REVISTA MB RURAL ED. 43 - 2019
Sistemas de produção recria e engorda vale a pena no mercado atual do nosso país?, venha descobrir na nossa Ed. 43 - 2019
Sistemas de produção recria e engorda vale a pena no mercado atual do nosso país?, venha descobrir na nossa Ed. 43 - 2019
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
MUITO OBRIGADO RUBIKINHO<br />
PELA SUA DETERMINAÇÃO, GENEROSIDADE E POR LEVAR<br />
ESPERANÇA, ALEGRIA E VIDA A MILHARES DE PESSOAS.<br />
Senhor Jose Rubens de Carvalho, mais conhecido como Rubikinho, nascido em 30/04/1955, na cidade de<br />
Barretos/SP, filho de Rubico Andrade Carvalho e Joana Neli Prata Carvalho, onde morou até seus 6 anos de<br />
idade. Mudando com a família para São Paulo, onde estudou até o ensino médio.<br />
Com 18 anos, não querendo<br />
continuar os estudos, foi trabalhar<br />
com o seu pai no Acre, ficando lá<br />
por 5 anos gerenciando e formando<br />
a fazenda.<br />
Devido a conflitos agrários, saiu<br />
do Acre para estudar nos Estados<br />
Unidos, onde ficou por 2 anos na<br />
Califórnia.<br />
Voltando ao Brasil, recebeu de<br />
seus pais uma fazenda localizada no<br />
município de Jussara/ GO, no ano<br />
de 1980./<br />
Em 1982, casou-se com Julieta<br />
Maria Toledo Guimarães<br />
de Carvalho, com<br />
quem teve 4 filhos<br />
João 34 anos, Sebastião<br />
31 anos, Joana<br />
e José Eduardo (gêmeos)<br />
18 anos.<br />
Logo após se casarem, foram<br />
morar nos Estados Unidos, estado<br />
do TEXAS - com a família, onde<br />
administrou uma fazenda adquirida<br />
pelo seu pai.<br />
Fizeram a importação de uma<br />
parte do rebanho nelore que tinham<br />
no Brasil, no qual exportaram essa<br />
genética para América Central e<br />
principalmente para o México; onde<br />
até hoje cultivam grandes amizades.<br />
Após 9 anos morando nos Estados<br />
Unidos, venderam a propriedade<br />
e o rebanho nelore e fizeram a primeira<br />
importação da raça Brahman<br />
para o Brasil, adquirido de amigos,<br />
que são até hoje os maiores criadores<br />
da raça nos Estados Unidos.<br />
Na volta para o Brasil, mudou-<br />
-se para Goiânia/GO continuando<br />
o seu trabalho na propriedade de<br />
Jussara/GO, e também sempre engajado<br />
nas causas políticas e rurais.<br />
Após alguns anos vendeu a fazenda<br />
de Jussara/GO e foi para o<br />
Tocantins/TO, município de Miranorte;<br />
acreditando muito no crescimento<br />
e progresso do Estado.<br />
Implantando um grande melhora-<br />
2<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
mento genético da raça nelore através<br />
da venda de touros e participação<br />
em grandes leilões de gado. Ele<br />
possui a propriedade em Miranorte/TO<br />
até hoje.<br />
Durante os anos de 2004 a<br />
2013, participou de 3 gestões consecutivas<br />
como membro da diretoria<br />
internacional (Brazilian Cattle)<br />
na ABCZ (Associação Brasileira<br />
dos Criadores de Zebu – Uberaba/<br />
MG).<br />
Onde fez um grande trabalho<br />
promovendo a raça zebuína no<br />
mundo, viajando através da associação<br />
para países como China, Índia,<br />
Austrália, entre outros.<br />
O trabalho foi tão bem executado<br />
que em <strong>2019</strong>, recebeu uma<br />
homenagem da Diretoria Internacional,<br />
com um auditório com o<br />
seu nome.<br />
Depois de uma vida dedicada<br />
trabalhando com gado e lavoura,<br />
foi convidado pelo seu amigo de<br />
infância, Henrique Prata, presidente<br />
do Hospital de Câncer de Barretos,<br />
hoje chamado de Hospital<br />
de Amor, para encabeçar o projeto<br />
Agro Contra o Câncer.<br />
Hoje o projeto é a união de todas<br />
as atividades do Agronegócio ,<br />
buscando doação do Agro para o<br />
funcionamento do hospital que é<br />
100% do seu atendimento gratuito,<br />
onde o mesmo depende de doação,<br />
pois o déficit mensal é de 25 milhões<br />
de reais.<br />
Esse projeto é a maior arrecadação<br />
de capital para o Hospital.<br />
Um homem admirável, de muita<br />
raça, sempre dedicado ao trabalho,<br />
família e ao próximo.<br />
De muito caráter, honestidade e<br />
força de vontade. Sempre dando o<br />
seu melhor em tudo que faz.<br />
Hoje, seu tempo é dedicado na<br />
totalidade ao Hospital de Amor.<br />
Buscando recursos para salvar<br />
vidas. Muito orgulho e admiração<br />
para com o nosso PAI!<br />
Como somos gratos<br />
a ti, Sr Rubikinho,<br />
por tudo que fez e faz<br />
por nós, és de um<br />
coração tão generoso,<br />
tão humano, uma<br />
pessoa que não mede<br />
esforço para ajudar<br />
o próximo. Sua<br />
simplicidade nos dá<br />
show de sabedoria.<br />
-Regina P. de Lucena<br />
Morais<br />
“Muito obrigado<br />
Rubiquinho e que<br />
Deus lhe pague!<br />
Que você tenha uma<br />
vida longa e muito<br />
saudável, porque a<br />
sua missão aqui na<br />
Terra é muito nobre”<br />
- Raquel Ogawa<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 3
<strong>ED</strong>ITORIAL<br />
Amigos Agropecuaristas!<br />
A Revista <strong>MB</strong> <strong>RURAL</strong> através de seu idealizador dedica este editorial ao Sr.<br />
José Rubens de Carvalho (Rubikinho) pela sua generosidade pelo próximo e<br />
determinação para a construção do Hospital de Amor de Palmas, neste<br />
sentido convidamos a todas as pessoas ligadas ao agro para participarem do 6º<br />
LEILÃO DA PECUÁRIA SOLIDÁRIA, que será no dia 9 de Novembro,<br />
em PALMAS/TO.<br />
O momento é de reflexão, conscientização, ação e grandeza em favor do<br />
HOSPITAL DE AMOR DE PALMAS -TO, aderindo e participando<br />
ativamente do Projeto "O AGRO CONTRA O CÂNCER", vamos<br />
SALVAR VIDAS através de DOAÇÕES junto aos produtores rurais,<br />
indústrias processadoras de matéria prima, insumos em geral e comércio; vamos<br />
realizar um grande mutirão da Solidariedade envolvendo toda a sociedade em<br />
prol da manutenção da vida com mais eficácia no tratamento, respeito e<br />
dignidade ao ser humano.<br />
Vamos surpreender positivamente aos idealizadores deste projeto<br />
beneficiando a população necessitada de melhor atendimento, instalações e<br />
equipamentos mais adequados e modernos. Vamos, não só participar desta<br />
campanha, mas se possível duplicar as doações para 2 sacas para cada 1.000<br />
produzidas e R$2,00 para cada boi abatido. Vamos duplicar a esperança de<br />
milhares de pessoas, vamos investir na vida, no amor, nós podemos e com<br />
certeza nos sentiremos muito gratificados, vamos nos empenhar ao máximo<br />
participando ativamente desta bela causa. Todos nós juntos somos mais fortes, e<br />
é com o pouco de muitos que venceremos esta terrível doença.<br />
Sabemos que nada é fácil, tudo na nossa vida é batalhado, é conquistado com<br />
muito trabalho e dedicação, mas, muito mais difícil é sabermos e vermos as<br />
pessoas doentes perderem a esperança e a vida pela pouca ou falta de iniciativa,<br />
descaso e muitas vezes a omissão dos órgãos públicos de saúde.<br />
Por isso Rubikinho, os parabéns são para você e sua equipe de colaboradores,<br />
em especial para as valorosas Sras. Raquel Ogawa, Regina Lucena Morais e<br />
também ao Sr. Eduardo Gomes pela iniciativa do trabalho e por salvar vidas.<br />
Tenha certeza que a maior recompensa não será a surpreendente arrecadação<br />
através do AGRO, mas sim a grande alegria de ver as pessoas que foram tratadas<br />
e curadas junto dos seus familiares. Isso Rubikinho não tem preço, é gratificante,<br />
é emocionante; vale muito mais que uma safra inteira ou uma boiada. Vale a vida!<br />
Parabéns a todos que estão lutando pela digna longevidade, pela vida e pelo<br />
HOSPITAL DE AMOR !<br />
Índice<br />
02 | HOMENAGEM<br />
09 | SOLIDARI<strong>ED</strong>ADE<br />
10 | CUSTO DE PRODUÇÃO I<br />
14 | CUSTO DE PRODUÇÃO II<br />
20 | GENÉTICA I<br />
24 | GENÉTICA II<br />
26 | ECONOMIA<br />
31 | TECNOLOGIA<br />
35 | GENÉTICA III<br />
38 | EQUINOCULTURA<br />
42 | PASTAGENS I<br />
45 | PASTAGENS II<br />
Um forte abraço e boa leitura!<br />
Reinaldo Gil - Eng. Agrônomo/<strong>MB</strong> Parceiro<br />
Uma publicação do Grupo <strong>MB</strong> Parceiro<br />
Distribuição Gratuita<br />
Editores:<br />
Maurício Bassani dos Santos<br />
CRMV-TO 126/Z<br />
Reinaldo Gil<br />
CREA 77816/D<br />
reinaldo.gil@uol.com.br<br />
(63) 98466 8919 / 98426 6697<br />
Projeto Gráfico<br />
SAGAZ - ARTES VISUAIS<br />
Gabriel Gomes<br />
Designer Gráfico<br />
(63) 98411-0729<br />
A Revista <strong>MB</strong> Rural não possui matéria<br />
paga em seu conteúdo. As ideias contidas<br />
nos artigos assinados não expressam,<br />
necessariamente a opinião da revista e<br />
são de inteira responsabilidade de seus<br />
autores.<br />
Tiragem: 3.000 exemplares<br />
49 | SANIDADE ANIMAL<br />
Endereço:<br />
204 Sul, Av. LO 03, QI 17, Lt. 02<br />
Palmas - TO - CEP: 77.020-464<br />
Fones: (63) 98466-0066 / 3213-1630<br />
mauricio_bassani@yahoo.com<br />
A SERVIÇO DO AGRONEGÓCIO
8<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
José Rubens de Carvalho<br />
Coordenador do Projeto<br />
rubikinho@hcancerbarretos.com.br<br />
SOLIDARI<strong>ED</strong>ADE<br />
Hospital de Amor<br />
CRIA PROJETO DE ARRECADAÇÃO DE RECURSOS<br />
VOLTADO AO AGRONEGÓCIO<br />
‘O AGRO CONTRA O CÂNCER’ BUSCA DOAÇÕES JUNTO AOS PRODUTORES RURAIS,<br />
INDÚSTRIAS PROCESSADORAS DE MATÉRIA-PRIMA E INSUMOS EM GERAL.<br />
Com um déficit mensal de mais de<br />
R$ 25 milhões e dependendo dos<br />
mais diversos tipos de doações<br />
para manter suas portas abertas,<br />
oferecendo um tratamento de<br />
excelência a seus pacientes, o<br />
Hospital de Amor (Hospital de<br />
e agora abrangendo todo o meio<br />
rural”, afirmou o coordenador.<br />
O público-alvo são os produtores<br />
rurais, as indústrias processadoras<br />
de matéria-prima e as<br />
de insumos em geral. A parceria<br />
começou com o CMA – Confinamento<br />
pedidas são pequenas, mas com<br />
o volume de adesões, tornam-se<br />
valores expressivos. Estamos solicitando<br />
sempre um percentual da<br />
produção no momento da comercialização<br />
dos produtos”, explicou<br />
Rubikinho.<br />
Monte Alegre, em outubro Apesar do setor ainda ser pouco<br />
Câncer de Barretos), criou um<br />
novo projeto de arrecadação de de 2017 e o Frigorífico Minerva, explorado pela instituição, o coordenador<br />
(também produtor rural<br />
recursos. ‘O Agro Contra o Câncer’ em novembro de 2017; mas desde<br />
busca atingir todos os setores do janeiro deste ano várias outras empresas<br />
do setor, como por exemnorte/TO)<br />
está otimista quanto<br />
na cidade de Barretos/SP e Mira-<br />
agronegócio no país, tanto na área<br />
de produção de matéria-prima, plo: Fribal, Masterboi, Marfrig, Cooperfrigu,<br />
JBS, Frigorífico Paraíso Amor receberá com a nova forma<br />
aos resultados que o Hospital de<br />
quanto na agroindústria, para<br />
combater uma doença que só no e Plena Alimentos já estão engajadas.<br />
Além dos frigoríficos, as usinas çar todos os estados do país. Não<br />
de arrecadação. “Queremos alcan-<br />
Brasil afeta mais de meio milhão<br />
de pessoas todos os anos. Pedra, Buriti, Ipê, São Martinho, estamos pedindo uma doação única,<br />
mas sim parceiros fiéis, que vão<br />
A iniciativa surgiu após uma Batatais, Lins, Viralcool, Santa Isabel,<br />
Cofco, Laguna, Tereos, Estiva nos doar todas as vezes que comer-<br />
conversa dos empresários<br />
barretenses, Giovane Barroti e São José da Estiva; Haras PFF; cializarem seus produtos. Desta<br />
e José Rubens de Carvalho Leilão de Touros Naviaraí/Camparino;<br />
CASE CNHI; Exportadora parte do déficit mensal que a insti-<br />
forma, esperamos sanar uma boa<br />
(conhecido como ‘Rubikinho’<br />
e coordenador do Projeto) na de Café Guaxupé; Laticínio Pirancanjuba;<br />
armazém de recebimento Se você deseja contribuir<br />
tuição possui”, finalizou.<br />
tentativa de encontrar outras<br />
formas de arrecadação para o e comercialização de soja Ouro com o projeto e receber mais informações,<br />
basta ligar para: (17)<br />
Hospital diferente das já existentes. Safra, na soja contamos ainda com<br />
A primeira ação foi solicitar aos a parceria dos produtores Gabriel 3321-6624/(64) 9 9671-5656 ou<br />
produtores de laranja a doação Cury e Artur Eduardo Monassi; na enviar um e-mail para: rubikinho@<br />
de alguns caminhões, tendo uma laranja parceria com Louis Dreyfus<br />
hcancerbarretos.com.br.<br />
ótima adesão por parte deles. “Foi Company; Laboratório Zoetis; estão<br />
a partir daí que nasceu ‘O Agro<br />
Contra o Câncer’, inicialmente<br />
voltado para a soja, cana, café e boi,<br />
envolvidos no projeto. “Tudo<br />
o que estiver relacionado ao agro<br />
