

são os<br />

principais problesando<br />

impactos econômico, social e ambiental com a<br />

ocorrência de surtos de mortalidade. Entre os agentes<br />

etiológicos, três espécies de estreptococos se destacam,<br />

sendo Streptococcus agalactiae, Streptococcus<br />

iniae e Streptococcus dysgalactiae, os agentes causadores<br />

destas enfermidades. No <strong>Brasil</strong>, temos a ocorrência<br />

das três espécies de estreptococos como causadores<br />

de infecção em tilápia, no entanto, S. agalactiae<br />

é a bactéria que apresenta maior prevalência e possui<br />

ampla distribuição territorial,<br />

sendo detectada em praticamente<br />

todos os polos de tilapicultura<br />

estabelecidos no <strong>Brasil</strong>.<br />

Tradicionalmente, a infecção<br />

pelo Streptococcus spp.<br />

ocasiona infecção sistêmica, contudo,<br />

este agente possui tropismo<br />

pelo sistema nervoso central, o<br />

que leva ao quadro de meningoencefalite<br />

bacteriana, com a<br />

evolução de sinais clínicos neurológicos<br />

(nado em rodopio) e<br />

– Figura 1); podendo ainda haver pericardite supuratio<br />

que por sua vez pode se tornar uma efusão celomática<br />

(acúmulo de líquido na cavidade celomática). A<br />

manifestação clínica da doença pode variar conforme<br />

sua fase, virulência da estirpe bacteriana e fatores de<br />

riscos associados. Na fase aguda da doença observamos<br />

principalmente sinais clínicos neurológicos e<br />

observamos caquexia, efusão celomática, bem como<br />

musculatura dos animais infectados.<br />

O principal fator de risco associado à infecção<br />

pelos estreptococos é o aumento da temperatura da<br />

água, sendo, portanto, uma doença de maior impacto<br />

no período de primavera e verão. Geralmente<br />

a infecção por esta bactéria ocorre em temperaturas<br />

acima de 28 ºC, além disso, altas densidades de estocagem,<br />

baixos níveis de oxigênio dissolvido na água<br />

e más condições de limpeza das telas dos tanques-rede<br />

são fatores adicionais que aumentam o risco de<br />

emergência de surtos pelos estreptococos. O principal<br />

grupo de risco para esta doença na tilapicultura são<br />

les que tornam o tratamento com antibioticoterapia<br />

mais oneroso.<br />

Figura 1. Tilápia do Nilo infectada naturalmente por<br />

Streptococcus agalactiae<br />

Nos últimos anos, temos observado algumas<br />

variações nestes padrões da doença, onde os animais<br />

mais jovens, muitas vezes juvenis<br />

com menos de 30g, ou até<br />

mesmo alevinos, manifestando<br />

a doença de forma clássica.<br />

Além disso, já detectamos sua<br />

ocorrência durante os dois últimos<br />

invernos, causando surtos<br />

importantes com temperatura<br />

da água na faixa de 19,5º C<br />

a 23ºC. Estas observações nos<br />

levam a acreditar na adaptabilidade<br />

do agente infeccioso em<br />

toda a cadeia de produção, com<br />

potencial risco de transmissão a<br />

partir do plantel de matrizes.<br />

Para contenção de surtos agudos de estreptococos,<br />

a melhor estratégia é a partir do uso de ração<br />

medicada com antibióticos. Para mortalidades de<br />

menor proporção, pode-se fazer o uso de algumas<br />

estratégias de manejo que são responsivas, tais como<br />

cessar o arraçoamento temporariamente, uma vez que<br />

a infecção por esta bactéria ocorre via trato gastrointestinal.<br />

A redução da densidade de estocagem para<br />

períodos de altas na temperatura da água também é<br />

uma estratégia que auxilia a reduzir o impacto pela enfermidade.<br />

No entanto, a ferramenta mais efetiva para<br />

ativa das formas jovens, com uso de vacina injetável<br />

que atualmente já se encontra disponível no mercado<br />

nacional.<br />

Figura : © Santiago Benites de Pádua<br />

82<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


10 anos no mercado<br />

nacional<br />

AQUACONSULT<br />

