07.11.2019 Views

Ainda Temos a Imensidão da Noite - Pressbook

Cansada de lutar por um lugar ao sol com sua aguerrida banda de rock, onde é trompetista e vocalista, Karen decide ir embora de Brasília. Ela segue os passos do ex-parceiro de banda, Artur, que tenta a sorte em Berlim. O convite parte de Martin, amigo alemão com quem fecham um triângulo imprevisível. Meses depois, forçada a recomeçar em Brasília, Karen precisa entender o papel dela e o papel da arte na cidade que o avô ajudou a construir.

Cansada de lutar por um lugar ao sol com sua aguerrida banda de rock, onde é trompetista e vocalista, Karen decide ir embora de Brasília. Ela segue os passos do ex-parceiro de banda, Artur, que tenta a sorte em Berlim. O convite parte de Martin, amigo alemão com quem fecham um triângulo imprevisível. Meses depois, forçada a recomeçar em Brasília, Karen precisa entender o papel dela e o papel da arte na cidade que o avô ajudou a construir.

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

S I N O P S E<br />

1


S I N O P S E<br />

2


S I N O P S E<br />

Cansa<strong>da</strong> de lutar por um lugar ao sol com sua aguerri<strong>da</strong> ban<strong>da</strong> de<br />

rock, onde é trompetista e vocalista, Karen decide ir embora de Brasília.<br />

Ela segue os passos do ex-parceiro de ban<strong>da</strong>, Artur, que tenta a<br />

sorte em Berlim. O convite parte de Martin, amigo alemão com quem<br />

fecham um triângulo imprevisível. Meses depois, força<strong>da</strong> a recomeçar<br />

em Brasília, Karen precisa entender o papel dela e o papel <strong>da</strong><br />

arte na ci<strong>da</strong>de que o avô ajudou a construir.<br />

S I N O P S E<br />

3


O projeto começou em 2011 e o filme estreia em 2019. Como tem<br />

visto a emersão de um pensamento obscurantista nesse período?<br />

O quanto desse mal estar foi parar intencionalmente no filme?<br />

GG: Eu sabia o que queria com o filme quando comecei a investir<br />

nele, queria prestar tributo ao fazer musical e tudo que isso envolve:<br />

resiliência, resistência, persistência. O cerne do projeto nunca<br />

mudou. O tom, sim. Era inevitável que a jorna<strong>da</strong> de Karen ficasse<br />

mais amarga, até o humor ficou mais amargo. O que aconteceu no<br />

país entre 2013 e 2017, quando ro<strong>da</strong>mos o “<strong>Imensidão</strong>”, ecoou em<br />

nós. Chegamos a reescrever cenas para “reposicionar” a revolta<br />

<strong>da</strong> Karen e a luta dela ganhou peso. Se antes ela enfrentava o conformismo,<br />

passou a enfrentar também a intolerância e o descaso.<br />

A trama é contemporânea, mas não é dito quando se passa a<br />

mesma. Isso também foi intencional?<br />

E N T R E V I S T A C O M O D I R E T O R<br />

K A R E N N A S<br />

C I D A D E S<br />

ENTREVISTA COM GUSTAVO GALVÃO<br />

GG: Há uma referência pontual à Reforma <strong>da</strong> Previdência, que<br />

era um tema presente no momento em que filmávamos, em setembro<br />

de 2017. Mais explícito que isso não era o objetivo. As<br />

coisas mu<strong>da</strong>m no Brasil com veloci<strong>da</strong>de e o cinema de ficção é<br />

um tanto lento em processar essas mu<strong>da</strong>nças. Ele é muito mais<br />

eficaz quando se propõe a refletir sobre sentimentos, sensações,<br />

medos, desejos... Essas delicadezas que nos fazem humanos.<br />

Esse é o tipo de cinema que me levou a fazer cinema.<br />

Nos seus filmes, esses sentimentos se relacionam bastante com<br />

o espaço urbano e a arquitetura. Não por acaso, Brasília é tema<br />

recorrente de seus filmes.<br />

GG: Brasília é tão sui generis arquitetonicamente que chama<br />

atenção demais para si. Mas nesse filme ela é mais que um cenário,<br />

é efetivamente uma personagem. Karen se relaciona com os<br />

desafios de uma ci<strong>da</strong>de excludente ao extremo, desde o projeto<br />

que a criou. A protagonista não tem carro, faz sua vi<strong>da</strong> no Plano<br />

Piloto, mas mora no Gama, uma <strong>da</strong>s mais simbólicas <strong>da</strong>s “ci<strong>da</strong>des-satélites”.<br />

Muitos can<strong>da</strong>ngos excluídos do sonho de Brasília<br />

foram “jogados” lá, bem longe do Plano Piloto. Karen é obriga<strong>da</strong><br />

a viver os problemas de Brasília como ci<strong>da</strong>de e como projeto.<br />

4


Em que momento Berlim entrou no roteiro?<br />

GG: Desde o primeiro argumento. Queria tirar a protagonista de<br />

Brasília e observar ambas com distanciamento. Tenho fascínio<br />

por personagens em deslocamento.<br />

Berlim parece servir como duplo para Brasília, a arquitetura, o<br />

comportamento, a história social. Por que Berlim?<br />

GG: Brasília foi construí<strong>da</strong> no mesmo período em que Berlim era<br />

reconstruí<strong>da</strong>, nos anos 1950 e 1960. E os dois processos foram<br />

pautados pelo mesmo pensamento: o Modernismo. Foram processos<br />

impostos pela História, por isso custou para as duas ci<strong>da</strong>des<br />

adquirirem personali<strong>da</strong>de, o que só aconteceu graças à explosão<br />