está na nossa mira! As doações<br />
“Com a sua adesão ao Projeto,<br />
você estará ajudando a salvar<br />
vidas”.<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 9
CUSTO DE PRODUÇÃO I<br />
Luiz Antonio Monteiro<br />
Eng. Agrônomo - M. S. Em Zootecnia<br />
Diretor Técnico da Nutroeste Nutrição Animal Ltda<br />
cidacardoso@nutroeste.com.br<br />
RECRIAR E ENGORDAR:<br />
VALE A PENA O ESFORÇO?<br />
O Brasil tem se destacado junto à comunidade internacional como um grande produtor de carne bovina. Passamos de produtores<br />
para consumo interno do país, com exportação insignificante, ( 249 mil ton em 1990 ), para posição de destaque,<br />
com 2044 mil ton em 2018, disputando a liderança de mercado atualmente. Isso se deveu à melhoria no controle sanitário,<br />
principalmente da febre aftosa, melhoramento genético significativo, uso de cruzamentos com raças especializadas e<br />
introdução de melhores níveis nutricionais em nosso rebanho. A idade de abate de nosso boi vem caindo ano a ano. Tudo<br />
isso agregou qualidade à nossa carne, nos permitindo atingir mercados com as mais diversas exigências.<br />
Tudo isso é ótimo, mas e o pecuarista,<br />
aquele que pega no chifre<br />
do boi, que procura se atualizar,<br />
que investe em tecnologia, quanto<br />
ganhou? Entre a década de 1970 até<br />
os dias atuais, a margem de lucro da<br />
pecuária tem caido ano a ano. Atualizando<br />
o valor da arroba nos anos<br />
70, hoje valeria cerca de 290 reais,<br />
deixando de lucro cerca de 45% ou<br />
pouco menos que o nosso preço de<br />
venda atual. Atualmente, o preço<br />
da arroba gira em torno de 140 /<br />
150 reais, deixando margem líquida<br />
abaixo de 15 %. (veja a tabela).<br />
Portanto, a carne como todas as<br />
comodities agropecuárias, caiu de<br />
preço, permitindo à nossa populaçâo,<br />
acesso a alimentos com qualidade<br />
e quantidade maiores e preços<br />
cada vez menores.<br />
Aquele que produz, tem que se<br />
adequar aos novos tempos. Não<br />
dá para produzir boi como seu pai<br />
ou seu avô produzia. Quem for relutante<br />
em não se adequar à nova<br />
realidade está fadado a sair do mercado.<br />
LUCRO E MARGEM LÍQUIDA NA PECUÁRIA DE CORTE POR ARROBA<br />
PERIODO PREÇO (R$) CUSTO (R$) LUCRO (R$) MARGEM ( %)<br />
1971 A 1980 296,51 162,86 133,65 45,1<br />
1981 A 1990 245,4 151,59 93,81 38,2<br />
1991 A 2000 141,1 100,8 40,3 28,6<br />
2001 A 2010 120,03 99,56 20,47 17,1<br />
2011 A 2015 140,32 117,02 23,3 16,6<br />
2016 153,23 127,96 25,27 16,5<br />
Hoje temos animais, alimentos<br />
e tecnologia de qualidade que permitem<br />
levar o boi ao abate aos 24<br />
meses de idade com boa margem<br />
de lucro .<br />
Como proceder para melhorar<br />
essa margem na recria e na engorda?<br />
Vejamos os custos fixos mensais<br />
por cabeça, aqueles que não são<br />
possíveis de serem alterados:<br />
• Custo do pasto<br />
(similar a um aluguel) - R$ 25,00<br />
• Custo da mão de obra<br />
(vaqueiro apenas) - R$ 5,00<br />
• Custo de vacinas, vermífugos<br />
e outros medicamentos<br />
R$ 2,00<br />
• Custo de oportunidade do dinheiro<br />
investido em animais<br />
6% ao ano sobre o valor médio<br />
do animal - R$ 8,00<br />
10<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
Chegamos assim a um custo de<br />
40 reais por cabeça por mês, valor<br />
este que é gasto, o animal esteja ou<br />
não ganhando peso.<br />
O pecuarista tem a opção de suplementar<br />
seu animal para ganhar<br />
mais ou menos peso ao longo do<br />
ano. Durante a estação seca (seis<br />
meses ), ofertando apenas um sal<br />
mineralizado com ureia a um bezerro<br />
recém desmamado gastará<br />
mais 7 reais por mês que será somado<br />
ao custo fixo. Terá ganho<br />
negativo ou no máximo 0,1 kg por<br />
dia e produzirá, na melhor hipótese,<br />
0,6 arroba nesse período por<br />
282 reais, além de perder a alta carga<br />
hormonal para crescimento até<br />
os 12 meses de idade. Se gastar no<br />
mesmo período cerca de 35 reais<br />
com nutrição, com ganho diário de<br />
0,4 kg por dia, produzirá arroba de<br />
190 reais e terá um animal crescido<br />
no final da sua primeira estação<br />
seca, iniciando o período de pastos<br />
de boa qualidade com cerca de 250<br />
kg de peso vivo.<br />
Iniciando o período de chuvas,<br />
época de pastos de boa qualidade,<br />
novamente pode-se optar por tratar<br />
melhor ou não. Muitos acreditam<br />
que, por ser época de abundância<br />
de comida, a suplementação pode<br />
ser relegada a segundo plano e economizam<br />
no trato pensando estar<br />
fazendo um bom negócio. Nessa<br />
época do ano, ofertando um sal<br />
mineralizado, o garrote gasta mensalmente,<br />
8 reais. Com um sal proteinado<br />
cerca de 18 reais e com um<br />
ALIMENTO PREÇO MATÉRIA CUSTO ENERGIA PROTEÍNA CUSTO CUSTO<br />
SECA (M.<br />
TON S.) TON NA M. S. NA M. S. TON TON<br />
sal proteico energético 40 reais. Estas<br />
suplementações permitem ganhos<br />
médios de 0,50, 0,75 e 1,00 kg<br />
por animal por dia respectivamente.<br />
Com o uso de sal mineralizado<br />
produz-se em média 3 arrobas nesse<br />
período, com custo por arroba<br />
de 96 reais. Com sal proteinado pode-se<br />
produzir 4,5 arrobas por 77<br />
reais cada arroba. Suplementando<br />
com proteico energético pode-se<br />
produzir 6 arrobas nesse período a<br />
um custo de 80 reais. A diferença<br />
de custo de arroba produzida não é<br />
o mais importante. O que importa<br />
é o lucro auferido no período e o<br />
peso do animal ao final da estação<br />
chuvosa. Considerando o valor de<br />
uma arroba a 150 reais, temos na<br />
M. S. ENERGIA PROTEÍNA<br />
SILAGEM DE MILHO 150 30 500 64 7,5 781 6667<br />
CASCA DE SOJA 350 94 372 70 12,5 532 2979<br />
SORGO 400 88 455 81 9,5 561 4785<br />
MILHO 500 88 568 88 9,0 646 6313<br />
TORTA DE ALGODÃO 700 94 745 65 28,0 1146 2660<br />
CAROÇO DE ALGODÃO 700 90 778 95 23,0 819 3382<br />
UREIA 1800 100 1800 0 281,0 641<br />
primeira opção, lucro de 162 reais<br />
e considerando 200 kg como peso<br />
inicial em dezembro, teremos 290<br />
kg ao final da estação chuvosa.<br />
Com sal proteinado teremos lucro<br />
de 328 reais e peso médio de 335<br />
kg. Ja opção por proteico energético<br />
gera lucro de 420 reais e animal<br />
de 380 kg ao final do período de<br />
chuvas.<br />
O grande diferencial entre as<br />
opções de tratamento está em ter,<br />
nos dois últimos tratamentos, animais<br />
que podem ser terminados<br />
em confinamento a pasto, com boa<br />
margem de lucro, nos próximos 3<br />
a 4 meses de seca que se iniciam,<br />
indo ao abate aos 22 / 24 meses<br />
de idade.<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 11
A terminação, ou engorda intensiva<br />
na seca, deixou de ser uma<br />
atividade reservada aos grandes pecuaristas<br />
que possuem máquinas,<br />
currais de confinamento e condições<br />
de produzir volumosos como<br />
silagem de milho, sorgo ou capim.<br />
Com as novas tecnologias pode-se<br />
engordar, sem o uso de volumoso,<br />
a pasto, por um custo alimentar<br />
mais baixo e custo operacional<br />
quase insignificante, quando comparado<br />
ao convencional. Porque<br />
disso? Comparemos os custos de<br />
silagem de milho com as opções<br />
regionais de alimentos:<br />
Podemos ver neste quadro que<br />
a energia contida na casca de soja,<br />
sorgo e milho são mais baratas que<br />
a da silagem e absolutamente todos<br />
os outros alimentos fornecem<br />
proteína mais barata. Porque não<br />
mudar?<br />
LOTE 1 LOTE 2<br />
CONFINAMENTO A PASTO SEM VOLUMOSO <strong>43</strong> BOIS 92 BOIS<br />
INICIO ‐ FINAL ‐ NUM DIAS 13/05 ‐ 24/08 ‐103 13/05 ‐ 08/09 ‐ 118<br />
PESO INICIAL KG E @ 412,10 ‐ 13,73 366,75 ‐ 12,22<br />
PESO FINAL KG E @ 563,46 ‐ 20,97 522,85 ‐ 19,45<br />
RENDIMENTO DE CARCAÇA % 55,84 55,81<br />
GANHO MÉDIO DIARIO ( GMD) KG / CAB / DIA 1,47 1,33<br />
GANHO LÍQUIDO KG / CAB / DIA 1,055 0,92<br />
RENDIMENTO DO GANHO % 71,77 69,47<br />
PRODUCAO TOTAL DE CARCAÇA ( @ ) 7,24 7,23<br />
CONSUMO M<strong>ED</strong>IO DE RAÇÃO KG / CAB /DIA 9,55 8,73<br />
CONSUMO M<strong>ED</strong>IO DE RAÇÃO ( % DO PESO VIVO) 1,96 1,96<br />
CUSTO DA RAÇÃO ( R$ / KG ) 0,73 0,73<br />
NUTROBOI TOTAL ‐ 5 % 2,90 2,90<br />
TORTA DE ALGODÃO ‐ 20 % 0,75 0,75<br />
MILHO ‐ 75 % 0,58 0,58<br />
CUSTO OPERACIONAL ‐ R$ 0,50 /CAB / DIA 51,5 59,00<br />
CUSTO ALIMENTAR TOTAL ( R$ ) 718,06 752,00<br />
CUSTO TOTAL ( R$ ) 769,56 811,00<br />
CUSTO DA DIÁRIA ( R$ ) 7,47 6,87<br />
VALOR DA ARROBA VENDIDA ( R$ ) 148,50 150,31<br />
CUSTO DA ARROBA PRODUZIDA ( R$ ) 106,29 112,17<br />
LUCRO POR ARROBA ( R$) 42,21 38,14<br />
LUCRO POR BOI ( R$ ) 305,60 275,75<br />
A combinação destes produtos,<br />
somados a um núcleo proteico,<br />
mineral e vitamínico que possua<br />
os aditivos necessários à manutenção<br />
de um rúmen sadio, sem<br />
ocorrência de acidose ou diarreia,<br />
permite o mesmo ganho de peso<br />
do confinamento tradicional, com<br />
a vantagem de poder ser realizado<br />
a pasto onde há sombra, sem poeira,<br />
sem agredir o meio ambiente,<br />
em companhia de “amigos”, sem o<br />
stress que ocorre no animal fechado<br />
e sem agredir o meio ambiente.<br />
Tudo isto melhora o desempenho<br />
do animal.<br />
o boi, depois de adaptado à<br />
nova dieta passa a não consumir<br />
mais o pasto, deixa de andar e ganha<br />
o mesmo que o animal fechado.<br />
Quanto ao custo operacional,<br />
este sim, cai substancialmente pois<br />
o fornecimento da ração será feito<br />
apenas uma vez ao dia, reservando-<br />
-se 20 cm de cocho por animal que<br />
consome em média 10 kg de ração.<br />
Uma demonstração desse método<br />
está sendo realizada na fazenda<br />
engenho de serra, em bela vista<br />
de goiás, dentro do programa pecuária<br />
primeiro passo. Os animais<br />
foram distribuídos em cinco lotes,<br />
dos quais dois foram abatidos até<br />
a presente data e no próximo mês<br />
de novembro os restantes também<br />
o serão. Os resultados, tanto de<br />
ganho de peso quanto financeiro,<br />
foram surpreendentes.<br />
O tempo e o baixo investimento<br />
em nutrição são os grandes vilões<br />
a diminuir o lucro da pecuária de<br />
corte. Assim temos que trabalhar<br />
arduamente para chegar às 13 arrobas<br />
aos 18 / 20 meses de idade<br />
e abater antes dos dois anos com<br />
peso acima de 20 arrobas.<br />
O método de engorda em confinamento<br />
a pasto sem volumoso<br />
está plenamente desenvolvido,<br />
com todos os possíveis problemas<br />
metabólicos equacionados, adotado<br />
cada vez mais por pecuaristas<br />
preocupados com produção, produtividade<br />
e lucro.<br />
12<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 13
Marcos Aurélio Lopes<br />
Prof. de Med. Veterinária da Univ.<br />
Federal de Lavras (UFLA)<br />
malopes@ufla.br<br />
CUSTO DE PRODUÇÃO II<br />
CUSTO DE PRODUÇÃO:<br />
Co-autores:<br />
Francisval de Melo Carvalho<br />
André Luis Ribeiro Lima<br />
Professores do Departamento de Administração da UFLA<br />
PECUÁRIA DE CORTE<br />
1) Introdução<br />
Dentre as várias características de um “pecuarista empresário”, uma das principais é saber o custo de produção<br />
do bezerro desmamado, do animal recriado e da arroba produzida. Essa informação é imprescindível na boa<br />
gestão da empresa produtora de gado de corte; e é a respeito dela que vamos abordar neste texto. Sobre outras<br />
características, poderemos “falar” em outra ocasião.<br />
Devido à nova ordem econômica,<br />
os negócios agropecuários revestem-se<br />
da mesma complexidade,<br />
importância e dinâmica dos demais<br />
setores da economia (indústria,<br />
comércio e serviços) exigindo do<br />
produtor rural uma nova visão da<br />
administração dos seus negócios.<br />
Assim, é notória a necessidade de<br />
abandonar a posição tradicional de<br />
sitiante / fazendeiro para assumir o<br />
papel de empresário rural, independente<br />
do tamanho de sua propriedade<br />
rural, do seu sistema de produção<br />
de gado de corte.<br />
A necessidade de analisar economicamente<br />
a atividade pecuária<br />
é extremamente importante, pois,<br />
através dela, o produtor passa a conhecer<br />
com detalhes e a utilizar, de<br />
maneira inteligente e econômica, os<br />
fatores de produção (terra, trabalho<br />
e capital). A partir daí, localiza os<br />
pontos de estrangulamento para<br />
depois concentrar esforços gerenciais<br />
e tecnológicos, para obter sucesso<br />
na sua atividade e atingir os<br />
seus objetivos de maximização de<br />
lucros ou minimização de custos.<br />