AQUICULTURA E MEIO AMBIENTE<br />

Projetos e Serviços em<br />

Aquicultura e Meio Ambiente<br />

Áreas de atuação:<br />

Elaboração de Projetos<br />

Dimensionamento de sistemas<br />

intensivos de produção<br />

Consultorias técnicas em geral<br />

Licenciamento ambiental<br />

Cursos, palestras e treinamentos<br />

Equipe multidisciplinar com ampla<br />

experiência profi ssional<br />

Know-how comprovado nos novos<br />

modelos intensivos de produção<br />

(biofl ocos, entre outros).<br />

Agende uma consultoria:<br />

(48) 99805-2704<br />

aquicultura.meioambiente@gmail.com


DEFENDEU!<br />

Novidades em teses e dissertações<br />

Em algum lugar do <strong>Brasil</strong>, um acadêmico de pós-graduação<br />

contribui com novas informações para nossa aquicultura.<br />

© Eduardo Bellester<br />

Acadêmico: Ademir Heldt<br />

Orientador:Dr. Eduardo Luis Cupertino Ballester<br />

Coorientador: Dr. Alexandre Leandro Pereira<br />

Programa: Programa de Pós-graduação em Aquicultura e Desenvolvimento<br />

Sustentável – UFPR – Setor Palotina – Palotina - PR<br />

Título da dissertação:<br />

Contribuição de diversas fontes alimentares para Macrobrachium<br />

amazonicum<br />

Entre as espécies nativas brasileiras de camarões de água doce o Macrobrachium amazonicum é a que<br />

apresenta maior potencial para produção em cativeiro. A avaliação do espectro alimentar de uma dada espécie<br />

pode ser efetuada através da análise de conteúdo estomacal e complementada com estudos no ambiente e sobre<br />

um dado organismo a utilização da técnica de isótopos estáveis de carbono e nitrogênio (δ13C e δ15N) tem<br />

O BJETIVO : Este trabalho teve como objetivo utilizar a técnica de isótopos estáveis para estimar a contribuição<br />

das diversas fontes alimentares presentes em ambientes semi-controlados para ganho de biomassa<br />

do M. amazonicum.<br />

METODOLOGIA<br />

: Foram realizados dois experimentos. O primeiro foi realizado para determinar o<br />

foram avaliados 4 tratamentos com diferente disponibilidade de fontes alimentares:<br />

84<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


T1 Os camarões estocados em tanque sem substrato de terra, com<br />

fornecimento de ração (POTIMAR 40J - GUABI®). Nesse tratamento<br />

suspensão (plâncton) e material orgânico precipitado;<br />

T2 Era composto dos mesmos elementos do Tratamento 1, sem a<br />

adição de ração;<br />

T3 Camarões alojados em tanque contendo substrato de terra com<br />

Elodea sp. bem como o desenvolvimento<br />

de organismos bentônicos como possíveis fontes alimentares aos camarões<br />

e fornecimento de ração;<br />

T4 Delineado nas mesmas condições do T3 sem a adição de ração.<br />

© Eduardo Bellester<br />

R ESULTADOS :<br />

de cada fonte alimentar para os camarões em cada tratamento. Todas as análises de isótopos estáveis foram<br />

realizadas no Laboratório de Ecologia Isotópica do CENA - ESALQ-USP (Piracicaba, SP).<br />

Os resultados do primeiro experimento indicaram um fracionamento isotópico de 0,57±0,07 para carbono<br />

e 2,14±0,18 para nitrogênio, os quais foram aplicados no experimento 2. Os resultados de contribuição<br />

das fontes alimentares encontrados no segundo experimento, considerando sua disponibilidade e estimativa<br />

de contribuição para o ganho de biomassa, reforçam as conclusões de estudos anteriores sobre a onivoria dos<br />

camarões e da sua plasticidade no uso das fontes alimentares. Merecem destaque a contribuição de organismos<br />

bentônicos e o fornecimento de ração que, nas condições experimentais, foi fundamental para o melhor desempenho<br />

zootécnico dos juvenis de M. amazonicum quer seja pelo seu consumo direto ou pelo enriquecimento<br />

na qualidade das outras fontes de alimento disponíveis. Por outro lado, nos tratamentos onde não houve disponibilidade<br />

de organismos bentônicos e ração, a contribuição das comunidades de microrganismos presentes<br />

