RCIA - ED. 97 - AGOSTO 2013
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Escovar os dentes,<br />
usar o fio dental e<br />
visitar o dentista a<br />
cada seis meses<br />
ajuda a evitar<br />
inflamações nas<br />
gengivas<br />
na gengiva causadas por bactérias e parto<br />
prematuro. Hoje, no entanto, uma série de<br />
estudos conseguiu provar com mais precisão<br />
a relação entre essas duas condições.<br />
Em uma pesquisa publicada em 2007 no<br />
Journal of Periodontology, o especialista<br />
mostrou que quanto mais cedo se der a exposição<br />
às bactérias, maiores serão os riscos<br />
do parto prematuro. Nos dados coletados<br />
por Offenbacher, descobriu-se que a exposição<br />
com 32 semanas de gestação aumentava<br />
os riscos de parto prematuro 3,7 vezes. Com<br />
35 semanas, o risco aumentava duas vezes.<br />
Efeito cascata — As infecções bucais<br />
podem causar prejuízos aos demais órgãos<br />
por dois processos inflamatórios diferentes.<br />
No primeiro e mais simples, as bactérias<br />
alojadas na gengiva se deslocam pelo<br />
organismo e se instalam em determinados<br />
órgãos, prejudicando seu funcionamento.<br />
Nesse caso está o mais<br />
conhecido dos problemas, e o único<br />
que é, de fato, causado diretamente<br />
pela inflamação na boca: a endocardite<br />
bacteriana. “A bactéria da gengiva<br />
viaja pela corrente sanguínea<br />
até as veias coronárias (que levam<br />
sangue ao coração) e se alojam ali,<br />
infeccionando a membrana da válvula”,<br />
diz Rodrigo Bueno de Moraes,<br />
periodontista e consultor da Associação Brasileira<br />
de Odontologia (ABO). Em abril deste<br />
ano, a Academia Americana do Coração<br />
(AHA, sigla em inglês) publicou um artigo<br />
no periódico médico Circulation confirmando<br />
que existe, de fato, uma associação entre<br />
a doença periodontal e a arteriosclerose (endurecimento<br />
das artérias). Apesar da relação,<br />
não é necessário que pessoas com boa saúde<br />
procurem um cardiologista a cada inflamação<br />
na gengiva.<br />
Há uma segunda maneira pela qual as<br />
doenças bacterianas que ocorrem na boca<br />
repercutem em outras partes do corpo. Enquanto<br />
luta para exterminar as bactérias<br />
invasoras que tiveram origem na boca, o<br />
sistema imunológico libera diversas substâncias<br />
no organismo. Isso causa um desequilíbrio<br />
químico, elevando os níveis<br />
de substâncias que interferem no funcionamento<br />
de órgãos, do metabolismo e de<br />
sistemas inteiros do corpo. É o caso, por<br />
exemplo, do diabetes. O processo inflamatório<br />
na gengiva não causa a doença, mas<br />
ajuda a desequilibrar o balanço químico do<br />
organismo, dificultando, assim, o controle<br />
dos níveis de glicose. Mas a relação entre<br />
as condições é uma via de mão dupla. O<br />
diabetes, por si só, pode piorar quadros de<br />
inflamação gengival.