A análise econômica é o processo<br />
pelo qual o produtor passa a<br />
conhecer os resultados obtidos, em<br />
termos monetários, de cada atividade<br />
da empresa rural. É por meio de<br />
resultados econômicos que o produtor<br />
pode tomar, conscientemente,<br />
suas decisões e encarar o seu sistema<br />
de produção de gado de corte<br />
como uma empresa.<br />
As análises e informações divulgadas<br />
por diferentes instituições<br />
(universidades, centros de pesquisa,<br />
empresas de consultoria etc.) são<br />
importantes indicadores do comportamento<br />
dos custos de produção.<br />
Deve-se ressaltar, porém, que<br />
tais análises dificilmente refletirão o<br />
custo específico de uma propriedade<br />
rural. Cada sistema de produção<br />
apresenta especificidades no processo<br />
produtivo que possivelmente<br />
farão com que o custo seja diferente<br />
daquele apontado na literatura.<br />
Isso faz com que seja muito importante<br />
que cada produtor estime seus<br />
próprios custos de produção a fim<br />
de tomar suas decisões.<br />
14<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
A temática da estimativa dos<br />
custos de produção é controversa.<br />
Diversas são as metodologias para<br />
a sua apuração e, em razão disso,<br />
nem sempre a palavra “custo” tem<br />
o mesmo significado para todos.<br />
As metodologias cientificamente<br />
publicadas permitem o uso de diferentes<br />
parâmetros (remuneração<br />
de capital e da terra, vida útil para<br />
depreciação, mão de obra familiar<br />
etc.). O emprego de diferentes<br />
parâmetros na estimativa de custos<br />
resulta em valores também diferentes<br />
que causam, aos produtores, a<br />
dúvida: “qual custo é o correto?”<br />
Cada estimativa adota um critério<br />
e esse critério deve ser claro para<br />
que se entenda o que significa o<br />
número denominado “custo da arroba”.<br />
Existem, também, situações<br />
em que um determinado produtor<br />
pode referir-se a custo tendo considerado<br />
variáveis como a remuneração<br />
do capital, a depreciação e<br />
os desembolsos. Outro produtor<br />
pode referir-se a custo computando<br />
somente os desembolsos. Dessa<br />
forma, percebe-se que os produtores<br />
estão apresentando números<br />
que não podem ser comparados.<br />
Para administrar qualquer empresa,<br />
o primeiro passo é conhecer<br />
essa empresa e o mundo em que<br />
ela está inserido. Quanto mais conhecimentos<br />
da empresa, do seu<br />
funcionamento, e do ambiente em<br />
que ela está inserida tiver o administrador,<br />
maiores serão as chances<br />
dele tomar decisões acertadas.<br />
Para se conhecer bem um sistema<br />
de produção gado de corte<br />
necessário se faz conhecer, dentre<br />
outras coisas, o custo de produção<br />
do que está sendo produzido por<br />
ele (se cria, recria ou engorda). A<br />
determinação do custo de produção<br />
é uma tarefa bastante complexa<br />
e demorada, pois envolve uma<br />
grande quantidade de cálculos e<br />
detalhes e requer muita atenção.<br />
Diante do exposto, este texto tem<br />
como objetivos apresentar alguns<br />
conceitos referentes ao tema custo<br />
de produção em um sistema de<br />
produção de gado de corte, mostrar<br />
a importância deste tema, bem<br />
como a finalidade de se conhecer<br />
esta informação, ou seja qual o<br />
custo de produção do bezerro desmamado,<br />
do animal recriado e da<br />
arroba produzida?<br />
2) Finalidade e importância do<br />
custo de produção<br />
Entende-se por custo de produção<br />
a soma dos valores de todos<br />
os recursos (insumos) e operações<br />
(serviços), utilizados no processo<br />
produtivo de certa atividade (produção<br />
gado de corte, especificamente<br />
neste caso). Para fins de análise<br />
econômica, custo de produção<br />
é a compensação que os donos dos<br />
fatores de produção (terra, trabalho<br />
e capital), utilizados por uma<br />
empresa para produzir determinado<br />
bem, devem receber para que<br />
eles continuem fornecendo esses<br />
fatores à mesma.<br />
Para que o produtor rural passe<br />
a administrar o seu sistema de<br />
produção como uma empresa, necessário<br />
se faz que ele tenha conhecimento<br />
de quanto custa, para ele,<br />
produzir aquele bem (gado de corte,<br />
neste caso específico), ou seja,<br />
ele tem que saber qual o custo de<br />
produção. Apesar dos muitos problemas<br />
com relação ao processo de<br />
apuração de dados e da subjetividade<br />
na sua estimação, a determinação<br />
do custo de produção é uma<br />
prática necessária e indispensável<br />
ao bom administrador, constituindo-se<br />
em um valioso instrumento<br />
para as decisões.<br />
Os custos têm a finalidade de<br />
verificar se e como os recursos empregados,<br />
em um processo de pro-<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 15
dução, estão sendo remunerados,<br />
possibilitando, também, verificar<br />
como está a rentabilidade da atividade,<br />
comparada a outras alternativas<br />
de emprego do tempo e capital.<br />
Estudar os custos de produção<br />
de uma empresa agrícola é tarefa<br />
indispensável a uma boa administração.<br />
Pelo estudo sistemático dos<br />
custos incorridos na produção de<br />
gado de corte, pode o produtor<br />
(empresário) fixar diretrizes e corrigir<br />
distorções, possibilitando a<br />
sobrevivência do sistema de produção<br />
em um mercado cada dia<br />
mais competitivo e exigente.<br />
Dados sobre custos de produção<br />
têm sido utilizados para muitas<br />
finalidades. Algumas destas são:<br />
1) analisar a rentabilidade da atividade<br />
gado de corte;<br />
2) reduzir os custos controláveis;<br />
3) auxiliar na precificação dos produtos<br />
(quando a estrutura de<br />
mercado permitir) e/ou verificar<br />
se o preço de mercado atende os<br />
objetivos do empresário;<br />
4) planejar e controlar as operações<br />
do sistema de produção;<br />
5) identificar e determinar a rentabilidade<br />
do produto;<br />
6) identificar o ponto de equilíbrio<br />
do sistema de produção de gado<br />
de corte, ou seja, qual a quantidade<br />
mínima a ser produzida a<br />
partir da qual terei lucro?;<br />
7) analisar a viabilidade econômica<br />
da utilização de determinados<br />
insumos;<br />
8) analisar a viabilidade econômica<br />
16<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong><br />
da implantação de novas tecnologias;<br />
9) servir como ferramenta extremamente<br />
útil para auxiliar o produtor<br />
no processo de tomada de<br />
decisões seguras e corretas.<br />
3) Componentes do custo de<br />
produção da atividade pecuária<br />
de corte<br />
Todos os gastos mensuráveis<br />
necessários para a produção do<br />
gado de corte devem ser considerados<br />
na determinação do custo<br />
de produção. A seguir são relacionados<br />
grupos de itens que podem<br />
compor o custo de produção do<br />
gado de corte. A alocação de todos<br />
os itens em um grupo específico é<br />
de suma importância. A sugestão<br />
apresentada a seguir tem sido bastante<br />
utilizada por vários pesquisadores<br />
e técnicos. A sua adoção<br />
permite que os resultados sejam<br />
comparados com resultados de<br />
pesquisas já publicados. No entanto,<br />
o pecuarista pode criar novos<br />
grupos de gastos se julgar que merecem<br />
ser monitorados e avaliados<br />
de forma separada. Especificidades<br />
de cada propriedade podem fazer<br />
com que esses novos grupos sejam<br />
úteis na gestão dos custos. Sugerimos<br />
os seguintes grupos:<br />
Mão de obra<br />
Devem ser considerados os gastos<br />
com mão de obra contratada,<br />
encargos sociais, assistência (agronômica,<br />
contábil, veterinária, zootécnica),<br />
consultorias ocasionais,<br />
mão de obra eventual, mão de obra<br />
familiar, além de outras.<br />
No caso da mão de obra familiar<br />
que trabalha na atividade e não<br />
recebe um salário, deve-se computar<br />
um valor correspondente ao de<br />
um trabalhador que desenvolveria a<br />
mesma função.<br />
Alimentação<br />
Devem ser considerados os gastos<br />
com todos os tipos de alimentos<br />
(grãos, farelos, aditivos, manutenção<br />
de pastagens e capineiras, fenos,<br />
silagens, núcleos, suplementos,<br />
minerais etc.)<br />
Sanidade<br />
São exemplos de itens que se<br />
enquadram neste grupo de despesa:<br />
água oxigenada, agulhas para<br />
aplicação de medicamentos, álcool,<br />
anestésicos, antibióticos, anti-inflamatórios,<br />
anti-térmico, anti-tóxicos,<br />
bernicidas, carrapaticidas, cat gut,<br />
complexos vitamínicos e minerais,<br />
formol, hormônios, mata-bicheiras,<br />
vacinas, seringas, vermífugo e<br />
outros.<br />
Inseminação artificial<br />
Devem ser considerados os<br />
gastos com sêmen, bainhas, luvas,<br />
nitrogênio líquido, pipetas e hormônios<br />
utilizados, quando se adota<br />
biotecnologias da reprodução,<br />
como IATF (inseminação artificial<br />
em tempo fixo).<br />
Tributos e taxas considerados<br />
fixos<br />
Devem ser computados os impostos<br />
cujos valores independem
da quantidade de arrobas produzida.<br />
Impostos como IPVA (Imposto<br />
de Propriedade de Veículos Automotores),<br />
territorial rural (ITR),<br />
taxa de licenciamento e seguro<br />
obrigatório de veículos devem ser<br />
considerados.<br />
Energia<br />
Enquadram-se nesse grupo<br />
as despesas com energia elétrica e<br />
combustível.<br />
Aluguel de pastos<br />
Nas situações em que o pecuarista<br />
necessitar de mais áreas, para a<br />
atividade pecuária, e alugar pastos,<br />
o valor deverá ser computado.<br />
Despesas Diversas<br />
Como despesas diversas deverão<br />
ser registrados os itens que não<br />
se enquadram nos grupos acima.<br />
Como exemplo pode-se citar: brincos<br />
(identificação), contribuição<br />
rural, material de escritório, encargos<br />
financeiros (juros), frete / carreto,<br />
aluguel de máquinas, alguns<br />
tributos que variam em função da<br />
quantidade de arrobas produzidas,<br />
lubrificantes, materiais de limpeza,<br />
reparo e manutenção (de benfeitorias,<br />
de equipamentos, de máquinas<br />
e de veículos), taxas (associação de<br />
produtores, por exemplo).<br />
Depreciação<br />
A depreciação é o custo estimado<br />
da desvalorização dos bens, causada<br />
pelo desgaste físico ou obsoletismo.<br />
Representa a desvalorização<br />
do bem ao longo do período de vida<br />
útil provável do ativo (benfeitorias,<br />
animais destinados a reprodução e<br />
serviços, máquinas, implementos,<br />
equipamentos etc.).<br />
A depreciação é usada para estimar<br />
a perda de valor de todo bem<br />
com vida útil superior a um ciclo<br />
produtivo. Somente tem depreciação<br />
os bens que possuem vida útil<br />
limitada; portanto, a terra não tem<br />
depreciação.<br />
Remuneração da terra<br />
Um critério bastante utilizado<br />
para a remuneração do fator de<br />
produção terra é o valor do arrendamento<br />
praticado na região onde<br />
está localizada a propriedade ou o<br />
custo de oportunidade do capital<br />
investido em terra.<br />
Remuneração do capital<br />
investido<br />
Refere-se ao valor que o empresário<br />
receberia se esses recursos<br />
estivessem aplicados em outra atividade.<br />
Há vários critérios utilizados<br />
para remuneração do capital, pois<br />
pode-se utilizar qualquer oportunidade<br />
de rendimento do capital<br />
renunciada pelo empresário, sendo<br />
aplicações financeiras ou até mesmo<br />
rentabilidade de negócio renunciada<br />
graças ao uso dos investimentos<br />
na atividade pecuária. Um critério<br />
bastante utilizado é a taxa de juros,<br />
paga pela caderneta de poupança.<br />
Remuneração do capital de giro<br />
O capital de giro representa o<br />
montante de recursos necessários<br />
para custear os gastos com o financiamento<br />
da empresa, uma vez que,<br />
antes de receber as vendas efetuadas,<br />
a empresa já efetuou diversos<br />
pagamentos. Esses recursos asseguram<br />
o desempenho das atividades<br />
operacionais do empreendimento<br />
compondo seus estoques e atendendo<br />
às necessidades de um caixa<br />
mínimo para efetuar os pagamentos<br />
como mão de obra, tributos, energia,<br />
aluguel, aquisição de insumos<br />
dentre outros.<br />
Remuneração do empresário<br />
Uma maneira usual de se estabelecer<br />
esse valor é a seguinte: se<br />
o produtor não estivesse desenvolvendo<br />
esta atividade de gerenciar a<br />
sua propriedade, ele poderia estar<br />
exercendo outra atividade. Nessa<br />
outra atividade, quanto ele estaria<br />