Figura 1. Variação do sinal isotópico de carbono dos camarões<br />

experimento (D1 a D30).<br />

TABELA DE DESEMPENHO ZOOTÉCNICO<br />

Experimento 2<br />

Figura 2. Variação do sinal isotópico do nitrogênio dos camarões<br />

experimento (D1 a D30).<br />

A GRADECIMENTOS :<br />

CNPQ, FINEP e MEC-PROEXT<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

85<br />

© Nicator


ENTREVISTA<br />

86<br />

© Diego Molinari<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


Tza chi<br />

M a t zlia c h<br />

S amo c h a<br />

De I srael para o mundo<br />

V isit ando o B rasil a convit e da organização do I W ork shop S u l<br />

B ras ileiro de B iof loc o s , realizado pelo Depart ament o d e<br />

A quic ult ura da Univ ersidade F ederal de S ant a Cat arina (UFSC),<br />

o i s raelens e Tza c hi Mat zliach S amocha, considerado um dos<br />

precursores e maiores especialist a s mundiais na t ecnologia d e<br />

biof locos , ministrou palest ras em S C e t ambém concedeu uma<br />

ent revista e xclus iva para a AQU A CUL T URE BR ASIL .<br />

S amoc ha é prof e ssor na Texas A&M A griLif e Research<br />

Maric ult ure Laborat ory a t Flour B luf f ,<br />

Corpus Christi , Te x as ( E U A ) .<br />

AQUACULTURE BRASIL:Como foram<br />

seus primeiros anos de trabalho em Israel?<br />

Samocha: Comecei minhas pesquisas com carcinicultura<br />

em 1974 na Universidade de Tel Aviv.<br />

Em 1980 mudei-me para uma cidade na parte<br />

sul de Israel, onde trabalhei 8 anos como chefe<br />

do programa do centro de pesquisa nacional de<br />

camarão de marinho. Neste centro realizamos<br />

inúmeros trabalhos acerca dos diferentes aspectos<br />

relacionados ao cultivo do camarão marinho,<br />

com ênfase nos camarões do gênero Penaeus. Trabalhamos<br />

com Penaeus japonicus, Penaeus semisulcatus<br />

e Penaeus vannamei, desenvolvendo estudos<br />

sobre as necessidades nutricionais, indução<br />

à maturação e diferentes aspectos relacionados ao<br />

cultivo destas espécies.<br />

AQUACULTURE BRASIL:Após oito anos<br />

trabalhando em Israel, você se mudou para os<br />

Estados Unidos. Inicialmente para um sabático,<br />

entre 1988 e 1989, em Corpus Christi. O que<br />

país?<br />

Samocha: Quando me mudei para os EUA tinha<br />

o objetivo de continuar minhas pesquisas iniciadas<br />

durante os primeiros anos em Israel e também<br />

ministrar aulas na Universidade Texas A&M<br />

Corpus Christi. Quanto às pesquisas, estava focado<br />

principalmente no cultivo de camarões na fase<br />

de berçário, desde a formulação de dietas para<br />

pós-larvas até o desenvolvimento de sistemas de<br />

produção. Logo depois começamos a estudar aspectos<br />

relacionados à maturação, em parte devido<br />

à evolução das dietas destes animais. Também<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

