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REVISTA MB RURAL ED. 43 - 2019

Sistemas de produção recria e engorda vale a pena no mercado atual do nosso país?, venha descobrir na nossa Ed. 43 - 2019

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<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


MUITO OBRIGADO RUBIKINHO<br />

PELA SUA DETERMINAÇÃO, GENEROSIDADE E POR LEVAR<br />

ESPERANÇA, ALEGRIA E VIDA A MILHARES DE PESSOAS.<br />

Senhor Jose Rubens de Carvalho, mais conhecido como Rubikinho, nascido em 30/04/1955, na cidade de<br />

Barretos/SP, filho de Rubico Andrade Carvalho e Joana Neli Prata Carvalho, onde morou até seus 6 anos de<br />

idade. Mudando com a família para São Paulo, onde estudou até o ensino médio.<br />

Com 18 anos, não querendo<br />

continuar os estudos, foi trabalhar<br />

com o seu pai no Acre, ficando lá<br />

por 5 anos gerenciando e formando<br />

a fazenda.<br />

Devido a conflitos agrários, saiu<br />

do Acre para estudar nos Estados<br />

Unidos, onde ficou por 2 anos na<br />

Califórnia.<br />

Voltando ao Brasil, recebeu de<br />

seus pais uma fazenda localizada no<br />

município de Jussara/ GO, no ano<br />

de 1980./<br />

Em 1982, casou-se com Julieta<br />

Maria Toledo Guimarães<br />

de Carvalho, com<br />

quem teve 4 filhos<br />

João 34 anos, Sebastião<br />

31 anos, Joana<br />

e José Eduardo (gêmeos)<br />

18 anos.<br />

Logo após se casarem, foram<br />

morar nos Estados Unidos, estado<br />

do TEXAS - com a família, onde<br />

administrou uma fazenda adquirida<br />

pelo seu pai.<br />

Fizeram a importação de uma<br />

parte do rebanho nelore que tinham<br />

no Brasil, no qual exportaram essa<br />

genética para América Central e<br />

principalmente para o México; onde<br />

até hoje cultivam grandes amizades.<br />

Após 9 anos morando nos Estados<br />

Unidos, venderam a propriedade<br />

e o rebanho nelore e fizeram a primeira<br />

importação da raça Brahman<br />

para o Brasil, adquirido de amigos,<br />

que são até hoje os maiores criadores<br />

da raça nos Estados Unidos.<br />

Na volta para o Brasil, mudou-<br />

-se para Goiânia/GO continuando<br />

o seu trabalho na propriedade de<br />

Jussara/GO, e também sempre engajado<br />

nas causas políticas e rurais.<br />

Após alguns anos vendeu a fazenda<br />

de Jussara/GO e foi para o<br />

Tocantins/TO, município de Miranorte;<br />

acreditando muito no crescimento<br />

e progresso do Estado.<br />

Implantando um grande melhora-<br />

2<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


mento genético da raça nelore através<br />

da venda de touros e participação<br />

em grandes leilões de gado. Ele<br />

possui a propriedade em Miranorte/TO<br />

até hoje.<br />

Durante os anos de 2004 a<br />

2013, participou de 3 gestões consecutivas<br />

como membro da diretoria<br />

internacional (Brazilian Cattle)<br />

na ABCZ (Associação Brasileira<br />

dos Criadores de Zebu – Uberaba/<br />

MG).<br />

Onde fez um grande trabalho<br />

promovendo a raça zebuína no<br />

mundo, viajando através da associação<br />

para países como China, Índia,<br />

Austrália, entre outros.<br />

O trabalho foi tão bem executado<br />

que em <strong>2019</strong>, recebeu uma<br />

homenagem da Diretoria Internacional,<br />

com um auditório com o<br />

seu nome.<br />

Depois de uma vida dedicada<br />

trabalhando com gado e lavoura,<br />

foi convidado pelo seu amigo de<br />

infância, Henrique Prata, presidente<br />

do Hospital de Câncer de Barretos,<br />

hoje chamado de Hospital<br />

de Amor, para encabeçar o projeto<br />

Agro Contra o Câncer.<br />

Hoje o projeto é a união de todas<br />

as atividades do Agronegócio ,<br />

buscando doação do Agro para o<br />

funcionamento do hospital que é<br />

100% do seu atendimento gratuito,<br />

onde o mesmo depende de doação,<br />

pois o déficit mensal é de 25 milhões<br />

de reais.<br />

Esse projeto é a maior arrecadação<br />

de capital para o Hospital.<br />

Um homem admirável, de muita<br />

raça, sempre dedicado ao trabalho,<br />

família e ao próximo.<br />

De muito caráter, honestidade e<br />

força de vontade. Sempre dando o<br />

seu melhor em tudo que faz.<br />

Hoje, seu tempo é dedicado na<br />

totalidade ao Hospital de Amor.<br />

Buscando recursos para salvar<br />

vidas. Muito orgulho e admiração<br />

para com o nosso PAI!<br />

Como somos gratos<br />

a ti, Sr Rubikinho,<br />

por tudo que fez e faz<br />

por nós, és de um<br />

coração tão generoso,<br />

tão humano, uma<br />

pessoa que não mede<br />

esforço para ajudar<br />

o próximo. Sua<br />

simplicidade nos dá<br />

show de sabedoria.<br />

-Regina P. de Lucena<br />

Morais<br />

“Muito obrigado<br />

Rubiquinho e que<br />

Deus lhe pague!<br />

Que você tenha uma<br />

vida longa e muito<br />

saudável, porque a<br />

sua missão aqui na<br />

Terra é muito nobre”<br />

- Raquel Ogawa<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 3


<strong>ED</strong>ITORIAL<br />

Amigos Agropecuaristas!<br />

A Revista <strong>MB</strong> <strong>RURAL</strong> através de seu idealizador dedica este editorial ao Sr.<br />

José Rubens de Carvalho (Rubikinho) pela sua generosidade pelo próximo e<br />

determinação para a construção do Hospital de Amor de Palmas, neste<br />

sentido convidamos a todas as pessoas ligadas ao agro para participarem do 6º<br />

LEILÃO DA PECUÁRIA SOLIDÁRIA, que será no dia 9 de Novembro,<br />

em PALMAS/TO.<br />

O momento é de reflexão, conscientização, ação e grandeza em favor do<br />

HOSPITAL DE AMOR DE PALMAS -TO, aderindo e participando<br />

ativamente do Projeto "O AGRO CONTRA O CÂNCER", vamos<br />

SALVAR VIDAS através de DOAÇÕES junto aos produtores rurais,<br />

indústrias processadoras de matéria prima, insumos em geral e comércio; vamos<br />

realizar um grande mutirão da Solidariedade envolvendo toda a sociedade em<br />

prol da manutenção da vida com mais eficácia no tratamento, respeito e<br />

dignidade ao ser humano.<br />

Vamos surpreender positivamente aos idealizadores deste projeto<br />

beneficiando a população necessitada de melhor atendimento, instalações e<br />

equipamentos mais adequados e modernos. Vamos, não só participar desta<br />

campanha, mas se possível duplicar as doações para 2 sacas para cada 1.000<br />

produzidas e R$2,00 para cada boi abatido. Vamos duplicar a esperança de<br />

milhares de pessoas, vamos investir na vida, no amor, nós podemos e com<br />

certeza nos sentiremos muito gratificados, vamos nos empenhar ao máximo<br />

participando ativamente desta bela causa. Todos nós juntos somos mais fortes, e<br />

é com o pouco de muitos que venceremos esta terrível doença.<br />

Sabemos que nada é fácil, tudo na nossa vida é batalhado, é conquistado com<br />

muito trabalho e dedicação, mas, muito mais difícil é sabermos e vermos as<br />

pessoas doentes perderem a esperança e a vida pela pouca ou falta de iniciativa,<br />

descaso e muitas vezes a omissão dos órgãos públicos de saúde.<br />

Por isso Rubikinho, os parabéns são para você e sua equipe de colaboradores,<br />

em especial para as valorosas Sras. Raquel Ogawa, Regina Lucena Morais e<br />

também ao Sr. Eduardo Gomes pela iniciativa do trabalho e por salvar vidas.<br />

Tenha certeza que a maior recompensa não será a surpreendente arrecadação<br />

através do AGRO, mas sim a grande alegria de ver as pessoas que foram tratadas<br />

e curadas junto dos seus familiares. Isso Rubikinho não tem preço, é gratificante,<br />

é emocionante; vale muito mais que uma safra inteira ou uma boiada. Vale a vida!<br />

Parabéns a todos que estão lutando pela digna longevidade, pela vida e pelo<br />

HOSPITAL DE AMOR !<br />

Índice<br />

02 | HOMENAGEM<br />

09 | SOLIDARI<strong>ED</strong>ADE<br />

10 | CUSTO DE PRODUÇÃO I<br />

14 | CUSTO DE PRODUÇÃO II<br />

20 | GENÉTICA I<br />

24 | GENÉTICA II<br />

26 | ECONOMIA<br />

31 | TECNOLOGIA<br />

35 | GENÉTICA III<br />

38 | EQUINOCULTURA<br />

42 | PASTAGENS I<br />

45 | PASTAGENS II<br />

Um forte abraço e boa leitura!<br />

Reinaldo Gil - Eng. Agrônomo/<strong>MB</strong> Parceiro<br />

Uma publicação do Grupo <strong>MB</strong> Parceiro<br />

Distribuição Gratuita<br />

Editores:<br />

Maurício Bassani dos Santos<br />

CRMV-TO 126/Z<br />

Reinaldo Gil<br />

CREA 77816/D<br />

reinaldo.gil@uol.com.br<br />

(63) 98466 8919 / 98426 6697<br />

Projeto Gráfico<br />

SAGAZ - ARTES VISUAIS<br />

Gabriel Gomes<br />

Designer Gráfico<br />

(63) 98411-0729<br />

A Revista <strong>MB</strong> Rural não possui matéria<br />

paga em seu conteúdo. As ideias contidas<br />

nos artigos assinados não expressam,<br />

necessariamente a opinião da revista e<br />

são de inteira responsabilidade de seus<br />

autores.<br />

Tiragem: 3.000 exemplares<br />

49 | SANIDADE ANIMAL<br />

Endereço:<br />

204 Sul, Av. LO 03, QI 17, Lt. 02<br />

Palmas - TO - CEP: 77.020-464<br />

Fones: (63) 98466-0066 / 3213-1630<br />

mauricio_bassani@yahoo.com<br />

A SERVIÇO DO AGRONEGÓCIO


8<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


José Rubens de Carvalho<br />

Coordenador do Projeto<br />

rubikinho@hcancerbarretos.com.br<br />

SOLIDARI<strong>ED</strong>ADE<br />

Hospital de Amor<br />

CRIA PROJETO DE ARRECADAÇÃO DE RECURSOS<br />

VOLTADO AO AGRONEGÓCIO<br />

‘O AGRO CONTRA O CÂNCER’ BUSCA DOAÇÕES JUNTO AOS PRODUTORES RURAIS,<br />

INDÚSTRIAS PROCESSADORAS DE MATÉRIA-PRIMA E INSUMOS EM GERAL.<br />

Com um déficit mensal de mais de<br />

R$ 25 milhões e dependendo dos<br />

mais diversos tipos de doações<br />

para manter suas portas abertas,<br />

oferecendo um tratamento de<br />

excelência a seus pacientes, o<br />

Hospital de Amor (Hospital de<br />

e agora abrangendo todo o meio<br />

rural”, afirmou o coordenador.<br />

O público-alvo são os produtores<br />

rurais, as indústrias processadoras<br />

de matéria-prima e as<br />

de insumos em geral. A parceria<br />

começou com o CMA – Confinamento<br />

pedidas são pequenas, mas com<br />

o volume de adesões, tornam-se<br />

valores expressivos. Estamos solicitando<br />

sempre um percentual da<br />

produção no momento da comercialização<br />

dos produtos”, explicou<br />

Rubikinho.<br />

Monte Alegre, em outubro Apesar do setor ainda ser pouco<br />

Câncer de Barretos), criou um<br />

novo projeto de arrecadação de de 2017 e o Frigorífico Minerva, explorado pela instituição, o coordenador<br />

(também produtor rural<br />

recursos. ‘O Agro Contra o Câncer’ em novembro de 2017; mas desde<br />

busca atingir todos os setores do janeiro deste ano várias outras empresas<br />

do setor, como por exemnorte/TO)<br />

está otimista quanto<br />

na cidade de Barretos/SP e Mira-<br />

agronegócio no país, tanto na área<br />

de produção de matéria-prima, plo: Fribal, Masterboi, Marfrig, Cooperfrigu,<br />