<strong>da</strong> cultura jovem, já nos anos 1980. É fascinante que duas ci<strong>da</strong>des<br />

tão distantes tenham tanto em comum. E me intriga que Brasília<br />

tenha perdido o rumo. Berlim tem problemas, mas também aponta<br />

soluções para a reconstrução moral e cultural de Brasília.<br />

Seu filme anterior é muito marcado pela música, este também.<br />

Como você usa a música para emprestar/completar ritmo e<br />

sentido às imagens?<br />

GG: No Uma Dose Violenta de Qualquer Coisa, a trilha é um jazz<br />

descontrolado, que parece atormentar um sujeito sem rumo.<br />

No “<strong>Imensidão</strong>”, as músicas são diegéticas: se são executa<strong>da</strong>s<br />

em cena, é porque são uma expressão direta dos personagens;<br />

se são ouvi<strong>da</strong>s em cena, é porque são presentes na vi<strong>da</strong> deles.<br />

Seguimos rigorosamente essa premissa, exceto em uma cena,<br />

quando um rock brota do imaginário de Karen e a estimula a<br />

ocupar os vazios <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Nunca a trilha foi tão importante<br />

para mim, por isso a pesquisa sonora ocorreu em paralelo ao<br />

desenvolvimento do roteiro.<br />

Por isso você escalou músicos de ver<strong>da</strong>de para os papéis principais,<br />

e não atores?<br />

GG: A motivação veio <strong>da</strong>s pesquisas que eu e a corroteirista,<br />

Cristiane Oliveira, fizemos com músicos. Descobrimos que eles<br />

não costumam se sentir representados por filmes sobre músicos.<br />

Entendo essa frustração. A música vem de dentro, o corpo<br />

fala quando o músico toca. É difícil um ator reproduzir isso se<br />

não tocar de ver<strong>da</strong>de.<br />

Como foi a preparação dos músicos?<br />

GG: O trabalho começou já na seleção dos músicos que formariam<br />

o núcleo central, a ban<strong>da</strong> Animal Interior. Era crucial ter<br />

afini<strong>da</strong>des criativas com eles. Eu deixei claro que participaria <strong>da</strong><br />

criação do repertório <strong>da</strong> ban<strong>da</strong>, <strong>da</strong>s letras, do ritmo <strong>da</strong>s músicas.<br />

Isso começou em junho de 2015, quando entrevistei a Ayla<br />

(Gresta, que interpreta Karen) pela primeira vez. Já em dezembro<br />

de 2016, com três dos quatro músicos definidos, fizemos um<br />

laboratório com a preparadora Vanise Carneiro. Foi decisivo<br />

para mim, identifiquei os desafios que teria pela frente. Com o<br />

quarteto formado, em junho de 2017, engatamos uma sucessão<br />

de ensaios, ora para atuação, com a Vanise e o preparador vocal<br />

Cristiano Karnas, ora para criar a trilha. Foi um mergulho de<br />

cabeça no universo do filme.<br />

Para coroar isso, você trouxe para o projeto um dos ícones do<br />

rock independente, Lee Ranaldo. Qual é a sua relação com o<br />

Sonic Youth, a ban<strong>da</strong> que imortalizou Lee na história do rock?<br />

GG: O Sonic Youth fez a trilha dos meus anos 1990, uma déca<strong>da</strong><br />

de experimentação e autodescoberta. Passei muitos períodos na<br />

Universi<strong>da</strong>de de Brasília, na Facul<strong>da</strong>de de Jornalismo, ouvindo<br />

sons que estimulassem e me desafiassem, e o Sonic Youth é um<br />

desses grupos que me inspiram. No caso <strong>da</strong> ban<strong>da</strong> do filme, tratei<br />

de colocar em prática a premissa que eles tinham que evitar<br />

os caminhos fáceis ou cômodos. Acho admirável essa capaci<strong>da</strong>de<br />

de sabotar o que poderia ser uma música pop irretocável e<br />

criar algo único a partir <strong>da</strong>í. Aprendi com Lee e sua turma, devo<br />

muito a eles.<br />

E N T R E V I S T A C O M O D I R E T O R<br />

5


C O N C E P Ç Ã O<br />

V I S U A L<br />

C O N C E P Ç Ã O V I S U A L<br />

Parceiros de longa <strong>da</strong>ta do diretor Gustavo Galvão, o diretor de fotografia<br />

André Carvalheira e a diretora de arte Valeria Verba juntaram<br />

forças em AINDA TEMOS A IMENSIDÃO DA NOITE com um dos designers<br />

de produção mais conceituados <strong>da</strong> Alemanha: Tamo Kunz, o<br />

homem por trás dos cenários de Contra a Parede (Fatih Akin), uma <strong>da</strong>s<br />

fontes de inspiração para Galvão no projeto. O trio respondeu por uma<br />

concepção visual sofistica<strong>da</strong>, que trabalhou ora com contrastes definidos,<br />

ora com paralelismos sutis, a duali<strong>da</strong>de estabeleci<strong>da</strong> pelo roteiro<br />

entre Brasília e Berlim. Filmes como Sombre (Philippe Grandrieux),<br />

B-Movie (vários diretores) e Ma<strong>da</strong>me Satã (Karim Aïnouz) e fotógrafos<br />