87


ENTREVISTA<br />

© Diego Molinari<br />

começamos a estudar sobre a engorda em viveiros intensivos,<br />

sem troca de água durante o ciclo de cultivo.<br />

uma comunidade biológica nos ajudaria a gerenciar a<br />

sem a necessidade de troca de água. Com sucesso<br />

chegamos a essa comunidade<br />

biológica,<br />

capaz de converter os<br />

metabólitos tóxicos<br />

para o camarão em me-<br />

Esta comunidade<br />

biológica (bactérias),<br />

além de melhorar a<br />

tabólitos menos tóxicos,<br />

manutenção da qualidade<br />

permitindo a produção<br />

de água, pode servir como<br />

complemento alimentar<br />

de uma alta biomassa de<br />

para os camarões, devido<br />

mais de 9 quilos de ca-amarão por metro cúbico nutricional.<br />

seu elevado valor<br />

sem troca de água. Esta<br />

comunidade biológica (bactérias), além de<br />

melhorar a manutenção da qualidade de água, pode<br />

servir como complemento alimentar para os camarões,<br />

devido ao seu elevado valor nutricional.<br />

AQUACULTURE BRASIL:Recentemente, um<br />

vídeo divulgado nas redes sociais trouxe um questionamento<br />

sobre o porquê os EUA exploram tão<br />

pouco o potencial da sua aquicultura. Para um<br />

país com tanta tecnologia, poder aquisitivo, clima,<br />

terra e água em abundância, os norte-americanos<br />

produzem muito pouco (comparado, principalmente,<br />

com alguns países asiáticos). Esta questão<br />

é estratégica do país, ou seja, os Estados Unidos<br />

preferem importar pescado a um custo mais baixo<br />

do que produzir? Você acredita que este panorama<br />

pode mudar, ou seja, poderemos ver, no futuro,<br />

os Estados Unidos entre os principais produtores<br />

aquícolas mundiais?<br />

AQUACULTURE BRASIL:Você acredita que no<br />

futuro essa situação possa mudar nos EUA?<br />

Samocha: Eu realmente não consigo ver o desenvolvimento<br />

desta atividade em grande escala nos EUA,<br />

comparando-se com outros países. O fator climático<br />

é muito limitante para nós. Precisamos manter a temperatura<br />

alta no sistema de produção, e isso é muito<br />

custoso. Nos EUA podemos ver claramente o desenvolvimento<br />

de indústrias de produção de camarão<br />

intensivo, mas em pequena escala, onde é possível<br />

controlar os parâmetros, como oxigênio dissolvido da<br />

água e, principalmente, a temperatura. Mesmo assim<br />

é difícil ver esse tipo de indústria com um crescimento<br />

Samocha: Para a maior parte dos EUA as condições<br />

são mais propícias para a pesquisa e desenvolvimento<br />

de tecnologia do que para o cultivo em si. Os EUA<br />

não são propícios para esse tipo de atividade por<br />

conta do alto custo de produção, por exemplo, relacionado<br />

ao custo de mão-de-obra. Parece muito mais<br />

fácil desenvolver a tecnologia e exportá-la ao invés<br />

de produzir o camarão em solo norte-americano. Se<br />

cultivarmos o camarão nos EUA o custo de produção<br />

seria maior comparando-se com outros países. Entre<br />

outras razões, além da mão de obra, eu destacaria<br />

ainda questões ambientais, entre outras. Portanto, é<br />

preferível desenvolver o cultivo na América Central,<br />

América do Sul ou Sul da Ásia, do que nos EUA.<br />

88<br />

duzindo camarões de alta qualidade para um nicho<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

Equipe <strong>Aquaculture</strong> <strong>Brasil</strong> e Samocha<br />

© Diego Molinari


petir com o camarão importado. Esta indústria especongelado,<br />

e com isso você tem um preço mais elevado<br />

em comparação com o camarão importado.<br />

AQUACULTURE BRASIL:Como a tecnolo-<br />

Samocha: Sim, alguns peixes têm demonstrado um<br />

como a tilápia, por exemplo. Vários estudos hoje já<br />

comprovam o sucesso desta espécie nesse tipo de<br />

sistema. Para outros peixes esse sistema ainda não é<br />

o mais adequado. Sei que aqui no <strong>Brasil</strong> há muitos<br />

trabalhos realizados por pesquisadores em diferentes<br />

estados, avaliando-se diferentes espécies de peixes nativos<br />

de sua região e suas respectivas capacidades de<br />

Samocha: Basicamente surgiu ao longo dos anos<br />

através da necessidade de se desenvolver práticas mais<br />

sustentáveis para o cultivo do camarão. Iniciei com<br />

pesquisas em conjunto com a iniciativa privada e mais<br />

tarde nosso centro de pesquisa da Texas A&M viu a<br />

possibilidade de cultivar camarões com troca zero ou<br />

mínima de água e demos foco neste tipo de pesquisa.<br />

AQUACULTURE BRASIL:No futuro, os biocamarões<br />

marinhos? Se sim, você acredita que<br />

esta inversão ocorrerá daqui a<br />

quantos anos?<br />

Parece muito mais<br />

fácil desenvolver a<br />

tecnologia e exportá-la<br />

ao invés de produzir<br />

Samocha: Acredito que a teca<br />

evoluir, mas em sistemas indoor ,<br />

controlados, onde por exemplo se<br />

pode cultivar 9 quilos de camarão<br />

por metro cúbico, enquanto que em<br />

sistemas convencionais são produzidos de 2 a 3 quilos<br />

de camarão por metro quadrado. E tudo isso sem a<br />

troca de água, o que dá maior biosseguridade e controle<br />

sobre o sistema, diminuindo assim a incidência<br />

de doenças.<br />

AQUACULTURE BRASIL:<br />

Várias espécies<br />

de peixes têm<br />

demonstrado potencial<br />

para o cul-<br />

Os peixes, de fato,<br />

poderão no futuro<br />

serem igualmente<br />

cultivados em<br />

como os camarões<br />

marinhos?<br />

o camarão em solo<br />

norte-americano<br />

me parecem muito promissores, então a resposta é<br />

sempre tentar introduzir novas espécies e avaliar sua<br />

capacidade de crescer de maneira sustentável, com<br />

limitada ou nenhuma troca de água.<br />

AQUACULTURE BRASIL:Qual a sua visão a<br />

respeito da aquicultura brasileira? O <strong>Brasil</strong> será um<br />

gigante na aquicultura mundial? O que nos falta?<br />

Samocha: Eu acredito que a aquicultura brasileira<br />

tem um grande potencial, desde que as<br />

universidades trabalhem em conjunto com<br />

o setor privado. O <strong>Brasil</strong> tem tudo para<br />

ser um dos maiores produtores de pescado,<br />

uma vez que tem clima favorável, disponibilidade<br />

de água e um bom número de<br />

pessoas para trabalhar. Vejo que a parceria<br />

com as indústrias pode trazer um maior<br />

desenvolvimento de tecnologia, que é o que<br />

mais precisamos, especialmente devido a<br />

difícil situação na qual os brasileiros estão enfrentando,<br />

com o vírus da mancha branca em cultivos<br />

de camarão. Novamente, esse tipo de pesquisa e cooperação<br />

com as indústrias penso ser essencial para<br />

minimizar os efeitos causados por doenças, e aí sim,<br />

tornar o <strong>Brasil</strong> um país com grande potencial em termos<br />

de uma aquicultura sustentável.<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

