RCIA - ED. 174 - JAN 2020
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Luís Carlos
Feliz futuro 2020
BEDRAN
Sociólogo e cronista da Revista Comércio,
Indústria e Agronegócio de Araraquara
É costume em dezembro fazer
um balanço de tudo aquilo que
ocorreu durante o ano todo, não
somente para reavivar a memória,
mas também como registro histórico.
Se isso é importante ou não,
se as boas recordações devem ser
rememoradas e as ruins excluídas,
tudo dependerá apenas da vontade
daquele que o faz, se não tiver
outros objetivos práticos.
Mesmo porque aquilo que fez
parte do passado serve apenas
para tentar “olhar o futuro”, isto
é, prever o futuro baseado naquilo
que já ocorreu, ou seja, a partir da
História. Foi o que disse o consagrado
historiador Eric Hobsbawn
no ensaio “A História e a previsão
do futuro”. E que considera uma
atividade necessária, mas muitas
vezes decepcionante.
O que importa agora é sempre
o presente, que também, a cada
momento e a cada instante em que
o vivemos, torna-se passado. Já o
futuro não deixa de ser puro exercício
de imaginação, mas faz parte
do espírito do homem esperar que
tudo de bom possa acontecer para
a nossa felicidade.
Para Rousseau “a espécie de felicidade
de que preciso não é tanto
fazer o que quero, mas não fazer
o que não quero”; para Kant, “é a
satisfação de todas as nossas inclinações,
em extensão, em grau e
em duração”.
Já Heidegger entende de modo
diferente: que “o caráter precípuo
da existência humana é a preocupação”.
Para ele, “a felicidade não
existe, pois viver significa preocupar-se,
estar em situação de necessidade,
de ‘cura’, que exige um
esforço, um trabalho de nossa parte
para ser enfrentada e superada e
que ela deve ser buscada dentro
da condição humana que sabemos
imperfeita e insuficiente”.
Imaginar como será o futuro
é próprio do espírito humano,
que nem sempre consegue conformar-se
com o que se passa no
presente e, por isso mesmo, sempre
espera um porvir melhor. Dessa
forma o homem, com base em sua
própria experiência de vida, vasta
ou não, ou com as informações que
porventura tenha sobre os acontecimentos
do passado, pode ter algumas
condições de tentar direcionar
sua vida fazendo planos a procura
da felicidade.
Pois, na verdade, o fim último
de nossa existência, não é senão a
busca da felicidade. Isso não quer
dizer, no entanto, que essa razão
de ser ou de existir, sempre possa
ser consciente. No mais das vezes
nem tomamos conhecimento disso,
nem importa, mesmo porque o que
vale mesmo é viver, tentar viver plenamente,
sem nos aprofundarmos
tanto sobre tais problemas existenciais,
mais a cargo dos filósofos,
dos cientistas ou dos escritores de
ficção científica.
O futuro é a grande incógnita;
raras são as pessoas que não
se preocupam com ele; da morte
sim,muitas têm medo, pois esta
é inevitável. Apesar de a grande
maioria, se for saudável, pouco se
importa com a Parca, pois espera
que nunca chegará para elas.
Os pensadores sempre procuraram
inventar fórmulas para melhorar
a humanidade, como Tommaso
de Campanella, na “Cidade do
Sol”; Thomas Morus, na “Utopia”;
Platão, na “República”; escritores,
como George Orwell, em “1984”,
Aldous Huxley, no “Admirável Mundo
Novo”; os de ficção científica,
como Ray Bradbury, em “Fahrenheit
451”; Robert Heinlein, em “Um Estranho
numa Terra Estranha”; Isaac
Asimov, no “Eu Robô”; H.G. Wells,
em sua “Máquina do Tempo”. E,
mais recentemente, Margareth
Atwood, em sua sociedade distópica,
como no “O Conto da Aia” e
em “Os Testamentos”.
Com a atual e impressionante
revolução tecnológica ocorrida
desde meados do século passado,
também os cientistas fazem previsões
futurísticas, de acordo com
alguns dados da realidade. Não
parecem ser otimistas. E um dos
mitos mais tradicionais convencionados
pelo homem, é o de se
comemorar a passagem do tempo,
pois a morte de um ano significa
vida para o próximo. Tecem-se loas
à vida futura, pois o passado não
tem futuro. Já era. E o que aconteceu,
aconteceu; quem viver, verá.
E é isso que sempre procuramos:
por uma vida melhor, com muita
paz e tranquilidade para se poder
aproveitá-la plenamente.
Apesar de tudo, nada como ter
esperanças, embora alguns prognósticos
sejam impossíveis ou difíceis
de se realizar. Como a paz
universal, como a eliminação dos
preconceitos, como a melhoria de
vida para o povo brasileiro e também
para o mundo todo.
Então, caríssimos leitores e queridas
leitoras, um feliz futuro para
todos nós em 2020.
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