como Miguel Rio Branco e Mick Rock são algumas <strong>da</strong>s inúmeras referências<br />

que o time estudou no decorrer de dois anos de trabalho.<br />

8


C O N C E P Ç Ã O V I S U A L<br />

9


E L E N C O<br />

E L E N C O<br />

10


A Y L A<br />

G R E S T A<br />

[KAREN]<br />

G U S T A V O<br />

H A L F E L D<br />

[ARTUR]<br />

Trompetista e vocalista na ban<strong>da</strong> monta<strong>da</strong><br />

para o filme, Ayla também é uma<br />

artista multidisciplinar (com experiência<br />

em performance) e arquiteta profissional<br />

forma<strong>da</strong> pela Universi<strong>da</strong>de de<br />

Brasília. Estudou trompete na Escola<br />

Americana. Passou a focar na música<br />

após a filmagem de AINDA TEMOS A<br />

IMENSIDÃO DA NOITE, em 2017, ao<br />

formar o duo YPU com Gustavo Halfeld.<br />

Já gravou com nomes como Rios<br />

Voadores, O Tarot e César Saez.<br />

Guitarrista de origem, é hoje um requisitado<br />

produtor musical. Só em<br />

2019, produziu discos de Aiure, Abismo<br />

e Rios Voadores, além <strong>da</strong>s gravações<br />

do guitarrista Yonatan Gat (ex-<br />

-Pavement) com a tribo Wapichana,<br />

no Santuário dos Pajés (DF). Em paralelo,<br />

administra o selo Quadrado Mágico<br />

(em parceria com Miguel Galvão)<br />

e se dedica ao duo que integra com<br />

Ayla Gresta, o YPU, onde toca guitarra<br />

e sintetizador.<br />

E L E N C O<br />

11


S T E V E N<br />

L A N G E<br />

H É L I O<br />

M I R A N D A<br />

V A N E S S A<br />

G U S M Ã O<br />

[MARTIN]<br />

[CÍCERO]<br />

[LARA]<br />

Ator, modelo e performer com múlti-<br />

Um dos bateristas mais ativos de<br />

Nasci<strong>da</strong> em Brasília e radica<strong>da</strong> em São<br />

plas habili<strong>da</strong>des, chamou atenção de<br />

Brasília, é integrante de cinco ban-<br />

Paulo desde 2010, é baixista na Der<br />

Gustavo Galvão pela sóli<strong>da</strong> formação,<br />

<strong>da</strong>s marcantes <strong>da</strong> cena local: Rios<br />

Baum, que acaba de lançar o segundo<br />

com destaque para os dois anos que<br />

Voadores (que lançou em junho seu<br />

álbum, D.B. 26.04.93 – com participa-<br />

passou em Nova York para estu<strong>da</strong>r<br />

segundo disco, Rios Voadores na Era<br />

ção de Carol Navarro <strong>da</strong> Supercombo<br />

atuação, no Lee Strasberg Theater<br />

Sinistroyka), Galopardo, Ju<strong>da</strong>s (com<br />

e Cris Botarelli <strong>da</strong> Far from Alaska,<br />

and Film Institute. Após alguns cur-<br />

dois EPs lançados em 2019), Pupilla<br />

entre outros. Desde 2019, também<br />

E L E N C O<br />

tas, programas e comerciais, estreou<br />

em longas em 303 (de Hans Weingartner,<br />

2018), lançado no Festival de Berlim.<br />

Este é seu segundo longa.<br />

e Munha <strong>da</strong> 7 Top Trio. Com a ban<strong>da</strong><br />

Ju<strong>da</strong>s, Hélio participa, desde 2018, do<br />

musical Tocador <strong>da</strong> Viola Envenena<strong>da</strong>,<br />

com direção de Sérgio Maggio.<br />

toca na cultua<strong>da</strong> ban<strong>da</strong> Veronica Decide<br />

Morrer, composta por integrantes<br />

LGBTQI+. Em paralelo, Vanessa é editora<br />

de som para cinema e TV.<br />

12


E T A M B É M . . .<br />

C L E M E N T E N A S C I M E N T O [DELEGADO]<br />

Líder e fun<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> ban<strong>da</strong> seminal do punk paulistano Os Inocentes (forma<strong>da</strong> em 1981<br />

e ain<strong>da</strong> na ativa), Clemente toca desde 2004 em outra ban<strong>da</strong> icônica do rock nacional, a<br />

brasiliense Plebe Rude. É apresentador de programas na rádio Kiss FM e em canais na<br />

web. Ele faz uma participação muito especial no filme.<br />

B I D Ô G A L V Ã O [MÃE]<br />

Uma <strong>da</strong>s mais importantes atrizes cria<strong>da</strong>s nos palcos de Brasília, com dezenas de peças<br />

encena<strong>da</strong>s desde os anos 1980, Bidô trilhou uma carreira repleta de grandes papéis –<br />

em obras de Oscar Wilde a Nelson Rodrigues, de Shakespeare a Harold Pinter. Em 2014,<br />

foi homenagea<strong>da</strong> pelo Prêmio SESC do Teatro Can<strong>da</strong>ngo.<br />

F E R N A N D O T E I X E I R A [AVÔ]<br />

O ator, diretor e dramaturgo paraibano tem quase seis déca<strong>da</strong>s dedica<strong>da</strong>s ao teatro.<br />

Curiosamente, foi apenas em 2001 que ele começou uma carreira fértil também no cinema,<br />

com mais de 40 trabalhos. Destaque para Aquarius (Kleber Mendonça Filho), Baixio<br />