89<br />

© Diego Molinari


ENTREVISTA<br />

Experiênc ias prof i ssionais do D r . Tza c hi S amoc h a<br />

D r . T z a c hi S amocha , s e aposentou recentemente do Texas A&M A griLife<br />

Researc h Maricult ure Laborat ory , em Corpus Christ i , no Texas. A o<br />

logo de s ua carreira t rabalhou com diversas linhas de pesquis a e m<br />

dif erent e s laborat órios.<br />

2002-2016:<br />

Christi, Texas. Suas atuações incluíam: Realização de pesquisas com camarão cultivados emraceways e viveiros,<br />

desenvolvendo novos conceitos em sistemas intensivos de berçários e engorda. Trabalhos de extensão, com<br />

transferência de tecnologia de setor aquícola para produtores comerciais e empresas. Sintetização de pesquisas<br />

programas de pesquisa e pós-graduação.<br />

2002-2006: Professor na Texas A & M University - Corpus Christi (TAMU-CC), Corpus Christi, lecionando<br />

nos cursos de pós-graduação e orientando alunos de pós-graduação.<br />

1992-2002: Professor associado da Texas Agricultural Experiment Station (TAES), Shrimp Mariculture<br />

Research Facility (SMRF), Corpus Christi, Texas and TAMU-CC.<br />

1989-1992: Pesquisador visitante, TAES-SMRF, Corpus Christi, Texas.<br />

1988-1989: Sabático, TAES-SMRF, Corpus Christi, Texas.<br />

1980-1988: Cientista Sênior, Chefe da unidade de pesquisa com camarões do Oceanographic and Limnological<br />

Research (IOLR) - National Center for Mariculture (NCM), em Israel. Responsável pela realização<br />

de pesquisas com maturação induzida, reprodução, larvicultura, berçário e engorda de camarão marinho. Trabalhou<br />

com toxicidade de metabólitos, nutrição e doenças. Realizou pesquisas visando o desenvolvimento de<br />

uma indústria comercial de cultivo de camarão em Israel. Buscou integrar a academia com os setores privados<br />

que trabalhavam com cultivo de camarão. Participou de programas de educação de estudantes de pós-graduação<br />

da Universidade de Tel Aviv em Israel.<br />

1988-pres ent e : Consultoria ao setor privado: assistência técnica, avaliação de locais, elaboração de<br />

projetos conceituais e treinamento de pessoal para realização de maturação induzida, cultivo de larvas de camarão<br />

e de microalgas, sistemas de viveiros intensivos e de engorda para camarão peneídeo.<br />

© Diego Molinari<br />

90<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


NOVOS LIVROS<br />

Tilapia in Intensive Co-culture<br />

Editores: Peter Perschbacher e Robert R. Stickney<br />

Editora:Wiley-Blackwell<br />

Idioma: Inglês - 368 páginas<br />

Lançamento: 14 de dezembro de 2016<br />

Co-cultivos intensivos de tilápia referem-se à produção comercial de várias espécies<br />

de tilápia em conjunto com uma ou outras espécies que apresentem potencial<br />

de mercado (aquaponia ou policultivos, por exemplo). As tilápias são utilizadas neste<br />

sistema em razão do seu potencial para melhorar a qualidade de água, especialmente em<br />

viveiros de carcinicultura, através do consumo de plâncton e detritos, além de propiciarem<br />

uma redução nas populações de bactérias patogênicas do sistema.<br />

Echinoderm <strong>Aquaculture</strong><br />

Editores: Nicholas Brown e Steve Eddy<br />

Editora: Wiley-Blackwell<br />

Idioma: Inglês - 384 páginas<br />

Lançamento:Setembro de 2015<br />

Não só de peixes, camarões, moluscos e algas vive a aquicultura! “Echinoderm<br />

<strong>Aquaculture</strong>” aborda em seus primeiros capítulos os conceitos de ecologia básica e biologia<br />

de ouriços-do-mar e pepinos-do-mar. Uma revisão geral do emprego destes organismos<br />

como fonte de alimento e compostos bioativos também é apresentada. Os<br />

capítulos subsequentes abordam as espécies de interesse comercial para distintas regiões<br />