JBS, Frigorífico Paraíso Amor receberá com a nova forma<br />

aos resultados que o Hospital de<br />

quanto na agroindústria, para<br />

combater uma doença que só no e Plena Alimentos já estão engajadas.<br />

Além dos frigoríficos, as usinas çar todos os estados do país. Não<br />

de arrecadação. “Queremos alcan-<br />

Brasil afeta mais de meio milhão<br />

de pessoas todos os anos. Pedra, Buriti, Ipê, São Martinho, estamos pedindo uma doação única,<br />

mas sim parceiros fiéis, que vão<br />

A iniciativa surgiu após uma Batatais, Lins, Viralcool, Santa Isabel,<br />

Cofco, Laguna, Tereos, Estiva nos doar todas as vezes que comer-<br />

conversa dos empresários<br />

barretenses, Giovane Barroti e São José da Estiva; Haras PFF; cializarem seus produtos. Desta<br />

e José Rubens de Carvalho Leilão de Touros Naviaraí/Camparino;<br />

CASE CNHI; Exportadora parte do déficit mensal que a insti-<br />

forma, esperamos sanar uma boa<br />

(conhecido como ‘Rubikinho’<br />

e coordenador do Projeto) na de Café Guaxupé; Laticínio Pirancanjuba;<br />

armazém de recebimento Se você deseja contribuir<br />

tuição possui”, finalizou.<br />

tentativa de encontrar outras<br />

formas de arrecadação para o e comercialização de soja Ouro com o projeto e receber mais informações,<br />

basta ligar para: (17)<br />

Hospital diferente das já existentes. Safra, na soja contamos ainda com<br />

A primeira ação foi solicitar aos a parceria dos produtores Gabriel 3321-6624/(64) 9 9671-5656 ou<br />

produtores de laranja a doação Cury e Artur Eduardo Monassi; na enviar um e-mail para: rubikinho@<br />

de alguns caminhões, tendo uma laranja parceria com Louis Dreyfus<br />

hcancerbarretos.com.br.<br />

ótima adesão por parte deles. “Foi Company; Laboratório Zoetis; estão<br />

a partir daí que nasceu ‘O Agro<br />

Contra o Câncer’, inicialmente<br />

voltado para a soja, cana, café e boi,<br />

envolvidos no projeto. “Tudo<br />

o que estiver relacionado ao agro<br />

está na nossa mira! As doações<br />

“Com a sua adesão ao Projeto,<br />

você estará ajudando a salvar<br />

vidas”.<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 9


CUSTO DE PRODUÇÃO I<br />

Luiz Antonio Monteiro<br />

Eng. Agrônomo - M. S. Em Zootecnia<br />

Diretor Técnico da Nutroeste Nutrição Animal Ltda<br />

cidacardoso@nutroeste.com.br<br />

RECRIAR E ENGORDAR:<br />

VALE A PENA O ESFORÇO?<br />

O Brasil tem se destacado junto à comunidade internacional como um grande produtor de carne bovina. Passamos de produtores<br />

para consumo interno do país, com exportação insignificante, ( 249 mil ton em 1990 ), para posição de destaque,<br />

com 2044 mil ton em 2018, disputando a liderança de mercado atualmente. Isso se deveu à melhoria no controle sanitário,<br />

principalmente da febre aftosa, melhoramento genético significativo, uso de cruzamentos com raças especializadas e<br />

introdução de melhores níveis nutricionais em nosso rebanho. A idade de abate de nosso boi vem caindo ano a ano. Tudo<br />

isso agregou qualidade à nossa carne, nos permitindo atingir mercados com as mais diversas exigências.<br />

Tudo isso é ótimo, mas e o pecuarista,<br />

aquele que pega no chifre<br />

do boi, que procura se atualizar,<br />

que investe em tecnologia, quanto<br />

ganhou? Entre a década de 1970 até<br />

os dias atuais, a margem de lucro da<br />

pecuária tem caido ano a ano. Atualizando<br />

o valor da arroba nos anos<br />

70, hoje valeria cerca de 290 reais,<br />

deixando de lucro cerca de 45% ou<br />

pouco menos que o nosso preço de<br />

venda atual. Atualmente, o preço<br />

da arroba gira em torno de 140 /<br />

150 reais, deixando margem líquida<br />

abaixo de 15 %. (veja a tabela).<br />

Portanto, a carne como todas as<br />

comodities agropecuárias, caiu de<br />

preço, permitindo à nossa populaçâo,<br />

acesso a alimentos com qualidade<br />

e quantidade maiores e preços<br />

cada vez menores.<br />

Aquele que produz, tem que se<br />

adequar aos novos tempos. Não<br />

dá para produzir boi como seu pai<br />

ou seu avô produzia. Quem for relutante<br />

em não se adequar à nova<br />

realidade está fadado a sair do mercado.<br />

LUCRO E MARGEM LÍQUIDA NA PECUÁRIA DE CORTE POR ARROBA<br />

PERIODO PREÇO (R$) CUSTO (R$) LUCRO (R$) MARGEM ( %)<br />

1971 A 1980 296,51 162,86 133,65 45,1<br />

1981 A 1990 245,4 151,59 93,81 38,2<br />

1991 A 2000 141,1 100,8 40,3 28,6<br />

2001 A 2010 120,03 99,56 20,47 17,1<br />

2011 A 2015 140,32 117,02 23,3 16,6<br />

2016 153,23 127,96 25,27 16,5<br />

Hoje temos animais, alimentos<br />

e tecnologia de qualidade que permitem<br />

levar o boi ao abate aos 24<br />

meses de idade com boa margem<br />

de lucro .<br />

Como proceder para melhorar<br />

essa margem na recria e na engorda?<br />

Vejamos os custos fixos mensais<br />

por cabeça, aqueles que não são<br />

possíveis de serem alterados:<br />

• Custo do pasto<br />

(similar a um aluguel) - R$ 25,00<br />

• Custo da mão de obra<br />

(vaqueiro apenas) - R$ 5,00<br />

• Custo de vacinas, vermífugos<br />

e outros medicamentos<br />

R$ 2,00<br />

• Custo de oportunidade do dinheiro<br />

investido em animais<br />

6% ao ano sobre o valor médio<br />

do animal - R$ 8,00<br />

10<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


Chegamos assim a um custo de<br />

40 reais por cabeça por mês, valor<br />

este que é gasto, o animal esteja ou<br />

não ganhando peso.<br />

O pecuarista tem a opção de suplementar<br />

seu animal para ganhar<br />

mais ou menos peso ao longo do<br />

ano. Durante a estação seca (seis<br />

meses ), ofertando apenas um sal<br />

mineralizado com ureia a um bezerro<br />

recém desmamado gastará<br />

mais 7 reais por mês que será somado<br />

ao custo fixo. Terá ganho<br />

negativo ou no máximo 0,1 kg por<br />

dia e produzirá, na melhor hipótese,<br />

0,6 arroba nesse período por<br />

282 reais, além de perder a alta carga<br />

hormonal para crescimento até<br />

os 12 meses de idade. Se gastar no<br />

mesmo período cerca de 35 reais<br />

com nutrição, com ganho diário de<br />

0,4 kg por dia, produzirá arroba de<br />

190 reais e terá um animal crescido<br />

no final da sua primeira estação<br />

seca, iniciando o período de pastos<br />

de boa qualidade com cerca de 250<br />

kg de peso vivo.<br />

Iniciando o período de chuvas,<br />

época de pastos de boa qualidade,<br />

novamente pode-se optar por tratar<br />

melhor ou não. Muitos acreditam<br />

que, por ser época de abundância<br />

de comida, a suplementação pode<br />

ser relegada a segundo plano e economizam<br />

no trato pensando estar<br />

fazendo um bom negócio. Nessa<br />

época do ano, ofertando um sal<br />

mineralizado, o garrote gasta mensalmente,<br />

8 reais. Com um sal proteinado<br />

cerca de 18 reais e com um<br />

ALIMENTO PREÇO MATÉRIA CUSTO ENERGIA PROTEÍNA CUSTO CUSTO<br />

SECA (M.<br />

TON S.) TON NA M. S. NA M. S. TON TON<br />

sal proteico energético 40 reais. Estas<br />

suplementações permitem ganhos<br />

médios de 0,50, 0,75 e 1,00 kg<br />

por animal por dia respectivamente.<br />

Com o uso de sal mineralizado<br />

produz-se em média 3 arrobas nesse<br />

período, com custo por arroba<br />

de 96 reais. Com sal proteinado pode-se<br />

produzir 4,5 arrobas por 77<br />

reais cada arroba. Suplementando<br />

com proteico energético pode-se<br />

produzir 6 arrobas nesse período a<br />

um custo de 80 reais. A diferença<br />

de custo de arroba produzida não é<br />

o mais importante. O que importa<br />

é o lucro auferido no período e o<br />

peso do animal ao final da estação<br />

chuvosa. Considerando o valor de<br />

uma arroba a 150 reais, temos na<br />

M. S. ENERGIA PROTEÍNA<br />

SILAGEM DE MILHO 150 30 500 64 7,5 781 6667<br />

CASCA DE SOJA 350 94 372 70 12,5 532 2979<br />

SORGO 400 88 455 81 9,5 561 4785<br />

MILHO 500 88 568 88 9,0 646 6313<br />

TORTA DE ALGODÃO 700 94 745 65 28,0 1146 2660<br />

CAROÇO DE ALGODÃO 700 90 778 95 23,0 819 3382<br />

UREIA 1800 100 1800 0 281,0 641<br />

primeira opção, lucro de 162 reais<br />

e considerando 200 kg como peso<br />

inicial em dezembro, teremos 290<br />

kg ao final da estação chuvosa.<br />

Com sal proteinado teremos lucro<br />

de 328 reais e peso médio de 335<br />

kg. Ja opção por proteico energético<br />

gera lucro de 420 reais e animal<br />

de 380 kg ao final do período de<br />

chuvas.<br />

O grande diferencial entre as<br />

opções de tratamento está em ter,<br />

nos dois últimos tratamentos, animais<br />

que podem ser terminados<br />

em confinamento a pasto, com boa<br />

margem de lucro, nos próximos 3<br />

a 4 meses de seca que se iniciam,<br />

indo ao abate aos 22 / 24 meses<br />

de idade.<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 11


A terminação, ou engorda intensiva<br />

na seca, deixou de ser uma<br />

atividade reservada aos grandes pecuaristas<br />

que possuem máquinas,<br />

currais de confinamento e condições<br />

de produzir volumosos como<br />

silagem de milho, sorgo ou capim.<br />

Com as novas tecnologias pode-se<br />

engordar, sem o uso de volumoso,<br />

a pasto, por um custo alimentar<br />

mais baixo e custo operacional<br />

quase insignificante, quando comparado<br />

ao convencional. Porque<br />

disso? Comparemos os custos de<br />

silagem de milho com as opções<br />

regionais de alimentos:<br />

Podemos ver neste quadro que<br />

a energia contida na casca de soja,<br />

sorgo e milho são mais baratas que<br />

a da silagem e absolutamente todos<br />

os outros alimentos fornecem<br />

proteína mais barata. Porque não<br />

mudar?<br />

LOTE 1 LOTE 2<br />

CONFINAMENTO A PASTO SEM VOLUMOSO <strong>43</strong> BOIS 92 BOIS<br />

INICIO ‐ FINAL ‐ NUM DIAS 13/05 ‐ 24/08 ‐103 13/05 ‐ 08/09 ‐ 118<br />

PESO INICIAL KG E @ 412,10 ‐ 13,73 366,75 ‐ 12,22<br />

PESO FINAL KG E @ 563,46 ‐ 20,97 522,85 ‐ 19,45<br />

RENDIMENTO DE CARCAÇA % 55,84 55,81<br />

GANHO MÉDIO DIARIO ( GMD) KG / CAB / DIA 1,47 1,33<br />

GANHO LÍQUIDO KG / CAB / DIA 1,055 0,92<br />

RENDIMENTO DO GANHO % 71,77 69,47<br />

PRODUCAO TOTAL DE CARCAÇA ( @ ) 7,24 7,23<br />

CONSUMO M<strong>ED</strong>IO DE RAÇÃO KG / CAB /DIA 9,55 8,73<br />

CONSUMO M<strong>ED</strong>IO DE RAÇÃO ( % DO PESO VIVO) 1,96 1,96<br />

CUSTO DA RAÇÃO ( R$ / KG ) 0,73 0,73<br />

NUTROBOI TOTAL ‐ 5 % 2,90 2,90<br />

TORTA DE ALGODÃO ‐ 20 % 0,75 0,75<br />

MILHO ‐ 75 % 0,58 0,58<br />

CUSTO OPERACIONAL ‐ R$ 0,50 /CAB / DIA 51,5 59,00<br />

CUSTO ALIMENTAR TOTAL ( R$ ) 718,06 752,00<br />

CUSTO TOTAL ( R$ ) 769,56 811,00<br />

CUSTO DA DIÁRIA ( R$ ) 7,47 6,87<br />

VALOR DA ARROBA VENDIDA ( R$ ) 148,50 150,31<br />

CUSTO DA ARROBA PRODUZIDA ( R$ ) 106,29 112,17<br />

LUCRO POR ARROBA ( R$) 42,21 38,14<br />

LUCRO POR BOI ( R$ ) 305,60 275,75<br />

A combinação destes produtos,<br />

somados a um núcleo proteico,<br />

mineral e vitamínico que possua<br />

os aditivos necessários à manutenção<br />

de um rúmen sadio, sem<br />

ocorrência de acidose ou diarreia,<br />

permite o mesmo ganho de peso<br />

do confinamento tradicional, com<br />

a vantagem de poder ser realizado<br />

a pasto onde há sombra, sem poeira,<br />

sem agredir o meio ambiente,<br />

em companhia de “amigos”, sem o<br />

stress que ocorre no animal fechado<br />

e sem agredir o meio ambiente.<br />

Tudo isto melhora o desempenho<br />

do animal.<br />

o boi, depois de adaptado à<br />

nova dieta passa a não consumir<br />

mais o pasto, deixa de andar e ganha<br />

o mesmo que o animal fechado.<br />

Quanto ao custo operacional,<br />

este sim, cai substancialmente pois<br />

o fornecimento da ração será feito<br />

apenas uma vez ao dia, reservando-<br />

-se 20 cm de cocho por animal que<br />

consome em média 10 kg de ração.<br />

Uma demonstração desse método<br />

está sendo realizada na fazenda<br />

engenho de serra, em bela vista<br />

de goiás, dentro do programa pecuária<br />

primeiro passo. Os animais<br />

foram distribuídos em cinco lotes,<br />

dos quais dois foram abatidos até<br />

a presente data e no próximo mês<br />

de novembro os restantes também<br />

o serão. Os resultados, tanto de<br />

ganho de peso quanto financeiro,<br />

foram surpreendentes.<br />

O tempo e o baixo investimento<br />

em nutrição são os grandes vilões<br />

a diminuir o lucro da pecuária de<br />

corte. Assim temos que trabalhar<br />

arduamente para chegar às 13 arrobas<br />

aos 18 / 20 meses de idade<br />

e abater antes dos dois anos com<br />

peso acima de 20 arrobas.<br />

O método de engorda em confinamento<br />

a pasto sem volumoso<br />

está plenamente desenvolvido,<br />

com todos os possíveis problemas<br />

metabólicos equacionados, adotado<br />

cada vez mais por pecuaristas<br />

preocupados com produção, produtividade<br />

e lucro.<br />

12<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 13


Marcos Aurélio Lopes<br />

Prof. de Med. Veterinária da Univ.<br />

Federal de Lavras (UFLA)<br />

malopes@ufla.br<br />

CUSTO DE PRODUÇÃO II<br />

CUSTO DE PRODUÇÃO:<br />

Co-autores:<br />

Francisval de Melo Carvalho<br />

André Luis Ribeiro Lima<br />

Professores do Departamento de Administração da UFLA<br />

PECUÁRIA DE CORTE<br />

1) Introdução<br />

Dentre as várias características de um “pecuarista empresário”, uma das principais é saber o custo de produção<br />