<strong>da</strong>s Bestas (Cláudio Assis) e O Nó do Diabo (vários diretores).<br />

M A R A T D E S C A R T E S [ALEX]<br />

Os prêmios e o reconhecimento <strong>da</strong> crítica em filmes como Mulher do Pai (Cristiane Oliveira),<br />

Quando Eu Era Vivo (Marco Dutra), Uma Dose Violenta de Qualquer Coisa (Gustavo<br />

Galvão), Os Inquilinos (Sérgio Bianchi) e Super Na<strong>da</strong> (Rubens Rewald) fazem de<br />

Marat um dos atores mais notáveis do cinema brasileiro contemporâneo.<br />

E L E N C O<br />

13


T R I L H A O R I G I N A L<br />

16


T R I L H A<br />

O R I G I N A L<br />

A realização de AINDA TEMOS A IMENSIDÃO DA NOITE começou por<br />

aquela que costuma ser a última etapa de um longa: a trilha original.<br />

Em junho de 2017, três meses antes <strong>da</strong> filmagem, a ban<strong>da</strong> monta<strong>da</strong><br />

para o projeto já ensaiava para mol<strong>da</strong>r as cinco músicas <strong>da</strong> Animal<br />

Interior. Os trabalhos envolveram dois compositores (Munha <strong>da</strong> 7<br />

e Nicolau Andrade), quatro músicos (a vocalista e trompetista Ayla<br />

Gresta, o guitarrista Gustavo Halfeld, o baterista Hélio Miran<strong>da</strong> e a<br />

baixista Vanessa Gusmão), dois letristas (Ayla e o diretor Gustavo<br />

Galvão) e um produtor musical de peso: o norte-americano Lee Ranaldo,<br />

que coordenou a gravação e a mixagem <strong>da</strong>s músicas em dois<br />

estúdios de Brasília. O resultado é de tirar o fôlego! O lançamento<br />

<strong>da</strong>s músicas nas plataformas digitais está previsto para dezembro<br />

de 2019, após a estreia do filme nos cinemas.<br />

T R I L H A O R I G I N A L<br />

17


Músico formador <strong>da</strong> lendária ban<strong>da</strong> norte-americana Sonic<br />

Youth, Lee Ranaldo primeiro foi atraído para Brasília por conta<br />

de Oscar Niemeyer. Anos mais tarde, aquela antiga paixão, alimenta<strong>da</strong><br />

por fotografias em livros de arquitetura, ganhou corpo<br />

e se tornou algo concreto – e sonoro – graças ao cineasta<br />

brasiliense Gustavo Galvão.<br />

Lee Ranaldo esteve em Brasília por dez dias, em agosto de 2017,<br />

para produzir as músicas <strong>da</strong> trilha original de AINDA TEMOS A<br />

IMENSIDÃO DA NOITE, terceiro longa de Galvão. “Na superfície,<br />

temos um filme sobre uma ban<strong>da</strong>”, explica Ranaldo, no lobby do<br />

hotel que serviu como quartel-general para a produção. “Para<br />

além disso, temos um filme sobre a mu<strong>da</strong>nça dos tempos em<br />

Brasília e no Brasil.”<br />

E N T R E V I S T A C O M L E E R A N A L D O<br />

D A<br />

A R Q U I T E T U R A<br />

A O R O C K<br />

ENTREVISTA COM LEE RANALDO<br />

POR BERNARDO SCARTEZINI<br />

Como a música funciona como um catalisador para as intenções<br />

e para a narrativa do diretor e roteirista Gustavo Galvão, a produção<br />

do filme começou justamente com a criação de uma ban<strong>da</strong>.<br />

Detalhe importante: uma ban<strong>da</strong> composta por músicos de<br />

ver<strong>da</strong>de que também pudessem atuar na frente <strong>da</strong>s câmeras – a<br />

filmagem ocorreu em setembro e outubro <strong>da</strong>quele ano.<br />

E assim se percebe a importância <strong>da</strong> participação de Lee Ranaldo<br />

no projeto. A ban<strong>da</strong> Animal Interior ensaiava desde maio de<br />

2017 para que ele encontrasse, quando chegasse a Brasília, em<br />

agosto, um conjunto com personali<strong>da</strong>de e dono de sonori<strong>da</strong>de<br />

defini<strong>da</strong>, capaz de executar as cinco músicas inéditas compostas<br />

para o filme. Coube então a Ranaldo <strong>da</strong>r forma final àquilo que<br />

se vê e se ouve em cena. Ele explica os detalhes na entrevista a<br />

seguir, feita na sua passagem pela capital.<br />

Como você ouviu falar de Brasília pela primeira vez?<br />

LR: Tenho ouvido sobre Brasília faz muito tempo por causa de<br />

meu interesse em arquitetura e Oscar Niemeyer. Sempre me<br />

fascinou a ideia de que a ci<strong>da</strong>de foi levanta<strong>da</strong> graças aos planos<br />

de três ou quatro pessoas. É a versão modernista para<br />

algo visionário. Na minha primeira viagem (2016), era o come-<br />

18


ço <strong>da</strong> turnê (brasileira, no caso), então pude chegar mais cedo<br />

e passar uns dias aqui. Amei o que vi.<br />

Nesta segun<strong>da</strong> visita, como se sente na ci<strong>da</strong>de?<br />