Dietary Nutrients, Additives<br />

and Fish Health<br />

Editores: Cheng-Sheng Lee, Chhorn Lim e Delbert M. Gatlin III<br />

Editora: Wiley-Blackwell<br />

Idioma: Inglês - 376 páginas<br />

Lançamento: Junho de 2015<br />

Este livro apresenta uma ampla revisão sobre os nutrientes das dietas, fatores<br />

antinutricionais, toxinas, aditivos alimentares, além dos seus efeitos na performance<br />

dos peixes e na funcionalidade do sistema imunológico, bem como na saúde dos animais<br />

em geral.<br />

DIVULGUE AQUI O SEU LANÇAMENTO EDITORIAL!<br />

r e dac a o @ a q u a c u l t u r e b r a s i l . c o m<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

91


Eles faz e m<br />

a diferen ça!<br />

U<br />

movido<br />

a<br />

Com reconhecido<br />

destaque em sua<br />

área de atuação, o<br />

Prof. Dr. Ronaldo<br />

Olivera Cavalli abrilhanta as páginas de nossa<br />

terceira edição apresentando um pouco de sua<br />

história aos leitores da AQUACULTURE BRASIL.<br />

Agrônomo formado pela UFRGS (Porto<br />

Alegre/RS), a aquicultura entrou em<br />

sua vida no quinto e último ano do curso:<br />

“Me apaixonei pela disciplina de aquicultura”.<br />

Por ser uma atividade ainda pouco conhecida no <strong>Brasil</strong>, mas uma realidade<br />

em outros países, principalmente os asiáticos, vislumbrei uma tremenda oportunidade<br />

de crescimento e trabalho. Foi também no último ano da faculdade que<br />

fiquei sabendo de um colega que havia ganhado uma bolsa de estudos para estudar<br />

no Japão. Não tive dúvidas: fui atrás. Um ano depois estava aprendendo japonês em<br />

Nagoya como bolsista do Monbusho, o então Ministério da Educação daquele país.<br />

Fiz o mestrado em piscicultura marinha na Universidade de Mie e em 1990 voltei ao<br />

<strong>Brasil</strong>. Como sempre fui um cara de sorte, fiquei pouco tempo desempregado. Em<br />

março de 1991 comecei trabalhando como professor-substituto no Departamento de<br />

Oceanografia da FURG, e em novembro daquele ano passei no concurso para professor<br />

assistente. A FURG havia acabado de construir um laboratório na praia do Cassino,<br />

a Estação Marinha de Aquacultura – EMA. Na EMA/FURG, aprendi, com o Prof.<br />

Marcos Marchiori e vários outros colegas, sobre carcinicultura, área que<br />

acabei trabalhando apesar de não ter nenhuma experiência prévia.<br />

92<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


A pós o Mest rado no J apão, chegou a<br />

vez de dout orar-se na B élgica<br />

© Ronaldo Olivera Cavalli<br />

Na época do doutorado<br />

(Ghent, Bélgica)<br />

No doutorado, tive a<br />

oportunidade de vivenciar<br />

o jeito “europeu” de se<br />

fazer pesquisa, baseado<br />

não só em procurar respostas<br />

a questões de cunho<br />

também com a preocupação<br />

em atender as demandas do<br />

setor produtivo.<br />

“Depois de 5 anos na EMA/FURG,<br />

senti a necessidade de me aperfeiçoar.<br />

Como queria trabalhar com<br />

a interação nutrição/reprodução, acabei<br />

optando em fazer o Doutorado na<br />

Ghent University, Bélgica, sob a orientação<br />

do Dr. Patrick Sorgeloos, que contava<br />

com uma equipe de altíssimo nível.<br />

No doutorado, tive a oportunidade de<br />

vivenciar o jeito “europeu” de se fazer pesquisa, basepreocupação<br />

em atender as demandas do setor produtivo.<br />

Ter a oportunidade de estudar fora do país foi um diferencial na minha vida acadêmica,<br />

já que me abriu muitas portas. Outro diferencial foi o estudo do inglês, que só aconteceu por<br />

ter rodado na minha primeira prova, ainda no ensino fundamental... Se não fosse isso, talvez a<br />

minha história tivesse sido diferente. Hoje em dia, quando seleciono um estagiário ou bolsista,<br />

sempre pergunto, e recomendo fortemente sobre o inglês”.<br />

Após uma carreira consolidada como professor<br />

efetivo na Universidade Federal do Rio Grande<br />

– FURG (1991 a 2007), o que motivou você a<br />

Sul para trabalhar com piscicultura marinha<br />

em Pernambuco?<br />

dade o Nordeste do <strong>Brasil</strong>, queria fazer algo novo, e Pernambuco<br />

oferecia tudo isso. Óbvio que morar em Recife, uma cidade<br />

Ronaldo e sua equipe do Laboratório de Piscicultura<br />

Marinha da UFRPE (2013)<br />

era uma mudança extremamente interessante. Lá tive a oportunidade de começar uma linha de trabalho<br />

nova, pois, apesar da UFRPE ter o mais antigo curso de Engenharia de Pesca do <strong>Brasil</strong>, não havia a<br />

disciplina de Piscicultura Marinha. Consequentemente, haviam muito poucos trabalhos nessa área.”<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