do bezerro desmamado, do animal recriado e da arroba produzida. Essa informação é imprescindível na boa<br />

gestão da empresa produtora de gado de corte; e é a respeito dela que vamos abordar neste texto. Sobre outras<br />

características, poderemos “falar” em outra ocasião.<br />

Devido à nova ordem econômica,<br />

os negócios agropecuários revestem-se<br />

da mesma complexidade,<br />

importância e dinâmica dos demais<br />

setores da economia (indústria,<br />

comércio e serviços) exigindo do<br />

produtor rural uma nova visão da<br />

administração dos seus negócios.<br />

Assim, é notória a necessidade de<br />

abandonar a posição tradicional de<br />

sitiante / fazendeiro para assumir o<br />

papel de empresário rural, independente<br />

do tamanho de sua propriedade<br />

rural, do seu sistema de produção<br />

de gado de corte.<br />

A necessidade de analisar economicamente<br />

a atividade pecuária<br />

é extremamente importante, pois,<br />

através dela, o produtor passa a conhecer<br />

com detalhes e a utilizar, de<br />

maneira inteligente e econômica, os<br />

fatores de produção (terra, trabalho<br />

e capital). A partir daí, localiza os<br />

pontos de estrangulamento para<br />

depois concentrar esforços gerenciais<br />

e tecnológicos, para obter sucesso<br />

na sua atividade e atingir os<br />

seus objetivos de maximização de<br />

lucros ou minimização de custos.<br />

A análise econômica é o processo<br />

pelo qual o produtor passa a<br />

conhecer os resultados obtidos, em<br />

termos monetários, de cada atividade<br />

da empresa rural. É por meio de<br />

resultados econômicos que o produtor<br />

pode tomar, conscientemente,<br />

suas decisões e encarar o seu sistema<br />

de produção de gado de corte<br />

como uma empresa.<br />

As análises e informações divulgadas<br />

por diferentes instituições<br />

(universidades, centros de pesquisa,<br />

empresas de consultoria etc.) são<br />

importantes indicadores do comportamento<br />

dos custos de produção.<br />

Deve-se ressaltar, porém, que<br />

tais análises dificilmente refletirão o<br />

custo específico de uma propriedade<br />

rural. Cada sistema de produção<br />

apresenta especificidades no processo<br />

produtivo que possivelmente<br />

farão com que o custo seja diferente<br />

daquele apontado na literatura.<br />

Isso faz com que seja muito importante<br />

que cada produtor estime seus<br />

próprios custos de produção a fim<br />

de tomar suas decisões.<br />

14<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


A temática da estimativa dos<br />

custos de produção é controversa.<br />

Diversas são as metodologias para<br />

a sua apuração e, em razão disso,<br />

nem sempre a palavra “custo” tem<br />

o mesmo significado para todos.<br />

As metodologias cientificamente<br />

publicadas permitem o uso de diferentes<br />

parâmetros (remuneração<br />

de capital e da terra, vida útil para<br />

depreciação, mão de obra familiar<br />

etc.). O emprego de diferentes<br />

parâmetros na estimativa de custos<br />

resulta em valores também diferentes<br />

que causam, aos produtores, a<br />

dúvida: “qual custo é o correto?”<br />

Cada estimativa adota um critério<br />

e esse critério deve ser claro para<br />

que se entenda o que significa o<br />

número denominado “custo da arroba”.<br />

Existem, também, situações<br />

em que um determinado produtor<br />

pode referir-se a custo tendo considerado<br />

variáveis como a remuneração<br />

do capital, a depreciação e<br />

os desembolsos. Outro produtor<br />

pode referir-se a custo computando<br />

somente os desembolsos. Dessa<br />

forma, percebe-se que os produtores<br />

estão apresentando números<br />

que não podem ser comparados.<br />

Para administrar qualquer empresa,<br />

o primeiro passo é conhecer<br />

essa empresa e o mundo em que<br />

ela está inserido. Quanto mais conhecimentos<br />

da empresa, do seu<br />

funcionamento, e do ambiente em<br />

que ela está inserida tiver o administrador,<br />

maiores serão as chances<br />

dele tomar decisões acertadas.<br />

Para se conhecer bem um sistema<br />

de produção gado de corte<br />

necessário se faz conhecer, dentre<br />

outras coisas, o custo de produção<br />

do que está sendo produzido por<br />

ele (se cria, recria ou engorda). A<br />

determinação do custo de produção<br />

é uma tarefa bastante complexa<br />

e demorada, pois envolve uma<br />

grande quantidade de cálculos e<br />

detalhes e requer muita atenção.<br />

Diante do exposto, este texto tem<br />

como objetivos apresentar alguns<br />

conceitos referentes ao tema custo<br />

de produção em um sistema de<br />

produção de gado de corte, mostrar<br />

a importância deste tema, bem<br />

como a finalidade de se conhecer<br />

esta informação, ou seja qual o<br />

custo de produção do bezerro desmamado,<br />

do animal recriado e da<br />

arroba produzida?<br />

2) Finalidade e importância do<br />

custo de produção<br />

Entende-se por custo de produção<br />

a soma dos valores de todos<br />

os recursos (insumos) e operações<br />

(serviços), utilizados no processo<br />

produtivo de certa atividade (produção<br />

gado de corte, especificamente<br />

neste caso). Para fins de análise<br />

econômica, custo de produção<br />

é a compensação que os donos dos<br />

fatores de produção (terra, trabalho<br />

e capital), utilizados por uma<br />

empresa para produzir determinado<br />

bem, devem receber para que<br />

eles continuem fornecendo esses<br />

fatores à mesma.<br />

Para que o produtor rural passe<br />

a administrar o seu sistema de<br />

produção como uma empresa, necessário<br />

se faz que ele tenha conhecimento<br />

de quanto custa, para ele,<br />

produzir aquele bem (gado de corte,<br />

neste caso específico), ou seja,<br />

ele tem que saber qual o custo de<br />

produção. Apesar dos muitos problemas<br />

com relação ao processo de<br />

apuração de dados e da subjetividade<br />

na sua estimação, a determinação<br />

do custo de produção é uma<br />

prática necessária e indispensável<br />

ao bom administrador, constituindo-se<br />

em um valioso instrumento<br />

para as decisões.<br />

Os custos têm a finalidade de<br />

verificar se e como os recursos empregados,<br />

em um processo de pro-<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 15


dução, estão sendo remunerados,<br />

possibilitando, também, verificar<br />

como está a rentabilidade da atividade,<br />

comparada a outras alternativas<br />

de emprego do tempo e capital.<br />

Estudar os custos de produção<br />

de uma empresa agrícola é tarefa<br />

indispensável a uma boa administração.<br />

Pelo estudo sistemático dos<br />

custos incorridos na produção de<br />

gado de corte, pode o produtor<br />

(empresário) fixar diretrizes e corrigir<br />

distorções, possibilitando a<br />

sobrevivência do sistema de produção<br />

em um mercado cada dia<br />

mais competitivo e exigente.<br />

Dados sobre custos de produção<br />

têm sido utilizados para muitas<br />

finalidades. Algumas destas são:<br />

1) analisar a rentabilidade da atividade<br />

gado de corte;<br />

2) reduzir os custos controláveis;<br />

3) auxiliar na precificação dos produtos<br />

(quando a estrutura de<br />

mercado permitir) e/ou verificar<br />

se o preço de mercado atende os<br />

objetivos do empresário;<br />

4) planejar e controlar as operações<br />

do sistema de produção;<br />

5) identificar e determinar a rentabilidade<br />

do produto;<br />

6) identificar o ponto de equilíbrio<br />

do sistema de produção de gado<br />

de corte, ou seja, qual a quantidade<br />

mínima a ser produzida a<br />

partir da qual terei lucro?;<br />

7) analisar a viabilidade econômica<br />

da utilização de determinados<br />

insumos;<br />

8) analisar a viabilidade econômica<br />

16<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong><br />

da implantação de novas tecnologias;<br />

9) servir como ferramenta extremamente<br />

útil para auxiliar o produtor<br />

no processo de tomada de<br />

decisões seguras e corretas.<br />

3) Componentes do custo de<br />

produção da atividade pecuária<br />

de corte<br />

Todos os gastos mensuráveis<br />

necessários para a produção do<br />

gado de corte devem ser considerados<br />

na determinação do custo<br />

de produção. A seguir são relacionados<br />

grupos de itens que podem<br />

compor o custo de produção do<br />

gado de corte. A alocação de todos<br />

os itens em um grupo específico é<br />

de suma importância. A sugestão<br />

apresentada a seguir tem sido bastante<br />

utilizada por vários pesquisadores<br />

e técnicos. A sua adoção<br />

permite que os resultados sejam<br />

comparados com resultados de<br />

pesquisas já publicados. No entanto,<br />

o pecuarista pode criar novos<br />

grupos de gastos se julgar que merecem<br />

ser monitorados e avaliados<br />

de forma separada. Especificidades<br />

de cada propriedade podem fazer<br />

com que esses novos grupos sejam<br />

úteis na gestão dos custos. Sugerimos<br />

os seguintes grupos:<br />

Mão de obra<br />

Devem ser considerados os gastos<br />

com mão de obra contratada,<br />

encargos sociais, assistência (agronômica,<br />

contábil, veterinária, zootécnica),<br />

consultorias ocasionais,<br />

mão de obra eventual, mão de obra<br />

familiar, além de outras.<br />

No caso da mão de obra familiar<br />

que trabalha na atividade e não<br />

recebe um salário, deve-se computar<br />

um valor correspondente ao de<br />

um trabalhador que desenvolveria a<br />

mesma função.<br />

Alimentação<br />

Devem ser considerados os gastos<br />

com todos os tipos de alimentos<br />

(grãos, farelos, aditivos, manutenção<br />

de pastagens e capineiras, fenos,<br />

silagens, núcleos, suplementos,<br />

minerais etc.)<br />

Sanidade<br />

São exemplos de itens que se<br />

enquadram neste grupo de despesa:<br />

água oxigenada, agulhas para<br />

aplicação de medicamentos, álcool,<br />

anestésicos, antibióticos, anti-inflamatórios,<br />

anti-térmico, anti-tóxicos,<br />

bernicidas, carrapaticidas, cat gut,<br />

complexos vitamínicos e minerais,<br />

formol, hormônios, mata-bicheiras,<br />

vacinas, seringas, vermífugo e<br />

outros.<br />

Inseminação artificial<br />

Devem ser considerados os<br />

gastos com sêmen, bainhas, luvas,<br />

nitrogênio líquido, pipetas e hormônios<br />

utilizados, quando se adota<br />

biotecnologias da reprodução,<br />

como IATF (inseminação artificial<br />

em tempo fixo).<br />

Tributos e taxas considerados<br />

fixos<br />

Devem ser computados os impostos<br />