LR: Tenho circulado pela vizinhança, trabalhando em estúdios,<br />

an<strong>da</strong>ndo de carro. Tem sido uma chance de conhecer a ver<strong>da</strong>deira<br />

Brasília. Pude perceber as pequenas coisas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de,<br />

estou entendendo como funcionam as quadras. A terra vermelha,<br />

sabe? Mas também é uma ci<strong>da</strong>de de carros. As pessoas<br />

não conseguem an<strong>da</strong>r aqui. As distâncias são enormes. É uma<br />

ci<strong>da</strong>de para ser aprecia<strong>da</strong> de dentro de um carro.<br />

Sobre as músicas trabalha<strong>da</strong>s com a ban<strong>da</strong> Animal Interior,<br />

você acha que esse tipo de som tem conexão com a ci<strong>da</strong>de?<br />

Foi bem natural nesse sentido. E já sabia o quão bom esses<br />

músicos podiam soar como ban<strong>da</strong>, mesmo sabendo que eles<br />

foram juntados para o filme. Quando ouvi as demos, fiquei surpreso<br />

porque eles soavam como uma ban<strong>da</strong> de ver<strong>da</strong>de. Os<br />

compositores fizeram um bom trabalho e a ban<strong>da</strong> também,<br />

criando um som próprio. Eles soam como a mesma ban<strong>da</strong> nas<br />

cinco músicas que gravamos. Isso é importante.<br />

Há algo peculiar na formação <strong>da</strong> ban<strong>da</strong>, que é o trompete.<br />

LR: Achei bem mais interessante essa formação com guitarra e<br />

trompete do que seria uma formação mais típica de ban<strong>da</strong>s de<br />

rock. O trompete dá personali<strong>da</strong>de para a ban<strong>da</strong>. Por causa do<br />

trompete, eles tinham a oportuni<strong>da</strong>de de serem mais ecléticos.<br />

Esse instrumento traz outras referências.<br />

LR: Aprendi que a cena musical foi muito importante para Brasília.<br />

Estou convicto que a música produzi<strong>da</strong> aqui tem a ver<br />

com a experiência de crescer aqui. Em geral, quando falamos<br />

sobre rock independente, sempre encontramos relação com o<br />

lugar de onde ele vem, porque é a experiência principal para as<br />

pessoas que fazem essa música. Quando o Sonic Youth começou,<br />

estávamos em Nova York e de lá vinham as nossas principais<br />

influências. Imagino que para as ban<strong>da</strong>s <strong>da</strong>qui, esta ci<strong>da</strong>de<br />

seja a influência delas. E tem o fato de ser a sede do governo,<br />

com as turbulências na política, como acontece nos EUA. Tudo<br />

isso serve como motivação para fazer música.<br />

Trabalhar em Brasília para este filme sempre foi a ideia?<br />

LR: Sim. Era importante para o diretor Gustavo Galvão trabalhar<br />

aqui, gravar aqui. Porque é aqui que o filme se passa e os<br />

membros <strong>da</strong> ban<strong>da</strong> são <strong>da</strong>qui. E para mim, esse era o maior<br />

apelo, porque queria voltar a Brasília.<br />

Como foi trabalhar no estúdio com os artistas brasileiros?<br />

LR: Há uma espécie de idioma que os músicos falam uns com<br />

os outros, com os engenheiros de som e com os produtores.<br />

Como você define o seu papel de produtor no estúdio?<br />

LR: Estou aqui para aju<strong>da</strong>r a ban<strong>da</strong> a perceber de que maneira<br />

as músicas podem ser realiza<strong>da</strong>s. Quando eles forem para o<br />

set (a filmagem ocorreu um mês depois), são essas versões<br />

que eles levarão na cabeça. No estúdio, ajudo a ajustar algumas<br />

partes, mu<strong>da</strong>r pequenas coisas para deixar as músicas<br />

mais coesas. A ideia é <strong>da</strong>r aos músicos uma noção forte de<br />

ca<strong>da</strong> música, para que eles se sintam ain<strong>da</strong> mais como ban<strong>da</strong>,<br />

o que será importante para o espírito do filme.<br />

O filme conta a história de artistas brasilienses num momento<br />

em que espaços para a música estão sendo fechados e leis<br />

severas regulam a vi<strong>da</strong> noturna. Você consegue se relacionar<br />

com os temas que estão no filme?<br />

LR: A maneira como as pessoas se relacionam com a música está<br />

mu<strong>da</strong>ndo, mas sempre terá espaço para a música ao vivo. Acho<br />

que situações como estas em Brasília podem <strong>da</strong>r para os músicos<br />

de uma ci<strong>da</strong>de mais motivos para lutar. E muito do filme é sobre<br />

isso. Na superfície, temos um filme sobre uma ban<strong>da</strong>. Para além<br />

disso, temos um filme sobre a mu<strong>da</strong>nça dos tempos em Brasília<br />

e no Brasil. O filme fala sobre isso através <strong>da</strong> história <strong>da</strong> ban<strong>da</strong>.<br />

E N T R E V I S T A C O M L E E R A N A L D O<br />

19


C O N E X Õ E S M U S I C A I S<br />

20


C O N E X Õ E S<br />

M U S I C A I S<br />

Os paralelos entre Brasília e Berlim se fazem notar não só nas imagens,<br />

mas também na trilha sonora do filme, que propõe um diálogo<br />

entre ban<strong>da</strong>s brasilienses e ban<strong>da</strong>s berlinenses – em opções na<strong>da</strong><br />