93


Eles faz e m<br />

a diferen ça!<br />

com seu retorno para a FURG?<br />

“Por razões familiares, nesse momento da minha vida, voltar ao RS e estar próximo da família<br />

foi à escolha mais sensata. À medida que a idade avança, deixamos de ser tão egoístas e nos preocupamos ainda<br />

mais com os que estão a nossa volta.<br />

ainda há muito que fazer. Tudo está sendo diferente. A FURG mudou e eu também. Hoje tenho mais experiência<br />

e novos interesses.”<br />

“Por exemplo, estamos organizando um livro sobre a aquicultura do beijupirá, que será uma<br />

síntese dos trabalhos da REPIMAR – Rede de Piscicultura Marinha, financiada pelo extinto<br />

MPA e CNPq. Também estou coletando material para escrever um livro sobre a história da<br />

aquicultura no <strong>Brasil</strong>. O livro do beijupirá sairá em 2017, mas o outro deverá ser lançado em<br />

2017 ou 2018”.<br />

Principais projetos desenvolvidos na carreira:<br />

Em ordem cronológica, o trabalho do Doutorado, quando tive a oportunidade de sentir<br />

na pele o que é trabalhar em um ambiente que oferece todas as condições para que se<br />

possa desenvolver o potencial. E não estou falando de infraestrutura ou de, por exemplo, ter<br />

os reagentes que precisas imediatamente à tua disposição. Me refiro principalmente à clareza<br />

de objetivos. Tudo isso certamente faz a diferença no nosso trabalho.<br />

Também ressalto o trabalho da equipe da EMA/FURG no desenvolvimento de um “pacote<br />

tecnológico” para a criação do camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis, incluindo<br />

reprodução, larvicultura, berçário, engorda em diferentes sistemas, nutrição, genética, etc.<br />

Em Recife, tive a oportunidade de coordenar uma fazenda experimental de criação de<br />

beijupirá em mar aberto, o projeto “Cação de Escama”. Foi um tremendo desafio.<br />

Imagine instalar e operar uma fazenda com quatro tanques-rede de 1.200 m³ instalados a 6<br />

km da linha de costa dentro de uma universidade pública, em que tudo depende de licitações<br />

e outras burocracias? Conseguimos, mas infelizmente o projeto acabou sepultado pela política<br />

da terra arrasada, em que um novo ministro assume e resolve que somente as suas<br />

“prioridades” devem ser apoiadas.<br />

94<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


© Ronaldo Olivera Cavalli<br />

Tanques-rede do Projeto Cação de Escama (Recife/PE)<br />

No âmbito da piscicultura marinha, onde o governo deveria apostar<br />

suas fichas?<br />

apoiando o que está sendo feito em SP e RJ. Ali estão sendo construídas experiências, e se aprendendo com os<br />

insumos (alevinos, rações, etc.) e entendendo o mercado consumidor. Sempre gosto de lembrar que as cadeias<br />