cujos valores independem


da quantidade de arrobas produzida.<br />

Impostos como IPVA (Imposto<br />

de Propriedade de Veículos Automotores),<br />

territorial rural (ITR),<br />

taxa de licenciamento e seguro<br />

obrigatório de veículos devem ser<br />

considerados.<br />

Energia<br />

Enquadram-se nesse grupo<br />

as despesas com energia elétrica e<br />

combustível.<br />

Aluguel de pastos<br />

Nas situações em que o pecuarista<br />

necessitar de mais áreas, para a<br />

atividade pecuária, e alugar pastos,<br />

o valor deverá ser computado.<br />

Despesas Diversas<br />

Como despesas diversas deverão<br />

ser registrados os itens que não<br />

se enquadram nos grupos acima.<br />

Como exemplo pode-se citar: brincos<br />

(identificação), contribuição<br />

rural, material de escritório, encargos<br />

financeiros (juros), frete / carreto,<br />

aluguel de máquinas, alguns<br />

tributos que variam em função da<br />

quantidade de arrobas produzidas,<br />

lubrificantes, materiais de limpeza,<br />

reparo e manutenção (de benfeitorias,<br />

de equipamentos, de máquinas<br />

e de veículos), taxas (associação de<br />

produtores, por exemplo).<br />

Depreciação<br />

A depreciação é o custo estimado<br />

da desvalorização dos bens, causada<br />

pelo desgaste físico ou obsoletismo.<br />

Representa a desvalorização<br />

do bem ao longo do período de vida<br />

útil provável do ativo (benfeitorias,<br />

animais destinados a reprodução e<br />

serviços, máquinas, implementos,<br />

equipamentos etc.).<br />

A depreciação é usada para estimar<br />

a perda de valor de todo bem<br />

com vida útil superior a um ciclo<br />

produtivo. Somente tem depreciação<br />

os bens que possuem vida útil<br />

limitada; portanto, a terra não tem<br />

depreciação.<br />

Remuneração da terra<br />

Um critério bastante utilizado<br />

para a remuneração do fator de<br />

produção terra é o valor do arrendamento<br />

praticado na região onde<br />

está localizada a propriedade ou o<br />

custo de oportunidade do capital<br />

investido em terra.<br />

Remuneração do capital<br />

investido<br />

Refere-se ao valor que o empresário<br />

receberia se esses recursos<br />

estivessem aplicados em outra atividade.<br />

Há vários critérios utilizados<br />

para remuneração do capital, pois<br />

pode-se utilizar qualquer oportunidade<br />

de rendimento do capital<br />

renunciada pelo empresário, sendo<br />

aplicações financeiras ou até mesmo<br />

rentabilidade de negócio renunciada<br />

graças ao uso dos investimentos<br />

na atividade pecuária. Um critério<br />

bastante utilizado é a taxa de juros,<br />

paga pela caderneta de poupança.<br />

Remuneração do capital de giro<br />

O capital de giro representa o<br />

montante de recursos necessários<br />

para custear os gastos com o financiamento<br />

da empresa, uma vez que,<br />

antes de receber as vendas efetuadas,<br />

a empresa já efetuou diversos<br />

pagamentos. Esses recursos asseguram<br />

o desempenho das atividades<br />

operacionais do empreendimento<br />

compondo seus estoques e atendendo<br />

às necessidades de um caixa<br />

mínimo para efetuar os pagamentos<br />

como mão de obra, tributos, energia,<br />

aluguel, aquisição de insumos<br />

dentre outros.<br />

Remuneração do empresário<br />

Uma maneira usual de se estabelecer<br />

esse valor é a seguinte: se<br />

o produtor não estivesse desenvolvendo<br />

esta atividade de gerenciar a<br />

sua propriedade, ele poderia estar<br />

exercendo outra atividade. Nessa<br />

outra atividade, quanto ele estaria<br />

recebendo? Esse valor poderia ser<br />

utilizado como sendo o valor referente<br />

à remuneração do empresário.<br />

Outra pergunta que pode ser feita<br />

para auxiliar nessa estimativa é: se<br />

o produtor tivesse que contratar<br />

um profissional para exercer suas<br />

atividades dentro da propriedade,<br />

quanto um profissional da região<br />

cobraria para tal?<br />

4) Estruturas de custo de<br />

produção<br />

Depois de sabermos quais são<br />

os componentes do custo de produção,<br />

precisamos saber como estimá-los.<br />

Podem ser encontradas<br />

duas estruturas, ou duas metodologias,<br />

para determinar o custo de<br />

produção de um produto agropecuário.<br />

São elas: Custo Total de Produção<br />

e Custo Operacional Total.<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 17


É importante salientar que, para<br />

se ter informações seguras para a<br />

tomada de decisões, a estimativa do<br />

custo de produção deve ser, no mínimo,<br />

referente ao período de um<br />

ciclo produtivo. A duração do ciclo<br />

produtivo varia bastante, principalmente<br />

da atividade desenvolvida<br />

pelo pecuarista empresário: se cria,<br />

recria ou engorda, bem como tecnologias<br />

adotadas como, por exemplo,<br />

duração da estação de monta,<br />

duração do período de aleitamento,<br />

suplementação alimentar, intensificação<br />

da produção, dentre outras.<br />

Em função da adoção, ou não, de<br />

algumas tecnologias, a duração do<br />

ciclo produtivo, em meses, poderá<br />

aumentar ou diminuir.<br />

4.1) Custo Total<br />

Nesta metodologia devem ser<br />

considerados tanto os custos fixos<br />

como os variáveis.<br />

• Custos fixos<br />

Custos fixos são aqueles que não<br />

variam com a quantidade produzida<br />

(considerando sempre um intervalo<br />

de produção); e, têm duração superior<br />

ao curto prazo; portanto, sua<br />

renovação acontece a longo prazo.<br />

Entende-se por curto prazo, o<br />

período de tempo mínimo necessário<br />

para que um ciclo produtivo<br />

se complete; e por longo prazo, o<br />

período de tempo que envolve dois<br />

ou mais ciclos produtivos.<br />

São considerados custos fixos:<br />

ü Depreciação (de benfeitorias,<br />

animais destinados à reprodução<br />

e serviços, máquinas,<br />

implementos, equipamentos<br />

etc.);<br />

ü Alguns tributos e taxas considerados<br />

fixos (ITR, IPVA,<br />

seguro obrigatório de veículos);<br />

ü Remuneração do capital fixo;<br />

ü Remuneração da terra; e<br />

ü Remuneração do produtor<br />

rural.<br />

Some todos os esses valores e<br />

você conhecerá o total dos custos<br />

fixos.<br />

• Custos variáveis<br />

Custos variáveis são aqueles que<br />

variam de acordo com a quantidade<br />

produzida; e, cuja duração é igual<br />

ou menor que o ciclo de produção<br />

(curto prazo). Em outras palavras,<br />

eles incorporam-se totalmente ao<br />

produto no curto prazo, não sendo<br />

aproveitados para outro ciclo produtivo.<br />

Para conhecer o total dos<br />

custos variáveis, você deverá somar<br />

os valores referentes aos itens (grupos)<br />

listados abaixo, que são considerados<br />

custos variáveis:<br />

ü Alimentação;<br />

ü Mão de obra;<br />

ü Energia;<br />

ü Sanidade;<br />

ü Inseminação artificial;<br />

ü Aluguel de pastos;<br />

ü Despesas Diversas; e<br />

ü Remuneração do capital de<br />

giro.<br />

Totalizando<br />

E aí? Como estimar o custo total<br />

de produção do sistema de produção<br />

de gado de corte? Basta somar<br />

o total obtido com custos variáveis<br />

com o valor referente aos custos fixos.<br />

Para conhecer o custo unitário,<br />

divida tal valor pela quantidade de<br />

bezerros desmamados ou animais<br />

recriados ou arrobas produzidas,<br />

dependendo da atividade desenvolvida<br />

(se cria, recria ou engorda, respectivamente).<br />

4.2) Custo Operacional Total<br />

Essa metodologia, que foi desenvolvida<br />

pelo Instituto de Economia<br />

Agrícola do Estado de São<br />

Paulo (Matsunuga et al., 1976), surgiu<br />

devido às dificuldades em se<br />

avaliar alguns itens que compõe o<br />

custo fixo, como por exemplo a remuneração<br />

da terra, do capital fixo<br />

e do empresário.<br />

O custo operacional de produção<br />

refere-se ao custo de todos os<br />

recursos de produção que exigem<br />

desembolso por parte do produtor<br />

(empresa rural). Ela envolve o custo<br />

operacional efetivo e outros custos.<br />

• Custo operacional efetivo<br />

São custos operacionais efetivos<br />

aqueles nos quais ocorre efetivamente<br />

desembolso ou dispêndio<br />

em dinheiro, tais como:<br />

ü Alimentação;<br />

ü Mão de obra;<br />

ü Energia;<br />

ü Sanidade;<br />

18<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


ü Inseminação artificial;<br />

ü Tributos considerados fixos;<br />

ü Aluguel de pastos; e<br />

ü Despesas Diversas.<br />

Para conhecer o total dos custos<br />

operacionais efetivos, você deverá<br />

somar os valores referentes aos<br />

itens (grupos) listados acima, ou<br />

seja, todos aqueles valores referentes<br />

aos efetivos desembolsos feitos<br />

pelo empresário.<br />

• Outros custos<br />

Incluem-se aqui os custos com:<br />

ü Depreciação; e<br />

ü Mão de obra familiar.<br />

Some os valores referentes a esses<br />

dois grupos e você conhecerá o<br />

total com Outros custos.<br />

Totalizando<br />

E aí? Como estimar o custo operacional<br />

total de produção do sistema<br />

de produção de gado de corte?<br />

Basta somar o total obtido com<br />

custos operacionais efetivos com<br />

o valor referente aos Outros custos.<br />

Para conhecer o custo unitário,<br />

divida tal valor pela quantidade de<br />

bezerros desmamados ou animais<br />

recriados ou arrobas produzidas,<br />

dependendo da atividade desenvolvida<br />

(cria, recria ou engorda, respectivamente).<br />

4) Considerações finais<br />

E aí? Você se considera um pecuarista<br />

empresário? Você sabe qual<br />

é o custo de produção do teu bezerro<br />

desmamado? Do teu animal<br />

recriado? Ou da arroba produzida?<br />

Se a resposta for sim, parabéns! Se<br />

for não, está disposto a se tonar<br />

um empresário? Se sim, parabéns e<br />

mãos a obra! Tomou a decisão certa<br />

e, agora, rumo ao sucesso. Comece<br />

a anotar seus gastos, pois esse é o<br />

segundo passo para se estimar os<br />

custos de produção. O primeiro é<br />

tomar a decisão de começar e passar<br />

a encarar a atividade como uma<br />

empresa, independente do tamanho<br />

dela.<br />

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<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 19


Rafael Mazão<br />

Zootecnista<br />

rafaelmazao@dstak.com<br />

Uberaba (MG), Brasil<br />

GENÉTICA I<br />

TOURO MELHORADOR<br />

O importante é identificar qual a melhor<br />

"semente" para "colher" os melhores resultados.<br />

Está iniciando ou até já se iniciaram em alguns criatórios, uma das etapas mais importantes do sistema de<br />