óbvias, que vão do pós-punk ao psicodélico. De um lado, estão grupos<br />

como Suíte Super Luxo (que toca ao vivo a poderosa “Heartcore<br />

(Merthiolate Hamlet)”), Supervibe (“Sonido”, também ao vivo) e Almirante<br />

Shiva (“Ziggy”); do outro, Schwund (“Parallel Gebaut”), Girlie<br />

(que surpreende em cena sem cortes com “Terms & Conditions”)<br />

e a icônica Malaria! (“Your Turn to Run”). O toque especial é <strong>da</strong>do<br />

por obras marcantes de The Birth<strong>da</strong>y Party (primeira ban<strong>da</strong> de Nick<br />

Cave, presente com “She’s Hit”), Anton Newcombe (“(David Bowie I<br />

Love You) Since I Was Six”), The Punks (“Drop Dead”) e Geraldo Azevedo<br />

e Alceu Valença (“Caravana”).<br />

C O N E X Õ E S M U S I C A I S<br />

21


E Q U I P E<br />

E Q U I P E<br />

22


G U S T A V O<br />

G A L V Ã O<br />

[DIRETOR, PRODUTOR E ROTEIRISTA]<br />

S A R A<br />

S I L V E I R A<br />

[PRODUTORA]<br />

Formado em Jornalismo na Universi<strong>da</strong>de<br />

de Brasília, Galvão fez especialização<br />

em Cinema na Escuela Universitaria de<br />

Artes y Espectáculos (Madri). Dirigiu<br />

sete curtas entre 2002 e 2008. A estreia<br />

em longas ocorreu em 2012, com Nove<br />

Crônicas para um Coração aos Berros<br />

(menção do júri <strong>da</strong> FIPRESCI no Festival<br />

Internacional del Uruguay e exibido<br />

em to<strong>da</strong> a América Latina via Netflix e<br />

iTunes). O filme seguinte, Uma Dose Violenta<br />

de Qualquer Coisa, com prêmios<br />

para ator e trilha, foi lançado em 2014.<br />

AINDA TEMOS A IMENSIDÃO DA NOITE<br />

é seu terceiro longa.<br />

Filmes memoráveis do cinema independente<br />

brasileiro pós-Retoma<strong>da</strong> passaram<br />

pelas mãos de Sara Silveira. Parceira do<br />

mestre Carlos Reichenbach entre 1991 e<br />

2012, ela viabilizou diversos sucessos de<br />

crítica e em festivais, com destaque para<br />

As Boas Maneiras (Juliana Rojas e Marco<br />

Dutra), Pela Janela (Caroline Leone),<br />

Avanti Popolo (Michael Wahrmann), Trabalhar<br />

Cansa (Rojas e Dutra), Girimunho<br />

(Helvécio Marins Jr.), Os Famosos e os<br />

Duendes <strong>da</strong> Morte (Esmir Filho), Insolação<br />

(Felipe Hirsch e Daniela Thomas)<br />

e Cinema, Aspirinas e Urubus (Marcelo<br />

Gomes), entre outros.<br />

E Q U I P E<br />

23


A N D R É C A R V A L H E I R A [DIRETOR DE FOTOGRAFIA]<br />

Colaborador regular de Gustavo Galvão desde 2003 e sócio dele na 400 Filmes, é o diretor de fotografia<br />

mais atuante do cinema brasiliense. Em 20 anos de carreira, trabalhou para os principais<br />

realizadores do DF: Vladimir Carvalho (Rock Brasília: Era de Ouro), Adirley Queirós (Dias de Greve),<br />

Iberê Carvalho (O Último Cine Drive-in) e Santiago Dellape (A Repartição do Tempo), além do<br />

próprio Galvão. Também é diretor e roteirista, tendo estreado em longas com New Life S.A. (2018).<br />

M A R C I U S B A R B I E R I [MONTADOR]<br />

Sócio de Galvão e Carvalheira na 400 Filmes, tem uma trajetória fortemente liga<strong>da</strong> ao cinema<br />

experimental, tendo dirigido curtas premiados como O Cego Estrangeiro (2000) e A Lente e a Janela<br />

(2005). Como montador, função que exerce desde 2003, trabalhou em longas como A Ci<strong>da</strong>de<br />

é uma Só? (Adirley Queirós), Nove Crônicas para um Coração aos Berros (Galvão) e New Life S.A.<br />

(Carvalheira).<br />

T A M O K U N Z [PRODUCTION DESIGNER]<br />

Divisor de águas do cinema alemão contemporâneo, o drama Contra a Parede (2004) revelou ao<br />

mundo tanto o diretor Fatih Akin, quanto seu fiel escudeiro, o production designer Tamo Kunz. Ele<br />

responde pelo rigor e pela criativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> arte nos filmes de Akin, como os recentes Em Pe<strong>da</strong>ços<br />

(vencedor do Globo de Ouro 2018) e O Bar Luva Doura<strong>da</strong> (2019). Em AINDA TEMOS A IMENSIDÃO<br />

DA NOITE, Kunz foi o responsável pela uni<strong>da</strong>de visual do filme nos dois países em que foi filmado.<br />

V A L E R I A V E R B A [DIRETORA DE ARTE]<br />

E Q U I P E<br />

Egressa do teatro, atua como diretora de arte desde 2007. Com um pé em Brasília (graças aos<br />

projetos de Galvão, com quem fez três longas) e o outro em Porto Alegre (onde mora), ela foi o<br />

braço direito de Tamo Kunz nas filmagens em Brasília. Entre outros filmes como diretora de arte,<br />

destacam-se Raia 4 (Emiliano Cunha), Ponto Zero (José Pedro Goulart) e Nós Duas Descendo a<br />