recebendo? Esse valor poderia ser<br />
utilizado como sendo o valor referente<br />
à remuneração do empresário.<br />
Outra pergunta que pode ser feita<br />
para auxiliar nessa estimativa é: se<br />
o produtor tivesse que contratar<br />
um profissional para exercer suas<br />
atividades dentro da propriedade,<br />
quanto um profissional da região<br />
cobraria para tal?<br />
4) Estruturas de custo de<br />
produção<br />
Depois de sabermos quais são<br />
os componentes do custo de produção,<br />
precisamos saber como estimá-los.<br />
Podem ser encontradas<br />
duas estruturas, ou duas metodologias,<br />
para determinar o custo de<br />
produção de um produto agropecuário.<br />
São elas: Custo Total de Produção<br />
e Custo Operacional Total.<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 17
É importante salientar que, para<br />
se ter informações seguras para a<br />
tomada de decisões, a estimativa do<br />
custo de produção deve ser, no mínimo,<br />
referente ao período de um<br />
ciclo produtivo. A duração do ciclo<br />
produtivo varia bastante, principalmente<br />
da atividade desenvolvida<br />
pelo pecuarista empresário: se cria,<br />
recria ou engorda, bem como tecnologias<br />
adotadas como, por exemplo,<br />
duração da estação de monta,<br />
duração do período de aleitamento,<br />
suplementação alimentar, intensificação<br />
da produção, dentre outras.<br />
Em função da adoção, ou não, de<br />
algumas tecnologias, a duração do<br />
ciclo produtivo, em meses, poderá<br />
aumentar ou diminuir.<br />
4.1) Custo Total<br />
Nesta metodologia devem ser<br />
considerados tanto os custos fixos<br />
como os variáveis.<br />
• Custos fixos<br />
Custos fixos são aqueles que não<br />
variam com a quantidade produzida<br />
(considerando sempre um intervalo<br />
de produção); e, têm duração superior<br />
ao curto prazo; portanto, sua<br />
renovação acontece a longo prazo.<br />
Entende-se por curto prazo, o<br />
período de tempo mínimo necessário<br />
para que um ciclo produtivo<br />
se complete; e por longo prazo, o<br />
período de tempo que envolve dois<br />
ou mais ciclos produtivos.<br />
São considerados custos fixos:<br />
ü Depreciação (de benfeitorias,<br />
animais destinados à reprodução<br />
e serviços, máquinas,<br />
implementos, equipamentos<br />
etc.);<br />
ü Alguns tributos e taxas considerados<br />
fixos (ITR, IPVA,<br />
seguro obrigatório de veículos);<br />
ü Remuneração do capital fixo;<br />
ü Remuneração da terra; e<br />
ü Remuneração do produtor<br />
rural.<br />
Some todos os esses valores e<br />
você conhecerá o total dos custos<br />
fixos.<br />
• Custos variáveis<br />
Custos variáveis são aqueles que<br />
variam de acordo com a quantidade<br />
produzida; e, cuja duração é igual<br />
ou menor que o ciclo de produção<br />
(curto prazo). Em outras palavras,<br />
eles incorporam-se totalmente ao<br />
produto no curto prazo, não sendo<br />
aproveitados para outro ciclo produtivo.<br />
Para conhecer o total dos<br />
custos variáveis, você deverá somar<br />
os valores referentes aos itens (grupos)<br />
listados abaixo, que são considerados<br />
custos variáveis:<br />
ü Alimentação;<br />
ü Mão de obra;<br />
ü Energia;<br />
ü Sanidade;<br />
ü Inseminação artificial;<br />
ü Aluguel de pastos;<br />
ü Despesas Diversas; e<br />
ü Remuneração do capital de<br />
giro.<br />
Totalizando<br />
E aí? Como estimar o custo total<br />
de produção do sistema de produção<br />
de gado de corte? Basta somar<br />
o total obtido com custos variáveis<br />
com o valor referente aos custos fixos.<br />
Para conhecer o custo unitário,<br />
divida tal valor pela quantidade de<br />
bezerros desmamados ou animais<br />
recriados ou arrobas produzidas,<br />
dependendo da atividade desenvolvida<br />
(se cria, recria ou engorda, respectivamente).<br />
4.2) Custo Operacional Total<br />
Essa metodologia, que foi desenvolvida<br />
pelo Instituto de Economia<br />
Agrícola do Estado de São<br />
Paulo (Matsunuga et al., 1976), surgiu<br />
devido às dificuldades em se<br />
avaliar alguns itens que compõe o<br />
custo fixo, como por exemplo a remuneração<br />
da terra, do capital fixo<br />
e do empresário.<br />
O custo operacional de produção<br />
refere-se ao custo de todos os<br />
recursos de produção que exigem<br />
desembolso por parte do produtor<br />
(empresa rural). Ela envolve o custo<br />
operacional efetivo e outros custos.<br />
• Custo operacional efetivo<br />
São custos operacionais efetivos<br />
aqueles nos quais ocorre efetivamente<br />
desembolso ou dispêndio<br />
em dinheiro, tais como:<br />
ü Alimentação;<br />
ü Mão de obra;<br />
ü Energia;<br />
ü Sanidade;<br />
18<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
ü Inseminação artificial;<br />
ü Tributos considerados fixos;<br />
ü Aluguel de pastos; e<br />
ü Despesas Diversas.<br />
Para conhecer o total dos custos<br />
operacionais efetivos, você deverá<br />
somar os valores referentes aos<br />
itens (grupos) listados acima, ou<br />
seja, todos aqueles valores referentes<br />
aos efetivos desembolsos feitos<br />
pelo empresário.<br />
• Outros custos<br />
Incluem-se aqui os custos com:<br />
ü Depreciação; e<br />
ü Mão de obra familiar.<br />
Some os valores referentes a esses<br />
dois grupos e você conhecerá o<br />
total com Outros custos.<br />
Totalizando<br />
E aí? Como estimar o custo operacional<br />
total de produção do sistema<br />
de produção de gado de corte?<br />
Basta somar o total obtido com<br />
custos operacionais efetivos com<br />
o valor referente aos Outros custos.<br />
Para conhecer o custo unitário,<br />
divida tal valor pela quantidade de<br />
bezerros desmamados ou animais<br />
recriados ou arrobas produzidas,<br />
dependendo da atividade desenvolvida<br />
(cria, recria ou engorda, respectivamente).<br />
4) Considerações finais<br />
E aí? Você se considera um pecuarista<br />
empresário? Você sabe qual<br />
é o custo de produção do teu bezerro<br />
desmamado? Do teu animal<br />
recriado? Ou da arroba produzida?<br />
Se a resposta for sim, parabéns! Se<br />
for não, está disposto a se tonar<br />
um empresário? Se sim, parabéns e<br />
mãos a obra! Tomou a decisão certa<br />
e, agora, rumo ao sucesso. Comece<br />
a anotar seus gastos, pois esse é o<br />
segundo passo para se estimar os<br />
custos de produção. O primeiro é<br />
tomar a decisão de começar e passar<br />
a encarar a atividade como uma<br />
empresa, independente do tamanho<br />
dela.<br />
O LABORATÓRIO AGROPECUÁRIO DE<br />
REFERÊNCIA NO NORTE DO PAÍS<br />
CONFIANÇA E AGILIDADE EM CAMPO<br />
NOSSA MISSÃO É CONTRIBUIR<br />
PARA O SEU SUCESSO NO<br />
AGRONEGÓCIO<br />
Quadra 204 Sul, Av. LO 03 QI 17 Lote 02 Palmas - Tocantins - CEP: 77.020-464<br />
(63) 98484-2329 (63) 3213 1630 lab@grupomb.agr.br<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 19
Rafael Mazão<br />
Zootecnista<br />
rafaelmazao@dstak.com<br />
Uberaba (MG), Brasil<br />
GENÉTICA I<br />
TOURO MELHORADOR<br />
O importante é identificar qual a melhor<br />
"semente" para "colher" os melhores resultados.<br />
Está iniciando ou até já se iniciaram em alguns criatórios, uma das etapas mais importantes do sistema de<br />
produção, a Estação de Monta.<br />
Fundamental etapa do sistema<br />
de cria, que além de conter todas<br />
principais ações reprodutivas, representa<br />
a produção da futura geração<br />
e gera informações das matrizes<br />
quanto ao processo de seleção<br />
primário, a fertilidade.<br />
As fêmeas bovinas necessitam<br />
de luminosidade e calor para que tenham<br />
maior manifestação do estro<br />
(cio), aliado à boas condições nutricionais<br />
para “alimentar nossa indústria<br />
de bezerros” – as matrizes,<br />
e os bezerros tem melhor desempenho<br />
quando nascem no período<br />
mais seco do ano.<br />
Com isso, em termos gerais, de<br />
agosto a dezembro, na maior parte<br />
do Brasil a estação de monta se inicia,<br />
mas muitas vezes sem o planejamento<br />
adequado.<br />
A estação de monta reduzida<br />
além de proporcionar a seleção de<br />
matrizes que produzem 1 bezerro<br />
por ano, centraliza os nascimentos<br />
no melhor período, concentra o<br />
manejo reprodutivo e operacional,<br />
otimiza o desempenho da crias e<br />
elimina do rebanho as matrizes vazias<br />
e já desmamadas antes da próxima<br />
seca, fecha o ciclo com maior<br />
eficiência e rentabilidade.<br />
Já parou para pensar que na agricultura<br />
moderna, que neste mesmo<br />
período estão trabalhando afim<br />
da próxima safra, sequer se realiza<br />
qualquer plantio sem análise de<br />
solo? Da mesma forma, a escolha<br />
dos insumos e das ações agrícolas<br />
são criteriosamente planejadas afim<br />
de elevar a produtividade e reduzir<br />
os custos de produção.<br />
A pecuária moderna exige as<br />
mesmas seletivas escolhas!<br />
A análise do solo e a escolha<br />
dos insumos se equivalem a avaliação<br />
do rebanho quanto a demanda<br />
genética necessária para produzir<br />
mais na próxima safra!<br />
Com isso, determinar os touros<br />
melhoradores que irão impactar no<br />
sistema de produção é determinante<br />
para o sucesso do projeto.<br />
20<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
Evoluir os ganhos para fertilidade,<br />
habilidade materna e peso a<br />
desmama para os projetos de cria,<br />
e ainda aumentar a produtividade<br />
também no peso final da boiada<br />
com maior precocidade e rendimento<br />
de carcaça para os projetos<br />
de ciclo completo, exige planejamento<br />
da estação de monta através<br />
da escolha da “semente certificada”<br />
da pecuária, os touros melhoradores.<br />
Identificar os touros ideais para<br />
cada projeto potencializa o ganho<br />
e diminui o intervalo do produto<br />
final, tempo este tão precioso na<br />
pecuária, custosa pelo grande intervalo<br />
entre gerações.<br />
O mercado nos oferece excelentes<br />
opções de touros melhoradores<br />
que por via da inseminação artificial<br />
otimiza e democratiza o uso da<br />
genética adequada para qualquer<br />
sistema de produção. O importante<br />
é identificar qual a melhor “semente”<br />
para “colher” os melhores<br />
resultados.<br />
A genética está cada vez mais<br />
sendo difundida, de acordo com<br />
pesquisas realizadas agora em <strong>2019</strong><br />
pelo Departamento de Reprodução<br />
Animal da FMVZ/USP, a IATF<br />
em 2018 representou 86,3% do volume<br />
das operações dos rebanhos<br />
que utilizaram inseminação artificial,<br />
sendo que em 2002 esse índice<br />
só representava 1%. Já falando de<br />
proporção do rebanho inseminado<br />
no mesmo período (2002 a 2018),<br />
a evolução foi de 6% para 14% do<br />
rebanho utilizando inseminação<br />
artificial, mas o que isso significa?<br />
Significa aumento de tecnologia e<br />
democratização genética, que pulveriza<br />
o melhoramento genético e<br />
evolui os resultados zootécnicos da<br />
pecuária.<br />
Andando junto à evolução da<br />
I.A. e I.A.T.F. estão outros indicadores<br />
de produtividade, acompanhe<br />
na Tabela 1.<br />
Porém fica a pergunta, produzir<br />
mais pra quem? E por que?<br />
“Pra quem”: em 50 anos teremos<br />
demanda de 100% do que<br />
se produz de alimento, conforme<br />
pesquisas realizadas em 2010 pela<br />
FAO - Organização das Nações<br />
Unidas para a Alimentação e a<br />
Tabela 1 – Perfil da pecuária no ano 2000 e no ano 2017.<br />
Fonte: USDA, 2017.<br />
Agricultura, onde mencionam que<br />
70% destes alimentos deverão ser<br />
produzidos pelo aumento de tecnologia<br />
e produtividade, mostrando-nos<br />
que a intensificação deverá<br />
ser cada vez mais presente na realidade<br />
do pecuarista.<br />
Na tabela 2, o perfil de consumo<br />
per capita dos principais exportadores<br />
de carne mundial, e do<br />
principal importador da carne brasileira,<br />
a China, sinalizando a grandeza<br />
do mercado mundial quando<br />
os países emergentes e de grandes<br />
populações aumentarem consumo<br />
de carne bovina.<br />
“E por que”: aumentar a produtividade<br />
e diminuir o ciclo de produção<br />
implica em maior rapidez de<br />
giro financeiro, lógico com redução<br />
de custos, assim otimizando os<br />
sistemas.<br />
Para isso, é fundamental escolhermos<br />
a melhor genética a ser<br />
BRASIL 2000 2017<br />
REBANHO BOVINO 140 milhões cab. 230 milhões cab.<br />
ÁREA DE PASTAGEM 185 milhões de ha 165 milhões de ha<br />
PRODUÇÃO / HA 2,3 @ / ha / ano 4,3 @ / ha / ano<br />
PESO DE ABATE 15 @ 17 @<br />
BOVINOS ABATIDOS 12 milhões cab. 30 milhões cab.<br />