produção, a Estação de Monta.<br />

Fundamental etapa do sistema<br />

de cria, que além de conter todas<br />

principais ações reprodutivas, representa<br />

a produção da futura geração<br />

e gera informações das matrizes<br />

quanto ao processo de seleção<br />

primário, a fertilidade.<br />

As fêmeas bovinas necessitam<br />

de luminosidade e calor para que tenham<br />

maior manifestação do estro<br />

(cio), aliado à boas condições nutricionais<br />

para “alimentar nossa indústria<br />

de bezerros” – as matrizes,<br />

e os bezerros tem melhor desempenho<br />

quando nascem no período<br />

mais seco do ano.<br />

Com isso, em termos gerais, de<br />

agosto a dezembro, na maior parte<br />

do Brasil a estação de monta se inicia,<br />

mas muitas vezes sem o planejamento<br />

adequado.<br />

A estação de monta reduzida<br />

além de proporcionar a seleção de<br />

matrizes que produzem 1 bezerro<br />

por ano, centraliza os nascimentos<br />

no melhor período, concentra o<br />

manejo reprodutivo e operacional,<br />

otimiza o desempenho da crias e<br />

elimina do rebanho as matrizes vazias<br />

e já desmamadas antes da próxima<br />

seca, fecha o ciclo com maior<br />

eficiência e rentabilidade.<br />

Já parou para pensar que na agricultura<br />

moderna, que neste mesmo<br />

período estão trabalhando afim<br />

da próxima safra, sequer se realiza<br />

qualquer plantio sem análise de<br />

solo? Da mesma forma, a escolha<br />

dos insumos e das ações agrícolas<br />

são criteriosamente planejadas afim<br />

de elevar a produtividade e reduzir<br />

os custos de produção.<br />

A pecuária moderna exige as<br />

mesmas seletivas escolhas!<br />

A análise do solo e a escolha<br />

dos insumos se equivalem a avaliação<br />

do rebanho quanto a demanda<br />

genética necessária para produzir<br />

mais na próxima safra!<br />

Com isso, determinar os touros<br />

melhoradores que irão impactar no<br />

sistema de produção é determinante<br />

para o sucesso do projeto.<br />

20<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


Evoluir os ganhos para fertilidade,<br />

habilidade materna e peso a<br />

desmama para os projetos de cria,<br />

e ainda aumentar a produtividade<br />

também no peso final da boiada<br />

com maior precocidade e rendimento<br />

de carcaça para os projetos<br />

de ciclo completo, exige planejamento<br />

da estação de monta através<br />

da escolha da “semente certificada”<br />

da pecuária, os touros melhoradores.<br />

Identificar os touros ideais para<br />

cada projeto potencializa o ganho<br />

e diminui o intervalo do produto<br />

final, tempo este tão precioso na<br />

pecuária, custosa pelo grande intervalo<br />

entre gerações.<br />

O mercado nos oferece excelentes<br />

opções de touros melhoradores<br />

que por via da inseminação artificial<br />

otimiza e democratiza o uso da<br />

genética adequada para qualquer<br />

sistema de produção. O importante<br />

é identificar qual a melhor “semente”<br />

para “colher” os melhores<br />

resultados.<br />

A genética está cada vez mais<br />

sendo difundida, de acordo com<br />

pesquisas realizadas agora em <strong>2019</strong><br />

pelo Departamento de Reprodução<br />

Animal da FMVZ/USP, a IATF<br />

em 2018 representou 86,3% do volume<br />

das operações dos rebanhos<br />

que utilizaram inseminação artificial,<br />

sendo que em 2002 esse índice<br />

só representava 1%. Já falando de<br />

proporção do rebanho inseminado<br />

no mesmo período (2002 a 2018),<br />

a evolução foi de 6% para 14% do<br />

rebanho utilizando inseminação<br />

artificial, mas o que isso significa?<br />

Significa aumento de tecnologia e<br />

democratização genética, que pulveriza<br />

o melhoramento genético e<br />

evolui os resultados zootécnicos da<br />

pecuária.<br />

Andando junto à evolução da<br />

I.A. e I.A.T.F. estão outros indicadores<br />

de produtividade, acompanhe<br />

na Tabela 1.<br />

Porém fica a pergunta, produzir<br />

mais pra quem? E por que?<br />

“Pra quem”: em 50 anos teremos<br />

demanda de 100% do que<br />

se produz de alimento, conforme<br />

pesquisas realizadas em 2010 pela<br />

FAO - Organização das Nações<br />

Unidas para a Alimentação e a<br />

Tabela 1 – Perfil da pecuária no ano 2000 e no ano 2017.<br />

Fonte: USDA, 2017.<br />

Agricultura, onde mencionam que<br />

70% destes alimentos deverão ser<br />

produzidos pelo aumento de tecnologia<br />

e produtividade, mostrando-nos<br />

que a intensificação deverá<br />

ser cada vez mais presente na realidade<br />

do pecuarista.<br />

Na tabela 2, o perfil de consumo<br />

per capita dos principais exportadores<br />

de carne mundial, e do<br />

principal importador da carne brasileira,<br />

a China, sinalizando a grandeza<br />

do mercado mundial quando<br />

os países emergentes e de grandes<br />

populações aumentarem consumo<br />

de carne bovina.<br />

“E por que”: aumentar a produtividade<br />

e diminuir o ciclo de produção<br />

implica em maior rapidez de<br />

giro financeiro, lógico com redução<br />

de custos, assim otimizando os<br />

sistemas.<br />

Para isso, é fundamental escolhermos<br />

a melhor genética a ser<br />

BRASIL 2000 2017<br />

REBANHO BOVINO 140 milhões cab. 230 milhões cab.<br />

ÁREA DE PASTAGEM 185 milhões de ha 165 milhões de ha<br />

PRODUÇÃO / HA 2,3 @ / ha / ano 4,3 @ / ha / ano<br />

PESO DE ABATE 15 @ 17 @<br />

BOVINOS ABATIDOS 12 milhões cab. 30 milhões cab.<br />

VOL. DE CARNE PRODUZIDA 6,5 milhões Ton 9,8 milhões Ton<br />

VOLUME EXPORTADO 0.6 milhões Ton 1,8 milhões Ton<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 21


incorporada anualmente através da<br />

I.A.T.F. em conjunto com a seleção<br />

das matrizes, com objetivos bem<br />

definidos para se obter os melhores<br />

resultados.<br />

A utilização de touros melhoradores,<br />

comprovados pelas Dep’s<br />

Tabela 2 – Consumo de carne bovina.<br />

PAÍSES<br />

genômicas, nos dão respaldo que<br />

teremos maiores ganhos em todas<br />

as características de interesse econômico:<br />

• Habilidade Materna;<br />

• Peso à desmama e ao sobre ano;<br />

• Precocidade Sexual;<br />

• Stayability;<br />

Kg / habitante / ano<br />

BRASIL 37,7<br />

ESTADOS UNIDOS 37,2<br />

AUSTRÁLIA 26,2<br />

CHINA 5,7<br />

• Rendimento de carcaça.<br />

E ainda, além de termos a preocupação<br />

pela qualificação genética,<br />

é importante termos informações<br />

quanto à fertilidade dos touros, a<br />

comprovação quanto a eficiência<br />

nos índices de concepção é fundamental<br />

para chancelar a “semente<br />

certificada”, pois escolher o touro<br />

correto para determinado sistema<br />

de produção é “tiro certeiro” para<br />

o sucesso da próxima safra.<br />

“Boa colheita”!!!!<br />

Fonte: USDA / FAO, <strong>2019</strong>.<br />

22<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


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grandifolia, Nicandra physaloides e Richardia brasiliensis para Soja OGM BPS-CV-127-9. Registro MAPA: Standak ® Top nº 01209;<br />

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Paulo Henrique F. Vieira<br />

Médico Veterinário<br />

Esp. Produção In Vitro de Embriões Bovinos<br />

metavet@outlook.com<br />

GENÉTICA II<br />

FERTILIZAÇÃO IN VITRO<br />

DE E<strong>MB</strong>RIÕES BOVINOS<br />

A fertilização in vitro de embriões bovinos (FIV) tem proporcionando ganhos antes inimagináveis no setor. Esta biotecnologia<br />

consiste no desenvolvimento destes embriões de forma assistida em laboratório, para posterior transferência em<br />

fêmeas devidamente avaliadas e protocoladas, na qual recebem o nome de receptoras (barrigas de aluguel).<br />

Com o uso da técnica de fertilização<br />

in vitro (FIV) na reprodução<br />

de bovinos de leite e de corte,<br />

o caminho da seleção e do melhoramento<br />

genético pode ser encurtado<br />

em pelo menos três gerações ou<br />

cerca de 10 anos de seleção, permitindo<br />

rápidos saltos na produção e<br />

na qualidade de carne e leite.<br />

Esta técnica proporciona inúmeras<br />

vantagens, dentre elas podemos<br />

citar a geração de um maior número<br />

de descendentes de animais<br />

selecionados, o que em condições<br />

normais seria impossível. Há ainda<br />

um maior aproveitamento das<br />

fêmeas mais novas ou mais velhas,<br />

que “abandonariam” a gestação.<br />

Os animais mais novos, por<br />

exemplo, despreparados para a gestação,<br />

por conta da incipiente formação<br />

do útero ou com problemas<br />

reprodutivos seriam diretamente<br />

beneficiados. Isso, sem contar os<br />

animais que estejam participando<br />

de competições ou em negociação.<br />

Talvez os criadores não saibam<br />

que podem comprar um processo<br />

de tecnologia ou genética por um<br />

preço mais baixo que há alguns<br />

anos. É possível financiar a aquisição<br />

de prenhezes de animais extremamente<br />

produtivos e premiados<br />

e obter retorno imediato, já que as<br />

mães e os pais são provados (avaliados<br />

em provas de genética) e a<br />

chance de as filhas serem grandes<br />

produtoras de leite e carne.<br />

O mecanismo de produção In<br />

Vitro de Embriões (PIV) é constituído<br />

por três etapas: Maturação<br />

in vitro(MIV), Fertilização in vitro<br />

(FIV) e cultivo in vitro (CIV). Na<br />

FIV, oócitos (Células sexuais femininas)<br />

aspirados nos folículos ovarianos<br />

de uma vaca, são fecundados<br />

em laboratório, por espermatozoides<br />

contidos no sêmen de um touro.<br />

Os embriões originados deste<br />

processo são transferidos a uma<br />

fêmea receptora, que deve ser preferencialmente<br />

novilha ou vaca de<br />

primeira cria. Sem dúvidas é ganho<br />

para o produtor que almeja melhorar<br />

a genética do rebanho.<br />

24<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 25


Renato Antônio Borghetti<br />

Eng. Agrônomo<br />

M.Sc. Solos e Nutrição de Plantas / UFV<br />

renato@grupoborghetti.com.br<br />

ECONOMIA<br />

A PRÓXIMA DÉCADA DO AGRONEGÓCIO NO<br />

MATOPIBA<br />

As incertezas no mercado mundial com a guerra de preços entre os Estados Unidos e China e a inconsistência da<br />

política brasileira nos deixam em um cenário cada vez mais imprevisível quanto ao futuro da economia brasileira<br />

e por consequência do agronegócio.<br />

Apesar da já previsível aprovação<br />

da reforma da previdência, ainda há<br />

muito a ser feito, principalmente na<br />

venda de estatais deficitárias e ineficientes<br />

e na desburocratização do<br />

estado. Se de um lado o governo<br />

tem a intensão de colocar a nossa<br />

economia pra andar nos trilhos,<br />

pelo outro a falta de articulação política,<br />

até mesmo dentro da própria<br />

família do presidente nos deixam<br />

com mais preocupação.<br />

As projeções para 2020 são animadoras,<br />

economistas projetam um<br />

PIB (Produto Interno Bruto) de 2<br />

% ante os 0,87 estimado para <strong>2019</strong>,<br />

o IPCA deve se manter em 3,8 %<br />

assim como o dólar próximo de R$<br />

3,9, o que na teoria ajuda a alavancar<br />

o preço dos grãos no mercado<br />

interno. As atividades da agropecuária,<br />

indústria e serviços tendem<br />

a subir 2,6%, 2,2% e 1,4 respectivamente.<br />

Nos últimos 30 anos a área brasileira<br />

plantada de grãos cresceu 64<br />

% enquanto que a produtividade<br />

superou 250 %, essa diferença mostra<br />

a eficiência da pesquisa e tecnologia<br />

brasileira que transformou o<br />

Brasil em uma potencia mundial<br />

na exportação de grãos. Segundo<br />

as projeções do departamento de<br />

agricultura americana e brasileira o<br />

Brasil vai crescer 60 % na exportação<br />

de grãos nos próximos 10 anos.<br />

A produção de carnes também terá<br />

um incremento significativo de 30<br />

% no mesmo período.<br />

As exportações anuais de milho<br />

do Brasil mais que triplicaram na<br />

última década e tiveram uma média<br />

de 24,5 milhões de toneladas nos<br />

últimos 5 anos. A produção de milho<br />

de segunda safra vai continuar<br />

crescendo em regiões de fronteira<br />

agrícola. Essas regiões, em função<br />

da localização com baixa demanda<br />

doméstica e a maior proximidade<br />

de portos, vão facilitar as exportações<br />

do milho safrinha.<br />

A região do Matopiba, sigla formada<br />

pela união das iniciais dos<br />

estados do Maranhão, Tocantins,<br />

Piauí e Bahia, considerado a última<br />

fronteira agrícola mundial vem<br />

crescendo a passos largos na produção<br />

de grãos e carne. Grandes<br />

áreas com baixo custo da terra e topografia<br />

plana, facilitaram a mecanização<br />

e o cultivo em larga escala.<br />

A proximidade aos portos de Itaqui<br />

26<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


(MA) e Barcarena (PA) reduzem os<br />

custos com logística e possibilita<br />

melhores preços pagos aos produtos<br />

agrícolas.<br />

O Matopiba com mais de 330<br />

mil estabelecimentos agropecuários<br />

e uma população com mais 6<br />

milhões de pessoas, cresceu muito<br />

rápido na produção agrícola e pecuária.<br />

Entre 1990 e 2015 o estado<br />

do Tocantins cresceu quase 1000<br />

% na produção de grãos, enquanto<br />

que o resto do país cresceu 250 %.<br />

Segundo fontes do governo federal<br />

atualizadas em julho de <strong>2019</strong><br />

, nos próximos 10 anos o Matopiba<br />

deve crescer 28 % na produção<br />

de grãos e apenas 14,9 % em área<br />

plantada, isso equivale a 28,9 milhões<br />

de toneladas em 8,7 milhões<br />

de hectares.<br />

Ao contrário de muitos que afirmam<br />

que o agro só gera destruição<br />

e aprofunda a pobreza nas regiões<br />

em que atua, o agro pode sim ter<br />

papel de agente transformador na<br />

vida de muitas pessoas do campo.<br />

Não só de quem é dono da terra<br />

mas também da comunidade rural<br />

e urbana.<br />

Estudo divulgado pelo Instituto<br />

de Pesquisa Econômica Aplicada<br />

(IPEA) em 2018, que discute os aspectos<br />

sociais do Matopiba, mostra<br />

um aumento significativo do<br />

IDHM, índice que mede o desenvolvimento<br />

humano,<br />

em grande parte da<br />

região do Matopiba entre os anos<br />

de 2000 e 2010. Segundo o estudo<br />

Porto Nacional/TO; Gurupi/TO;<br />

Araguaína/TO; Rio Formoso/TO;<br />

Barreiras/BA; Imperatriz/MA ;<br />

Miracema do Tocantins/TO; Balsas/MA;<br />

Porto Franco/MA; e Dianópolis/TO<br />

são as cidades com o<br />

maior IDHM do Matopiba e todas<br />

essas regiões tem o agronegócio<br />

como papel principal na economia<br />

local.<br />

Entre os municípios do estado<br />

do Tocantins, 81% conseguiram diminuir<br />

a desigualdade de renda; Na<br />

Bahia, dos trinta municípios que<br />

compõem a região, 28 (93%) diminuíram<br />

a desigualdade de renda.<br />

Dos 33 municípios do Piauí que<br />

compõem a região do Matopiba,<br />

64% (21 municípios) diminuíram a<br />

desigualdade. No Maranhão, 65%,<br />

(90 municípios) reduziram a desigualdade.<br />

Muito virá na próxima década<br />

para o agronegócio brasileiro e especialmente<br />

para o Matopiba. O<br />

governo tem papel importante para<br />

as melhorias em infraestrutura em<br />

obras como o da hidrovia do rio<br />

Tocantins, a ampliação da ferrovia<br />

Norte-Sul e da ferrovia Transnordestina,<br />

que podem ajudar a acelerar<br />

ainda mais o desenvolvimento<br />

do agronegócio no Matopiba.<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 27


28<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


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30<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


