Ainda Temos a Imensidão da Noite - Pressbook
Cansada de lutar por um lugar ao sol com sua aguerrida banda de rock, onde é trompetista e vocalista, Karen decide ir embora de Brasília. Ela segue os passos do ex-parceiro de banda, Artur, que tenta a sorte em Berlim. O convite parte de Martin, amigo alemão com quem fecham um triângulo imprevisível. Meses depois, forçada a recomeçar em Brasília, Karen precisa entender o papel dela e o papel da arte na cidade que o avô ajudou a construir.
Cansada de lutar por um lugar ao sol com sua aguerrida banda de rock, onde é trompetista e vocalista, Karen decide ir embora de Brasília. Ela segue os passos do ex-parceiro de banda, Artur, que tenta a sorte em Berlim. O convite parte de Martin, amigo alemão com quem fecham um triângulo imprevisível. Meses depois, forçada a recomeçar em Brasília, Karen precisa entender o papel dela e o papel da arte na cidade que o avô ajudou a construir.
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O projeto começou em 2011 e o filme estreia em 2019. Como tem<br />
visto a emersão de um pensamento obscurantista nesse período?<br />
O quanto desse mal estar foi parar intencionalmente no filme?<br />
GG: Eu sabia o que queria com o filme quando comecei a investir<br />
nele, queria prestar tributo ao fazer musical e tudo que isso envolve:<br />
resiliência, resistência, persistência. O cerne do projeto nunca<br />
mudou. O tom, sim. Era inevitável que a jorna<strong>da</strong> de Karen ficasse<br />
mais amarga, até o humor ficou mais amargo. O que aconteceu no<br />
país entre 2013 e 2017, quando ro<strong>da</strong>mos o “<strong>Imensidão</strong>”, ecoou em<br />
nós. Chegamos a reescrever cenas para “reposicionar” a revolta<br />
<strong>da</strong> Karen e a luta dela ganhou peso. Se antes ela enfrentava o conformismo,<br />
passou a enfrentar também a intolerância e o descaso.<br />
A trama é contemporânea, mas não é dito quando se passa a<br />
mesma. Isso também foi intencional?<br />
E N T R E V I S T A C O M O D I R E T O R<br />
K A R E N N A S<br />
C I D A D E S<br />
ENTREVISTA COM GUSTAVO GALVÃO<br />
GG: Há uma referência pontual à Reforma <strong>da</strong> Previdência, que<br />
era um tema presente no momento em que filmávamos, em setembro<br />
de 2017. Mais explícito que isso não era o objetivo. As<br />
coisas mu<strong>da</strong>m no Brasil com veloci<strong>da</strong>de e o cinema de ficção é<br />
um tanto lento em processar essas mu<strong>da</strong>nças. Ele é muito mais<br />
eficaz quando se propõe a refletir sobre sentimentos, sensações,<br />
medos, desejos... Essas delicadezas que nos fazem humanos.<br />
Esse é o tipo de cinema que me levou a fazer cinema.<br />
Nos seus filmes, esses sentimentos se relacionam bastante com<br />
o espaço urbano e a arquitetura. Não por acaso, Brasília é tema<br />
recorrente de seus filmes.<br />
GG: Brasília é tão sui generis arquitetonicamente que chama<br />
atenção demais para si. Mas nesse filme ela é mais que um cenário,<br />
é efetivamente uma personagem. Karen se relaciona com os<br />
desafios de uma ci<strong>da</strong>de excludente ao extremo, desde o projeto<br />
que a criou. A protagonista não tem carro, faz sua vi<strong>da</strong> no Plano<br />
Piloto, mas mora no Gama, uma <strong>da</strong>s mais simbólicas <strong>da</strong>s “ci<strong>da</strong>des-satélites”.<br />
Muitos can<strong>da</strong>ngos excluídos do sonho de Brasília<br />
foram “jogados” lá, bem longe do Plano Piloto. Karen é obriga<strong>da</strong><br />
a viver os problemas de Brasília como ci<strong>da</strong>de e como projeto.<br />
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