Esca<strong>da</strong> (Fabiano de Souza).<br />

24


M I R I A M B I D E R M A N [SUPERVISORA DE SOM]<br />

Com mais de 120 filmes no currículo e uma carreira que remete aos anos 1980, Miriam atuou na<br />

finalização de som de alguns dos grandes sucessos do cinema brasileiro no século, tais como Carandiru<br />

(Hector Babenco), Faroeste Caboclo (René Sampaio) e Bruna Surfistinha (Marcus Baldini) –<br />

entre muitos outros títulos, que lhe renderam os principais prêmios técnicos do cinema brasileiro.<br />

R I C A R D O R E I S [DESIGNER DE SOM]<br />

Sócio de Miriam Biderman na Effects Filmes desde o começo dos anos 2000, atuou em quase 100<br />

produções desde então (como editor de som e designer de som). Ele e Miriam são colaboradores<br />

recorrentes do diretor Gustavo Galvão, com quem fizeram dois curtas e três longas (Nove<br />

Crônicas para um Coração aos Berros, Uma Dose Violenta de Qualquer Coisa e AINDA TEMOS A<br />

IMENSIDÃO DA NOITE).<br />

P A U L O G A M A [MIXADOR DE SOM]<br />

Um dos mixadores mais requisitados do cinema brasileiro, apresenta no currículo de grandes sucessos<br />

de público a produções autorais. Foi duas vezes premiado pela ABC (Associação Brasileira<br />

de Cinematografia), por O Palhaço e O Contador de Histórias (dividido com Ricardo Reis e Miriam<br />

Biderman), e uma vez no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, por Faroeste Caboclo (também<br />

dividido com Ricardo e Miriam).<br />

L E E R A N A L D O [PRODUTOR MUSICAL]<br />

Guitarrista, cantor e compositor, Lee é fun<strong>da</strong>dor de uma <strong>da</strong>s maiores referências do rock alternativo<br />

norte-americano, o Sonic Youth – conjunto formado em Nova York, em 1981, também por<br />

Thurston Moore, Kim Gordon e, a partir de 1985, Steve Shelley. Integrou o grupo até sua dissolução,<br />

em 2011, participando de álbuns emblemáticos como Daydream Nation (1988) e Goo (1990).<br />

Um destaque na sua trajetória no cinema é a produção musical do longa Não Estou Lá (de Todd<br />

Haynes, 2007). Em 2016, Martin Scorsese lhe confiou a consultoria <strong>da</strong> série Vinyl (HBO).<br />

E Q U I P E<br />

25


C U R I O S I D A D E S<br />

C U R I O S I D A D E S<br />

26


Do desenvolvimento do roteiro à finalização, o filme envolveu profissionais de dez países: Argentina,<br />

Cuba, Espanha, EUA, França, Holan<strong>da</strong>, Itália e Venezuela, além de Brasil e Alemanha<br />

A relação entre o músico Lee Ranaldo e o diretor Gustavo Galvão é obra do acaso. Era setembro<br />

de 2016. O cineasta pesquisava um produtor musical para <strong>da</strong>r o toque final nas músicas <strong>da</strong><br />

ban<strong>da</strong> do filme. Numa troca de mensagens com a trompetista Ayla Gresta, soube que ela estava<br />

no show do músico norte-americano em Brasília. Fã de carteirinha, Galvão brincou: “Chama<br />

o Lee para o filme!” Ayla foi ao camarim após o show e fez o convite a Lee. O resto é história...<br />

Galvão também conheceu a baixista Vanessa Gusmão por acaso, em São Paulo, enquanto ela<br />

trabalhava como assistente de mixagem em Mulher do Pai, de Cristiane Oliveira – do qual Galvão<br />

é produtor associado. Ele já procurava músicos de Brasília para o projeto quando soube<br />

que Gusmão era baixista... E de Brasília!<br />

Duas ci<strong>da</strong>des icônicas do século 20, Brasília e Berlim têm muitas coisas em comum. A primeira<br />

foi construí<strong>da</strong> do zero ao mesmo tempo em que Berlim era reconstruí<strong>da</strong> <strong>da</strong>s cinzas <strong>da</strong><br />

Segun<strong>da</strong> Guerra, nos anos 1950 e 1960. Machuca<strong>da</strong>s pela História, as duas capitais ganharam<br />

personali<strong>da</strong>de graças à cultura jovem: na déca<strong>da</strong> de 1980, enquanto Brasília virava o epicentro<br />

do rock brasileiro, Berlim se tornava a meca <strong>da</strong> música eletrônica mundial.<br />

O filme eternizou lugares históricos <strong>da</strong> cena berlinense, fechados pela especulação imobiliária<br />

em 2018. A boate Rosis não resistiu ao aumento do aluguel do “bunker” que manteve por 15<br />

anos na Revalerstraße. Mais dramáticos foram os últimos dias <strong>da</strong> Drugstore, um centro de<br />

juventude auto-gerenciado, na Pots<strong>da</strong>mer Straße desde 1972: a ordem de despejo chegou<br />

quando o prédio, que era do governo, passou de repente para a iniciativa priva<strong>da</strong>.<br />