VOL. DE CARNE PRODUZIDA 6,5 milhões Ton 9,8 milhões Ton<br />
VOLUME EXPORTADO 0.6 milhões Ton 1,8 milhões Ton<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 21
incorporada anualmente através da<br />
I.A.T.F. em conjunto com a seleção<br />
das matrizes, com objetivos bem<br />
definidos para se obter os melhores<br />
resultados.<br />
A utilização de touros melhoradores,<br />
comprovados pelas Dep’s<br />
Tabela 2 – Consumo de carne bovina.<br />
PAÍSES<br />
genômicas, nos dão respaldo que<br />
teremos maiores ganhos em todas<br />
as características de interesse econômico:<br />
• Habilidade Materna;<br />
• Peso à desmama e ao sobre ano;<br />
• Precocidade Sexual;<br />
• Stayability;<br />
Kg / habitante / ano<br />
BRASIL 37,7<br />
ESTADOS UNIDOS 37,2<br />
AUSTRÁLIA 26,2<br />
CHINA 5,7<br />
• Rendimento de carcaça.<br />
E ainda, além de termos a preocupação<br />
pela qualificação genética,<br />
é importante termos informações<br />
quanto à fertilidade dos touros, a<br />
comprovação quanto a eficiência<br />
nos índices de concepção é fundamental<br />
para chancelar a “semente<br />
certificada”, pois escolher o touro<br />
correto para determinado sistema<br />
de produção é “tiro certeiro” para<br />
o sucesso da próxima safra.<br />
“Boa colheita”!!!!<br />
Fonte: USDA / FAO, <strong>2019</strong>.<br />
22<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
MANEJO<br />
EFICIENTE<br />
Soluções completas<br />
para a cultura da Soja.<br />
O Manejo Eficiente é uma série de medidas que auxiliam o produtor ao longo da safra<br />
a obter maiores produtividades. Vai desde o uso de sementes certificadas até os produtos<br />
mais adequados para cada momento da cultura.<br />
Conheça nossas soluções<br />
para um Manejo Eficiente da Soja:<br />
Sementes<br />
Tratamento<br />
de Sementes<br />
Herbicidas<br />
Fungicidas<br />
Inseticidas<br />
|<br />
Standak ® Top | Bomvoro ® | Granouro ®<br />
Gelfix 5 | Adhere 60<br />
Atectra | Amplexus ® TM<br />
|<br />
Poquer |<br />
®<br />
Heat ®<br />
Orkestra ® SC | Ativum ® | Versatilis ®<br />
Status ® | Spot ® SC | Kit Versatilis ® Plus<br />
Pirate ® | Fastac ® Duo | Nomolt ® 150<br />
Quer saber mais sobre as vantagens do Manejo Eficiente?<br />
Procure seu Representante Técnico de Vendas BASF.<br />
0800 0192 500<br />
facebook.com/BASF.AgroBrasil<br />
www.agro.basf.com.br<br />
www.blogagrobasf.com.br<br />
BASF na Agricultura.<br />
Juntos pelo seu Legado.<br />
Uso exclusivamente agrícola. Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e os restos de produtos.<br />
Incluir outros métodos de controle do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Restrições<br />
temporárias no Estado do Paraná: Standak ® Top para os alvos Colletotrichum gossypii, Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum e<br />
Lasiodiplodia theobromae em Algodão, Pythium spp. em Milho e Trigo, Alternaria alternata, Aspergillus spp., Colletotrichum graminicola,<br />
Fusarium moniliforme, Penicillium spp., Phoma spp. e Pythium spp. em Sorgo; Amplexus para o alvo Blainvillea latifolia para<br />
Milho e Ageratum conyzoides, Amaranthus deflexus, Commelina benghalensis, Digitaria horizontalis, Echinochloa crusgalli, Ipomoea<br />
grandifolia, Nicandra physaloides e Richardia brasiliensis para Soja OGM BPS-CV-127-9. Registro MAPA: Standak ® Top nº 01209;<br />
Ativum ® nº 11216; Orkestra ® SC nº 08813; Spot ® SC nº 0516; Status ® nº 6210; Versatilis ® nº 001188593; Atectra ® nº 4916; Amplexus<br />
nº 008298; Finale ® nº 000691; Heat ® nº 01013; Poquer ® nº 8510; Fastac ® Duo nº 10913; Nomolt ® 150 nº 001393 e Pirate ® nº 05898.
Paulo Henrique F. Vieira<br />
Médico Veterinário<br />
Esp. Produção In Vitro de Embriões Bovinos<br />
metavet@outlook.com<br />
GENÉTICA II<br />
FERTILIZAÇÃO IN VITRO<br />
DE E<strong>MB</strong>RIÕES BOVINOS<br />
A fertilização in vitro de embriões bovinos (FIV) tem proporcionando ganhos antes inimagináveis no setor. Esta biotecnologia<br />
consiste no desenvolvimento destes embriões de forma assistida em laboratório, para posterior transferência em<br />
fêmeas devidamente avaliadas e protocoladas, na qual recebem o nome de receptoras (barrigas de aluguel).<br />
Com o uso da técnica de fertilização<br />
in vitro (FIV) na reprodução<br />
de bovinos de leite e de corte,<br />
o caminho da seleção e do melhoramento<br />
genético pode ser encurtado<br />
em pelo menos três gerações ou<br />
cerca de 10 anos de seleção, permitindo<br />
rápidos saltos na produção e<br />
na qualidade de carne e leite.<br />
Esta técnica proporciona inúmeras<br />
vantagens, dentre elas podemos<br />
citar a geração de um maior número<br />
de descendentes de animais<br />
selecionados, o que em condições<br />
normais seria impossível. Há ainda<br />
um maior aproveitamento das<br />
fêmeas mais novas ou mais velhas,<br />
que “abandonariam” a gestação.<br />
Os animais mais novos, por<br />
exemplo, despreparados para a gestação,<br />
por conta da incipiente formação<br />
do útero ou com problemas<br />
reprodutivos seriam diretamente<br />
beneficiados. Isso, sem contar os<br />
animais que estejam participando<br />
de competições ou em negociação.<br />
Talvez os criadores não saibam<br />
que podem comprar um processo<br />
de tecnologia ou genética por um<br />
preço mais baixo que há alguns<br />
anos. É possível financiar a aquisição<br />
de prenhezes de animais extremamente<br />
produtivos e premiados<br />
e obter retorno imediato, já que as<br />
mães e os pais são provados (avaliados<br />
em provas de genética) e a<br />
chance de as filhas serem grandes<br />
produtoras de leite e carne.<br />
O mecanismo de produção In<br />
Vitro de Embriões (PIV) é constituído<br />
por três etapas: Maturação<br />
in vitro(MIV), Fertilização in vitro<br />
(FIV) e cultivo in vitro (CIV). Na<br />
FIV, oócitos (Células sexuais femininas)<br />
aspirados nos folículos ovarianos<br />
de uma vaca, são fecundados<br />
em laboratório, por espermatozoides<br />
contidos no sêmen de um touro.<br />
Os embriões originados deste<br />
processo são transferidos a uma<br />
fêmea receptora, que deve ser preferencialmente<br />
novilha ou vaca de<br />
primeira cria. Sem dúvidas é ganho<br />
para o produtor que almeja melhorar<br />
a genética do rebanho.<br />
24<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 25
Renato Antônio Borghetti<br />
Eng. Agrônomo<br />
M.Sc. Solos e Nutrição de Plantas / UFV<br />
renato@grupoborghetti.com.br<br />
ECONOMIA<br />
A PRÓXIMA DÉCADA DO AGRONEGÓCIO NO<br />
MATOPIBA<br />
As incertezas no mercado mundial com a guerra de preços entre os Estados Unidos e China e a inconsistência da<br />
política brasileira nos deixam em um cenário cada vez mais imprevisível quanto ao futuro da economia brasileira<br />
e por consequência do agronegócio.<br />
Apesar da já previsível aprovação<br />
da reforma da previdência, ainda há<br />
muito a ser feito, principalmente na<br />
venda de estatais deficitárias e ineficientes<br />
e na desburocratização do<br />
estado. Se de um lado o governo<br />
tem a intensão de colocar a nossa<br />
economia pra andar nos trilhos,<br />
pelo outro a falta de articulação política,<br />
até mesmo dentro da própria<br />
família do presidente nos deixam<br />
com mais preocupação.<br />
As projeções para 2020 são animadoras,<br />
economistas projetam um<br />
PIB (Produto Interno Bruto) de 2<br />
% ante os 0,87 estimado para <strong>2019</strong>,<br />
o IPCA deve se manter em 3,8 %<br />
assim como o dólar próximo de R$<br />
3,9, o que na teoria ajuda a alavancar<br />
o preço dos grãos no mercado<br />
interno. As atividades da agropecuária,<br />
indústria e serviços tendem<br />
a subir 2,6%, 2,2% e 1,4 respectivamente.<br />
Nos últimos 30 anos a área brasileira<br />
plantada de grãos cresceu 64<br />
% enquanto que a produtividade<br />
superou 250 %, essa diferença mostra<br />
a eficiência da pesquisa e tecnologia<br />
brasileira que transformou o<br />
Brasil em uma potencia mundial<br />
na exportação de grãos. Segundo<br />
as projeções do departamento de<br />
agricultura americana e brasileira o<br />
Brasil vai crescer 60 % na exportação<br />
de grãos nos próximos 10 anos.<br />
A produção de carnes também terá<br />
um incremento significativo de 30<br />
% no mesmo período.<br />
As exportações anuais de milho<br />
do Brasil mais que triplicaram na<br />
última década e tiveram uma média<br />
de 24,5 milhões de toneladas nos<br />
últimos 5 anos. A produção de milho<br />
de segunda safra vai continuar<br />
crescendo em regiões de fronteira<br />
agrícola. Essas regiões, em função<br />
da localização com baixa demanda<br />
doméstica e a maior proximidade<br />
de portos, vão facilitar as exportações<br />
do milho safrinha.<br />
A região do Matopiba, sigla formada<br />
pela união das iniciais dos<br />
estados do Maranhão, Tocantins,<br />
Piauí e Bahia, considerado a última<br />
fronteira agrícola mundial vem<br />
crescendo a passos largos na produção<br />
de grãos e carne. Grandes<br />
áreas com baixo custo da terra e topografia<br />
plana, facilitaram a mecanização<br />
e o cultivo em larga escala.<br />
A proximidade aos portos de Itaqui<br />
26<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
(MA) e Barcarena (PA) reduzem os<br />
custos com logística e possibilita<br />
melhores preços pagos aos produtos<br />
agrícolas.<br />
O Matopiba com mais de 330<br />
mil estabelecimentos agropecuários<br />
e uma população com mais 6<br />
milhões de pessoas, cresceu muito<br />
rápido na produção agrícola e pecuária.<br />
Entre 1990 e 2015 o estado<br />
do Tocantins cresceu quase 1000<br />
% na produção de grãos, enquanto<br />
que o resto do país cresceu 250 %.<br />
Segundo fontes do governo federal<br />
atualizadas em julho de <strong>2019</strong><br />
, nos próximos 10 anos o Matopiba<br />
deve crescer 28 % na produção<br />
de grãos e apenas 14,9 % em área<br />
plantada, isso equivale a 28,9 milhões<br />
de toneladas em 8,7 milhões<br />
de hectares.<br />
Ao contrário de muitos que afirmam<br />
que o agro só gera destruição<br />
e aprofunda a pobreza nas regiões<br />
em que atua, o agro pode sim ter<br />
papel de agente transformador na<br />
vida de muitas pessoas do campo.<br />
Não só de quem é dono da terra<br />
mas também da comunidade rural<br />
e urbana.<br />
Estudo divulgado pelo Instituto<br />
de Pesquisa Econômica Aplicada<br />
(IPEA) em 2018, que discute os aspectos<br />
sociais do Matopiba, mostra<br />
um aumento significativo do<br />
IDHM, índice que mede o desenvolvimento<br />
humano,<br />
em grande parte da<br />
região do Matopiba entre os anos<br />
de 2000 e 2010. Segundo o estudo<br />
Porto Nacional/TO; Gurupi/TO;<br />
Araguaína/TO; Rio Formoso/TO;<br />
Barreiras/BA; Imperatriz/MA ;<br />
Miracema do Tocantins/TO; Balsas/MA;<br />
Porto Franco/MA; e Dianópolis/TO<br />
são as cidades com o<br />
maior IDHM do Matopiba e todas<br />
essas regiões tem o agronegócio<br />
como papel principal na economia<br />
local.<br />
Entre os municípios do estado<br />
do Tocantins, 81% conseguiram diminuir<br />
a desigualdade de renda; Na<br />
Bahia, dos trinta municípios que<br />
compõem a região, 28 (93%) diminuíram<br />
a desigualdade de renda.<br />
Dos 33 municípios do Piauí que<br />
compõem a região do Matopiba,<br />
64% (21 municípios) diminuíram a<br />
desigualdade. No Maranhão, 65%,<br />
(90 municípios) reduziram a desigualdade.<br />
Muito virá na próxima década<br />
para o agronegócio brasileiro e especialmente<br />
para o Matopiba. O<br />
governo tem papel importante para<br />
as melhorias em infraestrutura em<br />
obras como o da hidrovia do rio<br />
Tocantins, a ampliação da ferrovia<br />
Norte-Sul e da ferrovia Transnordestina,<br />
que podem ajudar a acelerar<br />
ainda mais o desenvolvimento<br />
do agronegócio no Matopiba.<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 27
28<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 29
30<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
José Ribamar S. Junior<br />
Administrador<br />
riba.jr77@gmail.com<br />
TECNOLOGIA<br />
TECNOLOGIA e<br />
AGRONEGÓCIO<br />
“A coleta de informações para tomada de decisão baseadas em análises de dados é uma realidade em diversos<br />
setores do mercado e a tecnologia é a principal ferramenta que torna isso possível. Não investir em recursos desse<br />
tipo pode acabar custando mais para o negócio”<br />
“A coleta de informações para<br />
tomada de decisão baseadas em<br />
análises de dados é uma realidade<br />
em diversos setores do mercado e a<br />
tecnologia é a principal ferramenta<br />