José Ribamar S. Junior<br />

Administrador<br />

riba.jr77@gmail.com<br />

TECNOLOGIA<br />

TECNOLOGIA e<br />

AGRONEGÓCIO<br />

“A coleta de informações para tomada de decisão baseadas em análises de dados é uma realidade em diversos<br />

setores do mercado e a tecnologia é a principal ferramenta que torna isso possível. Não investir em recursos desse<br />

tipo pode acabar custando mais para o negócio”<br />

“A coleta de informações para<br />

tomada de decisão baseadas em<br />

análises de dados é uma realidade<br />

em diversos setores do mercado e a<br />

tecnologia é a principal ferramenta<br />

que torna isso possível. Não investir<br />

em recursos desse tipo pode acabar<br />

custando mais para o negócio”<br />

O Agronegócio é um dos segmentos<br />

que mais movimenta a economia<br />

brasileira, em escala global,<br />

e também um dos que mais empregam<br />

no país. De acordo com o Ministério<br />

da Agricultura, em março<br />

2018, os produtos do Agrobusiness<br />

representaram 45,2% do total das<br />

vendas externas brasileiras, o que<br />

significou um recorde das exportações<br />

nacionais. Segundo dados<br />

do Centro de Estudos Avançados<br />

em Economia Aplicada (CEPEA),<br />

ligado a Univ. de São Paulo(USP),<br />

o agronegócio favoreceu o crescimento<br />

do PIB brasileiro, contribuindo<br />

diretamente para o controle<br />

inflacionário.<br />

Um ótimo resultado, considerando<br />

que, no último ano, houve<br />

uma queda significativa nos preços<br />

dos produtos do segmento. Produzindo<br />

mais a menores preços,<br />

o setor contribuiu com um maior<br />

abastecimento, com a geração de<br />

divisas e com o controle da inflação.<br />

Com tanta expressão, empresas<br />

do agronegócio, em todo o mundo<br />

têm investindo, cada vez mais em<br />

Tecnologia e Inovação.<br />

A globalização e a inserção de<br />

novas tecnologias proporcionaram<br />

um mercado cada vez mais<br />

competitivo, dessa forma, cabe às<br />

organizações se modificarem para<br />

sobreviverem diante desse cenário.<br />

Assim, a inovação e a tecnologia<br />

passa a ser uma estratégia utilizada<br />

não apenas para o aprimoramento<br />

do negócio como também, para<br />

buscar mudanças relacionadas à<br />

criação de valor no desenvolvimento<br />

de novos produtos e startup’s agtechs,<br />

sendo estas responsáveis para<br />

que a tecnologia chegue aos produtores.<br />

Evidentemente, que no Brasil<br />

há condições extremamente favoráveis<br />

para a produção, vide clima<br />

e solo. Mas de nada valeriam esses<br />

recursos se não houvesse um forte<br />

caráter inovador na agropecuária<br />

brasileira. Foi o empreendedorismo<br />

do produtor, apoiado pelas pesquisas<br />

que colocou a agropecuária<br />

do nosso país nos patamares que<br />

hoje experimentamos. De simples<br />

ferramentas de controle da coleta<br />

no campo a complexo sistemas de<br />

rastreamento de maquinários, os investimentos<br />

em inovação e tecnologia<br />

auxiliam no desempenho da<br />

produção animal e tanto a lavoura.<br />

Segundo estudo publicado, por<br />

José Garcia Gasques, coordenador<br />

geral de Avaliação de Políticas e Informação,<br />

da Secretaria de Política<br />

Agrícola (SPA), do Ministério da<br />

Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />

(Mapa), relata em seu estudo<br />

que houve um conjunto de fatores<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 31


que influenciaram tamanha produtividade.<br />

Os mais importantes<br />

foram as políticas setoriais, o aumento<br />

de investimentos, o financiamento<br />

através do crédito rural,<br />

a abertura de mercados externos a<br />

produtos nacionais e a adoção de<br />

novos sistemas de produção, inclui-se<br />

Tecnologia e Inovação.<br />

Em 42 anos, a produção de<br />

grãos passou de 40,6 milhões de<br />

toneladas para 237,8 milhões de<br />

toneladas. Os destaques são a cultura<br />

da soja e de milho 2ª safra. A<br />

produção de carne bovina passou<br />

de 1,8 milhão de toneladas para 7,7<br />

milhões de toneladas. A quantidade<br />

de carne suína cresceu de 500<br />

mil toneladas para 3,8 milhões de<br />

toneladas e, de frango, de 373 mil<br />

toneladas para 13,6 milhões de<br />

toneladas, segundo a pesquisa de<br />

Gasques.<br />

Entre os indicadores de produtividade<br />

pesquisados o maior crescimento<br />

do uso desses fatores tem<br />

ocorrido com o uso de novas tecnologias,<br />

fator esse que foi decisivo<br />

para o desempenho observado.<br />

O produtor brasileiro é um inovador,<br />

mesmo com tantos avanços,<br />

ainda há muito espaço para evoluir.<br />

A adoção de tecnologias e a cultura<br />

da inovação não estão distribuídas<br />

uniformemente entre os produtores.<br />

Trazer essa discussão, criar<br />

um canal de debate e troca de experiências<br />

constituem importantes<br />

estratégias para uma agropecuária<br />

cada vez mais inovadora, competitiva<br />

e sustentável.<br />

32<br />

CONTATOS:<br />

RENNAN<br />

(63) 99210 3010<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong><br />

RODRIGO<br />

(63) 99253 7980<br />

GILMAR<br />

(63) 99107 4159


<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 33


34<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


Dr. Jorge Ferreira<br />

Professor da UFT - Universidade<br />

Federal do Tocantins<br />

jorgeuft@gmail.com<br />

GENÉTICA III<br />

A IMPORTÂNCIA DA VACA<br />

PARTE II<br />

Na pecuária de corte, o sistema de cria se constitui numa das principais e mais importantes etapas do sistema produtivo,<br />

pois envolve a criação e o manejo de matrizes e seus bezerros até a desmama, mas também das novilhas de reposição e<br />

touros. Esse sistema tem por objetivo a produção de bezerros que representa uma das maiores fontes de receita do criador,<br />

mas também é um dos sistemas mais onerosos. Portanto, a viabilidade do sistema vai depender da eficácia e eficiência com<br />

que são utilizados os meios disponíveis para a otimização da produtividade.<br />

Muitos pecuaristas têm adotado<br />

de algumas estratégias na tentativa<br />

de aumentar o lucro e minimizar<br />

os custos. Uma alternativa é a<br />

grande variedade de tecnologias<br />

disponíveis aos produtores, tanto<br />

na área reprodutiva, manejo e nutrição,<br />

promovendo a necessidade<br />

de elaborar estratégias que venham<br />

garantir aumento da eficiência produtiva.<br />

No entanto, a escolha e adoção<br />

das tecnologias envolvem a relação<br />

custo-benefício, uma vez que a<br />

margem de lucro tem sido baixa e<br />

qualquer ação ineficiente pode levar<br />

à falência o sistema produtivo.<br />

Assim, é essencial a busca por alternativas<br />

seguras que maximizem a<br />

receita e diminuam os custos.<br />

O aumento da eficiência econômica<br />

nesse sistema está diretamente<br />

correlacionado com a melhoria na<br />

eficiência reprodutiva e diminuição<br />

da idade a puberdade (BALDI et<br />

al., 2008). A busca pela eficiência<br />

reprodutiva tem-se voltado para a<br />

seleção de características que determinem<br />

aumento da fertilidade.<br />

A precocidade sexual dos animais<br />

e da taxa de parição das fêmeas<br />

aumenta o número de descendentes<br />

na vida útil e amortiza os<br />

custos da criação de novilhas. Sendo<br />

assim, o aumento do número de<br />

animais aumentará a eficiência do<br />

processo de seleção, pois permite<br />

substituir mais rapidamente o material<br />

genético e aumentará a taxa de<br />

desfrute dos animais, o que resulta<br />

positivamente no aumento de carne<br />

produzida ao ano, elevando a rentabilidade<br />

do produtor (MOREIRA,<br />

2010).<br />

A antecipação da idade ao primeiro<br />

parto está diretamente ligada<br />

à precocidade sexual, eficiência<br />

reprodutiva e à lucratividade da<br />

produção de carne bovina. Esta característica<br />

pode ser utilizada como<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 35


critério de seleção por estar relacionada<br />

com a idade a puberdade dos<br />

animais, correlaciona-se com o potencial<br />

de longevidade das fêmeas,<br />

além de ser de fácil mensuração,<br />

não implicando em custo adicional<br />

para o sistema.<br />

A idade ao primeiro parto tardia<br />

de fêmeas ocorre devido à influência<br />

ambiental. Um dos principais<br />

motivos é nutricional, em situação<br />

em que o manejo suplementar e a<br />

falta de forragem devido às estacionalidades<br />

climáticas não supre<br />

a exigência do animal. A idade em<br />

que as fêmeas são expostas ao macho<br />

também pode ter influência na<br />

idade ao primeiro parto.<br />

As correlações genéticas entre<br />

idade ao primeiro parto e produtividade<br />

acumulada são negativas e<br />

favoráveis, indicando que a antecipação<br />

da idade ao primeiro parto<br />

leva ao maior tempo de permanência<br />

da fêmea no rebanho, produzindo<br />

mais bezerros ao longo<br />

de sua vida (MERCADANTE et<br />

al., 2000). A seleção para idade ao<br />

primeiro parto melhora a eficiência<br />

reprodutiva das matrizes como um<br />

todo.<br />

Um trabalho de simulação realizado<br />

pela FNP Consultoria de<br />

São Paulo mostrou que a redução<br />

da idade ao primeiro parto de três<br />

para dois anos produziria um aumento<br />

de 16% no retorno econômico<br />

do sistema. Ou seja, a vaca<br />

parindo aos dois anos de idade<br />

produziria ao longo da vida um bezerro<br />

a mais.<br />

Assim, em um rebanho sob<br />

seleção, é fundamental identificar<br />

fêmeas eficientes, reproduzi-las, e<br />

também descartar as inferiores. A<br />

eliminação de vacas falhadas/improdutivas<br />

favorece os índices reprodutivos<br />

e, consequentemente, a<br />

produção de bezerros, promovendo<br />

aumento considerável na taxa<br />

de desfrute, ou seja, na lucratividade.<br />

A eficiência reprodutiva de fêmeas<br />

pode ser tratada então, como<br />

um objetivo de seleção, definido<br />

como a combinação de características<br />

biológicas e economicamente<br />

importantes dentro de um sistema<br />

de produção. Assim, a seleção para<br />

essa característica merece muita<br />

atenção e deve fazer para do índice<br />

de seleção da fazenda.<br />

36<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 37


Márcio Gianordoli Teixeira Gomes<br />

Médico Veterinário e Doutor em Zootecnia<br />

Professor no Curso de Med. Veterinária da UFT<br />

mgianordoli@hotmail.com<br />

EQUINOCULTURA<br />

MANGALARGA MARCHADOR<br />

O Cavalo de Sela Brasileiro<br />

A raça Mangalarga Marchador é tipicamente brasileira e surgiu há cerca de 200 no Sul de Minas Gerais, através do<br />

cruzamento de cavalos da raça Alter – trazidos da Coudelaria de Alter do Chão, em Portugal – com éguas desta região<br />

