Ainda Temos a Imensidão da Noite - Pressbook
Cansada de lutar por um lugar ao sol com sua aguerrida banda de rock, onde é trompetista e vocalista, Karen decide ir embora de Brasília. Ela segue os passos do ex-parceiro de banda, Artur, que tenta a sorte em Berlim. O convite parte de Martin, amigo alemão com quem fecham um triângulo imprevisível. Meses depois, forçada a recomeçar em Brasília, Karen precisa entender o papel dela e o papel da arte na cidade que o avô ajudou a construir.
Cansada de lutar por um lugar ao sol com sua aguerrida banda de rock, onde é trompetista e vocalista, Karen decide ir embora de Brasília. Ela segue os passos do ex-parceiro de banda, Artur, que tenta a sorte em Berlim. O convite parte de Martin, amigo alemão com quem fecham um triângulo imprevisível. Meses depois, forçada a recomeçar em Brasília, Karen precisa entender o papel dela e o papel da arte na cidade que o avô ajudou a construir.
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ço <strong>da</strong> turnê (brasileira, no caso), então pude chegar mais cedo<br />
e passar uns dias aqui. Amei o que vi.<br />
Nesta segun<strong>da</strong> visita, como se sente na ci<strong>da</strong>de?<br />
LR: Tenho circulado pela vizinhança, trabalhando em estúdios,<br />
an<strong>da</strong>ndo de carro. Tem sido uma chance de conhecer a ver<strong>da</strong>deira<br />
Brasília. Pude perceber as pequenas coisas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de,<br />
estou entendendo como funcionam as quadras. A terra vermelha,<br />
sabe? Mas também é uma ci<strong>da</strong>de de carros. As pessoas<br />
não conseguem an<strong>da</strong>r aqui. As distâncias são enormes. É uma<br />
ci<strong>da</strong>de para ser aprecia<strong>da</strong> de dentro de um carro.<br />
Sobre as músicas trabalha<strong>da</strong>s com a ban<strong>da</strong> Animal Interior,<br />
você acha que esse tipo de som tem conexão com a ci<strong>da</strong>de?<br />
Foi bem natural nesse sentido. E já sabia o quão bom esses<br />
músicos podiam soar como ban<strong>da</strong>, mesmo sabendo que eles<br />
foram juntados para o filme. Quando ouvi as demos, fiquei surpreso<br />
porque eles soavam como uma ban<strong>da</strong> de ver<strong>da</strong>de. Os<br />
compositores fizeram um bom trabalho e a ban<strong>da</strong> também,<br />
criando um som próprio. Eles soam como a mesma ban<strong>da</strong> nas<br />
cinco músicas que gravamos. Isso é importante.<br />
Há algo peculiar na formação <strong>da</strong> ban<strong>da</strong>, que é o trompete.<br />
LR: Achei bem mais interessante essa formação com guitarra e<br />
trompete do que seria uma formação mais típica de ban<strong>da</strong>s de<br />
rock. O trompete dá personali<strong>da</strong>de para a ban<strong>da</strong>. Por causa do<br />
trompete, eles tinham a oportuni<strong>da</strong>de de serem mais ecléticos.<br />
Esse instrumento traz outras referências.<br />
LR: Aprendi que a cena musical foi muito importante para Brasília.<br />
Estou convicto que a música produzi<strong>da</strong> aqui tem a ver<br />
com a experiência de crescer aqui. Em geral, quando falamos<br />
sobre rock independente, sempre encontramos relação com o<br />
lugar de onde ele vem, porque é a experiência principal para as<br />
pessoas que fazem essa música. Quando o Sonic Youth começou,<br />
estávamos em Nova York e de lá vinham as nossas principais<br />
influências. Imagino que para as ban<strong>da</strong>s <strong>da</strong>qui, esta ci<strong>da</strong>de<br />
seja a influência delas. E tem o fato de ser a sede do governo,<br />
com as turbulências na política, como acontece nos EUA. Tudo<br />
isso serve como motivação para fazer música.<br />
Trabalhar em Brasília para este filme sempre foi a ideia?<br />
LR: Sim. Era importante para o diretor Gustavo Galvão trabalhar<br />
aqui, gravar aqui. Porque é aqui que o filme se passa e os<br />
membros <strong>da</strong> ban<strong>da</strong> são <strong>da</strong>qui. E para mim, esse era o maior<br />
apelo, porque queria voltar a Brasília.<br />
Como foi trabalhar no estúdio com os artistas brasileiros?<br />
LR: Há uma espécie de idioma que os músicos falam uns com<br />
os outros, com os engenheiros de som e com os produtores.<br />
Como você define o seu papel de produtor no estúdio?<br />
LR: Estou aqui para aju<strong>da</strong>r a ban<strong>da</strong> a perceber de que maneira<br />
as músicas podem ser realiza<strong>da</strong>s. Quando eles forem para o<br />
set (a filmagem ocorreu um mês depois), são essas versões<br />
que eles levarão na cabeça. No estúdio, ajudo a ajustar algumas<br />
partes, mu<strong>da</strong>r pequenas coisas para deixar as músicas<br />
mais coesas. A ideia é <strong>da</strong>r aos músicos uma noção forte de<br />
ca<strong>da</strong> música, para que eles se sintam ain<strong>da</strong> mais como ban<strong>da</strong>,<br />
o que será importante para o espírito do filme.<br />
O filme conta a história de artistas brasilienses num momento<br />
em que espaços para a música estão sendo fechados e leis<br />
severas regulam a vi<strong>da</strong> noturna. Você consegue se relacionar<br />
com os temas que estão no filme?<br />
LR: A maneira como as pessoas se relacionam com a música está<br />
mu<strong>da</strong>ndo, mas sempre terá espaço para a música ao vivo. Acho<br />
que situações como estas em Brasília podem <strong>da</strong>r para os músicos<br />
de uma ci<strong>da</strong>de mais motivos para lutar. E muito do filme é sobre<br />
isso. Na superfície, temos um filme sobre uma ban<strong>da</strong>. Para além<br />
disso, temos um filme sobre a mu<strong>da</strong>nça dos tempos em Brasília<br />
e no Brasil. O filme fala sobre isso através <strong>da</strong> história <strong>da</strong> ban<strong>da</strong>.<br />
E N T R E V I S T A C O M L E E R A N A L D O<br />
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