que torna isso possível. Não investir<br />
em recursos desse tipo pode acabar<br />
custando mais para o negócio”<br />
O Agronegócio é um dos segmentos<br />
que mais movimenta a economia<br />
brasileira, em escala global,<br />
e também um dos que mais empregam<br />
no país. De acordo com o Ministério<br />
da Agricultura, em março<br />
2018, os produtos do Agrobusiness<br />
representaram 45,2% do total das<br />
vendas externas brasileiras, o que<br />
significou um recorde das exportações<br />
nacionais. Segundo dados<br />
do Centro de Estudos Avançados<br />
em Economia Aplicada (CEPEA),<br />
ligado a Univ. de São Paulo(USP),<br />
o agronegócio favoreceu o crescimento<br />
do PIB brasileiro, contribuindo<br />
diretamente para o controle<br />
inflacionário.<br />
Um ótimo resultado, considerando<br />
que, no último ano, houve<br />
uma queda significativa nos preços<br />
dos produtos do segmento. Produzindo<br />
mais a menores preços,<br />
o setor contribuiu com um maior<br />
abastecimento, com a geração de<br />
divisas e com o controle da inflação.<br />
Com tanta expressão, empresas<br />
do agronegócio, em todo o mundo<br />
têm investindo, cada vez mais em<br />
Tecnologia e Inovação.<br />
A globalização e a inserção de<br />
novas tecnologias proporcionaram<br />
um mercado cada vez mais<br />
competitivo, dessa forma, cabe às<br />
organizações se modificarem para<br />
sobreviverem diante desse cenário.<br />
Assim, a inovação e a tecnologia<br />
passa a ser uma estratégia utilizada<br />
não apenas para o aprimoramento<br />
do negócio como também, para<br />
buscar mudanças relacionadas à<br />
criação de valor no desenvolvimento<br />
de novos produtos e startup’s agtechs,<br />
sendo estas responsáveis para<br />
que a tecnologia chegue aos produtores.<br />
Evidentemente, que no Brasil<br />
há condições extremamente favoráveis<br />
para a produção, vide clima<br />
e solo. Mas de nada valeriam esses<br />
recursos se não houvesse um forte<br />
caráter inovador na agropecuária<br />
brasileira. Foi o empreendedorismo<br />
do produtor, apoiado pelas pesquisas<br />
que colocou a agropecuária<br />
do nosso país nos patamares que<br />
hoje experimentamos. De simples<br />
ferramentas de controle da coleta<br />
no campo a complexo sistemas de<br />
rastreamento de maquinários, os investimentos<br />
em inovação e tecnologia<br />
auxiliam no desempenho da<br />
produção animal e tanto a lavoura.<br />
Segundo estudo publicado, por<br />
José Garcia Gasques, coordenador<br />
geral de Avaliação de Políticas e Informação,<br />
da Secretaria de Política<br />
Agrícola (SPA), do Ministério da<br />
Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />
(Mapa), relata em seu estudo<br />
que houve um conjunto de fatores<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 31
que influenciaram tamanha produtividade.<br />
Os mais importantes<br />
foram as políticas setoriais, o aumento<br />
de investimentos, o financiamento<br />
através do crédito rural,<br />
a abertura de mercados externos a<br />
produtos nacionais e a adoção de<br />
novos sistemas de produção, inclui-se<br />
Tecnologia e Inovação.<br />
Em 42 anos, a produção de<br />
grãos passou de 40,6 milhões de<br />
toneladas para 237,8 milhões de<br />
toneladas. Os destaques são a cultura<br />
da soja e de milho 2ª safra. A<br />
produção de carne bovina passou<br />
de 1,8 milhão de toneladas para 7,7<br />
milhões de toneladas. A quantidade<br />
de carne suína cresceu de 500<br />
mil toneladas para 3,8 milhões de<br />
toneladas e, de frango, de 373 mil<br />
toneladas para 13,6 milhões de<br />
toneladas, segundo a pesquisa de<br />
Gasques.<br />
Entre os indicadores de produtividade<br />
pesquisados o maior crescimento<br />
do uso desses fatores tem<br />
ocorrido com o uso de novas tecnologias,<br />
fator esse que foi decisivo<br />
para o desempenho observado.<br />
O produtor brasileiro é um inovador,<br />
mesmo com tantos avanços,<br />
ainda há muito espaço para evoluir.<br />
A adoção de tecnologias e a cultura<br />
da inovação não estão distribuídas<br />
uniformemente entre os produtores.<br />
Trazer essa discussão, criar<br />
um canal de debate e troca de experiências<br />
constituem importantes<br />
estratégias para uma agropecuária<br />
cada vez mais inovadora, competitiva<br />
e sustentável.<br />
32<br />
CONTATOS:<br />
RENNAN<br />
(63) 99210 3010<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong><br />
RODRIGO<br />
(63) 99253 7980<br />
GILMAR<br />
(63) 99107 4159
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 33
34<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
Dr. Jorge Ferreira<br />
Professor da UFT - Universidade<br />
Federal do Tocantins<br />
jorgeuft@gmail.com<br />
GENÉTICA III<br />
A IMPORTÂNCIA DA VACA<br />
PARTE II<br />
Na pecuária de corte, o sistema de cria se constitui numa das principais e mais importantes etapas do sistema produtivo,<br />
pois envolve a criação e o manejo de matrizes e seus bezerros até a desmama, mas também das novilhas de reposição e<br />
touros. Esse sistema tem por objetivo a produção de bezerros que representa uma das maiores fontes de receita do criador,<br />
mas também é um dos sistemas mais onerosos. Portanto, a viabilidade do sistema vai depender da eficácia e eficiência com<br />
que são utilizados os meios disponíveis para a otimização da produtividade.<br />
Muitos pecuaristas têm adotado<br />
de algumas estratégias na tentativa<br />
de aumentar o lucro e minimizar<br />
os custos. Uma alternativa é a<br />
grande variedade de tecnologias<br />
disponíveis aos produtores, tanto<br />
na área reprodutiva, manejo e nutrição,<br />
promovendo a necessidade<br />
de elaborar estratégias que venham<br />
garantir aumento da eficiência produtiva.<br />
No entanto, a escolha e adoção<br />
das tecnologias envolvem a relação<br />
custo-benefício, uma vez que a<br />
margem de lucro tem sido baixa e<br />
qualquer ação ineficiente pode levar<br />
à falência o sistema produtivo.<br />
Assim, é essencial a busca por alternativas<br />
seguras que maximizem a<br />
receita e diminuam os custos.<br />
O aumento da eficiência econômica<br />
nesse sistema está diretamente<br />
correlacionado com a melhoria na<br />
eficiência reprodutiva e diminuição<br />
da idade a puberdade (BALDI et<br />
al., 2008). A busca pela eficiência<br />
reprodutiva tem-se voltado para a<br />
seleção de características que determinem<br />
aumento da fertilidade.<br />
A precocidade sexual dos animais<br />
e da taxa de parição das fêmeas<br />
aumenta o número de descendentes<br />
na vida útil e amortiza os<br />
custos da criação de novilhas. Sendo<br />
assim, o aumento do número de<br />
animais aumentará a eficiência do<br />
processo de seleção, pois permite<br />
substituir mais rapidamente o material<br />
genético e aumentará a taxa de<br />
desfrute dos animais, o que resulta<br />
positivamente no aumento de carne<br />
produzida ao ano, elevando a rentabilidade<br />
do produtor (MOREIRA,<br />
2010).<br />
A antecipação da idade ao primeiro<br />
parto está diretamente ligada<br />
à precocidade sexual, eficiência<br />
reprodutiva e à lucratividade da<br />
produção de carne bovina. Esta característica<br />
pode ser utilizada como<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 35
critério de seleção por estar relacionada<br />
com a idade a puberdade dos<br />
animais, correlaciona-se com o potencial<br />
de longevidade das fêmeas,<br />
além de ser de fácil mensuração,<br />
não implicando em custo adicional<br />
para o sistema.<br />
A idade ao primeiro parto tardia<br />
de fêmeas ocorre devido à influência<br />
ambiental. Um dos principais<br />
motivos é nutricional, em situação<br />
em que o manejo suplementar e a<br />
falta de forragem devido às estacionalidades<br />
climáticas não supre<br />
a exigência do animal. A idade em<br />
que as fêmeas são expostas ao macho<br />
também pode ter influência na<br />
idade ao primeiro parto.<br />
As correlações genéticas entre<br />
idade ao primeiro parto e produtividade<br />
acumulada são negativas e<br />
favoráveis, indicando que a antecipação<br />
da idade ao primeiro parto<br />
leva ao maior tempo de permanência<br />
da fêmea no rebanho, produzindo<br />
mais bezerros ao longo<br />
de sua vida (MERCADANTE et<br />
al., 2000). A seleção para idade ao<br />
primeiro parto melhora a eficiência<br />
reprodutiva das matrizes como um<br />
todo.<br />
Um trabalho de simulação realizado<br />
pela FNP Consultoria de<br />
São Paulo mostrou que a redução<br />
da idade ao primeiro parto de três<br />
para dois anos produziria um aumento<br />
de 16% no retorno econômico<br />
do sistema. Ou seja, a vaca<br />
parindo aos dois anos de idade<br />
produziria ao longo da vida um bezerro<br />
a mais.<br />
Assim, em um rebanho sob<br />
seleção, é fundamental identificar<br />
fêmeas eficientes, reproduzi-las, e<br />
também descartar as inferiores. A<br />
eliminação de vacas falhadas/improdutivas<br />
favorece os índices reprodutivos<br />
e, consequentemente, a<br />
produção de bezerros, promovendo<br />
aumento considerável na taxa<br />
de desfrute, ou seja, na lucratividade.<br />
A eficiência reprodutiva de fêmeas<br />
pode ser tratada então, como<br />
um objetivo de seleção, definido<br />
como a combinação de características<br />
biológicas e economicamente<br />
importantes dentro de um sistema<br />
de produção. Assim, a seleção para<br />
essa característica merece muita<br />
atenção e deve fazer para do índice<br />
de seleção da fazenda.<br />
36<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 37
Márcio Gianordoli Teixeira Gomes<br />
Médico Veterinário e Doutor em Zootecnia<br />
Professor no Curso de Med. Veterinária da UFT<br />
mgianordoli@hotmail.com<br />
EQUINOCULTURA<br />
MANGALARGA MARCHADOR<br />
O Cavalo de Sela Brasileiro<br />
A raça Mangalarga Marchador é tipicamente brasileira e surgiu há cerca de 200 no Sul de Minas Gerais, através do<br />
cruzamento de cavalos da raça Alter – trazidos da Coudelaria de Alter do Chão, em Portugal – com éguas desta região<br />
mineira. A base da formação dos cavalos Alter é a raça espanhola Andaluz.<br />
Em 1949 foi criada a Associação<br />
Brasileira de Criadores de Cavalos<br />
Mangalarga Marchador (ABC-<br />
CMM), hoje a maior associação de<br />
equinos da América Latina, com<br />
mais de 250.000 animais registrados.<br />
Durante o período de meados<br />
de 1970 ao final da década de 90,<br />
o Marchador teve uma ascensão<br />
astronômica no segmento da equinocultura,<br />
batendo recordes de animais<br />
expostos, registrados e de preços<br />
em leilões oficiais.<br />
O Mangalarga Marchador tem<br />
como função principal a marcha,<br />
que é distinta das outras encontradas<br />
nos demais marchadores do<br />
mundo. A marcha, que é o passo<br />
acelerado, se caracteriza por transportar<br />
o cavaleiro de maneira cômoda,<br />
pois não transmite a ele os<br />
impactos ocorridos com os animais<br />
de trote. Marchando, ele alterna os<br />
apoios nos sentidos diagonal e lateral,<br />
sempre suavizados por um tempo<br />
intermediário, o tríplice apoio,<br />
momento em que três membros<br />
tocam o solo ao mesmo tempo.<br />
O andamento genuíno do Mangalarga<br />
Marchador é acompanhado<br />
de outras importantes características.<br />
Temperamento ativo e dócil:<br />
pode ser montado por pessoas de<br />
qualquer faixa etária e nível de equitação;<br />
resistência: grande capacidade<br />
para percorrer longas distâncias<br />
e enfrentar desafios naturais; inteligência:<br />
seu adestramento é fácil e<br />
rápido em relação a outras raças de<br />
sela; rusticidade: opção de se criar<br />
somente em regime de pasto, diminuindo<br />
seu custo de produção e<br />
manutenção, facilitando seu manejo.<br />
A rusticidade é observada também<br />
na facilidade de adaptação a<br />
quaisquer terrenos e climas como o<br />
tropical, temperado ou frio.<br />
Outra utilização que merece<br />
destaque para a raça, tem sido seu<br />
cruzamento com asininos da raça<br />
Pêga, produzindo muares marchadores,<br />
proporcionando conforto e<br />
comodidade para o cavaleiro, além<br />
de animais extremamente rústicos<br />
e resistentes, suportando tropeadas<br />
em longas distâncias.<br />
A marcha é considerada como<br />
o andamento natural, simétrico, a<br />
quatro tempos, com apoios alternados<br />
dos bípedes laterais e diagonais,<br />
intercalados por momentos<br />
de tríplice apoio (figura 1), sendo<br />
classificada como Marcha Batida ou<br />
Marcha Picada. Na marcha batida<br />