do camarão e da tilápia não surgiram de um dia para o outro. Por<br />

que a do peixe marinho seria diferente?<br />

E os planos para o futuro? Onde vamos encontrar<br />

o Ronaldo Cavalli daqui há 10 ou 20<br />

anos?<br />

Daqui a 10 anos ainda estarei na volta, provavelmente dando<br />

aula, orientando alunos e participando dos eventos da área de<br />

aquicultura. Há 20, certamente aposentado. Espero que com saúde<br />

e uma mochila nas costas dando uma volta pelo mundo...<br />

Para finalizar, deixe uma mensagem para<br />

os leitores da AQUACULTURE BRASIL,<br />

muitos dos quais te conhecem e admiram<br />

bastante o seu trabalho.<br />

Na minha sala acabei de colocar um cartaz que diz:<br />

“Work hard & be nice to people”. Meu lema nessa nova fase<br />

da vida.<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

95


© Fábio Rosa Sussel<br />

Camarão<br />

Gigante<br />

da<br />

Malásia<br />

Macrobrachium roseMbergii<br />

Nativo da região Indo-Pacífica,<br />

o cultivo de M.<br />

rosembergii se espalhou pelo<br />

mundo, sendo considerada a espécie<br />

de camarão de água doce<br />

mais empregada em cultivos<br />

comerciais.<br />

No <strong>Brasil</strong> foi introduzida<br />

pelo Departamento de<br />

Oceanografia da Universidade<br />

Federal de Pernambuco, em<br />

1977 e se difundiu principalmente<br />

nos estados do Maranhão,<br />

Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro,<br />

São Paulo e Santa Catarina.<br />

Em meio natural o M.<br />

rosenbergii é uma espécie<br />

tropical com hábito bentônico,<br />

presente em rios, lagos e<br />

reservatórios que possuem comunicação<br />

com águas salobras.<br />

As fêmeas já maturas migram<br />

para estes estuários onde completam<br />

o desenvolvimento larval<br />

até a eclosão.<br />

Aparência<br />

fêmeas menores e com garras menos<br />

desenvolvidas, apresentam diferenças<br />

morfológicas entre si, sendo possível<br />

distinguir três grupos de machos adultos:<br />

SM (Small Male) - forma menor e mais<br />

translúcida<br />

OC (Orange Claw) - tamanho<br />

intermediário, cor laranja dourada<br />

BC (Blue Claw) - é o maior, com<br />

pereiópodos azuis e extremamente grandes<br />

© Fábio Rosa Sussel<br />

96<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016


Alimentação<br />

Fase larval: naúplios de<br />

artemia.<br />

Fase inicial (juvenil):<br />

Ração comercial com 35% de<br />

proteína bruta.<br />

Fase final: ração comercial<br />

com 32% de proteína bruta.<br />

Reprodução<br />

As fêmeas estão prontas para reprodução<br />

com 15-20g. Depois da cópula ocorre<br />

a fertilização externa e os ovos são transferidos<br />

para debaixo do abdômen da fêmea, por<br />

cerca de 3 semanas, quando ocorre a eclosão.<br />

As fêmeas produzem entre 80 e 100 mil ovos<br />

que são de cor laranja até 2-3 dias antes de<br />

eclodir, quando passam a cinza-escuro.<br />

Faixa de<br />

Temperatura<br />

ideal<br />

A temperatura ideal para<br />

o cultivo é entre os 25 e<br />

31°C. Temperaturas mais<br />

baixas já ocorre uma<br />

redução no crescimento.<br />

Principais países produtores<br />

Volume mundial produzido:<br />

216 856 toneladas em 2014 (FAO)<br />

Densidade de estocagem:<br />

Sistemas extensivos: 1-4 PL ou<br />

juvenis/m²<br />

Sistemas semi-intensivos: 4-20 PL ou<br />

juvenis/m²<br />

Sistemas intensivos: > 20 PL ou<br />

juvenis/m²<br />

Pode ser cultivado em sistema de policultivo<br />

com tilápia, cuja densidade é de um<br />

camarão para até dois peixes.<br />

Os viveiros são bem menores que os de<br />

camarão marinho (em média 10x100m ou<br />

20x50m), o que facilita o manejo.<br />

Entraves/desafios<br />

na produção<br />

para a espécie. Atualmente na região nordeste utiliza-se<br />

ração para camarão marinho, ou de peixe<br />

carnívoro, com 40% de proteína bruta.<br />

Características positivas<br />

-A maior vantagem do cultivo desses animais é o<br />

baixo custo de produção;<br />

-Alto ganho de peso com uma conversão<br />

alimentar por volta de 1,2:1;<br />

-Boa aceitação e valorização no mercado.<br />

Preço de mercado<br />

No varejo o preço varia muito, de R$ 60 até 120 o kg.<br />

Fontes: acesse www.aquaculturebrasil.com - Consulta Técnica: Edson Pereira dos Santos<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

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P e s c a d o n o Varejo<br />

2<br />

1<br />

3<br />

Banda de Pintado Filé de Pintado 1 - Filé do Lombo; 2- Filé da costela e<br />

3- Umbigo/Asa de Pintado<br />

Pintado Inteiro Filé de Tilápia Salmão Chileno<br />

Autores: Daniel Garcia de Carvalho Melo<br />

(Chapada dos Guimarães, MT);<br />

Ângelo de Oliveira Orechio<br />

(Belo Horizonte, MG).<br />

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Sistemas experimentais<br />

Sistemas de Aquecimento e Resfriamento<br />

Tanques para larvicultura e alimento-vivo<br />

Ferramentas<br />

Alta mar<br />

www.altamar.com.br<br />

contato@altamar.com.br<br />

facebook.com/aquaaltamar<br />

(13) 3877-3610<br />

Santos - SP

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