mineira. A base da formação dos cavalos Alter é a raça espanhola Andaluz.<br />

Em 1949 foi criada a Associação<br />

Brasileira de Criadores de Cavalos<br />

Mangalarga Marchador (ABC-<br />

CMM), hoje a maior associação de<br />

equinos da América Latina, com<br />

mais de 250.000 animais registrados.<br />

Durante o período de meados<br />

de 1970 ao final da década de 90,<br />

o Marchador teve uma ascensão<br />

astronômica no segmento da equinocultura,<br />

batendo recordes de animais<br />

expostos, registrados e de preços<br />

em leilões oficiais.<br />

O Mangalarga Marchador tem<br />

como função principal a marcha,<br />

que é distinta das outras encontradas<br />

nos demais marchadores do<br />

mundo. A marcha, que é o passo<br />

acelerado, se caracteriza por transportar<br />

o cavaleiro de maneira cômoda,<br />

pois não transmite a ele os<br />

impactos ocorridos com os animais<br />

de trote. Marchando, ele alterna os<br />

apoios nos sentidos diagonal e lateral,<br />

sempre suavizados por um tempo<br />

intermediário, o tríplice apoio,<br />

momento em que três membros<br />

tocam o solo ao mesmo tempo.<br />

O andamento genuíno do Mangalarga<br />

Marchador é acompanhado<br />

de outras importantes características.<br />

Temperamento ativo e dócil:<br />

pode ser montado por pessoas de<br />

qualquer faixa etária e nível de equitação;<br />

resistência: grande capacidade<br />

para percorrer longas distâncias<br />

e enfrentar desafios naturais; inteligência:<br />

seu adestramento é fácil e<br />

rápido em relação a outras raças de<br />

sela; rusticidade: opção de se criar<br />

somente em regime de pasto, diminuindo<br />

seu custo de produção e<br />

manutenção, facilitando seu manejo.<br />

A rusticidade é observada também<br />

na facilidade de adaptação a<br />

quaisquer terrenos e climas como o<br />

tropical, temperado ou frio.<br />

Outra utilização que merece<br />

destaque para a raça, tem sido seu<br />

cruzamento com asininos da raça<br />

Pêga, produzindo muares marchadores,<br />

proporcionando conforto e<br />

comodidade para o cavaleiro, além<br />

de animais extremamente rústicos<br />

e resistentes, suportando tropeadas<br />

em longas distâncias.<br />

A marcha é considerada como<br />

o andamento natural, simétrico, a<br />

quatro tempos, com apoios alternados<br />

dos bípedes laterais e diagonais,<br />

intercalados por momentos<br />

de tríplice apoio (figura 1), sendo<br />

classificada como Marcha Batida ou<br />

Marcha Picada. Na marcha batida<br />

temos mais apoios diagonais que laterais,<br />

quando o membro posterior<br />

38<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


toca o solo simultaneamente ao<br />

anterior do lado oposto, exemplo,<br />

membro posterior esquerdo toca o<br />

solo ao mesmo tempo que o anterior<br />

direito. Já na marcha picada,<br />

mais apoios laterais que diagonais,<br />

quando o membro posterior e anterior<br />

do mesmo lado tocam o solo<br />

ao mesmo tempo, como exemplo<br />

os membros posterior e anterior<br />

esquerdos. Ressalta-se que a busca<br />

é sempre pelo maior momento de<br />

tríplices apoios, pois proporciona o<br />

maior conforto de sela para o cavaleiro.<br />

Figura 1- Apoios laterias e diagonais intercalados<br />

por tríplices apoios característicos da marcha.<br />

A título de melhor compreensão,<br />

em comparação a outros andamentos,<br />

o trote é classificado<br />

por momentos de apoios sempre<br />

diagonais, enquanto a andadura é<br />

o extremo oposto, em apoios sempre<br />

laterais. Estes dois movimentos<br />

não intercalam com tríplices<br />

apoios, mas sim com fases de voos,<br />

o que gera impacto e desconforto<br />

ao cavaleiro.<br />

Durante o Concurso de Marcha<br />

os árbitros deverão levar em conta,<br />

pela ordem de relevância abaixo, os<br />

seguintes itens:<br />

I. Gesto de Marcha: É a relação<br />

entre o movimento dos anteriores<br />

e posteriores, expressa pelo<br />

avanço e apoio dos bípedes,<br />

dissociados, em quatro tempos,<br />

propiciando momentos<br />

de tríplice apoio. Os membros<br />

anteriores devem descrever a<br />

figura de um semicírculo e os<br />

posteriores com energia de movimentação,<br />

mas com deslocamento<br />

linear, sem elevação demasiada<br />

dos seus jarretes.<br />

II. Comodidade e Estabilidade:<br />

São qualidades da movimentação<br />

do animal que mantendo<br />

seu tronco estável e sem oscilações,<br />

não transmite impactos<br />

frontais, laterais ou verticais,<br />

torções ou qualquer outro desconforto<br />

à posição adequada<br />

do cavaleiro sobre a sela. Bem<br />

como quaisquer características<br />

do animal que favoreçam positivamente<br />

sua condução pelo<br />

cavaleiro como bom temperamento,<br />

apoio leve de rédeas,<br />

equilíbrio, franqueza, etc.<br />

III. Estilo: É o conjunto formado<br />

por equilíbrio, harmonia,<br />

elegância, energia e nobreza dos<br />

movimentos e postura corporal<br />

do animal. A postura corporal,<br />

posicionamento de cauda e do<br />

conjunto cabeça/pescoço do<br />

Mangalarga Marchador são típicos<br />

e característicos, com a<br />

cabeça assumindo uma posição<br />

em que forma um ângulo aproximado<br />

dos 90º (noventa graus)<br />

com seu pescoço e de 45º (quarenta<br />

e cinco graus) com a horizontal.<br />

IV. Rendimento - É a qualidade<br />

que tem o animal de percorrer<br />

uma distância maior com<br />

um número menor de passadas.<br />

É resultante de passadas<br />

amplas, elásticas, desenvoltas<br />

e equilibradas, características<br />

apresentadas na marcha média<br />

e na marcha alongada devendo<br />

ocorrer sobrepegada ou ultrapegada.<br />

Uma menor freqüência<br />

de movimentação em favor de<br />

maior comprimento da passada<br />

é também desejável.<br />

V. Regularidade - É qualidade<br />

pela qual o animal mantém o<br />

mesmo ritmo, velocidade, gesto,<br />

comodidade e estilo durante<br />

todo o transcorrer da prova,<br />

não procedendo a trocas do<br />

andamento inicial e sempre o<br />

conservando bem definido e regular.<br />

§. Único - Além dos itens acima<br />

os animais serão avaliados no<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 39


passo livre, analisando a qualidade<br />

do passo e o comportamento<br />

do animal na manutenção<br />

do andamento ao passo.<br />

Estes critérios também são utilizados<br />

para avaliação da marcha em<br />

concursos com muares marchadores,<br />

oriundos de cruzamentos<br />

com éguas Mangalarga Marchador,<br />

principalmente, além de Campolina<br />

e Mangalarga Paulista.<br />

A conformação não é condição<br />

para se marchar, que é determinada<br />

pelo cérebro, mas pode contribuir<br />

para melhorar a qualidade da<br />

marcha. Dessa forma a ABCCMM<br />

padronizou a raça em animais de<br />

porte médio, ágil, estrutura forte e<br />

bem proporcionada, expressão vigorosa<br />

e sadia, visualmente leve na<br />

aparência, pele fina e lisa, pelos finos,<br />

lisos e sedosos, temperamento<br />

ativo e dócil. Para machos a altura<br />

ideal é de 1,52m (podendo variar<br />

de 1,47m a 1,57m), enquanto para<br />

fêmeas, a altura ideal é de 1,46m<br />

(admitindo-se a mínima de 1,4m e<br />

a máxima de 1,54 m).<br />

Além da marcha, outras importantes<br />

características são consideradas,<br />

como temperamento ativo<br />

e dócil, podendo ser montado por<br />

pessoas de qualquer faixa etária<br />

e nível de equitação; resistência,<br />

grande capacidade para percorrer<br />

longas distâncias e trabalho na lida<br />

do gado; inteligência, seu adestramento<br />

é fácil e rápido em relação<br />

a outras raças de sela; rusticidade:<br />

opção de se criar somente em regime<br />

de pasto, diminuindo seu custo<br />

de produção e manutenção.<br />

Diante de tantos atributos, a<br />

raça Mangalarga Machador vem<br />

se espalhando pelo Brasil e pelo<br />

mundo, presente em países do<br />

continente europeu e americano,<br />

com destaque a grande importação<br />

para os Estados Unidos, Uruguai e<br />

Peru. Atualmente a ABCCMM está<br />

representada em todo o território<br />

nacional através de 80 Núcleos de<br />

Criadores do Marchador e 10 Clubes<br />

de Criadores de Cavalo.<br />

No fim do ano de 2016 foi<br />

criado o primeiro e único Núcleo<br />

Regional no estado do Tocantins,<br />

a Associação dos Criadores do<br />

Cavalo Mangalarga Marchador do<br />

Tocantins (ACCMMTO), que no<br />

ano de 2017 já iniciou a organização<br />

de eventos oficiais, como 05<br />

Exposições Especializadas da raça,<br />

em Palmas, Paraíso do Tocantins e<br />

Araguaína, tendo nesta última cidade<br />

ocorrido também uma Copa<br />

de Marcha. Estes eventos têm<br />

possibilitado oportunidade de estágio<br />

para acadêmicos dos cursos de<br />

Ciências Agrárias, como Medicina<br />

Veterinária e Zootecnia. Além disso<br />

têm sido ofertados cursos para<br />

capacitação técnica, como manejo<br />

e criação de cavalos, casqueamento<br />

e ferrageamento, além de equitação<br />

e preparo para pista.<br />

40<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 41


PASTAGENS I<br />

Marcelo Könsgen Cunha<br />

Engo. Agro. M.Sc. em Zootecnia<br />

Pesquisador da Embrapa e<br />

Professor do UniCatólica<br />

marcelo.cunha@embrapa.br<br />

ESTABELECIMENTO DE<br />

Pastagens no Cerrado<br />

As pastagens são a maneira mais econômica, prática e natural de alimentar os bovinos. No Brasil, elas são a<br />

base alimentar dos bovinos, portanto, a produtividade de forragem das mesmas e seu aproveitamento são fundamentais<br />

para o sucesso dos sistemas de produção de carne e leite no país.<br />

Para obter pastagens produtivas<br />

é fundamental que a área tenha sido<br />

bem estabelecida, pois em áreas que<br />

a pastagem é mal estabelecida dificilmente<br />

se alcançam altas produtividades<br />

de forragem.<br />

Para estabelecer com sucesso<br />

uma pastagem é necessário o conhecimento<br />

de uma série de ações, as<br />

quais precisam ser bem planejadas e,<br />

posteriormente, executadas com sucesso.<br />

Entre as ações estão: diagnóstico<br />

da área aonde irá se estabelecer<br />

a pastagem, levantamento de informações<br />

sobre recursos humanos, financeiros<br />

e de infraestrutura disponíveis<br />

e potenciais da empresa rural,<br />

definir com clareza os objetivos da<br />

pastagem (uso e produtividade desejada),<br />

escolher o material forrageiro<br />

a ser estabelecido, definir a calagem,<br />

adubação e as práticas conservacionistas,<br />

preparar o solo, escolher a<br />

semente, semear, pastejar e manejar<br />

pragas, doenças e plantas daninhas.<br />

A execução do conjunto das<br />

ações supracitadas resulta na produtividade<br />

da pastagem. Na sequencia,<br />

abordar-se-ão duas situações,<br />

ainda comuns, que envolvem<br />

estabelecimento de pastagens e<br />

suas consequências.<br />

Semeadura tardia<br />

A semeadura deve ser feita logo<br />

que o clima (chuva e temperatura)<br />

permitir, pois assim a pastagem<br />

será usada por mais tempo ainda<br />

na estação chuvosa que foi estabelecida,<br />

gerando maior produtividade<br />

animal. Embora isso seja óbvio,<br />

semeaduras tardias são muito comuns<br />

e, de modo geral, são menos<br />

exitosas que as precoces. Fatos<br />

como: atraso no preparo da área,<br />

na calagem, na compra de insumos<br />

(calcário, adubos, sementes, entre<br />

outros), maquinário, implementos,<br />

equipamentos e pessoal mal dimensionados<br />

ou ineficientes são recorrentes<br />

e culminam com atrasos no<br />

semeio e, de modo geral, em pastagens<br />

menos produtivas.<br />

Para ilustrar, compara-se um semeio<br />

em 15/11 com outro feito em<br />

15/01 (tardio) em uma determinada<br />

área. Considere que todas as ações<br />

nas duas situações foram iguais (a<br />

única diferença foi o momento da<br />

execução). Se, em ambas as situações,<br />

a entrada dos animais ocorrer<br />

45 dias após o semeio, a lotação<br />

animal média for de 5 cabeças por<br />

hectare com desempenho médio<br />

de 0,7 kg/cabeça/dia, ter-se-á que<br />

a produtividade da área no semeio<br />

precoce foi de 525 kg de peso vivo<br />

(aproximadamente 17,5 arrobas de<br />

carcaça) contra 315 kg de peso vivo<br />

(10,5 arrobas) do semeio tardio.<br />

Considerou-se para essa simulação<br />

de produtividade, lotação e desempenho<br />

animal o período entre o dia<br />

da entrada até 15/04.<br />

42<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


Foto 1- Diminuição do estande de plantas devido ao acamamento.<br />

Ressalta-se que semear precocemente<br />

ou tardiamente tem o mesmo<br />

custo/investimento financeiro,<br />

portanto é necessário planejamento<br />

para que o semeio ocorra no início<br />

da estação chuvosa.<br />

Primeiro pastejo<br />

Esperar as plantas produzirem<br />

sementes para colocar os animais,<br />

apesar de ter diminuído bastante,<br />

ainda é uma prática que ocorre<br />

em muitas áreas. Isso acarreta em<br />

diminuição do período de pastejo<br />

nas águas, perda de valor nutritivo<br />

da forragem ingerida pelos animais,<br />

acamamento da forragem<br />

produzida, menor consumo de forragem<br />

pelos animais e dificulta ou<br />

até mesmo inviabiliza a rebrota das<br />

plantas. Sendo assim, atrasar o primeiro<br />

pastejo conduz a uma menor<br />

produtividade, visto que afeta negativamente<br />

tanto o desempenho<br />

dos animais como das plantas forrageiras<br />

que compõe a pastagem.<br />

Falta de conhecimento, atraso<br />

na compra de animais, na construção<br />

de bebedouros e cercas são fatos<br />

comuns que geram atrasos no<br />

primeiro pastejo.<br />

Em algumas situações de atraso<br />

do primeiro pastejo pode haver,<br />

devido ao acamamento das plantas,<br />

diminuição do estande de plantas<br />

na área, pois a forragem acamada<br />

sobre as plantas pode levar muitas<br />

delas a morte (fotos 1 e 2).<br />

Além disso, semeios tardios<br />

combinados com ausência de primeiro<br />

pastejo aumentam sobremaneira<br />

o risco de déficit hídrico<br />

das plantas durante a estação seca<br />

e, em alguns casos (especialmente<br />

de estação seca mais severa e solos<br />

arenosos), podem resultar em morte<br />

de plantas (foto 3).<br />

É importante que o primeiro<br />

pastejo seja feito com as plantas<br />

ainda em estádio vegetativo (sem<br />

haste com flores/frutos) e tão logo<br />

as mesmas consigam suportar o<br />

Foto 3. Área com pastagem morta.<br />

Foto 2. Detalhe da foto 1. Morte de planta que estava embaixo da forragem<br />

acamada (palha).<br />

pastejo. O primeiro pastejo consiste<br />

em remover o terço superior<br />

das plantas. É importante que seja<br />

feito de forma rápida e uniforme<br />

em toda área. Agindo dessa forma<br />

há um estímulo ao perfilhamento<br />

e enraizamento das plantas e, de<br />

modo geral, em, aproximadamente,<br />

15 dias após o primeiro pastejo<br />

há o efetivo estabelecimento da<br />

pastagem, passando-se então para<br />

as ações de manejo da pastagem.<br />

Por fim, é necessário enfatizar<br />

que para obter sucesso no estabelecimento<br />

de áreas com pastagem<br />

é necessário conhecimento, sendo<br />

assim, ganha destaque o papel dos<br />

profissionais de assistência técnica,<br />

especialmente para aqueles empresários<br />

que necessitam de conhecimento<br />

no processo de estabelecimento<br />

de suas pastagens.<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> <strong>43</strong>