temos mais apoios diagonais que laterais,<br />
quando o membro posterior<br />
38<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
toca o solo simultaneamente ao<br />
anterior do lado oposto, exemplo,<br />
membro posterior esquerdo toca o<br />
solo ao mesmo tempo que o anterior<br />
direito. Já na marcha picada,<br />
mais apoios laterais que diagonais,<br />
quando o membro posterior e anterior<br />
do mesmo lado tocam o solo<br />
ao mesmo tempo, como exemplo<br />
os membros posterior e anterior<br />
esquerdos. Ressalta-se que a busca<br />
é sempre pelo maior momento de<br />
tríplices apoios, pois proporciona o<br />
maior conforto de sela para o cavaleiro.<br />
Figura 1- Apoios laterias e diagonais intercalados<br />
por tríplices apoios característicos da marcha.<br />
A título de melhor compreensão,<br />
em comparação a outros andamentos,<br />
o trote é classificado<br />
por momentos de apoios sempre<br />
diagonais, enquanto a andadura é<br />
o extremo oposto, em apoios sempre<br />
laterais. Estes dois movimentos<br />
não intercalam com tríplices<br />
apoios, mas sim com fases de voos,<br />
o que gera impacto e desconforto<br />
ao cavaleiro.<br />
Durante o Concurso de Marcha<br />
os árbitros deverão levar em conta,<br />
pela ordem de relevância abaixo, os<br />
seguintes itens:<br />
I. Gesto de Marcha: É a relação<br />
entre o movimento dos anteriores<br />
e posteriores, expressa pelo<br />
avanço e apoio dos bípedes,<br />
dissociados, em quatro tempos,<br />
propiciando momentos<br />
de tríplice apoio. Os membros<br />
anteriores devem descrever a<br />
figura de um semicírculo e os<br />
posteriores com energia de movimentação,<br />
mas com deslocamento<br />
linear, sem elevação demasiada<br />
dos seus jarretes.<br />
II. Comodidade e Estabilidade:<br />
São qualidades da movimentação<br />
do animal que mantendo<br />
seu tronco estável e sem oscilações,<br />
não transmite impactos<br />
frontais, laterais ou verticais,<br />
torções ou qualquer outro desconforto<br />
à posição adequada<br />
do cavaleiro sobre a sela. Bem<br />
como quaisquer características<br />
do animal que favoreçam positivamente<br />
sua condução pelo<br />
cavaleiro como bom temperamento,<br />
apoio leve de rédeas,<br />
equilíbrio, franqueza, etc.<br />
III. Estilo: É o conjunto formado<br />
por equilíbrio, harmonia,<br />
elegância, energia e nobreza dos<br />
movimentos e postura corporal<br />
do animal. A postura corporal,<br />
posicionamento de cauda e do<br />
conjunto cabeça/pescoço do<br />
Mangalarga Marchador são típicos<br />
e característicos, com a<br />
cabeça assumindo uma posição<br />
em que forma um ângulo aproximado<br />
dos 90º (noventa graus)<br />
com seu pescoço e de 45º (quarenta<br />
e cinco graus) com a horizontal.<br />
IV. Rendimento - É a qualidade<br />
que tem o animal de percorrer<br />
uma distância maior com<br />
um número menor de passadas.<br />
É resultante de passadas<br />
amplas, elásticas, desenvoltas<br />
e equilibradas, características<br />
apresentadas na marcha média<br />
e na marcha alongada devendo<br />
ocorrer sobrepegada ou ultrapegada.<br />
Uma menor freqüência<br />
de movimentação em favor de<br />
maior comprimento da passada<br />
é também desejável.<br />
V. Regularidade - É qualidade<br />
pela qual o animal mantém o<br />
mesmo ritmo, velocidade, gesto,<br />
comodidade e estilo durante<br />
todo o transcorrer da prova,<br />
não procedendo a trocas do<br />
andamento inicial e sempre o<br />
conservando bem definido e regular.<br />
§. Único - Além dos itens acima<br />
os animais serão avaliados no<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 39
passo livre, analisando a qualidade<br />
do passo e o comportamento<br />
do animal na manutenção<br />
do andamento ao passo.<br />
Estes critérios também são utilizados<br />
para avaliação da marcha em<br />
concursos com muares marchadores,<br />
oriundos de cruzamentos<br />
com éguas Mangalarga Marchador,<br />
principalmente, além de Campolina<br />
e Mangalarga Paulista.<br />
A conformação não é condição<br />
para se marchar, que é determinada<br />
pelo cérebro, mas pode contribuir<br />
para melhorar a qualidade da<br />
marcha. Dessa forma a ABCCMM<br />
padronizou a raça em animais de<br />
porte médio, ágil, estrutura forte e<br />
bem proporcionada, expressão vigorosa<br />
e sadia, visualmente leve na<br />
aparência, pele fina e lisa, pelos finos,<br />
lisos e sedosos, temperamento<br />
ativo e dócil. Para machos a altura<br />
ideal é de 1,52m (podendo variar<br />
de 1,47m a 1,57m), enquanto para<br />
fêmeas, a altura ideal é de 1,46m<br />
(admitindo-se a mínima de 1,4m e<br />
a máxima de 1,54 m).<br />
Além da marcha, outras importantes<br />
características são consideradas,<br />
como temperamento ativo<br />
e dócil, podendo ser montado por<br />
pessoas de qualquer faixa etária<br />
e nível de equitação; resistência,<br />
grande capacidade para percorrer<br />
longas distâncias e trabalho na lida<br />
do gado; inteligência, seu adestramento<br />
é fácil e rápido em relação<br />
a outras raças de sela; rusticidade:<br />
opção de se criar somente em regime<br />
de pasto, diminuindo seu custo<br />
de produção e manutenção.<br />
Diante de tantos atributos, a<br />
raça Mangalarga Machador vem<br />
se espalhando pelo Brasil e pelo<br />
mundo, presente em países do<br />
continente europeu e americano,<br />
com destaque a grande importação<br />
para os Estados Unidos, Uruguai e<br />
Peru. Atualmente a ABCCMM está<br />
representada em todo o território<br />
nacional através de 80 Núcleos de<br />
Criadores do Marchador e 10 Clubes<br />
de Criadores de Cavalo.<br />
No fim do ano de 2016 foi<br />
criado o primeiro e único Núcleo<br />
Regional no estado do Tocantins,<br />
a Associação dos Criadores do<br />
Cavalo Mangalarga Marchador do<br />
Tocantins (ACCMMTO), que no<br />
ano de 2017 já iniciou a organização<br />
de eventos oficiais, como 05<br />
Exposições Especializadas da raça,<br />
em Palmas, Paraíso do Tocantins e<br />
Araguaína, tendo nesta última cidade<br />
ocorrido também uma Copa<br />
de Marcha. Estes eventos têm<br />
possibilitado oportunidade de estágio<br />
para acadêmicos dos cursos de<br />
Ciências Agrárias, como Medicina<br />
Veterinária e Zootecnia. Além disso<br />
têm sido ofertados cursos para<br />
capacitação técnica, como manejo<br />
e criação de cavalos, casqueamento<br />
e ferrageamento, além de equitação<br />
e preparo para pista.<br />
40<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 41
PASTAGENS I<br />
Marcelo Könsgen Cunha<br />
Engo. Agro. M.Sc. em Zootecnia<br />
Pesquisador da Embrapa e<br />
Professor do UniCatólica<br />
marcelo.cunha@embrapa.br<br />
ESTABELECIMENTO DE<br />
Pastagens no Cerrado<br />
As pastagens são a maneira mais econômica, prática e natural de alimentar os bovinos. No Brasil, elas são a<br />
base alimentar dos bovinos, portanto, a produtividade de forragem das mesmas e seu aproveitamento são fundamentais<br />
para o sucesso dos sistemas de produção de carne e leite no país.<br />
Para obter pastagens produtivas<br />
é fundamental que a área tenha sido<br />
bem estabelecida, pois em áreas que<br />
a pastagem é mal estabelecida dificilmente<br />
se alcançam altas produtividades<br />
de forragem.<br />
Para estabelecer com sucesso<br />
uma pastagem é necessário o conhecimento<br />
de uma série de ações, as<br />
quais precisam ser bem planejadas e,<br />
posteriormente, executadas com sucesso.<br />
Entre as ações estão: diagnóstico<br />
da área aonde irá se estabelecer<br />
a pastagem, levantamento de informações<br />
sobre recursos humanos, financeiros<br />
e de infraestrutura disponíveis<br />
e potenciais da empresa rural,<br />
definir com clareza os objetivos da<br />
pastagem (uso e produtividade desejada),<br />
escolher o material forrageiro<br />
a ser estabelecido, definir a calagem,<br />
adubação e as práticas conservacionistas,<br />
preparar o solo, escolher a<br />
semente, semear, pastejar e manejar<br />
pragas, doenças e plantas daninhas.<br />
A execução do conjunto das<br />
ações supracitadas resulta na produtividade<br />
da pastagem. Na sequencia,<br />
abordar-se-ão duas situações,<br />
ainda comuns, que envolvem<br />
estabelecimento de pastagens e<br />
suas consequências.<br />
Semeadura tardia<br />
A semeadura deve ser feita logo<br />
que o clima (chuva e temperatura)<br />
permitir, pois assim a pastagem<br />
será usada por mais tempo ainda<br />
na estação chuvosa que foi estabelecida,<br />
gerando maior produtividade<br />
animal. Embora isso seja óbvio,<br />
semeaduras tardias são muito comuns<br />
e, de modo geral, são menos<br />
exitosas que as precoces. Fatos<br />
como: atraso no preparo da área,<br />
na calagem, na compra de insumos<br />
(calcário, adubos, sementes, entre<br />
outros), maquinário, implementos,<br />
equipamentos e pessoal mal dimensionados<br />
ou ineficientes são recorrentes<br />
e culminam com atrasos no<br />
semeio e, de modo geral, em pastagens<br />
menos produtivas.<br />
Para ilustrar, compara-se um semeio<br />
em 15/11 com outro feito em<br />
15/01 (tardio) em uma determinada<br />
área. Considere que todas as ações<br />
nas duas situações foram iguais (a<br />
única diferença foi o momento da<br />
execução). Se, em ambas as situações,<br />
a entrada dos animais ocorrer<br />
45 dias após o semeio, a lotação<br />
animal média for de 5 cabeças por<br />
hectare com desempenho médio<br />
de 0,7 kg/cabeça/dia, ter-se-á que<br />
a produtividade da área no semeio<br />
precoce foi de 525 kg de peso vivo<br />
(aproximadamente 17,5 arrobas de<br />
carcaça) contra 315 kg de peso vivo<br />
(10,5 arrobas) do semeio tardio.<br />
Considerou-se para essa simulação<br />
de produtividade, lotação e desempenho<br />
animal o período entre o dia<br />
da entrada até 15/04.<br />
42<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
Foto 1- Diminuição do estande de plantas devido ao acamamento.<br />
Ressalta-se que semear precocemente<br />
ou tardiamente tem o mesmo<br />
custo/investimento financeiro,<br />
portanto é necessário planejamento<br />
para que o semeio ocorra no início<br />
da estação chuvosa.<br />
Primeiro pastejo<br />
Esperar as plantas produzirem<br />
sementes para colocar os animais,<br />
apesar de ter diminuído bastante,<br />
ainda é uma prática que ocorre<br />
em muitas áreas. Isso acarreta em<br />
diminuição do período de pastejo<br />
nas águas, perda de valor nutritivo<br />
da forragem ingerida pelos animais,<br />
acamamento da forragem<br />
produzida, menor consumo de forragem<br />
pelos animais e dificulta ou<br />
até mesmo inviabiliza a rebrota das<br />
plantas. Sendo assim, atrasar o primeiro<br />
pastejo conduz a uma menor<br />
produtividade, visto que afeta negativamente<br />
tanto o desempenho<br />
dos animais como das plantas forrageiras<br />
que compõe a pastagem.<br />
Falta de conhecimento, atraso<br />
na compra de animais, na construção<br />
de bebedouros e cercas são fatos<br />
comuns que geram atrasos no<br />
primeiro pastejo.<br />
Em algumas situações de atraso<br />
do primeiro pastejo pode haver,<br />
devido ao acamamento das plantas,<br />
diminuição do estande de plantas<br />
na área, pois a forragem acamada<br />
sobre as plantas pode levar muitas<br />
delas a morte (fotos 1 e 2).<br />
Além disso, semeios tardios<br />
combinados com ausência de primeiro<br />
pastejo aumentam sobremaneira<br />
o risco de déficit hídrico<br />
das plantas durante a estação seca<br />
e, em alguns casos (especialmente<br />
de estação seca mais severa e solos<br />
arenosos), podem resultar em morte<br />
de plantas (foto 3).<br />
É importante que o primeiro<br />
pastejo seja feito com as plantas<br />
ainda em estádio vegetativo (sem<br />
haste com flores/frutos) e tão logo<br />
as mesmas consigam suportar o<br />
Foto 3. Área com pastagem morta.<br />
Foto 2. Detalhe da foto 1. Morte de planta que estava embaixo da forragem<br />
acamada (palha).<br />
pastejo. O primeiro pastejo consiste<br />
em remover o terço superior<br />
das plantas. É importante que seja<br />
feito de forma rápida e uniforme<br />
em toda área. Agindo dessa forma<br />
há um estímulo ao perfilhamento<br />
e enraizamento das plantas e, de<br />
modo geral, em, aproximadamente,<br />
15 dias após o primeiro pastejo<br />
há o efetivo estabelecimento da<br />
pastagem, passando-se então para<br />
as ações de manejo da pastagem.<br />
Por fim, é necessário enfatizar<br />
que para obter sucesso no estabelecimento<br />
de áreas com pastagem<br />
é necessário conhecimento, sendo<br />