C U R I O S I D A D E S<br />

27


F I C H A<br />

T É C N I C A<br />

UMA PRODUÇÃO<br />

PREPARAÇÃO DE ELENCO<br />

MAQUINISTA-CHEFE<br />

SOM DIRETO<br />

400 Filmes<br />

Dezenove Som e Imagens<br />

Vanise Carneiro<br />

Tony Boleli (Brasília)<br />

Marcos Manna<br />

DIREÇÃO<br />

Gustavo Galvão<br />

PREPARAÇÃO VOCAL<br />

Cristiano Karnas<br />

ELETRICISTA-CHEFE<br />

O<strong>da</strong>ir Silva (Brasília)<br />

Justus Hasenzahl (Berlim)<br />

MIXAGEM DE SOM<br />

Paulo Gama<br />

F I C H A T É C N I C A<br />

ROTEIRO<br />

Barbie Heusinger<br />

Cristiane Oliveira<br />

Gustavo Galvão<br />

COLABORAÇÃO NO ROTEIRO<br />

Bernardo Scartezini<br />

CONSULTORIA DE ROTEIRO<br />

Karim Aïnouz<br />

Miguel Machalski<br />

1ª ASSISTENTE DE DIREÇÃO<br />

Cristiane Oliveira<br />

2ª ASSISTENTE DE DIREÇÃO<br />

Naná Baptista (Brasília)<br />

Camila Gonzatto (Berlim)<br />

CONTINUÍSTA<br />

Michele Frantz<br />

PRODUÇÃO<br />

Sara Silveira<br />

Gustavo Galvão<br />

PRODUÇÃO EXECUTIVA<br />

Maria Ionescu<br />

Daniela Marinho<br />

Peter Ketnath (Berlim)<br />

PRODUÇÃO ASSOCIADA<br />

Autentika Films<br />

Cinezebra<br />

Crisol Filmes<br />

TAO Luz e Movimento<br />

DIREÇÃO DE PRODUÇÃO<br />

Kátia Oliva (Brasília)<br />

Tommy Niessner (Berlim)<br />

DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA<br />

André Carvalheira<br />

PRODUCTION DESIGN<br />

Tamo Kunz<br />

DIREÇÃO DE ARTE<br />

Valeria Verba<br />

CONCEPÇÃO DE FIGURINO<br />

Claudia Wiltgen<br />

FIGURINO<br />

Nina Maria<br />

MAQUIAGEM/CABELO<br />

Ana Pieroni<br />

MONTAGEM<br />

Marcius Barbieri<br />

CORREÇÃO DE COR<br />

Júnior Xis<br />

SUPERVISÃO DE SOM<br />

Miriam Biderman<br />

DESENHO DE SOM<br />

Ricardo Reis<br />

TRILHA ORIGINAL<br />

Animal Interior<br />

COMPOSIÇÕES<br />

Munha <strong>da</strong> 7<br />

Nicolau Andrade<br />

Animal Interior<br />

LETRAS<br />

Ayla Gresta<br />

Gustavo Galvão<br />

PRODUÇÃO MUSICAL<br />

Lee Ranaldo<br />

28


ELENCO<br />

Ayla Gresta<br />

Gustavo Halfeld<br />

Steven Lange<br />

Marat Descartes<br />

Hélio Miran<strong>da</strong><br />

Vanessa Gusmão<br />

Bidô Galvão<br />

Fernando Teixeira<br />

Clemente Nascimento<br />

Pedro Lacer<strong>da</strong><br />

Guilherme Angelim<br />

Marco Michelângelo<br />

João Paulo Oliveira<br />

Wellington Abreu<br />

Kapeta Kumk<br />

Juliano Coacci<br />

Pit Bukowski<br />

Roberto Thoenelt<br />

Matthias Rheinheimer<br />

Dirk Lange<br />

BANDAS CONVIDADAS<br />

Girlie<br />

Suíte Super Luxo<br />

Supervibe<br />

ASSESSORIA DE IMPRENSA<br />

Trombone Comunica<br />

IDENTIDADE VISUAL<br />

Ricardo Landim<br />

PRESS BOOK<br />

Tomaz Alencar<br />

FOTOS DE DIVULGAÇÃO<br />

André Carvalheira<br />

Diego Bresani<br />

Javier Blanco Chiocchio<br />

Maurício Chades<br />

DISTRIBUIÇÃO<br />

Pandora Filmes<br />

EQUIPE DE DISTRIBUIÇÃO<br />

Coordenação<br />

Juliana Brito<br />

Coordenação de produção<br />

de lançamento<br />

Priscila Santos<br />

Programação<br />

Janayna Akchar<br />

Produção de lançamento<br />

Mayara Mastelari<br />

Mobilização social<br />

Andrea Lanzoni<br />

Assistente de mobilização social<br />

Anna Horta<br />

Pesquisa de mercado<br />

Will Prestes<br />

Redes sociais<br />

Milena Fransolino<br />

Assessoria de imprensa<br />

(Pandora Filmes)<br />

Léo Mendes<br />

Financeiro<br />

Eliane Amaral<br />

Bete Nascimento<br />

----------------<br />

FILMADO EM LOCAÇÕES EM BRASÍLIA<br />

(PLANO PILOTO, CRUZEIRO E GAMA)<br />

E EM BERLIM, EM SETEMBRO E<br />

OUTUBRO DE 2017.<br />

LANÇAMENTO COMERCIAL EM<br />

DEZEMBRO DE 2019.<br />

F I C H A T É C N I C A<br />

29


S I N O P S E<br />

30

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!