Conheça a linha Lambisk.<br />

Suplementos proteicos<br />

desenhados para as<br />

diferentes estações do ano.<br />

44<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong>


Elizabeth Costa Sousa Santos<br />

Administrador<br />

Proprietaria da Fazenda WA<br />

Hiala Loiane de Sousa Silva<br />

Acad. de Eng. Agronômica-IFPA<br />

hialoiane@gmail.com<br />

Marcione Souza Braga<br />

Tecnólogo em Agronegócio<br />

Diretor Técnico da Mage<br />

Consultoria<br />

PASTAGENS II<br />

INTENSIFICAÇÃO DE PASTAGEM<br />

NA ENGORDA DE FÊMEAS<br />

Caso de Sucesso da Fazenda WA<br />

Nas últimas décadas a pecuária de corte brasileira avançou em relação sua produção e importância. No Tocantins a<br />

pecuária tem uma grande relevância e cresceu 95% desde a criação do estado. O município de Araguatins por sua vez,<br />

ocupa a 8ª posição em produção de bovinos, liderando a região do Bico do Papagaio ao norte do estado. O rebanho do<br />

Tocantins é evidenciado pela quantidade e qualidade dos animais, ficando em 11º no ranking nacional (IBGE 2017).<br />

Nessa perspectiva, sabe-se que<br />

o manejo correto das pastagens<br />

é primordial para todo sistema de<br />

criação de bovinos a pasto, por isso,<br />

nesse contexto o sistema rotacionado<br />

é um método de pastejo que<br />

contribui para otimizar o manejo<br />

do rebanho em sistemas intensivos<br />

de produção a pasto.<br />

A produtora rural Elizabeth<br />

Costa trabalha com sistema de animais<br />

de cria utilizando sistema extensivo<br />

de produção a pasto, com<br />

lotação atual de 1,1 UA por hectare.<br />

A mesma administra a fazenda WA<br />

que fica localizada no município<br />

de Araguatins, a 630 quilômetros<br />

da capital Palmas. No ano de 2018<br />

ao analisar os dados zootécnicos e<br />

financeiros da fazenda, a produtora<br />

observou que poderia aumentar<br />

seu faturamento com a recria das<br />

fêmeas. Assim, ela buscou uma empresa<br />

de consultoria agropecuária<br />

para lhe nortear nessa tarefa, visto<br />

que a orientação é fundamental na<br />

tomada de decisões, pois ajuda a indicar<br />

tecnologias dentro da realidade<br />

da propriedade em busca de maior<br />

lucratividade. A partir das orientações<br />

de consultoria, montou-se um<br />

planejamento com a previsão de faturamento,<br />

custo de produção por<br />

arroba produzida, lotação animal e<br />

GMD. Posteriormente foi escolhida<br />

uma área de pastagem próxima<br />

da sede do imóvel, onde a produto-<br />

1 A fazenda vem recebendo visitas mensais do consultor Marcione Braga, que é diretor técnico da<br />

MAGE Consultoria, empresa que trabalha no segmento de consultoria com pecuária de leite e corte nos<br />

estados do Tocantins, Pará e Maranhão.<br />

Mapa 1: Divisão de pastagem<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 45


a tem uma maior facilidade de manejo<br />

com os animais. Logo após a<br />

escolha da área, realizou-se a coleta<br />

de solo, para verificar os níveis de<br />

fertilidade existentes dentro dessa<br />

área.<br />

Com a análise de solo foi realizado<br />

as recomendações de calagem<br />

e adubação, e em seguida aquisição<br />

do corretivo e fertilizantes. A<br />

divisão de pastagem foi realizada<br />

de acordo com o ciclo do capim,<br />

utilizando uma forrageira existente<br />

na fazenda: a Brachiaria decumbens.<br />

A divisão do pasto foi realizada<br />

por meio das orientações da<br />

consultoria e as divisões de acordo<br />

com o período de ocupação da<br />

planta forrageira, que neste caso,<br />

adotou-se 27 dias de descanso. O<br />

período de ocupação tem variação<br />

de acordo com a área do piquete.<br />

Para isso, foram feitas medição de<br />

forragem por m², assim, é possível<br />

saber quantos dias o pasto suporta<br />

essa quantidade de animais, dessa<br />

maneira eles podem pastejar de<br />

acordo com o suporte, variando de<br />

3 a 4 dias de permanência no piquete.<br />

Na área de lazer os animais<br />

recebem água e sal mineral e, para<br />

melhorar os resultados, as novilhas<br />

fazem a ingestão de 800 gramas/<br />

dia de ração balanceada.<br />

Através da implantação do (módulo<br />

de pastejo intensivo de 6,68<br />

ha), foi possível colocar dois lotes<br />

de novilhas da raça Nelore dentro<br />

do sistema, por meio da medição<br />

de pastagem para cálculo de lotação<br />

animal, além da pastagem<br />

bem manejada ofertada para esses<br />

animais, a produtora ofertou 800<br />

gramas de ração balanceada por<br />

dia, o que proporcionou um maior<br />

GMD, abaixo será apresentado os<br />

resultados do período das águas,<br />

com os números praticados dentro<br />

da fazenda.<br />

Média dos indicadores zootécnicos da<br />

Fazenda WA no período das águas<br />

Quantidade de Novilhas 120<br />

Peso médio na entrada<br />

Peso médio na saída<br />

Ganho de peso no<br />

período<br />

GMD<br />

262,5 kg<br />

337,5 kg<br />

75 kg<br />

0,91 kg<br />

UA Inicial 5,2<br />

UA Final 6,72<br />

Tabela 1. Média dos indicadores zootécnicos.<br />

Como apresentado na tabela<br />

acima passaram pelo pasto rotacionado<br />

120 novilhas, sendo 55 cabeças<br />

no primeiro e 65 cabeças no<br />

segundo acima foi apresentado a<br />

média dos resultados dos dois lotes<br />

sendo que o peso médio de entrada<br />

dos animais foi de 262,5 kg e de<br />

saída 337,5 kg, o ganho no período<br />

foi de 75 kg ou 2,5 arrobas com um<br />

GMD de 0,91 quilos. A lotação inicial<br />

foi de 5,2 UA/Hectare e a de<br />

saída foi de 6,72 UA.<br />

Após cada lote atingir o peso<br />

médio de 337,5 kg, esses animais<br />

foram para inseminação artificial<br />

por tempo fixo (IATF), pois o objetivo<br />

do ganho de peso era para<br />

reprodução.<br />

Área<br />

Período 165 dias<br />

6,68 há<br />

Estoque final (Ef) 1347,5<br />

Estoque Inicial (Ei) 1047,5<br />

Entradas (E) --<br />

Saídas (S) --<br />

Produção (Prod) 300<br />

Produção @/há<br />

(Prod./área 44,9<br />

Tabela 2. Produção de arrobas.<br />

A tabela acima apresenta que<br />

foram produzidas 300 arrobas no<br />

período, com os dois lotes de novilhas,<br />

para se chegar a esse número<br />

utilizou-se a formula Produção @<br />

= @final - @inicial - @entradas +<br />

@saídas para se chegar ao segundo<br />

indicador de produção de arrobas<br />

por hectare utilizou-se a formula<br />

Produção @/há = produção @ /<br />

área de pastagem (há). Com isso<br />

temos uma produção de 44,9 arrobas/hectare<br />

no período, sendo<br />

este, um número bem elevado se<br />

46<br />

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comparado a média de produção<br />

de arrobas do estado que varia de 3<br />

a 5 arrobas por hectare/ano<br />

Após a tabulação dos dados<br />

o consultor e a produtora resolveram<br />

aumentar a área de pasto<br />

rotacionado da fazenda. Dessa vez,<br />

está sendo projetado dois módulos<br />

com capins do gênero panicum<br />

maximum. Um com o mombaça<br />

com área útil de 14 hectares e outro<br />

com a BRS Zuri com área de 42,3<br />

hectares. No final a fazenda terá<br />

três módulos de pastejo, que serão<br />

uma área intensificada de 62,98<br />

hectares.<br />

Levando-se em consideração<br />

esses aspectos, é notório que,<br />

para ser competitivo na pecuária,<br />

é preciso ter um bom planejamento<br />

da atividade de corte, dentre as<br />

principais ferramentas utilizadas<br />

no processo de intensificação, o<br />

manejo de pastagem teve grande<br />

destaque pois foi o responsável<br />

por conseguir alojar essa quantidade<br />

de animais em tão pouco espaço<br />

de terra, mostrando que a pecuária<br />

pode ser bastante eficiente,<br />

com produções acima de 40 @/há,<br />

como apresentado no caso de sucesso<br />

da fazenda WA. Porem isso<br />

só foi possível graças ao comprometimento<br />

da produtora com seus<br />

objetivos e metas a serem alcançadas.<br />

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Eduardo Henrique de Castro Rezende<br />

Coordenador de Marketing e<br />

Comunicação Científica da J.A Saúde Animal<br />

SANIDADE ANIMAL<br />

Em bovinos<br />

O Riphicefalus Boophilus microplus é conhecido popularmente como carrapato de bovinos e é um ectoparasita hematófago<br />

originário da Ásia, encontrando-se também em outros lugares do mundo, como América, África e Oceania (PEAR-<br />

SON et. al 1986). O parasitismo decorrente desse parasita causa diversos prejuízos, tanto por ação direta, quanto por<br />

ação indireta. Os prejuízos diretos são aqueles causados diretamente pelo carrapato, como a espoliação sanguínea, prurido,<br />

irritação, quedas no peso e na produção dos animais, entre outros sintomas. Já os prejuízos indiretos são aqueles<br />

compreendidos por doenças que usam desse parasita como vetor, como por exemplo o complexo tristeza parasitária bovina,<br />

além de todas as outras despesas secundárias (aquisição de medicamentos, morte de animais etc.) (FURLONG, 2003).<br />

A epidemiologia das parasitoses<br />

é influenciada de acordo com a<br />

região, sendo que em praticamente<br />

todo país, com exceção do sul, as<br />

condições de temperatura e umidade<br />

permitem a sobrevivência e<br />

desenvolvimento dos carrapatos o<br />

ano todo. Entretanto, a época em<br />

que os carrapatos estão mais sensíveis<br />

é no período mais quente do<br />

ano, pois há maior dessecação desses<br />

parasitas (FURLONG, 2003).<br />

Conhecendo as características<br />

epidemiológicas de cada região,<br />

devemos lançar mão de um controle<br />

estratégico de parasitas, que consiste<br />

na concentração dos tratamentos na<br />

época de maior eficácia terapêutica<br />

Figura 1(PEREIRA et al., 2008, Furlong, 2003)<br />

<strong>ED</strong>IÇÃO 05 | ANO 09 | SET/OUT <strong>2019</strong> 49


de forma que as infestações e a<br />

população de carrapatos, fora<br />

da época de tratamentos, sejam<br />

economicamente viáveis. No Brasil<br />

Central por exemplo, recomendase<br />

as primeiras aplicações dos<br />

antiparasitários entre os meses de<br />

Setembro e Outubro, assim que for<br />

avistado os primeiros carrapatos<br />

nos animais. Adicionalmente<br />

pode ser feito uma aplicação de<br />

reforço por volta do mês de abril,<br />

a depender do grau de infestação<br />

do animal (MAGALHÃES, 1989;<br />

FURLONG, 2003).<br />

De modo geral, se for feita<br />

pulverização com carrapaticidas,<br />

recomenda-se 5 a 7 banhos com<br />

intervalos de 21 dias. Quando se<br />

utiliza medicamentos da classe das<br />

Lactonas Macrocíclicas Pour on<br />

ou de alta concentração, indica-se<br />

de 4 a 5 tratamentos com intervalos<br />

de 36 dias. Lactonas macrocíclicas<br />

menos concentradas, como<br />

as Ivermectinas a 1%, indica-se 6<br />

tratamentos com intervalos de 28<br />

dias (PEREIRA et al., 2008; FUR-<br />

LONG, 2003).<br />

Para que o controle estratégico<br />

tenha eficácia também é ideal que<br />

a propriedade possua infraestrutura<br />

que proporcione a realização<br />

dos tratamentos de forma correta<br />

e, se possível, sejam feitos testes<br />

de sensibilidade para determinar o<br />

melhor antiparasitário a ser utilizado<br />

nos protocolos (PEREIRA et<br />

al., 2008).<br />

A recomendação da J.A Saúde<br />

Animal é o uso da LONGAMEC-<br />

TINA PREMIUM 3,5% e o FRI-<br />

GOBOI FACILITE. O primeiro é<br />

um endectocia injetável à base de<br />

Ivermectina concentrada e de extra<br />

longa ação. Já o Frigoboi Facilite é<br />

uma solução de Abamectina pour<br />

on, de alta eficácia e praticidade,<br />

com baixo período de carência<br />

para abate (28 dias).<br />

50<br />

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(63)3002-3333 / 3602-7229 / 99228-0772<br />

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COOPERFRIGU<br />

REPRESENTANTE COMERCIAL - PARAÍSO -TO<br />

Caius Aurélio<br />

Repasse de Bovinos<br />

(63) 98421-7757 / 99966-7757<br />

(63) 3361-1190 - caiusfilho@hotmail.com<br />

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POÇOS ARTESIANOS<br />

Gilsimar Venâncio de Barros<br />

José Amauri Alves<br />

Geólogos<br />

Av. Transbrasiliana, n° 950, Serrano II, Paraíso do Tocantins - TO<br />

CEP - 77.600-000 - Fone - 63 3602-2347 / 99987-1121<br />

E-mail - trhimil@uol.com.br<br />

54<br />

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