assim, ganha destaque o papel dos<br />
profissionais de assistência técnica,<br />
especialmente para aqueles empresários<br />
que necessitam de conhecimento<br />
no processo de estabelecimento<br />
de suas pastagens.<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> <strong>43</strong>
Conheça a linha Lambisk.<br />
Suplementos proteicos<br />
desenhados para as<br />
diferentes estações do ano.<br />
44<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
Elizabeth Costa Sousa Santos<br />
Administrador<br />
Proprietaria da Fazenda WA<br />
Hiala Loiane de Sousa Silva<br />
Acad. de Eng. Agronômica-IFPA<br />
hialoiane@gmail.com<br />
Marcione Souza Braga<br />
Tecnólogo em Agronegócio<br />
Diretor Técnico da Mage<br />
Consultoria<br />
PASTAGENS II<br />
INTENSIFICAÇÃO DE PASTAGEM<br />
NA ENGORDA DE FÊMEAS<br />
Caso de Sucesso da Fazenda WA<br />
Nas últimas décadas a pecuária de corte brasileira avançou em relação sua produção e importância. No Tocantins a<br />
pecuária tem uma grande relevância e cresceu 95% desde a criação do estado. O município de Araguatins por sua vez,<br />
ocupa a 8ª posição em produção de bovinos, liderando a região do Bico do Papagaio ao norte do estado. O rebanho do<br />
Tocantins é evidenciado pela quantidade e qualidade dos animais, ficando em 11º no ranking nacional (IBGE 2017).<br />
Nessa perspectiva, sabe-se que<br />
o manejo correto das pastagens<br />
é primordial para todo sistema de<br />
criação de bovinos a pasto, por isso,<br />
nesse contexto o sistema rotacionado<br />
é um método de pastejo que<br />
contribui para otimizar o manejo<br />
do rebanho em sistemas intensivos<br />
de produção a pasto.<br />
A produtora rural Elizabeth<br />
Costa trabalha com sistema de animais<br />
de cria utilizando sistema extensivo<br />
de produção a pasto, com<br />
lotação atual de 1,1 UA por hectare.<br />
A mesma administra a fazenda WA<br />
que fica localizada no município<br />
de Araguatins, a 630 quilômetros<br />
da capital Palmas. No ano de 2018<br />
ao analisar os dados zootécnicos e<br />
financeiros da fazenda, a produtora<br />
observou que poderia aumentar<br />
seu faturamento com a recria das<br />
fêmeas. Assim, ela buscou uma empresa<br />
de consultoria agropecuária<br />
para lhe nortear nessa tarefa, visto<br />
que a orientação é fundamental na<br />
tomada de decisões, pois ajuda a indicar<br />
tecnologias dentro da realidade<br />
da propriedade em busca de maior<br />
lucratividade. A partir das orientações<br />
de consultoria, montou-se um<br />
planejamento com a previsão de faturamento,<br />
custo de produção por<br />
arroba produzida, lotação animal e<br />
GMD. Posteriormente foi escolhida<br />
uma área de pastagem próxima<br />
da sede do imóvel, onde a produto-<br />
1 A fazenda vem recebendo visitas mensais do consultor Marcione Braga, que é diretor técnico da<br />
MAGE Consultoria, empresa que trabalha no segmento de consultoria com pecuária de leite e corte nos<br />
estados do Tocantins, Pará e Maranhão.<br />
Mapa 1: Divisão de pastagem<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 45
a tem uma maior facilidade de manejo<br />
com os animais. Logo após a<br />
escolha da área, realizou-se a coleta<br />
de solo, para verificar os níveis de<br />
fertilidade existentes dentro dessa<br />
área.<br />
Com a análise de solo foi realizado<br />
as recomendações de calagem<br />
e adubação, e em seguida aquisição<br />
do corretivo e fertilizantes. A<br />
divisão de pastagem foi realizada<br />
de acordo com o ciclo do capim,<br />
utilizando uma forrageira existente<br />
na fazenda: a Brachiaria decumbens.<br />
A divisão do pasto foi realizada<br />
por meio das orientações da<br />
consultoria e as divisões de acordo<br />
com o período de ocupação da<br />
planta forrageira, que neste caso,<br />
adotou-se 27 dias de descanso. O<br />
período de ocupação tem variação<br />
de acordo com a área do piquete.<br />
Para isso, foram feitas medição de<br />
forragem por m², assim, é possível<br />
saber quantos dias o pasto suporta<br />
essa quantidade de animais, dessa<br />
maneira eles podem pastejar de<br />
acordo com o suporte, variando de<br />
3 a 4 dias de permanência no piquete.<br />
Na área de lazer os animais<br />
recebem água e sal mineral e, para<br />
melhorar os resultados, as novilhas<br />
fazem a ingestão de 800 gramas/<br />
dia de ração balanceada.<br />
Através da implantação do (módulo<br />
de pastejo intensivo de 6,68<br />
ha), foi possível colocar dois lotes<br />
de novilhas da raça Nelore dentro<br />
do sistema, por meio da medição<br />
de pastagem para cálculo de lotação<br />
animal, além da pastagem<br />
bem manejada ofertada para esses<br />
animais, a produtora ofertou 800<br />
gramas de ração balanceada por<br />
dia, o que proporcionou um maior<br />
GMD, abaixo será apresentado os<br />
resultados do período das águas,<br />
com os números praticados dentro<br />
da fazenda.<br />
Média dos indicadores zootécnicos da<br />
Fazenda WA no período das águas<br />
Quantidade de Novilhas 120<br />
Peso médio na entrada<br />
Peso médio na saída<br />
Ganho de peso no<br />
período<br />
GMD<br />
262,5 kg<br />
337,5 kg<br />
75 kg<br />
0,91 kg<br />
UA Inicial 5,2<br />
UA Final 6,72<br />
Tabela 1. Média dos indicadores zootécnicos.<br />
Como apresentado na tabela<br />
acima passaram pelo pasto rotacionado<br />
120 novilhas, sendo 55 cabeças<br />
no primeiro e 65 cabeças no<br />
segundo acima foi apresentado a<br />
média dos resultados dos dois lotes<br />
sendo que o peso médio de entrada<br />
dos animais foi de 262,5 kg e de<br />
saída 337,5 kg, o ganho no período<br />
foi de 75 kg ou 2,5 arrobas com um<br />
GMD de 0,91 quilos. A lotação inicial<br />
foi de 5,2 UA/Hectare e a de<br />
saída foi de 6,72 UA.<br />
Após cada lote atingir o peso<br />
médio de 337,5 kg, esses animais<br />
foram para inseminação artificial<br />
por tempo fixo (IATF), pois o objetivo<br />
do ganho de peso era para<br />
reprodução.<br />
Área<br />
Período 165 dias<br />
6,68 há<br />
Estoque final (Ef) 1347,5<br />
Estoque Inicial (Ei) 1047,5<br />
Entradas (E) --<br />
Saídas (S) --<br />
Produção (Prod) 300<br />
Produção @/há<br />
(Prod./área 44,9<br />
Tabela 2. Produção de arrobas.<br />
A tabela acima apresenta que<br />
foram produzidas 300 arrobas no<br />
período, com os dois lotes de novilhas,<br />
para se chegar a esse número<br />
utilizou-se a formula Produção @<br />
= @final - @inicial - @entradas +<br />
@saídas para se chegar ao segundo<br />
indicador de produção de arrobas<br />
por hectare utilizou-se a formula<br />
Produção @/há = produção @ /<br />
área de pastagem (há). Com isso<br />
temos uma produção de 44,9 arrobas/hectare<br />
no período, sendo<br />
este, um número bem elevado se<br />
46<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
comparado a média de produção<br />
de arrobas do estado que varia de 3<br />
a 5 arrobas por hectare/ano<br />
Após a tabulação dos dados<br />
o consultor e a produtora resolveram<br />
aumentar a área de pasto<br />
rotacionado da fazenda. Dessa vez,<br />
está sendo projetado dois módulos<br />
com capins do gênero panicum<br />
maximum. Um com o mombaça<br />
com área útil de 14 hectares e outro<br />
com a BRS Zuri com área de 42,3<br />
hectares. No final a fazenda terá<br />
três módulos de pastejo, que serão<br />
uma área intensificada de 62,98<br />
hectares.<br />
Levando-se em consideração<br />
esses aspectos, é notório que,<br />
para ser competitivo na pecuária,<br />
é preciso ter um bom planejamento<br />
da atividade de corte, dentre as<br />
principais ferramentas utilizadas<br />
no processo de intensificação, o<br />
manejo de pastagem teve grande<br />
destaque pois foi o responsável<br />
por conseguir alojar essa quantidade<br />
de animais em tão pouco espaço<br />
de terra, mostrando que a pecuária<br />
pode ser bastante eficiente,<br />
com produções acima de 40 @/há,<br />
como apresentado no caso de sucesso<br />
da fazenda WA. Porem isso<br />
só foi possível graças ao comprometimento<br />
da produtora com seus<br />
objetivos e metas a serem alcançadas.<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 47
48<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
Eduardo Henrique de Castro Rezende<br />
Coordenador de Marketing e<br />
Comunicação Científica da J.A Saúde Animal<br />
SANIDADE ANIMAL<br />
Em bovinos<br />
O Riphicefalus Boophilus microplus é conhecido popularmente como carrapato de bovinos e é um ectoparasita hematófago<br />
originário da Ásia, encontrando-se também em outros lugares do mundo, como América, África e Oceania (PEAR-<br />
SON et. al 1986). O parasitismo decorrente desse parasita causa diversos prejuízos, tanto por ação direta, quanto por<br />
ação indireta. Os prejuízos diretos são aqueles causados diretamente pelo carrapato, como a espoliação sanguínea, prurido,<br />
irritação, quedas no peso e na produção dos animais, entre outros sintomas. Já os prejuízos indiretos são aqueles<br />
compreendidos por doenças que usam desse parasita como vetor, como por exemplo o complexo tristeza parasitária bovina,<br />
além de todas as outras despesas secundárias (aquisição de medicamentos, morte de animais etc.) (FURLONG, 2003).<br />
A epidemiologia das parasitoses<br />
é influenciada de acordo com a<br />
região, sendo que em praticamente<br />
todo país, com exceção do sul, as<br />
condições de temperatura e umidade<br />
permitem a sobrevivência e<br />
desenvolvimento dos carrapatos o<br />
ano todo. Entretanto, a época em<br />
que os carrapatos estão mais sensíveis<br />
é no período mais quente do<br />
ano, pois há maior dessecação desses<br />
parasitas (FURLONG, 2003).<br />
Conhecendo as características<br />
epidemiológicas de cada região,<br />
devemos lançar mão de um controle<br />
estratégico de parasitas, que consiste<br />
na concentração dos tratamentos na<br />
época de maior eficácia terapêutica<br />
Figura 1(PEREIRA et al., 2008, Furlong, 2003)<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 49
de forma que as infestações e a<br />
população de carrapatos, fora<br />
da época de tratamentos, sejam<br />
economicamente viáveis. No Brasil<br />
Central por exemplo, recomendase<br />
as primeiras aplicações dos<br />
antiparasitários entre os meses de<br />
Setembro e Outubro, assim que for<br />
avistado os primeiros carrapatos<br />
nos animais. Adicionalmente<br />
pode ser feito uma aplicação de<br />
reforço por volta do mês de abril,<br />
a depender do grau de infestação<br />
do animal (MAGALHÃES, 1989;<br />
FURLONG, 2003).<br />
De modo geral, se for feita<br />
pulverização com carrapaticidas,<br />
recomenda-se 5 a 7 banhos com<br />
intervalos de 21 dias. Quando se<br />
utiliza medicamentos da classe das<br />
Lactonas Macrocíclicas Pour on<br />
ou de alta concentração, indica-se<br />
de 4 a 5 tratamentos com intervalos<br />
de 36 dias. Lactonas macrocíclicas<br />
menos concentradas, como<br />
as Ivermectinas a 1%, indica-se 6<br />
tratamentos com intervalos de 28<br />
dias (PEREIRA et al., 2008; FUR-<br />
LONG, 2003).<br />
Para que o controle estratégico<br />
tenha eficácia também é ideal que<br />
a propriedade possua infraestrutura<br />
que proporcione a realização<br />
dos tratamentos de forma correta<br />
e, se possível, sejam feitos testes<br />
de sensibilidade para determinar o<br />
melhor antiparasitário a ser utilizado<br />
nos protocolos (PEREIRA et<br />
al., 2008).<br />
A recomendação da J.A Saúde<br />
Animal é o uso da LONGAMEC-<br />
TINA PREMIUM 3,5% e o FRI-<br />
GOBOI FACILITE. O primeiro é<br />
um endectocia injetável à base de<br />
Ivermectina concentrada e de extra<br />
longa ação. Já o Frigoboi Facilite é<br />
uma solução de Abamectina pour<br />
on, de alta eficácia e praticidade,<br />
com baixo período de carência<br />
para abate (28 dias).<br />
50<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 51
(63)3002-3333 / 3602-7229 / 99228-0772<br />
52<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
COOPERFRIGU<br />
REPRESENTANTE COMERCIAL - PARAÍSO -TO<br />
Caius Aurélio<br />
Repasse de Bovinos<br />
(63) 98421-7757 / 99966-7757<br />
(63) 3361-1190 - caiusfilho@hotmail.com<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 53
POÇOS ARTESIANOS<br />
Gilsimar Venâncio de Barros<br />
José Amauri Alves<br />
Geólogos<br />
Av. Transbrasiliana, n° 950, Serrano II, Paraíso do Tocantins - TO<br />
CEP - 77.600-000 - Fone - 63 3602-2347 / 99987-1121<br />
E-mail - trhimil@uol.com.br<br />
54<br />
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>
<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 55